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Economia Política e Serviço Social

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Academic year: 2021

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Texto

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Economia Política e

Serviço Social

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Karl Marx (Parte 2)

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Ms. Bruno Leonardo Tardelli Revisão Textual:

Prof

a

. Esp. Márcia Ota

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• Processo de Trabalho

• Composição Orgânica do Capital: Capital Constante e Capital Variável

Observe a representação visual da unidade. Na representação esquemática, poderá ter uma noção da sequência que Marx utiliza e que será trabalhada nesta unidade.

No tópico de contextualização, analisar a imagem para projetar o assunto que será estudado.

Ao longo do material teórico, leve em consideração os conceitos envolvidos nas unidades anteriores para poder seguir com mais tranquilidade.

Na atividade de sistematização, irá responder o que será pedido, com o intuito de fixar o conteúdo. São 6 atividades autocorrigíveis pelo Blackboard.

Realize a atividade de aprofundamento, que está no formato de atividade de aplicação. Está proposta uma atividade numérica para aplicação do conteúdo desta unidade.

· Nesta unidade, encerraremos o estudo marxista, a partir da obra “O Capital: crítica da economia política”.

· Além disso, abordaremos com mais detalhes a ideia da formação do capital, bem como exploraremos o conceito de mais-valia com mais detalhes.

Karl Marx (Parte 2)

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Contextualização

marxismo.org.br

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Processo de Trabalho

Iniciaremos esta unidade explorando sobre os componentes do processo de trabalho para podermos chegar na forma com que os capitalistas conseguem obter a mais-valia.

Posteriormente, será realizada uma discussão envolvendo as composições do capital (em capital constante e capital variável), de modo a possibilitar o entendimento da taxa de mais-valia absoluta. Um gancho será puxado deste ponto para tratarmos da mais-valia relativa.

Está perdido em meio a tantos conceitos novos? Então, vamos a cada um deles separadamente.

A unidade anterior foi finalizada com uma indagação sobre como o capitalista consegue de fato aumentar o dinheiro no final do processo de circulação, ou seja, de D, para D’. A mais- valia corresponde justamente a esse valor a mais que o capitalista consegue extrair para poder conquistar o lucro.

O primeiro passo para a compreensão de como é formada a mais-valia é entendermos o conceito de processo de trabalho.

Você Sabia ?

Processo de trabalho é o processo de elaboração de uma mercadoria da forma que vemos.

Os elementos que o compõem são: o próprio trabalho, o objeto de trabalho e o instrumental de trabalho.

O trabalho representa a parte da força-de-trabalho humana; objeto de trabalho, em termos gerais, seria a matéria-prima; e, por fim, o instrumental de trabalho representa os meios de produção, ou seja, os instrumentos necessários para auxiliar o trabalhador a transformar um objeto de trabalho em uma nova mercadoria (por exemplo, as máquinas, as ferramentas, o imóvel em que a fábrica está instalada e etc.).

Por exemplo, caso um capitalista queira produzir 10 quilos de fios de algodão poderá precisar de: 6 horas de trabalho, 10 quilos de algodão (objeto de trabalho) e uma máquina (que naturalmente se desgasta ao longo da produção dos 10 quilos de fios).

Agora que já identificamos o que seria o processo de trabalho, vamos compreender o que seria o processo de produção de mais-valia.

Exemplo de processo de trabalho ALGODÃO

MÁQUINA PRODUÇÃO DE FIOS DE ALGODÃO

FORÇA-DE-TRABALHO

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Processo de produção de mais-valia

O processo de produção de mais-valia é compreender como a mais-valia é criada. Para isso, você precisa entender como a força-de-trabalho é utilizada. A interpretação de Marx (2006) é de que, assim como as máquinas (instrumentos de trabalho) e os objetos de trabalho, a força- de-trabalho, a partir do momento que é comprada, passa a poder ser utilizada da forma que o capitalista desejar.

Em Síntese

Para Marx, somos semelhantes a qualquer “coisa” que um empresário precisa para produzir. Somos apenas uma mercadoria que vai produzir outra!

