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CÍNTIA GEMMO VILANI NOS BASTIDORES DA FÉ: COMPREENDENDO A MANIFESTAÇÃO DA RELIGIÃO NO CASAMENTO EVANGÉLICO

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Academic year: 2018

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NOS BASTIDORES DA FÉ:

COMPREENDENDO A MANIFESTAÇÃO DA RELIGIÃO NO

CASAMENTO EVANGÉLICO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Psicologia Clínica, sob orientação da Profª Drª Rosane Mantilla de Souza.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica

(2)

ERRATA

Folha Linha Onde se lê: Leia-se:

36 18 “Deus é o Amor” “Deus é Amor”

39 01 “Deus é o Amor” “Deus é Amor”

(3)

Comissão Julgadora

__________________________________

__________________________________

(4)

Autorizo, exclusivamente, para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura: ________________________________________________

Local e data: _______________________________________________

(5)

AGRADECIMENTOS

Esta dissertação teve uma longa gestação e sou muito grata a todos que colaboraram para o êxito deste trabalho.

Em primeiro lugar a Deus, criador de todo o Universo, por estar sempre comigo nesta caminhada tanto nos momentos bons e nos difíceis. Poder vivenciar que Ele cuida de nós e que tem o melhor para aqueles que O amam é uma grande gratificação.

À minha amada orientadora, Rosane Mantilla de Souza, a quem agradeço com maior e sincero sentimento de reconhecimento pelos seus ensinamentos sempre reflexivos, pontuais e preciosos, pela sua infinita ajuda e companheirismo em todos os momentos e pela mega paciência de ensinar a ‘mascotinha’ a dar passos de ‘gente grande’.

Aos meus pais Cérgio e Ângela pelo amor, pela formação enquanto pessoa, incentivo e compreensão; às minhas lindas primas Isabele e Lilibete, pelos comentários juvenis à flor da pele e calorosas discussões; aos meus avós e família pelo apoio em todos os momentos desta fase de vida importante e gratificante.

Ao meu querido e amado pastor Itamar José Dantas de Carvalho, pela infinita paciência, carinho, instrução e oração, nos momentos de dificuldade e nas alegrias de convívio compartilhado, meu especial e eterno agradecimento.

Às minhas psicoleguinhas de curso, em especial, à Valéria, Rosalba, Carol Luz, Polly e Ju Simões e, minhas maninhas na fé Angel, Kelly Faustino, Amanda Goés, Beatriz Lima e Amanda Xavier que se tornaram minhas amigas e ajudaram a encurtar a distância Curitiba – São Paulo.

(6)

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus maravilhosos e incomparáveis pais:

(7)
(8)

RESUMO

Pesquisadores têm estudado sobre a interface da religião nos casamentos, identificando-se que a filiação religiosa pode ser um fator importante para a relação

conjugal. A proposta desta dissertação foi de levantar elementos que favorecessem

problematizar temas de satisfação conjugal e de conflitos entre pessoas casadas e

evangélicas, de modo a obter material para orientação e desenvolvimento de

programas de qualidade de vida conjugal. Para isso foram utilizados questionários

para obter informações sobre os participantes, tais como, dados demográficos

(idade, gênero, financeiro dentre outros), comportamentos passados e previsão de

comportamentos futuros, de acordo com as crenças pessoais de cada participante, utilizando-se também a Escala de Ajustamento Conjugal de Spanier, (DSS - Dyadic

Satisfaction Scale, 1976). A amostra foi composta por 35 participantes, 16 homens e 19 mulheres, com idade média de 36,80 anos, com desvio médio de 10,253, sendo

que 9 eram seguidores da corrente neo-pentecostal, 10 de igreja tradicional e 16 da

igreja pentecostal, sendo sub-divididos em grupos em relação à satisfação conjugal.

Trabalhamos com a temática da satisfação conjugal como elemento central tendo o

presente trabalho, corroborado com a maioria dos aspectos já afirmados em

pesquisas anteriores, com destaque para as relações de gênero como variável

diferencial da conjugalidade, surpreendendo o número maior de mulheres satisfeitas

em relação aos homens, a influência da religião pode ser notada no que se refere

aos modelos paternos de identificação, atuando como rede de apoio e formação de valores morais e éticos. Em relação aos tipos de conflito e formas de enfrentamento

a amostra evangélica é similar aos dados de casais, independente da variável

religiosa.

(9)

ABSTRACT

Researchers have studied about the interface of religion in weddings, identifying that religious affiliation may be an important factor in the marital relationship. The

purpose of this dissertation was to raise the elements that would promote discuss

issues of marital satisfaction and conflict among married people and evangelical in

order to obtain material for guidance and development of quality programs for

married life. For this we used questionnaires to obtain information on participants,

such as demographics (age, gender, financial and others), past behaviors and

predicting future behavior, according to the personal beliefs of each participant,

using also theMarital Adjustment Scale of Spanier (DSS - Dyadic Satisfaction Scale, 1976). The sample comprised 35 participants, 16 men and 19 women, mean age

36.80 years, with average deviation of 10.253, while 9 were followers of the

neo-Pentecostal, 10 and 16 traditional church of the Pentecostal church, being

sub-divided into groups in relation to marital satisfaction. We work with the theme of

marital satisfaction as the key as the present work, corroborated with the most

points already stated in previous research, with emphasis on gender relations as a

variable differential marital, surprising the greater number of women satisfied with

respect tomen, the influence of religion can be seen in relation to paternal

identification models, acting as a support network and training for moral and ethical

values. The kinds of conflict and ways of facing the evangelical sample is similar to

that of couples, regardless of religious variable.

(10)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 01

CAPÍTULO I O CASAMENTO: ONTEM E DE HOJE Histórico ... 07

Estudos empíricos sobre religião e casamento ... 12

CAPÍTULO II RELACIONAMENTO CONJUGAL Construção do Casal... 15

Ciclo Vital da Família ... 17

Conflitos ... 19

Recursos de Enfrentamento ... 23

Satisfação Conjugal ... 26

Avaliando a Satisfação Conjugal ... 30

CAPÍTULO III O MOVIMENTO EVANGÉLICO E O CASAMENTO Os cristãos-evangélicos ... 33

Do protestantismo ao movimento pentecostal ... 35

As Igrejas Pentecostais ... 38

As Igrejas Neo-pentecostais ... 40

(11)

CAPÍTULO IV

Justificativa ... 54

CAPÍTULO V Objetivo Geral... 56

Objetivo Específico ... 56

CAPÍTULO VI MÉTODO E MATERIAL Método... 57

Participantes ... 57

Procedimentos ... 58

Instrumento ... 59

Análise dos Resultados ... 61

CAPÍTULO VII RESULTADOS E DISCUSSÃO Perfil Demográfico ... 62

Religião... 68

Conjugalidade ... 77

Satisfação conjugal... 80

(12)

Satisfação conjugal e Ajustamento Conjugal ... 87

Religião e Satisfação conjugal ... 88

Conflitos ... 95

Enfrentamento ... 103

CAPÍTULO VIII Conclusões Gerais ... 108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 114

ANEXOS Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A) ... 122

Instrumento de Aplicação da Pesquisa (ANEXO B) ... 123

Contraste obtido entre mulheres satisfeitas e insatisfeitas (ANEXO C) ... 135

Contraste obtido entre homens satisfeitos e insatisfeitos (ANEXO D) ... 138

(13)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA1.0 Modelo de Coping de acordo com Lazarus e Folkman (1984). 24

