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SUMÁRIO. Parte I PEÇAS PRÁTICO-PROFISSIONAIS INTRODUÇÃO GERAL... 23

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SUMÁRIO

Parte I PEÇAS PRÁTICO-PROFISSIONAIS INTRODUÇÃO GERAL ... 23

CaPítulo I DAS AÇÕES PELO RITO COMUM ... 25

1 Considerações gerais ... 25

2 Elementos da ação ... 25

2.1 Partes ... 26

2.2Causa de pedir ... 26

2.3 Pedido (terceiro elemento da ação) ... 28

3.Requisitos da petição inicial ... 29

4 Modelo de petição inicial ... 32

4.1 Petições iniciais referentes a ações comuns ... 33

5 A questão do endereçamento ... 34

6 Estudo de casos ... 36

6.1 Modelo ... 37

6.2 Outros modelos ... 40

6.3 Outras questões para treino ... 48

6.3.1 Questões de Direito Administrativo ... 51

6.3.2 Gabarito das questões de treino de Direito Administrativo ... 51

6.3.3 Questões de Direito Constitucional ... 61

6.3.4 Gabarito das questões de treino de Direito Constitucional ... 62

7 Exercícios complementares de fixação ... 66

CaPítulo II AÇÃO PELO RITO COMUM COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA .. 73

1 Ação pelo rito comum com pedido de tutela de urgência x mandado de segurança com pedido de liminar ... 73

2 Situações já cobradas em provas de exame da ordem ... 75

3 Do pedido de assistência judiciária gratuita ... 102

4 Exercício complementar de fixação ... 103

(2)

CaPítulo III

AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO ... 109

1 Desapropriação como medida de intervenção do estado sobre a pro- priedade privada ... 109

2 A ação de desapropriação: questões procedimentais ... 110

3 Prática de ação de desapropriação: questão para treino ... 116

3.1 Observações quanto à petição inicial da ação de desapropriação ... 118

4 Exercício complementar de fixação ... 118

CaPítulo IV AÇÃO POPULAR ... 123

1 Generalidades ... 123

1.1 Do pedido de liminar ... 124

2 Análise da lei de ação popular ... 125

2.1Da aplicação, em questões discursivas, de assuntos envolvendo pro- cedimentos especiais previstos em leis específicas ... 133

3 Modelos respondidos (de acordo com os gabaritos oficiais e/ou com co- mentários do autor) ... 135

3.1 Provas de Direito Administrativo ... 135

3.2 Provas de Direito Constitucional ... 146

4 Outras questões para treino ... 157

5 Gabaritos das questões para treino ... 159

6 Exercícios complementares de fixação ... 170

CaPítulo V AÇÃO CIVIL PÚBLICA ... 175

1 Especificidades ... 175

2 Estudo de caso ... 181

3 Exercício complementar de fixação ... 184

4 Ação civil pública x mandado de segurança coletivo ... 187

CaPítulo VI MANDADO DE SEGURANÇA (INDIVIDUAL) ... 195

1 Generalidades ... 195

1.1 Aspectos legais ... 197

1.2 Prática: estudo de caso ... 207

1.3 Outras questões para treino ... 210

(3)

1.4 Gabaritos ... 215

2 Competência originária do mandado de segurança (e do habeas data) em tribunais ... 230

2.1 Generalidades ... 230

2.2 Modelos (“pratos”) de endereçamento ... 232

2.3 Estudo de caso ... 233

2.4 Questões para treino ... 237

2.5 Gabarito das questões de treino ... 243

3 A incidência da súmula 510 do Supremo Tribunal Federal e a “teo- ria da encampação” em sede de mandado de segurança ... 264

4 Exercícios complementares para fixação ... 267

CaPítulo VII MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO ... 276

1 Observações gerais ... 276

2 Estudo de caso ... 278

3 Exercício complementar de fixação ... 281

CaPítulo VIII HABEAS DATA ... 290

1 Generalidades ... 290

2 Estudo da lei de habeas data ... 292

3 Estudo de caso ... 295

4 Questão para treino ... 297

4.1 Gabarito ... 298

CaPítulo IX MANDADO DE INJUNÇÃO ... 305

1 Generalidades ... 305

2 Questão simulada para treino ... 309

3 Exercício complementar de fixação ... 312

CaPítulo X RECLAMAÇÃO ... 316

1 Generalidades ... 316

2 Questão simulada para treino ... 319

3 Exercício complementar de fixação ... 322

(4)

CaPítulo XI

AÇÃO CIVIL POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .... 327

1 Generalidades ... 327

2 Análise da Lei 8.429/92 ... 328

3 Estudo de caso ... 338

4 Exercício complementar de fixação ... 343

CaPítulo XII SUSPENSÃO DE LIMINAR ... 349

1 Generalidades ... 349

2 Aspectos legais ... 350

3 Situação simulada e modelo ... 352

CaPítulo XIII RESPOSTAS DO RÉU (CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO) ... 356

1 Generalidades ... 356

2 Contestação ... 356

2.1 Estudo de caso ... 358

2.2 Questão para treino ... 360

2.3 Considerações sobre a questão ... 362

2.4 Preliminares de contestação ... 362

2.4.1 Modelos e laboratórios de arguição de preliminares ... 365

2.4.2 Preliminares do 1º Grupo: inexistência ou nulidade de citação (art. 337, I, do CPC) ... 366

2.4.3 Preliminares do 2º Grupo: incompetência absoluta; incompetência relativa ou conexão (art. 337, II e VIII, do CPC) ... 367

2.4.4 Preliminares do 3º Grupo: incorreção do valor da causa (art. 337, III, do CPC) ... 369

2.4.5 Preliminares do 4º Grupo: indevida concessão do benefício da gratui- dade de justiça (art. 337, XIII, do CPC) ... 370

2.4.6 Preliminares do 5º Grupo: extinguem o processo sem resolução de mérito (art. 337, IV, V, VI, VII, IX, X, XI e XII, combinados com o art. 485, todos do CPC) ... 371

2.4.7 Preliminares do 6º Grupo: importam na extinção do processo com resolução do mérito (prejudiciais de mérito) – prescrição e decadência (art. 487, II, do CPC) ... 373

(5)

