DIREITO REGULATÓRIO
C
ONCEITO DER
EGULAÇÃOConjunto de normas que limitam a
atividade dos agentes econômicos
(consumidores, profissionais liberais,
empresas) e cuja aplicação é sustentada
empresas) e cuja aplicação é sustentada
pelo poder de coerção que a sociedade
concede ao Estado na busca de
desenvolvimento econômico e social,
principalmente incentivando e corrigindo
falhas do mercado.
R
EGULAÇÃO XR
EGULAMENTAÇÃORegulação – Intervenção estatal na
economia para determinar a atuação
dos agentes econômicos no mercado.
Regulamentação - Detalhamento
Regulamentação - Detalhamento
normativo de normas de hierarquia
superior.
C
ONCEPÇÕES DE REGULAÇÃOUm conjunto específico de comandos normativos, em que a regulação envolve um agrupamento de
regras coercitivas, editadas por órgão criado para determinado fim;
Influência estatal deliberada, em que a regulação, Influência estatal deliberada, em que a regulação, num sentido mais amplo, cobre toda a ação estatal
destinada a influenciar o comportamento social, econômico ou político;
Forma de controle social, em que todos os mecanismos que afetam o comportamento
humano são determinados por regras advindas do
I
NSTRUMENTOEm geral é definida e aplicada pelo
Estado por meio de órgãos
específicos, mas pode ser delegadas
ou entregues a entidades de classe
ou entregues a entidades de classe
(ex. advocacia).
Pode ocorrer em vários níveis
estatais e por diversos órgãos.
E
NFOQUESEconômico (eficiência econômica)
Político (disputas de poder)
T
ÉCNICASComando e Controle: o regulador define cada detalhe
das ações da empresa;
Por incentivos: As empresas são recompensadas caso
atinjam as metas definidas pelo regulador;
Potencial: as restrições são impostas somente quando as Potencial: as restrições são impostas somente quando as
empresas não atendem as metas definidas;
Reativa: Primeiro a empresa executa suas ações e depois
o regulador aprova ou não;
Proativa: o regulador define anteriormente quais as
ações são permitidas e proibidas;
Delegada: o poder de regular é delegado aos agentes
M
OTIVO DAR
EGULAÇÃONum mercado ideal (informação e concorrência plenas) não seria necessária a regulação.
Como não existe mercado ideal, surgem falhas de mercado.
Falhas de mercado são disfunções que ocorrem Falhas de mercado são disfunções que ocorrem nas relações e estruturas do mercado que geram ineficiência econômica.
Eficiência econômica – maximização do valor geral agregado (riqueza).
Afetam, ainda, o desenvolvimento (econômico, social e humano).
P
RINCIPAISF
ALHAS DEM
ERCADOExternalidades: quando o agente não incorre ou
incorpora todos os custos de transação gerados pela sua atividade (ex. festa, poluição do ar e dos rios).
Assimetria de informação: quando os agentes Assimetria de informação: quando os agentes
não têm informações há um prejuízo à busca do bem-estar (ex. carro usado e ações de uma
empresa). Problemas típicos da informação
desproporcional: seleção adversa (cliente não pode avaliar quem é bom) e risco moral (cliente não consegue avaliar se foi falta de esforço ou de qualidade).
P
RINCIPAISF
ALHAS DEM
ERCADOMercado Não Competitivo: empresas passam
a gozar de poder de mercado, habilidade para fixar o preço acima do custo marginal (preço
abaixo do eficiente, desincentivo à inovação).
Exceções: Monopólios naturais, economias de Exceções: Monopólios naturais, economias de
escala (elevados custos fixos) e escopo (quando
o agente que presta dois serviços por um custo mais baixo que se fossem oferecidos
separadamente).
Relação entre Direito Regulatório e Direito Concorrencial.
T
IPOS DEI
NEFICIÊNCIAIneficiência Alocativa: Quando os diversos
bens e serviços não são produzidos ou consumidos nas quantidades ótimas, isto é, que maximizam o bem-estar social;
Ineficiência Técnica ou produtiva: quando a Ineficiência Técnica ou produtiva: quando a
produção não se dá no menor custo possível;
Ineficiência dinâmica: quando uma
quantidade insuficiente de recursos é despendida na busca de inovações de produtos e processos.