GRÁFICO 1.0. Idade ... 63

GRÁFICO 2.0. Estado Civil ... 64

GRÁFICO 2.1. Número de Filhos. ... 64

GRÁFICO 3.0. Escolaridade. ... 65

GRÁFICO 4.0. Condição Física ... 65

GRÁFICO 5.0. Tempo de Trabalho ... 66

GRÁFICO 6.0. Situação Financeira e Profissional ... 67

GRÁFICO 7.0. Religião ... 69

GRÁFICO 8.0. Religião e Nível de Escolaridade ... 71

GRÁFICO 9.0. Orientação Religiosa do Cônjuge ... 72

GRÁFICO 10.0 Casamento na Igreja.. ... 73

GRÁFICO 11.0. Religião no Casamento.. ... 74

GRÁFICO 12.0. Tempo que se conheciam.. ... 78

GRÁFICO 13.0. Idade que o participante se casou.. ... 78

(14)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1.0. Tempo de Trabalho versus Sexo ... 66

TABELA 2.0. Situação econômica versus Idade ... 67

TABELA 3.0 Princípio religiosos na vida atual separados por gênero ... 75

TABELA 4.0 Influência da religião na vida pessoal ... 76

TABELA 5.0 Princípios religiosos que influenciam na vida conjugal ... 80

TABELA 6.0 Contrastes entre mulheres satisfeitas e insatisfeitas ... 84

TABELA 7.0 Contrastes entre homens satisfeitos e insatisfeitos. ... 85

TABELA 8.0 Itens de Ajustamento Conjugal ... 87

TABELA 9.0 Satisfação conjugal e elementos de Ajustamento Conjugal .... 88

TABELA 10.0 Satisfação conjugal e elementos de Ajustamento Conjugal em relação ao gênero e idade ... 88

TABELA 11.0 Educação religiosa em relação ao nível de satisfação ... 90

TABELA 12.0 Formação religiosa de origem em relação ao nível de satisfação conjugal ... 91

TABELA 13.0 Formação religiosa atual em relação ao nível de satisfação conjugal ... 92

TABELA 14.0 Comemoração de Datas Religiosas em relação ao nível de satisfação conjugal ... 93

TABELA 15.0 Participação do cônjuge em datas comemorativas em relação ao nível de satisfação conjugal. ... 94

TABELA 16.0 Influência da religião na vida pessoal em relação ao nível de satisfação ... 94

(15)

TABELA 18.0 “Como a situação foi resolvida” em relação ao gênero ... 98

TABELA 19.0 Visão da situação em relação ao gênero ... 101

TABELA 20.0 Visão da situação pelo prisma do cônjuge em relação ao gênero 102 TABELA 21.0 “Com quem você conversa sobre problemas conjugais”

em relação ao gênero... 104

TABELA 22.0 “Quem geralmente o ajuda/orienta sobre problemas

conjugais” em relação ao gênero. ... 105

LISTA DE QUADROS

(16)

O casamento pode ser considerado uma instituição social em constante transformação. Sua definição não é única, visto que se articula no plano

econômico, cultural e psicológico, sendo necessário considerar as suas funções de

socialização, de reprodução ideológica e econômica. Os valores culturais, em

função dos quais se define o papel e a estrutura familiar decorrentes do casamento

modificaram-se em diversas épocas históricas. Atualmente, a diversidade de

arranjos conjugais tem sido alvo de preocupação de muitos líderes religiosos

cristãos e de pesquisadores que lidam com o impacto da religião na sociedade.

Os preceitos existentes em cada sociedade cristalizam

diferenças estruturais e funcionais no relacionamento conjugal. Tratam-se, dentre

outros, de normas jurídicas, médicas, psicológicas, pedagógicas e principalmente religiosas dada à influência que a religião exerce na formação, manutenção e

transformação das regras morais e éticas presentes em diversos países e,

principalmente, no Brasil, local da presente pesquisa. Como resultante da interação destes fatores com a localização geográfica das moradias e das características

socioeconômicas, os casamentos com influência religiosa adquirem expressões

multidimensionais, complexas e variáveis, que exigem uma óptica sistêmica para

sua compreensão a qual é a opção teórica de nosso trabalho.

No plano dos relacionamentos, o casamento busca assegurar a

continuidade e o crescimento dos indivíduos. Para compreender como ele funciona

(17)

desenvolvidos entre os diferentes subsistemas das famílias de origem e levados ao

casamento pelos cônjuges.

Uma das principais características, indicada pelos

pesquisadores como definidora dos relacionamentos amorosos e conjugais da

atualidade, refere-se à demanda de satisfação conjugal. Ela implica em um processo no qual os parceiros sentem as próprias necessidades e desejos

satisfeitos, assim como correspondem, em maior ou menor escala, ao que o outro

espera, definindo um dar e receber recíproco e espontâneo (Norgren, 2002).

Considerando as regras morais de valorização religiosa do

casamento entre os cristãos e, ao mesmo tempo o aumento de divórcio também

entre eles, torna-se relevante compreender os motivos de insatisfação conjugal.

No Brasil não foram identificados estudos acadêmicos

publicados sobre as relações entre religião e divórcio. Porém, ao contrário da visão

de muitos líderes religiosos, insatisfação conjugal produz conflito intra ou interpessoal, mas não necessariamente causa divórcio, como indica o grande

estudo longitudinal de Hetherington (Hetherington e Kelly, 2003).

A grande quantidade de publicidade nas diferentes mídias indica

a preocupação de líderes religiosos em evitar que o divórcio torne-se um meio cada

vez mais usual de resposta à insatisfação conjugal. Na literatura religiosa

(18)

conjugais. Tais conflitos estariam relacionados com o nível de

satisfação/insatisfação conjugal percebido pelo casal.

Pesquisas internacionais, no entanto, apontam que, em casais

cristãos, a religiosidade influencia nos elementos de satisfação conjugal (Wolfinger

& Wilcox, 2008; Booth, 1995; Dudley & Kosinski, 1990, Heaton & Pratt, 1990). Além disso, alguns pesquisadores brasileiros concluíram que a religiosidade atua

como fonte de controle, influenciando atitudes e comportamentos, assim como foi

verificado que, entre os evangélicos, está presente de forma tão implícita que é

difícil dissociar os comportamentos adotados pelos cônjuges pelo desejo próprio ou

por imposição das regras morais religiosas (Massimi & Mahfoud, 1999, Banaco,

1996).

Em estudo multicultural sobre casamento de longa duração,

Sharlin et al. (2000) identificaram que a filiação religiosa é fator importante para a

relação conjugal satisfatória, e não necessariamente a pertinência uma religião

específica, posto que o trabalho foi realizado com participantes que professavam credos diferentes: católicos, protestantes ou judeus.

Usando o mesmo procedimento no Brasil, Norgren (2002)

obteve que, quando se comparavam casais satisfeitos e insatisfeitos no que se

refere a recursos individuais e sociais foi encontrada relação significativa entre as

variáveis - “praticante na religião” e “nível de satisfação do casal”. Tratou se de

(19)

casais satisfeitos era praticante, enquanto, entre os insatisfeitos, a maioria não era

praticante.

Considerando a indissolubilidade de casamento entre católicos,

Norgren et all. (2004) discutem que os casais satisfeitos provavelmente assumem

realmente os valores de sua religião, ou seja, compreendem o casamento como um sacramento indissolúvel. Além disso, há que se considerar que casais praticantes

em termos de religião devem fazer parte de uma comunidade que constitui uma

rede de apoio nos momentos de crise e reforça as expectativas em relação à

permanência do relacionamento conjugal. (Norgren, Souza, Kaslow,

Ham m erschm idt, & Sharlin, 2004)

Em vista destes resultados e de não terem sido identificados

estudos com outras crenças no Brasil, é que nos propusemos a produzir

conhecimento acerca de casamentos evangélicos, considerando o elevado número

de grupos religiosos com esta opção em nosso país. Esta escolha também é

consequência da revisão de literatura realizada no banco de dados da Biblioteca Virtual de Saúde da Psicologia (BVS-PSI), na qual identificamos que os

evangélicos estão fazendo uma releitura dos princípios religiosos cristãos com a

finalidade de incorporá-los aos modelos de relação de gênero, divisão sexual e

moralidade sexual (Pinezi-Barbosa, 1999), tornando relevante considerar melhor

como isto está sendo processado.