2.5 Análise da prova OAB-FGV 2010.3 ... 375

2.6 Análise da prova OAB-FGV 2013.1 (X Exame da Ordem) ... 380

2.7 Questões simuladas para treino de arguição de preliminares ... 387

2.8 Questões simuladas para treino de arguição de preliminares ... 390

3 Reconvenção ... 396

3.1 Questão simulada para treino ... 397

3.2 Precedente cobrado na prova de Direito Civil do XXVIII Exame da Ordem (FGV) ... 400

CaPítulo XIV DEFESA ADMINISTRATIVA ... 402

1 Generalidades ... 402

2 Prática ... 402

CaPítulo XV RECURSOS ADMINISTRATIVOS ... 405

1 Generalidades ... 405

2 Prática de recurso administrativo (do mesmo enunciado comentado) .. 410

3 Exercício complementar de fixação ... 414

CaPítulo XVI IMPUGNAÇÃO DE EDITAL ... 417

1 Generalidades ... 417

2 Prática de impugnação de edital ... 418

CaPítulo XVII RECURSOS JUDICIAIS ... 421

1 Generalidades ... 421

2 Recurso de apelação ... 424

2.1 Aspectos gerais ... 424

2.1.1 Endereçamento da folha de rosto e cabeçalho no caso de sentença de Juiz Estadual ... 426

2.1.2 Endereçamento da folha de rosto e cabeçalho no caso de sentença de Juiz Federal ... 427

2.2 Estudo de caso ... 427

2.3 Questões para treino ... 430

3 Recurso extraordinário e recurso especial ... 448

(6)

3.1 Aspectos gerais ... 448

3.2 Estudo de casos (questões simuladas para treino) ... 454

3.2.1 Recurso Extraordinário ... 454

3.2.2 Recurso especial ... 454

3.3 Laboratório para aprofundamento de Apelação, Recurso Extraordinário e Recurso Especial ... 455

3.3.1 Endereçamento da folha de rosto e cabeçalho no caso de acórdão do TJ ... 455

3.3.1 Endereçamento da folha de rosto e cabeçalho no caso de acórdão do TRF ... 455

3.4 Estudo de casos (questões simuladas para treito) ... 456

3.4.1 Recurso Extraordinário ... 456

3.4.1 Recurso Especial ... 459

3.5 Laboratório para aprofundamento de Apelação, Recurso Extraordinário e Recurso Especial ... 462

3.6 Prova de Recurso Especial, para treino, cobrada na prova de Direito Civil do XV Exame de Ordem ... 471

4 Recurso ordinário ... 472

4.1 Generalidades ... 472

4.1.1 Endereçamento da folha de rosto e cabeçalho no caso de acórdão do TJ ... 475

4.1.2 Endereçamento da folha de rosto e cabeçalho no caso de acórdão do TRF ... 475

4.1.3 Endereçamento da folha de rosto e cabeçalho no caso de acórdão do STJ ... 476

4.2 Estudo de casos ... 476

4.3 Recursos Ordinários para treino, cobrados em provas de Direito Constitucional, Administrativo e Tributário da FGV ... 487

4.4 Laboratório para treino de recurso ordinário ... 499

5 Agravos ... 502

5.1 Agravo de instrumento ... 502

5.1.1 Generalidades ... 502

5.1.2 Prática ... 504

5.1.3 Análise da prova OAB-FGV 2010.3 ... 509

5.1.4 Análise da prova da OAB-FGV 2012.2 (VIII Exame da Ordem Unificado) ... 514

(7)

5.1.5 Análise da prova da OAB-FGV 2017.2 (XXIII Exame da Ordem

Unificado) ... 519

5.2 Agravo interno ... 529

5.2.1 Generalidades ... 529

5.2.2 Situações simuladas e modelos de agravos internos ... 521

5.3 Agravo contra a negativa de seguimento de recurso especial e ex- traordinário (art. 1.042 do CPC) ... 537

6 Embargos de declaração ... 541

7 Contrarrazões ... 546

CaPítulo XVIII REGRAS PROCESSUAIS (E “DICAS” PRÁTICAS) SOBRE CONTAGEM DE PRAZOS ... 550

1 Generalidades ... 550

2 Contagem de prazos em contestações ... 553

3 Contagem de prazos em recursos ... 555

CaPítulo XIX PARECER ... 557

1 Generalidades ... 557

2 Prática ... 559

3 Modelos para treino ... 560

3.1 Propostas de gabarito (formuladas de acordo com gabaritos oficiais e/ou com comentários do autor) ... 564

4 Exercício complementar para fixação ... 571 Parte II

CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE CaPítulo XX

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI OU ADIN) ...

1 Generalidades ...

2 Estudo da lei da ADI ...

3 Legitimidade ...

4 Estrutura da petição inicial da ADI ...

5 Questão pra treino ...

(8)

CaPítulo XXI

AAÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC) ...

1 Generalidades ...

2 Estudo da lei da ADC ...

3 Estrutura da petição inicial da ADC ...

CaPítulo XXII

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO) ...

1 Generalidades ...

2 Estudo da lei da ADO ...

3 Estrutura da petição inicial da ADO ...

4 Questão pra treino ...

CaPítulo XXIII

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF) ...

1 Generalidades ...

2 Estudo da lei da ADPF ...

3 Estrutura da petição inicial da ADPF ...

5 Questões pra treino ...

CaPítulo XXIV

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI OU ADIN) ...

1 Generalidades ...

2 Estudo da lei da ADI ...

3 Legitimidade ...

4 Estrutura da petição inicial da ADI ...

5 Questão pra treino ...

Parte III DICaS De eStuDoS

DICAS DE ESTUDOS E DE ELABORAÇÃO DA PROVA ...

TABELAS DE CORRELAÇÃO DE PEÇAS PRÁTICO-PROFISSIONAIS ...

(9)

PARTE I

P eças

P rátIco -P rofIssIonaIs

(10)
(11)

23

INTRODUÇÃO GERAL

Tratando especificamente acerca do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, a aprovação nessa seleção, como se sabe, é requisito essencial ao exercí- cio da advocacia em todo o País.

Regido por Provimento do Conselho Federal da OAB, a prova da 2ª Fase é composta de uma peça prático-profissional com limite máximo de 150 linhas e mais quatro questões discursivas com limite de resposta, em cada uma, de 30 linhas. A peça prático-profissional tem pontuação de 5, e cada questão 1,25.

A elaboração da prova, assim, envolve uma estratégia em que o examinan- do deve se dedicar, primordialmente, à elaboração da peça prático-profissional, mesmo porque tem o maior peso na pontuação geral, sendo que, somente depois de elaborada a peça é que deve responder às questões discursivas.

Da mesma forma, a preparação para o estudo visando à prova da 2ª Fase deve ter como meta a segurança do examinando em saber reconhecer, do pro- blema apresentado no enunciado, qual a medida processual cabível (administra- tiva ou judicial) e, ainda, a elaboração dessa medida em prazo que não supere 3 (três) horas.

Para o enfrentamento dessas duas preocupações desenvolvemos, ao longo dos nossos cursos, uma metodologia de elaboração das peças seguindo as leis que estabelecem ritos específicos para cada peça profissional, leis essas que fun- cionam como verdadeiros roteiros de elaboração das peças, de modo que o exa- minando não precisa memorizar modelos, mas sim compreender e dominar a maneira de elaboração das peças seguindo os requisitos dispostos nas leis, que, invariavelmente, concedem o passo a passo para tanto.