Dado que a teoria marxista encara a força-de-trabalho, também como uma mercadoria, vamos a um exemplo para, agora sim, mostrar a forma com que o capitalista obtém a mais-valia.

Suponha que um capitalista queira confeccionar 10 quilos de fios de algodão, cujo tempo socialmente necessário à produção é de 6 horas e que este, corresponda ao valor da força-de-trabalho.

Atenção

Caso tenha esquecido o que significa o valor da força-de-trabalho volte à unidade anterior antes de prosseguir!

Vamos, então, a um exemplo com valores fictícios (“de mentirinha”) para ilustrarmos o processo de produção de mais-valia.

Para a produção dos 10 quilos de fios de algodão, necessita-se de:

• 10 quilos de algodão puro (objeto de trabalho) que custam 10 reais;

• uma máquina que perde 2 reais na produção de 10 quilos de fios pelo fato de estar se desgastando.

• a força-de-trabalho para 6 horas de produção.

Pense

Uma máquina, assim como o seu colchão, se desgasta a medida que é utilizada. No exemplo, estamos

considerando que o processo de se fazer 10 quilos de fios desgasta (“tira valor da máquina”) 2 reais.

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A imagem apresenta uma fábrica de fios de algodão da época de Marx, ou seja, entre o final XVIII e início do século XIX.

Library of Congress/ Wikimedia Commons

Assim, temos os três tipos de mercadorias adquiridas pelo capitalista que formam a primeira parte da circulação (D - M): força-de-trabalho, algodão e máquinas.

A tabela 1 ilustra os elementos que compõem o processo de formação de mais-valia. Pode- se verificar que a coluna de valor adiantado exibe o valor (D) para obtenção dos produtos necessários para a formação dos 10 quilos de fios. É o que o capitalista precisa gastar para poder produzir!

Tabela 1 - Elementos do processo de trabalho e produção de mais-valia em 10 quilos de fios de algodão

Quantidade Valor adiantado

Objeto de trabalho (algodão) 10 quilos 10 reais

Instrumento de trabalho (desgaste da máquina) - 2 reais

Força-de-trabalho 6 horas 3 reais

TOTAL 15 reais

Valor gerado = 15 reais Mais-valia = 0 reais

Vamos, agora, analisar o processo. Para a confecção dos 10 quilos de fios, o algodão, por exemplo, não aumenta seu valor quando passa a estar incrustado na forma de fio. Assim, como a quantidade de 10 quilos de algodão foi adquirida por um valor de 10 reais, deve também transferir 10 reais aos 10 quilos de fios. Não há razão para ser diferente. O algodão não aumentará nem diminuirá seu valor somente por estar na forma de fios.

Ao mesmo tempo, analisando o desgaste sofrido pela máquina em função do uso, temos de

ter a percepção que é como se esse desgaste participasse da construção dos 10 quilos de fios e o

valor referente ao desgaste da máquina, também, transferido para os 10 quilos de fios ao final.

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Para Pensar

É como se, para sentir prazer ao deitar no seu colchão após um dia cansativo, o colchão perdesse valor por estar sendo usado (desgastado). Ou como se ao longo dos anos, cada eletrodoméstico da sua casa fosse ficando enferrujado ou mostrando falhas (por exemplo, o controle da TV que precisa de uma fita isolante para não abrir a parte que comporta as pilhas).

Há, portanto, até esse momento, apenas a transferência de valor para os fios; e não, expansão de valor capaz de gerar, a partir do recurso inicial (D) do capitalista, um valor maior (D’) ao final com a venda.

Os 10 reais dos 10 quilos de algodão puro e a parte do desgaste da máquina foram transferidos para os 10 quilos de fios. Assim o problema-chave é: onde está o valor que dará lucro ao capitalista?

Vejamos, então, o último elemento: o trabalho. Suponha que o tempo socialmente necessário à formação dos 10 quilos de fios de algodão é de 6 horas e que são pagos 3 reais ao trabalhador por este serviço. Assim, o capitalista gasta 10 reais com algodão puro, 2 reais com a máquina e 3 reais com o trabalhador.

