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Índice. 4 Plano de Intervenção Planos de Acção... 61

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2.1.1. Norte 2015 – Plano Estratégico da Região Norte e o Novo Norte– ON.2 ... 5

2.1.2. Instrumentos de Gestão Territorial... 10

2.2. Região Hidrográfica do Minho — Lima Novo enquadramento legal ... 11

2.3. Breve caracterização do território ... 14

2.3.1. Caracterização geográfica... 14

2.3.2. Caracterização física e ambiental ... 18

2.3.3. Caracterização social, económica e patrimonial ... 29

2.3.4. Ocupação urbana na margem do rio Minho ... 39

2.4. Diagnóstico-síntese... 43 2.4.1 Potencialidades e debilidades... 44 2.4.2. Oportunidades e ameaças ... 45 3| Estratégia da Intervenção... 48 3.1. Pressupostos ... 48 3.2. Estratégia proposta... 49

3.3. Eixos estratégicos — objectivos e enquadramento ... 52

4| Plano de Intervenção... 56

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1| Objectivos e Âmbito do Plano

A Comunidade Intermunicipal Vale do Minho (Vale do Minho

CI), constituída pelos concelhos de

Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira, pretende definir uma estratégia operacional que releve e consolide o posicionamento deste território no contexto regional, nacional e transfronteiriço, consolidada num Plano de Intervenção para o Vale do Minho que, tendo o Rio Minho e respectiva bacia hidrográfica como referencial de união territorial, tem como objectivos:

> Consubstanciar uma estratégia integrada, de carácter supra-municipal e transfronteiriço, que reflicta um desenvolvimento territorial para o Vale do Minho,

assente em quatro grandes eixos estratégicos

preservação, valorização,

dinamização e promoção do Vale do Minho;

> Induzir o desenvolvimento social e económico do Vale do Minho, respeitando e potenciando os valores ambientais presentes, nomeadamente pela requalificação e valorização do Rio Minho e respectivos afluentes, numa estratégia de desenvolvimento sustentável;

> Identificar e articular um conjunto de projectos/acções estruturantes e coerentes com as orientações estratégicas sectoriais e territoriais definidas para a região Norte, no quadro da política nacional e regional;

> Constituir um elemento de suporte a candidaturas que a Vale do Minho

CI e/ou os municípios que a compõem pretendam realizar no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional para o período de 2007-2013.

Para responder às pretensões da Vale do Minho - CI, o Plano de Intervenção agora apresentado assume uma estratégia coerente e una que releva e consolida o posicionamento deste território no contexto regional, nacional e transfronteiriço, assente no desenvolvimento de diferentes projectos que visem preservar, valorizar, dinamizar e promover o Vale do Minho tendo o Rio como eixo mobilizador de desenvolvimento.

A estratégia desenvolvida teve por base a análise e diagnóstico efectuada quer em termos de enquadramento nas politicas de ordenamento quer de caracterização das componentes geográfica, física e ambiental, social, económica e patrimonial, e é consubstanciada em dois

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Planos de Acção, uma mais abrangente e integrador – Plano de Acção para o Vale do Minho e outro mais vocacionado e direccionado para a qualificação e valorização do Rio Minho – Plano de Acção do Rio Minho.

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2| Análise e Diagnóstico

O presente ponto inclui uma análise sumária do território abrangido pelos concelhos de Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira (Anexo IV, planta A1), tendo sido elaborado com base nos diversos estudos e planos desenvolvidos pela Vale do Minho - CI e nos relatórios dos instrumentos de gestão territorial. A análise aqui apresentada não pretende ser exaustiva, pois este é um território amplamente estudado, mas procura evidenciar as características geográficas, físicas e ambientais, aspectos sociais, económicos e patrimoniais dominantes no Vale do Minho e, sobretudo, identificar os principais factores de ameaça e debilidades que possam vir a ser minimizados, bem como as oportunidades e potencialidades a valorizar.

O diagnóstico tem como ponto de partida a análise realizada e sintetiza a “leitura do território” efectuada pela equipa da Parque EXPO nesta fase do trabalho.

2.1. Enquadramento nas Políticas de Ordenamento e

Desenvolvimento do Território

A definição de um Plano de Intervenção para o Vale do Minho terá de ser enquadrada por documentos de orientação estratégica e pelos instrumentos de gestão territorial. Neste ponto incluem-se as principais referências dos documentos mais relevantes, apresentando-se, em anexo, uma descrição mais detalhada dos restantes documentos (Anexo III).

Documentos de orientação estratégica analisados:

> Norte 2015 — Plano Estratégico da Região Norte;

> Programa Operacional Regional do Norte 2007-2013 (O Novo Norte - ON.2) > Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade;

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> Estratégia Nacional para as Florestas; > Plano Estratégico Nacional de Turismo. Instrumentos de gestão territorial analisados:

> Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT);

> Planos Especiais de Ordenamento do Território: Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda–Gerês (a iniciar o processo de revisão);

> Planos Sectoriais de Ordenamento do Território: Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica do Rio Minho, Plano Sectorial da Rede Natura 2000; Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Minho e o Plano Nacional de Floresta Contra Incêndios; > Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte (PROT–N, em elaboração); > Planos Directores Municipais dos cinco concelhos (PDM).

2.1.1. NORTE 2015 – PLANO ESTRATÉGICO DA REGIÃO NORTE E O NOVO NORTE– ON.2

O Norte 2015 — documento de referência na elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território para a Região Norte (PROT-N) e o Programa Operacional Regional do Norte 2007-2013 (O Novo Norte — ON.2) demonstraram-se documentos de importância relevante no contexto da elaboração do presente plano de intervenção.

O diagnóstico prospectivo bem como a estratégia de desenvolvimento regional, que estão na base do PO Norte, foram definidos no âmbito da iniciativa “Norte 2015”, através da qual se chegou a um conjunto de prioridades para a região.

A Visão Norte 2015, que enquadra todo o Programa Operacional é sintetizada da seguinte forma: A região do Norte será capaz, em 2015, de gerar um nível de produção de bens e serviços transaccionáveis que permita recuperar a trajectória de convergência a nível europeu, assegurando, de forma sustentável, acréscimos de rendimento e de emprego da sua população e promovendo, por essa via, a coesão económica, social e territorial.

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Partindo desta Visão, foram definidas três Prioridades Estratégicas, tendo em vista assegurar a sua concretização.

> Prioridade Estratégica I. Norte I.TEC — Promover a intensificação tecnológica da Base Produtiva Regional, quer das indústrias tradicionais, quer por via do aumento considerável do peso de actividades industriais, hoje, ainda, emergentes, quer através do desenvolvimento de uma plataforma de prestação de serviços de elevado valor acrescentado;

> Prioridade Estratégica II. Norte S.CORE — Assegurar, sustentadamente, a Competitividade Regional, desenvolvendo os aspectos sistémicos da competitividade, promovendo um ensino de qualidade aos mais diversos níveis e processos de formação contínua e de aprendizagem ao longo da vida e qualificando a Área Metropolitana, e as principais cidades médias que estruturam o sistema urbano regional;

> Prioridade Estratégica III. Norte E.QUALITY — Promover a Inclusão Social e Territorial, melhorando a equidade do acesso dos cidadãos aos principais bens e serviços, revitalizando zonas degradadas dos principais centros urbanos e das áreas rurais em forte declínio populacional e valorizando os recursos do(s) território(s).

