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Tópicos de Semigrupos Numéricos

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Academic year: 2021

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Tópicos de

Semigrupos

Numéricos

Marta Alexandra Ramos da Silva

Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Matemática

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Tópicos de Semigrupos

Numéricos

Marta Alexandra Ramos da Silva

Mestrado em Matemática

Departamento de Matemática 2016

Orientador

Manuel Augusto Fernandes Delgado, Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

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Todas as correções determinadas pelo júri, e só essas, foram efetuadas. O Presidente do Júri,

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Agradecimentos

Em primeiro lugar quero agradecer ao Professor Doutor Manuel Delgado. Muito obrigada pela forma como me introduziu e me cativou ao estudo destas estruturas t˜ao simples e fascinantes. Obrigada pelos conhecimentos partilhados, por arranjar sempre disponibili-dade mesmo estando cheio de trabalho, e por tantos conselhos que foram, sem d´uvida, fundamentais para realizar esta dissertac¸˜ao. No fundo, obrigada por ser um orientador, no verdadeiro sentido da palavra.

Quero tamb´em agradecer a todos os professores que se cruzaram comigo nas mais diversas etapas do meu percurso, e que, de alguma forma, me foram incutindo o gosto pela matem´atica e me influenciaram na concretizac¸˜ao desta etapa.

Agradec¸o ainda aos meus amigos por todo apoio, carinho e amizade. Obrigada por serem sempre compreens´ıveis e por me darem o maior dos incentivos na realizac¸˜ao deste projeto.

Finalmente quero agradecer aos meus pais e `a minha irm˜a. Obrigada por acreditarem sempre em mim e me apoiarem incondicionalmente. Obrigada por me darem todas as possibilidades para concluir esta etapa. Acima de tudo, obrigada por todo o carinho, toda a paciˆencia e por estarem sempre presentes.

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Resumo

Os semigrupos num´ericos s˜ao submon´oides do mon´oide dos inteiros n˜ao negativos com a adic¸˜ao. Trata-se de estruturas simples que, no entanto, apresentam problemas desafiantes.

O estudo de propriedades e a resoluc¸˜ao de problemas nestas estruturas ajuda no trata-mento de quest˜oes an´alogas em estruturas mais complexas, nomeadamente por meio dos exemplos que fornecem.

Os semigrupos num´ericos s˜ao dom´ınios em que a fatorizac¸˜ao n˜ao ´e ´unica. T´opicos relativos a problemas de fatorizac¸˜ao merecem destaque nesta dissertac¸˜ao. Destacamos o estudo do grau de catenaridade e do grau de mansid˜ao, ambos definidos `a custa de uma noc¸˜ao de distˆancia entre fatorizac¸˜oes.

Um semigrupo num´erico pode ser munido de uma ordem parcial, que estende a ordem usual dos inteiros n˜ao negativos. A func¸˜ao aritm´etica de M¨obius para inteiros pode ser generalizada a conjuntos parcialmente ordenados. A considerac¸˜ao da Func¸˜ao de M¨obius associada a conjuntos parcialmente ordenados obtidos de semigrupos num´ericos, dada a ordem parcial mencionada, ´e outro dos t´opicos abordados nesta dissertac¸˜ao.

Nestes dois t´opicos mencionados ´e dado particular destaque ao caso dos semigrupos num´ericos aritm´eticos, os quais s˜ao gerados por progress˜oes aritm´eticas.

Os semigrupos num´ericos podem ser identificados pelos inteiros positivos que n˜ao lhe pertencem, designados por falhas. O ´ultimo t´opico abordado prende-se com o problema de contagem de semigrupos num´ericos com o mesmo n´umero de falhas.

Palavras-chave: semigrupo num´erico, fatorizac¸˜ao, grau de catenaridade, grau de

man-sid˜ao, func¸˜ao de M¨obius, semigrupo num´erico aritm´etico, falhas, contagem de semigru-pos num´ericos.

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Abstract

Numerical semigroups are submonoids of the nonnegative integers monoid, under the addition. Despite being really simple structures, they present challenging problems. The study of some properties and the solution of problems in this structures helps, in many cases, in the study of more complex structures, namely by the examples given by them.

Numerical semigroups are domains in which factorization is not unique. Topics in fac-torization problems are worth mentioning in this dissertation. We highlight the study of the catenary degree and the tame degree, both defined by means of distances between factorizations.