Apesar de o trabalho ter acrescentado 3 reais, esse valor corresponde também ao valor da força-de-trabalho, ou seja, o capitalista paga o trabalhador pelo que efetivamente vale e o aproveita somente neste período de 6 horas para trabalhar. Neste sentido, tudo que é adiantado (ver tabela 1 para facilitar a visualização) é transferido para o valor dos 10 quilos de fios (10 reais do algodão + 2 reais da máquina + 3 reais da força-de-trabalho). O valor da força-de- trabalho, assim como o valor dos 10 quilos de algodão e o da parcela da máquina desgastada são todos repassados ao produto final e, obtém-se este montante com a venda dos fios.

Atenção

Neste exemplo, o capitalista gastou 15 reais e ao final vendeu por 15 reais também!

Então, como se formará a mais-valia? Como o capitalista pode obter mais com a venda do que com os valores adiantados?

Realmente, da forma como colocamos, a mais-valia não poderá ser obtida, pois todo dinheiro adiantado foi transferido para o valor do produto, de modo que no ato da venda se obtém o mesmo dinheiro. Em outros termos, temos D – M – D, e não D – M – D’.

Vamos, então, identificar o problema.

De fato, o algodão e a parcela do desgaste da máquina são valores que não podem alterar seu valor ao serem transferidos para os fios de algodão. Mas, como comentado anteriormente, a chave do segredo está na força-de-trabalho. Esta possui a capacidade de expandir o valor cristalizado nos fios para além dos valores transferidos pelos outros elementos, algodão e máquinas.

No primeiro caso (ver tabela 1), apesar de utilizarmos a força-de-trabalho e expandir o valor

do produto final, esta foi remunerada exatamente pelo seu valor. De outro modo, foi paga

pelos 3 reais que precisa para suprir os meios de subsistência, correspondentes nas 6 horas de

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Entretanto, nada impede que o capitalista utilize o trabalhador por um tempo superior às 6 horas. Conforme Marx,

“(...) o capitalista paga, por exemplo, o valor diário da força-de-trabalho. Sua utilização, como a de qualquer outra mercadoria – por exemplo, a de um cavalo que alugou por um dia –, pertence- lhe durante o dia. Ao comprador pertence o uso da mercadoria, e o possuidor da força-de- trabalho apenas cede realmente o valor-de-uso que vendeu, ao ceder seu trabalho. Ao penetrar o trabalhador na oficina do capitalista, pertence a este o valor-de-uso de sua força-de-trabalho, sua utilização, o trabalho. O capitalista compra a força-de-trabalho e incorpora o trabalho, fermento vivo, aos elementos mortos constitutivos do produto, os quais também lhe pertencem. Do seu ponto de vista, o processo de trabalho é apenas o consumo da mercadoria que comprou, a força- de-trabalho, que só pode consumir adicionando-lhe meios de produção” (MARX, 2006).

Do exposto pelo autor, fica claro que o capitalista pode usar o quanto quiser a força-de-trabalho.

Deste modo, vamos considerar o capitalista produzindo 20 quilos de algodão, ao invés de 10 quilos.

Caso produza 20 quilos, serão necessários o dobro tanto algodão quanto também o será assim o desgaste da máquina. Por outro lado, apesar das horas necessárias para executar a produção também seja o dobro, o pagamento à força-de-trabalho é a mesma que com 10 quilos de fios. Lembre-se que isso ocorre em função de que com os 3 reais já estaria pagando o suficiente para a manutenção diária do trabalhador e, portanto, este está sendo remunerado pelo que efetivamente “custa” para o capitalista.

