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O processo de implantação de parques eólicos no nordeste brasileiro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA DA UFBA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

FABIANO STAUT

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS

NO NORDESTE BRASILEIRO

Salvador

2011

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FABIANO STAUT

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO

NORDESTE BRASILEIRO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Juan Pedro Moreno Delgado Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Bagattini Portella

Salvador

2011

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S798 Staut, Fabiano

O Processo de implantação de parques eólicos no nordeste brasileiro / Fabiano Staut. – Salvador, 2011.

164 f. : il. color.

Orientador: Prof. Dr. Juan Pedro Moreno Delgado Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Bagattini Portella

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2011.

1. Energia eólica. 2. Impacto ambiental. 3. Meio ambiente. 3. Educação ambiental - Legislação. 4. Gestão ambiental. I. Delgado, Juan Pedro Moreno. II. Portella, Roberto Bagattini. III. Universidade Federal da Bahia. IV. Título.

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EPÍGRAFE

“Gaia é um invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior incandescente. Começa onde as rochas crustais encontram o magma do interior quente da Terra, uns 160 quilômetros abaixo da superfície, e avançam outros 160 quilômetros para fora através do oceano e ar até a ainda mais quente termosfera, na fronteira com o espaço. Inclui a biosfera e é um sistema fisiológico dinâmico que vem mantendo nosso planeta apto para a vida há mais de 3 bilhões de anos. Chamo Gaia de um sistema fisiológico porque parece dotada do objetivo inconsciente de regular o clima e a química em um estado confortável para a vida”

(LOVELOCK, 2006, p. 27)

"The answer, my friend, is blowin' in the wind...The answer is blowin' in the wind..."

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais: Vagner e Lea Mara pela educação e retidão; minha irmã Gabi pelo incentivo; minha esposa Ellen pelo amor, companheirismo e compreensão, e minhas filhas Sofia e Laura pelos momentos de alegria proporcionados nas coisas mais simples da vida.

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AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

Aos antigos e atuais moradores de Sumidouro e Boa Vista que concederam entrevistas, aos funcionários da empresa DESENVIX (Márcio e Rúbio) e todas as demais pessoas que colaboraram para a realização dessa dissertação.

Meu agradecimento especial ao Prof. Juan pela orientação e ao Prof. Portella pela análise crítica e posterior contribuições. Agradeço também aos demais professores do MEAU principalmente ao Prof. Luizão, ao Prof. Arthur Caldas, ao Prof. Roberto Guimarães, a Profª. Iara e a Profª Ilce.

A Profª Neyde Maria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que participou das bancas de projeto, seminário e dissertação, dando ao trabalho preciosas contribuições sobre climatologia.

Ao professor Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Católica do Salvador (UCSAL) que gentilmente aceitou participar da banca de dissertação, contribuindo com seus conhecimentos sobre o espaço geográfico.

À Turma do MEAU 2009 pela troca de experiências e conhecimento durante as nossas aulas. Em especial aos amigos Ernesto e João Anísio e as amigas Fabíola e Rose pelo apoio e incentivo e também pelos debates altamente enriquecedores diversos grupos de trabalho nas disciplinas cursadas.

Gostaria também de agradecer aos antigos professores da graduação em Ciências Biológicas da UNESP-Assis especialmente as professoras Solange, Verinha, Marin e Alexandra e ao professor Carlos Alberts.

Aos meus amigos bioloucos Sérgio Oba, Grilo, Birigui e Breila pelos momentos de alegria e aprendizado da biologia durante a graduação. Amigos da UNESP de outros cursos (Psicologia, Letras e História) e anos diferentes como: Élitão (amigo e meu “cumpade” de casório), Moisés, Marcelão, Eddy, Fabiana, Fábio, Reinaldo, Nelson, “Schumacher”, Silvinha, Roberta, Larissa, Tati, Marcelo Perrenoud, Maomé, Valdir,Eneida, Go, Mateus...

Amigos também de fora na Universidade, mas que também tiveram um papel muito importante na minha formação como estudante e que nos churrascos nas repúblicas e nas mesas alcoólicas do Ex-Tensão Universitária, acrescentaram conhecimento na escola da vida!!!

Aos meus amigos “Explorers”: José Aurélio, Leonardo e Gustavo Gradiski Neves, Daniel, Guga, Rafa e Vitinho e em especial André Zanoti (amigo-irmão ou seria irmão-amigo?). André (também meu cumpade de casório) to te esperando aqui na Bahia para montarmos uma pimenta “retada”, ok???? Kkkkkkkkkk. Grande abraço meu irmão!!!

Aos amigos de trabalho de ontem e hoje como: Hórus e Martinho (Ampla Terra), Arlinda, Edisiene, Michelle, Joana, Lucas Neiva e Boccanera, e Edson (todos SENAI-CETIND), Mário Alberto (Sócio fundador da Uirapuru), Victor Vieira (atual sócio da Uirapuru), Marcinha e Sil (amigonas do peito)!!!! Angelo Brasileiro (Naturea), Zitos (figuraça!!!!), Susana, (SWT), Maécio, Carlos V. Rios, Ramiro e Pedro (todos ex-SWT). Rafael Valverde (SICM), Ricardo Fraga (Geoklock); Teresa Murici, Leíla Torres, Pepeu, Sildes, Anaílton, Júlio e Rodrigo (todos Casa dos Ventos).

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Dedico também este trabalho a minha família. Mamãe: Minha livre docente preferida!!! Meu espelho maior nesse mundo acadêmico. Exemplo de professora educadora!!!

Ao meu pai pelo ensino da palavra “honestidade” e pelos palavras de incentivo durante o decorrer do curso.

Minha mana Gabi também pelas palavras de força e fé durante esta caminhada!!! Minhas mulheres: Ellen, amor da minha vida. Esposa dedicada e cúmplice do meu esforço. Por muitas vezes teve que compreender a minha necessidade de isolamento para concentrar-me durante o processo criativo!!! Perdoe-me pelos momentos de stress e mau humor!!! “Olha só nosso castelo como já tá grande hein”???

Sofia e Laurinha: meus pequenos amores. Amor incondicional e eterno!!! Por quantas vezes seus sorrisos, abracinhos e beijinhos me fizeram superar todos os obstáculos nesta jornada acadêmica!!! Amo vocês de paixão!!!

Ufa!!! Terminei....

Por fim agradeço ao dom de VIVER!!!

Letra de Frank Sinatra, porém prefiro com ao som de Sex Pistols!!! Let’s Rock!!!!

