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Vilas Militares: Parnamirim, o ninho da Força Aérea Brasileira no Rio Grande do Norte

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS

DANILO FERREIRA CHAVES

Vilas Militares:

Parnamirim, o ninho da Força Aérea Brasileira no Rio Grande do Norte

Natal, RN 2020

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Vilas Militares: Parnamirim, o ninho da Força Aérea Brasileira no Rio Grande do Norte

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Urbanos e Regionais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial à obtenção de grau de mestre. Orientadora: Profª Drª Sara Raquel Fernandes Queiroz de Medeiros

Natal, RN 2020

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Vilas Militares: Parnamirim, o ninho da Força Aérea Brasileira no Rio Grande do Norte

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Estudos Urbanos e Regionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Estudos Urbanos.

Aprovada em 28 de setembro de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

SARA RAQUEL FERNANDES QUEIROZ DE MEDEIROS (UFRN-Orientadora/Presidente)

JANE ROBERTA DE ASSIS BARBOSA (UFRN - Examinadora Externa ao Programa)

MÁRCIO MORAES VALENÇA (UFRN - Examinador Interno ao Programa)

LARISSA DA SILVA FERREIRA ALVES (UERN - Examinadora Externa à Instituição)

Natal, RN 2020

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À minha esposa e filhos, os quais me fazem querer ser melhor a cada dia.

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Quero, aqui, expressar o meu carinho e reconhecimento a todos que, direta ou indiretamente, participaram desta caminhada. Em especial, agradeço à minha orientadora, professora Dr.a Sara Raquel Fernandes Queiroz de Medeiros, por me guiar nessa intensa jornada de escrita. Uma vez imerso neste desafio, seu olhar atento aos meus passos foi minha bússola. Suas valiosas contribuições trouxeram minhas observações à concretização da palavra escrita. Essa dissertação não estaria sendo lida hoje se não fosse por sua fé em mim.

À minha esposa, Carina Aparecida Barbosa Mendes Chaves. Não há palavras para descrever o quanto essa dissertação também pertence à ela. Casamento, para mim, é companheirismo. Porque é isso que vivo. Quando adoto quaisquer metas ou objetivos em minha vida, tenho a plena certeza de que ela estará ao meu lado, não só me apoiando e desejando que eu atinja minhas aspirações, mas arregaçando suas mangas e fazendo o que for necessário para que eu não desista dos meus sonhos. E foi assim que ela agiu quando eu decidi fazer o mestrado. Agradeço aos meus filhos, Ana Flávia e João Pedro, pela paciência nesse período de contínua e árdua dedicação. Vocês prontamente compreenderam a necessidade desse momento díspar e me permitiram dividir a atenção, por um tempo, com os afazeres acadêmicos. Para a realização desta pesquisa, foi necessário um arranjo familiar bem orquestrado.

À minha mãe, Lúcia Maria Ferreira Chaves, por sua determinação e seus sábios conselhos que foram inspiração para a minha caminhada, e a meu pai, Afonso Athiê Vale Chaves, que sempre me ensinou a perseguir com perseverança o propósito almejado; sem vocês eu não teria conseguido chegar até aqui. Aos meus sogros, Maria Aparecida Barbosa Mendes e Jaime Benedito Mendes, pela confiança e paciência nesse período que demandou mais tempo e atenção.

À minha querida irmã, Cassia Chaves, que abdicou de seus dias de férias para viajar e se desdobrar na pesquisa de campo, com a boa vontade que só ela tem.

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estiveram conosco no Rio Grande do Norte e incentivaram a perseverança nos estudos.

Ao professor Dr. Márcio Moraes Valença, que, através de sua maestria, serviu como chamariz e incentivo para eu trilhar esse caminho.

À professora Dr.a Jane Roberta Barbosa, pelas conversas boas e esclarecedoras.

Agradeço ainda ao grupo de pesquisa Estúdio Conceito. Especialmente à Flávia Duarte e Mariana Fernandes, a imprescindibilidade de vocês é clara durante todo período de escrita dessa dissertação. Espero ter mostrado, nesse intervalo de tempo, minha gratidão pela sensibilidade de vocês para comigo e por embarcarem nessa aventura de escrita comigo, me dando esse tão estimado apoio. Obrigado por abrirem mão de seus finais de semana para me ajudarem na pesquisa de campo, por vários e-mails e ligações fora de hora para me socorrerem com as minhas debilidades cartográficas. Agradeço a Beatriz Fontenele, pelas suas leituras críticas e sugestões, que foram importantes para o avanço dessa pesquisa.

Agradeço ao Comando da Aeronáutica, na pessoa do Major Brigadeiro do Ar, Luiz Guilherme Silveira de Medeiros, por autorizar a realização dessa pesquisa. Agradeço, de igual modo, à Tenente Coronel Silvia, Chefe do Grupamento de Apoio de Guaratinguetá, pela permissão deste crescimento pessoal e profissional oriundo da continuidade da conversa com o mundo acadêmico começada no Rio Grande do Norte.

Ao Capitão Philipe Freire de Araújo Patrício, pela contribuição. À Seção de Comunicação Social da Ala 10, na pessoa da Tenente Rosa, e à Prefeitura de Aeronáutica de Natal, pela gentileza em me atender nas incansáveis consultas realizadas e dúvidas sanadas com presteza. Ao Tenente Osman, agradeço pelo seu estímulo ímpar para a conclusão desta pesquisa de pós-graduação.

Agradeço aos amigos e companheiros de seção que sempre me apoiaram nessa empreitada, em especial a Narlon Braga, Francisco das Chagas da Silva, Márcio Aguiar da Costa, Magnos de Azevedo e Claudino, Willen de Souza. Aos

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apoio.

Aos moradores das vilas militares da FAB, em Parnamirim, que concordaram gentilmente em receber a equipe de pesquisa e que contribuíram com o enriquecimento desse trabalho. No entanto, essa pesquisa não teria sido possível sem o empenho de moradores que fizeram mais do que responder ao questionário: a Alessandra Moura, por dias antes da pesquisa de campo disponibilizar de seu tempo para apresentar aos moradores do Conjunto Habitacional Bartolomeu de Gusmão a proposta do trabalho, incentivando aos seus vizinhos e amigos a colaborarem com esse projeto. Sempre gentil e atenciosa, recebeu a equipe em sua residência, se colocando à disposição para ajudar. A Alcione Oliveira e Izabel Claudino, por receberem a equipe e, em pleno fim de semana, abdicarem-se do seu tempo com a família para nos apresentar aos seus vizinhos no Conjunto Habitacional Augusto Severo e tornar essa tarefa mais prazerosa. A Edilma da Silva que, mesmo em meio a uma reunião de amigas, não se impediu de doar uma tarde inteira, nos levando aos seus vizinhos e amigos moradores do Conjunto Habitacional Santos Dumont e, com toda a gentileza, solicitando aos mesmos a participação na pesquisa. A Cíntia Vilanova Vitor por, mesmo em meio a tantos afazeres no seu trabalho, ter arrumado um tempo para nos receber e mobilizado amigos moradores de vilas para contribuir. Ao Sargento Alcemir, presidente da Associação de Moradores do Conjunto Bartolomeu de Gusmão, que permitiu que tal pesquisa fosse realizada nessa vila; e ao Sargento João Bosco Fernandes que, com uma gentileza imensurável, atendeu a nossa solicitação e facilitou a entrada e permanência da equipe no interior do Conjunto Habitacional Santos Dumont.

Aos professores da PPEUR pelos ensinamentos proporcionados e, em especial, à professora Dr.a Maria do Livramento Clementino e ao professor Dr. Alexsandro Ferreira Cardoso da Silva.

À secretária do PPEUR, Rosângela, pela prontidão, orientações administrativas, eficiência e calma no trato.

Enfim, é impossível fazer os agradecimentos sem esquecer alguém e, por isso, já peço desculpas, pois são muitos os que me ajudaram a compor este

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própria, a pesquisa teve a participação de inúmeros colaboradores! Muito Obrigado!