A tabela 2 contém os elementos semelhantes aos da tabela 1. Claramente, os valores a serem considerados são para os 20 quilos de fios. Observe que o dobro é adiantado de quilos de algodão (20 reais), assim como, de desgaste da máquina (4 reais). Entretanto, para essa produção, paga-se os mesmos 3 reais à força-de-trabalho, totalizando 27 reais a serem adiantados. Se para 10 quilos gerar-se-iam 15 reais de valor final em dinheiro, no caso de 20 quilos, formar-se-iam 30 reais.

Observe! Foram adiantados 27 reais e ao final seriam obtidos 30 reais, o que representa 3 reais a mais, que são o valor excedente denominado mais-valia. Portanto, a extração da mais-valia viria do uso da força-de-trabalho, além das horas necessárias à sua manutenção ou reprodução, dado que o trabalhador estaria dedicando 12 horas na produção de fios de algodão.

Tabela 2 - Elementos do processo de trabalho e produção de mais-valia em 20 quilos de fios de algodão

Quantidade Valor adiantado

Objeto de trabalho (algodão) 20 quilos 20 reais

Instrumento de trabalho (desgaste da máquina) - 4 reais

Força-de-trabalho 12 horas 3 reais

TOTAL 27 reais

Valor gerado = 30 reais

Mais-valia = 3 reais

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Realizando o mesmo exercício, mas, agora, para 30 quilos de fios de algodão chega-se ao resultado da tabela 3. O valor adiantado seria de 39 reais e a força-de-trabalho estaria envolvida no processo durante 18 horas do dia. Fato este, que geraria um valor excedente, ou mais-valia, de 6 reais.

Tabela 3 - Elementos do processo de trabalho e produção de mais-valia em 30 quilos de fios de algodão

Quantidade Valor adiantado

Objeto de trabalho (algodão) 30 quilos 30 reais

Instrumento de trabalho (desgaste da máquina) - 6 reais

Força-de-trabalho 18 horas 3 reais

TOTAL 39 reais

Valor gerado = 45 reais Mais-valia = 6 reais

Passemos, agora, ao entendimento da composição do capital separado em capital constante e variável.

Composição Orgânica do Capital: Capital Constante e Capital Variável

Ao discorrermos sobre processo de trabalho e processo de criação de mais-valia, deve ficar claro uma significativa diferença entre eles.

O processo de trabalho refere-se à criação de novos valores-de-uso, de novas mercadorias geradas a partir dos elementos constitutivos originais desse processo. Estes se compõem de objeto de trabalho e instrumental de trabalho. O processo de trabalho passa pela destruição dos objetos de trabalho (“matérias-primas”) para a formação de novos elementos concretos, ou seja, das mercadorias finais que se deseja alcançar, a partir do uso da força-de-trabalho e dos instrumentos (máquinas, ferramentas e etc) necessários à sua execução.

Por outro lado, o processo de criação de mais-valia relaciona-se à transferência de valor do objeto de trabalho e instrumento de trabalho para as novas mercadorias formadas – no exemplo da seção anterior, o algodão e o maquinário, respectivamente. No exemplo, o algodão e a máquina transferiam o seu valor para os fios de algodão.

Além da transferência de valor destes elementos preexistentes, também há criação de valor

novo neste processo, a partir da força-de-trabalho.

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Atenção

Uma questão a ser salientada é que a transferência de valor somente é possível porque no algodão e na máquina já havia trabalho realizado.

Confuso? Veja. Para se colher o algodão, o produtor rural teve de semear a terra e executar uma série de etapas até a colheita e entrega do produto ao fabricante de fios. Da mesma forma, o produtor do maquinário introduziu uma série de processos até a montagem do maquinário antes de vendê-la ao produtor de fios. Ora, se o tempo socialmente necessário foi introduzido na produção de algodão e da máquina, eles possuem valor. E, no momento da produção dos fios não se acrescenta valor ao algodão ou ao maquinário; apenas transfere-se. Na produção de fios, portanto, somente há transferência dos valores do algodão e de parte da máquina para formação dos fios de algodão.

Assim, deve estar claro que os momentos de criação do algodão, da máquina e dos fios de algodão são distintos. Ao se fazer fios de algodão, o produtor desta mercadoria somente transfere os valores que já existem nestes aos fios e introduz valor novo com o uso da força-de-trabalho envolvida para confeccionar estes.