Ponderando e conjugando aquelas Prioridades Estratégicas, as afinidades temáticas e territoriais das diversas tipologias de projectos com enquadramento no PO Regional, as tipologias de potenciais beneficiários e os aspectos associados à envolvente político-administrativa, foram redefinidas as prioridades do PO. Foram estabelecidas as seguintes prioridades:

I. Competitividade, inovação e conhecimento, enquanto factores que contribuem, de forma decisiva, para o reforço da intensificação tecnológica da base produtiva regional;

II. Valorização económica de recursos específicos, enquanto elementos-chave de uma estratégia territorialmente diferenciada de desenvolvimento regional, assente na valorização económica dos seus recursos próprios e, designadamente, do seu capital simbólico e identitário;

III. Valorização e qualificação ambiental e territorial, através da promoção do desenvolvimento integrado de comunidades sustentáveis, numa perspectiva intergeracional e na dupla vertente ambiental e inclusiva;

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IV. Qualificação do sistema urbano, promovendo a qualificação e interconectividade da rede urbana da Região do Norte, enquanto elemento de reforço da própria competitividade regional e, por essa razão, da melhoria da prestação de serviços às empresas e da qualidade de vida dos cidadãos;

V. Governação e capacitação institucional, contribuindo, de forma predominantemente instrumental, para a modernização do quadro institucional de apoio ao desenvolvimento regional e local.

Estas prioridades estratégicas correspondem aos seis eixos que estruturam o PO: > Eixo Prioritário 1 — Competitividade, inovação e conhecimento;

> Eixo Prioritário 2 — Valorização económica de recursos específicos; > Eixo Prioritário 3 — Valorização e qualificação ambiental e territorial; > Eixo Prioritário 4 — Qualificação do sistema urbano;

> Eixo Prioritário 5 — Capacitação institucional regional; > Eixo Prioritário 6 — Assistência Técnica.

A cada eixo corresponde um conjunto de domínios de intervenção. O quadro seguinte sistematiza essa estrutura e os montantes de financiamento comunitário (FEDER) atribuíveis a cada eixo.

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FINANCIAMENTO COMUNITÁRIO (Milhares €)

EIXO PRIORITÁRIO I – COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO

> Consolidação dos serviços colectivos regionais de suporte à inovação e promoção do sistema regional de inovação;

> Apoio à criação e consolidação de clusters emergentes e de empresas de base tecnológica em sectores que promovam o interface com as competências e capacidades regionais em ciência e tecnologia;

> Promoção e desenvolvimento da rede de parques de ciência e tecnologia e de operações integradas de ordenamento e de acolhimento empresarial;

> Requalificação, inovação e reforço das cadeias de valor nos sectores de especialização;

> Promoção de acções colectivas de desenvolvimento empresarial;

> Promoção da economia digital e da sociedade do conhecimento;

> Promoção de acções de eficiência energética.

786.645

EIXO PRIORITÁRIO II – VALORIZAÇÃO ECONÓMICA DE RECURSOS ESPECÍFICOS

> Valorização da excelência turística regional (Programa de Promoção da Marca Porto Norte de Portugal e Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro);

> Promoção económica de novos usos do mar;

> Valorização da cultura e da criatividade;

> Acções de valorização de novos territórios de aglomeração de actividades económicas;

> Valorização económica de recursos endógenos em espaços de baixa densidade e diversificação da actividade económica dos territórios rurais.

280.000

EIXO PRIORITÁRIO III – VALORIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL E TERRITORIAL

> Valorização e qualificação ambiental (Valorização e gestão de áreas ambientalmente críticas, optimização da recolha selectiva e da triagem, gestão da orla costeira e dos recursos marinhos e prevenção de riscos naturais, tecnológicos e sanitários);

> Gestão activa da Rede Natura e da biodiversidade;

> Qualificação dos serviços colectivos territoriais de proximidade.

770.000

EIXO PRIORITÁRIO IV – QUALIFICAÇÃO DO SISTEMA URBANO

> Promoção de operações para a excelência urbana e de redes para a competitividade e inovação;

> Promoção de operações integradas em zonas prioritárias de regeneração urbana;

> Promoção da mobilidade urbana;

> Promoção da conectividade do sistema urbano regional.

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FINANCIAMENTO COMUNITÁRIO (Milhares €)

EIXO PRIORITÁRIO V – GOVERNAÇÃO E CAPACITAÇÃO INSTITUCIONAL

> Modernização do Governo electrónico e melhoria da relação das empresas e dos cidadãos com a administração desconcentrada e local;

> Promoção da capacitação institucional e do desenvolvimento regional e local.

141.872

EIXO PRIORITÁRIO VI — ASSISTÊNCIA TÉCNICA

> Capacitação da Autoridade de Gestão para o eficaz desenvolvimento das suas competências

88.129

O Novo Norte – ON.2 – Total 2.711.646

O PO Norte foi construído em articulação com as prioridades estratégicas do Norte 2015, resultando na relação expressa esquematicamente na Figura 1.

Figura 1 — Equivalência entre as prioridades estratégicas do Norte 2015 e o Novo Norte — ON.2 Fonte: Programa Operacional Regional do Norte 2007-2013

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2.1.2. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL

O território em análise é abrangido por diversos Instrumentos de Gestão Territorial (IGT), de âmbitos e naturezas diversas. A identificação de cada um desses instrumentos e a delimitação específica do respectivo âmbito territorial encontra-se esquematizada no Anexo IV. Destacam-se os seguintes:

> Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT);

> Planos Especiais de Ordenamento do Território: Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda–Gerês (a iniciar o processo de revisão);

> Planos Sectoriais de Ordenamento do Território: Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica do Rio Minho, Plano Sectorial da Rede Natura 2000; Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Minho e o Plano Nacional de Floresta Contra Incêndios; > Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte (PROT–N, em elaboração); > Planos Directores Municipais dos cinco concelhos (PDM).

O PNPOT define um conjunto de opções territoriais para as várias regiões que deverão ser incorporadas nos respectivos Planos de Ordenamento e que o PROT-N, em elaboração, deverá igualmente vir a considerar. O PNPOT estabelece também orientações para a elaboração e/ou revisão dos planos municipais que os municípios terão de incorporar.

Os planos especiais contêm disposições de natureza regulamentar que deverão ser observadas nas intervenções a desenvolver nas áreas por eles abrangidos. No território objecto deste estudo, apenas uma pequena área do concelho de Melgaço é abrangida por um plano desta natureza, nomeadamente pelo plano de ordenamento do Parque Nacional da Peneda–Gerês.

Os planos sectoriais definem, para áreas distintas, orientações de política sectorial com grande relevância face às especificidades deste território, nomeadamente para a Bacia Hidrográfica do Rio Minho, para as áreas integradas na Rede Natura 2000 (rio Minho, Corno do Bico, Peneda-Gerês) e ainda para a área florestal.

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O PROT-N, em elaboração, deverá seguir as linhas definidas na estratégia regional (Norte 2015), bem como as orientações do PNPOT para este contexto regional. Ainda que este Plano de Intervenção deva ser finalizado antes da sua aprovação, importa ter em conta a documentação entretanto produzida e discutida no âmbito da Comissão Mista de Coordenação, onde os

municípios que integram a Vale do Minho

CI se encontram representados.

Quanto aos PDM’s dos cinco concelhos, todos se encontram em processo de revisão.

As orientações, os condicionamentos estabelecidos nestes IGT foram tidos em consideração nos projectos e acções propostos no Plano de Acção do Vale do Minho e no Plano de Acção para o Rio Minho..

2.2. Região Hidrográfica do Minho — Lima

Novo enquadramento legal

A Lei da Água1 definiu um novo enquadramento para os recursos hídricos dando um importante

contributo para o processo da reformulação da sua gestão, iniciado com a publicação da Lei n.º 54/2005, de 15 de Novembro, que estabeleceu a Titularidade dos Recursos Hídricos, e finalizado com a publicação do Decreto-Lei n.º 208/2007, de 29 de Maio, que formaliza a implementação de cinco Administrações de Regiões Hidrográficas (ARH).