Para os evangélicos, o relacionamento conjugal entre dois

(20)

homens, estabelecido pela cerimônia civil, e diante das leis divinas, pela cerimônia

religiosa que é uma opção, mas, considerada um momento importante na vida

cristã.

Para as igrejas evangélicas, o casamento é a união de dois

indivíduos que têm como objetivo a satisfazer as pessoas envolvidas, além de um propósito espiritual, o de servir como referência e testemunho de vida para os

demais casais (Chapman, 2008). Além disso, a maioria de seus praticantes afirma

que a igreja assume o papel de comunidade terapêutica, auxiliando e sinalizando

apoio aos casais.

Em vista do exposto, a proposta deste Mestrado tornou-se

levantar elementos que favoreçam problematizar temas de satisfação conjugal e de

conflitos entre pessoas casadas e que professam ser evangélicas, de modo a obter

material para orientação de casais e desenvolvimento de programas de qualidade

de vida conjugal.

Um panorama melhor deste trabalho é apresentados em

capítulos, a seguir resumidos. O primeiro capítulo, O casamento: Ontem e Hoje,

apresenta o histórico do casamento e dos relacionamentos conjugais enquanto o

segundo capítulo, Relacionamento Conjugal apresenta os principais aspectos de

relacionamento conjugal relativos à construção da conjugalidade, ciclo vital e

conflitos conjugais bem como os fatores de satisfação conjugal com a finalidade de

se levantar elementos que favoreçam a discussão do papel da religião em

(21)

O terceiro capítulo, Movimento evangélico e Casamento,

apresentam as principais características e a divisão existente na corrente

cristão-evangélica as quais se referem os participantes envolvidos na pesquisa deste

trabalho: pentecostais e neo-pentecostais.

No quarto, está descrito a justificativa social da importância

desta pesquisa e o problema empírico delimitado a partir da revisão de literatura

apresentada nos capítulos anteriores.

No quinto capítulo estão descritos os objetivos gerais e

específicos desta pesquisa e, no sexto capítulo, Método e Material há a descrição

sobre método, participantes, procedimentos, instrumentos e a forma de análise dos

resultados obtidos.

No sétimo capítulo, Resultados e Discussão, serão

apresentados os dados obtidos por meio da pesquisa realizada, confrontando-os com os encontrados na literatura científica com a finalidade de explorar e

compará-los.

E, no oitavo capítulo, Consideração Finais, a pesquisadora

sinaliza que os objetivos desta Dissertação foram alcançados, revelando a

possibilidade de futuras pesquisas para análises mais complexas a respeito da

manifestação religiosa na conjugalidade e em casamento evangélicos, visto que o

(22)

I. O CASAMENTO: ONTEM E DE HOJE

Histórico

Estudos de psicologia do desenvolvimento têm apontado

durante décadas, a necessidade de o ser humano ser aceito pelo outro, estar unido em grupo, o que faz com que vivencie diferentes relações interpessoais ao longo de

sua vida. Uma destas relações, vividas de forma mais intensa, é o relacionamento

conjugal, porém, é importante sinalizar que seu estudo exige um olhar acurado

devido ao aspecto caleidoscópico que apresenta.

O casamento é a instituição social que formaliza o vínculo entre

os parceiros, autoriza a expressão dos sentimentos, normatiza a expressão da

sexualidade e delimita a transmissão do patrimônio. Pode ser considerada uma

instituição humana universal à medida que seus rituais são identificados entre todos

os grupos organizados (Peirano, 2003).

Segundo Rodolpho (2004), socialmente, os rituais concedem

autoridade e legitimidade quando estruturam e organizam a posição de certas

pessoas, os valores morais e a visão de mundo, colaborando para que a

coletividade possa trazer os diversos acontecimentos cotidianos que envolvem cada

um, para dentro de uma esfera social ordenada e organizada. Dentre os rituais, os

(23)

centralidade para o reconhecimento do status adulto para o indivíduo e para a

inserção e continuidade da família.

O historiador francês, Michel Rouché (2005) afirmou que o

casamento cristão, como o conhecemos, foi uma solução encontrada pela igreja

inicial para substituir os antigos costumes poligâmicos, considerados pagãos. O casamento cristão compartilha elementos com o judaísmo, à medida que se baseia

em aspectos do Antigo Testamento como o Levítico, no qual encontram-se as

interdições das relações entre homens, do coito na fase menstrual, do incesto e adultério, ao mesmo tempo em que incorpora aspectos do Novo Testamento (I

Coríntios 7; Efésios 5.21-33; Colossensses 3 e I Pedro 3.1-7).

No início da cristianização da Europa, o casamento

permanecia uma cerimônia familiar. A participação do clero no ritual foi ocorrendo

durante a Idade Média, tendo como principais elementos a necessidade da benção religiosa do leito nupcial a partir do Século VII. No século XII, durante o Concílio de

Verona, o casamento adquiriu o status de sacramento, tornando-se o vinculo

conjugal indissolúvel a partir do Concílio de Latrão, no século XIII. A partir do

Concílio de Trento, no século XVI foi fixada a estrutura do ritual como a

conhecemos: proclamas, consentimento em separado para cada cônjuge,

celebração frente autoridade eclesiástica e ato público. (Vainfas, 1992).

Entre os séculos X e XVI, os casamentos passaram a ser

(24)

tudo que dissesse respeito ao matrimônio, ou seja, estabelecendo uma

normatização e controle estreito da sexualidade (Costa, 1999).

Com a Reforma Protestante, o relacionamento entre os

cônjuges adquiriu contornos menos pecaminosos e a cerimônia civil foi sendo cada

vez mais destacada. A partir do século XVIII o casamento civil foi se tornando gradativamente obrigatório e o religioso opcional (Costa, 1999).

De acordo com Vainfas (1992: 20) na história do ocidente

cristão "o casamento foi hostilizado, deplorado enquanto instituição que permitia a

manifestação do desejo e o desfrute da carne, mas foi defendido ao menos como

espaço alternativo ao prazer desregrado". Defendido ou não, quer seja um ritual católico ou não, quer seja uma normatização civil, o casamento ocidental selou uma

relação entre desiguais, na qual a mulher ocupou a posição de poder inferior a do

homem até pelo menos os meados do século XX.

As mulheres, ao longo dos séculos aprenderam que seu

modo de existir no mundo estava intrinsecamente ligado ao matrimônio, e que este

era a condição de sua sobrevivência. Não aprendiam a desenvolver sua autonomia,

nem era possível almejar outras metas pessoais para a vida fora do casamento.

Sempre foram destinadas a dependência e a submissão.

(25)

das Grandes Guerras e das mudanças na economia, que ampliaram os setores

industriais e de serviços, favorecendo a escalada da entrada da mulher no mercado

de trabalho. A ocupação feminina dos espaços públicos foi se intensificando e, em

meados do século XX, tornou-se um fato social definitivo.

O padrão de vida feminino, onde cada vez mais se tornou

importante estudar, ter uma carreira própria e participar do orçamento doméstico,

introduziu o questionamento das relações de poder e hierarquia, tanto no âmbito

doméstico quanto no social.