Esse é o processo que vimos anteriormente no processo de produção da mais-valia nas tabelas 1,2 e 3. Voltemos à tabela 1 a título de exemplo.

Na tabela 1, o valor de 10 reais referentes aos 10 quilos de algodão são transferidos para os 10 quilos de fios. Da mesma forma, parte do valor da máquina é transmitida para os fios na forma de desgaste da máquina (2 reais). Valor novo criado nesse processo, somente através da força-de-trabalho envolvida, que insere 3 reais. As diferenças para as tabelas 2 e 3 é que, ao exigir uma produção do trabalhador, num tempo correspondentemente maior que o valor a este remunerado, gera-se a mais-valia.

A partir do exposto até agora nesta seção, podemos prosseguir e avançar nos conceitos de capital constante e capital variável.

Nas palavras do autor,

“a parte do capital (...) que se converte em meios de produção, isto é, em matéria-prima, materiais acessórios e meios de trabalho não muda a magnitude do seu valor no processo de produção. Chamo-a, por isso, parte constante do capital, ou simplesmente capital constante” (MARX, 2006).

Quando Marx (2006) descreve sobre a parte do valor que não tem sua magnitude alterada, refere-se a todo objeto de trabalho (“matéria-prima”) e instrumental de trabalho (máquinas, ferramentas e etc.), que têm seus valores apenas transferidos para o valor da nova mercadoria gerada, a partir de determinado processo de trabalho.

O autor segue:

“a parte do capital convertida em força-de-trabalho, ao contrário, muda de

valor no processo de produção. Reproduz o próprio equivalente e, além disso,

proporciona em excedente, a mais-valia, que pode variar, ser maior ou menor.

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Essa parte do capital transforma-se continuamente de magnitude constante em magnitude variável. Por isso, chamo-a parte variável do capital, ou simplesmente capital variável” (MARX, 2006, p. 244).

Como capital variável, portanto, incluem todas as horas de trabalho necessárias (e adiantadas) para a produção, que podem ou não, dar origem à mais-valia ao capitalista.

Para colocar isto de forma mais clara, ao invés de apresentar a circulação predominante no capitalismo (D – M – D’), vamos utilizar a nomenclatura C – M – C’ – como feito em Marx (2006).

A letra D, que simbolizava o dinheiro adiantado para a produção, passa a ser C; e, D’, que mostrava o valor obtido da venda (dinheiro adiantado inicialmente + mais-valia) é, agora, C’.

Primeiramente, vamos acompanhar C.

C é capital adiantado para comprar os matérias-primas, máquinas e remunerar a força-de- trabalho. Portanto, existem:

capital constante: correspondente ao valor das matérias-primas e máquinas necessárias à produção, ou seja, a parte apenas transferida de valor; e

capital variável: a parte do novo valor que remunera a força-de-trabalho.

Exemplificando, caso tenhamos uma produção de cadeiras de madeira, a parte do dinheiro para a compra da madeira, dos pregos, da cola, reposição das máquinas desgastadas e demais objetos necessários para se produzir esta cadeira, seriam o capital constante. A parte destinada a pagar ao trabalhador, seria o capital variável. Assim, C = c + v, em que c é o capital constante e v o capital variável. Se os meios de produção tiveram o custo de 50 reais (c) e a força-de-trabalho de 10 reais (v), o total adiantado para a criação de cada cadeira foi de 60 reais, que é o C.

A expressão C’ simboliza o capital ao final do processo que é obtido com a venda da mercadoria. Assim,

C’ = (c + v) + m

em que c + v é o capital inicialmente adiantado (C) e m é a mais-valia.

Voltando ao exemplo da produção de cadeiras, caso a mais-valia seja de 20 reais, C’ = (c + v) + m será C’ = (50 + 10) + 10 = 70 reais.

Dotado dos conceitos de capital constante e capital variável, pode-se, agora, apresentar a taxa de mais-valia.