De acordo com este novo regime, o Instituto da Água (INAG) representa, a nível nacional, a autoridade nacional da água. Ao nível das regiões hidrográficas compete às ARH prosseguirem as atribuições de gestão das águas, incluindo o respectivo planeamento, licenciamento e fiscalização.

A articulação dos instrumentos de ordenamento do território com a Lei da Água e com os planos de água previstos, assim como a integração da política da água nas políticas transversais de ambiente, continuam a ficar asseguradas pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

1 Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro.

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O princípio da região hidrográfica como unidade principal de planeamento e gestão das águas, tendo por base a bacia hidrográfica como estrutura territorial, encontra-se consagrado no n.º 2 do artigo 3.º da Lei da Água. Neste enquadramento, a Região Hidrográfica do Minho e Lima fica na

jurisdição da ARH do Norte2, conjuntamente com as do Cávado, Ave, Leça e Douro.

Compete às ARH, enquanto entidades gestoras das bacias hidrográficas, genericamente:

> A elaboração e execução dos planos de gestão de bacia hidrográfica e dos planos específicos de gestão das águas;

> A emissão de títulos de utilização dos recursos hídricos e fiscalização dessa utilização; > A realização da análise económica das utilizações das águas da respectiva região; > A definição e aplicação dos programas de medidas previstos nos planos de gestão de

bacias hidrográficas, com identificação da área territorial objecto das medidas de protecção e valorização dos recursos hídricos, bem como a monitorização dos efeitos destas medidas;

> A elaboração, tal como definido pela autoridade nacional da água, dos planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas, dos planos de ordenamento da orla costeira e dos planos de ordenamento dos estuários na área da sua jurisdição; > A elaboração do registo das zonas protegidas;

> A promoção da requalificação dos recursos hídricos e a sistematização fluvial;

> O estabelecimento da rede de monitorização da qualidade da água e elaboração do respectivo programa de monitorização, de acordo com os procedimentos e a metodologia definidos pela autoridade nacional da água.

Com a Lei da Água é estabelecido o princípio da necessidade de título de utilização e da autorização da utilização de recursos hídricos com recurso a infra-estruturas hidráulicas, para além de um conjunto de medidas para a protecção e valorização dos recursos hídricos. Estas medidas têm por objectivos a conservação e reabilitação da rede hidrográfica, da zona costeira e

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dos estuários e zonas húmidas; a protecção dos recursos hídricos nas captações, zonas de infiltração máxima e zonas vulneráveis; a regularização de caudais e a sistematização fluvial. As competências da ARH podem ser delegadas, total ou parcialmente, mediante a prévia celebração de protocolos ou contratos de parceria, nas autarquias, no Instituto para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade, e nas associações de utilizadores e em concessionários de utilização de recursos hídricos, nos termos definidos na Lei da Água.

É de referir ainda que, nas áreas do domínio público hídrico afectas às administrações portuárias, a competência da ARH para licenciamento e fiscalização da utilização dos recursos hídricos considera-se delegada na administração portuária com jurisdição no local. Essas competências devem, ainda, ser articuladas com as de outras entidades, designadamente a Direcção-Geral dos Recursos Florestais, com competências nos recursos cinegéticos e aquícolas das águas interiores.

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2.3. Breve caracterização do território

2.3.1. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA

A caracterização desta componente teve por base os contactos estabelecidos localmente, a análise de elementos cartográficos, dos dados do Instituto Nacional de Estatística e do instituto homólogo espanhol e ainda alguma informação constante dos estudos de base à elaboração do PROT-Norte (em curso).

Os cinco concelhos abrangidos pela Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho fazem parte da NUT III Minho-Lima, estabelecendo o seu limite norte e, nessa medida, a fronteira com Espanha (ver Anexo IV). O rio Minho acompanha, em toda a extensão, este território e funciona como elemento de união e integração entre os vários concelhos e destes com Espanha. A nascente, a fronteira deste território é delimitada pelo rio Trancoso (afluente do Minho) e pela serra da Peneda; a poente, o território em análise confina com o concelho de Caminha; e a sul com Ponte de Lima e Ponte da Barca.

No vale do Minho, o rio e a serra marcam a paisagem, onde prevalecem a agricultura e a exploração florestal. A ocupação urbana é de baixa densidade, distinguindo-se alguns aglomerados populacionais de maior dimensão, correspondentes às sedes de concelho. Valença é o maior aglomerado (cerca de 3500 habitantes), a que se segue Monção (cerca de 2600 habitantes). As restantes sedes de concelho têm entre 1000 e 1500 residentes.

Na área envolvente destacam-se algumas cidades de maior dimensão, designadamente, Viana do Castelo (com cerca de 36 mil habitantes), capital do distrito a que pertencem estes concelhos, e onde se concentram alguns equipamentos e serviços ligados ao sector público (saúde, ensino superior, administração, etc.), cuja área de abrangência serve os residentes do Vale do Minho. Ainda em território nacional, destacam-se as aglomerações urbano-metropolitanas correspondentes à Área Metropolitana do Porto (com cerca de 1300 mil habitantes) e ao eixo

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respectivamente

deverá acrescentar-se a população “estendida” pela área envolvente num processo de urbanização difusa). Mais próximo deste território encontra-se a Área Metropolitana de Vigo (com mais de 450 mil habitantes) que, tal como outros centros urbanos espanhóis, mais pequenos e mais próximos da fronteira, representa um importante centro de comércio e de serviços para a população residente no Vale do Minho.

A proximidade destas aglomerações (quer em território nacional, quer na vizinha Espanha) não tem favorecido a atracção e fixação de actividades neste território, designadamente na área dos serviços às empresas, que permanecem fortemente concentradas nas maiores polarizações

urbanas

um “efeito sombra”, conforme se descreve no diagnóstico do PROT-N. A dinâmica

social e económica nestes concelhos mantém-se, assim, muito dependente dos territórios vizinhos, mesmo para serviços relativamente “banais”.

Neste contexto geográfico, as relações transfronteiriças assumem um papel muito importante na região, existindo uma percentagem significativa de população residente a trabalhar fora do território nacional.

A forte relação entre ambos os territórios levou à constituição da Uniminho

Associação do Vale

do Minho Transfronteiriço, sendo os parceiros a Vale do Minho

CI e a Diputación Provincial de

Pontevedra. A missão desta associação é “fazer dos concelhos do rio Minho uma referência a nível europeu no desenvolvimento local, através da cooperação, pública e privada, da valorização dos recursos naturais e culturais próprios deste espaço territorial, da promoção da vocação turística do território, da utilização intensiva das tecnologias de informação e da inovação como catalisadores dos processos de desenvolvimento.” Foi recentemente elaborado um plano estratégico que reforça a importância das relações e a cooperação deste território transfronteiriço. Em termos de acessibilidades, o Vale do Minho possui boas ligações com o território envolvente, embora a nível interno (inter e intraconcelhio) se verifique algum défice de infra-estruturas rodoviárias. Valença e Vila Nova de Cerveira, encontrando-se mais próximos das grandes infra-estruturas, possuem melhores acessibilidades regionais, nacionais e internacionais. Já Monção e Melgaço estão distantes da rede viária de nível superior, acedendo a esta a partir dos outros concelhos. Em Paredes de Coura, embora esteja relativamente próximo de importantes infra-estruturas rodoviárias, o acesso da sede de concelho a estas é assente em estradas nacionais com condições deficitárias.

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A A3/IP1 faz a ligação deste território à Área Metropolitana do Porto, a Braga e a Espanha. A ligação do Vale do Minho ao Litoral e a Viana do Castelo é assegurada pela A28 (sendo o concelho de Vila Nova de Cerveira o que se encontra mais próximo desta infra-estrutura). A A27 estabelece a ligação entre a A3/IP1 e a A28.