Segundo Lauretis (1994) as concepções femininas e

masculinas são formadas de acordo com cada cultura, formando um sistema

simbólico de significações, o gênero, que relaciona um sexo a um determinado

conjunto de valores e hierarquias sociais. A escalada da presença da mulher no

mundo público, e seu conseqüente maior poder social, também trouxe à tona uma

série de questões relacionadas à divisão de papéis no casamento, tornando a

satisfação afetiva e sexual mútua um componente fundamental para a continuidade no relacionamento, por parte das mulheres.

Giddens (1993) que analisa detidamente as

transformações da intimidade que vem ocorrendo nas últimas décadas, identifica

dois processos relativos à qualidade das relações conjugais: a emergência da

(26)

O rompimento entre a sexualidade e a reprodução,

através dos métodos contraceptivos e das técnicas reprodutivas, descrito por

Giddens (1993) como a sexualidade plástica, o movimento feminista, a participação

feminina no mercado de trabalho, promoveram e sustentam transformações no

comportamento sexual das mulheres e no processo de construção das suas

identidades. A liberação sexual dos anos 70 colocou em questão a crença no duplo

padrão de sexualidade. As mulheres ultrapassaram a demanda social de

permanecerem castas para o casamento e reivindicaram o prazer sexual que, por

seu turno, tornou-se questão de conjugalidade. O casamento deixou de ser o

sustentáculo indissolúvel da família tornando-se uma aliança definida por escolhas mais autônomas, pelo igualitarismo, pelo prazer mútuo e pela satisfação emocional.

As regras dos relacionamentos amorosos e dos casamentos

tradicionais eram claras: hierarquia de poder e complementaridade dos papéis de provedor e cuidadora. Em um universo de relacionamentos puros como os

colocados por Giddens (1993), no entanto, um relacionamento dura enquanto for

satisfatório para cada um dos envolvidos.

A busca de satisfação no relacionamento amoroso, com tudo que isto significa, tornou-se o tema central da vida adulta, quer a religião

suporte ou não estas transformações. Segundo interpretação da Bíblia, livro

sagrado para todos os cristãos, o homem é o responsável pelo casamento, e,

(27)

viva só, além de cuidar dos afazeres domésticos. Tal explicação aceita sem grandes

discordâncias pelos evangélicos está sob questionamento, como qualquer outra

crença que não busque incorporar pelo menos em parte os temas de satisfação

conjugal e dos conflitos de gênero.

Estudos empíricos sobre religião e casamento

Pode-se notar que a religião sempre é sinalizada como um

elemento significativo para a manutenção do casamento. O estudo de Marks (2005) realizado sobre a influência da religião em casamentos de cristãos, judeus, mórmons

e muçulmanos revelou que ela influía, na qualidade do relacionamento amoroso sob

oito vertentes: influência do clero, bênção sobre a vida profissional, envolvimento em

atividades promovidas pela Igreja, importância da oração, influência sobre a vida

familiar, ensinamento prático para a vida conjugal, crenças a favor da união

indissolúvel do casamento, homogamia religiosa (incentivo aos jovens para casarem com pessoas que professam a mesma crença espiritual) e a firme convicção da fé

em Deus.

No que se refere especificamente à satisfação conjugal entre os

evangélicos antes era compreendida somente pelo quanto o marido cuidava

financeiramente da família e como a mulher cuidava da casa e dos filhos. Hoje com

tantas mudanças socioeconômicas a percepção do nível de satisfação conjugal

entre os evangélicos tem sofrido transformações significativas. Ou seja, a qualidade

conjugal tem sido percebida pelos evangélicos e pela população em geral, como

(28)

sexual do cônjuge, no relacionamento igualitário, na segurança financeira e na

opção religiosa destes.

Entretanto, pesquisas anteriores já sinalizavam que quando o

casal professa o mesmo credo religioso, mas participam de igrejas diferentes, a

qualidade do relacionamento conjugal é de satisfatório a insatisfatório e seu nível de religiosidade é mais baixo se comparado aos casais que frequentam a mesma igreja

(Wiliams & Lawler, 2001). Porém, se ele professa o mesmo credo religioso e

participa da mesma igreja, o relacionamento conjugal é classificado como muito bom

e o nível de religiosidade é altíssimo (Heaton & Pratt, 1990).

Tal circunstância vai em direção contrária da atualidade em que

a globalização e o processo de modernização propicia aos jovens o conhecimento

de pessoas de diferentes Igrejas e o contato com diversos, credos, aumentando o

número de casamentos inter-religiosos (O’Leary,2001; Hampe, 1971). A preferência

de se casar dentro de um grupo depende de muitos fatores, não só os religiosos,

mas também de outros, tais como a localização da moradia, a composição da sociedade local, o tamanho do grupo religioso e a influência da família de origem

(Kalmijn, 1998). Portanto, professar o mesmo credo religioso não é um fator que

garanta a boa qualidade do relacionamento, mas, que a religião poderia atuar como

um elemento regulador deste.

É importante sinalizar que o casamento, para o cristão, não

deve ocorrer por amor simplesmente, pois o amor começa a diminuir ou a

(29)

relação e a paixão pelo cônjuge passam e o casamento só permanece se for

mantida a aliança entre eles (Cunningham, 1999).

O pacto firmado seja na cerimônia religiosa, seja na

cerimônia civil é o resultado do compromisso que os cônjuges firmam entre si, mas

esta aliança é cada vez mais condicionada à qualidade que o relacionamento amoroso propicia. É importante pontuar que satisfação é um conceito extremamente

pessoal e subjetivo, sendo a espera de um doar e receber recíproco, sendo assim,

nem sempre há congruência entre o que sujeito espera receber em troca do que

realmente recebe do cônjuge (Souza, 2009, notas de aula). Por isso os resultados

da pesquisa de Booth (1995) revelam que a religiosidade não está ligada

diretamente à felicidade conjugal e que não é um elemento significativo para diminuir

os conflitos ou problemas conjugais.

Faz- se necessário investigar os padrões de conflito que

existem em um casamento, assim como os recursos de enfrentamento possíveis, o

ciclo vital pelo qual os cônjuges passam no decorrer da relação e os fatores de

satisfação conjugal para que seja possível compreender em quais momentos a religião pode se manifestar como um elemento regulador, visto que ela é algo maior

que um determinado estado emocional que leva o indivíduo a tomar certas atitudes

(30)

II. Relacionamento Conjugal

A relação dos homens em sociedade só existe na base da

troca de relações que são mediadas pelas normas e valores de uma determinada

sociedade. Tais regras de conduta dependem da cultura social e religiosa, local e

global vivenciada pelas pessoas.

Em relação ao casamento e ao relacionamento conjugal

existem diversas regras que variam de acordo com os padrões sociais, vividos e

levados à relação pelos cônjuges. O motivo e como acontecem os relacionamentos

amorosos que culminam em um compromisso sério - o casamento - possuem

diferenças significativas desde a forma pela qual o casamento é concebido até a sua

própria manutenção.

Construção do Casal

Na atualidade, o caminho do namoro nos anos adulto-jovem, quando o indivíduo já tem um projeto pessoal e profissional em andamento e

uma identidade razoavelmente delimitada, leva à possibilidade de um

aprofundamento das relações românticas onde o cuidado mútuo, o companheirismo,

a satisfação sexual e a auto-realização passam a ser praticados. Nesse momento, o

namoro acaba sendo um processo de aprofundamento que cria intimidade,

compromisso e segurança emocional numa relação com a alteridade (Simões e

(31)

Ir além do eu e definir um nós diz respeito ao

apaixonar-se, mas também traz a necessidade de um longo percurso de elaboração de

diferenciação bem como em um processo de luto relacionado a crescer e tornar-se

independente. Ou seja, a ambivalência estaria sempre permeando as relações

amorosas: a felicidade no encontro, o medo da perda do outro e/ou de si (Kernberg,

1995).