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Gráfico 1 – Pirâmide etária do conjunto habitacional Albatroz ... 95

Gráfico 2 – Pirâmide etária do conjunto habitacional Santos Dumont ... 95

Gráfico 3 – Pirâmide etária do conjunto habitacional Augusto Severo ... 95

Gráfico 4 – Pirâmide etária do conjunto habitacional Bartolomeu de Gusmão ... 95

Lista de Figuras

Figura 1 - Parnamirim Field (1945) e Aeroporto Augusto Severo (2019) ... 32

Figura 2 - Centro de Lançamento da Barreira do Inferno ... 34

Figura 3 - Junção de Rua e Avenida de Parnamirim ... 38

Figura 4 - Trecho do Hino de Parnamirim ... 38

Figura 5 - Bandeira do Município de Parnamirim ... 38

Figura 6 - Vista Frontal da Igreja Central na cidade ... 39

Figura 7 - Planetário Municipal ... 40

Figura 8 - Empresa de Transporte Coletivo Parnamirim Field ... 41

Figura 9 - Empresa de Transporte Coletivo Trampolim da Vitória ... 41

Figura 10 - Traços da Vila Militar Augusto Severo - Vista Frontal e Jardins ... 50

Figura 11 – Histórico das Vilas Militares em Parnamirim-RN ... 56

Figura 12 – Vista Aérea do CHSD ao Lado do Aeroporto Augusto Severo ... 58

Figura 13 – Vista Frontal do CHSD ... 59

Figura 14 - Academia da terceira idade dentro do CHSD ... 60

Figura 15 - Campo de futebol dentro do CHSD ... 60

Figura 16 - Terminal ferroviário de Parnamirim ... 61

Figura 17 - Fachada de um dos Modelos de PNR do CHSD ... 61

Figura 18 - Planta Baixa de um dos Modelos de PNR do CHSD ... 62

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Figura 21 - Planta de um dos Modelos do CHEG ... 67

Figura 22 - Vista aérea do CHBG e ao seu lado esquerdo a BR-101 ... 68

Figura 23 - Vista aérea do CHBG e ao seu lado direito a BR-101 ... 68

Figura 24 - Vista da Parte de Trás do CHBG, às margens da BR-101 ... 68

Figura 25 - Vista da Entrada do CHBG ... 69

Figura 26 - Fachada do PNR do CHBG ... 69

Figura 27 - Planta Baixa do Modelo de PNR do CHBG ... 70

Figura 28 - Quadra do CHBG ... 71

Figura 29 - Campo do CHBG ... 71

Figura 30 - Vista do interior do CHAS ... 73

Figura 31 - Vista Aérea do CHAS ... 73

Figura 32 - Vista Frontal do CHAS ... 74

Figura 33 - Planta Baixa do Modelo de PNR do CHAS ... 74

Figura 34 - Vista Interna do CHAS ... 75

Figura 35 - Capela religiosa do CHAS ... 75

Figura 36 - Equipamento de lazer infantil do CHAS ... 76

Figura 37 - Construção de Novas Unidades do CHAS ... 76

Figura 38 - Vista Frontal do CHA ... 78

Figura 39 - Vista interna do CHA ... 78

Figura 40 - Vista Aérea do CHA ... 79

Figura 41 - Entrada do CHA ... 80

Figura 42 - Planta Baixa dos Apartamentos do CHA ... 81

Figura 43 – Distribuição das ALAS no território nacional ... 86

Figura 44 - Localização das Unidades da FAB em Parnamirim ... 88

Figura 45 - Distribuição de Entrevistas por vila ... 92

Figura 46 - Equipamentos em cada vila militar ... 103

Figura 47 - Área de lazer com churrasqueira do CHBG ... 104

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Figura 50 - Clube de Suboficiais e Sargentos da FAB em Parnamirim ... 106

Lista de Quadros

Quadro 1 – Logradouros com patentes Militares em Parnamirim ... 38

Quadro 2 – Prefeituras de Aeronáutica no Brasil ... 45

Quadro 3 – Comparação de uso do solo das vilas militares... 81

Quadro 4 – Evolução das vilas militares em Parnamirim ... 83

Quadro 5 – Números de Entrevistas por Vila ... 91

Quadro 6 - Tamanho das Famílias ... 94

Quadro 7 - Composição dos militares ... 96

Quadro 8 - Local do Trabalho dos Militares ... 97

Quadro 9 - Meio de Locomoção – CHSD ... 98

Quadro 10 - Meio de Locomoção – CHBG ... 98

Quadro 11– Meio de Locomoção – CHAS ... 99

Quadro 12 - Meio de Locomoção – CHA ... 99

Quadro 13 - Ocupações e deslocamentos dos moradores civis por vila ... 100

Quadro 14- Uso dos equipamentos no CHSD ... 104

Quadro 15 - Uso dos equipamentos no CHBG ... 105

Quadro 16 - Uso dos equipamentos no CHAS ... 106

Quadro 17 - Uso dos equipamentos no CHA ... 106

Quadro 18 - Uso dos equipamentos coletivos fora das vilas militares ... 107

Quadro 19 - Equipamentos sugeridos para implantação dentro das vilas ... 108

Quadro 20 - Percepção dos moradores em relação a localização das vilas ... 110

Quadro 21 - Motivos mais citados para a boa localização das vilas ... 110

Quadro 22 - Comércio de Parnamirim atende a necessidade ... 111

Quadro 23 - Atividades, comércio ou serviço que é realizado fora de Parnamirim . 111 Quadro 24 - Mercados que as famílias fazem o maior volume de compras ... 112

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Quadro 26 - Pontos positivos de Parnamirim ... 115

Quadro 27 - Pontos negativos de Parnamirim... 117

Lista de Mapas

Mapa 1 - Entorno da BANT e CLBI ... 35

Mapa 2 - Estruturas e vilas militares da aeronáutica em Parnamirim ... 36

Mapa 3 – Uso do solo ao redor na Vila Santos Dumont ... 65

Mapa 4 – Uso do solo ao redor da Vila Bartolomeu de Gusmão ... 72

Mapa 5 – Uso do solo ao redor da Vila Augusto Severo ... 77

Mapa 6 – Localização do município de Parnamirim no Rio Grande do Norte ... 85

Mapa 7 – Localizações dos trabalhos dos militares e civis residentes nas vilas militares de Parnamirim ... 101

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AEB – Agência Espacial Brasileira BANT – Base Aérea de Natal

CCTAN – Clube de Cabos e Taifeiros da Aeronáutica

CCEIT – Centro de Cultura Espacial e Informações Turísticas CHEG – Conjunto Habitacional Eduardo Gomes

CHA – Conjunto Habitacional Albatroz

CHAS – Conjunto Habitacional Augusto Severo

CHBG – Conjunto Habitacional Bartolomeu de Gusmão CHSD – Conjunto Habitacional Santos Dumont

CLBI – Centro de Lançamento da Barreira do Inferno COMAR – Comando Aéreo Regional

COFAN – Clube de Oficiais da Aeronáutica CVT – Centro Vocacional Tecnológico DTCEA – Destacamento de Tráfego Aéreo FAB – Força Aérea Brasileira

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICA – Instrução do Comando da Aeronáutica

PLAMOV – Plano de Movimentação do Pessoal da Aeronáutica PANT - Prefeitura de Aeronáutica de Natal

PNR – Próprios Nacionais Residenciais TEP – Termo Excepcional e Precário TPO – Termo de Permissão de Ocupação

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Parnamirim, desde o principio de seu povoado, tem intima relação com a aviação, tornando-se desde os anos 1940 uma importante localidade da Força Aérea Brasileira (FAB). Esta pesquisa busca compreender como os elementos militares, com ênfase nas vilas e seus moradores, se relacionam com a cidade de Parnamirim, buscando entender para além do impacto territorial. Foram realizadas pesquisa bibliográfica e documental; mapeamento de uso do solo – em um raio de distanciamento de 500 metros de cada vila, identificando o entorno delas – e uma pesquisa de campo com entrevista questionário, utilizando a metodologia bola de neve, com moradores das quatro vilas militares de Parnamirim. A pesquisa demonstrou que três das quatro vilas de Parnamirim estão inseridas em locais privilegiados, com variados estabelecimentos prestadores de serviços e comerciais no seu entorno. A boa localização pode ser demonstrada através da percepção dos próprios moradores que afirmam residir em local que oferece variedade de serviços e comércios nas imediações. Foi demonstrado que as atividades econômicas da cidade são impactadas com a permanência dos militares e suas famílias, pois todas as vilas utilizam mercados, restaurantes, farmácias, lojas de vestuários e serviços como escolas e academias da cidade. Contudo, no que diz respeito à relação da população militar, identificou-se que estes optam pelo uso dos equipamentos de uso coletivo que se encontram no interior das vilas, acessados somente pelos moradores, pois com o tempo, as vilas militares em Parnamirim tomaram o formato de condomínios fechados, restringindo o acesso da população local.

