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ADAPTAÇÕES NEUROMUSCULARES DO TREINAMENTO DE FORÇA

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Academic year: 2022

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NEUROMUSCULARES DO TREINAMENTO DE FORÇA

Autoria: Vinícius da Silva Morato

Indaial - 2020 UNIASSELVI-PÓS

1ª Edição

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Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:

Carlos Fabiano Fistarol

Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel

Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci

Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2020

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

M831a

Morato, Vinicius da Silva

Adaptações neuromusculares do treinamento de força. / Vinicius da Silva Morato. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

173 p.; il.

ISBN 978-65-5646-114-4 ISBN Digital 978-65-5646-111-3

1.Músculos – Fisiologia. – Brasil. Centro Universitário Leonar- do Da Vinci

CDD 796.077

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APRESENTAÇÃO ...5

CAPÍTULO 1

Sistema Neuromuscular ... 7

CAPÍTULO 2

Treinamento De Força ... 55

CAPÍTULO 3

Otimização Do Treinamento De Força ...115

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Olá, caro pós-graduando! Vamos iniciar esta disciplina fazendo alguns questionamentos: O que é treinamento resistido? O que é força? Como é sua sistemática fisiológica funcional? Por que estudá-la? Aonde e como aplicá-la? Quais benefícios trazem para os indivíduos que se utilizam dessa atividade? Como otimizar seu desempenho? Quais objetivos principais deste tipo de treinamento? São questões como essas que serão denotadas e discutidas neste livro, abordando de maneira simples, interativa e dinâmica, partindo de uma breve base fisiológica à ênfase complexa do tema em questão, paralelo à contextualização da realidade prática.

Este livro é composto de três capítulos que, subsequentemente, evoluem para o objetivo final, que é o conhecimento específico e estratégico para dominar o treinamento de força baseado em conhecimento científico, ao invés do senso comum, muitas vezes responsável pela ineficiência do trabalho e/ou até afastamento do treinamento por lesão. Contudo, é impossível uma discussão sobre treinamento de força sem conhecer o sistema neuromuscular, portanto, essa é a proposta do primeiro capítulo.

Após essa abordagem, já possuímos uma base para entrar no tema “Treinamento de força”, quando entenderemos seus objetivos e benefícios, paralelo aos seus princípios básicos, tipologia de treinamentos e toda sua sistemática funcional.

Subsequente a essa etapa, por fim, no Capítulo 3, teremos uma boa base de entendimento para compreender como otimizar o treinamento de força, buscando resultados mais eficazes e rápidos em menor tempo, obviamente com menor risco de lesões, podendo ser aplicado em populações fisicamente ativas e atletas.

Atualmente, a atividade física é considerada um tratamento não medicamentoso e engloba a esfera da necessidade em diversos grupos de faixa etária, respeitando uma amplitude da criança ao idoso. O treinamento de força, além de ser utilizado como recurso em busca de melhor qualidade de vida e saúde nos grupos supracitados, também é fator determinante para acrescentar fatores que contribuem para melhorar a performance no esporte. Portanto, ser portador do conhecimento que envolve esse tema traz, ao profissional de Educação Física, ferramentas para aplicar um treinamento consciente e eficaz, buscando resultados permanentes sem colocar em risco a integridade física do indivíduo. Cada vez mais o mercado de trabalho exige e busca profissionais capacitados para assumir tais responsabilidades, seja em uma academia de musculação, seja em um centro de treinamento de alta performance.

Bons estudos!

Professor Vinícius da Silva Morato.

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C APÍTULO 1

SISTEMA NEUROMUSCULAR

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem:

 entender os aspectos básicos que envolvem o sistema neuromuscular no que diz respeito à sua fi siologia sistemática e funcional;

 identifi car e conhecer os tipos de músculos, fi bras e as nomenclaturas adequadas que deve dar ênfase em um treinamento de força.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Contextualização! O próprio nome já diz: inserir no contexto real da vida, neste caso, do acadêmico, os conhecimentos científi cos, e nessa tangente aplicar à realidade de cada um. Portanto, quando falamos em sistema neuromuscular estamos falando de um conjunto de peças que trabalham simultaneamente para o funcionamento desse sistema. Quando falamos de neurônios, nesse sistema são os neuromotores e neurônios que comandam através de estímulos elétricos todos os movimentos voluntários e involuntários do corpo. Os neurônios e os neuromotores, por sua vez, são “o braço direito” do grande comandante que se chama sistema nervoso central. Os músculos são os obedientes soldados que acatam a ordem do comandante. Ou seja, o sistema neuromotor é todo o sistema que envolve o trabalho funcional correlacionando o sistema nervoso central e o sistema muscular, consequentemente, o sistema locomotor (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016;

MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; MORATO, 2016).

Portanto, neste capítulo, faremos uma breve abordagem desse sistema, contemplando todos seus elementos, desde sua fi siologia funcional à estrutural, para ter uma base de conhecimento visando ao melhor entendimento para transpô- lo de fato ao treinamento, galgando a melhor aquisição de seus resultados.

Após essa breve denotação, todos terão uma concepção da magnitude da importância e do funcionamento desse sistema complexo, dinâmico e perfeito, responsável pelo movimento humano. Já parou para refl etir e analisar quantos comandos neuromotores, estímulos elétricos e contrações musculares estão sendo produzidos neste exato momento em que você está lendo esse parágrafo? Ao fi m deste capítulo, você terá tal conceito. O corpo humano é uma máquina perfeita.

2 UMA BREVE ABORDAGEM DO SISTEMA MUSCULAR

Para realizar qualquer movimento no corpo humano, diversos sistemas são acionados e trabalham conjuntamente para realizar tal façanha, uns interligados diretamente aos outros e uns indiretamente, como a máquina de um relógio, por exemplo: ao iniciarmos um estímulo dando “a corda”, esse estímulo fornecerá energia para fazer a “roda de carga” se movimentar e acionar o “rachet” e, em seguida, mais de 30 elementos serão acionados para os ponteiros se movimentarem e nos fornecer, de maneira mais precisa, a hora certa. Assim como para um relojoeiro é de suma importância conhecer todas as peças do relógio, como elas interagem e como funciona todo o sistema, o profi ssional de educação física possui a mesma obrigação, contudo, no que diz respeito ao corpo humano. Seguindo esse

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Para maiores e mais detalhadas informações sobre esse tema, busque em literaturas de anatomia e fi siologia geral e esportiva:

MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

PAULSEN, F.; WASCHKE, J.; PASSOS, M. A. R. F. Sobotta – Atlas de anatomia humana. v. 1, 2 e 3. São Paulo: Grupo Gen, 2018.

FIGURA 1 – EXEMPLO DA MUSCULATURA SUPERFICIAL DO CORPO HUMANO

FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/

images/sistema-muscular.jpg>. Acesso em: 16 jan. 2020.

Em uma visão bem superfi cial e resumida, o nosso sistema nervoso central envia estímulos aos músculos que realizam contrações, estimulando através de diversos elementos o sistema locomotor para realizar movimento do corpo, paralelo a isso, uma rede de sistemas age simultaneamente, estimulando, por exemplo, fenômenos relacionados à bioquímica muscular, que necessitam de energia, que são retiradas dos alimentos e assim por diante, simplesmente são milhões de ações, de estímulos, de funções sistemáticas e complexas para nosso corpo funcionar perfeitamente.

Para falarmos sobre o sistema muscular, precisamos levar em consideração algumas informações específi cas sobre o músculo, e quando falamos de

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O músculo esquelético é um órgão formado por fi bras contrácteis que possuem miofi brilas, sendo de cor vermelha devido à existência de pigmentos e de grande quantidade de sangue nas fi bras musculares.

Podem se ligar diretamente à estrutura óssea (musculatura esquelética, responsável pelo movimento humano) ou fazer parte da estrutura de órgãos e/ou aparelhos (musculatura visceral, produzem movimentos involuntários). São mais de 650 músculos no corpo humano resultando em uma amplitude que varia de 40 a 50% do peso corporal total (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Em sua estrutura se encontra as fi bras que são compostas por proteínas estruturais, mioglobina e substâncias energéticas, além de enzima, íons de cálcio e fosfatos livres.

