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Etapas do desenvolvimento de um projeto eólico

Mapa 4 Localização do Complexo Eólico Brotas de Macaúbas BA

1. INTRODUÇÃO

3.3 A energia eólica

3.3.5 Etapas do desenvolvimento de um projeto eólico

A seguir, são apresentadas as etapas do desenvolvimento de um projeto eólico:

Instalação de torres anemométricas

A avaliação precisa do potencial de vento de uma região é o primeiro e fundamental passo para o aproveitamento do recurso eólico como fonte de energia.. Para isso, faz-se necessário a instalação de torres anemométricas durante o período de três anos. Esta atividade de pesquisa é dispensada de licenciamento ambiental por não causar impactos ambientais de acordo com a. Resolução nº 4.180, de 29 de abril de 2011.

A torre anemométrica tem geralmente de 80 a 100 metros de altura, sua instalação é feita em uma base de concreto, ancoragem geralmente é feita por cabos de aço estaiados em uma área de 20m X 20m. Possuem medidores de temperatura, anemômetros, barômetros, sensores de direção dos ventos e um

sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados. A seguir pode-se observar as torres anemométricas e seus componentes nas figuras 16, 17, 18 e 19.

Figura 15 - Torre anemométrica com sensores combinados8 e sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.

8

Sensores combinados: Apresentam no mesmo sensor o anemômetro de copo e a pá para medição da velocidade e direção do vento respectivamente

Sensores combinados

Figura 16 - Detalhe dos sensores combinados instalados na torre anemométrica, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.

Figura 17 - Sistema eletrônico, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.

A instalação de torres de medição de ventos, assim como a realização de sondagens geotécnicas referentes à instalação dos parques eólicos, é dispensada de licenciamento ambiental, devendo ser objeto de prévia comunicação ao órgão ambiental, acompanhada de memorial descritivo, sucinto, com localização georreferenciada em planta com levantamento planialtimétrico, indicando, quando couber, a que empreendimento se refere. As prefeituras devem ser consultadas acerca da legislação aplicável sobre uso e ocupação do solo como devem fornecer a autorização para a implantação das torres anemométricas, condicionada à autorização dos proprietários das respectivas propriedades.

Figura 18- Croqui de uma torre anemométrica, Sowitec, 2009.

Aquisição ou arrendamento das propriedades

Inicialmente, após identificar a área de interesse para o projeto eólico, adota-se procedimento de procurar o proprietário para apresentação do projeto, e as condições de arrendamento. Na apresentação, são estabelecidas as condições de remuneração pelo uso da terra, na fase pré-operacional (projeto e/ou implantação) e na fase operacional. Os valores aqui, no estado da Bahia, são variáveis e de acordo com a política de cada empresa, variam de R$ 1,00 a R$ 3,00 por hectare por mês, na fase pré-operacional Na fase operacional, a remuneração será de 1,5% do faturamento bruto de energia na área arrendada. O valor estimado hoje é de R$ 1.000,00 por mês, por turbina instalada (CASA DOS VENTOS ENERGIAS RENOVÁVEIS, 2011).

Uma vez aceito o arrendamento por parte do proprietário, parte-se para a assinatura do contrato e averbação do mesmo na matrícula do imóvel. Isto feito, realiza-se o georreferenciamento da propriedade dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, e solicita-se a emissão de Certificado de Cadastro do Imóvel Rural – CCIR. Além disso, realiza- se o levantamento da situação da propriedade junto à Receita Federal, regularizando o pagamento do Imposto sobre a Propriedade Rural - ITR quando houver pendências.

O INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária é uma autarquia federal criada pelo Decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970, com a missão prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro nacional de imóveis rurais

e administrar as terras públicas da União. Está implantado em todo o território nacional por meio de 30 Superintendências Regionais.

Nos últimos anos, o INCRA incorporou entre suas prioridades a implantação de um modelo de assentamento com a concepção de desenvolvimento territorial. O objetivo é implantar modelos compatíveis com as potencialidades e biomas de cada região do País e fomentar a integração espacial dos projetos. Outra tarefa importante no trabalho da autarquia é o equacionamento do passivo ambiental existente, a recuperação da infraestrutura e o desenvolvimento sustentável dos mais de oito mil assentamentos existentes no País.

Quando a propriedade não tem regularidade fundiária (matrícula no cartório de registro de imóveis), é realizada avaliação jurídica do caso, dando início o processo de usucapião, junto à Justiça, ou solicitando emissão de Título junto à Coordenação de Desenvolvimento Agrário – CDA. Também são realizados processos de inventário, quando o caso demanda.