Palavras-chave: Vilas Militares; Urbanização; Força Aérea Brasileira; Parnamirim-RN.

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Parnamirim, since the beggining of its population, has a close relationship with the aviation, becoming, since the 1940‟s, an important location of the Brazilian Air Force (FAB). This research aims to comprehend how the military elements, especially the villages and its residents, relate to the town of Parnamirim, trying to unerstand beyond the territorial impact. Documental and bibliography researches were performed; land use mapping – reaching a radius of 500 meter distance of each village, identifying their surroundings –, and a field research with a questionnaire, utilizing the “bola de neve” (snowball) methodology, with residents of the four military villages of Parnamirim. The research demonstrated that three of the four villages of Parnamirim are insert in privileged locations, surrounded by various commercial and service provider establishments. The privilege of the location can be demonstrated through the perception of its own residents, who affirm reside in a place that provides a variety of services and commerce. It was demonstrated that the economic activities of the city are impacted by the permanence of the military and its families, because every village requires supermarkets, restaurants, drugstores, clothing stores and services such as the town‟s schools and gyms. However, what concerns the military population, it was identified that it chooses to utilize the collective use equipment inside the villages, accessed only by the residents. Because, over time, the military villages in Parnamirim were shaped like closed neighborhoods, restricting the access from local population.

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Introdução ... 18

1. Parnamirim e a Aeronáutica: Caminhos Entrelaçados... 23

1.1 – Carreira militar e suas peculiaridades ... 26

1.2 Parnamirim: na rota dos militares ... 28

1.3 A criação da BANT e a urbanização do município ... 31

1.4 – As vilas militares e a cidade ... 41

2 – As Vilas Militares da Aeronáutica em Parnamirim ... 55

2.1 A Vila Santos Dumont: a primeira vila militar na cidade ... 57

2.2 A Vila Eduardo Gomes: a primeira vila militar dentro da área fortificada ... 66

2.3 A Vila Bartolomeu de Gusmão: os blocos militares ou H-30 ... 68

2.4 A Vila Augusto Severo: consolidando a Cohabinal ... 73

2.5 A Vila Albatroz: a mais jovem vila militar construída em Parnamirim .... 78

3 – Parnamirim convivendo com os Militares ... 85

3.1 A FAB 100: Parnamirim como centralidade regional ... 86

3.2 Os militares conversando com a cidade ... 90

3.3 Do impulso inicial à relação atual ... 92

3.3.1 – Locomoção e transporte ... 96

3.3.2 – Equipamentos de uso coletivo ... 102

3.3.3 – Comércios e serviços: entorno das vilas ... 109

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Anexos ... 130 Anexo 1 – Autorização para a pesquisa no acervo militar da ALA 10 ... 131 Anexo 2 – Questionário aplicado aos moradores das Vilas Militares ... 132

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Introdução

A Força Aérea Brasileira foi criada oficialmente no ano de 1941. Antes disso, as Forças Armadas do país eram compostas pela Marinha e pelo Exército. Nesse ano, num esforço conjunto dessas duas forças, em janeiro de 1941, foi criada a Força Aérea Brasileira para atuar especificamente com o avião, a nova ferramenta de guerra advinda do desenvolvimento tecnológico (FAB, 2019, p.3). Nesse mesmo ano, o Brasil assinou um acordo com os Estados Unidos, em meio à Segunda Guerra Mundial, que resultou na construção de instalações militares americanas e brasileiras no município de Parnamirim, no Rio Grande do Norte. Parnamirim seria mais tarde considerada o „ninho da força aérea no Rio Grande do Norte‟. Nessa cidade potiguar, foram construídas diversas estruturas para a organização do Comando da Aeronáutica, destinando áreas do seu território para treinamento e atividades sob a administração da Força. Para abrigar servidores e familiares, foram edificadas vilas militares, assim como equipamentos de uso coletivos; alguns com, originalmente, acesso ao público em geral.

Ressalva-se que a relação de Parnamirim com a aviação é anterior à instalação da Força Aérea Brasileira. Quando ainda fazia parte da cidade de Natal, na década de 1920, foi construída, no então vilarejo de Parnamirim, uma pista de pouso que atendia a diversos países. Nesse mesmo local, foi instalado o Parnamirim Field, na década de 1940, que tornou a cidade conhecida no mundo todo na Segunda Guerra Mundial, possibilitando, entre outros incentivos, o surgimento da segunda maior cidade da Região Metropolitana de Natal (OLIVEIRA, FERREIRA e SIMONINI, 2012; OLIVEIRA, G., 2014; COSTA, 2015). Os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial, bem como a decisão de se instalar naquela localidade a Base Americana (Parnamirim Field) e a Base Aérea Brasileira, segundo Peixoto (2003, p.60), deram “o impulso decisivo para o surgimento da cidade de Parnamirim”.

A construção de Parnamirim Field começou em abril de 1941 (BANT, 2012) e gerou uma demanda para acomodar os trabalhadores e os militares que chegavam

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à região, isso concorreu para que já ano de 1945 tivesse o primeiro edital para a construção de vilas militares (PEIXOTO, 2003).

Os Próprios Nacionais Residenciais, nome dado aos imóveis disponibilizados para a moradia dos militares, são ofertados em vilas dentro de critérios cronológicos e de antiguidade. São divididos dentro dos postos e graduações, com contrapartida de responsabilidades do permissionário (morador), como manutenção do imóvel, pagamento de taxas concernentes ao soldo de cada patente militar, entre outros (BRASIL, 2015). Em Parnamirim, são cinco vilas militares, sendo duas em locais guarnecidos e três em regiões privilegiadas, centrais e bem localizadas na cidade. As vilas militares, distribuídas em variadas cidades do Brasil, situam-se em localizações privilegiadas por estarem ao lado das bases aéreas e aeroportos, desfrutando de benefícios da estrutura e serviços urbanos que tais localidades oferecem, atraindo público, comércio e serviços ao seu redor e gerando valorização imobiliária (VALENÇA, 2014).

A criação e manutenção das Organizações Militares (OM) da Aeronáutica em Parnamirim-RN atuaram positivamente na formação e criação da cidade (PEIXOTO, 2003; ROLIM, 2015). As áreas onde foram construídas as vilas militares no município, a primeira antes que a cidade existisse como tal, tornaram-se núcleos de desenvolvimento da urbanização e, mais tarde, foram apropriadas pela classe média local, semelhante aos processos de ocupação da elite em áreas privilegiadas como descrito por Villaça (1988).

Assim como as vilas, em Parnamirim, as estruturas militares influenciaram na formação da cidade devido à atração e à permanência dos trabalhadores na cidade, e, com isso, houve investimentos em construções de escolas, estradas, vilas, a própria Base Aérea e todas as estruturas destinadas às atividades militares na região que agiram de modo indutor para o desenvolvimento da cidade (PEIXOTO, 2003; OLIVEIRA, G., 2014; ROLIM, 2015 e TEIXEIRA, R., 2016). Essa influência é percebida através dos primeiros prefeitos da cidade, nomes de ruas, nomes de escolas, hino da cidade, arte da bandeira, praças e monumentos distribuídos no município, dentre outros. Soma-se ainda a dinamização na economia local com a

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presença dos militares, com salários acima da média do município, sendo um importante grupo consumidor dos serviços ofertados no comércio local.