No contexto local destacam-se as ligações de Monção a Melgaço (EN 202), de Valença a Amarante, que estabelece ligações a Monção, a Arcos de Valdevez, a Ponte da Barca e ainda às cidades de Braga e Guimarães (EN 101) e de Paredes de Coura a Arcos de Valdevez (EN 303).

Figura 2. Esquema das principais acessibilidades

Entre Vila Nova de Cerveira e Melgaço, ao longo da fronteira, existem cinco pontes internacionais sobre o rio Minho (uma em Vila Nova de Cerveira/Goian, duas em Valença/Tuy, uma em Monção/Salvaterra do Miño e uma em Melgaço/Arbo) que, juntamente com a privilegiada ligação à A3 (IP1), reforçam a relação entre a Região Norte de Portugal e a Região Autónoma da Galiza e

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tornam o Vale do Minho, mais concretamente o eixo Valença-Tui, um dos principais corredores de toda a fronteira hispano-portuguesa.

Quanto à rede ferroviária, esta região é servida pela linha do Minho, com estações em Vila Nova de Cerveira e Valença (existindo entre elas os apeadeiros de Carvalha e São Pedro da Torre), assegurando o transporte de passageiros e mercadorias entre o Vale do Minho, a sul, a Área Metropolitana do Porto e, a norte, Espanha (Vigo). As ligações regionais, inter-regionais e internacionais, que servem esta região, apresentam um nível de conforto e qualidade reduzido (p. ex., o tempo de percurso entre Valença e Porto/Campanhã é superior a 2 horas), não se mostrando competitivas em relação ao transporte rodoviário colectivo e, particularmente, ao transporte individual.

Os concelhos de Valença, Paredes de Coura e Vila Nova de Cerveira são atravessados pelo corredor de alta velocidade referente à ligação Porto-Vigo, encontrando-se prevista uma paragem transfronteiriça em Valença e outra em Vigo.

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2.3.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E AMBIENTAL

A caracterização desta componente teve por base a recolha e análise de informação disponível em diversos estudos já realizados para os concelhos de Melgaço, Monção, Valença, Paredes de Coura e Vila Nova de Cerveira, nomeadamente no âmbito dos instrumentos de gestão territorial, bem como a cartografia e os dados de monitorização ambiental disponibilizados pelas entidades públicas competentes nesta área.

A variação altimétrica, a rede hidrográfica, a ocupação e uso do solo caracterizam a estrutura física do Vale do Minho. Partindo da zona ribeirinha do rio Minho, inserida no nível basal (0-400 m), para o interior, as cotas altimétricas sobem gradualmente até aos níveis montanos (700-1000 m) e erminianos (> 1300 m), onde se localiza o concelho de Melgaço com a serra da Peneda a destacar-se e a impor-se na paisagem.

Em termos hidrográficos, o rio Minho (rio internacional) é a linha de água com maior expressão e relevância, sendo o eixo estruturante onde afluem os rios Mouro, Gadanha e Coura. O rio Minho nasce em Espanha, na serra de Meira, a uma altitude de 750 m, e desagua em Portugal, no oceano Atlântico. Dos 300 km de percurso, os últimos 70 km servem de fronteira entre Portugal e

Espanha. A sua bacia hidrográfica, que possui uma área total de 17 080 km2, dos quais apenas

799 km2 estão em território português, é limitada a sul pela bacia hidrográfica do rio Lima e pelas

ribeiras da costa atlântica, a sudeste pela bacia hidrográfica do rio Douro e a norte pelas bacias hidrográficas da costa norte de Espanha.

Do ponto de vista geomorfológico, esta bacia caracteriza-se pela oposição entre relevos elevados, terminando em planaltos descontínuos e vales profundos, mas largos, e de fundo aplanado. Os declives acentuados de superfícies rochosas e solos esqueléticos (litigiosos), normalmente de natureza granítica ou xistosa (p. ex., serra da Peneda), demonstram que esta é uma área sujeita a processos de elevada erosão. No entanto, à medida que se desce em direcção aos vales dos rios Minho e Coura, o risco de erosão vai progressivamente diminuindo. Do ponto de vista hidrogeológico, não estão definidos sistemas aquíferos no território do Vale do Minho. No entanto, no Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Minho (PBH), foram identificadas algumas áreas com potencial interesse hidrogeológico, uma vez que poderão ser utilizadas para satisfazer abastecimentos de carácter local alargado. Os granitos porfiróides de Monção e de

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Paredes de Coura, o complexo xistento de Paredes de Coura, os granitos não porfiróides de Vila Nova de Cerveira e os aluviões do rio Minho são disso exemplo.

Em termos de litologia, nos concelhos de Melgaço, Monção, Valença e Paredes de Coura predominam os granitos e rochas afins, seguidos dos xistos grauvaques e das areias e cascalheiras. No concelho de Vila Nova de Cerveira predominam os xistos grauvaques, seguindo-se os granitos e rochas afins e areias e cascalheiras. Os aluviões encontram-seguindo-se no concelho de Monção, junto ao rio Minho, enquanto os aplito-pegmatitos surgem apenas nos concelhos de Melgaço e Vila Nova de Cerveira.

Em termos de solos, no Vale do Minho predominam os regossolos (solos profundos, constituídos por materiais muito heterogéneos, derivados de outros materiais que não sedimentos fluviais ou arenosos e de fertilidade mediana), seguindo-se os antrossolos (solos que foram profundamente modificados pelas actividades humanas) e os leptossolos (solos com espessura inferior a 30 cm). Com menor expressão no território, encontram-se os cambissolos (solos profundos com um horizonte superficial com uma textura ou cor distinta da dos horizontes vizinhos) e os fluvissolos (solos profundos que se desenvolvem a partir de sedimentos fluviais).

Além da tipologia, a ocupação e uso do solo são aspectos que influem na organização de um território, na medida em que fornecem informações relativas aos usos existentes e à sua distribuição. De acordo com o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Minho, a ocupação do solo no vale do Minho está dividida em seis classes, nomeadamente: incultos; florestal; agrícola; improdutivos; urbano/social e águas interiores.

A classe “incultos” abrange 34,7% do território e predomina nas zonas montanhosas de elevada altitude, principalmente no concelho de Melgaço. Segue-se a classe “florestal”, ocupando 29,5% do território do Vale do Minho e sendo constituída, principalmente, por pinheiro bravo e outras folhosas. Também com alguma relevância na ocupação do solo, encontra-se a classe “agrícola” (21,7%), verificando-se que a agricultura se desenvolve essencialmente em terrenos aplanados adjacentes às diversas linhas de água. A classe “improdutivos”, com aproximadamente 7%, adquire menos expressão no território devido à existência de grandes maciços de afloramentos

rochosos (alguns em exploração

pedreiras).

A classe “urbano/social” no território do Vale do Minho caracteriza-se pela existência de dois modelos de ocupação distintos, verificando-se, por um lado, a ocorrência de povoamentos

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dispersos e de baixa densidade e, por outro, uma ocupação mais linear e densa ao longo dos principais rios da região, com tendência para uma maior concentração da população nas sedes de concelho. A classe “águas interiores” corresponde aos rios que atravessam o território (Minho, Coura e Mouro), representando cerca de 0,8%.