Ou seja! Bastará utilizar os materiais de consulta permitidos para a elabo- ração de sua prova (peça profissional e questões discursivas), isto é, o Vade Mecum CEJAS e a Coletânea de Normas Administrativas, também editada há anos, pela Juspodivm!

Apenas como exemplo, ainda que o examinando não tenha muita prática em elaboração de uma petição inicial, não terá qualquer dificuldade em perceber que o próprio Código de Processo Civil, especialmente nos arts. 319 e 320, ao estabelecer os “requisitos da petição inicial”, traça, em verdade, um verdadeiro roteiro para a elaboração dessa peça, indicando como necessários, o endere- çamento (art. 319, I – o juízo a que é dirigida); a qualificação das partes (319, II); a indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos do pedido (319, III); a formulação do pedido, com suas especificações (art. 319, IV); o requerimento de produção de provas (319, VI); a opção pela realização, ou não, da audiência de

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conciliação ou de mediação (319, VII) e a indicação dos documentos que acom- panham a petição inicial (art. 320).

Ou seja, seguindo apenas esse roteiro é perfeitamente possível uma petição inicial bem elaborada e exitosa no Exame ou no concurso público!

O mesmo acontece com as petições iniciais de ações com ritos específicos, como, por exemplo, a ação popular, mandado de segurança, habeas data, dentre outros, que têm como base os dispositivos do CPC relativos aos requisitos da petição inicial, de modo que suas legislações cuidam de estabelecer apenas algu- mas modificações no processamento (rito) dessas ações.

E, de logo, cabe um importante esclarecimento: “petição inicial” é uma coisa só!

A situação prática é que irá indicar a necessidade de elaboração de uma “peti- ção inicial” de uma ação pelo rito comum (antigamente denominada “ação ordi- nária”, no CPC de 73) ou de uma ação submetida a “ritos específicos”, como, por exemplo, a “petição inicial” de um mandado de segurança, ou a “petição inicial”

de uma ação popular.

Daí porque a proposta desse nosso trabalho é padronizar a elaboração das peças passando de um ponto comum que é justamente o “roteiro” que nos dá o Código de Processo Civil (nos seus arts. 319 e 320, principalmente), para depois agregarmos as demais especificidades das outras petições iniciais e peças práti- co-profissionais, inclusive defesas e recursos.

Em atenção aos concursos de procuradorias (AGU, PGE, PGM e Autar- quias), incluímos nesta obra os modelos de “ação civil decorrente da prática de ato de improbidade administrativa” e “suspensão de liminar”, importantes peças à disposição das pessoas jurídicas de direito público e de estudo obrigatório para esses certames, além das demais peças práticas tratadas nos demais capítulos deste livro.

Vamos lá!

Empenho e Fé, rumo à realização dos nossos sonhos!!!

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CAPÍTULO I

DAS AÇÕES PELO RITO COMUM

1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os Editais do Exame da Ordem e de concursos públicos em geral preveem a “petição inicial” dentre as peças prático-profissionais a serem cobradas nesses certames.

Ao se referir a “petição inicial” parece-nos que esses Editais querem conside- rar aquela petição inicial correspondente à ação pelo rito comum (denominada

“ação pelo rito ordinário” no antigo CPC, que trazia a diferença entre procedi- mento ordinário e procedimento sumário), ou seja, daquelas ações que não têm ritos próprios previstos em leis específicas, a exemplo do que acontece com o mandado de segurança e a ação popular, por exemplo.

Para fins didáticos, vamos considerar nesse trabalho a expressão “petição inicial” como um gênero das quais são “espécies” as ações pelo rito comum (ação indenizatória; ação de cobrança; ação anulatória; ação para reintegração em cargo público; ação de reparação decorrente de desapropriação indireta; ação de obrigação de fazer, dentre outras tantas), assim com as ações de desapropria- ção; ação popular; mandado de segurança; habeas data; mandado de injunção, ou seja, aquelas que contam com ritos específicos previstos em leis próprias.

Isto porque todas as “petições iniciais” correspondentes a essas ações têm como base para sua elaboração os art. 319 e 320 do CPC que, como se sabe, estabelece expressamente os requisitos da petição inicial (exatamente como um gênero), os quais devem ser fielmente seguidos quando da elaboração da sua peça profissional, seja ela qual for.

Com efeito, o próprio Código de Processo Civil cuida de estabelecer nesses artigos um verdadeiro roteiro prático para elaboração da petição inicial, que nos servirá como importante guia de estudo e será utilizado durante a sua prova.

2 ELEMENTOS DA AÇÃO

Antes de vermos os requisitos para a elaboração de uma petição inicial, cum- pre lembrarmos dos elementos da ação, no sentido de possibilitar uma visão geral sobre o tema “ação”, sendo que é a petição inicial que inicia toda a movi- mentação da máquina jurisdicional estatal, ante o princípio da inércia da juris- dição (art. 2º CPC).

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São elementos da ação as partes; a causa de pedir e os pedidos.

2.1 Partes

Divide-se em autor (aquele que pede) e réu (aquele contra quem se pede).

2.2 Causa de pedir

Bifurca-se em causa de pedir remota e causa de pedir próxima.

O entendimento da causa de pedir é essencial para se apurar a técnica de elaboração da petição inicial.

Pois bem!

Para efeitos práticos, considere a causa de pedir remota como sendo a rela- ção jurídica que liga o autor ao réu, e a causa de pedir próxima como sendo a quebra, ou seja, a ruptura, dessa relação jurídica.

Em todas as petições iniciais se inicia a indicação “dos fatos” narrando justa- mente a causa de pedir remota, atrelando-a, logo em seguida, à causa de pedir próxima.

Citando um exemplo, se um cliente lhe procura para propor uma ação de despejo face ao não pagamento dos aluguéis por parte de um inquilino, a narra- tiva dos “FATOS” iniciará justamente informando ao juiz qual o título ou fato que uniu, antes da demanda, o autor ao réu.

Assim, a narrativa seria: “O autor é proprietário do imóvel ‘x’ tendo, nesta condição, o locado ao réu, conforme fotocópia da escritura e do contrato de lo- cação, em anexo”.

E a ruptura dessa relação jurídica, ou seja, a causa de pedir próxima é indica- da sempre por uma conjunção adversativa, tais como “Ocorre que...”; “Acontece, porém, que...”, “Sucede, entretanto, que...”.

Para a hipótese acima seria o caso de se utilizar: “Ocorre que o réu não vem pagando os aluguéis devidos.”.

Observe que se não houvesse essa ruptura não haveria razão para o autor demandar em juízo, faltando-lhe, pela ausência da causa de pedir, uma das con- dições da ação, consistente no interesse processual.

Imagine como seria ilógica a seguinte hipótese frente ao exemplo acima tra- tado:

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DOS FATOS

O autor é proprietário do imóvel ‘x’ tendo, nesta condição, o locado ao réu, conforme contrato em anexo.

Ocorre que o réu vem pagando corretamente os aluguéis devidos.