Atualmente, em Parnamirim, existem 14 unidades da FAB, milhares de militares em seus efetivos e uma grande área em sua responsabilidade. Esses fatores demonstram o impacto da localidade da Base Aérea de Natal (BANT) no cenário nacional da Força Aérea Brasileira, sendo a cidade, nos dias atuais, um polo centralizador e controlador das ações aéreas na região Nordeste. Esse fato tem implicações quanto à sua localização estratégica, bem como sua força histórica. As estruturas militares distribuídas pela cidade, especialmente por meio das vilas que abrigam os militares e suas famílias, causam grandes impactos na localidade, no modo de vida, cultura e economia. Os locais em que estão instaladas as vilas são áreas privilegiadas da cidade, no entorno da Base Militar e no centro da cidade, com o entorno cercado de estabelecimentos prestadores de serviços e comerciais. Por sua vez, as vilas são equipadas com quadras, espaços de lazer, no entanto com o uso restrito aos seus moradores e no formato de condomínios fechados.

Diante do exposto, verifica-se que o município de Parnamirim ao longo dos anos que compreende a institucionalização da cidade até os dias atuais, recebeu as instalações militares e o seu efetivo. A pergunta de partida dessa pesquisa é como as estruturas da Força Aérea Brasileira e a população de residentes militares e dependentes de militares da cidade se relacionam de forma recíproca com a cidade? Esta pesquisa busca compreender como os elementos militares, com ênfase nas vilas e seus moradores, se relacionam com a cidade de Parnamirim, buscando entender para além do impacto territorial. Os objetivos específicos se baseiam em: a) Identificar as estruturas militares na cidade; b) Identificar e mapear o entorno das vilas em Parnamirim; c) Verificar por meio de símbolos distribuídos na cidade a influência da FAB em Parnamirim, e, de modo inverso; e, d) Examinar a influência da cidade de Parnamirim para as famílias militares que residem no município, através de pesquisa de campo.

A metodologia para a confecção deste trabalho, foi realizada por meio de ampla pesquisa bibliográfica e documental, no intuito de resgatar a história da cidade de Parnamirim e a interação da Força Aérea Brasileira em seu território,

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verificou-se também documentos militares sobre os imóveis que compõem as vilas militares e as formas de acesso a elas. Ainda foram realizados mapeamentos, num raio de 500 metros, das vilas militares, identificando o uso do solo do entorno, o qual identifica a grande quantidade de estabelecimentos que estão distribuídos no entorno. E, por fim, foi realizada uma pesquisa com os moradores das vilas militares em Parnamirim, onde pôde-se comprovar como esses moradores se relacionam com a cidade. A pesquisa de campo adotou a metodologia chamada “bola de neve”, na qual um morador indica outro para responder a pesquisa numa rede de contatos. Os procedimentos metodológicos de cada etapa são detalhados nos referidos capítulos. Assim, a revisão bibliográfica, destacando os documentos e tratamento dos dados são destacados no capítulo 1. A metodologia sobre o mapeamento, é apresentado em detalhes no capítulo 2 quando, evidenciando o mapeamento ao redor das vilas. A metodologia da pesquisa de campo, com as entrevistas por questionário, está disposta no início do capítulo 3.

Este trabalho está dividido em três capítulos, sendo que o primeiro capítulo traz a discussão da cidade de Parnamirim e a sua história, que, desde os primórdios, teve vínculos diretos com a aviação civil e a Força Aérea Brasileira. Assim, aborda a produção do espaço urbano por meio do braço estatal, e, no caso de Parnamirim, através das estruturas da aeronáutica instaladas na cidade. Para tanto, o primeiro capítulo está dividido em quatro partes: a primeira apresenta a carreira militar, em especial na Força Aérea Brasileira, com ênfase na alta mobilidade pelo território nacional, a qual são submetidos esses profissionais. Na sequência, a segunda aborda a história do município de Parnamirim e como a aviação esteve presente desde os primeiros feitos e povoados, o Acordo Internacional com os EUA, a criação do Ministério da Aeronáutica e a construção do Parnamirim Field. Em seguida, é discutido como as instalações da Base Aérea Brasileira naquela localidade moldou a urbanização do município. E, por fim, são apresentadas as vilas militares, suas características e sua similaridade histórica com as vilas operárias. É apresentada a finalidade e funcionamento das vilas militares nas diversas localidades brasileiras onde se encontram instaladas. Serão expostas, também, quais as classificações das prefeituras de Aeronáutica do Brasil que administram as vilas de cada uma das localidades e a hierarquia/tempo que rege filas e divisões de categorias.

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O segundo capítulo deste trabalho apresenta as vilas militares de Parnamirim, com um histórico detalhado inicial, pois essas são grandes estruturas espalhadas pela cidade e já estavam presentes quando a localidade ainda era distrito de Natal. Cada vila é apresentada com suas plantas, fachadas, quantidade de PNRs oferecidos e suas tipologias, assim como os equipamentos que cada uma dispõe, desde a vila de Santos Dumont até a última a ser construída na cidade, a Albatroz. Mostra-se ainda a localização e o entorno de cada uma delas, com o mapa do uso do solo, finalizando com suas evoluções ao longo da história.

O terceiro capítulo trata da escolha de Parnamirim nos anos atuais pela Força Aérea Brasileira como uma centralidade no Nordeste para sediar a Ala10 e analisa como os militares se relacionam com a cidade através da pesquisa de campo realizada nas vilas militares. Mostra, ainda, as peculiaridades e o perfil dos moradores que habitam ali, bem como eles veem, vivem e se comunicam com a cidade de Parnamirim. Por fim, seguem as considerações finais.

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1. Parnamirim e a Aeronáutica: Caminhos Entrelaçados

A produção do espaço é influenciada por diversos fatores e agentes, entre eles o Estado. O Estado é um dos responsáveis principais pela produção do espaço na cidade, especialmente nos países menos desenvolvidos (MARQUES e BICHIR, 2001). A atuação estatal pode ser evidenciada na construção de equipamentos públicos assistenciais, como hospitais, postos de saúde e escolas, assim como em investimentos públicos nas obras de infraestrutura para o fornecimento de água e para a captação e ligamento dos sistemas de esgotos sanitários da cidade; como também em atendimentos à logística dos transportes rodoviários, com a implantação e manutenção das estradas e rodovias. Além dos serviços rodoviários, aos agentes públicos também cabe a aplicação de capital econômico na produção de estruturas para o atendimento às necessidades de deslocamentos de pessoas e cargas pela via aérea, através do fortalecimento da infraestrutura dos aeroportos que dão suporte a esse importante nó das deslocações urbanas.

Os serviços básicos de uso coletivo, que na maioria das vezes são instalados pelo governo, se tornam um conjunto, como chamado por Singer (2017, p.88) de “pontos únicos” na cidade, que se valoriza atraindo outros serviços e investimentos privados. A localização bem servida de serviços urbanos e infraestrutura proporciona a alteração dos níveis de renda dos moradores do entorno pelo aumento do valor do uso do solo (SINGER, 2017). Sendo assim, o Estado é um dos mais importantes agentes criadores do espaço no sistema de acumulação, pois possui o poder de alcançar e usar os meios legais, assim como os recursos econômicos necessários para intervir e produzir o espaço urbano (CAPEL, 1974; CORRÊA, 1989; 2013). Paulino (2017, p.51) ressalta que o Estado é a “alavanca” que desenvolve as cidades sendo o “organizador da vida social, construtor da infraestrutura, provedor de serviços públicos essenciais”.

Os diversos usos do solo caracterizam e organizam o arranjo espacial da cidade, assim, as áreas centrais da cidade são mais valorizadas e privilegiadas pela menor necessidade de deslocamento para acessar serviços e infraestruturas urbanas (CORRÊA, 1989). Uma vez instalada a estrutura urbana inicial, os

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investimentos posteriores serão potencializados pelos benefícios e externalidades positivas que se somam com o tempo devido à localização e à facilidade de acesso aos equipamentos e serviços públicos, como descrito por Lojkine (1979), Harvey (2005) e Lefebvre (2013).