M
ODELOS DEE
STADOEstado Liberal
Estado Comunista
Estado do Bem-Estar Social
Estado do Bem-Estar Social
(Intervencionista)
INTERVENÇÃO DO ESTADO
NA ECONOMIA
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A LEI ESTABELECERÁ O ESTATUTO JURÍDICO DA EMPRESA PÚBLICA, DA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E DE SUAS SUBSIDIÁRIAS QUE
EXPLOREM ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO OU COMERCIALIZAÇÃO DE BENS OU DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, DISPONDO SOBRE:
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários; trabalhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que § 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,
estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos
praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
ART. 175. INCUMBE AO PODER PÚBLICO, NA FORMA DA LEI,
DIRETAMENTE OU SOB REGIME DE CONCESSÃO OU PERMISSÃO, SEMPRE ATRAVÉS DE LICITAÇÃO, A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e
permissionárias de serviços públicos, o
caráter especial de seu contrato e de sua
caráter especial de seu contrato e de sua
prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da
concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA
ECONOMIA
Atuação do Estado na Economia: direta e
indireta
Direta: exploração de atividade econômica
dentro dos requisitos constitucionais (CF, 173)
Indireta: atuação como agente normativo,
indutor e regulador (CF, 174).
A CF adota um sistema econômico capitalista, pautado pela livre iniciativa.
Pautado pela atuação de empresas e indivíduos no mercado
Também adota um sistema provedor de serviços públicos: direitos fundamentais de segunda e de Também adota um sistema provedor de serviços públicos: direitos fundamentais de segunda e de terceira geração (art. 21 e 175 da CF)
EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE
ECONÔMICA PELO ESTADO
O mercado é por essência uma atividade de iniciativa privada.
O Estado, por opção constitucional, não pode explorar atividade econômica, salvo nas hipóteses previstas no atividade econômica, salvo nas hipóteses previstas no texto da própria Constituição.
Essa excepcional intervenção direta ocorrerá por intermédio de empresas públicas e sociedades de economia mista, em igualdade de condições com empresas privadas (DL 200/67) –
É vedada a participação direta da Administração Pública Direta no mercado (Leonardo Figueiredo, Pública Direta no mercado (Leonardo Figueiredo, Lições, p. 160) – algo muito discutível entre
CRITÉRIOS DA INTERVENÇÃO
DIRETA
Segurança Nacional: razão de ser do Estado
(que surge com exército e tributação –
Segundo Brum Torres, “Figuras do Estado Moderno”)
Algumas atividades econômicas podem ser
estratégicas para soberania (energia atômica,
petróleo, telecom, etc.)
Interesse coletivo
Interesse coletivo: interesse transindividual, que
transborda o interesse particular, direitos de terceira geração, pois afetam a toda a sociedade ou parte
significativa dela
Preponderância do interesse público sobre o particular Preponderância do interesse público sobre o particular
Intervenção direta por absorção
(monopólio) – apenas nas hipóteses previstas
no art. 177, caso contrário há concorrência
com setor privado
Monopólio – conforme já examinado – é uma
estrutura de mercado não concorrencial
estrutura de mercado não concorrencial
(atuação com exclusividade em determinado
mercado)
No caso, Estado subtrai a participação no
mercado de agentes econômicos privados
A
RT
. 177. C
ONSTITUEM
MONOPÓLIO DA
U
NIÃO
:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o
reprocessamento, a industrialização e o comércio de reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção,
comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal.
Monopólio legal – instituído por lei dentro
dos limites constitucionais.
Monopólio natural (algumas invenções
tecnológicas como patentes, recursos
naturais, volume de investimentos). Cf.,
Figueiredo, Lições, p. 169
Flexibilizações pós 1998
EC 09/95: contratação de empresas
privadas ou públicas para
abastecimento de petróleo
abastecimento de petróleo
EC 49/06: flexibilização no
INTERVENÇÃO INDIRETA DO
ESTADO NA ECONOMIA
Sendo a atividade do estado subsidiária na
atividade econômica, cumpre a ele um papel
de planejamento, de fiscalização e de
incentivos – CF, 174.
incentivos – CF, 174.
Para alguns (GRAU), é expressão da natureza
programática da CF.
Para outros (FIGUEIREDO) é expressão da
natureza neo-liberal ou reguladora da CF na
ordem econômica (“desestatização”).