Valores ecológicos

Nos espaços florestais presentes no Vale do Minho a vegetação é dominada por giestais, urzais e tojais, que resultam da degradação dos carvalhais primitivos de Quercus robur. A vegetação climática é constituída por carvalhais (Quercus robur), que sobrevivem em pequenas bolsas seriamente ameaçadas. Encontram-se igualmente exemplares de sobreiros (Quercus suber), castanheiros (Castanea sativa), azevinho (Ilex aquifolium), carvalho negral (Quercus pyrenaica), faias (Fagus silvatica) e medronheiros (Arbutus unedo). Os bosques higrófilos são dominados pelos amieiros (Alnus glutinosa).

Em áreas onde a intervenção humana é diminuta, encontra-se alguma vegetação ripícola bem desenvolvida e em bom estado de conservação, principalmente nos rios Mouro e Coura, em que dominam o amieiro (Almus glutinosa), o salgueiro (Salix Alba) e o freixo (Fraxinus angustifolia). Em altitude e associados a linhas de água, predominam os vidoeiros (Betula celtiberica). No entanto, nos pequenos afluentes do rio Gadanha, a vegetação ripícola apresenta um estado de conservação reduzido, verificando-se a inexistência de estrato arbustivo e arbóreo ou a presença do estrato arbustivo apenas numa margem.

Algumas destas áreas possuem interesse para efeitos de conservação devido à presença de habitats importantes e de táxones da flora e fauna autóctones (factores naturais), bem como pelo seu estado de conservação (dependente de factores antrópicos). Foram os valores naturais e paisagísticos, aliados aos valores culturais, patrimoniais e humanos presentes que presidiram à classificação de várias áreas como património de valor ambiental e natural. Falamos do Parque Nacional da Peneda-Gerês e da Paisagem Protegida do Corno do Bico (áreas protegidas), dos estuários dos rios Minho e Coura e da serra do Gerês (Zonas de Protecção Especial) e dos Sítios integrados na Rede Natura 2000 (Corno do Bico, Peneda-Gerês e rio Minho). Será apresentada uma breve descrição das áreas naturais classificadas, sendo que a identificação dos principais habitats presentes, da flora e fauna associados, se encontra descrita nas fichas do Plano Sectorial da Rede Natura 2000 para os Sítios e Zonas de Protecção Especial (ZPE) existentes neste

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território, pelo que são referenciadas para consulta no site do ICNB e não descritas neste documento (Anexo IV, planta A3).

Salienta-se, desde logo, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, única área protegida nacional com este estatuto, classificado em 1971 por integrar vários ecossistemas em “estado natural” (inalterados ou pouco alterados pela intervenção humana), espécies de flora e fauna representativas de regiões naturais, e por incluir ainda zonas geomorfológicas e de habitats de espécies com interesse ecológico, científico ou educacional.

O Parque encontra-se dividido em zona natural ou área de Parque (zona de protecção integral, correspondente a um terço da área) e zona rural ou Pré-Parque (zona tampão envolvente). Estende-se do planalto de Castro Laboreiro ao da Mourela, abrangendo as serras da Peneda, do Soajo, Amarela e do Gerês, que intercalam com vales e corgos que albergam uma densa rede hidrográfica (parte das bacias dos rios Minho, Lima, Cávado e Homem) atravessando e retalhando este território. Esta paisagem natural foi interrompida pela construção de barragens para aproveitamento hidroeléctrico (Touvedo e Alto Lindoso) que implicaram a formação de várias albufeiras.

A natureza e orientação do relevo, as variações de altitude e as influências atlântica, mediterrânica e continental traduzem-se na variedade e riqueza do coberto vegetal: matos, carvalhais, medronheiros, azevinhos e pinhais, bosques de bétula ou vidoeiro, abundante vegetação bordejando as linhas de água, campos de cultivo e pastagens. Em termos de fauna destaca-se a presença do javali, do veado, do texugo, do lobo, da águia-real, do milhafre-real e do falcão. A orografia condicionou a ocupação humana desta área natural, existindo actualmente 114 aldeias dispersas pelo Parque, onde vivem em permanência cerca de 10 mil residentes. Esta população tem como actividades principais a agricultura, a silvicultura, a pastorícia e a pecuária, tendo um papel importante na construção da paisagem. Os povoados, localizados principalmente em chãs (pequenos planaltos), a arquitectura dos socalcos, as paradas de espigueiros, os castelos de Castro Laboreiro e do Lindoso, o verde florestal e agrícola marcam e diferenciam esta serra e são um testemunho de uma harmoniosa integração do homem com a natureza.

No entanto, tanto o modo de vida como o aspecto das aldeias têm vindo a mudar, fruto do desenvolvimento turístico e do êxodo rural, evidenciando-se hoje em dia uma população maioritariamente idosa. Esta mudança é aqui bem notória, principalmente no Gerês, onde o

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turismo, devido à serra e às termas, provocou uma enorme dinâmica com a criação de estruturas

hoteleiras, restaurantes e cafés. Para além das termas, existem no Parque vários equipamentos3

que dinamizam a visitação deste espaço. Refira-se que a gestão de ocupação de alguns destes equipamentos é efectuada através de uma central de reservas, pela ADERE- Peneda–Gerês (Associação de Desenvolvimento das regiões do Parque Nacional da Peneda- Gerês), criada pelos municípios, que são abrangidos pelo Parque, para a divulgação e promoção desta área protegida.

No âmbito do Plano Sectorial da Rede Natura 2000, parte do Parque Nacional integra a Zona de Protecção Especial da Serra do Gerês (84%) (código PTZPE0002) e da lista de Sítios de

Importância Comunitária da região biogeográfica atlântica (76%) (código PTCON0001)4.

Actualmente, o Parque prepara-se para integrar a rede das melhores áreas naturais da Europa, depois de ter sido aceite a sua candidatura ao sistema de certificação PAN Park’s (sistema de certificação da responsabilidade da Fundação PAN Parks). Este sistema defende que a combinação da conservação da natureza e do desenvolvimento económico, através da promoção do turismo sustentável, propicia a promoção das melhores práticas na gestão das áreas protegidas.

Localizada no concelho de Paredes de Coura, a Paisagem Protegida do Corno do Bico, com uma área de 2175 ha, foi criada em 1999 com o objectivo de se promoverem medidas para a conservação de uma importante mancha de carvalhal e, ao mesmo tempo, de se desenvolverem actividades de recreio e lazer, em equilíbrio com os valores naturais salvaguardados.

No ano de 20005 e no âmbito da 2.ª fase do Plano Sectorial da Rede Natura 2000, o Corno de

Bico passou a constar da Lista Nacional de Sítios, tendo sido classificado como Sítio de

Importância Comunitária (código PTCON0040)6 pela importância biofísica que as cabeceiras dos

rios Coura, Labruja e Vez7 apresentavam e pela presença de diversos habitats naturais e

3 Cinco parques de campismo, várias casas de abrigo, casas de aldeia, casas rurais, uma pousada da juventude e uma

pousada de Portugal.

4 A descrição dos principais habitats, flora e fauna, é descrita nas respectivas fichas de caracterização, disponibilizadas no

site do ICNB.

5 Resolução do Conselho de Ministros n.º 76/2000, de 5 de Julho. 6

Portaria n.º 829/2007, de 1 de Agosto.

7

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seminaturais que albergam espécies animais e vegetais de interesse comunitário. De destacar o coberto florestal constituído por uma extensa e bem preservada mancha florestal de carvalho-roble, arando, vidoeiro e azevinho, e a presença de importantes comunidades faunísticas, tais como: o lobo, a lontra, o lagarto-de-água, o picanço-de-dorso-vermelho, a víbora de seoane, a truta, a águia-real, entre outros.