A missão da CDA, Coordenação de Desenvolvimento Agrário, é promover e apoiar o desenvolvimento agrário sustentável do estado da Bahia, por meio de ações de regularização fundiária e reforma agrária. O objetivo da Regularização Fundiária é garantir ao trabalhador rural, o acesso à terra e a inserção nas políticas públicas dos governos estadual e federal.

Quando o proprietário não tem interesse no arrendamento, mas se propõe a vender a propriedade, e o preço de venda é justificável em termos econômicos, a empresa faz a aquisição. Mesmo assim, nesses casos, oferta-se a propriedade em arrendamento de volta para o antigo proprietário, por período de 25 a 30 anos, renováveis, sem custo, para que ele mantenha a atividade que até então desenvolva. Este é o procedimento que ocorre em praticamente, 100% dos casos e está previsto nos contratos de arrendamento.

Em relação às Áreas de Preservação Permanente, as mesmas são levadas em consideração apenas na fase de desenvolvimento do projeto, a exemplo dos acessos internos a serem propostos, subestações, edifícios de comando, aerogeradores, dentre outros.

Já em relação às Reservas Legais, a grande maioria das propriedades não as possui averbadas. O processo de Averbação de Reserva Legal é promovido durante

o processo de licenciamento ambiental, após atestada a viabilidade locacional do projeto, mediante a concessão da Licença de Localização. Após a apreciação dos mesmos no Leilão de Energias Renováveis, aqueles vencedores são encaminhados para a obtenção das suas Licenças de Implantação específicas. É pré-requisito para os requerimentos das Licenças de Implantação a apresentação dos protocolos de formação dos processos de Averbação de Reserva Legal.

Desta forma, o processo de licenciamento ambiental do Complexo Eólico tem como uma de suas consequências a promoção da regularização das Reservas Legais das propriedades rurais que se encontravam irregulares quanto a este tema. Porém, isso só acontece na fase de implantação, podendo então ocorrer de maneira a atender aos interesses do empreendedor em relação à instalação dos aerogeradores e às vias de acesso, gerando, assim, uma situação de conflito com os aspectos ambientais da propriedade.

Realização dos estudos ambientais para obtenção da Licença de Localização (LL) ou Licença Prévia (LP)

O empreendedor solicita ao órgão ambiental do estado o Termo de Referência (TR) para a realização dos estudos ambientais na forma de um relatório Ambiental Simplificado – RAS de acordo com a Resolução CONAMA 279/01 ou Estudo de Impacto Ambiental – EIA e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente – Rima, de acordo com a Resolução CONAMA 001/86. De uma maneira geral, ambos os estudos contêm, minimamente, os seguintes itens:

• Caracterização do empreendimento

• Diagnóstico Ambiental

• Avaliação de Impactos

• Proposição de medidas mitigadoras e/ou compensatórias

• Elaboração de Planos e Programas Ambientais

Após a conclusão do estudo, é dada a entrada no processo de licenciamento ambiental junto ao órgão estadual competente com o objetivo de se obter a LL ou LP.

Cadastramento junto a EPE

Para o cadastramento do parque eólico, o empreendedor deverá apresentar cópia autenticada da Licença Ambiental compatível com a etapa do projeto (Licença Prévia, de Instalação ou de Operação), emitida pelo órgão competente, e válida na data do Cadastramento na EPE. O documento deverá ser encaminhado também em meio digital. Na Licença Ambiental deverá constar o nome do empreendimento, o nome do agente interessado, a potência instalada do projeto, a data de emissão e o prazo de validade. A potência licenciada informada na licença ambiental deve ser igual ou maior que a potência habilitável do empreendimento.

A Licença Ambiental deve ser apresentada em conformidade com o que exige a legislação ambiental vigente, notadamente a Lei Federal n° 6.938/81, o Decreto Federal n° 99.274/90 e as Resoluções CONAMA 01/86, 06/87, 237/97 e 279/01, bem como a Legislação Estadual, quando for o caso. A Licença Ambiental deve ser emitida com base em parecer técnico conclusivo, formulado após análise de um estudo ambiental, atestando a viabilidade ambiental e aprovando a localização e concepção do empreendimento, devendo também explicitar os requisitos básicos, condicionantes e medidas de controle ambiental.

Conforme disposto na Portaria MME nº 21/2008, na hipótese de não apresentação da licença ambiental na data limite estabelecida para o cadastramento, obrigatoriamente, deverão ser apresentados o protocolo de pedido de licenciamento do empreendimento e os estudos apresentados ao Órgão Ambiental competente, no momento da solicitação de cadastro na EPE.

No ato do cadastramento, também deverá ser protocolada, em meio digital, cópia dos Estudos Ambientais apresentados ao órgão ambiental no processo de licenciamento ambiental, e de acordo com a etapa do projeto (EIA/RIMA ou RAS).