Ou seja, seria o caso de se perguntar, já que os aluguéis estão sendo pagos prontamente o que pretende o autor com a propositura desta ação?! Qual a cau- sa de o Autor ir a Juízo se a relação jurídica não enfrentou qualquer ruptura?!

Qual seria, então, a sua “causa de pedir”?!

Em termos didáticos e direcionando este estudo para a preparação para a prova prática, quando da elaboração da sua peça prático-profissional, a causa de pedir remota consistirá na história narrada no enunciado da questão e a causa de pedir próxima representará, como se disse, em “algo de errado”, que implica na quebra dessa relação jurídica, pelo que se fez necessário a contratação de um(a) advogado(a) para a defesa dos interesses do autor em juízo.

Tenho certeza que o leitor identificará com muita facilidade esses dois itens em todos os enunciados que lhes forem apresentados para a elaboração das pe- ças prático-profissionais, durante a leitura desse livro, acompanhando as nossas aulas no Curso CEJAS e quando da realização de sua prova.

InfográfIco 1: causade PedIr

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Façamos, ainda, mais um treino, a título de exemplificação:

OAB RIO GRANDE DO NORTE/2000.2 PEÇA PROFISSIONAL

Em decorrência de enchentes que assolaram o Nordeste do país, o Estado do Rio Grande do Norte adquiriu, sem prévio procedimento licitatório, grande quan- tidade de alimentos da empresa CELEIRO LTDA. a fim de distribuir aos desa- brigados, mediante contrato firmado entre a empresa e o Secretário Estadual de Defesa Civil. Advindo o prazo estipulado para o pagamento, 23.02.00, no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), o poder público recusou-se a fazê-lo, argu- mentando para tanto que o contrato firmado não tem valor legal por haver sido celebrado por autoridade incompetente e sem a observância do requisito previsto em lei, concernente a procedimento licitatório. Procurado pela empresa, ajuíze a medida que entender cabível em seu prol.

De acordo com esse enunciado, teremos, portanto:

Causa de pedir remota: Em decorrência de enchentes que assolaram o Nordeste do país, o Estado do Rio Grande do Norte adquiriu, sem prévio pro- cedimento licitatório, grande quantidade de alimentos da empresa CELEIRO LTDA. a fim de distribuir aos desabrigados, mediante contrato firmado entre a empresa e o Secretário Estadual de Defesa Civil.

Causa de pedir próxima: Ocorre que, Advindo o prazo estipulado para o pagamento, 23.02.00, no valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), o poder público recusou-se a fazê-lo, argumentando para tanto que o contrato firmado não tem valor legal por haver sido celebrado por autoridade incompetente e sem a observância do requisito previsto em lei, concernente a procedimento licitatório.

Simples assim!

2.3 Pedido (terceiro elemento da ação)

Aquilo que se busca como resultado do provimento jurisdicional. Obviamen- te, há uma estreita ligação entre a causa de pedir, a fundamentação jurídica e o pedido, sendo este o resultado pretendido pelo autor para a satisfação dos seus interesses.

O “pedido” se divide em pedido imediato e pedido mediato, sendo aquele, de cunho processual, correspondente à resposta judicial (prestação jurisdicio- nal) e este, representando o “bem da vida”, ou seja, aquilo que satisfaz, plena- mente, os interesses do autor.

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InfográfIco 2: PedIdos

Ainda numa visão pragmática do nosso estudo para elaboração da petição inicial, vamos considerar o pedido imediato como sendo o pedido para que o juiz dê “provimento ao pedido” e o pedido mediato será sempre iniciado através da preposição “para”, onde o Examinando deverá indicar, com a maior precisão possível, o que pretende o autor no caso abordado na questão.

E a pretensão do autor constará do próprio enunciado da questão.

Na realidade, por mais que se tente camuflar, é praticamente inevitável para quem elabora o enunciado da peça prático-profissional esconder o pedido (o bem da vida que você indicará para satisfazer a pretensão do seu cliente).

Aliás, é justamente esse pedido que especifica a peça profissional mais ade- quada para cada questão, razão pela qual o leitor deve dedicar especial atenção a esse item que, mais do que um simples ponto na avaliação da sua prova, pode valer a escolha da peça elaborada no Exame de Ordem ou no concurso público.

Ao longo desse trabalho, quando estudarmos as demais petições iniciais sub- metidas a ritos específicos (a exemplo do mandado de segurança, ação popular, habeas data etc.), veremos as principais dicas para extrair do enunciado da ques- tão a peça profissional mais adequada a cada situação que lhe seja apresentada.

Portanto, para a elaboração do pedido definitivo, temos o seguinte “prato”:

PEDIDOS

Em face do exposto, requer a Vossa Excelência a procedência dos pedi- dos, para...”, sendo que, nesse momento, você especifica o que o autor pre- tende, naturalmente de acordo como o enunciado da própria questão.

3 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

Vistos esses relevantes aspectos relacionados aos elementos da ação (base para a elaboração de qualquer petição inicial – seja comum; seja submetida a

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ritos específicos), vamos abordar os dispositivos do Código de Processo Civil, notadamente os arts. 319 e 320, que, dentre outros, estabelecem os requisitos da petição inicial, os quais, como já dito, funcionam como verdadeiro roteiro para a elaboração de qualquer petição inicial.

Estabelece o CPC:

CAPÍTULO II DA PETIÇÃO INICIAL

Seção I

Dos Requisitos da Petição Inicial

Art. 319. A petição inicial indicará: I – o juízo a que é dirigida; [ou seja, o endereçamento da peça]; II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; [isto é: a qualificação das partes]; III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; [quando da elaboração das peças vamos dividir esse requisito em dois tópicos: “DOS FATOS” e “DO DIREITO”];

IV – o pedido com as suas especificações; [observar o nosso “prato” quanto a esse item]; V – o valor da causa; [que será indicada com “reticências” (...) ou de acordo com o enunciado da questão]; VI – as provas com que o autor pretende demons- trar a verdade dos fatos alegados; [requerimento de produção de provas]; VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. [na prática, deve-se optar pela realização de audiência de conciliação].

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispen- sáveis à propositura da ação. [indicação da juntada de documentos em anexo].

Há que observar, ainda, os arts. 85; 104 a 106; 242; 242, § 3º e 307; todos do CPC, que igualmente devem ser indicados, de forma simples, conforme modelos a seguir expostos, na petição inicial.

Segundo esses dispositivos:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. [indicação dos ônus da sucumbência];

Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procu- ração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. [menção ao instrumento de mandato];

Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento pú- blico ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossufi- ciência econômica, que devem constar de cláusula específica. §1º A procura- ção pode ser assinada digitalmente, na forma da lei. §2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advoga- dos do Brasil e endereço completo. §3º Se o outorgado integrar sociedade de

(19)

advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo. §4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença.