“My Way

And now the end is near And so I face the final curtain My friend, I'll say it clear

I'll state my case of which I'm certain I've lived a life that's full

I traveled each and every highway And more, much more than this I did it my way

Regrets, I've had a few

But then again, too few to mention I did what I had to do

And saw it through without exemption I've planned each charted course Each careful step along the byway And more, much more than this I did it my way

Yes there were times, I'm sure you knew When I bit off more than I could chew But through it all when there was doubt I ate it up and spit it out

I faced it all and I stood tall And did it my way

I've loved, I've laughed and cried I've had my fill, my share of losing And now as tears subside

I find it all so amusing To think I did all that

And may I say, not in a shy way Oh no, oh no, not me

I did it my way

For what is a man, what has he got? If not himself, than he has naugth To say the things he truly feels And not the words of one who kneels The record shows, I took the blows And did it my way”

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RESUMO

A falta de planejamento integrado dos recursos energéticos e investimentos no setor elétrico brasileiro originou, no ano de 2001, uma crise energética a qual culminou, num episódio denominado de “apagão”. Desde então, o governo tem proporcionado incentivos a investimentos na geração de energia elétrica a partir de fontes alternativas. Atualmente, inúmeras empresas nacionais e multinacionais estão se instalando no país, principalmente na região nordeste, onde estudos técnico-científicos atestam que há o potencial econômico e de condições ambientais favoráveis, para geração de energia elétrica através dos ventos (energia eólica). O objetivo deste trabalho é analisar os impactos ambientais e os aspectos jurídicos do processo de implantação de parques eólicos no nordeste brasileiro, especificamente na Bahia. Têm-se como subsídios empírico e teórico, estudos ambientais de alguns parques eólicos no nordeste do Brasil como o Parque Eólico Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN, Parque Eólico Valparaíso em Ubajara - CE, Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu - BA, levantamento bibliográfico, entrevistas com técnicos-consultores, representantes do governo (órgão ambiental e secretarias) e as comunidades na área de influência direta do Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA. Como produto da comparação das metodologias utilizadas nos diferentes estudos ambientais, identificaram-se os principais critérios e/ou fatores (meio físico, biótico e socioeconômico) considerados na avaliação dos impactos ambientais de parques eólicos no nordeste, sua regulamentação e normas técnicas existentes na legislação nacional. Foram consideradas as particularidades dos seus contextos regulatórios, socioeconômicas e de mercado, além da análise entre os impactos ambientais descritos na literatura com os observados in loco, assim como, as principais divergências. Como principal conclusão identificou-se que os estudos ambientais na forma de um Relatório Ambiental Simplificado – RAS ou como um Estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente - EIA/RIMA, somados à falta de estrutura dos órgãos ambientais estaduais e dificuldades para a regularização das terras para a implantação de parques eólicos, geram alguns conflitos ambientais, sociais e econômicos. Este tipo de energia pode ser considerado uma das energias alternativas que podem ser utilizadas para a mudança do modelo atual de geração de energia utilizada no país, como as hidrelétricas e as termoelétricas, desde que o atual modelo de licenciamento ambiental seja mais participativo desde o início da formulação de um projeto eólico. Como resultado, espera-se contribuir para a construção de um marco regulatório para a energia eólica no Brasil e em especial no estado da Bahia.

PALAVRAS CHAVE: Energia Eólica, Impactos Ambientais; Meio Ambiente,

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ABSTRACT

In 2001, the lack of energetic resources integrated planning and investments in the Brazilian electric sector created an energetic crisis that culminated in an episode called apagão (big black out). Since then, the government has encouraged investments in the generation of electric energy from alternative sources. Currently, innumerous national and multinational companies are being set in the country, mainly in the Northeast region, where technical-scientific studies prove that there is economic potential and favorable environment conditions for the generation of electric energy through wind (eolic energy). The aim of this work is to analyze the environmental impacts and the juridical aspects of the eolic parks implementation process in the Brazilian Northeast, more specifically in Bahia. One has as both empiric and theoretical tools the environmental studies of some eolic parks in the Northeast of Brazil such as Rio do Fogo Eolic Park in Rio do Fogo and Touros – Rio Grande do Norte, Valparaíso Eolic Park in Ubajara – Ceará, Desenvix Eolic Complex in Brotas de Macaúbas – Bahia and Cristal Enel Eolic Complex in Morro do Chapéu – Bahia, bibliography research, interviews with consultant-technicians, government representatives (environmental agency and secretaries) and the communities in the area directly influenced by the Desenvix Eolic Complex in Brotas de Macaúbas – Bahia. As comparison methodologies product used in the different environmental studies, were identified the main criteria and/or factors (physic medium, biotic and socioeconomic) considered in the evaluation of Northeast eolic parks environmental impacts, their regulation and technical standards in the national legislation. Their regulatory context, socioeconomic and market specificities were considered as well as the analysis between the environmental impacts described in literature and the ones observed in loco and their main differences. As main conclusion, it was identified that the environmental studies in the form of a Simplified Environmental Report – SER or as an Environmental Impact Study and respective Environmental Impact Report – EIS/EIR, added to the state environmental agencies lack of structure and difficulties to regularize the land for eolic parks implementation generate some environmental, social and economic conflicts. This kind of energy may be considered one of the alternative energies that might be used for the current energy generation model used in the country, as hydroelectrics and thermoelectrics, since the current environmental licensing model is more participant since an eolic project creation. As a result, one hopes to contribute to the construction of a regulatory mark for the wind energy in Brazil, especially in the state of Bahia.

KEYWORD: Wind Power, Environmental Impact, Environmental, Environmental Law,

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização do Parque Eólico Valparaíso - CE ... 93

Mapa 2 - Localização do Parque Eólico Rio do Fogo - RN ... 107

Mapa 3 - Localização do Complexo Eólico Cristal - BA ... 111

Mapa 4 - Localização do Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA ... 117

LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Roteiro Metodológico ... 26

Figura 2 - Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. ... 49

Figura 3 - Comportamento do vento sob a influência das características do terreno 50 Figura 4 – Evolução da Energia Eólica no mundo ... 52

Figura 5 – Os dez maiores produtores mundiais de energia eólica. ... 53

Figura 7 - Turbina eólica de eixo vertical (TEEVs) ... 54

Figura 8 - Estrutura e funcionamento de um aerogerador ... 56

Figura 9 - Esquema básico de uma turbina eólica. ... 57

Figura 10 – Complementaridade Hidrelétrica/Eólica ... 60

Figura 11 - Atlas Eólico do Brasil, 2001. ... 61

Figura 12 – Potencial Eólico no Nordeste do Brasil, 2001... 62

Figura 13 – Potencial Eólico no estado da Bahia. ... 63

Figura 14 – Participação das fontes de energia elétrica no país ... 64

Figura 15 - Evolução da capacidade instalada nos próximos 10 anos ... 70

Figura 16 - Torre anemométrica com sensores combinados e sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011. ... 74

Figura 17 - Detalhe dos sensores combinados instalados na torre anemométrica, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011... 75

Figura 18 - Sistema eletrônico, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011. ... 76

Figura 19- Croqui de uma torre anemométrica, Sowitec, 2009. ... 77

Figura 20- Resultados das mortes de quirópteros registradas no monitoramento de morcegos do Parque Eólico de Osório – RS (RUI; BARROS, 2008). ... 86

Figura 21 - Imagem PE Valparaíso - CE ... 93

Figura 22 - Imagem Parque Eólico Rio do Fogo - RN ... 109

Figura 23 - Aerogeradores no Parque Eólico Rio do Fogo-RN ... 110

Figura 24 - Imagem do Complexo Eólico Cristal - BA(Cristal, Primavera e São Judas). ... 112

Figura 25- Imagem Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA ... 117

Figura 26 - Comunidade de Sumidouro ... 123

Figura 27 Aerogeradores ainda em instalação no Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas – BA ... 124

Figura 28 - Vista da estrada entre a comunidade de Sumidouro e a comunidade Boa Vista ... 125