Hoje em dia, embora a conjugalidade ainda inclua a promessa ou esperança da reconstrução do eu a partir do nós, também está cada

vez mais fluida. Segundo os modelos sistêmicos do ciclo vital familiar (Carter e

McGoldrick (1995) quando o casal vai viver sob o mesmo teto é momento de pôr em prática o que cada um havia sonhado. Os parceiros devem ser capazes de

desenvolver um estilo de vida própria, rever normas e valores, dividir tarefas e

responsabilidades, distribuir o tempo de trabalho e de lazer, chegar a um consenso sobre relacionamento com as famílias de origem, amizades e emprego do dinheiro,

além de integrar o projeto de vida pessoal e a dois.

O que o casal traz para a organização de uma vida a dois

é a experiência de vida na família de origem da qual precisarão se diferenciar,

constituindo o núcleo próprio, delimitando fronteira mais ou menos flexíveis em

relação aos pais e irmãos e estabilizando um nós conjugal, o qual deverá ser revisto

e se modificar em funções de eventos que modifiquem a estrutura ou a fundação

(32)

Ciclo Vital da Família

Segundo Kaslow & Schwartz (1995), o conhecimento da

existência dos ciclos vitais se remonta aos tempos bíblicos, visto que no livro de

Eclesiastes, presente na Bíblia, existe a descrição de que para tudo há um tempo

determinado, parecendo haver uma inferência de que devemos aceitar as mudanças

que ocorrem com o passar do tempo.

Diversos autores abordam o tema do ciclo vital de distintas

formas, dentre estes Rhodes (1977 como citado em Kaslow & Schwartz, 1995)

considera a presença de cinco fases, o relacionamento diádico (percepção mútua entre os cônjuges), preenchimento versus isolamento (equilíbrio nas instalações dos

novos papéis assumidos pelos cônjuges), individualização versus organização (com

o crescimento dos filhos, re-acomodação de papéis), companheirismo versus

isolamento (entrada dos filhos na juventude) e reagrupamento versus

vínculo/expulsão (saída dos filhos e mudança de papéis).

Para os autores Hughes, Berger e Wright (1978, como citado

em Kaslow & Schwartz, 1995) o ciclo vital do casamento é classificado de acordo

com as mudanças familiares, sendo constituído por sete tipos, a saber, famílias principiantes, famílias gerando filhos, famílias criando filhos, famílias com filhos

adolescentes, famílias como ponto de partida, famílias na meia-idade e famílias

(33)

Outra teoria reconhecida e utilizada em pesquisas acadêmicas

sobre o ciclo vital familiar é a teoria de ciclo vital de Carter e McGoldrick (2001) que

oferece a oportunidade de identificar os desafios em cada momento bem como o

que é necessário para se passar para a fase seguinte, além de ser um modelo

trigeracional no qual podemos compreender as demandas e tarefas específicas que

recaem sobre o casal, advindas tanto por parte da geração mais nova quanto da mais velha.

Ao contrário dos demais modelos Carter e McGoldrick (2001)

marcam o início de um ciclo familiar a partir do momento em que o jovem solteiro,

considerado pelas autoras, como um jovem adulto, começa a responsabilizar-se

pelos seus recursos emocionais e financeiros, sendo este o primeiro estágio.

O segundo estágio corresponde à formação do

relacionamento amoroso marital sendo um comprometimento com um novo sistema

familiar, diferenciando-se da família de origem. Com o nascimento dos filhos

inicia-se o terceiro estágio em que é necessário o ajustamento conjugal para a criação do espaço filial, além do realinhamento dos papéis pré-estabelecidos anteriormente.

Quando os filhos tornam-se adolescentes, a família entra no

quarto estágio do ciclo vital em que ocorrem uma série de mudanças para dar conta

dos novos relacionamentos extra-familiares que os filhos começam a ter e a

(34)

O quinto estágio marca a saída dos filhos jovens do sistema

familiar, é o período em que entram e saem mutuamente novas pessoas no sistema

familiar e se faz necessário um realinhamento para incluir parentes e netos. Além

dos cônjuges passarem a lidar com a incapacidade e morte dos pais (avós e

bisavós) dos netos.

O sexto estágio é momento em que os cônjuges devem

aprender a lidar com os papéis geracionais, lidar com a perda do cônjuge e de

familiares e enfrentar a própria morte, é um período de revisão e de integração da

vida.

Carter e McGoldrick (2001) cujo modelo foi utilizado na

presente pesquisa também consideram que a expansão, a contração e o

realinhamento dos vínculos intra-familiares fazem com que os membros vivam de

uma forma funcional ou disfuncional. Assim, para que o casal consiga suportar as

distintas mudanças que vivencia, bem como as decepções e reencontros, é

necessário que tenha condições de suportar os conflitos ocasionados em cada momento do ciclo vital.

Conflitos

Como na maioria dos relacionamentos interpessoais, existem

conflitos e dificuldades que os casais vivenciam. Alguns autores afirmam que o

conflito em um casal é algo saudável, mas que o potencial para o desenvolvimento e

(35)

inicialmente, seus próprios conflitos internos e depois tentar solucionar o conflito a

dois (Colman, 1994).

Os problemas são vividos como angústias que parecem não

ser solucionáveis, pois o contexto social vivido atualmente pelos casais requer

flexibilidade cognitiva e moral, possibilitando tomadas de decisões específicas, o desenvolvimento de capacidades práticas de resolução de problemas, não deixando

à margem, porém, a dificuldade que cada cônjuge possui com a sua própria

interioridade.

Segundo Wong (2008), a forma pela qual se pode diagnosticar a

presença de conflitos conjugais é a observação de comportamentos sinalizados

pelos cônjuges, tais como, aumento da frequência de alterações no tom de voz em

discussões triviais, aumento de duras críticas a atitudes comuns (deixar a toalha

molhada sobre a cama ou esquecer-se de tirar o lixo), dificuldade para resolver um

problema rotineiro (ligar para o encanador) culpando-se um ao outro ao invés de

consertar o vazamento, por exemplo, dentre outros.

Segundo Brennen (2009), o objetivo do casamento não é um

pensar absoluto pelo casal, mas um pensar em conjunto e, segundo ela, existem

quatro tipos de padrões conflituosos que podem agravar os problemas conjugais:

1. Escalonamento: os cônjuges respondem negativamente a diversas situações

(36)

2. Anulação: um dos cônjuges se coloca diante dos pensamentos, sentimentos

ou caráter do parceiro, realizando comentários, intencionais ou não, que

provocam o rebaixamento da auto-estima.

3. Retirada e Prevenção: um dos cônjuges se retira de uma situação conflituosa

a fim de evitar discussões acaloradas.

4. Interpretações negativas: um dos cônjuges crê que os motivos do outro são

mais negativos que os seus.

Segundo a autora, supra-citada, há cinco modos pelos quais os casais

tendem a resolver seus conflitos conjugais:

1. Perquiridor: procuram vínculos criados para se aproximar e se tornar mais

íntimo do cônjuge, deixando-o discorrer sobre diversos assuntos e expressar seus sentimentos.

2. Distanciadores: um dos cônjuges assume a postura de se manter

emocionalmente distante do parceiro ou da situação conflituosa, geralmente

se acostuma a lidar com o estresse da relação.

3. Hipofuncionais: cônjuges que possuem dificuldades para manter suas vidas

organizadas e que sob situação de estresse, revelam dificuldade também

(37)

4. Hiperfuncionais: cônjuges que são conselheiros e auxiliadores diante dos

problemas de outros casais, mas geralmente possuem dificuldade para

resolver os seus.