Informações mais detalhadas sobre a estrutura muscular você encontra em literaturas de fi siologia humana e esportiva: MCARDLE, W.

D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

FIGURA 2 – VISÃO BÁSICA DA ESTRUTURA DE UM MÚSCULO ESQUELÉTICO DE SUAS FIBRAS

FONTE: <http://www.comissoesggv.uff.br/wp-content/uploads/sites/358/2018/09/

Fisiologia-do-Sistema-Muscular.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2020.

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Em relação ao corpo, acabamos de descobrir o valor que o músculo representa, no que diz respeito ao peso. Mas e o peso do músculo em si? Bem, pode-se dizer que aproximadamente 75% do peso muscular é água, 16 a 22% são de proteínas, 1,5 a 13% de gordura, e 0,5 a 1,3% de hidratos de carbono (falando apenas do glicogênio) e constituintes inorgânicos. Somente com essa breve informação já se pode entender a importância da hidratação correta e do consumo de uma alimentação saudável, certo? Quantitativamente, a água, por ser o maior elemento na estrutura muscular, torna-se também uma grande e responsável funcional, ou seja, torna-se o elemento principal constituinte dos fl uidos extracelulares e responsável pela dissolução de várias substâncias químicas que nela são despejadas, tornando o principal meio de transporte de substâncias entre a camada vascular e as fi bras musculares (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH;

KATCH, 2016). Os músculos se dividem em nove grupos pelo corpo, sendo os músculos da cabeça, pescoço, abdômen, região posterior do tronco, tórax, membros inferiores, membros superiores, órgãos dos sentidos e períneo.

2.1 COMPONENTES DE APOIO FUNCIONAL

Como supracitado, há vários componentes que trabalham juntos para realizar qualquer função no corpo humano, que vão desde mecanismos neurais à tecidos conjuntivos. E por falar em tecido conjuntivo, existe um componente que literalmente atua em conjunto com os músculos, esse componente se chama tecido fáscial (ou sistema fáscial).

Sabe quando vamos ao açougue e pedimos uma carne fatiada em bife? Quando ocorre o corte transversal da carne, observamos várias linhas brancas, certo? Inclusive, quando há muitas dessas linhas, as pessoas reclamam dizendo que a carne está cheia de “nervos”. Pois então, essas linhas brancas (“nervos”) são os tecidos fásciais (Figura 3).

Cientifi camente, são caracterizados como uma estrutura viscoelástica, composta por tecidos conjuntivos e conectivos, e como observamos no exemplo da “carne de açougue”, se encontra presente em todo o corpo, penetrando e envolvendo todos os órgãos, músculos, ossos, tecidos fi brosos e fi bras. Vale a pena ressaltar que os tecidos conectivos estão presentes na maioria dos tecidos participantes das ações provenientes das atividades físicas, sendo considerado o único sistema conectivo Quantitativamente, a

água, por ser o maior elemento na estrutura muscular, torna-se também uma grande e

responsável funcional, ou seja, torna-se o elemento principal constituinte dos fl uidos extracelulares

e responsável pela dissolução de várias substâncias químicas que nela são despejadas, tornando o principal meio de transporte de

substâncias entre a camada vascular e as

fi bras musculares

Os tecidos conectivos estão presentes na maioria dos tecidos participantes das ações provenientes

das atividades físicas, sendo considerado o único

sistema conectivo que se interliga a todos os músculos

simultaneamente, permitindo um trabalho

multisistemático funcional.

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que se interliga a todos os músculos simultaneamente, permitindo um trabalho multisistemático funcional, além de realizar a manutenção, estabilização da postura corporal, e na proteção intermuscular, impedindo que haja atrito entre músculos e fi bras (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

Quem nunca ouviu em academias ou em clubes esportivos o termo

‘”liberação miofáscial”? Tal termo se refere às técnicas de massagens visando ao relaxamento muscular, recuperação e prevenção de lesões, redução de dores e melhora de rendimento nos exercícios.

FIGURA 3 – IMAGEM DO TECIDO FÁSCIAL INTRA E EXTRAMUSCULAR

FONTE: <https://www.juliazatta.com/wp-content/uploads/2014/10/

fascia.jpg>. Acesso em: 16 jan. 2020.

Ao observar a Figura 3, se pode reparar que existem fáscias em diferentes localizações, esse fator nos permite classifi cá-las em dois tipos, sendo as fáscias superfi ciais e as profundas. Enquanto a primeira se caracteriza por estar presente e colada na camada inferior da pele, é também mais maleável devido a sua composição, que é formada por tecido fi broelástico, estruturas linfáticas e vasculares, e terminações nervosas, como os corpúsculos de Pancini, que tem o papel de receptor mecânico. As fáscias profundas, por sua vez, se encontram mais internamente nas estruturas corporais, aderindo às proeminências ósseas ou como nas fi guras 3 e 4, em áreas intramusculares e abaixo das fáscias superfi ciais (são estas que envolvem e separam os músculos e fi bras). Diferente das fáscias superfi ciais, as fáscias profundas possuem uma estrutura mais resistente e compacta, consequentemente, mais dura (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

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FIGURA 4 – IMAGEM DE UM EXEMPLO DA LOCALIZAÇÃO DAS FÁSCIAS MUSCULARES SUPERFICIAIS E PROFUNDAS

FONTE: <https://dolopedia.com/uploads/media/3-antonio-jose/

fascia_superfi cial_profunda.JPG>. Acesso em: 16 jan. 2020.

Depois dessa pequena leitura, aponta-se as principais funções do músculo no corpo humano:

• Os músculos produzem movimento, sejam movimentos naturais (andar, correr, saltar) ou complexos (coordenativos como escrever, chutar uma bola, fazer uma estrelinha).

• Os músculos estabilizam nosso corpo através da contração muscular esquelética produzindo o equilíbrio, isso nos permite fi car estaticamente em pé ou se movimentar equilibradamente.

• Os músculos também controlam o volume de alguns órgãos, por exemplo: alguns músculos lisos possuem suas faixas anelares sustentadas por um estímulo de contração, nesse caso, ocorre o impedimento da saída de conteúdos provenientes de um órgão oco.

• Consequentemente, devido à produção de movimento, ocorre o transporte de substâncias intercorporais, pois a intensidade do fl uxo sanguíneo é controlada pelos músculos lisos das paredes dos vasos, assim, os nutrientes e oxigênio são levados aos músculos pela corrente sanguínea através do bombeamento do

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coração (músculo cardíaco).

• E, por último, os músculos também são capazes de produzir uma certa quantidade de calor através de contrações musculares, realizando o controle e manutenção da temperatura corporal.

Para ter acesso a mais informações específi cas, vale buscar sites e biografi as relacionadas à fi siologia humana e do exercício, assim como anatomia geral e aplicada ao esporte. Acesse https://

www.auladeanatomia.com/novosite/pt/ e confi ra.

3 UMA BREVE ABORDAGEM DO SISTEMA NERVOSO

Baseado na breve abordagem do sistema muscular, este supracitado, fi cou bastante claro que os músculos são uma peça de um sistema, que além de ativar outras peças para toda a máquina funcionar, também é ativado por outros sistemas, ou seja, os músculos são apenas mais uma peça de um complexo e perfeito sistema funcional do corpo humano. Imagine um boneco de ventríloquo: cada

extremidade do seu corpo é ligada por encaixes em torno de um parafuso, que permitem os movimentos, essas mesmas extremidades são ligadas a algumas cordas, exatamente nos pontos de alavanca da peça em relação ao seu centro de gravidade, e todas as cordas são ligadas a um ponto inicial de ação, que por sua vez é controlada pela mão do “ventríloquo”, que é a pessoa que domina essa arte. Ou seja, toda e qualquer ação e/ou função do boneco só ocorre perante o comando do artista. No nosso corpo é a mesma coisa, porém o artista se chama sistema nervoso central.