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Escala Beaufort baseada em sua velocidade de deslocamento ... 48

Quadro 2- Protocolos assinados em 2009 com o governo da Bahia ... 65

Quadro 3 - Projetos e Potência total - Leilão de reserva 2009 ... 66

Quadro 4 - Resultado do Leilão de reserva 2009... 67

Quadro 5 - Parques em operação no Brasil em 2011 ... 71

Quadro 6 - Parques em construção em 2011 ... 72

Quadro 7 - Panorama para 2013 ... 73

Quadro 8 - Resumo dos fatores ambientais hoje, com e sem a instalação do Complexo Eólico Cristal. ... 113

Quadro 9 - Resumo dos impactos ambientais nos meio físico, biótico e socioeconômico. ... 119

Quadro 10 - Resumo dos impactos ambientais em cada fase do Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas - BA ... 120

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAE Avaliação Ambiental Estratégica

ABEEÓLICA Associação Brasileira de Energia Eólica ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEGE Acompanhamento de Empreendimentos Geradores de Energia

AIA Avaliação de Impactos Ambientais

AIE Agência Internacional de Energia

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

APP Área de Preservação Permanente

AWEA American Wind Energy Association

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CBEE Centro Brasileiro de Energia Eólica

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

CHESF Companhia Hidroelétrica do São Francisco CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COSERN Companhia Energética do Rio Grande do Norte

CRESEB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito

EA Estudos Ambientais

EIA/RIMA Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto do Meio Ambiente ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A

EPE Empresa de Pesquisas Energéticas

EWEA European Wind Energy Association

GWEC Global Wind Energy Council

IEA/CTA (Instituto de Aeronáutica e Espaço/Centro de Tecnologia Aeroespacial) IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

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IDEA Instrumento para Desenvolvimento de Estudos Ambientais

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN IMA Instituto do Meio Ambiente

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos INMET Instituto Nacional de Meteorologia

MAGIA Modelo de Avaliação e Gestão de Impactos Ambientais

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MW Mega Watts

NBR Norma Brasileira

PCHs Pequenas Centrais Hidrelétricas

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

RAS Relatório Ambiental Simplificado

SEAGRI Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

SEMA Secretaria de Meio Ambiente

SEMACE Secretaria de Meio Ambiente do estado do Ceará

SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos SICM Secretaria de Indústria Comércio e Mineração

SIG Sistema de Informações Geográficas

SIN Sistema Interligado Nacional

TR Termo de Referência

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UTE Usina Termelétrica

WWEA World Wind Energy Association

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... xii

1. INTRODUÇÃO ... 15 1.1 Objetivo Geral ... 21 1.2 Objetivos específicos ... 21 1.3 Justificativa ... 22 1.4 Organização da dissertação ... 23 2. METODOLOGIA ... 24 3. MARCO TEÓRICO ... 27

3.1 Avaliação de impactos ambientais (AIA) ... 27

3.2 Geração de energia elétrica e seus principais impactos ambientais ... 38

3.3 A energia eólica ... 45

3.3.1 Processos eólicos e a ação dos ventos ... 45

3.3.2 Histórico e evolução da energia eólica ... 50

3.3.3 Funcionamento de um Parque Eólico ... 53

3.3.4 A energia eólica no Brasil... 58

3.3.5 Etapas do desenvolvimento de um projeto eólico ... 73

3.4 Impactos Ambientais descritos em literatura ... 80

3.5 Legislação ambiental aplicada ao setor elétrico ... 86

3.6 O Licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia ... 90

4. ESTUDOS AMBIENTAIS COMPARATIVOS DE PARQUES EÓLICOS ... 92

4.1 Parque Eólico Valparaíso - CE ... 92

4.2 Parque Eólico de Rio do Fogo - RN ... 106

4.3 Complexo Eólico Cristal-Morro do Chapéu – BA ... 111

4.4 Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas - BA ... 116

4.4.1 A opinião da população da área de influência do parque eólico de Brotas de Macaúbas - BA ... 122

4.5 Síntese dos impactos ambientais: singularidades na Bahia ... 125

5. O PROCESSO DE LICENCIAMENTO: A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS DA BAHIA ... 126

5.1 Empreendedores ... 127

5.2 Consultores ... 127

5.3 Governo ... 128

5.4 Analistas do Órgão ambiental ... 129

5.5 Síntese: a percepção dos especialistas ... 131

6. DISCUSSÃO ... 133

CONCLUSÕES ... 136

REFERÊNCIAS ... 139

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1. INTRODUÇÃO

A energia é a base de tudo que acontece no planeta, desde os aspectos biológicos e fisiológicos inerentes a todos os seres vivos até o funcionamento e o crescimento das sociedades modernas. Ela é necessária para se criar bens com base em recursos naturais e para fornecer muitos dos serviços com os quais tem nos beneficiado e permeiam todos os setores da sociedade – economia, trabalho, ambiente, relações internacionais, assim como nossas próprias vidas – moradia, alimentação, saúde, transporte, lazer e muito mais (HINRICHS & KLEINBACH, 2010). Ainda segundo os autores, a energia é mais bem descrita pelo que ela pode fazer. Não podemos “ver” a energia, apenas seus efeitos; não podemos fazê-la, apenas usá-la e não podemos destruí-la, apenas desperdiçá-la.

Até o século XVI o trabalho realizado pelo homem era baseado na sua força física, na tração animal, na energia hidráulica (rodas d’água) e na energia dos ventos (moinhos). Inicialmente, ao uso de força animal foi acrescida à energia hidráulica, que mais tarde, recebeu os derivados de petróleo e posteriormente, a essa matriz, foi adicionada a energia elétrica (GUENA, 2007).

Com a migração da população rural para as cidades, inicialmente na Inglaterra e posteriormente em toda a Europa, houve um aumento da demanda de alguns produtos de consumo que antes não eram solicitados. A produção destes produtos exigiu um incremento na produção industrial que se iniciava naquele momento.

Entender a energia significa entender os recursos energéticos e suas limitações, bem como as consequências ambientais da sua utilização. Energia, meio ambiente e desenvolvimento estão forte e intimamente conectados (HINRICHS & KLEINBACH, 2010).

Um dos maiores desafios que a ciência enfrenta atualmente é a incapacidade de modelar os diferentes cenários de mudanças que envolvem a relação sociedade-natureza. É importante considerar ainda que a natureza é condição concreta da existência humana. Portanto, a vulnerabilidade do sistema natural deve ser compreendida como o grau de capacidade de ajustamento desde a atuação de variáveis externas, que geram respostas complexas até a conscientização da sociedade. Para apoio à tomada de decisão, lança-se mão de estudos de

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caracterizações ambientais, aliados às suas associações e impactos (positivos e negativos).

Os diversos componentes que constituem a “Natureza”, tão importantes e valorizados, vêm sendo constantemente ameaçados há décadas pelo próprio ser humano nas mais variadas formas de degradação. Muitas empresas que, de alguma forma utilizam-se do meio ambiente natural, através da sua modificação ou exploração, vêm adotando medidas de controle ambiental (monitoramento ambiental), assim como medidas compensatórias objetivando, desse modo, evitar ou mesmo minimizar os impactos causados pelos seus empreendimentos.