A taxa de mais-valia

A taxa de mais-valia mede o grau de exploração da força-de-trabalho. O trabalhador, ao se

vender para um capitalista, dá a este a possibilidade de utilizá-lo pelo tempo que quiser. Em

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A exploração da força-de-trabalho humana está no período de tempo que trabalha além do tempo socialmente necessário para sua própria manutenção ou reprodução. Como comentado em seções anteriores, o tempo de trabalho socialmente necessário corresponde ao período de tempo trabalhado que lhe é devolvido, na forma de remuneração, suficiente para adquirir os meios de subsistência.

Somente para relembrar, vamos a um exemplo. Caso a força-de-trabalho seja remunerada em 50 centavos por hora e precisa de 3 reais para “sobreviver”, o tempo de trabalho mínimo a ser trabalhado é de 6 horas. Este mínimo é o valor diário da força-de-trabalho. O tempo além das 6 horas de trabalho não é remunerado ao trabalhador e vai para o capitalista, que o

“comprou” para trabalhar naquele dia. Este período adicional oferece ao capitalista a mais-valia (ver seção “Processo de produção de mais-valia”).

Como a parte do capital constante corresponde a apenas o valor transferido dos objetos e instrumentos de trabalho à nova mercadoria, a mais-valia (valor excedente) não pode ser extraída desta parte. A mais-valia é extraída da força-de-trabalho e, portanto, deve-se buscar nesta, a fonte do grau de exploração, ou seja, na parte representada como capital variável.

Em termos formais, a taxa de mais-valia seria o valor excedente (mais-valia) criado pela força-de-trabalho dividido pelo valor desta força (a parcela de capital variável), ou seja,

Taxa de mais-valia = m/v

Voltemos às tabelas 1, 2 e 3 da seção “Processo de produção de mais-valia” desta unidade para exemplificarmos a taxa de mais-valia (ou grau de exploração da força-de-trabalho).

Pela tabela 1, a mais-valia foi de zero. Assim, aplicando na fórmula:

Taxa de mais-valia = m/v = 0/3 = 0

ou seja, se a mais-valia é zero, claramente o grau de exploração não pode ser diferente de zero, dado que a força-de-trabalho está trabalhando as 6 horas que precisa para ter o retorno do valor que realmente possui.

No caso das tabelas 2 e 3, como a força-de-trabalho é exigida em 12 e 18 horas, respectivamente, haverá algum grau de exploração.

De acordo com a tabela 2, o grau de exploração seria de:

Taxa de mais-valia = m/v = 3/3 = 1

A interpretação é a de que a força-de-trabalho excede em uma vez a mais o que deveria

trabalhar para receber o que vale. De fato, esta força é remunerada por 6 horas, mas trabalha

6 horas a mais (12 horas).

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Em relação à tabela 3, o sentido da análise é a mesmo, a taxa de mais-valia seria de:

Taxa de mais-valia = m/v = 6/3 = 2

dado que a força-de-trabalho esteve em atividade duas vezes mais em comparação ao que recebe. São 18 horas de serviço (6 horas + 6 horas + 6 horas).

A mais-valia relativa

Para abordarmos o conceito de mais-valia relativa, temos de trabalhar, antes, como podem ocorrer variações no valor e valor-de-troca de uma mercadoria.

Vamos considerar o exemplo de dois objetos úteis: mesa e geladeira. Caso uma mesa precise, em média, de 10 horas para ser confeccionada e uma geladeira, 20 horas, o valor da geladeira será o dobro da mesa. Assim, a troca entre as duas mercadorias seria de uma geladeira para duas mesas.

Suponha que uma melhoria tecnológica tenha sido introduzida, de modo a aumentar a produtividade do trabalho na elaboração das geladeiras, no sentido de que, ao invés de 20 horas para se produzir uma unidade, agora, sejam necessárias somente 10 horas. Observe que com a redução (pela metade) do tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de cada unidade de geladeira, o valor da geladeira, também, cai pela metade (lembrar que o valor de uma mercadoria está associada ao tempo socialmente necessário para ser produzida!). E, adicionalmente, como a geladeira, nessa situação, leva o mesmo tempo para ser confeccionada que uma mesa. Desse modo, elas contêm o mesmo valor. Com isso, uma geladeira seria trocada por uma mesa.