O surgimento e desenvolvimento de localizações privilegiadas também é enfatizado por Villaça (1998). Para o autor, os locais que possuem a vantagem de permitir maior facilidade de acesso às áreas concentradas de serviços e equipamentos são disputados e apropriados por parcelas mais abastadas da sociedade. São territórios com desenvolvimento urbano nas cidades, resultante dos investimentos estatais em equipamentos e infraestrutura.

Ao discutir sobre a natureza do espaço, Harvey (1980) diz que a compreensão desse aspecto é primordial para o entendimento dos fenômenos urbanos tornando o espaço o que fazemos dele. Apesar dele ter uma história, o uso atual é o que melhor o destaca. Na busca por respostas sobre a sua natureza, elas serão encontradas nas relações sociais. Sendo assim, o autor destaca que o espaço não é um acontecimento natural, mas sim o resultado de disputas, havendo vínculo estreito entre ele e as relações sociais. Por isso, as características físicas do espaço, analisadas de forma isolada, não explicam todas as variáveis concernentes a ele, pois a sua utilização varia de acordo com a intenção daqueles que têm a propriedade ou tomam posse (HARVEY, 1992). Harvey (2006) destaca ainda a dialética na formação do espaço urbano, fruto de “contradição e tensão”:

[...] a paisagem criada pelo capitalismo também é vista como lugar da contradição e tensão, e não como expressão do equilíbrio harmonioso (HARVEY, 2006, p. 55).

O processo de urbanização de Parnamirim está intimamente ligado à história da construção da BANT – Base Aérea de Natal. As construções de habitações para militares1 se dão junto aos primeiros residentes dessa cidade. O edital para tomada

1

Os militares das Forças Armadas possuem peculiaridades específicas da carreira castrense, como: risco de morte; proibição de greves, movimentos reivindicatórios ou políticos; sujeição a princípios rígidos de hierarquia e disciplina; e dedicação exclusiva. Outras delas são a disponibilidade a serviço da Força e a alta mobilidade geográfica pelo território nacional. A FAB controla as movimentações dos militares através do Plano de Movimentação (PLAMOV), como parte do cumprimento de sua

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de preços para a construção da primeira vila militar da Aeronáutica é anterior ao ano em que Parnamirim se torna distrito de Natal (1948) e ao ano em que se emancipa (1958). A disputa com Natal pelo território em que se situa a base aérea na demarcação pelos limites do município, assim como os nomes de ruas, avenidas, escolas e os primeiros prefeitos e autoridades da cidade demostram a influência militar nessa localidade.

A Força Aérea Brasileira (FAB) e o Ministério da Aeronáutica foram criados no período em que Parnamirim recebia as instalações da base aérea americana (Parnamirim Field) e a Base Aérea de Natal. A FAB foi formada pela junção das partes aéreas das duas outras forças, Exército e Marinha Brasileira, devido à necessidade de melhor utilização e especialização da nova ferramenta de guerra, o avião (FAB, 2019). Teixeira, A. (2013) destaca que a Força Aérea Brasileira foi criada em meio à Segunda Guerra Mundial e foi fruto de relações com os Estados Unidos para se envolver no conflito mundial. O autor salienta que os EUA precisava de “um trampolim para a África a partir do Brasil” e Natal foi esse “trampolim da vitória” (TEIXEIRA, A., 2013, p.99).

Ferolla (1969) argumenta que a inserção do país na guerra e a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, estavam inseridas num contexto de desemprego e violência, no período da Segunda Guerra Mundial:

O turbulento período porque passou o mundo nas décadas dos trinta e dos quarenta, culminando com a deflagração do 2º grande conflito mundial, que acabou por envolver nosso país, fez com que alguns líderes militares do recém-criado Ministério da Aeronáutica, cuidassem com maior ênfase da elaboração dos princípios doutrinários que deveriam reger o nascente Poder Aéreo e, como decorrência se preocupassem com a implantação de uma infraestrutura logística e técnica, capaz de permitir a operação eficiente da nova Organização, colhendo ensinamentos nas sofisticadas e poderosas Forças Aéreas que se defrontavam nos diversificados Teatros de Operações (FEROLLA, 1969, p.13).

atividade-fim, não devendo o militar transferido expor manifestações públicas a respeito das ordens

emanadas pelos superiores, cabendo-lhe discrição e acatamento, devido ao ordenamento doutrinário da caserna de hierarquia e disciplina.

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Assim, pode-se compreender a importância de Parnamirim para a Força Aérea Brasileira, dada a conjuntura da criação dessa Força, tanto quanto a importância da Aeronáutica no território parnamirinense, que através de suas construções e operações envolveram as populações locais e do entorno.

A seguir o texto dividi-se em três partes, iniciando com as descrições da carreira militar e no que esta se difere dos outros profissionais, com ênfase na mobilidade que faz parte da carreira. Após, é descrito o contexto em que foi criado o Ministério da Aeronáutica e a Força Aérea Brasileira, dando independência a aviação que se tornara a mais importante arma de guerra naquele momento, e, por fim, as construções das bases americana e brasileira e os impactos que se estedem até os dias atuais na cidade; por meio de suas estruturas, simbolismos e parcerias com o município.

1.1 – Carreira militar e suas peculiaridades

A discussão a seguir tratará das peculiaridades da carreira militar e para isso serão utilizados o Estatuto Militar, Lei nº 6.880 de 9 de dezembro de 1980, a Instrução do Comando da Aeronáutica que trata da movimentação do pessoal, a ICA 30-4, como também autores como Kortmann (2009), Adão (2010), Silva, C. (2010), Valença (2014) e Castro (2015).

Serão abordados, ainda, os efeitos da Segunda Guerra Mundial para o Nordeste, incluindo de forma mais detalhada o caso de Parnamirim, o qual apresenta uma estreita relação entre a urbanização da cidade e as estruturas militares da Aeronáutica fixadas em seu território durante a guerra, entre elas as vilas militares. A inserção das Bases Americana e Brasileira na cidade, com investimentos americanos em infraestrutura e outros mais, serviu como atração inicial de aglomerações, até de estados vizinhos, em busca de trabalho e oportunidades. Será exibida ainda, nesta seção, através de ilustração em mapa, a localização das estruturas militares no município, bem como vários elementos simbólicos que mostram que a atuação dos militares vai além da questão urbanística. Para isso, foram utilizados os escritos dos seguintes autores:

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Clementino (1995), Tota (2000), Peixoto (2003), Pedreira (2004), Aragão (2006), Teixeira, A. (2013), Oliveira, G. (2014), Costa (2015), Bonates (2016), Teixeira, R. (2016) e Pedreira (2019).

O Estatuto dos Militares classifica os militares das Forças Armadas: Marinha, Exército e Aeronáutica, como uma categoria de servidores da Pátria. Cabe a esses agentes públicos federais estarem à disposição da sociedade na defesa das instituições brasileiras. Os militares cumprem no dia a dia um ritual diferenciado do meio civil, envoltos em simbolismo patriótico e em compromissos com a nação. Esses profissionais estão subordinados a uma das três forças, tendo cada uma delas as suas especificidades.

O Estatuto dos Militares (BRASIL, 1980, art.2º) define que as Forças Armadas são “essenciais à execução da política de segurança nacional, [...] e destinam-se a defender a Pátria e a garantir os poderes constituídos, a lei e a ordem. São instituições nacionais, permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República”. Ferreira (1988) ao descrever a função primordial das Forças Armadas, destaca que sua maior finalidade é a defesa da Pátria no exterior e a manutenção das leis no interior, sendo seu dever sustentar as instituições constitucionais.

Conforme ainda o Estatuto dos Militares, o militar deverá ainda, entre outras obrigações, se abster de “comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade” (BRASIL, 1980, art.29), e ainda, a eles não é dada a permissão de se manifestar politicamente, emitir opiniões particulares sobre órgãos públicos, ou mesmo ter outros empregos, devendo ter exclusiva dedicação à Força. O militar, mesmo na reserva2, pode ser acionado pela Força para se envolver em alguma missão (BRASIL, 1980, art.3).