Nesta Paisagem Protegida, cujas competências de gestão foram atribuídas à Câmara Municipal de Paredes de Coura, existe, desde o início de 2007, um Centro de Educação e Interpretação Ambiental (CEIA), criado com o objectivo de promover a investigação e a divulgação dos recursos naturais presentes neste local, nomeadamente a flora e a fauna. O CEIA oferece aos seus visitantes um conjunto de actividades de sensibilização e animação ambiental, tais como visitas de estudo, observação de fauna e flora, diversos percursos pedestres e ateliês variados. A variedade de programas oferecidos torna a gestão deste espaço num exemplo de dinamização e divulgação dos valores naturais, que pode ser replicado em áreas de estatuto similar, existentes ou a criar, constituindo um bom exemplo do sucesso da “abertura” das áreas protegidas à comunidade.

Não integrando a Rede Nacional de Áreas Protegidas, mas sendo áreas classificadas no âmbito da Rede Natura 2000, incluem-se ainda neste território as áreas a seguir descritas:

Zona de Protecção Especial dos Estuários dos Rios Minho e Coura (código PTZPE0001). Classificação atribuída pela diversidade de habitats húmidos de elevada importância ecológica, incluindo águas estuarinas, bancos de vasa e de areia, sapais, matas ripícolas, caniçais e juncais. Estes habitats permitem albergar uma enorme variedade de avifauna, com destaque para as aves aquáticas invernantes e algumas aves nidificantes (galinha-de-água, mergulhão-pequeno, entre outros). De notar ainda a ocorrência da águia-sapeira, da garça-vermelha e do pato-real. É também um importante local de passagem migratória para passeriformes, nomeadamente as áreas de caniçal, na confluência dos dois rios, e as manchas de floresta aluvial.

O Rio Minho (código PTCON0019) foi classificado como Sítio de Importância Comunitária, não só devido à presença de um conjunto de habitats de elevada importância ecológica que inclui matas ripícolas, comunidades permanentes de leitos de cheia rochosos, juncais e sapais, mas também devido à sua importância para a conservação de espécies piscícolas migradoras (nomeadamente salmão, sável, savelha, lampreia-marinha e panjorca) e para algumas espécies de mamíferos associados ao meio aquático e vegetação ribeirinha (lontra e toupeira-de-água).

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Ordenamento florestal

Em termos de ordenamento florestal, o plano para o Alto Minho8 demarcou diversas sub-regiões

homogéneas que integram aspectos fisiográficos e de vegetação semelhantes e que correspondem a unidades de paisagem específicas. Neste plano, o território abrangido pelos concelhos do Vale do Minho está distribuído por cinco sub-regiões homogéneas de paisagem:

> Alvarinho (abrange parte do concelho de Monção);

> Arga-Coura (abrange os concelhos de Vila Nova de Cerveira, Valença e parte dos concelhos de Paredes de Coura e Monção);

> Corno do Bico (abrange parte do concelho de Paredes de Coura);

> Parque Nacional da Peneda-Gerês (abrange parte do concelho de Melgaço); > Rio Vez (abrange parte dos concelhos de Paredes de Coura, Monção e Melgaço).

Para cada uma destas Sub-Regiões Homogéneas de Paisagem foram definidas funcionalidades de acordo com o grau de prioridade de actuação, tal como se pode observar no quadro seguinte:

SUB-REGIÃO HOMOGÉNEA PRIORIDADE I PRIORIDADE II PRIORIDADE III

Alvarinho Produção Recreio, enquadramento e

estética da paisagem Protecção

Arga-Coura Protecção Produção

Silvopastorícia, caça e pesca nas zonas interiores Corno do Bico

Conservação de habitats, de espécies de fauna e flora e de geomonumentos

Recreio, enquadramento e

estética da paisagem Protecção

Parque Nacional da Peneda-Gerês

Conservação de habitats, de espécies de fauna e flora e de geomonumentos

Silvopastorícia, caça e

pesca nas zonas interiores Protecção

Vez Protecção Silvopastorícia, caça e

pesca nas zonas interiores Produção

8 PROF do Alto Minho.

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Qualidade ambiental

A qualidade ambiental é cada vez mais uma exigência e um indicador de bem-estar e qualidade de vida das populações, sendo, deste modo, um importante indicador de sustentabilidade a avaliar e a considerar nas intervenções que se vierem a realizar no âmbito deste Plano de Intervenção.Por isso, não se poderia deixar de caracterizar a qualidade da água nos rios e nas praias fluviais existentes neste território.

Para controlo da qualidade das principais linhas de água do Vale do Minho, o Instituto da Água (INAG) possui uma rede de monitorização de qualidade da água com várias estações de monitorização ao longo do rio Minho e dos seus principais afluentes (rios Mouro, Gadanha e Coura). Os dados recolhidos em cada uma destas estações são disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) e permitem classificar a qualidade da água para fins múltiplos, nomeadamente abastecimento, indústria, rega, vida piscícola, recreio e lazer.

Nos concelhos de Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira existem 14 estações de monitorização da qualidade da água, sendo que oito estão instaladas no rio

Minho9, uma no rio Mouro10, duas no rio Gadanha11 e três no rio Coura12. Destas 14 estações, no

ano de 2005 apenas estavam sete activas.

Analisando as classificações obtidas para o período 2000-2005 nas estações activas que se

encontram no Rio Minho, verifica-se que a qualidade da água tem oscilado entre Boa (Classe B

águas com qualidade ligeiramente inferior à Classe A, mas podendo também satisfazer

potencialmente todas as utilizações) e Razoável (Classe C

águas com qualidade aceitável,

suficiente para irrigação, para usos industriais e produção de água potável após tratamento

rigoroso. Permite a existência de vida piscícola

espécies menos exigentes

–,

mas com

reprodução aleatória; apta para recreio sem contacto directo).

9 Estações de Casais, Veiga de Remoães, Peso de Melgaço, Foz do Mouro, Monção, Bouças e Valença. 10 Estação de Segude.

11 Pias e Mazedo.

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Os principais parâmetros responsáveis por estas classificações têm sido os Coliformes totais e o pH, sendo que ocasionalmente o Fósforo total e o Azoto de Kjjeldahl também contribuem para a classificação obtida.

No Rio Mouro, a qualidade da água no período 2000-2005 pode-se considerar-se Boa, de acordo com os resultados obtidos na sua estação de monitorização. No Rio Gadanha, os últimos resultados disponíveis correspondem ao ano de 2000, sendo a classificação obtida Razoável. Para o Rio Coura, a classificação da qualidade da água obtida para o período 2000-2005 foi também Razoável, tendo sido os Fosfatos, Fósforo total, Coliformes totais, agentes tensioactivos, e Estreptococos fecais os principais responsáveis por esta classificação.

No que respeita às fontes de poluição destes cursos de água, verifica-se que estas são principalmente de origem urbana, dividindo-se da seguinte forma: 64% provêm de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), 27% das fontes de poluição são provenientes de fossas sépticas colectivas e 9% provenientes de descargas directas.

De acordo com os dados observados, pode referir-se que, no global, a qualidade da água destes quatro rios é Razoável (Classe C), apesar de ainda se verificarem diversos focos de poluição que contribuem para a degradação da qualidade destes recursos. As fontes de poluição dos recursos

hídricos existentes no Vale do Minho13 estão relacionadas com a poluição tópica (associada às

fontes domésticas, industriais e pecuária) e com a poluição difusa (associada aos principais usos do solo, nomeadamente regadio, agricultura, floresta e pastagem).

No entanto, crê-se que estas situações estejam em fase de resolução na sequência de elevados investimentos efectuados, realizados pelas entidades públicas responsáveis pela drenagem e tratamento de águas residuais nestes concelhos, nomeadamente, pela empresa Águas do

Minho

-

Lima, S.A. (que integra todos os concelhos da Vale do Minho-CI)e pelos municípios.