Pode-se entender a produtividade do trabalho como a relação entre mercadorias produzidas por trabalhador. Se, por exemplo, um marceneiro produz inicialmente 5 cadeiras em 10 horas e, com a compra de um novo maquinário, passa a produzir 10 cadeiras em 10 horas, a produtividade do trabalho foi elevada!

Em Síntese

Deve estar claro que o valor das mercadorias pode ser alterado em função do tempo de trabalho socialmente necessário à produção e as relações de troca se alteram na medida em que as proporções de tempo de produção também se alteram.

Até este momento, consideramos a presença da taxa de mais-valia absoluta, ou seja, a análise

do grau de exploração passa somente pelas horas adicionais a que a força-de-trabalho estaria

sujeira, para além do tempo socialmente necessário à sua manutenção e reprodução.

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De fato, por este ângulo haveria um limite óbvio que seriam as 24 horas do dia. Entretanto, os indivíduos precisam de um tempo para si mesmos.

Nas palavras do autor,

“durante o dia natural de 24 horas, só pode um homem despender determinada quantidade de força-de-trabalho. Do mesmo modo, um cavalo só pode trabalhar, todos os dias, dentro de um limite de 8 horas. Durante uma parte do dia, o trabalhador deve descansar, dormir; durante outra, tem de satisfazer necessidades físicas, alimentar-se, lavar-se, vestir-se etc. Além de encontrar esse limite puramente físico, o prolongamento da jornada de trabalho esbarra em fronteiras morais. O trabalhador precisa de tempo para satisfazer necessidades espirituais e sociais cujo número e extensão são determinados pelo nível geral da civilização” (MARX, 2006, p. 270-271).

Entretanto, apesar destes entraves, o capitalista não restringe seu potencial de exploração. A partir da mais-valia relativa, consegue-se extrair mais da força-de-trabalho. Posto isto, podemos introduzir a ideia de mais-valia relativa.

Como seria difícil ultrapassar determinados limites naturais do dia do trabalhador, a forma de elevar a mais-valia passa pela contração do chamado trabalho necessário, o qual corresponde ao tempo socialmente necessário para reproduzir o valor da força-de-trabalho.

O trabalho necessário é aquele tempo que a força-de-trabalho precisa trabalhar para poder se manter viva e poder reproduzir-se. Lembre-se que isto é o valor da força-de-trabalho!

O tempo que trabalha a mais do que o necessário é chamado de trabalho excedente!

Assim, o caminho passaria pela redução do valor da força-de-trabalho, a partir da redução do tempo de trabalho “diário” para alcançar o valor suficiente para suprir-se do necessário à vida.

Como fazer isso? Bem, os valores das mercadorias, que compõem os meios de subsistência, precisariam sofrer redução. Por exemplo, se o valor dos alimentos, do vestuário, das escolas e dos combustíveis reduzirem, naturalmente os trabalhadores precisariam de menos dinheiro para se ter uma vida razoável. Desse modo, os capitalistas poderiam remunerar menos seus empregados.

Entretanto, como poderia cair o valor dos meios de subsistência do trabalhador? Veja, se uma melhoria tecnológica possibilitar o aumento da produtividade do trabalho em todos os setores da economia que estão relacionados com os meios de subsistência, o valor de cada mercadoria cai. É válido considerar que o aumento da produtividade é oriundo do número elevado de mercadorias produzidas por um trabalhador num determinado período.

Por exemplo, se para produzir uma cadeira de madeira forem necessárias 10 horas de trabalho e com esta cadeira se obter 10 gramas de ouro, ao reduzir o tempo socialmente necessário para sua confecção de 10 horas para 5 horas, o valor de cada cadeira teria seu valor equivalente em 5 gramas de ouro.