Art. 106. Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado: I – declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de ins- crição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advoga- dos da qual participa, para o recebimento de intimações; [menção ao endereço profissional]; II – comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. §1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de indeferimento da petição. §2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as intimações enviadas por carta regis- trada ou meio eletrônico ao endereço constante dos autos.

Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interes- sado. [pedido de citação do réu]; §3º A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. [indicação do representante judicial das pessoas jurídicas de di- reito público interno].

Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias. [aplicação dos efeitos da revelia].

Pronto! Apenas com a observância desses dispositivos1 está completo o guia para a elaboração da sua petição inicial!

Vamos estudar abaixo um “prato” (modelo) elaborado apenas com a obser- vância dos requisitos indicados pelo CPC nos dispositivos supra.

Veja o leitor que não deve se preocupar com qualquer memorização de “pra- tos”, bastando a leitura do seu CPC para a elaboração da sua petição inicial de uma ação pelo rito comum (de reparação; de cobrança; para anulação; para a reintegração em cargo público etc.).

O que tiver de ser preenchido no “prato” será de acordo com o enunciado da questão, que trará os “fatos”, ou seja, a causa de pedir remota e a causa de pedir próxima, assim como o nome das partes, dentre outras, sendo que, a fundamen- tação, deverá ser extraída do seu material de consulta (leis e súmulas constantes do seu Vade Mecum e da sua Coletânea de Normas Administrativas2).

1 Que o leitor poderá grifar no seu próprio CPC.

2 Indicamos a nossa “Coletânea de Normas Administrativas”, Editora JusPodivm, que, nas suas sucessivas edições, tem contado com uma honrosa aceitação dentre os Examinandos e Concursandos em todo o País, por força da sua cuidadosa organização e remissões entre dispositivos legais e súmulas correlacionadas.

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Cumpre asseverar, por derradeiro, que com o advento do NCPC, a questão do endereçamento foi sensivelmente alterada, na medida em que a expressão

“o juiz ou tribunal, a que é dirigida” (prevista no CPC de 73), foi alterada para a locução “o juízo a que é dirigida”, de modo que, a partir de então, deixou-se de ser obrigatório o endereçamento ao “juiz”, despersonalizando, como deve ser, o exercício da prestação jurisdicional.

Assim, adotaremos a expressão técnica “AO MERITÍSSIMO JUÍZO...”, que, inclusive, a despeito da adequação técnica ao novo CPC, vem sendo cobrada, ainda que discretamente, em Concursos e no Exame da Ordem.

4 MODELO DE PETIÇÃO INICIAL

AO MERITÍSSIMO JUÍZO... (art. 319, I – o endereçamento da peça) (10 linhas)

NOME, prenome, estado civil ou união estável, profissão, CPF, endereço eletrônico, domicílio e residência... (art. 319. II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência), por seu advogado, ins- trumento de mandato anexo (art. 104. O advogado não será permitido a postular em juízo sem procuração...), com escritório na... (art. 106, I), vem perante V. Exa., propor AÇÃO PELO RITO COMUM contra NOME, prenome, estado civil, profissão, domicílio e residência... (art. 319. II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o nú- mero de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência), pelos fatos e fundamentos jurídicos abaixo (art. 319. III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido):

DOS FATOS (Art. 319. III – o fato...)

Conta a história narrada no enunciado da questão, ou seja, a causa de pedir remota.

Indica, por meio de expressão como “Ocorre que”, a causa de pedir próxi- ma, ou seja, a quebra da relação jurídica.

É o que se verá nas linhas abaixo.

DO DIREITO (Art. 319. III – ... os fundamentos jurídicos do pedido)

Aqui deverá ser indicada a fundamentação, valendo-se das normas, dos princípios e das súmulas, realizando sempre a subsunção entre os fatos apre- sentados no enunciado e a fundamentação jurídica.

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DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer a V. Exa.:

a) a designação de audiência prévia de conciliação (Art. 319, VII – a op- ção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de me- diação.);

b) a citação do Réu para contestar a ação, sob pena de serem aplicados os efeitos da revelia (art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do execu- tado ou do interessado; e, art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias);

c) A procedência dos pedidos, para (art. 319, IV – o pedido, com as suas especificações);

d) A condenação do Réu nos ônus da sucumbência, notadamente hono- rários advocatícios (art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorá- rios ao advogado do vencedor);

e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, protes- tando especificamente pela prova documental (art. 319. VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados);

f) A juntada dos documentos anexos (art. 320. A petição inicial será ins- truída com os documentos indispensáveis à propositura da ação);

Dá à causa o valor de... (art. 319. V – o valor da causa) P. deferimento.

Local..., data...

Advogado...

OAB...

4.1 Petições iniciais referentes a ações comuns

Visto o modelo (“prato”) acima, com base no qual vamos elaborar TODAS as nossas petições iniciais, vamos tratar mais detalhadamente sobre as situações mais usuais que podem gerar a propositura de ações pelo rito comum, lembran- do que será “pelo rito comum” a ação, quando não se tratar de medida submeti- da a ritos específicos, a exemplo de mandado de segurança, ação popular, ação de desapropriação, dentre outras, estudadas em capítulos próprios desse livro.

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Geralmente, as ações pelo rito comum cobradas no Exame da Ordem e em concursos serão ações de reparação (ou indenização); ações de cobrança ações de obrigação de fazer ou não fazer; ações anulatórias, dentre outras.

A rigor, para essas hipóteses, o examinado não precisa se preocupar com o

“nome” que atribuirá à ação, bastando que demonstre se tratar de “ação pelo rito comum”, uma vez que o que importará será o pedido (indenização, co- brança, anulação, obrigação de fazer, ou reintegração em cargo público, por exemplo).

5 A QUESTÃO DO ENDEREÇAMENTO

Em todos os casos de petição inicial de ações comuns é preciso muita aten- ção para a questão relacionada ao endereçamento da peça (como visto, um dos requisitos da petição inicial – art. 319, I/CPC).

Exceto em casos específicos, a exemplo das petições iniciais de mandado de se- gurança e habeas data (quando temos a possibilidade de endereçamento originário para os tribunais – veremos adiante esse importante item!), as petições iniciais, serão endereçadas para o juízo de primeiro grau, que, por sua vez, pode ser federal ou estadual.

A competência dos juízos federais (primeiro grau) está determinada no art.

109, I, da Constituição Federal:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem inte- ressadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

Ou seja, o endereçamento para o “Juízo Federal” se dará apenas nas hipóte- ses em que a questão indicar como autor ou réu (ou, ainda, assistente ou opo- nente) a União; autarquia federal (como, por exemplo, o INCRA ou o INSS) ou empresa pública federal (a exemplo da Empresa de Correios e Telégrafos – ECT, a INFRAERO e a Caixa Econômica Federal – CEF).

Vale lembrar que as fundações públicas federais (como, por exemplo, a Fun- dação Nacional do Índio – FUNAI) igualmente terão como competente o foro da Justiça Federal de primeiro grau para conhecer de ações quando essas forem parte, face à similitude do regime jurídico dessas entidades com as autarquias.