O sistema muscular só funciona devido aos estímulos enviados pelo sistema nervoso central (SNC), que por sua vez utiliza o sistema fáscial para conduzir essas ações. Assim como o sistema muscular, todos os outros sistemas corporais também compartilham dessa premissa, seja com ações voluntárias ou involuntárias, seja desde a função do fl uxo sanguíneo até o movimento corporal propriamente dito. O fenômeno da contração muscular ocorre devido à combinação de impulsos neurais:

os inibitórios e os excitatórios. Os impulsos neurais inibitórios, assim como o nome já esclarece, tem a função de inibir, obstruir, impossibilitar, ou seja, são aqueles que o sinal produzido na membrana pós-sináptica for de hiperpolarização. Já os

Os músculos são apenas mais uma peça de um complexo e perfeito sistema funcional do

corpo humano.

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impulsos neurais excitatórios exercem a função oposta, tem a função de excitar, incentivar e ocorre quando o sinal produzido na membrana pós-sináptica for a despolarização (MAIOR; ALVES, 2003; ROBERGS;

ROBERTS, 2002). O motivo por existir esses dois tipos de estímulos opostos é para manter o equilíbrio e, consequentemente, o controle das ações.

Você já imaginou se um carro tivesse apenas acelerador, sem a presença de um freio? Pois então, seria uma tragédia, obviamente. O acelerador tem a função de fazer o carro andar, porém ele precisa de um freio para controlar essa velocidade e, simplesmente, para frear quando julgarmos necessário. Os estímulos neurais agem nesse mesmo sentido, transmitindo estímulos contínuos aos neurônios que determinam seu potencial de ação. Quando a ação é excitatória, os impulsos excitatórios sobressaem aos impulsos inibitórios das fi bras musculares, ocorrendo o recrutamento das unidades motoras, resultando em uma contração, e quando a ação é inibitória, acontece exatamente o inverso, os impulsos inibitórios sobressaem aos impulsos excitatórios, freando a contração, produzindo o relaxamento muscular (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001).

3.1 O PAPEL DOS MOTONEURÔNIOS (NEURÔNIOS MOTORES)

No parágrafo anterior, citamos um dos elementos fundamentais para o funcionamento desse sistema, que são as unidades motoras (unidades funcionais responsáveis pelo fenômeno do controle neuromuscular. Essas unidades são constituídas por um conjunto de elementos funcionais, formado por um neurônio motor (ou motoneurônio, como se encontra em algumas literaturas) e todas as fi bras musculares inervadas por ele. Essas fi bras, simultaneamente, sofrem a ativação através do axônio motor resultando na contração (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002). Vale ressaltar que as fi bras musculares são recrutadas em ordem crescente em relação a tamanho, pois as fi bras maiores possuem um limiar maior de excitação, paralelo a isso, quanto maior for necessária a contração, mais unidades motoras serão estimuladas. Essa ordem sequencial de recrutamento é conhecida como princípio de Henneman, onde se dá início à requisição das fi bras mais lentas (utilizadas em pequenos esforços), seguida pelas mais rápidas (que requer maiores níveis de força (MAIOR; ALVES, 2003). Na fi gura a seguir podemos observar a estrutura organizacional de uma unidade motora.

O motivo por existir esses dois tipos de estímulos opostos

é para manter o equilíbrio e, consequentemente,

o controle das ações.

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FIGURA 5 – IMAGEM DE UMA UNIDADE MOTORA

FONTE: <https://www.saberatualizado.com.br/2016/06/como-explicar- nossos-momentos-de-super.html>. Acesso em: 18 jan. 2020.

O neurônio motor, componente da unidade motora, se subdivide em neurônios motores pequenos e grandes, sendo o pequeno aquele que inerva poucas fi bras musculares e os grandes os que inervam maior quantidade de fi bras musculares.

Enquanto o primeiro está presente em unidades motoras menores (motoneurônio gama) para ações que requer pouca força, o segundo se encontra em unidades motoras maiores e mais potentes (motoneurônio alfa), consequentemente, gerando mais força. Paralelo a todo esse sistema está presente a ação dos mecanismos neurais, que são os elementos utilizados pelo SNC para enviar os seus comandos. Em relação a esses mecanismos, não podemos deixar de citar o órgão tendinoso de Golgi (OTG) e os fusos musculares (MAIOR; ALVES, 2003;

WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002).

Resumidamente dizendo, o músculo se liga ao osso através dos tendões, correto? Existe uma extremidade do tendão unicamente composta por fi bras de colágeno, consequentemente, mais compacta, e é essa extremidade que está ligada ao osso, porém a outra extremidade possui um local em que essas fi bras de colágeno dos tendões se misturam e fazem a ligação com as fi bras musculares, e é nesse lugar que está localizado um dos mecanismos neurais supracitado, neste caso, o órgão “tendinoso” de Golgi (palavra nominal devido ao fato de sua localização), ou simplesmente OTG (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002).

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O que esse cara faz? Lembra do exemplo do acelerador e do freio do carro, quando contextualizamos sobre os impulsos enviados pelo sistema nervoso central? Então, o OTG é o freio do carro! É ele quem envia impulsos inibitórios para as fi bras musculares naqueles casos de extrema tensão ou variação de comprimento do músculo, ocorrendo o efeito de relaxamento. Ou seja, o papel do OTG é controlar a tensão realizada de um músculo, impedindo que ocorra a chegada no limite extremo, através da interferência refl exa produzindo um relaxamento instantâneo.

FIGURA 6 – LOCALIZAÇÃO DO ÓRGÃO TENDINOSO DE GOLGI (GOLGI TENDON ORGAN)

O papel do OTG é controlar a tensão realizada de um músculo, impedindo

que ocorra a chegada no limite

extremo, através da interferência refl exa produzindo

um relaxamento instantâneo.

FONTE: <https://pbs.twimg.com/media/D-AUtQnXkAMENbm?f ormat=jpg&name=small>. Acesso em: 18 jan. 2020.

Enquanto o OTG está atento a qualquer possibilidade de extrema tensão muscular, o segundo componente dos mecanismos neurais, o fuso muscular, está atento a qualquer alteração relacionada à extensão extrema, ou seja, os fusos musculares são os receptores de fl exibilidade ativos na nossa musculatura.

Agindo também com resposta refl exa, os fusos enviam os estímulos aos neurônios motores (motoneurônios alfa), que envia impulsos excitatórios tônicos às fi bras musculares extrafusais criando uma tensão permanente, mesmo o músculo estando em repouso. Este fenômeno se chama tônus muscular (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002).

Além das fi bras extrafusais, os fusos musculares possuem em sua composição outros três elementos: cápsula, fi bras intrafusais e fi bras aferentes. A

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cápsula é uma bainha de tecido conjuntivo que recobre as fi bras intrafusais. Esta última, como o próprio nome diz, são fi bras musculares que se localizam dentro do fuso muscular, não são contráteis e não possuem miofi brilas na sua porção central, porém na composição de suas extremidades, contêm fi bras que se contraem quando estimuladas pelos neurônios motores (nesse caso, o neurônio motor gama) (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS;

ROBERTS, 2002). E o último componente são as fi bras aferentes, que têm o papel sensorial e motor, elas captam a informação e levam para o SNC.

Para um entendimento mais específi co e detalhado sobre sistema nervoso central e mecanismos neuromusculares consulte livros de fi siologia do exercício:

WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício. 2. ed. São Paulo: Manole, 2001.

MAIOR, A. S. E.; ALVES. A. A contribuição dos fatores neurais em fases iniciais do treinamento de força muscular: uma revisão bibliográfi ca. Motriz. Rio Claro, v. 9, n. 3, p. 161-168, 2003.

ROBERGS, R. A.; ROBERTS, S. O. Princípios fundamentais de fi siologia do exercício para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

Acesse sites de neurofi siologia e biomedicina, como: https://

www.docsity.com/pt/funcao-integrativa-da-medula-no-controle-dos- movimentos/4718037/.

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FIGURA 7 – ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA FUNCIONAL DE UM FUSO MUSCULAR

FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/363271/>. Acesso em: 18 jan. 2020.

3.2 COMPORTAMENTO MUSCULAR ESTIMULADO

Podemos observar que a reação muscular ocorre mediante o estímulo que recebe. Quando falamos de desempenho muscular correlacionado com variações de velocidade e sobrecargas, existem cinco tipos de comportamentos musculares que são fundamentais, são eles: irritabilidade, contratilidade, extensibilidade, elasticidade e capacidade de desenvolver tensão. Explicando brevemente um pouco cada um destes comportamentos, vamos iniciar pela irritabilidade.