O resultado que estas empresas buscam é justamente a melhoria das condições ambientais em nível local e regional, melhorando, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas envolvidas, através do comprometimento público do próprio empreendedor com a conservação do meio ambiente, refletindo, certamente, no estabelecimento de uma conceituação de empresa “ecologicamente correta”.

O homem tem se voltado para a natureza buscando nos seus elementos as alternativas energéticas capazes de fornecer energia para sustentar o seu desenvolvimento. Dessa forma, as formas alternativas de energia eólica e solares provenientes dos recursos naturais estão sendo retomadas. Ainda nos primórdios o homem já utilizava a energia contida nas massas de ar, sobretudo para o armazenamento quando o vento soprava como afirma James Lovelock (2006).

O grau de desenvolvimento de uma nação está diretamente ligado à disponibilidade e ao padrão de consumo de energia que ela exige. Para nações e países desenvolvidos, cujo ritmo de crescimento é acelerado e o padrão de vida da sua população é considerado alto, a disponibilidade de energia para fornecimento, torna-se cada vez mais importante, obrigando-as a viabilizar cada vez mais fontes de energia para seu suprimento, buscando aliar seu desenvolvimento com a preservação ambiental.

Os padrões atuais de produção e consumo de energia está baseada nas fontes fósseis, o que gera emissões de poluentes locais, gases de efeito estufa e põem em risco o suprimento de longo prazo no planeta. É preciso mudar esses padrões estimulando as energias renováveis, e, nesse sentido, o Brasil apresenta uma

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condição bastante favorável em relação ao resto do mundo (GOLDEMBERG & LUCON, 2007).

Com o crescimento populacional mundial avançando em escala geométrica, tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, ditos periféricos, a demanda global por energia avança mesmos patamares de crescimento. Atualmente, vários países vêm investindo na complementação e transformação de seus parques energéticos com a introdução de fontes alternativas de energia, onde as questões ambientais alavancaram em muito estes investimentos, principalmente devido aos impactos causados pelas formas tradicionais de geração de energia. Na utilização de soluções energéticas que agridem em menor escala o meio ambiente tem destaque a energia eólica como uma fonte alternativa de grande importância na elaboração de novos cenários energéticos.

No Brasil e, em especial, nos estados do nordeste brasileiro, a energia eólica tem sido considerada uma das energias alternativas mais viáveis devido as suas características geográficas não apenas na costa destes estados, mas também nas regiões interioranas. A partir desta constatação vários estudos anemométricos (direção e intensidade dos ventos) publicados no país, nos últimos anos, atestam a existência de ventos com velocidades médias altas, pouca variação nas direções e baixa turbulência durante todo o ano, comprovando, dessa forma, a existência de um gigantesco potencial comercial de aproveitamento eólico ainda não explorado. A instalação de uma turbina de 75 kW na ilha de Fernando de Noronha, no ano de 1992, marcou o início do aproveitamento dos recursos eólicos para a geração de energia elétrica no Brasil.

Desde então, com a criação do Programa Nacional de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia – PROINFA (Decreto nº 5.025, de 2004), o governo federal adotou diversas medidas orientadas a aumentar a participação das fontes alternativas renováveis complementares na produção nacional de eletricidade igualmente dividida entre as Tecnologias de Biomassa, Energia Eólica e Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs no Sistema Elétrico Interligado Nacional - SIN.

Os principais benefícios deste programa foram a Geração de 150 mil postos de trabalho diretos e indiretos durante a construção e a operação, sem considerar os de efeito-renda, o investimento de R$ 4 bilhões na indústria nacional de equipamentos e materiais; a complementaridade energética sazonal entre os regimes

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hidrológico/eólico na região nordeste, a redução da emissão 2,5 milhões de toneladas de CO2/ano e os investimentos privados da ordem de R$ 8,6 bilhões (MME, 2010). Como resultado deste programa, 54 centrais eólicas foram instaladas em 8 estados brasileiros com a capacidade de geração de 1.422,92MW. No nordeste, apenas 5 estados foram contemplados com o incremento desta fonte de energia: Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambucano e Paraíba.

O Governo Federal, a partir de 2004 (leis 10.847 e 10.848), definiu um novo marco regulatório para o setor de energia. As novas leis tiveram como principais objetivos estabelecer regras claras para a indústria de energia elétrica, garantir as tarifas mais baixas possíveis para o consumidor e assegurar abastecimento de energia para evitar novos racionamentos. Para atingir estes objetivos, o novo modelo do setor elétrico alterou a forma da compra de energia pelas distribuidoras das geradoras, o mecanismo de repasse do custo desta energia para as tarifas e as regras para licitação de novas usinas. As novas regras também asseguraram a assinatura de contratos de compra de energia de longo prazo para os vencedores dos leilões, servindo como um instrumento eficaz para a obtenção de financiamento e possibilitando a redução do risco do investimento.

A partir deste novo modelo foram criadas a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). A EPE é a responsável pelos estudos do setor energético, incluindo energia elétrica, petróleo, gás natural e fontes alternativas de energia, para subsidiar o MME na execução do planejamento, a CCEE pela administração dos contratos de compra e venda de energia e o CMSE pelo monitoramento das condições de atendimento no curto prazo.

A compra de energia para os consumidores passou a ser feita, exclusivamente, por leilões. As novas usinas de diversas fontes de geração (hidroelétrica, termoelétrica, solar, biomassa e eólica) passaram a ser licitadas pelo critério de menor tarifa e, além disso, os empreendimentos seriam levados a leilão com o licenciamento ambiental aprovado, evitando atraso de obras e garantindo a segurança no abastecimento. As distribuidoras passaram a ser obrigadas a comprar toda a sua energia em leilões pelo critério do menor preço. Foram instituídos três tipos de leilões:

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• A5 - leilão de energia para entrega cinco anos após o contrato. São leilões de energia de novos empreendimentos de geração

• A3 - leilão de energia para entrega três anos após o contrato. Também são leilões de novos empreendimentos.

• A1 - leilão de energia para entrega no ano seguinte. São leilões de energia de usinas existentes.

Como uma das exigências para a participação nos leilões é a licença ambiental, na forma de licença prévia (LP) ou licença de localização (LL). Inúmeros problemas surgiram, principalmente nos estados do nordeste, pois inicialmente, os locais identificados com maior potencial para a geração de energia eólica eram os localizados no litoral. Diversos parques eólicos, principalmente nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte foram licenciados e implantados nessas regiões. Grande parte deles foi implantada em Áreas de Preservação Permanente (APP), principalmente em dunas, causando assim impactos ambientais aos ecossistemas a elas associados e dificultando o trânsito de comunidades locais aos acessos existentes.

O Ministério Público (MP) moveu várias ações coletivas questionando os estudos ambientais realizados e as respectivas licenças concedidas pelos órgãos ambientais estaduais. Estas licenças foram obtidas em grande parte através da realização de um Relatório Ambiental Simplificado - RAS (resolução CONAMA 279/01) ao invés de serem realizados na forma de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - EIA/RIMA (resolução CONAMA 01/86). Desta forma, os estudos foram realizados de uma forma mais simplificada, de modo a se conseguir a licença ambiental a tempo de participar dos leilões de energia.