Em todas essas hipóteses teremos o seguinte “prato” para endereçamento:

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AO MERITÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO...

Pois bem!

Não sendo o caso de endereçamento para o Juízo Federal, nas hipóteses acima tratadas, por exclusão, teremos que encaminhar nossa petição inicial para o Juízo Estadual.

Bem, quanto ao Juízo Estadual, duas hipóteses surgem.

A primeira – e muito mais comum em Exames e Concursos que envolvem Direito Administrativo – quando teremos que endereçar a petição inicial para o Juízo da Vara da Fazenda Pública, ante o fato de ter como parte, na ação, alguma pessoa jurídica de direito público (estado, distrito federal, município, autarquia estadual ou municipal ou fundação pública, estadual ou municipal).

Nessas situações, extremamente comuns, teremos o seguinte “prato” para endereçamento:

AO MERÍTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA... ESTADO....

Observe a similitude desse “prato” com a hipótese acima, o que auxilia, so- bremaneira, a sua memorização. Substitui, apenas, de “Juízo Federal” para “Juí- zo de Direito” e troca-se “Vara da Seção Judiciária do Estado” para “Vara da Fazenda Pública da Comarca do Estado”.

A segunda hipótese será a de endereçamento para a Vara Cível, o que acon- tece quando dentre as partes (autor e réu) encontram-se apenas pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado, como, por exemplo, empresas privadas e as sociedades de economia mista (sejam municipais, estaduais ou federais, pois o art. 109, I, apenas estabelece o foro da Justiça Federal para as empresas públicas federais3).

Para esses casos, basta adaptar o endereçamento acima, para o seguinte “pra- to”:

AO MERÍTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA...

ESTADO...

3 Alertamos que essa regra não se aplica às ações de mandado de segurança e habeas data, uma vez que, conforme entendimento jurisprudencial, consideram-se federais os dirigentes dessas entidades, atraindo a competência da Justiça Federal, com fundamento no art. 109, VIII, da CF, consoante notas explicativas constantes no capítulo próprio desse Livro.

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Considerando a regra constitucional (art. 109, I/CF), orientamos o leitor a filtrar as hipóteses de endereçamento para o juízo de primeiro grau justamente na possibilidade de ser a ação da competência da Justiça Federal. Não sendo esse caso, por exclusão, teremos a competência do juízo estadual.

Para uma melhor fixação, veja o quadro a seguir:

Parte Juízo competente

União, Autarquia, Empresa Pública e Fun-

dação Pública Federal Juízo Federal (art. 109, I, da CRFB) Estados, DF, Municípios e suas Autarquias

ou Fundações Públicas

Juízo Estadual – Vara da Fazenda pública, por gozarem de privilégio processual, uma vez que são pessoas jurídicas de direito

público Pessoas físicas e pessoas jurídicas de di-

reito privado, inclusive empresas públicas e sociedades de economia mista, além das delegatárias de serviços públicos (conces-

sionárias e permissionárias de serviços públicos)

Juízo Estadual – Vara Cível, por NÃO go- zarem de privilégio processual, uma vez que são pessoas jurídicas de direito privado

(exceção às empresas públicas federais, de acordo com o art. 109, I, da CRFB) Ao longo do presente trabalho veremos, caso a caso, diferentes exemplos de enunciados em que trataremos desse importante item quando da elaboração da nossa petição inicial.

6 ESTUDO DE CASOS

OAB/GOIÁS/2006.3 PEÇA PROFISSIONAL

Jose da Silva propôs ação de cobrança em face de Pedro Couto. O processo trami- tou na Vara Cível da Comarca de Araras, Estado de Goiás. Em razão da falta de aparelhamento material e humano e do excessivo formalismo da legislação pro- cessual, o juiz da causa demorou sobremaneira para proferir a sentença acolhendo o pedido inicial. O atraso na prestação jurisdicional causou dano ao autor da ação, uma vez que o patrimônio do devedor se dilapidou durante o período do tramite do processo, não tendo mais o réu como garantir o pagamento da quantia devida.

Indignado com o dano que sofreu, após o trânsito em julgado da ação por ele proposta, e sem ter como executar a sentença tardia, Jose da Silva contratou seus serviços advocatícios visando ao ressarcimento dos danos sofridos por causa da demora na prestação jurisdicional. Diante da suposta situação fática, na quali- dade de advogado(a) de Jose da Silva, apresente a peca prático-profissional que o caso reclama.

Comentários:

1. Quanto ao endereçamento: Observe que nesse caso não há como parte qualquer das pessoas previstas no art. 109, I, da CF. Assim, a competência será

(25)

do Juízo Estadual. Assim, considerando que a ação será proposta contra o Es- tado de Goiás.

A competência é da Vara da Fazenda Pública, já que uma das partes (réu) é pessoa jurídica de direito público.

Veja que o enunciado da questão indicou a comarca onde tramitou o proces- so (Comarca de Araras), para onde deve igualmente ser endereçada a ação pelo rito comum de reparação;

2. Quanto à ação: Como dito anteriormente, do próprio enunciado da ques- tão se vê que a pretensão do Autor dessa ação (José da Silva) é de ser “ressarci- do dos danos sofridos” daí porque a ação será indenizatória (ou simplesmente

“AÇÃO PELO RITO COMUM”)

3. Quanto às partes: Autor (José da Silva) e Réu (Estado de Goiás – na con- dição de responsável pelo serviço jurisdicional);

4. Quando à causa de pedir: a remota, a história narrada no enunciado, e a próxima (indicada pelo “ocorre que”) a quebra da relação jurídica, no caso, o fato de que o atraso na prestação jurisdicional causou danos ao autor da ação uma vez que o patrimônio do devedor se dilapidou;

5. O pedido definitivo, nesse caso, é o ressarcimento dos danos sofridos por causa da demora na prestação jurisdicional.

Note, ainda, que apenas para efeitos didáticos, nesse primeiro modelo mante- remos a indicação correspondente das normas do CPC que auxiliam na elabora- ção da petição inicial, suprimindo esses dados nas próximas peças.

6.1 Modelo

AO MERÍTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CO- MARCA DE ARARAS, ESTADO DE GOIÁS. (art. 319, I – o endereçamento da peça).

(10 linhas)

JOSÉ DA SILVA, estado civil, profissão, CPF, endereço eletrônico, domi- cílio e residência... (Art. 319. II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência), por seu advogado, instrumento de mandato em anexo (Art. 104. O advogado não será permitido a postular em juízo sem procuração...), com escritório na... (Art. 106, I), vem perante V. Exa., com fundamento nos arts. 37, § 6º da CF e 43 do Código Civil, propor AÇÃO PELO RITO COMUM contra o ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ, com sede na... (Art. 319. II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição

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no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência), pelos fatos e fundamentos jurídicos abaixo (Art. 319. III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido):

DOS FATOS (Art. 319. III – o fato...)