5. Recriminador: reagem emocionalmente e agressivamente diante das opiniões

e posturas do parceiro, são aqueles que gostam de ensinar ao companheiro a atitude que este deveria ter a fim de sobressair na relação.

A presença ou ausência de conflitos, porém, não é um fator

classificatório de um bom casamento ou sinônimo de qualidade na satisfação

conjugal. Segundo Hetherington e Elmore (2003) os conflitos não são sinalizadores

de medidas de manutenção ou término de relacionamento, os autores sugerem que

podem ser preditores para o bem-estar. O casamento envolve duas pessoas com

regras éticas e morais sob influência familiar, social, religiosa e cultural que nem

sempre são as mesmas, ou nem sempre são interpretadas da mesma forma, vê-se

que um casamento está imerso em diversos fatores que se inter-relacionam na vida

a dois. (Karney & Bradbury, 1995).

Um destes fatores é o ciclo vital pelo qual os cônjuges estejam

passando. No Brasil, uma pesquisa realizada com 150 casais, revelou que estes

classificavam os conflitos como fortes, moderados e fracos de acordo com as áreas

conflituosas, tais como: dinheiro, trabalho, cuidado com filhos, religião, autonomia e

intimidade que se refletiam na qualidade conjugal. O pesquisador verificou

(38)

na área da religião, além de perceber que os conflitos e a intensidade variavam de

acordo com o tempo de duração e o ciclo vital do casamento (Verdi, 2003).

Desta forma pode-se pensar que a religião de fato possa a vir a

ser um regulador dos relacionamentos amorosos, influenciando positivamente ou

negativamente uma relação. Por ser um fator de interpretação intrapsíquico, como dito anteriormente, em que cada cônjuge envolvido precisa processar a sua vontade

própria diante dos ensinamentos religiosos ensinados, a religião pode interferir na

escolha das ferramentas e no processo de enfrentamento diante dos conflitos

conjugais.

Recursos de Enfrentamento

Os modos e recursos de enfrentamento são nomeados como processos de coping, sendo, portanto, um conjunto das estratégias utilizadas pelos

indivíduos diante de situações problemáticas, conflituosas e estressantes. Os

modelos mais conhecidos são os dos pesquisadores Folkman e Lazarus (1980), Rudolph, Denning e Weisz (1995).

Os recursos de enfrentamento são importantes porque podem

ajudar a encontrar as relações existentes entre o comportamento e o sistema

psicológico e influenciar em tomadas de decisões positivas (Folkman, 1999).

(39)

Os pesquisadores Folkman e Lazarus (1980) construíram um

modelo de recursos de enfrentamento relacionados ao problema em questão e outro

relacionado à emoção. Desta forma, os autores definiram o coping como um

conjunto de esforços cognitivos e comportamentais que demandam estratégias

específicas, internas e externas.

Segundo o modelo construído, o coping seria um processo de

interação entre o sujeito e meio ambiente, no qual o indivíduo tem de administrar a

função conflituosa e estressante, avaliando o fenômeno ocorrido, além de mobilizar

esforços intrínsecos e extrínsecos a este. Segundo Beresford (1994), este é o

modelo mais utilizado para interpretações de recursos de enfrentamentos.

FIGURA 1.0. Modelo de Coping de acordo com Lazarus & Folkman (1984)

Estressor potencial

Avaliação primária

Qual é o significado desse evento? Como afetará meu bem-estar?

Evento irrelevante Estressor estressante Estressor benigno

prejuízo ameaça desafio

Avaliação secundária O que posso fazer? Quanto vai custar?

Qual é o resultado que espero?

Resultado Reavaliação?

O estresse mudou? Estou me sentindo melhor? Estratégias de Coping

Focadas no problema Focadas na emoção Recursos

sócio-ecológicos de coping

(40)

Porém, Rudolph et al (1995) compreendem que o coping é uma

tentativa de separar aspectos fundamentais para a resolução do problema, primeiro

é uma resposta de coping, em seguida um objetivo acoplado ao objetivo pretendido

e em terceiro o resultado final.

Para os pesquisadores Knudson-Martin e Mahoney (1998) existem dois tipos de estratégias de enfrentamento:

 Confrontamento na busca da resolução do dilema: para isso é necessário que

o casal se comunique por meio de uma negociação aberta.

 Fuga do problema: a questão simplesmente não é questionada, ela é

camuflada ou racionalizada.

A cada conflito vivenciado o cônjuge vai aprendendo que tipo de

estratégia funciona ou não, valendo-se de comportamentos verbal ou não-verbal,

adquiridos dentro de um contexto social, familiar, institucional ou religioso

(Rocha-Coutinho, 1994).

Para entender melhor a possibilidade de as crenças religiosas

adquiridas pelos cônjuges interferirem na qualidade de vida conjugal é necessário

(41)

Satisfação Conjugal

O casamento e a satisfação conjugal têm sido tema de

diversos estudos no decorrer de décadas, devido à sua complexidade e, ao mesmo

tempo, a sua importância na vida das pessoas e da sociedade. Pode-se afirmar que

o relacionamento conjugal se encontra no centro de um emaranhado de relações interdependentes na vida dos cônjuges.

Através de consulta à literatura sobre este tema na Biblioteca

Virtual em Saúde - Psicologia (BVS-PSI), não foram encontrados artigos de

psicologia que tinham como descritor a satisfação conjugal. Porém, na busca

realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) foram encontrados 959 artigos

tendo como descritor o termo satisfação conjugal e apenas uma tese que não estava

relacionada diretamente à satisfação conjugal.

Em relação aos artigos, pôde-se perceber a ligação da

investigação da satisfação conjugal no contexto de estudos sobre relacionamentos amorosos. Os temas associados à satisfação estão relacionados a casamento,

relações interpessoais, terapia conjugal, comportamento dos cônjuges, adaptação

psicológica, identidade de gênero, dupla carreira, qualidade de vida, família, rituais

de passagens, vida financeira e satisfação no emprego.

Desde a década de 80, do século passado, inúmeros estudos

(42)

aparecimento de diversas abordagens no que diz respeito às formas de avaliar e

correlacioná-los (Fletcher, Simpson & Thomas, 2000).

Alguns autores afirmam que um nível de satisfação elevado e

estabilizado está associado à existência prolongada de um relacionamento.

Segundo os pesquisadores Kaslow e Hammerschmidt (1992), no entanto, podem existir casamentos estáveis e não necessariamente satisfatórios, que podem ser

mantidos por diversas razões, tais como: um ou ambos os cônjuges não aceitam o

divórcio (por motivo pessoal ou religioso), medo da mudança e da solidão, sensação

de incapacidade para manter a liberdade e autossuficiência, medo de perder o

patrimônio econômico e social construído e possibilidade de ter uma família e causar

menos ansiedade no dia a dia.

A satisfação com o relacionamento aumenta de acordo com o

envolvimento emocional dos cônjuges, proporcionando maior confiança, abertura

para comunicação e interdependência (Rubin, Hill, Peplau & Dunkel-Schetter,1980;

Hendrick, 1981, Sanderson & Cantor, 1997).

Com pensamento semelhante, Rusbult (1983) acredita que a

satisfação corresponde às recompensas ganhas subtraídas dos custos com a

relação. Desta forma, um cônjuge com baixa exigência, emana mais lucros do que

perdas pessoais, configurando assim a satisfação conjugal. Porém, Fincham e

Badbury (1987) afirmam que a satisfação conjugal é a qualidade de um

(43)

um fator importante na qualidade do relacionamento amoroso, permitindo aos

cônjuges o julgamento de fatores intrínsecos à relação.