Além da licença ambiental, os contratos de arrendamento e compra de propriedades também são exigidos, porém, nos estados com potencial eólico litorâneo, estes foram mais fáceis de conseguir. As áreas identificadas para a implantação dos parques eólicos, nesses estados, tinham a documentação, em dia, devido à localização propícia ao desenvolvimento do turismo e à pressão do setor imobiliário.

No estado da Bahia, as regiões identificadas com maior potencial para geração de energia eólica encontram-se no interior, mais especificamente nas áreas

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elevadas das Chapadas. Estas áreas também se encontram em APP, porém com uma diferença em relação aos demais estados: são áreas que até pouco tempo atrás, ou seja, antes do descobrimento do seu potencial eólico, não tinham valor imobiliário algum. São áreas localizadas em topo de morros e montanhas onde não há água para utilização em algum tipo de plantação, seja de subsistência ou em escalas maiores. Possuem elevados índices de endemismos de espécies da fauna e flora constatadas em estudos acadêmicos de diversas universidades brasileiras, apesar da necessidade da realização de novos estudos contemplando um maior número de grupos taxonômicos.

A partir do ano de 2008, várias empresas nacionais e estrangeiras sabendo deste alto potencial eólico da Bahia, começaram a realizar, com recursos próprios, as medições anemométricas em diversas regiões no estado. Atestando este potencial, contratos de arrendamento de terra para futuras instalações de parques eólicos foram sendo firmados entre os proprietários e essas empresas. Contratos estes que, além dos valores monetários elevados, que, a depender da política de cada empresa, pode começar a vigorar a partir da instalação de uma torre anemométrica ou apenas quando e se for realmente instalado um parque eólico na referida propriedade.

A disputa pela terra passou a ser um fator estratégico para as empresas, pois, com os contratos de arrendamentos ou a aquisição de propriedades com o potencial eólico atestado pelas torres, elas teriam assegurado um uso futuro seja para a instalação dos próprios parques eólicos, ou apenas para especulação imobiliária, tornando-as grandes proprietárias de terras. Unidades de Conservação (UCs) de uso restrito ou não, como áreas de proteção ambiental (APAs), Parques Estaduais, Nacionais, refúgios da vida silvestre, etc. foram também sendo objeto de estudo para estas empresas, já que nestas UCs ainda vivem inúmeras comunidades que possuem documentação legal ou não e que ainda não foram indenizadas pelo estado pela criação das mesmas.

A questão fundiária atrelada às questões ambientais, sociais e econômicas e ao fato do Estado na competência de seu órgão estadual, o Instituto de Meio Ambiente da Bahia – INEMA não ter uma estrutura humana e a aparelhagem técnica suficiente para atender à demanda crescente para o licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos, faz com que muitas licenças sejam liberadas sem o rigor

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técnico apropriado com extrema rapidez e sem análise técnica devida, contemplando todas as variáveis ambientais, sociais, econômicas e de estrutura fundiária.

Somado a isto, o fator tempo também deve ser considerado, pois os leilões de energia promovidos pela EPE são realizados semestralmente. Dentro os documentos exigidos para a participação no leilão estão à licença ambiental (Licença Prévia – LL ou Licença de Localização LL). Estabelece-se então uma incompatibilidade de cronogramas entre os órgãos ambientais estaduais e a EPE.

Mesmo que os estudos sejam apresentados na forma de RAS, EIA/RIMA ou até mesmo outra modalidade, os mesmos possuem limitações naturais, pois não têm uma análise profunda em relação às alternativas tecnológicas e de localização, de se levar em conta, satisfatoriamente, os impactos cumulativos e os impactos indiretos que são inerentes a esta forma de avaliação de impacto ambiental. As avaliações de projetos são feitas de uma forma individual e frequentemente geram desconfortos às comunidades próximas a estes projetos, reforçando assim a ideia de que as decisões são tomadas, anteriormente, ou decorrem da mera continuidade de políticas já estabelecidas elaboradas pelo governo ou pelo setor privado sem levar em consideração a opinião das mesmas.

1.1 Objetivo Geral

A proposta desta dissertação é analisar o processo de implantação de parques eólicos no nordeste do Brasil.

1.2 Objetivos específicos

• Comparar os impactos ambientais de diferentes parques eólicos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia na fase de sua implantação;

• Contextualizar a inserção da energia eólica na matriz energética brasileira, visando contribuir para seu marco regulatório;

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1.3 Justificativa

Diante de um cenário mundial em que as constantes mudanças climáticas estão ocasionando verdadeiras catástrofes “naturais” e que especialistas atribuem como o principal fator a utilização de combustíveis fósseis, a busca por fontes alternativas que não emitam gases poluentes, como CO2 e CH4, já são uma

realidade presente em muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Em relação a outros países, o Brasil destaca-se por ter a sua matriz energética baseada em energias renováveis principalmente pelo elevado número de hidrelétricas instaladas no país, fato este facilmente explicado por dispor da maior bacia hidrográfica do mundo. Características físicas e geográficas foram determinantes para a consolidação deste modelo. As primeiras hidrelétricas no Brasil começaram a ser construídas ainda no final do século XIX e consolidaram sua participação no mercado de energia ao longo do século XX. Junto com elas surgiram vários conflitos pela geração de impactos econômicos, sociais e ambientais, além da constatação, através de estudos científicos, da emissão de gases poluentes e contribuintes do fenômeno “efeito estufa”. Este tipo de energia considerada, até pouco tempo atrás, com o conceito de “energia limpa”, ou seja, aquela que não libera (ou libera poucos) gases ou resíduos que contribuem para o aquecimento global, em sua produção ou consumo, já está sendo revista e retificada.

Esta dissertação justifica-se pelo crescente interesse governamental e de grupos econômicos nacionais e estrangeiros em desenvolver e implantar projetos eólicos na região nordeste do Brasil, principalmente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e, especificamente, no estado da Bahia. Como este tipo de energia atualmente é considerado como uma das energias limpas e mais viáveis sob o ponto de vista da sustentabilidade, onde a tríade econômica, social e ambiental se equilibram em todos os aspectos, faz-se necessário uma reflexão sobre esta realidade já que existem poucos estudos deste tipo no país. A implantação da energia eólica realmente segue os preceitos da sustentabilidade? Os aspectos econômicos, sociais e ambientais estão sendo discutidos e respeitados durante o processo de implantação? O atual modelo de contratação pelo governo deste tipo de energia é funcional? Estas e outras indagações serão analisadas e discutidas neste trabalho.

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1.4 Organização da dissertação

Esta dissertação está organizada em 5 capítulos, as referências bibliográficas e os anexos ao final, conforme sucintamente se descreve a seguir.

O Capítulo 1 é uma breve introdução que aborda a importância da energia no mundo e no Brasil, sua evolução e as alternativas energéticas disponíveis e utilizadas atualmente. Ainda neste capítulo são apresentados os objetivos gerais e específicos e a sua justificativa.

No Capítulo 2 é apresentada a metodologia utilizada para atingir os objetivos propostos no Capítulo 1. O marco teórico deste trabalho é apresentado no Capítulo

3, com as subdivisões nas diversas formas de geração de energia elétrica e seus

principais impactos ambientais, e em especial, como foco principal, a energia eólica, descrevendo como se formam os ventos, o funcionamento de um parque eólico, o histórico e a evolução desta tecnologia no mundo. Discute-se também o panorama eólico brasileiro, as etapas de desenvolvimento de um projeto eólico e os impactos descritos na literatura. Ainda neste capítulo são apresentados os conceitos de impacto ambiental e sua avaliação, a legislação ambiental federal, estadual (Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia) e, particularmente, o processo de licenciamento ambiental no estado da Bahia.