Nesse contexto profi ssional, quando falamos de irritabilidade (ou excitabilidade) muscular, como supracitado, estamos nos referindo ao fato de o músculo ser capaz de responder a estímulos vindos de um neurônio motor. Já a contratilidade se refere à capacidade que o músculo possui de gerar tensão ao se encurtar (como o nome sugere) mediante o estímulo recebido, alguns músculos são capazes de executar um encurtamento de 50% a 70% em relação ao seu tamanho em repouso. A extensibilidade é o efeito oposto da contratilidade, portanto se defi ne pela capacidade que o músculo tem de se alongar além do comprimento de repouso. Com o papel de equilibrar e manter segura a extensibilidade, vem o

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comportamento da elasticidade, que é a capacidade de a fi bra muscular retornar ao seu comprimento de repouso após o término da força de alongamento. Vale ressaltar que quanto maior a quantidade de tecido conjuntivo nos músculos, melhor e maior será sua capacidade de extensibilidade e elasticidade (TUBINO;

MOREIRA, 2003; POWERS; HOWLEY, 2009).

Quando executamos uma rosca bíceps (fl exão e extensão de cotovelo), no momento em que o músculo está próximo do seu comprimento de repouso e executa o seu encurtamento com auxílio de uma sobrecarga externa (fl exão) é produzida a força máxima até um certo ponto, ocorrendo logo em seguida a diminuição dessa força quando se aproxima da fl exão total (primeiro lentamente e depois mais rapidamente), consequentemente, quando ocorre o alongamento (extensão), a força diminui de maneira progressiva, esse fenômeno de produzir (ou não) força, é o último comportamento do músculo que denotamos acima, chamamos de a capacidade de desenvolver tensão (HAMILL; KNUTZEN, 1999, AMADIO; BARBANTI, 2000; NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).

Além da importância de ter uma breve noção sobre o sistema neuromuscular, seria também impossível entender o treinamento de força sem saber os tipos de músculo e todas suas características, e é sobre esse tema que daremos continuidade a nossa aprendizagem.

4 TIPOLOGIA E AÇÕES MUSCULARES

Anteriormente, fi zemos uma breve abordagem sobre o sistema muscular e o sistema nervoso, agora daremos ênfase aos tipos de músculos e todos os seus detalhes, relacionados a sua estrutura e funcionalidade.

4.1 TIPOLOGIA ESPECÍFICA

A classifi cação dos músculos tange diversas opções, as quais correspondem em relação a sua localização; sua forma; ao posicionamento de suas fi bras e a sua função. Portanto, iniciaremos com os tipos de músculos relacionados a sua localização. Assim, existem dois tipos: superfi ciais (ou cutâneos), que como o próprio nome diz, se encontram bem na superfície logo baixo da pele e tem pelo menos uma parte inserida na camada profunda da derme, como por exemplo, o bíceps; e os profundos (ou subaponeuróticos), que não possuem ligações inseridas na parte profunda da derme, se encontram inseridos nos ossos, como

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por exemplo, o serrátil (PAULSEN; WASCHKE; PASSOS, 2018; NETTER, 2000;

WEINECK, 2013).

Já em relação a sua forma, os músculos se dividem em três tipos: longos, curtos e largos. Os músculos longos são superfi ciais, podendo ultrapassar mais de uma articulação, como no caso, o sartório; os curtos, por sua vez, se se encontram em locais onde a amplitude muscular não é tão grande, como os músculos da mão e do pé; e os largos possuem um formato laminar e se encontram especifi camente nas paredes do abdômen e no tórax (diafragma).

Contudo, quando referenciamos os músculos ao posicionamento das fi bras, estes se classifi cam como: reto, transverso e oblíquo. Na fi gura a seguir podemos ter uma noção de suas características, em que o músculo reto se encontra paralelo à linha média; o músculo transverso se encontra perpendicular em relação à linha média; enquanto o oblíquo se posiciona diagonalmente à linha média (PAULSEN;

WASCHKE; PASSOS, 2018; NETTER, 2000; WEINECK, 2013).

FIGURA 8 – TIPOS DE MÚSCULOS EM RELAÇÃO AO

POSICIONAMENTO DE SUAS FIBRAS, SENDO ELES RETO (RECTUS), TRANSVERSAL (TRANVERSE) E OBLÍQUO (OBLIQUE)

FONTE: <https://bit.ly/3bfcblG>. Acesso em: 19 jan. 2020.

E fi nalizando essa temática, apresenta-se os tipos de músculos em relação a sua função, são eles: agonistas, antagonistas, sinergistas e fi xadores. O primeiro se caracteriza por serem responsáveis pela ativação de um movimento específi co, ou seja, os músculos que produzem a ação, enquanto os músculos antagonistas agem simultaneamente aos agonistas realizando a ação contrária, ou seja, quando os músculos agonistas contraem, os músculos antagonistas se alongam, e vice-versa. Já os músculos sinergistas estão ali para dar suporte auxiliar para

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os músculos agonistas e antagonistas, fornecendo também estabilização para que não ocorra riscos em determinadas ações. E, por fi m, os músculos fi xadores, que são exclusivamente responsáveis pela estabilização na origem dos músculos agonistas, permitindo que este execute a ação com segurança e efi cácia (PAULSEN; WASCHKE; PASSOS, 2018; NETTER, 2000, WEINECK, 2013).

A fi gura a seguir apresenta bem claramente essa estrutura funcional.

FIGURA 9 – EXECUÇÃO DE UMA FLEXÃO DE COTOVELO, APRESENTANDO A FUNÇÃO DE CADA MÚSCULO

FONTE: <https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/wp-content/uploads/

elementor/thumbs/agonistas-e-antagonistas-oa5g72akesoqoz3gr7i3 erpq5udzpy84mmoacf7dog.png>. Acesso em: 24 jan. 2020.

Para informações mais detalhadas sobre esse tema, busque literaturas relacionas à anatomia geral e aplicada ao esporte, como por exemplo:

PAULSEN, F.; WASCHKE, J.; PASSOS, M. A. R. F. Sobotta: Atlas de anatomia humana. v. 1, 2 e 3. São Paulo: Grupo Gen, 2018.

NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 2000.

WEINECK, J. Anatomia Aplicada ao Esporte. 18. ed. São Paulo:

Manole, 2013.

(24)

4.2 TIPOLOGIA GERAL

Acabamos de ter uma noção sobre tipologia muscular de uma maneira mais específi ca, agora vamos entender essa tipologia de uma maneira mais geral, portanto, em nosso corpo existem três tipos de músculos: músculo liso, músculo cardíaco e músculo esquelético.

O músculo liso tem suas ações involuntárias, controlado pelo sistema nervoso autônomo, ou seja, não temos controle sobre eles. Encontram- se nas paredes do sistema digestivo, respiratório, reprodutor e nas paredes de alguns elementos do sistema cardiovascular. Normalmente, os músculos lisos possuem, em sua estrutura, fi bras mais alongadas com as extremidades mais estreitas, variando de forma dependendo de sua localização (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Quando pegamos um músculo liso e realizamos um corte transversal, podemos observar que existem células de diferentes formas e diâmetros, variando de contornos (arredondados, triangulares e poligonais), podendo se apresentar isoladas ou em pequenos grupos, sendo envolvidas por um tecido conjuntivo que as mantêm unidas e que transmite a força de contração simultaneamente, se assemelhando a um cabeamento de fi os (WEINECK, 2013; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

FIGURA 10 – CORTE TRANSVERSAL E LONGITUDINAL DE UM MÚSCULO LISO O músculo liso

tem suas ações involuntárias, controlado pelo sistema nervoso autônomo, ou seja, não temos controle

sobre eles.

FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfi le.php/3110555/mod_

resource/content/1/Aula%203%20Tecido%20Muscular%20e%20 Nervoso%20VET%202017.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2020.