A qualidade das águas balneares interiores representa, não só um factor de saúde como é também um importante indicador de qualidade ambiental e um factor de desenvolvimento turístico, dado que as praias fluviais são locais privilegiados de atracção de populações para a prática de actividades de desporto, recreio e lazer. Estas actividades são directamente

13 Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Minho.

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condicionadas pelo nível de contaminação das águas, cuja principal origem é, na maioria das vezes, a inexistência/insuficiência de tratamento de águas residuais.

No território em estudo existem três locais classificados pelo INAG como “zona balnear”, nomeadamente: a praia fluvial da Gadanha (em Monção); a praia fluvial da Lenta (em Vila Nova de Cerveira) e a praia fluvial de Taboão (em Paredes de Coura), sendo que a nenhuma destas praias foi atribuída a bandeira azul.

No ano de 2006, a praia da Gadanha esteve temporariamente interdita pelo Delegado Regional de Saúde. No entanto, em 2007, esta situação alterou-se, uma vez que, de acordo com os

resultados analíticos obtidos, a qualidade da água foi considerada Aceitável14. No ano de 2006 a

praia da Lenta obteve a classificação de Aceitável, esta situação veio a confirmar-se com os

resultados analíticos obtidos no ano de 200715. Relativamente à praia do Taboão, a classificação

obtida em 2006 e 2007 foi Aceitável16. Os principais parâmetros responsáveis por estas

classificações foram os Coliformes fecais e os Coliformes totais.

Apesar de a qualidade das águas das praias fluviais existentes nestes concelhos ser Aceitável, o INAG tem previsto um “Programa Nacional de Valorização de Praias Fluviais”. Ao abrigo deste Programa, serão estabelecidos contratos-programa com autarquias, com o objectivo de dotar áreas do interior do país de novos espaços associados a actividades recreativas e lúdicas, proporcionando locais seguros para banhos em águas interiores às populações, e

simultaneamente valorizar ambiental e paisagisticamente as áreas ribeirinhas17.

14 No ano de 2007 foi efectuado o controlo da qualidade da água durante 20 semanas consecutivas (entre Maio e

Setembro) — em 19 semanas, a qualidade da água foi considerada Aceitável.

15 No ano de 2007 foi efectuado o controlo da qualidade da água durante 20 semanas consecutivas (entre Maio e

Setembro) — em 15 semanas, a qualidade da água foi considerada Aceitável.

16 No ano de 2007 foi efectuado o controlo da qualidade da água durante 20 semanas consecutivas (entre Maio e

Setembro) — em 18 semanas, a qualidade da água foi considerada Aceitável.

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Infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento básico

A existência de uma rede de infra-estruturas básicas completa e eficaz, nomeadamente o abastecimento de água e o tratamento de águas residuais, entre outros, constitui um factor primordial para a qualidade de vida de um território, quer em termos de bem-estar da população quer em termos ambientais, razão pela qual se considera importante o conhecimento e caracterização das mesmas.

Com base nos dados apresentados no Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de

Água e de Águas Residuais (INSAAR)18, para o ano de 200519, com base em dados obtidos nos

diversos estudos já elaborados, e com base nas informações disponibilizadas pelas diversas entidades competentes, efectua-se de seguida uma breve referência ao ponto de situação da rede de infra-estruturas básicas existentes nos concelhos que integram o Vale do Minho.

O abastecimento de água à população do Vale do Minho é garantido maioritariamente por captações de águas subterrâneas — em 2005, aproximadamente 96% da população era servida por sistema de abastecimento público de água. De destacar os concelhos de Valença, Vila Nova de Cerveira e Paredes de Coura, com 100% de população servida por sistema de abastecimento

público de água20.

Se em termos de abastecimento de água o Vale do Minho já possui uma boa taxa de cobertura, o mesmo não se passa relativamente à recolha e tratamento de águas residuais, uma vez que em 2005 apenas cerca de 36% da população era servida por infra-estruturas de saneamento

básico21. No entanto, esta situação tem vindo a ser melhorada por via dos investimentos que têm

sido efectuados e que estão previstos, não só pelas Águas do Minho - Lima, S.A, como também pelos municípios.

18 Este inventário foi desenvolvido pelo INAG, em colaboração com as entidades gestoras, com o objectivo de recolher e

centralizar toda a informação relativa ao ciclo urbano da água numa base de dados, onde é apresentada entre outras, uma compilação dos principais indicadores relativos ao abastecimento de água e drenagem e tratamento de águas residuais.

19 Disponibilizados e publicados pelo INAG, em Abril de 2007. 20 Fonte: INE.

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2.3.3. CARACTERIZAÇÃO SOCIAL, ECONÓMICA E PATRIMONIAL

A caracterização social, económica e patrimonial foi realizada com base nos dados do INE particularmente na análise das dinâmicas demográficas ao nível nacional e da Galiza. A componente económica, tendo em conta a sua rápida mutação, para além dos dados estatísticos privilegiou a informação recolhida junto dos agentes locais auscultados, com enfoque nesta área junto de associações empresariais e comerciais.

Ao nível do património a informação analisada foi essencialmente recolhida no trabalho de reconhecimento do território e nas entrevistas realizadas, nomeadamente a representantes de associações de desenvolvimento local que têm vindo a promover um conjunto diversificado de publicações de divulgação do(s) património(s) do Vale do Minho.

Dinâmicas demográficas

Este território caracteriza-se por um desenvolvimento dos aglomerados urbanos na envolvente do rio, apresentando um povoamento concentrado nestes pontos e mais disperso à medida que se avança para as zonas rurais mais afastadas destes núcleos e do próprio rio.

A população do Vale do Minho, no início da actual década, rondava os 62 500 habitantes, aproximadamente 2% da população da Região Norte. Numa comparação dos dados da última década intercensitária, constata-se que o Vale do Minho perdeu 6,9% de habitantes, apresentando todos os concelhos um movimento de retracção neste período.

Atendendo aos dados mais recentes disponíveis no INE, referentes às estimativas de população residente (2006), a situação de declínio mantém-se, apresentando apenas o concelho de Valença um valor positivo (1% de crescimento populacional entre 2001 e 2006) e Melgaço o valor mais negativo de crescimento (-4,2%), seguido de Paredes de Coura (-2,1%), correspondendo estes dois últimos aos concelhos mais interiores deste território.

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Figura 3. Crescimento demográfico por concelho Fonte: INE, recenseamento da população e habitação 1991 e 2001 e estimativas da população residente 2006.

O território em estudo apresenta uma área com 813,2 km2, sendo os concelhos de Melgaço

(238,1 km2) e de Vila Nova de Cerveira (108,5 km2) os de maior e menor dimensão,

respectivamente. As diferenças de dimensão reflectem-se ao nível da densidade populacional de

cada concelho, com Valença a apresentar o valor mais elevado (120 hab. /km2 em 2001) e

Melgaço o valor mais baixo (41 hab. /km2 em 2001).

Figura 4. Densidade populacional Fonte: INE, recenseamento da população e habitação 1991 e 2001 e estimativas da população residente 2006.

No entanto, o concelho que apresenta mais população residente é o de Monção (19 718 habitantes) e o menos povoado é o de Vila Nova de Cerveira (8752 habitantes), conforme se constata na leitura do quadro seguinte.

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N.º HABITANTES

Melgaço 9.579

Monção 19.738

Paredes de Coura 9.367

Valença 14.324

Vila Nova de Cerveira 8.752

Quadro 1. População residente por concelho em 2006 Fonte: INE, estimativas da população residente 2006.

O índice de envelhecimento é demonstrativo de uma das principais debilidades demográficas do território, apresentando valores bastante elevados (com índices que variam entre 160 e 360, em Vila Nova de Cerveira e Melgaço, respectivamente) quando comparados com os valores médios do país (112 nas estimativas de 2006), evidenciando um forte envelhecimento da população no Vale do Minho.