Gottman e Silver (2000) procuraram descobrir os fatores que

contribuíam para um bom casamento, acreditando que a satisfação conjugal

fortalece o sistema imunológico dos cônjuges, aumentando a expectativa de vida. Segundo Arriaga (2001) a satisfação do cônjuge com o casamento está envolta

numa avaliação individual dos aspectos positivos do relacionamento. Desta forma,

acredita que a pessoa pode se sentir satisfeita com os produtos consequentes da

relação, ao invés da expectativa de obtenção dos resultados que objetivava.

Outros pesquisadores (Arias & House,1998; Dela Coleta, 1992)

afirmaram que a satisfação conjugal é um fenômeno complexo, influenciado por

diversos fatores, tais como, valores pessoais, comportamento social, envolvimento

sexual, momento do ciclo familiar, presença/ausência de filhos, nível cultural e de

escolaridade, vida financeira e personalidade.

Para Norgren (2002) o nível de satisfação conjugal poderia ser

um regulador importante para o relacionamento. Segundo a autora a satisfação é um

processo no qual ambos os cônjuges sentem as próprias necessidades e desejos

satisfeitos, assim como correspondem, em maior ou menor grau, à expectativa do

outro, definindo um dar e receber recíprocos e espontâneos.

No campo da pesquisa, a autora e demais pesquisadores

(44)

satisfação no casamento estaria correlacionada aos sentimentos de bem-estar,

contentamento, companheirismo, afeição e segurança. Estes elementos atuavam

como facilitadores da aproximação entre os cônjuges, resultante das suas

expectativas e aspirações futuras.

Diversas pesquisas vêm sendo realizadas na busca de entendimento dos fatores determinantes de uma boa satisfação conjugal (Mosmann,

Wagner e Féres-Carneiro, 2006). Os resultados obtidos revelam que o nível de

intimidade, comunicação, excitação física, influência da família de origem, a chegada

de filhos e o comportamento sexual seriam fatores determinantes do nível de

satisfação do casal. (Wagner, 2001; Hernandez, 2003; Bozon, 2003;

Sotto-Mayor,2005).

Vários autores apontam para o impacto da religiosidade sobre

diversos setores da vida, por exemplo, Jablonski (1998) no final da década de 90,

afirmou que a religião era um instrumento eficaz e norteador dos valores familiares.

Ele apontou que as novas gerações experienciariam uma nova religiosidade que valorizaria os princípios pessoais e subjetivos do casal, visto que o papel assumido

pela mulher no século XX impulsionou a mudança de valores, como a liberdade

sexual, com o uso de contraceptivos, e a flexibilização dos casamentos, com

aumento abafado, mas significativo, dos divórcios, por conta das mudanças na

constituição civil.

Em estudo multicultural realizado por Sharlin, Kaslow e

(45)

ser um fator importante para a regulação do nível de satisfação. Parece que a

religião funciona como um suporte e um apoio para que os casais possam assumir o

casamento como um compromisso. Na pesquisa realizada por Norgren (2002), o

mesmo se verificou. A maioria dos casais satisfeitos de sua amostra se declarou

católicos praticantes, retomando o fato de que a religião pode ser uma variável

importante na sustentação da qualidade do relacionamento conjugal.

Para Bozon (2003) o comportamento sexual e o sentimento

amoroso entre os cônjuges são elementos significativos para um bom

relacionamento e consequentemente para uma ótima satisfação conjugal. Porém,

em seu estudo encontrou que tais valores, avaliados como pessoais, estavam sendo colocados ora à margem, ora a favor do casal, de acordo com o princípio religioso e

social vividos pelo casal na sociedade contemporânea, trazendo prejuízos

substanciais aos casais. Percebeu que as doutrinas e regras não eram bem

elaboradas subjetivamente por estes casais que não conseguiam colocar em prática

em seu cotidiano.

Avaliando a Satisfação Conjugal

Na esfera da satisfação existem diversas formas de investigação

e alguns instrumentos de análise são mais difundidos nessa área, como por

exemplo, a escala de satisfação construída por Rusbult (1983) que mede o relacionamento conjugal como um todo de comportamento cujas respostas são no

(46)

A Kansas Marital Satisfaction Scale, é uma escala construída

por Schumm et AL (1986) e composta por três itens no formato likert de 9 pontos,

em que os cônjuges analisam a veracidade de avaliações gerais do relacionamento conjugal e a de satisfação global que faz parte da sub-escala da RelationshipRating

Form (RRF) formulada por Davis (1996) a qual investiga o sucesso, apreciação, estima e reciprocidade do relacionamento do casal, respondida no formato likert de 7

e 9 pontos.

Simpson (1987) também desenvolveu uma escala para

mensurar a satisfação conjugal por meio de 11 itens, no sistema likert de 7 pontos,

analisava atração física, recursos econômicos, habilidade de produzir apoio

emocional, confiança, similaridade de atitudes e valores, compreensão, semelhança

de interesses e atividades, atração sexual, proximidade e outros.

Outra escala de avaliação interessante e mais utilizada internacionalmente e, que foi usada nesta pesquisa, trata-se da Dyadic Adjustmente

Scale (DAS), Escala de Ajustamento Conjugal de Spanier (1976) que possui itens relacionados ao consenso, satisfação, coesão e expressão de afeto (Hunsley, Best,

Lefebvre & Vito, 2001). Para o pesquisador o ajustamento conjugal refletiria os

processos conjugais, a comunicação e os resultados obtidos revelariam o nível de

ajustamento conjugal. Ao contrário das escalas apresentadas anteriormente, a

avaliação é pontual e global, envolvendo aspectos do relacionamento que objetivam

(47)

A DAS foi traduzida para o Brasil e utilizada no estudo de

Norgren (2002), bem como foi objeto de tradução e padronização na tese de

doutorado de Hernandez (2005) mostrando ser um instrumento bastante efetivo para

a pesquisa e mesmo para orientação. Por sua aplicabilidade e por já ter sido objeto

(48)

III. O MOVIMENTO EVANGÉLICO E O CASAMENTO

Os cristãos-evangélicos

O censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE, 2008), revelou que 10,6% na população brasileira professavam a crença neo-pentecostal de um total de 15,6% pessoas que foram classificados

como protestantes. É necessário pontuar que o IBGE considera como protestantes

todos os indivíduos cristãos não pertencentes ao catolicismo. O termo evangélico é

utilizado pelo senso comum para diferenciar os seguidores das correntes

pentecostais e neo-pentecostais das igrejas tradicionais e clássicas.

Segundo Mário Sérgio Cortella (2010, comunicado em palestra):

“O perfil do evangélico baseado nas igrejas neo-pentecostais é o pertencimento às classes C, D e E, migrante que trouxe para a cidade grande, valores que haviam sido deixados na roça, como a figura do demônio, reformatada pelos neo-pentecostais para dentro da igreja (...) o evangélico hoje é alguém que foi católico ou que nasceu na tradição reformada”.

Antes de tentar definir o que são igrejas evangélicas

pentecostais e neo-pentecostais, que foram os participantes desta pesquisa, é

importante compreender as múltiplas facetas do termo ‘evangélico’, nominação dada

aos seguidores das igrejas cristãs evangélicas. Uma pesquisa realizada pela Ellison

Research nos Estados Unidos, baseada na pergunta “o que é um evangélico?”, evidenciou a dificuldade encontrada pelas pessoas para definir este conceito, bem

(49)

não-católicas e, outros, aos que seguem o evangelho pregado por Jesus Cristo de forma

mais moderna e dinâmica, diferenciando-se dos protestantes. Estes últimos, também

conhecidos como tradicionais ou clássicos, congregam as Igrejas: Luterana,

Presbiteriana, Metodista, Batista, Congregacional e Anglicana.