(25)

Já em relação ao músculo cardíaco, vamos voltar rapidamente ao exemplo dos estímulos nervosos, comparando a um carro. Assim como os estímulos excitatórios e inibitórios são os aceleradores e freios, o músculo cardíaco é o motor do carro, é ele quem bombeia o sangue para todo o corpo, levando oxigênio e nutrientes para o funcionamento de todos os sistemas. O coração é considerado um órgão nobre por ter a capacidade de se adaptar ao tipo de esforço que o indivíduo se submete de acordo com a realidade em que ele vive diariamente, essa adaptação, ou como é conhecida na literatura, “remodelação cardíaca”, tem como fi nalidade suprir suas necessidades do corpo, aumentando ou não o bombeamento sanguíneo (PELLICCIA et al., 1999; PELLICCIA et al., 2002;

PUFFER, 2002; MORATO, 2016).

O coração é considerado um órgão nobre por ter a capacidade de se adaptar ao tipo de esforço que o indivíduo se submete de acordo com a realidade em que ele vive diariamente, essa

adaptação, ou como é conhecida na literatura,

“remodelação cardíaca”, tem como finalidade suprir suas necessidades

do corpo, aumentando ou não o bombeamento

sanguíneo

Para ter um conhecimento mais aprofundado sobre esse tema, sugerimos que leia sobre o sistema cardiovascular e cardiorrespiratório geral e aplicado ao exercício:

MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

ZANELA, C. Fisiologia Humana. 1. ed. Rio de Janeiro: SESIS, 2015.

Quando falamos de sua funcionalidade e estrutura, denota-se que a sua maior e principal função é produzir involuntárias e repetitivas contrações no qual produzem o bombeamento sanguíneo, esse fenômeno funcional ocorre devido ao fato de o músculo cardíaco possuir uma mistura de características semelhantes às dos músculos esqueléticos e lisos. No entanto, as fi bras da musculatura cardíaca são menores que as fi bras da musculatura esquelética, porém com uma quantidade maior de glicogênio em seu sarcoplasma, além disso, suas mitocôndrias também são maiores e em maior número, paralelo ao fato de suas células possuírem um único núcleo, localizada ao centro, estando ramifi cadas (ZANELA, 2015; PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002).

Para auxiliar o fenômeno de contração involuntária, existe em sua estrutura as junções intercelulares. Essas junções são resposáveis pela manutenção e junção entre as fi bras, e pela transmissão da tensão das fi brilas ao longo do eixo da fi bra de uma unidade celular para a seguinte (essas junções entre as fi bras

(26)

se chamam discos intercalares). Tirando o fato de possuir uma maior rede de capilares sanguíneos (fator este que possibilita uma maior capacidade oxidativa), a distribuição do tecido conjuntivo, vasos e fi bras nervosas é igual as dos músculos esqueléticos e lisos (ZANELA, 2015; PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002).

FIGURA 11 – VISÃO DE UM CORTE TRANSVERSAL E LONGITUDINAL DAS FIBRAS DO MÚSCULO CARDÍACO E ALGUNS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

FONTE: <https://accessmedicina.mhmedical.com/data/books/1506/

sepulveda2_ch07_fi g-07-15.png>. Acesso em: 24 jan. 2020.

(27)

Iniciaremos agora a introdução ao último tipo de músculo do nosso copo, o músculo esquelético. Como o nome sugere é o músculo ligado e que auxilia o movimento do esqueleto. Todos os elementos que existem no nosso corpo são de fundamental importância para seu funcionamento, porém, para a especialização em algumas áreas do conhecimento, como esta da cadeia disciplinar, alguns elementos são mais destacados, neste caso, esse tipo de grupo muscular. Tudo o que já foi falado sobre mecanismos neurais, transportes, execuções, tipos de contração, dentre outros temas, se aplica a esse grupo. Não que os outros tipos musculares sejam sem importância para a treinamento esportivo, pelo contrário, são tão importantes quanto, mas de fato, para este momento, o músculo esquelético é prioritário devido à produção e execução do movimento.

A musculatura esquelética, em sua composição estrutural, possui dois grandes conjuntos celulares, um especializado na produção da contração (composto pelas miofi brilas) e o outro responsável pela sustentação (tecido conjuntivo), podendo ter ligações diretamente aos ossos, às cartilagens, fáscias e pele. O primeiro conjunto celular, que são as fi bras, possui células altamente especializadas, longas, cilíndricas e multinucleadas, agrupando-se paralelas umas às outras, formando diversos feixes, muitas vezes associados de diferentes maneiras, formando tipos diferentes de músculos. Como supracitado, essas fi bras são compostas por miofi brilas, que são compostas por miofi lamentos fi nos (proteína actina) e grossos (proteína miosina), que

quando interagem entre si, tornam-se mais um elemento que auxilia a produção da contração muscular. Esse grupo celular de fi bras é recoberto por outro grupo celular, formado por um tecido conjuntivo, o qual chamamos de sarcolema (este é o segundo grande grupo celular da estrutura da musculatura esquelética). O sarcolema pode ser chamado de epimísio (quando envolve o músculo), perimísio (quando envolve todos os feixes) e endomísio (quando envolve as fi bras), dependendo da sua localização (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001).

Em sua composição estrutural, possui

dois grandes conjuntos celulares,

um especializado na produção da contração (composto pelas miofi brilas) e o outro

responsável pela sustentação (tecido

conjuntivo).

Para um maior e mais detalhado entendimento sobre a bioquímica muscular, busque literaturas em fi siologia geral e fi siologia do exercício, como:

MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

ZANELA, C. Fisiologia Humana. 1. ed. Rio de Janeiro: SESIS, 2015.

(28)

Para um maior e mais detalhado entendimento sobre a bioquímica muscular, acesse o site: https://www.passeidireto.com/

arquivo/2189057/resumo-bioquimica-contracao-muscular).

FIGURA 12 – EXEMPLO DE ESTRUTURA DE MÚSCULO ESQUELÉTICO

FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cf/1007_

Muscle_Fibes_%28large%29_esp.jpg>. Acesso em: 25 jan. 2020.

Os músculos esqueléticos, que fazem ligações ósseas, o fazem através de um elemento viscoelástico composto por um conjunto de tecidos conjuntivos e cartilaginosos, colágeno e componentes elásticos que funcionam como sustentação das fi bras musculares, este elemento se chama tendão, que por sua vez, quanto maior for a sua área transversa, mais forte ele será e melhor corresponderá ao limite de elasticidade. Os tendões têm origem nas extremidades dos músculos, no momento em que ocorre o afunilamento da parte medial em direção às extremidades, sucede-se uma redução de até 90% das fi bras

(29)

musculares, formando uma área conhecida como região musculotendínea (onde ocorre a transmissão de força), essa área é exatamente onde ocorre a ligação das fi bras musculares com os tendões e, subsequentemente, se encontra o tecido tendíneo (tendão) (ZANELA, 2015; ROBERGS; ROBERTS, 2002; POWERS;

HOWLEY, 2009).

Saindo da parte estrutural e iniciando a parte funcional, o músculo esquelético é aquele que está diretamente ligado à produção de movimento dando suporte ao sistema locomotor, este envolve as articulações, cartilagens e, obviamente, os músculos e tendões.

Literalmente, um boneco ventríloquo. No que diz respeito a movimentos segmentares, os músculos se classifi cam como monoarticulares, biarticulares ou poliarticulares. O primeiro se caracteriza pelo fato do músculo atravessar apenas uma articulação, movimentando um único segmento, enquanto os músculos biarticulares ou poliarticulares atravessam mais de uma articulação, executando diversos movimentos (ZANELA, 2015; WILMORE; COSTILL, 2001). Consequentemente, o gasto energético dos músculos monoarticulares é consideravelmente

reduzido graças à atuação dos músculos biarticulares, pois estes permitem o trabalho positivo em uma articulação e o negativo em uma outra articulação adjacente. A fi gura a seguir apresenta exemplos desses tipos de músculos.

FIGURA 13 – EXEMPLO DE MÚSCULOS MONOARTICULARES (INFRAESPINHOSO) E BIARTICULARES (OU POLIAETICULARES (BÍCEPS)

O músculo esquelético é aquele que está

diretamente ligado à produção

de movimento dando suporte ao sistema locomotor,

este envolve as articulações,

cartilagens e, obviamente, os músculos e tendões.