O Autor propôs ação de cobrança em face de Pedro Couto, tendo o feito tramitado na Vara Cível da Comarca de Araras, Estado de Goiás.

Ocorre que4 o juiz da causa demorou sobremaneira para proferir a sen- tença acolhendo o pedido inicial, causando danos ao Autor, uma vez que, durante esse lapso de tempo, o patrimônio do mencionado devedor se dila- pidou, não tendo mais como garantir o pagamento da quantia devida.

A referida ação de cobrança transitou em julgado, conforme se vê dos documentos em anexo.

O certo é que, o atraso na prestação jurisdicional causou ingentes prejuí- zos ao Autor, razão pela qual faz jus à devida reparação por parte do Estado de Goiás, uma vez que responde pelos atos comissivos e omissivos de seus agentes.

É o que se verá a seguir.

DO DIREITO (Art. 319. III – ... os fundamentos jurídicos do pedido)

O ordenamento jurídico pátrio estabelece a responsabilidade do Estado por atos que seus agentes, nessa qualidade, praticam contra terceiros.

É o que se vê da norma do art. 37, §6º da CF, “in verbis”:

“Art. 37....

§6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta- doras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

No caso dos autos5, o Autor sofreu danos em razão da demora da pres- tação jurisdicional a cargo do Réu, na condição de Estado-Juiz, uma vez que, em razão do longo período em que não foi apreciada a ação movida contra o ali devedor, este tratou de dilapidar o seu patrimônio, impedindo, portanto, a execução da sentença, e, por conseguinte, a satisfação do seu crédito.

Cumpre registrar, por cautela, que, embora o caso dos autos trate de omissão de serviço a cargo do Poder Judiciário, onde vige, em regra, o prin- cípio da irresponsabilidade, a hipótese não trata de atos típicos do Juiz (a exemplo de sentenças ou decisões), mas sim de atos funcionais, a ensejar a responsabilização do Estado.

É o caso dos autos!

4 Destacamos o “ocorre que” apenas para ressaltar a indicação da causa de pedir próxima, ou seja, a ruptura da relação jurídica.

5 Desta vez, o destaque é para a “subsunção”, isto é, o “encaixe” entre os fatos narrados no enunciado da questão e a solução jurídica encontrada.

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Como se não bastasse, a Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004, erigiu a direito fundamental o princípio da razoável duração do processo, consoante se vê no art. 5º, LXXVIII, da CF, “in verbis”:

“LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”

Patente, pois, o nexo de causalidade entre a omissão do Réu e os danos materiais sofridos pelo Autor, correspondente ao valor da condenação esti- pulada na sentença proferida nos autos da ação de cobrança movida contra Pedro Couto, a resultar no dever do Estado em repará-los, em consonância, ainda, com a norma do art. 43 do CC, “in verbis”:

“Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito de regresso contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.”.

PEDIDOS

Em face do exposto, requer a V. Exa.:

a) a designação de audiência prévia de conciliação (Art. 319, VII – a op- ção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de me- diação.);

b) a citação do Réu, na pessoa do seu representante judicial, para con- testar a ação, sob pena de serem aplicados os efeitos da revelia (Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do represen- tante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado; e, Art.

307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir- -se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias);

c) a procedência dos pedidos, para6 condenar o Réu a ressarcir o Autor dos danos sofridos, na quantia correspondente ao montante da condena- ção estipulada na sentença proferida nos autos da ação de cobrança movida contra Pedro Couto, no valor de... (Art. 319, IV – o pedido, com as suas espe- cificações);

d) A condenação do Réu nos ônus da sucumbência, notadamente hono- rários advocatícios (art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorá- rios ao advogado do vencedor);

e) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, protes- tando especificamente pela prova documental (Art. 319. VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados);

f) A juntada dos documentos em anexo (Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação);

6 “Para”. Indicação do pedido mediato, que deve ser formulado de acordo com a pretensão e necessi- dade do seu cliente, autor da ação;

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Dá à causa o valor de... (Art. 319, V – o valor da causa) P. deferimento.

Local..., data...

Advogado...

OAB...

6.2 Outros modelos

Vejamos abaixo outros exemplos de petições iniciais de ações pelo rito co- mum7 (especialmente indenizatórias) cobradas na 2ª Fase do Exame de Ordem em Direito Administrativo, com seus respectivos modelos de resposta.

Em Direito Constitucional, em toda a história do Exame de Ordem uni- ficado, a banca examinadora cobrou petição inicial pelo rito comum somente em duas oportunidades (V e IX Exames). Abordaremos ambas, ainda neste ca- pítulo.

A) OAB – ALAGOAS – 1999.01

PEÇA PROFISSIONAL (DIREITO ADMINISTRATIVO)

Pedro Vicente de Matos, detento do presídio estadual São Leonardo, foi assassi- nado por outro, com arma de fogo, dentro do próprio estabelecimento prisional.

Aberto inquérito ficou constatado que a arma com a qual o crime foi praticado havia sido introduzida no presídio por uma parente do criminoso em dia de visita.

Entre autor e vítima, embora existisse inimizade, no dia da ocorrência não houve qualquer atrito ficando assim patenteado a premeditação do crime.

Você foi procurado pela viúva da vítima Maria de Fátima Matos para que fos- sem tomadas providências judiciais no sentido de reparação pelo ilícito cometido.

Elabore, pois, o instrumento jurídico competente para que o direito de sua cliente seja concedido.

Modelo:

AO MERÍTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CO- MARCA DE ALAGOAS, ESTADO DE MACEIÓ.

(10 linhas)

7 OBSERVAÇÃO: O ideal é que o leitor procure, de acordo com o que já estudamos, ela- borar sozinho a sua peça profissional e somente depois conferir as respostas constantes dos modelos abaixo, para fins de apuração técnica.

(29)

MARIA DE FÁTIMA MATOS, viúva, profissão, domicílio e residência, ende- reço eletrônico, CPF e RG, por seu advogado, regularmente constituído pelo instrumento de mandato em anexo, com endereço profissional na..., vem pe- rante Vossa Excelência, com fulcro no art. 37, §6º, da CF/88, c/c8 43 do CC/02, propor AÇÃO PELO RITO COMUM contra o ESTADO..., pessoa jurídica de di- reito público interno, CNPJ, endereço eletrônico, com sede na..., pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

DOS FATOS

A Autora é viúva do Sr. Pedro Vicente de Matos, que se encontrava detento no presídio São Leonardo e, portanto, sob a custódia e direta proteção do Réu.

Ocorre que seu esposo foi brutalmente assassinado por outro presidiá- rio, com o uso de arma de fogo, dentro do mencionado estabelecimento prisional.

Aberto o inquérito, ficou constatado que a arma com a qual o crime foi cometido havia sido ali introduzida por uma parente do criminoso, em dia de visita.