Os evangélicos são referidos como pessoas que participam de um círculo social restrito, sendo críticos em relação a outras religiões não-cristãs

e intransigentes em relação às crenças morais e éticas da sociedade contrárias à

doutrina professada. É importante considerar a particularidade deste termo no Brasil,

pois, por conta da liberdade de expressão e culto e, pelas múltiplas facetas culturais, os evangélicos brasileiros são aqueles seguidores de diversos ramos doutrinários

que se identificam como igrejas evangélicas, mas são produtos de diversos

rompimentos e reestruturações originárias das igrejas categorizadas como

tradicionais (nominadas como igrejas protestantes), pentecostais e neo-pentecostais

(Mariano, 2005). O Quadro 1.0, a seguir, permite visualizar o surgimento dos

(50)

QUADRO 1.0. Desenvolvimento da religião evangélica (traduzido do site -http://cominganarchy.com)

Em nosso país co-existem inúmeras igrejas evangélicas que tem

em comum o fato de se apoiarem na premissa da santíssima trindade, mas que

diferem na interpretação de como alcançar e ter uma vida com Deus.

Do protestantismo ao movimento pentecostal

Para melhor compreensão das diferenças entre as igrejas faz-se

necessário explorar minimamente o histórico do movimento pentecostal decorrente

do protestantismo (Freston,1994).

As igrejas pentecostais são originárias do movimento do pentecostalismo surgido nas igrejas protestantes no século XX, principalmente nos

Estados Unidos e que se alastrou pela América Latina. Os membros de tais igrejas

(51)

pelas línguas de fogo, assim como ocorrido no fenômeno de Pentecostes descrito na

Bíblia, por isso, este movimento recebeu o nome de pentecostalismo.

Segundo relatos históricos descritos por Martin (2000), em

1901, Agnes Ozman afirmou ter recebido o batismo de língua de fogo através de um

culto pastoral realizado por Fox Parham, pastor de origem Metodista e que fundou o instituto Bethel Carles Bible College, em Topeka Kansas. Segundo Parham o

batismo por línguas de fogo era o sinal de que o Espírito Santo estava presente na

vida do cristão.

Em 1906, um aluno de Parham, William Seymour, apregoou este batismo em um evento gospel, O Azusa Street Revival, um festival que sempre

ocorria na cidade de Los Angeles, no Estado da Califórnia. À época, os jornalistas

diziam que se tratava de um evento emocional em que brancos e negros se

misturavam em um ritmo religioso frenético (Herdeson, 2008).

O pentecostalismo é um movimento originário dos Estados Unidos, tendo como suas principais expoentes, norte-americanas, a “Igreja de Deus

em Cristo”, a “Igreja de Deus” e as Assembléias de Deus. No Brasil, as principais

representantes deste movimento, além das Assembléias de Deus, são a Igreja

Pentecostal “Deus é o Amor”, a Igreja do Evangelho Quadrangular e a Igreja

Pentecostal “O Brasil para Cristo”.

A inserção do pentecostalismo no Brasil ocorreu em três

(52)

de implantação das igrejas. A primeira onda se deu no início do século XX, durante a

década de 1910, com a vinda da Congregação Cristã ao Brasil e das Assembléias

de Deus, firmadas no eixo Rio - São Paulo (Mariano, 2005).

Em meados do século XX, diante da fragmentação das igrejas

tradicionais e clássicas, as igrejas pentecostais também sofreram dissidências. As principais igrejas representantes desta cisão são a Igreja do Evangelho

Quadrangular, a Igreja Pentecostal “O Brasil para Cristo” e a Igreja Pentecostal

”Deus é Amor”, estabelecidas no contexto paulista.

Já a terceira onda, considerada como uma fragmentação da

visão pentecostal original, nominada como neo-pentecostal surgiu no final da década

de 70, com destaque para a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja

Internacional da Graça de Deus, a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra e a

Igreja Apostólica Renascer em Cristo.

Os membros das igrejas pentecostais utilizam-se das expressões ‘irmão’ e ‘irmã’ como forma de se diferenciar dos membros das igrejas

neo-pentecostais. Além disso, organizam aqueles que se propõem a realizar a obra

de Deus em cargos distintos, nomeando-os como evangelista, missionário,

reverendo e pastor. Porém, sua organização é representada por uma mesa diretora,

constituída de presidente, vice-presidente, secretários e gerentes. Em relação à

teologia, focam-se mais na busca do batismo pelo Espírito Santo e Seus dons

(53)

prosperidade ora a cura e libertação. Descrevemos a seguir uma síntese das

principais igrejas da corrente pentecostal no Brasil.

As Igrejas Pentecostais

A Assembléia de Deus é uma igreja que preza a ortodoxia doutrinária. A Bíblia atua como a única regra para a vivência espiritual e carnal,

acreditando-se que o batismo no Espírito Santo acarreta inúmeros benefícios aos

que são batizados, tais como: capacidade de testemunhar e servir a todos,

dedicação à obra de Deus e o recebimento de dons espirituais. No Brasil foi fundada

pelo sueco Gunnas Vingren em 1911, em Belém do Pará.

As igrejas são administradas por uma convenção visto que há

diversas igrejas assembleianas que se diferenciam por seus ministérios, tais como

Ministério Belém, Ministério Madureira e Ministério Bom Retiro, sendo assim

nomeadas de acordo com a fundação de cada uma delas.

A Convenção Geral das Assembléia de Deus (CGADB) foi

idealizada em 1930 quando seus fundadores perceberam que a Igreja precisava se

organizar nacionalmente e administrar as doutrinas professadas com ordem e zelo,

sendo inaugurados centros de estudos bíblicos que posteriormente se tornaram

(54)

A Igreja Pentecostal “Deus é Amor” foi fundada por David

Miranda em 1962, por conta de um chamado que este teria recebido de Deus para

fundar a Igreja que atualmente possui mais de 11 mil templos em território brasileiro,

e presença em mais de 136 países. Sua sede nacional fica no bairro do Glicério, em

São Paulo, com um templo com capacidade para 60.000 pessoas.

A Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundada por Aimée Mc

Pherson, em 1921, em Los Angeles, e, passou a ser presidida pelo seu filho, Rolf

McPherson, depois do seu misterioso desaparecimento. Após 44 anos à frente da

igreja, McPherson passou a presidência a John Holland, em 1988, que a assumiu

até o ano de 1997 quando a Igreja foi reorganizada e passou a fazer parte das Igrejas Pentecostais da América do Norte. Entretanto, no Brasil não houve

reestruturação. A Igreja fundada por Harold Willians, filho de Aimée, que se mudou

de Los Angeles para São João da Boa Vista em 1951 dando início aos trabalhos que continuam até o presente momento, mesmo após a sua morte em 2002. A sede

nacional se situa no bairro de Santa Cecília, na cidade de São Paulo.

A Igreja Pentecostal “O Brasil para Cristo” foi fundada por

Manoel Carlos que se converteu à Assembléia de Deus, tendo frequentado também

a Igreja Quadrangular, ajudando em sua expansão. Em 1955, afirmou ter recebido um chamado de Deus para levar o povo brasileiro a um avivamento que chamou

como O Brasil para Cristo, tendo assim fundado a Igreja de acordo com o chamado

Imagem

FIGURA 1.0. Modelo de Coping de acordo com Lazarus & Folkman (1984)
Gráfico 2 .0  – Estado Civil
Gráfico 4 .0  – Condição Física
TABELA 1.0. Tempo de Trabalho versus Sexo (nível de confiança p<0,05)
+7

Referências

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