FONTE: <https://pt.slideshare.net/BARBARABRAYAN1/sistema-

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Esses tipos de músculos podem apresentar com maior frequência um fenômeno conhecido como insufi ciência, que se classifi ca em ativa e passiva.

Enquanto a insufi ciência ativa ocorre quando um músculo atinge um ponto em que não pode mais ser encurtado, a insufi ciência passiva ocorre quando um músculo não pode mais ser alongado sem danifi car suas fi bras (NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007). Por exemplo, quando realizamos simultaneamente uma fl exão de cotovelo e de ombro, resultará a aproximação das inserções do bíceps braquial, ocorrendo a insufi ciência ativa. Contudo, se executarmos simultaneamente uma fl exão de quadril e uma extensão de joelho, ocorrerá uma hiperextensão dos isqueotibiais limitando a fl exão de quadril que é realizada pelo quadríceps, ou seja, o músculo antagonista atrapalhou a excursão do músculo agonista, esse fenômeno se chama insufi ciência passiva.

Para informações mais detalhadas sobre o tema supracitado, busque literaturas e sites relacionados à Cinesiologia e biomecânica do movimento, como:

KNUDSON, D. Fundamentals of biomechanics. 2. ed. New York:

Springer, 2007.

Para informações mais detalhadas sobre o tema supracitado, busque sites relacionados à Cinesiologia e biomecânica do movimento: https://www.passeidireto.com/arquivo/40624609/aula-04- biomecanica-do-musculo-cinesio.

4.3 AÇÕES MUSUCLARES ESQUELÉTICAS

Agora que sabemos e demos ênfase ao tipo de músculo (que neste contexto atual mais nos interessa), faremos uma breve passagem relacionando as ações realizadas por estes, podemos dizer que as informações que serão apresentadas serão como uma introdução para o próximo tópico, que vai abordar os efeitos do treinamento esportivo no sistema neuromuscular.

(31)

Como supracitado, a musculatura esquelética funciona através do comando do sistema nervoso central, acionando diversos componentes, portanto, qualquer trabalho nesse ínterim requer a ação de outros componentes. Quando ocorre o treinamento esportivo de alto nível, o atleta desenvolve a capacidade de acionar ao mesmo tempo, e em maior número, as unidades motoras musculares, gerando uma maior contração (FOLLAND; WILLIAMS, 2007; CARROLL; RIEK; CARLSON, 2001). A pessoa, quanto mais treinada e mais estimulada a ativação elétrica muscular, maior é sua capacidade de produção de estímulos e, consequentemente, o desempenho destes sistemas, e esse é um dos fatores que diferencia um atleta de um praticante de esporte, pois o primeiro consegue atingir nitidamente uma porcentagem mais alta da funcionalidade

muscular, podendo atingir até 100% de suas capacidades, enquanto os praticantes só conseguem colocar em ação ao mesmo tempo uma certa porcentagem de suas fi bras musculares ativáveis (POWERS; HOWLEY, 2009; PEREIRA; SOUZA JÚNIOR, 2004).

A maior capacidade de aguentar e gerar tensão de um músculo, assim como maior velocidade de contração, ocorre quando há uma maior sincronização das unidades motoras, promovendo um maior desempenho (POWERS; HOWLEY, 2009). Quando realizamos o treinamento de um atleta, ou até mesmo de um praticante normal, precisamos saber a melhor forma de acionar essas unidades motoras, e isso tudo depende do tipo de exercício que se pretende realizar, pois para a efi ciência desse exercício, existe um tipo de fi bra que precisa ter mais atenção, ou seja, precisamos conhecer a característica do exercício e as fi bras que agem para que esse exercício ocorra, pois nem todas as unidades motoras são solicitadas simultaneamente, variando de acordo com seu motoneurônio, que se agrupa estimulando as fi bras musculares (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016, POWERS; HOWLEY, 2009; PEREIRA; SOUZA JÚNIOR, 2004).

FIGURA 14 – EXEMPLO DE FIBRAS I, FIBRAS IIX E FIBRAS II EM SUBSEQUÊNCIA COM AS IMAGENS DA FIGURA

Quando ocorre o treinamento esportivo de alto

nível, o atleta desenvolve a capacidade de acionar ao mesmo

tempo, e em maior número, as unidades motoras

musculares, gerando uma maior

contração.

FONTE: <https://cdn.hsnstore.com/comprar/blog/wp-content/uploads/

(32)

De maneira geral, existem dois tipos de fi bras quanto a sua função, relacionada ao exercício, em que uma está direcionada a exercícios mais lentos e outra relacionada a exercícios mais rápidos (Figura 14). São discriminadas como fi bras do tipo I e tipo II(no Capítulo 2 serão abordados os subtipos de fi bras, dentre elas Ic, IIc, IIac, IIa, IIax e IIx). Assim, temos as fi bras do tipo I, conhecidas também como as fi bras vermelhas (devido ao grande número de mioglobina e mitocôndrias), sendo mais resistentes à fadiga. Por isso são mais requisitadas e propícias em exercícios contínuos de grande volume e baixa intensidade, como por exemplo, a corrida de longa duração (maratonas) e caminhadas (RIEGEL, 1999).

Contudo, as fi bras do tipo II, com cores mais claras, são chamadas de fi bras brancas (devido à menor concentração de mioglobina e mitocôndrias), por possuírem a velocidade de contração mais rápida, possuindo pouca resistência à fadiga. Estas são requisitadas e propícias em atividades que requer maior velocidade e velocidade explosiva, com alta intensidade e menor volume, como alguns momentos dos esportes de combates, corridas de pouca metragem (100, 200 m ...) e natação (50, 100 m..).

Cabe ao profi ssional de educação física compreender como acionar essas fi bras para poder executar um trabalho efi ciente, como por exemplo, um Personal Training em uma academia, ele pode ter um aluno que queria trabalhar hipertrofi a, assim como ter um que queira melhorar seu desempenho em corridas de alta velocidade. Consequentemente, este último não pode ter aumento da sua massa muscular, pois vai contribuir com fatores que diminuirão sua velocidade no evento. Portanto, o profi ssional que for produzir um treinamento de hipertrofi a, por exemplo, precisa ter em seu conhecimento algumas considerações em relação a que tipo de fi bra muscular que é preciso ter ênfase e como proporcioná-la.

Qualquer exercício apresenta uma resistência externa aos músculos, seja pela própria gravidade ou por algum recurso material, esse processo estimula a produção da força muscular sobre as estruturas articulares para realizar o movimento e suportar a tal sobrecarga, ou seja, as ações musculares dependem do nível de estimulação e da força desenvolvida pelo músculo diante da resistência imposta a ele. São essas ações musculares que chamamos de contrações musculares, que se subdividem em dois tipos (com suas subdivisões), são as contrações isotônicas e isométricas.

As ações musculares dependem do nível de estimulação e da

força desenvolvida pelo músculo diante

da resistência imposta a ele.

(33)

FIGURA 15 – TIPOS DE CONTRAÇÃO MUSCULAR

FONTE: <https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/wp-content/uploads/2019/07/

tipos-de-contra%C3%A7%C3%A3o-1.jpg>. Acesso em: 4 fev. 2020.

Como exposto na fi gura acima, a contração isométrica ocorre quando o músculo realiza um trabalho chamado isometria, ou seja, o músculo sem movimento gera uma tensão muscular. Geralmente, esse fenômeno ocorre ao sustentar algum objeto ou um próprio membro em uma certa posição no ar;

também tem como objetivo estabilizar as articulações enquanto outras são movidas, é muito utilizado em trabalhos de estabilização e em exercícios como

“prancha estática”.

Por outro lado, a contração isotônica exerce o inverso, ou seja, é preciso que ocorra movimento, gerando a tensão muscular em diferentes graus, promovendo a mudança dos ângulos articulares. Esse tipo de contração se subdivide em outros dois tipos, bem conhecidos na área da educação física, são elas: a contração concêntrica e excêntrica. Enquanto a primeira efetua uma ação mais concentrada promovendo o encurtamento muscular, reduzindo o ângulo de uma articulação (aproximando uma extremidade da outra), a contração excêntrica aumenta o ângulo articular através do alongamento muscular (WEINECK, 1999; MCARDLE;

KATCH; KATCH, 2016). Ou seja, na Figura 15, durante uma “rosca bíceps”, no momento da fl exão, o bíceps realiza uma contração concêntrica, e no momento que regressa à posição inicial, realiza uma extensão sustentando a sobrecarga, realizando uma contração excêntrica.