No Capítulo 4 estão apresentados os estudos ambientais de parques eólicos no nordeste, como o Parque Eólico Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN, o Parque Eólico Valparaíso em Ubajara – CE, o Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu - BA. Ainda neste capítulo, é apresentada uma síntese dos impactos ambientais de empreendimentos eólicos no estado da Bahia tendo como base as normas legais de licenciamento e as entrevistas com a população que vive na área de influência do Complexo Eólico da Desenvix em Brotas de Macaúbas – BA, já que este é o primeiro Parque Eólico do estado a ser implantado e a entrar em funcionamento ainda no ano de 2011.

Já no Capítulo 5, está o resultado da opinião dos especialistas (empreendedores, consultores ambientais, funcionários do Governo e técnicos do órgão ambiental – INEMA) em relação aos impactos positivos e negativos durante a etapa de implantação de parques eólicos. A discussão, assim como as conclusões

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sobre a operação de parques eólicos no estado da Bahia é apresentada no Capítulo

6. As referências para esta dissertação estão contidas nos anexos, bem como os

demais documentos e fotos.

2. METODOLOGIA

A metodologia pode ser definida como a descrição, análise e avaliação crítica dos métodos de investigação, sendo necessário distinguir dentro da mesma, a técnica e o método. O método é um procedimento ou conjunto de procedimentos, que servem de instrumento para alcançar os fins da investigação, enquanto que as técnicas são meios auxiliares que concorrem para a mesma finalidade.

Em relação ao significado de “método”, os autores mais citados nas teses e dissertações analisadas convergem para o entendimento de que ele seria o caminho para se chegar a determinado fim. Assim, a palavra “caminho” pode ser encontrada nas definições de Richardson (2008), Gil (2007) e Marconi & Lakatos (2007):

[...] método vem do grego méthodos (meta = além de, após de + ódos = caminho).

Portanto, seguindo a sua origem, método é o caminho ou a maneira para chegar a determinado fim ou objetivo. (RICHARDSON, 2008, p. 22).

[...] pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento (GIL, 2007, p. 26).

[...] método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia permite alcançar o objetivo — conhecimentos válidos verdadeiros —, traçando o caminho a ser seguido detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI & LAKATOS, 2007, p. 83).

(Grifo nosso).

Para cumprir os objetivos deste trabalho foi realizada a análise bibliográfica dos principais impactos descritos em teoria e uma análise dos relatórios/estudos ambientais dos Parques Eólicos: Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN, Valparaíso em Ubajara - CE, Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu – BA. Sob o ponto de vista da sustentabilidade foi analisado o processo de implantação de parques eólicos no

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nordeste brasileiro, em especial no estado da Bahia, visando contribuir para seu marco regulatório.

Uma das técnicas utilizadas foi o envio de um questionário para os especialistas (consultores, empreendedores, técnicos do INEMA e funcionários do governo). Já em relação ao Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas – BA foram realizadas entrevistas com funcionários da empresa e lideranças locais nas comunidades diretamente afetadas pela obra com objetivo de comparar os impactos descritos na literatura com a realidade encontrada nos licenciamentos ambientais.

Somado a estas técnicas, foram elencadas a legislação aplicada para o licenciamento de parques eólicos nos estado do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia, além das metodologias usualmente utilizadas para a avaliação de impactos ambientais em empreendimentos desta natureza.

A partir do cruzamento destas técnicas de entrevistas e a aplicação do questionário com especialistas, pode-se chegar a uma síntese com a realidade encontrada atualmente no licenciamento ambiental nos estados no nordeste e em especial no estado da Bahia. Ao final da dissertação são apresentadas algumas discussões e conclusões sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos, procurando enfatizar os aspectos ambientais, sociais, econômicos e normativos. A figura 1 exemplifica na forma de fluxograma o roteiro metodológico.

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3. MARCO TEÓRICO

3.1 Avaliação de impactos ambientais (AIA)

A AIA se dá a partir dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e ou modalidades de estudos ambientais requeridas pelos órgãos ambientas estaduais e até municipais no caso do licenciamento ser de responsabilidade do município. Estes estudos integram um conjunto de atividades técnicas e científicas que incluem o diagnóstico ambiental, a fim de identificar, prevenir, medir e interpretar, quando possível, os impactos ambientais.

Para Pimentel (1992), a AIA não é um instrumento de decisão, mas sim, de fornecimento de subsídios para o processo de tomada de decisão. Seu propósito é suprir informações por meio do exame sistemático das atividades do projeto. Isto permite maximizar os benefícios, considerando os fatores saúde, bem-estar humano e meio ambiente, elementos dinâmicos no estudo para avaliação.

A AIA é, assim, um componente integrado no desenvolvimento de projeto e parte do processo de decisão, proporcionando retroalimentação contínua entre conclusões e concepção da proposta (VERDUM, 1992). A este respeito, Barbieri (2004), ao discorrer sobre esse tipo de avaliação na legislação brasileira, retoma a definição da AIA de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e afirma que problemas, conflitos e agressões ao meio ambiente devem ser vistos sob os seguintes pontos: danos à população, a empreendimentos vizinhos e ao meio físico e biológico, de tal forma que se garanta o tratamento dos efluentes em seu estágio preliminar de planejamento do projeto.

O autor Baasch (1995), em estudo sobre AIA, a concebe como instrumento de política ambiental capaz de tornar viável o desenvolvimento em harmonia com o uso dos recursos naturais e econômicos. Portanto, pode ser vista como ciência e arte, ao refletir as preocupações com aspectos técnicos que fornecem subsídios à tomada de decisão, considerando as vantagens e desvantagens de uma proposta em sua dimensão econômica, social e ecológica.

Os métodos utilizados numa AIA envolvem, além da inter e

multidisciplinaridade exigida pelo tema, as questões de subjetividade, os parâmetros que permitam quantificação e os itens qualitativos e quantitativos. Desta forma, é

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possível observar a magnitude de importância destes parâmetros e a probabilidade dos impactos ocorrerem, a fim de se obter dados que aproximem o estudo de conclusão mais realística.

Em termos de Brasil, segundo Verdum (1992), a AIA surge por exigência de órgãos financiadores internacionais, sendo, posteriormente, incorporada como instrumento da política nacional do meio ambiente, no início da década de 80. A sua legislação fundamenta-se nas leis dos Estados Unidos da América (EUA), primeiro país a exigi-la para projetos, programas e atividades do Governo, isto já ao final dos anos 60, como recurso de planejamento para prevenir impactos ao meio ambiente.