2 „Reserva‟ é o termo utilizado para o militar que já cumpriu o tempo de serviço no efetivo e

dele é afastado, mas ficando à disposição para ser convocado, caso haja necessidade.

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Nessa época o nome do município tinha sido mudado para Eduardo Gomes, voltando ao nome atual somente no final dos anos 1980.

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De acordo com o IBGE, pertencem à classe média as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 4 e 10 salários mínimos.

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Nas primeiras visitas realizadas a essa vila, em março de 2018, a academia ao ar livre ainda estava em funcionamento, porém, na visita para a realização da pesquisa de campo, em setembro de 2019, estava bloqueada para uso, pois os equipamentos precisavam de manutenção.

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A alta mobilidade pelo extenso território brasileiro é um destaque da carreira militar, pois a qualquer tempo este pode ser transferido de cidade e região para servir em outra unidade pela necessidade da Força. As transferências dos militares para qualquer local da União e fora dela, a qualquer momento e interesse da administração, é algo inerente à vida militar e anualmente é realizado um Plano de Movimentação do Pessoal da Aeronáutica (PLAMOV), onde a transferência pode partir da unidade em que o militar está designado, do militar ou por interesse da Administração (PESSOAL, 2012).

PLAMOV é o termo genérico que abrange transferência, classificação, nomeação, designação ou qualquer outro ato administrativo que implique o afastamento do militar de uma Organização Militar com destino a outra e que visa, precipuamente, assegurar a presença do efetivo necessário à eficiência operacional e administrativa das Organizações Militares do Comando da Aeronáutica (PESSOAL, 2012, p.7).

A transferência de localidade pode ocorrer a qualquer momento, de acordo com o interesse unilateral da União. Mesmo que não seja do interesse particular do militar e de sua família, em relação ao deslocamento, não cabem a ele manifestações individuais públicas, pois as bases do militarismo não permitem tal expressão individual (BRASIL, 1980, art.3; PESSOAL, 2012).

As constantes mudanças de cidades a que estão submetidos os militares, “ethos nômade” têm aspectos positivos e negativos para a família do militar (SILVA, C., 2010, p.8). Castro (2015) reitera essa discussão argumentando que a profissão castrense possui várias implicações, com destaque para a alta mobilidade, que podem ter implicações no convívio.

No entanto, a peculiaridade de se deslocar pelo território nacional, além de ter reflexos para os militares e suas famílias, impacta, também, as cidades onde se situam as unidades militares (BRASIL, 1980; KORTMANN, 2009; SILVA, C., 2010; PESSOAL, 2012; VALENÇA, 2014; CASTRO, 2015; PINTO e ANDRADE, 2015 e BONATES, 2016). O município de Parnamirim, no estado do Rio Grande do Norte, é um exemplo deste impacto desde sua fundação, influencia e é influenciado pela

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presença dos militares. Atualmente abriga 14 Organizações Militares da Força Aérea Brasileira em seu território.

1.2 Parnamirim: na rota dos militares

A cidade de Parnamirim, desde quando era apenas um distrito, teve sempre um relacionamento muito próximo com a aviação. Na década de 1920 havia um campo de pouso, inaugurado em 15 de outubro de 1927, recebendo seu primeiro pouso, chamado de Campo de Pouso Parnamirim ou Campo dos Franceses (BANT, 2012, p.12).

Devido ao desenvolvimento tecnológico, foi crescente a importância do avião, desde a Primeira Guerra Mundial, e sua utilização como arma de guerra foi aumentando gradativamente:

Em 1914, as missões eram de observação, ampliaram-se para a regulagem do tiro de artilharia, o apoio às forças de terra, até o bombardeiro estratégico. Em 1914 a Alemanha tinha 204 aviões e a França, 162; em 1918 a primeira possuía 5 mil e os Aliados, 10 mil. A capacidade de transporte de bombas passou de alguns quilos em 1914, para 1 tonelada em 1916 e 4 toneladas em 1918 quando, por sorte das cidades europeias, a guerra terminou (ARARIPE, 2011, p.10).

A necessidade de utilização da nova arma de guerra, o avião, devido ao avanço tecnológico e importante ferramenta para a defesa nacional, é desde a década de 1920 discutida no Brasil (SALES, 2011). O surgimento de uma nova força, a Força Aérea Brasileira, centralizou as operações aéreas, o que antes era conduzido pelos setores aéreos da Marinha do Brasil e Exército Brasileiro. Teixeira, A. (2013, p.2) destaca que as estruturas fisícas e de pessoal da aviação da Marinha e do Exército “foram incorporados à nova força e, também, os aviões a eles pertencentes”.

Em 1941 foi então criada a Força Aérea Brasileira pelo Decreto-Lei 3.302, no período em que Parnamirim recebia as instalações da Base Aérea Americana (Parnamirim Field) e a Base Aérea Brasileira. A FAB foi formada pela junção das

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partes aéreas das duas outras forças, Exército, Marinha e Aviação Civil Brasileira, devido à necessidade de melhor utilização e especialização do avião, surgindo uma nova instituição: o Ministério da Aeronáutica (FAB, 2019, p.3). Segundo a FAB (2019) a criação desse ministério e da Força Aérea Brasileira, ambas no ano de 1941, trouxe a necessidade de transferência de militares, servidores civis, aviões e instalações da Marinha, do Exército e do Ministério da Aviação e Obras Públicas para o então criado Ministério da Aeronáutica, dando, assim, identidade própria à FAB (FAB, 2019, p.1).

A Força Aérea Brasileira e o Ministério da Aeronáutica foram criados no mesmo período em que Parnamirim recebia investimentos militares brasileiros para a construção da Base Aérea de Natal e investimentos dos Estados Unidos com o Parnamirim Field, o campo militar dos EUA, chamado de Trampolim da Vitória. Teixeira, A. (2013), ao relatar sobre a influência dos EUA na Força Aérea Brasileira, descreve que os americanos precisavam de um ponto estratégico de aviação no Brasil para a África e que a base montada em Parnamirim era esse “trampolim” (TEIXEIRA, A., 2013). A comprovação de tal magnitude, segundo o autor, se deve ao fato do presidente americano, Franklin Roosevelt, vir a Natal se encontrar com o então presidente brasileiro, Getúlio Vargas, incentivando o crescimento de Natal para o sul, isto é, em direção a Parnamirim (COSTA, 2015, TEIXEIRA, R., 2016 e MUYLAERT, 2019).

Teixeira, R. (2016) descreve as influências dos acontecimentos sobre o espaço urbano de Natal no mesmo período. O autor relata a importância do porto e da linha férrea, não se esquecendo de redigir uma análise cuidadosa sobre a “aviação nascente”, com o primeiro aeródromo de Natal construído em Parnamirim, em 1927, o qual possuiu papel relevante na Segunda Guerra Mundial, com as construções das bases aérea americana e brasileira.

Os efeitos da Segunda Guerra Mundial e a interferência dos Estados Unidos são identificados também por Bonates (2016, p. 204) como “interesse norte-americano em estabelecer uma maior conexão com o Brasil do ponto de vista político, econômico, cultural e geográfico, tendo forte interesse militar nas Regiões Norte e Nordeste brasileiros”. No mesmo cenário, Clementino (1995) destaca que a

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cidade de Natal, no mesmo período, não tinha infraestrutura suficiente para atender tal demanda militar e fixação de um elevado número de pessoas na localidade. Clementino (1995) argumenta que:

Natal sofre uma enorme mudança com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, quando em 1941 tem início a instalação de bases militares. A vinda de grande contingente de militares e civis e mais a construção da Base Norte-americana encontra a cidade despreparada para absorver esta atividade e este contingente populacional (CLEMENTINO, 1995, p. 159).