(34)

Quando frisamos movimentos verticais, independentemente da sobrecarga que utilizamos em um treinamento esportivo, a contração excêntrica é capaz de gerar a mesma força (ou até maior) que aos outros tipos de ações musculares, realizando a solicitação de um menor número de fi bras. Isso se deve ao fato da infl uência da ação gravitacional nos movimentos de torques. Veja um exemplo no exercício da Figura 16 (agachamento), em que existe um torque imposto pela força gravitacional (torque descendente) paralelo à ação excêntrica dos músculos isquiotibiais, quadríceps, glúteo máximo e grupo tríceps surral, que se contrairão apenas para frear a descida do movimento.

Além das contrações isométricas e isotônicas, existem também a contração isocinética, que é a contração dinâmica, ou seja, aquela que produz uma velocidade constante do movimento paralela à uma sobrecarga fi xa e específi ca;

e a contração isoinercial, que realiza uma resistência em que o músculo se contrai constantemente (HAMILL; KNUTZEN, 1999, AMADIO; BARBANTI, 2000;

NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).

Para informações sobre os tipos de contração isocinética e isoinercial, procure literaturas relacionadas à cinesiologia e biomecânica do movimento, e treinamento esportivo, como por exemplo:

HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano. São Paulo: Manole, 1999.

BILLAT, V. Fisiologia y metodologia del entrenamiento: de la teoria a la práctica. Barcelona: Editora Paidotribo, 2002.

Para informações sobre os tipos de contração isocinética e isoinercial, procure sites relacionados à cinesiologia e biomecânica do movimento, e treinamento esportivo. Acesse: http://www.profedf.ufpr.

br/rodackibiomecanica_arquivos/Biom%20acao%20muscular.pdf.

(35)

FIGURA 16 – FASES DAS AÇÕES MUSCULARES NO EXERCÍCIO "AGACHAMENTO"

FONTE: <https://treinomestre.com.br/wp-content/uploads/2019/05/fases-concentrica- excentrica-e-isometrica-no-agachamento.jpg>. Acesso em: 4 fev. 2020.

5 EFEITOS DO TREINAMENTO NO SISTEMA NEUROMUSCULAR

A proposta dos tópicos anteriormente estudados é realizar uma breve apresentação geral e resumida sobre a fi siologia funcional e estrutural muscular, a fi m de entender que este participa de um complexo sistema que aciona o funcionamento de outros, paralelo ao seu próprio funcionamento, que é acionada por mais outros sistemas.

Pense conosco: Seria possível entendermos o objetivo do tema desta disciplina (Adaptações Neuromusculares do Treinamento de Força), sem entender quem são e como funcionam as peças que são utilizadas para que esse fenômeno seja desenvolvido? É claro que existem mais

peças e sistemas, assim como áreas de conhecimentos que possuem ligações diretas com a efi cácia do treinamento, que vão desde o conhecimento da cinesiologia ao de nutrição esportiva, pois a execução perfeita do movimento e a alimentação necessária para o tipo do treinamento otimizam os resultados. Porém é preciso realizar uma escala de prioridades e ligações, e dentro desta escala, os primeiros e principais elementos são referentes ao sistema neuromuscular. O mais interessante é que tudo o que foi apresentado até este momento, se “potencializa”

na realidade de um atleta, pois para que este cometa suas façanhas físicas, todos os seus sistemas funcionam em outra rotatividade, e para isso, todas as peças desse sistema precisam estar adaptadas.

Imagine uma moto. Sabemos que todas possuem o mesmo sistema funcional e estrutural, contudo, existem aquelas que são de 125 cilindradas, enquanto outras podem ser de 1500, o que faz existir essas diferenças são as estruturas e componentes introduzidos e adaptados, a fi m de potencializar suas funções. Assim como nas motos, no nosso corpo existe uma série de adaptações e recursos que aumentam e melhoram o desempenho do sistema muscular de um atleta.

É preciso realizar uma escala de

prioridades e ligações, e dentro

desta escala, os primeiros e principais elementos

são referentes ao sistema neuromuscular.

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FIGURA 17 – ESSA IMAGEM SATIRIZA UM ATLETA COM SUAS ESTRUTURAS TÃO POTENCIALIZADAS A PONTO DE SUPERAR LIMITES HUMANOS E SER

COMPARADO A UM SUPER-HERÓI VOANDO EM DIREÇÃO À CESTA

FONTE: <https://naukas.com/fx/uploads/2011/11/howard2- 580x410.jpg>. Acesso em: 7 fev. 2020.

O corpo vive numa sequência de ações e reações, em suma e muito resumidamente, o ser humano inicia a prática esportiva, consequentemente, para alcançar seu objetivos; ele exige do seu corpo mais empenho; depois de um tempo de treino, seu corpo se adapta para que esse objetivo seja alcançado; suas funções são potencializadas e necessitam ser supridas em melhor e maior quantidade; e gradualmente de forma progressiva, mudam-se os objetivos; o corpo se adapta às novas mudanças; e assim segue o ciclo.

Nesta perspectiva de treinamento, nos últimos anos, cada vez mais a comunidade científi ca tem buscado a evolução do desempenho humano, pautado na relação otimização de rendimento com a melhora de desempenho e menores riscos de lesões. Essas palavras-chaves atualmente são de fundamental importância para a estratégia de treinamento de um atleta de elite, com suporte do controle do treino conjuntamente ao controle nutricional e psicológico (MORATO, 2016;

WEINECK 2000; WILLETT, 1990; PAIVA, 2009).

5.1 EFEITOS GERAIS DO TREINAMENTO

Há várias alterações corporais que ocorrem mediante o treinamento, seja ela estrutural ou simplesmente química. Nesse aspecto, para suprir as novas necessidades do corpo, ocorrem alterações fi siológicas no que diz respeito ao Cada vez mais

a comunidade científi ca tem buscado a evolução

do desempenho humano, pautado na

relação otimização de rendimento com a melhora de

desempenho e menores riscos de lesões. Essas palavras-

chaves atualmente são de fundamental importância para

a estratégia de treinamento de um atleta de elite, com suporte do controle do

treino conjuntamente ao controle nutricional e

psicológico.

(37)

consumo e produção de energia. Assim, ocorre uma potencialização do mecanismo de produção de energia, envolvendo a síntese proteica e funcionamento das vias metabólicas, responsáveis pela síntese de substratos para a liberação de ATP, que vai municiar o músculo com energia para seu funcionamento. Toda essa alteração de atividades de alguns elementos bioquímicos, como no caso, as proteínas estruturais, paralelo ao treinamento propriamente dito, alteram diretamente a produção de algumas capacidades físicas treináveis, como no caso da força e da potência. É por isso que uma boa alimentação, somada à hidratação e um treino bem controlado e elaborado se torna peça-

chave para a efi cácia do treinamento (VOLEK et al., 1996; AUCOUTURIER;

BAKER; DUCHÉ, 2008; ARAÚJO; MENÓIA, 2008; ROBERGS; ROBERTS, 2002;

WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).

“A olho nu” é nítida a diferença física de um atleta de elite para uma pessoa que não pratica nenhum esporte, ou até mesmo para uma pessoa que pratica uma atividade em nível recreacional. Essa diferença é consequência das diferentes e contínuas cargas de treinamento a que os atletas se submetem, buscando o aprimoramento e o desenvolvimento das valências que necessitam, para se superarem em suas modalidades (MORATO, 2016; HAAG; KESKINEN;

TALBOT, 2016). As estruturas corporais têm a capacidade de se adaptar a realidade do atleta para suprir as necessidades, visando melhorar ainda mais o seu desempenho.

É por isso que uma boa alimentação,

somada à hidratação e um treino bem

controlado e elaborado se torna peça-chave para a efi cácia do

treinamento.

Você sabia que não é somente a musculatura esquelética que se altera quando submetida ao treinamento? Sabia que o coração também modifi ca sua estrutura para ajudar o funcionamento do corpo? Essa adaptação é conhecida como remodelagem cardíaca, ou coração de atleta.