Vale ressaltar, ademais, que entre autor e vítima, embora existisse inimi- zade, no dia da ocorrência, não houve qualquer atrito, ficando, assim, paten- teada a premeditação do crime.

O certo é que, ante os fatos narrados acima, resta inequívoca, “data ve- nia”, a responsabilidade do Réu quanto aos danos sofridos pela Autora, já que é dever seu zelar pela integridade daqueles submetidos à sua custódia.

É o que se verá abaixo.

DO DIREITO

O ordenamento jurídico pátrio garante, além do direito à vida, a integri- dade física e moral aos presos, consoante disposto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, “in verbis”:

“XLIX – É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”.

Por sua vez, a Carta Magna, no art. 37, § 6º, fixa as balizas da responsabi- lidade do Estado pelos danos causados aos particulares, “literis”:

“Art. 37. Omissis [...] §6º – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”

No caso em tela, o dano moral sofrido pela Autora é resultado da falta de proteção do Estado para com o seu cônjuge, uma vez que este se encontrava sob a sua custódia e, destarte, direta guarda, vigilância e proteção.

Embora o assassinato tivesse sido causado por falha no serviço de segu- rança interna do presídio, a se aplicar, em tese, as regras pertinentes à respon- 8 “c/c” – Abreviação usual de “combinado com”.

(30)

sabilidade do Estado por culpa administrativa, de cunho subjetivo, portanto, a hipótese dos autos implica na responsabilidade objetiva do Estado.

Isto em razão da situação de custódia do detento, restando dispensável, assim, qualquer avaliação sobre culpa dos agentes, embora esta se configure evidente pelo fato de que a arma foi introduzida no presídio por uma parente do criminoso, em dia de visita.

Patente, assim, o nexo de causalidade entre a omissão do Réu e os danos morais sofridos pela Autora em razão da morte do seu esposo, a implicar no dever do estado em ressarci-los, em quantia suficiente à compensação da dor ante a perda do ente querido, em consonância, ainda, com a norma do art. 43 do CC, “in verbis”:

“Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito de regresso contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.”.

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer a V. Exa.:

a) a designação de audiência prévia de conciliação;

b) a citação do Réu, na pessoa do seu representante judicial, ou seja, o procurador geral, para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;

c) a procedência dos pedidos para condenar o Réu a pagar à Autora inde- nização correspondente aos danos morais sofridos, no valor a ser arbitrado por esse MM. Juízo;

d) a condenação do Réu nos ônus da sucumbência, notadamente hono- rário advocatícios;

e) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, protes- tando especialmente pela prova documental;

f) a juntada dos documentos em anexo.

Dá à causa o valor de...

Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado...

OAB...

B) OAB/RJ/ 2007.1 32º EXAME

PEÇA PROFISSIONAL (DIREITO ADMINISTRATIVO)

O município do Rio de Janeiro ocupou terreno urbano não-edificado e, nele, construiu, instalou e pôs em funcionamento uma escola pública. Passados dois

(31)

anos, os herdeiros do falecido proprietário do terreno intentam propor medida judicial contra o município.

Na qualidade de advogado dos referidos herdeiros, elabore, de forma funda- mentada, a petição inicial da medida judicial cabível a essa situação hipotética.

Modelo:

AO MERÍTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CO- MARCA DO RIO DE JANEIRO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

(10 linhas)

NOMES, PRENOMES, estados civis, profissões, domicílios e residências, endereços eletrônicos, CPF’s e RG’s, por seu advogado, regularmente cons- tituído pelo instrumento de mandato em anexo, com endereço profissional na..., vêm perante Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 37, §6º, da CF/88, propor AÇÃO PELO RITO COMUM contra o MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na..., CNPJ, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

DOS FATOS

Os Autores são herdeiros do proprietário do terreno urbano não-edifica- do, localizado nesse Município.

O Réu, por sua vez, há dois anos, ocupou o mencionado terreno e nele construiu, instalou e pôs em funcionamento uma escola pública.

Ocorre que o Réu não adotou qualquer procedimento administrativo para a regular ocupação e expropriação do imóvel, notadamente deixando de pagar ao “de cujus” assim como a seus herdeiros, a indenização corres- pondente à perda do mencionado bem.

É o que se verá nas linhas abaixo.

DO DIREITO

O ordenamento jurídico pátrio garante ao Poder Público o poder-dever de intervir na propriedade individual buscando a satisfação dos interesses coletivos, condicionando o exercício de tal direito à função social da proprie- dade.

No que tange aos Municípios, tal garantia encontra-se prevista, dentre outros, no art. 182, §4 e incisos da Constituição Federal, “literis”:

“§4º. É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I – parcelamento ou edificação compulsórios; II – imposto sobre a propriedade predial e ter-

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ritorial urbana progressivo no tempo; III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais”.

Ou seja, deparando-se o poder público municipal com imóvel urbano não edificado, devem as autoridades administrativas lançar mão do regular pro- cesso de desapropriação, no caso, obedecendo ao “iter” previsto na Carta Magna e regulamentado no Estatuto das Cidades (Lei 10.257/01), qual seja, procedendo à notificação do proprietário para que efetive o parcelamento ou a edificação compulsória do bem; a imposição do IPTU progressivo no tempo, para, somente depois, proceder à expropriação do bem, asseguran- do ao proprietário a correspondente indenização, ainda que com pagamento em títulos da dívida pública.

No caso “sub examine”, entretanto, em que pese o fato de se tratar de terreno urbano não-edificado, passível, portanto, de ser desapropriado, o Réu deixou de adotar as medidas procedimentais aplicáveis à espécie, prati- cando, em desfavor dos Autores, herdeiros do proprietário do mencionado imóvel, a chamada “desapropriação indireta”, sendo responsável, portanto, por indenizá-los ante a perda da propriedade.

O certo é que, a efetivação da malsinada desapropriação indireta, des- tarte, dá ensejo à obrigação do Réu em reparar os Autores ante a perda da propriedade, transmitida a esses na qualidade de herdeiros do antigo pro- prietário, sob pena de enriquecimento ilícito do Poder Público, também na forma do art. 37, § 6º, da CF.

Patente, assim, o nexo de causalidade entre a conduta do Réu e os danos causados aos Autores em razão da perda do imóvel, a implicar no dever des- te em indenizá-los, como demonstrado acima, em quantia correspondente ao valor atualizado do imóvel, acrescido de juros, consoante entendimento sumulado no Colendo STJ:

“Súmula 12 – Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios”

“Súmula 114 – Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, inci- dem a partir da ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente”.

DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requerem a V. Exa.:

a) a designação de audiência prévia de conciliação;

b) a citação do Réu, na pessoa do seu representante judicial, ou seja, do procurador geral, para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;

c) a procedência dos pedidos, para condenar o Réu a pagar aos Autores indenização correspondente ao valor atualizado do imóvel, acrescido dos ju- ros moratórios e compensatórios;

Referências

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