Além da construção da base americana em Parnamirim, Oliveira e Rosty (2012) explicam que, na Segunda Guerra Mundial, o Brasil oficialmente se posiciona ao lado dos EUA em troca do auxílio na fundação da indústria de base no país:

A partir daí a neutralidade brasileira será mais e mais comprometida pelo envolvimento e apoio dos EUA às forças que combatiam o Eixo. Em 1941, Vargas autorizou a construção, em território nacional, de bases militares norte-americanas, entre as quais Parnamirim, em Natal, mais tarde conhecida como “o trampolim para a vitória” (OLIVEIRA e ROSTY, 2012, p.102).

1.3 A criação da BANT e a urbanização do município

A Base Aérea de Natal (BANT) foi criada em 1942, como parte brasileira do tratado com os Estados Unidos da América, e ficou situada junto à instalação de Parnamirim Field. Essas duas bases eram separadas por uma cerca no interior desses campos, e cada uma com o seu portão de acesso separado. A figura 1 mostra a foto aérea dessas duas bases, a brasileira ao lado do campo americano. Com essas instalações, o povoado de Parnamirim cresceu nas imediações do lado brasileiro, atualmente conhecido como o „Sul da Base‟.

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Figura 1 - Parnamirim Field (1945) e Aeroporto Augusto Severo (2019)

Fonte: Prefeitura de Parnamirim (2018) e Google Earth Pro (2019).

A instalação da BANT e de Parnamirim Field incentivou um fluxo migratório em direção aos arredores dessas bases. A construção delas e da estrada Parnamirim Road (a atual BR 101, que liga Natal a Parnamirim) foi fonte de emprego e renda para a população do estado potiguar e de estados vizinhos. No mesmo período, a seca que assolava o interior do estado era um fator que impulsionava o deslocamento de famílias. Tão grande era a população que se instalava na redondeza de Parnamirim que Oliveira, G. (2014) ressalta que houve investimentos e incentivos aos produtores rurais para que aumentassem o cultivo de suas terras e produções alimentícias, pois os alimentos importados não supriam a alta demanda da população local e das tropas americanas. Sobre o grande contigente populacional e a escassez de suprimentos para essa demanda Oliveira, G. (2014) argumenta que:

Muitos [...] vieram estimulados pela divulgação da existência de empregos, pois era de conhecimento público que os americanos estavam contratando mão-de-obra para os serviços mais pesados, como a construção da Base Terrestre Parnamirim Field e da pista Parnamirim Road e também pela divulgação dos investimentos e compras que faziam para suprir as Bases com gêneros alimentícios. Grande parte dos alimentos de que necessitavam eram importados, transportados por navios e aviões até a Base, porém compraram grandes propriedades e destinaram-nas para a criação de gado leiteiro e de corte, assim como para a plantação de cereais e de árvores frutíferas. [...] a demanda da Base de Parnamirim Field era

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maior do que a quantidade que eles conseguiam trazer dos Estados Unidos (OLIVEIRA, G., 2014, p.6-7).

A construção das bases aéreas em Parnamirim - RN tiveram grandes impactos sociais como enfatizado por Tota (2000), Costa (2015) e Pedreira (2019), assim como transformação e aquecimento econômicos que modificaram o espaço da região (TEIXEIRA, R., 2016). A vida local foi marcada, pois a cidade se transformou da “noite para o dia num corredor da aviação mundial” (OLIVEIRA, FERREIRA e SIMONINI, 2012, p. 3), bem como um atrativo devido ao deslocamento repentino de muitas pessoas num curto período de tempo (OLIVEIRA, G., 2014). Costa (2015) descreve a repentina mudança no perfil e na rotina de Parnamirim:

Apesar de nenhuma cidade permanecer estática, à espera de observadores que lhe tracem um perfil imutável, pode-se falar de uma cidade que existia antes e que foi reconstruída com a instalação da base militar norte-americana. Houve, como os documentos atestam, uma explosão imobiliária, aumento generalizado do custo de vida e escassez de gêneros alimentícios (COSTA, 2015, p. 69)

Além das estruturas militares das bases aéreas em Parnamirim, os Estados Unidos tiveram influência em outra unidade militar instalada no município de Parnamirim. No ano de 1956, segundo Peixoto (2003) e Rolim (2015), o governo dos Estados Unidos da América solicitou ao Brasil, através de vias diplomáticas e com promessas de investimentos nas Forças Armadas do país, a instalação de uma estação de rastreamento de foguetes, sendo escolhida, a princípio, a ilha de Fernando de Noronha para acompanhar os projéteis do Cabo Canaveral (ROLIM, 2015, p.15-16).

No ano de 1964 foi criado um grupo de estudos com a intenção de dar continuidade aos estudos espaciais; e ,entre outras atividades, a equipe deveria escolher um local para a implantação de um campo de lançamentos de foguetes. Este território deveria possuir diversas características técnicas envolvendo distanciamento de população, umidade e quantidade de chuvas, vizinhança com o mar para o direcionamento dos foguetes, localidade próxima ao Equador, dentre outras características. Segundo Rolim (2015, p.19), a base seria implementada em Fernando de Noronha, em Pernambuco, ou no estado do Ceará, mas, devido a falta

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de estrutura dessas localidades e a disposição do Rio Grande do Norte em atender essas peculiaridades iniciais, foi escolhida por intervenção política a região localizada a “15 Km de Natal, no caminho de Pirangi”. Assim, foi construído o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, unidade da Força Aérea Brasileira que rastreia e lança projéteis (figura 2).

Figura 2 - Centro de Lançamento da Barreira do Inferno

Fonte: Chaves (2018).

A Base Aérea, desde a sua construção, atraiu uma população e consequentemente moradias ao seu redor, isso pode ser verificado pela malha urbana que a circunda. Já o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno influenciou a região ao seu redor de forma diferente da BANT, pois sua área é rodeada de mata atlântica e costa marítima. Esse isolamento da unidade é necessário pela atividade fim da OM, os lançamentos de projéteis, pois é procedimento de segurança manter-se em lugar afastado. A conexão da BANT com a malha urbana e o isolamento do CLBI pode ser observado no mapa 1

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Mapa 1 – Entorno da BANT e CLBI

Fonte: Grupo de Pesquisa Estúdio Conceito – DPP- UFRN (2019).

Clementino (1995) destaca que em 1970 Parnamirim3 possuía uma população urbana superior a 50%. Esse processo, defende a autora, seria resultante do transbordamento da região metropolitana, como também consequência das instalações militares alocadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Atualmente, Parnamirim é o terceiro maior município, em população, do estado do Rio Grande do Norte, com população de 202.456 mil habitantes, segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficando atrás apenas de Natal, com 803.739 mil habitantes, e Mossoró, com 259.815 mil habitantes.

No que tange aos aspectos territoriais, as instalações da Força Aérea Brasileira possuem grande influência no município, e isso pode ser demonstrado

3

Nessa época o nome do município tinha sido mudado para Eduardo Gomes, voltando ao nome atual somente no final dos anos 1980.

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pelo grande área que ocupa. A área ocupada por instalações militares no município pode ser vista no mapa 2. Chama a atenção que a malha urbana cresceu ao redor da BANT, e é nesse entorno que se encontra o núcleo urbano do município, com o seu centro administrativo e a região central. As áreas perto do CLBI cresceram mais tarde com o espraiamento de Natal e com a valorização imobiliária de Ponta Negra.

Mapa 2 - Estruturas e vilas militares da aeronáutica em Parnamirim

Fonte: Grupo de Pesquisa Estúdio Conceito/DPP/UFRN (2020).