Atenção

Ao reduzir o valor dos meios de subsistência, parte do trabalho necessário é contraído e, parcela maior de mais-valia pode ser obtida.

Por que isso ocorre? Vamos explicar.

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Voltemos à tabela 3 para exemplificar.

Verifique que, na tabela 3, o tempo de trabalho necessário é de 6 horas que o trabalhador trabalha para além destas 6 horas, é de 12 horas. Marx (2006) chama estas 12 horas adicionais de trabalho excedente. Caso existam mudanças na produtividade do trabalho em vários ramos industriais (como o de alimentos, vestuário e os demais supracitados, por exemplo) tendo como efeito a redução do valor destes meios de subsistência, o tempo de trabalho necessário se reduz.

Em Síntese

Fica mais barato o custo de vida do trabalhador. Assim, menos horas serão dedicadas no emprego para poder ter o que precisa para sobreviver!

Entretanto, a força-de-trabalho continua a ser vendida por todo dia ao empresário. Supondo que o tempo de trabalho necessário à produção de fios de algodão (tempo associado ao valor da força-de-trabalho) tenha se reduzido de 6 horas para 3 horas – e as condições de produtividade do trabalho na indústria de fios, bem como de seus objetos e instrumentos de trabalho tenha se mantido constante –, ao invés de se pagar 3 reais pelas 6 horas de trabalho, será pago a metade pelas 3 horas, ou seja, 1 real e cinquenta centavos e o capitalista terá o seu valor excedente (mais-valia) elevado.

Atenção

Lembrar que estamos considerando, no exemplo, as empresas que produzem os produtos básicos da economia (alimentação, combustíveis, eletrodomésticos e etc.) sofrem um aumento da produtividade do trabalho, de tal forma que o valor destas mercadorias é reduzido. Assim, a parcela de trabalho necessário é reduzida, também! O trabalhador precisa de menos dinheiro para viver e se reproduzir, de modo que a mercadoria chamada força-de-trabalho fica mais barata para o capitalista, o qual produz qualquer tipo de mercadoria na economia.

Com isso, podemos realizar um paralelo entre os conceitos de mais-valia absoluta e mais- valia relativa. Segundo Marx,

“chamo de mais-valia absoluta a produzida pelo prolongamento do dia de trabalho, e de mais-valia relativa à decorrente da contração do tempo de trabalho necessário e da correspondente alteração na relação quantitativa entre ambas as partes componentes da jornada de trabalho” (MARX, 2006, p. 366).

Em outras palavras, quando trabalhamos com a ideia de aumentar o tempo de trabalho com

as tabelas 1, 2 e 3 estávamos, na realidade, utilizando o conceito de mais-valia em seu sentido

absoluto. Ao pensarmos em uma contração da parte do capital variável (ou seja, do que é pago ao

trabalhador) em prol de uma elevação da mais-valia, estamos considerando a mais-valia relativa.

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Deste modo, partimos para o encerramento do estudo de Marx colocando as palavras do autor:

“O desenvolvimento da produtividade do trabalho na produção capitalista tem por objetivo reduzir a parte do dia de trabalho durante a qual o trabalhador tem de trabalhar para si mesmo, justamente para ampliar a outra parte durante a qual pode trabalhar gratuitamente para o capitalista” (MARX, 2006, p. 371).

Diante do exposto, fica claro que o objetivo do capitalista é reduzir o que o trabalhador

precisa para se manter e se reproduzir, de modo a “pegar” da força-de-trabalho o máximo de

valor excedente (“mais-valia”) possível.

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Material Complementar

Explore

Sugere-se assistir ao filme “Tempos Modernos” (1936), de Charles Chaplin, que caracteriza, entre

outras, uma crítica ao capitalismo e mostra o processo de divisão do trabalho e indiretamente a

extração da mais-valia no mundo industrializado.

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Referências

MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política: livro I. Volume I. 24 ed. Rio de

Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

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Anotações

(23)

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