A aplicação prática da legislação da AIA, no Brasil, prioriza o licenciamento de projetos, à semelhança da abordagem francesa, surgida nos meados dos anos 70. Em outras palavras, a legislação brasileira vincula a utilização da AIA aos sistemas de licenciamento de órgãos estaduais de controle ambiental para atividades poluidoras ou mitigadoras do meio ambiente, em três versões a serem requeridas pelos responsáveis dos empreendimentos, a saber: Licença Prévia (LP) - é utilizada na fase preliminar do projeto, contendo requisitos básicos para localização, instalação e operação, observando-se os planos municipais, estaduais e federais de uso do solo; Licença de Instalação (LI) - autoriza o início da implantação, de acordo com as especificações constantes no projeto executivo aprovado; Licença de Operação (LO) - autoriza, após verificação, o início das atividades licenciadas e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição.

Nos EIA e RIMAs, que dão origem à AIA para os licenciamentos exigidos pela resolução 001/86, três setores são estudados e enfocados por equipes multidisciplinares, objetivando obter o cenário daquele momento, a fim de que se possa construir um programa que controle o uso múltiplo dos recursos naturais envolvidos. São eles: Meio Físico – estuda a climatologia, qualidade do ar, o ruído, a geologia, a geomorfologia, os recursos hídricos (hidrologia, hidrologia superficial, oceanografia física, qualidade das águas, uso da água), e o solo; Meio Biótico - estuda os ecossistemas terrestre, aquático e de transição; Meio Antrópico - estuda a dinâmica populacional, o uso e a ocupação do solo, o nível de vida, a estrutura produtiva e de serviço e a organização social. Isto é, a AIA recorre a métodos e técnicas estruturados para coletar, analisar, comparar e organizar dados e informações sobre impactos ambientais nesses três setores.

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Ainda de acordo com a Resolução CONAMA 001/86, para a AIA deverão ser considerados:

“II - análises dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão de magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais;”

Por ser uma fonte de energia com impactos reduzidos ao meio ambiente, os estudos de impacto ambiental são bem simplificados e mais rápidos, que os requeridos por fontes tradicionais de geração de energia elétrica. Estes estudos compõem o chamado Relatório Ambiental Simplificado – RAS, utilizado para a obtenção da Licença de Localização junto ao órgão ambiental competente. Esta Licença Ambiental é um dos documentos requeridos pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE na etapa de Habilitação Técnica para participação nos leilões de contratação de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, de acordo com a Portaria MME nº 21/2008. A Resolução CONAMA 279/01 estabelece em seu artigo 1º os procedimentos para elaboração do RAS:

[...] procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resolução, aplicam-se, em qualquer nível de competência,

ao licenciamento ambiental simplificado de

empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos:

I - Usinas hidrelétricas e sistemas associados; II - Usinas termelétricas e sistemas associados;

III - Sistemas de transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações).

IV - Usinas Eólicas e outras fontes alternativas de energia.

Parágrafo único. Para fins de aplicação desta Resolução, os sistemas associados serão analisados conjuntamente aos empreendimentos principais.

Licenciamento ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente verifica a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados efetivos ou potencialmente poluidores, ou que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. (Resolução CONAMA 237/97) O artigo 12, § 1º desta

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Resolução estabelece a prerrogativa do órgão licenciador definir a natureza do estudo ambiental requerido para o licenciamento, podendo estabelecer um procedimento de Licenciamento Ambiental Simplificado, com base na constatação de que os fatores ambientais afetados não são considerados os mais importantes, todos os impactos prováveis são facilmente identificados, analisados e de pequena magnitude, as medidas mitigadoras são de eficiência comprovada e o programa de monitoramento ser de fácil estabelecimento e execução.

• A resolução CONAMA nº 001/1986 define impacto ambiental como: [...] considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, art. 1º, 1986)

Como alerta SÁNCHES (2007), este conceito legal tem uma limitação, porque considera como impacto apenas aqueles gerados por poluição e, paradoxalmente a definição legal de poluição1 define melhor impacto ambiental (com a ressalva de que se limita apenas a impacto negativo). No entanto, mesmo com tal limitação, a norma assume “impacto” como qualquer alteração seja ele negativo ou positivo sobre as múltiplas dimensões do meio ambiente, conceito este também claramente estabelecido na Lei 6.938 (Política Nacional do Meio Ambiente), e que vai além dos aspectos físico-ecológicos. Portanto uma análise de impactos ambientais não deve se limitar aos efeitos deletérios como também aos efeitos positivos sobre o meio ambiente, conceito este aqui considerado no seu sentido mais amplo.

Portanto, deve-se considerar que impacto ambiental é um conceito mais abrangente que poluição, podendo ser positivo ou negativo e não tem a poluição

1

Conceito de Poluição de acordo com a Lei Federal 6938 de 31 de agosto de 1981(Política Nacional do Meio Ambiente): A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: Prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar da população; Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; Afetem às condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

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como causa. Neste estudo de caso pode-se perceber claramente que os impactos ambientais não estão relacionados à poluição, pois a geração de energia elétrica através da energia eólica não é poluente. A metodologia utilizada para ponderar os impactos previstos, envolveu parâmetros tais como: importância/magnitude/efeito, extensão, periodicidade, natureza, duração, reversibilidade, caráter e possibilidade de ocorrência.

Técnicas e Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)

A partir da promulgação do National Environmental Policy Act (NEPA), de 1969, institui-se, formalmente, nos EUA, o processo de AIA. Desde então, se dá o início de desenvolvimento de métodos e técnicas, a fim de sistematizar as análises efetivadas, utilizando, algumas vezes, técnicas de outras áreas do conhecimento. Embora a maioria dos trabalhos de análise de impacto ambiental tenha sido elaborada nesse país, o interesse pela temática se expandiu tanto nos países industrializados quanto nos países em desenvolvimento (COSTA et al, 2005).

As linhas metodológicas de avaliação são mecanismos estruturados para comparar, organizar e analisar informações sobre impactos ambientais de uma proposta, incluindo os meios de apresentação escrita e visual dessas informações. No entanto, face à diversidade de métodos de AIA, muitos dos quais incompatíveis com as condições socioeconômicas e políticas do Brasil, é necessário seleção criteriosa e adaptações, para que sejam realmente úteis na tomada de decisão dos projetos. Fica, então, a critério de cada equipe técnica a escolha do(s) método(s) mais adequado(s) ou parte(s) dele(s), segundo as atividades previstas (COSTA et al, 2005).

A aplicação de determinada linha metodológica demanda de um razoável domínio dos conceitos subjacentes; uma compreensão detalhada do projeto analisado e de todos os seus componentes e um razoável entendimento da dinâmica socioambiental do local ou região potencialmente afetada (SÁNCHES, 2007).

Dentre as opções, destacam-se estas linhas metodológicas para a avaliação de impactos ambientais: Métodos espontâneas (Ad hoc), Listagens (Check-list), Matrizes de interações, Redes de interações (Networks), Métodos quantitativas,

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Modelos de simulação, Mapas de superposição (Overlays) e Projeção de cenários. A seguir, estão descritos os principais métodos de AIA e conforme descrito por Costa et al (2005).

Métodos Ad hoc

Alguns autores consideram os métodos ad hoc também como uma categoria de método de AIA, porém com as legislações ambientais regulamentando os estudos de impactos ambientais vigentes na maioria dos países ocidentais, esse método ou abordagem dificilmente seria aceito pelas respectivas autoridades ambientais em um estudo de impacto ambiental (EIA), pois na verdade é considerada uma etapa dos processos de avaliação, mas não como o método absoluto desses processos. Este método propicia uma orientação mínima para avaliação de impactos de forma qualitativa, destacando-se as áreas ou setores passíveis de serem impactados, ao invés de definir parâmetros específicos a serem investigados.