(38)

FIGURA 18 – DIFERENÇA ENTRE UM CORAÇÃO NORMAL E UM CORAÇÃO COM REMODELAGEM CARDÍACA, NESSE CASO,

COM HIPERTROFIA DO SEPTO INTRAVENTRICULAR

FONTE: <http://loyolaeavellar.com.br/clinica/cardiomiopatia- hipertrofi ca/>. Acesso em: 4 fev. 2020.

Como você pôde ver na fi gura, há uma grande diferença entre o coração normal e um coração remodelado, isso tudo ocorre devido às cargas de treinamento (quando não é uma patologia), assim como após seis meses de destreinamento, as estruturas começam a regressar ao tamanho normal (PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002; MORATO, 2016). Todos os tipos de treinamentos podem estimular essa remodelação, sejam eles dinâmicos ou estáticos, e esses dois tipos de exercícios se encontram simultâneos em praticamente todas as modalidades esportivas. Para ocorrer os exercícios dinâmicos, há uma participação maior de diversos grupos musculares, gerando maior consumo de oxigênio. Para esse oxigênio ser levado em maior quantidade e velocidade pela corrente sanguínea, ocorre automaticamente o aumento do débito cardíaco, sobrecarregando o volume no ventrículo esquerdo causando o alargamento e hipertrofi a. Já os exercícios estáticos, em que a via metabólica predominante é a anaeróbia, ocorre uma sobrecarga de pressão sanguínea no coração, aumentando especifi camente a sua massa muscular sem o aumento do volume (PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002; MORATO, 2016).

Exemplifi cando e diferenciando algumas modalidades esportivas, podemos citar o judô e o halterofi lismo, que são esportes que por conta do tipo de treinamento apresentam uma grande sobrecarga de pressão sanguínea, resultando uma hipertrofi a cardíaca. Diferente das modalidades com maior volume de treino e menor intensidade, como a corrida e ciclismo (fundista), em que ocorre uma maior sobrecarga de volume sanguíneo, estimulando a dilatação do ventrículo e da aorta, além da hipertrofi a. No caso do fi siculturismo é comum encontrar o ventrículo esquerdo hipertrofi ado devido ao treinamento de força, enquanto em ultrarunners essas respostas são caracterizadas por uma lentidão anormal na frequência cardíaca de repouso, expansão e hipertrofi a do ventrículo

(39)

esquerdo (MCCALL et al., 1996; PELLICCIA et al., 1999; PELLICCIA et al., 2002;

PUFFER, 2002; PAVLIK et al., 2010; MORATO, 2016).

Em resumo: o atleta se submete a um treinamento; este requer superação de desempenho; em seguida, todos os sistemas e funções são solicitados acima do normal; para que estes sistemas funcionem em pleno vapor e com qualidade, precisam de mais energia; consequentemente, para mais energia, precisam de melhor hidratação, melhor alimentação e maior oxigenação; para essa quantidade maior de elementos chegar aos sistemas, precisam de maior quantidade de sangue e em maior velocidade, obrigando o coração a se remodelar, aumentando e dilatando sua estrutura.

5.2 EFEITOS DO TREINAMENTO NA MUSCULATURA ESQUELÉTICA

Já citamos exemplos de alguns efeitos que o treinamento causa no corpo humano, no que tange à química muscular e remodelação estrutural do músculo cardíaco. Vamos apresentar agora algumas alterações que ocorrem na musculatura esquelética.

Quem nunca ouviu falar no nome hipertrofi a? Sim, paralelo ao emagrecimento, este é um dos maiores objetivos de clientes frequentadores de academias de musculação. E hiperplasia? Pois é, esse nome talvez não seja tão conhecido para os leigos em nossa área. Ambos são fenômenos que ocorrem na musculatura esquelética, causados pelo treinamento contínuo. Após o último assunto abordado, pensamos que você já possui uma breve ideia do que é a hipertrofi a. Signifi ca aumento de alguma estrutura, nesse caso, estamos falando sobre o aumento do volume muscular, ou mais cientifi camente, o aumento na secção transversal do músculo. Quando fazemos um trabalho de força com controle de carga, velocidade e repetição específi ca, essa é a principal adaptação muscular que se desenvolve.

E a hiperplasia? O que é isso? Bom, a hiperplasia é aumento da quantidade de fi bras musculares e de suas dimensões. Quando treinamos e buscamos alcançar a capacidade máxima de produção de força muscular, ocorre esse fenômeno. Portanto, a hipertrofi a estimula o desenvolvimento da hiperplasia, porém, alguns estudiosos defendem que a hipertrofi a está associada diretamente ao aumento da área de secção transversa do músculo, e não à hiperplasia.

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Ou seja, para esses estudiosos, apesar da hiperplasia surgir devido (também) à hipertrofi a, a hipertrofi a ocorre independentemente da hiperplasia, contudo, vale ressaltar que ainda não há um consenso na literatura em relação ao fenômeno da hiperplasia na musculatura esquelética (MACDOUGALL, 1992; WEINEWCK, 1989, 1999; HALL, 2003; MCCALL et al., 1996).

Vamos imaginar a confecção de uma pizza: a massa da pizza será a hipertrofi a e os recheios da pizza serão a hiperplasia. A pizza nos permite desenvolver a capacidade de criar qualquer recheio, porém, com ou sem recheio, ao colocar a pizza no forno, ela vai crescer, ou seja, com ou sem recheio existirá a pizza, mas sem pizza, não existe o recheio.

FIGURA 19 – DIFERENÇA ENTRE CÉLULAS MUSCULARES NORMAIS (AO CENTRO), HIPERTROFIADAS (HYPERTROPHIE) E HIPERPLASIADAS (HYPERPLASIE)

FONTE: <https://viamedici.thieme.de/lernmodule/pathologie/

anpassungsreaktionen+von+zellen+und+geweben>. Acesso em: 11 fev. 2020.

Uma das variáveis que contribui para o desenvolvimento da hipertrofi a é o aumento do volume de síntese proteica, pois como supracitado, o nosso corpo,

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quando é submetido ao treinamento esportivo, dependendo da sua intensidade, o conteúdo proteico muscular se encontra em um fl uxo contínuo, fazendo com que ocorra a degradação e sintetização dessas proteínas sem interrupção. Em conjunto com esse processo, outra variável importante para o desenvolvimento da hipertrofi a é a quantidade de miofi brilas e miofi lamentos (actina e miosina), pois quanto maior for sua quantidade, maior serão as pontes cruzadas realizadas para a produção de força durante a contração máxima muscular (ROBERGS;

ROBERTS, 2002; RIEGEL, 1999).

FIGURA 20 – DIFERENÇA ENTRE UMA MUSCULATURA NORMAL E HIPERTROFIADA, SEQUENTEMENTE

FONTE: <https://www.all-musculation.com/dossier/secret- pour-grossir/>. Acesso em: 11 fev. 2020.

Umas das características funcionais morfológicas de um músculo que sofreu hipertrofi a, além do sou aumento de volume da seção transversa, é a capacidade de gerar maior força e potência muscular.

Essa característica é bem perceptível em indivíduos iniciantes na musculação, pois o ganho de força se denota já na fase inicial do treinamento. Esse aumento de força pode ser atribuído a novos estímulos elétricos musculares, à melhora na solicitação das unidades motoras paralelo ao aumento das atividades neurológicas (MAIOR;

ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002).

Ainda falando sobre variáveis facilitadores da hipertrofi a, temos uma que chamamos de variável incontrolável, como por exemplo, o sexo do indivíduo. A hipertrofi a se desenvolve com mais facilidade em homens do que em mulheres devido ao hormônio masculino, testosterona (produzido e secretado por células intersticiais nos testículos). É por conta deste fator que cada vez é mais comum encontrar em ambientes de musculação, mulheres utilizando recursos suplementares anabólicos para aumentar seu ganho de massa muscular, porém,

Umas das características

funcionais morfológicas de um músculo que sofreu hipertrofi a, além do sou aumento de volume da seção transversa, é a capacidade de gerar maior força e potência muscular.

Referências

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