Figura 5. Índice de envelhecimento por concelho Fonte: INE, recenseamento da população e habitação 2001 e estimativas da população residente 2006.

O índice de envelhecimento22 reflecte-se na quebra populacional das classes mais jovens,

salientando-se Melgaço, o maior dos concelhos em análise, que apresenta uma relação de 361 pessoas com idade igual ou superior a 65 anos para 100 pessoas com idade inferior a 15 anos. Os concelhos “mais jovens” são Vila Nova de Cerveira e Valença, ainda assim com índices acima de 160.

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A estrutura demográfica pode ainda ser compreendida tendo em conta a localização geográfica da área em estudo, quer na sua vertente de território de fronteira com a Galiza, quer na sua relação com os concelhos vizinhos do Vale do Lima.

Relativamente ao território transfronteiriço, salvaguardando as diferenças administrativas, constata-se que existe semelhança no comportamento da população, uma vez que é no litoral e na sua envolvente que existe uma maior concentração populacional, com um destaque evidente do Ayuntamiento de Vigo, polarizado pela própria cidade.

Figura 6. População residente (2006) no Vale do Minho e território envolvente Fonte: www.ine.pt e www.ine.esp, 2006.

Neste sentido, o Vale do Minho assume uma localização entre duas “forças” situadas dos dois lados da fronteira e que, nos últimos anos, têm vindo a exercer atracção sobre a população,

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evidenciando, também por isso, uma maior proporção de população jovem. Por outro lado, os concelhos mais interiores apresentam uma população mais envelhecida.

Figura 7. Índice de envelhecimento (2006) no Vale do Minho e território envolvente Fonte: www.ine.pt e www.ine.esp, 2006.

As variáveis demográficas representadas nas figuras anteriores evidenciam que o Vale do Minho assume uma posição geográfica que tem favorecido a passagem, mas não a fixação de pessoas. Contudo, este território parece começar a beneficiar com a pressão exercida sobre as áreas mais populosas (dos dois lados da fronteira), conforme demonstra a tendência de crescimento evidenciada por Valença (1% entre 2001 e 2006). O desenvolvimento económico tem vindo a

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contribuir para esta tendência, designadamente com a instalação de novas empresas no parque empresarial, que será objecto de análise no ponto seguinte.

Estrutura económica e emprego

A caracterização, ainda que genérica, da estrutura económica e do emprego implica uma breve abordagem das qualificações da população. A taxa de analfabetismo ainda é um dos indicadores mais utilizados na definição de índices de desenvolvimento humano, uma vez que a sua maior ou menor incidência proporciona diferentes níveis de desenvolvimento social e económico.

Neste âmbito, o Vale do Minho apresenta um decréscimo da taxa de analfabetismo no período 1991-2001, de acordo com a tendência generalizada deste indicador no país. Para esta situação contribuiu o aumento da escolaridade da população mais jovem.

Figura 8. Taxa de analfabetismo por concelho comparativamente à sub-região, região e país Fonte: INE, recenseamento da população e habitação1991 e 2001.

O aumento das qualificações, designadamente ao nível do ensino superior, foi um dos registos significativos no último período intercensitário a nível nacional. De 1991 para 2001 registou-se um aumento da população residente com habilitações superiores em todos os concelhos do Vale do Minho, aproximando-se da sub-região Minho-Lima, conforme se verifica na figura seguinte.

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Figura 9. População residente com ensino superior por concelho, sub-região, região e país Fonte: INE, recenseamento da população e habitação 1991 e 2001.

Quanto à actividade económica e, por conseguinte, ao emprego, há uma concentração no sector dos serviços, que apresenta o maior número de trabalhadores e o maior peso na economia local/regional, particularmente assente nas actividades da administração pública e do comércio, com destaque para este último no concelho de Valença.

Ainda no âmbito dos serviços, mais concretamente no que se refere a actividades ligadas ao turismo, parece existir um consenso quanto ao potencial deste subsector enquanto trunfo para o desenvolvimento futuro deste território. Contudo, ainda não estão reunidas as condições por parte da oferta que favoreçam uma maior permanência dos visitantes, sendo sobretudo encarado como um território de passagem.

Importa referir que ao nível das actividades de apoio ao turismo, como a restauração e o alojamento, existe alguma capacidade de oferta com qualidade. Esta foi recentemente reforçada com investimentos em hotelaria convencional (designadamente o Hotel Monte Prado em Melgaço e o Hotel das Termas em Monção), bem como em unidades de turismo em espaço rural (TER) em todos os concelhos.

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N.º DE ESTABELECIMENTOS N.º CAMAS

Melgaço 2 14

Monção 8 91

Paredes de Coura 7 85

Valença 4 41

Vila Nova de Cerveira 1 16

TOTAL 22 247

Quadro 2. Oferta de alojamento em TER por concelho

Fonte: Turismo de Portugal, 2006.

Apesar do peso significativo dos serviços, importa referir que este território ainda apresenta uma forte ruralidade e que o sector primário se caracteriza por um certo dinamismo, essencialmente ligado à actividade vitivinícola (produção e engarrafamento, salientando-se o peso das adegas na estrutura de emprego nos concelhos de Melgaço e Monção), criação de bovinos de raça barrosã e gado caprino, e também produção de leite nas zonas de montanha. A pesca ainda possui alguma importância, mais sociocultural do que económica, particularmente a pesca de lampreia, salmão e sável, apesar de ter decrescido substancialmente nas últimas décadas.

O sector secundário concentra-se nos concelhos de Vila Nova de Cerveira, Valença e Monção face a um quadro de acessibilidades mais favorável e à oferta de espaços de acolhimento disponibilizados, sobretudo para actividades de natureza fabril, e que se traduzem, hoje em dia, em parques industriais e empresariais quase totalmente ocupados. Estes têm entre 8 a 16 ha, sendo o parque empresarial de Valença o maior, com 90 ha, não tendo ainda esgotado a sua capacidade.

Nestes parques, destacam-se as empresas de componentes automóveis, de plásticos, de materiais para a construção civil e, mais recentemente, de fabrico de barcos de recreio e reciclagem de metais, entre outras. Os serviços de armazenagem e transporte, assim como microunidades nos segmentos de serralharia, carpintaria, electricidade e metalomecânica, desempenham também um papel importante na ocupação dos parques industriais.

Nos dois pólos industriais de Paredes de Coura são relevantes as actividades de confecção, coudelaria e calçado. Em Vila Nova de Cerveira são três os pólos industriais existentes, dois de gestão municipal e o mais recente de gestão privada, que têm registado elevada procura.

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De salientar que algumas das maiores empresas, que entretanto se instalaram em Valença, Monção e Vila Nova de Cerveira, são “filhas” de empresas já instaladas em Espanha, o que revela a existência de trocas de capital e de mão-de-obra entre as duas regiões, numa clara interpenetração das economias do Alto Minho e da Galiza, estimulando a dinâmica social e económica.

Paralelamente, alguns portugueses trabalham em unidades espanholas localizadas em áreas próximas da fronteira, mantendo a sua residência na terra de origem.

Figura 10. População empregada por concelho e sector de actividade económica Fonte: INE, recenseamento geral da população 2001.

O emprego acaba por acompanhar os sectores de actividade mais relevantes em cada um dos concelhos, evidenciando-se o papel empregador do sector primário, nos concelhos com características mais rurais e mais interiores (Monção, Paredes de Coura e Melgaço), e do sector secundário, nos concelhos que possuem maior oferta de parques industriais/empresariais. Em Valença, a actividade comercial evidencia-se com um peso significativo no emprego dos residentes do próprio concelho e do concelho vizinho de Monção.

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