Normalmente o conhecimento empírico de experts2 do assunto e/ou da área em questão é utilizado através de brainstorm e a AIA é apresentada de forma simples, objetiva e de maneira dissertativa. São adequadas para casos com escassez de dados, fornecendo orientação para outras avaliações. Apresentam como vantagem uma estimativa rápida da evolução de impactos de forma organizada, facilmente compreensível pelo público. Porém, não realizam um exame mais detalhado das intervenções e variáveis ambientais envolvidas, geralmente considerando-as de forma bastante subjetiva, qualitativa e pouco quantitativa. Em algumas aplicações desse método, pessoas consideradas não especialistas, mas de alguma forma envolvidas com o projeto, como por exemplo, moradores da área de influência, fazem parte da AIA.

Método de Listagens (Check-list)

Esse método apresenta uma lista específica de parâmetros ambientais passíveis de serem impactados por um determinado empreendimento, e, por

2

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conseguinte, merecedores de alguma forma de investigação. Elas ainda podem ser subdivididas em quatro grupos:

• Simples: tem os fatores ambientais e seus indicadores listados e verificados qualitativamente. Os fatores ambientais são listados e verificados de acordo com as fases do projeto. Ressalta-se a forma singela e pouco informativa apresentada por esse método, em termos de avaliação de impacto;

• Descritivas: as listas de verificação descritivas apresentam o elenco dos parâmetros ambientais, assim como alguma forma de orientação para a análise dos impactos. Essa abordagem mais se assemelha a um documento instrutivo do órgão ambiental para o agente executor do estudo do que propriamente a um método de AIA;

• Escalares (qualitativos): listas de verificação deste tipo possibilitam meios de atribuição de valores numéricos para cada um dos fatores ambientais o que permite certa hierarquização destes, embora mais baseada na opinião de especialistas do que em uma ponderação mais realista. Nesse caso, comparações podem ser feitas entre alternativas tecnológicas ou locacionais, ou mesmo entre projetos, desde que os parâmetros utilizados estejam padronizados. Contudo, sua confiabilidade é bastante restrita.

• Escalares ponderadas: componentes quali/quantitativos incorporam, às listas escalares, o grau de importância de cada impacto, para a ponderação de um valor de magnitude para cada processo impactante sob análise. As aplicações mais bem sucedidas destes métodos referem-se aos projetos de uso de recursos hídricos, notadamente o Environmental Evaluation System, de Dee e co-autores (1973). Apesar de apresentar algumas vantagens, esse método não estabelece as relações de causa e efeito entre as ações do projeto e seus impactos como também não congregam técnicas de previsão dos impactos, limitando sua aplicação. Além disso, pode torna-se vulnerável pela ponderação efetuada a priori.

Este método apresenta deficiências na agregação de impactos de naturezas diferentes. Este fato faz com que se percam as informações sobre os danos e os benefícios, sendo que os resultados finais mascaram as vantagens e as desvantagens do projeto e de suas alternativas. Este método também não é capaz

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de lidar com a distribuição temporal dos impactos e com a geração de impactos indiretos. Na visão de Moreira (1992), esse método ainda é falho na interação dos impactos, e, por conseguinte a adoção de medidas mitigadoras deixa de ser contempladas. Essas listas, em alguns casos, são mais úteis para os órgãos ambientais prepararem termos de referência do que para serem empregadas como métodos de avaliação.

Matrizes de Interação

As matrizes de interação, por sua vez são largamente utilizadas na etapa de identificação dos impactos, funcionando como listas de verificação bidimensionais, dispondo, no eixo vertical, as ações de implantação do projeto, e no eixo horizontal, os fatores ambientais passíveis de serem impactados. Esse procedimento permite assinalar nas quadrículas correspondentes às interseções das linhas e colunas, os impactos de cada ação sobre os componentes por ela modificados. Uma vez completada a matriz, o elenco de impactos gerados pelo empreendimento é avaliado e as ações que provocam maior número de impactos são destacadas e trabalhadas no sentido de serem substituídas por alternativas menos impactantes.

O método matricial mais conhecido é a matriz de Leopold, desenvolvida pelo

United States Geological Survey - USGS. Esse método apresenta o cruzamento de

100 ações sobre 88 componentes ambientais, resultando um conjunto de 8.800 células de interseção. A descrição dessas interações é feita a partir dos atributos de magnitude e importância. A magnitude mede a intensidade do impacto, enquanto a importância mede a relevância do impacto e do fator ambiental afetado, frente aos outros impactos e às características ambientais da área em questão.

Cada célula representando um possível impacto é marcada com um traço em diagonal. Na parte superior da diagonal registra-se o valor da magnitude, usando uma escala de 1 (menor magnitude) a 10 (maior magnitude), além de identificar se o impacto é positivo ou negativo. Na parte inferior, registra-se o valor da importância do impacto. Os impactos podem ser agregados, ou por linha ou por coluna, ou ainda pela soma algébrica dos produtos dos valores de magnitude e importância de cada um. E assim é montada uma matriz para cada alternativa de projeto e elaborado um texto discutindo os resultados.

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Essas matrizes apenas identificam os impactos diretos, não considerando os aspectos temporais e espaciais de cada um. Para suprir essa deficiência foram desenvolvidos outros tipos de matrizes de interação que cruzam os fatores ambientais entre si, introduzem símbolos ou utilizam técnicas de operação para ampliar a abrangência dos resultados (MOREIRA, 1992).

Essas matrizes têm aplicação com eficiência na identificação dos impactos diretos, sendo, porém bastante limitadas para utilização como método de AIA, isoladamente. Além dos problemas de subjetividade de julgamento sobre os valores dos impactos, as matrizes de interação não atendem à maioria das tarefas necessárias ao desenvolvimento de um estudo de impacto ambiental.

Superposição de Cartas - Overlays

Esse método é baseado em um conjunto de mapas temáticos envolvendo os meios físico, biótico e antrópico, da área de influência do empreendimento. Ele herda algumas características das Cartas Ecodinâmicas de Tricart, que se fundamenta nas restrições impostas pela dinâmica dos sistemas ambientais para a determinação de um zoneamento territorial, de modo a evitar a degradação de recursos naturais.

De uma maneira geral, esse método consiste na preparação de um conjunto de cartas na mesma e escala e projeção geográfica, da área de influência do empreendimento, representando individualmente componentes ambientais, tais como uso de solo, cobertura vegetal, rede drenagem, dentre outros, além da planta do empreendimento, contento os limites de todas as suas instalações. Utilizando um critério de classificação, as áreas menos restritivas ou mais aptas ao desenvolvimento do empreendimento em questão e as mais restritivas ou de todo inaptas são assinaladas, empregando cores que possam produzir um gradiente entre elas. Do mosaico resultante estariam evidenciadas algumas categorias principais, desde as menos restritivas, as mais restritivas, também considerando as intermediárias.

Esse método aplica-se muito bem a estudos ambientais de empreendimentos com características lineares como estradas, linhas de transmissão e oleodutos. Entretanto, apresenta algumas restrições básicas, como sérias limitações na

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