A influência da Força Aérea Brasileira é notória em Parnamirim, e o seu processo de urbanização possui fortes vínculos com as instalações dos campos militares. A conexão dos militares com a cidade pode ser observada por meio de elementos simbólicos que por ela estão distribuídos. Esses simbolismos denotam, além dessa ligação dos militares no processo de urbanização, uma representação social do entorno. Exemplos desses elementos são:

a. As primeiras administrações políticas do executivo da cidade foram executadas por militares, através de eleições e indicações da FAB;

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b. Nome de ruas e principais avenidas, como por exemplo: Avenida Brigadeiro Everaldo Breves, Rua Comandante Petit, Rua Aspirante Santos, entre outras na cidade (figura 3 e quadro 1);

c. O hino da cidade, que faz alusão ao Trampolim da Vitória, à Base Aérea de Natal e ainda ao Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (figura 4);

d. A bandeira de Parnamirim contém uma imagem que contempla tanto a Base Aérea de Natal como o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (figura 5);

e. Diversas escolas municipais com nomes de personalidades ligadas à aeronáutica e à história da aviação, como, por exemplo a Escola Santos Dumont, que por longo período de tempo foi administrada por militares e localizada dentro da parte sul da Base Aérea, considerada por muitos anos escola referência “atraindo alunos de cidades vizinhas como Monte Alegre, Vera Cruz, Brejinho e São José de Mipibu” (Silva, B., 2015, p.94);

f. A Praça Central da cidade, inaugurada com o nome de Praça do Correio Aéreo Nacional, onde se inaugurou em 1978 o busto do Brigadeiro Eduardo Gomes, patrono da Força Aérea Brasileira. Essa praça atualmente se chama Praça da Paz de Deus, localizada no centro de Parnamirim, e nela se localiza a igreja central da cidade que quando foi construída tinha o formato de uma aeronave, quando vista das alturas (figura 6).

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Figura 3 - Junção de rua e avenida de Parnamirim

Quadro 1 - Logradouros com patentes militares em Parnamirim

Fonte: Chaves (2018). Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do IBGE (2010).

Figura 4 - Trecho do hino de Parnamirim

Figura 5 - Bandeira do município de Parnamirim

Fonte: Terezinha Martins da Silva (2008).

Fonte: Prefeitura Municipal de Parnamirim, (2018). Tenente 184 Capitão 92 Brigadeiro 77 Sargento 61 Aspirante 42 Suboficial 32 Piloto 26 Comandante 24 Cabo 17 Almirante 13 Expedicionário 13 Oficial 6 Major 3 Total 590

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Figura 6 - Vista frontal da Igreja Central na cidade

Fonte: Chaves (2018).

Além das instalações militares (organizações militares, vilas residenciais, estruturas de serviços) distribuídas no município de Parnamirim, outras estruturas de serviços em educação, lazer e cultura fazem referência à Aeronáutica e são oriundas de parcerias entre a FAB e a Prefeitura Municipal de Parnamirim. Exemplos disso são:

- o Museu Aeroespacial, localizado em frente à entrada do CLBI, que faz parte do roteiro turístico de quem trafega pela Rota do Sol em direção às praias ao sul de Natal;

- o Centro Cultural Trampolim da Vitória, situado no antigo Aeroporto Augusto Severo, inaugurado em 28 de janeiro de 2020;

- o Planetário municipal de Parnamirim, situado ao lado do centro administrativo da cidade, que exibe em suas edificações pinturas que remetem à história e à contribuição da aviação militar através da Base Aérea de Natal e do pioneirismo do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) no desenvolvimento aeroespacial brasileiro como demonstrado na Figura 7. A arte exposta na cúpula do planetário da cidade demonstra a significância dessas instituições.

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Figura 7 – Planetário Municipal

Fonte: Chaves (2018).

Para além das estruturas físicas que mostram ações conjuntas entre entes públicos e as instituições militares, existem ações de cooperação para o oferecimento de serviços à população da cidade, como:

- o “BANT na escola”, no qual são realizadas palestras sobre nacionalidade e patriotismo nas escolas do município (PARNAMIRIM, 2014);

- a oferta de diversos serviços às populações carentes dos bairros de Parnamirim e atendimento médico gratuito, por meio dos profissionais da saúde da aeronáutica (Portal, 2014);

- a parceria estabelecida em 2018 entre a Força Aérea Brasileira, a prefeitura de Parnamirim e o Instituto Federal do Rio Grade do Norte para a construção de um Parque Tecnológico na cidade, e sobre o acordo o então prefeito da cidade, Rosano Taveira, se expressou: “A Força Aérea é o marco de Parnamirim, a criação da cidade está intimamente ligada à FAB, por isso não podíamos ficar de fora desse avanço tecnológico” (BRASIL, 2018, p.1).

Por fim, empresas privadas também fazem alusão à presença da FAB na cidade, como é o caso das empresas que executam serviços de transporte coletivo na cidade que levam o nome de ‟Parnamirim Field‟ e „Trampolim da Vitória‟ (figura 8

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e 9) em referência à atuação destacada internacionalmente na Segunda Guerra Mundial.

Figura 8 – Empresa de transporte coletivo Parnamirim Field

Fonte: Costa (2015).

Figura 9 - Empresa de transporte coletivo Trampolim da Vitória

Fonte: Chaves (2018).

Evidenciou-se nesse tópico que Parnamirim foi um importante elemento na criação da Força Aérea Brasileira e, como argumentado por Teixeira, R. (2016) e Costa (2015), a magnitude disso foi ilustrada pelo encontro do presidente americano Franklin Roosevelt e do presidente brasileiro Getúlio Vargas em Natal no ano de 1943. A cidade, que ainda quando era um pequeno povoado já abrigava uma pista de pouso, foi fundamental no quesito aviação na Segunda Guerra Mundial, sendo o Trampolim para a vitória.

Para além do contexto de guerra, Parnamirim continua, nos dias atuais, sendo uma importante localização para a Força Aérea Brasileira e mobilizando inúmeros militares que são designados para servir em suas unidades. Sendo assim, a cidade abriga esses militares e suas famílias. No próximo tópico serão abordadas as vilas militares e suas distinções, assim como a sua analogia com as vilas operárias do começo do século XX.

1.4 – As vilas militares e a cidade

O processo de urbanização e aglomeração de trabalhadores nas grandes cidades desencadeou a necessidade de construção de vilas que abrigassem essa

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população. Para isso foram criadas as vilas operárias que tinham forte vínculo com o trabalho e que, de modo geral, eram caracterizadas pela sua localização próxima à indústria. De maneira análoga, o Estado provê habitação por meio das vilas militares, devido à alta mobilidade dos militares dentro do território nacional, sendo essa uma forma indireta de subsidiar a moradia (BRASIL, 1980; KORTMANN, 2009; SILVA, C., 2010; PESSOAL, 2012; VALENÇA, 2014; CASTRO, 2015; PINTO e ANDRADE, 2015 e BONATES, 2016).

Em Parnamirim, a construção da primeira vila militar, que tem por nome Conjunto Habitacional Santos Dumont, teve o seu edital de construção publicado no ano de 1945. Essa vila foi construída inicialmente no formato de ruas abertas e tinha conexão com a cidade ao seu redor. Assim, os equipamentos de uso coletivo instalados em seu interior eram utilizados tanto pelos militares residentes quanto pela comunidade civil parnamirinense. A estação ferroviária da cidade localiza-se, até os dias atuais, na parte de trás dessa vila. Os passageiros podiam acessar a estação através das ruas da vila Santos Dumont, fazendo assim um percurso mais curto. Todavia, essa vila foi fechada no formato de condomínio, assim como as demais vilas militares construídas no município, e os seus equipamentos de uso coletivos tornaram-se restritos aos moradores.

Nesse tópico serão discutidas as particularidades das vilas militares, a intenção de seu fornecimento pelo Estado aos militares das Forças Armadas. Será ainda referenciada a construção das primeiras vilas militares no Brasil, suas subdivisões internas, forma de organização e controle. Também será abordada a comparação histórica das vilas militares e as vilas operárias, levando-se em consideração a relação entre a moradia e a profissão. Serão apresentadas as diferentes categorias hierárquicas e as responsabilidades dos permissionários, bem como as fases do processo de ocupação das unidades habitacionais com base na Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) 12-20.

A Vila Santos Dumont foi construída integrada à cidade, tendo suas ruas acessíveis aos que nela habitavam e aos demais cidadãos, no entanto, atualmente essa vila tem o formato de condomínio fechado, sendo acessada somente pelos moradores e convidados autorizados. As demais vilas foram construídas já em

Referências

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