ART. 174. COMO AGENTE NORMATIVO E REGULADOR DA ATIVIDADE
ECONÔMICA, O ESTADO EXERCERÁ, NA FORMA DA LEI, AS FUNÇÕES DE
FISCALIZAÇÃO, INCENTIVO E PLANEJAMENTO, SENDO ESTE
DETERMINANTE PARA O SETOR PÚBLICO E INDICATIVO PARA O SETOR
PRIVADO.
§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e
compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
de associativismo.
§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.
§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na
Muitos defendem que a intervenção indireta é fruto do Keynesianismo (the end of laissez faire) – necessidade de atuação do Estado via planejamento econômico
Influxo de idéias socialistas em Keynes e em Constituições do século XX
Influxo de idéias socialistas em Keynes e em Constituições do século XX
Idéias de Durkheim – Estado atuando em situações de “anomia” social
Contudo, o Estado sempre teve normas que
interferiram na propriedade e no mercado (questões sanitárias, urbanísticas)
A diferença está no grau admitido de intervenção, na sua maior especificidade (antitruste) e em sua
A diferença está no grau admitido de intervenção, na sua maior especificidade (antitruste) e em sua
São três as formas de intervenção do Estado na Economia (GRAU):
a) Intervenção por absorção (monopólio - direta) b) Intervenção por participação (concorrência –
direta) direta)
b) Intervenção por direção (indireta) c) Intervenção por indução (indireta)
O planejamento fica fora – não é modo, mas qualidade de intervenção
Segundo Eros Grau (“A ordem
econômica”, p. 92 e ss), em sentido
estrito, a atuação do Estado
na/sobre atividade econômica é uma
forma de intervenção do Estado na
esfera privada, isto é, no
esfera privada, isto é, no
mercado (“domínio
econômico”), ou seja, num
campo que não é naturalmente
seu.
Uma forma de intervenção por absorção/participação (no mercado) – como agente econômico - ,
Uma forma de intervenção por direção ou indução (sobre o mercado) – como agente regulador.
INTERVENÇÃO COMO AGENTE
Há absorção
absorção quando o Estado assume
integralmente o controle dos meios de
produção em determinado setor da atividade
econômica (monopólio) (CF 177).
Atua por participação
participação quando o Estado assume
apenas parcela do controle dos meios de
produção (concorrência com demais empresas
privadas) – daí a impossibilidade de privilégios
(igualdade) (CF 173).
INTERVENÇÃO COMO REGULADOR (CF
174)
Regulação: a) direçãoa) direção e b) indução
a) Direção: Estado exerce pressão criando normas compulsórias .
B) Indução: estabelecimento de incentivos (normas prêmio, promocionais ..)
Por que participar como agente do mercado? Interesse coletivo ou segurança nacional
Por que regular o mercado?
Falhas e imperfeições do mercado (assimetria de poder econômico e fático, externalidades, assimetria de
econômico e fático, externalidades, assimetria de informações).
Ainda segundo Grau, a intervenção ou
participação na atividade econômica
atividade econômica, dista-se
do serviço público
serviço público (onde há uma atuação no
campo típico do Estado), porque neste há uma
atividade essencial e/ou indispensável à coesão
social. Existe um interesse social na sua
realização, por isso a lógica não é de mercado
realização, por isso a lógica não é de mercado
(art. 175 e 21 da CF).
Naquela há presença de interesse coletivo/
segurança nacional (reconhecidos por lei) em
atividade típica do domínio econômico
REGULAÇÃO DA ECONOMIA
Auto-regulação: mercado (lei da oferta e da procura)
Hetero regulação: religião, sociedade, Estado, seja por meio de leis e de atos normativos
Distinção entre regulação estatal por indução Distinção entre regulação estatal por indução (promoção) e por direção (fiscalização e controle)
A regulação atinge vários mercados e mesmo alguns serviços públicos (dependendo da classificação): meio-ambiente, saúde, telecom, energia, valores mobiliários, etc.
FISCALIZAÇÃO ESTATAL
A fiscalização sobre a atividade econômica integra a competência regulatória do Estado
São controladas práticas dos agentes econômicos frente às normas disciplinadoras do mercado
Atividade de vigilância e de supervisão (SDE, SEAE, Atividade de vigilância e de supervisão (SDE, SEAE, BACEN, CVM)