A numerical semigroup can be equipped with a partial order, that extends the usual order of the nonnegative integers. The M¨obius arithmetic function can be generalized to partially ordered sets. The consideration of the M¨obius function associated to partially ordered sets obtained from numerical semigroups through the mentioned order is another topic in this thesis.

In the above mentioned topics special attention is given to the case of arithmetic numeri-cal semigroups, which are generated by arithmetic progressions.

Numerical semigroups can be identified through positive integers that do not belong to them, which are called gaps. The last topic discussed in this dissertation concerns with the problem of counting numerical semigroups with the same number of gaps.

Keywords: numerical semigroup, factorization, catenary degree, tame degree, M¨obius

function, arithmetic numerical semigroup, gaps, counting numerical semigroups.

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Conte ´udo

Lista de Tabelas ix

Lista de Figuras xi

Introduc¸˜ao 1

1 Conceitos e Resultados B´asicos 3

1.1 Definic¸˜oes e resultados gen´ericos . . . 3

1.2 Semigrupos Num´ericos Sim´etricos . . . 8

1.3 Semigrupos Num´ericos Aritm´eticos . . . 9

2 Fatorizac¸ ˜oes 13 2.1 Motivac¸˜ao . . . 13

2.2 Grau de Catenaridade . . . 23

2.2.1 Grau de Catenaridade dos Semigrupos Num´ericos Aritm´eticos . . . 29

2.3 Elementos de Betti . . . 33

2.4 Grau de Mansid˜ao . . . 36

2.4.1 Grau de Mansid˜ao dos Semigrupos Num´ericos Aritm´eticos . . . 45

2.5 Conjuntos Delta . . . 46

3 Fatorizac¸ ˜oes em Dimens˜ao de Imers˜ao Trˆes 47 3.1 Caraterizac¸˜ao dos Elementos de Betti . . . 47

3.2 Grau de Catenaridade . . . 49

3.2.1 Algumas Ferramentas de Teoria de Grafos . . . 49

3.2.1.1 L-formas . . . 50 7

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3.3.1.1 Caso em que #Betti(S) = 1 . . . 55 3.3.1.2 Caso em que #Betti(S) = 2 . . . 55

4 Func¸˜ao de M ¨obius associada a Semigrupos Num´ericos 57

4.1 Conceitos Introdut´orios e Exemplos . . . 57 4.2 Semigrupos Num´ericos Aritm´eticos . . . 63

5 Contagem de Semigrupos Num´ericos 71

5.1 ´Arvore dos Semigrupos Num´ericos . . . 71 5.2 Resultados e Conjeturas . . . 74 5.3 Semigrupos Num´ericos com 2g < 3m . . . 74

´Indice 81

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Lista de Tabelas

2.1 Distˆancias entre as fatorizac¸˜oes de 60 em h5, 8, 12i. . . 20 2.2 R-classes dos elementos de Betti . . . 27 2.3 M´aximos das distˆancia das fatorizac¸˜oes a a Zi

S('(a)). . . 43

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Lista de Figuras

2.1 Grafo rS(60). . . 16

2.2 Grafo rS(20). . . 17

2.3 Grafo completo das fatorizac¸˜oes de 60 com as suas distˆancias. . . 21

2.4 Procedimento de eliminac¸˜ao de arestas para obter um caminho Hamilto-niano de distˆancias m´ınimas. . . 22

2.5 Fatorizac¸˜oes de 60, em S, unidas pelas menores distˆancias. . . 23

3.1 Exemplo de uma L-forma H = L(l, h, w, y). . . 51

3.2 L-forma associada ao semigrupo num´erico S = h5, 8, 12i. . . 52

4.1 Reticulado do segmento [2, 36](N,|). . . 59

4.2 Reticulados do segmento [2, 36](N,|), com as cadeias de tamanho dois evidenciadas. . . 59

4.3 Reticulados do segmento [2, 36](N,|), com as cadeias de tamanho trˆes evi-denciadas. . . 60

4.4 Reticulado do segmento [0, 17](S,S). . . 61

4.5 Reticulados do segmento [0, 17](S,S), com as cadeias de tamanho trˆes evidenciadas. . . 62

5.1 Parte da ´arvore dos semigrupos num´ericos. . . 73

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Introduc¸˜ao

Um semigrupo num´erico ´e um submon´oide, com complemento finito, do mon´oide dos inteiros n˜ao negativos com a adic¸˜ao. Ao longo desta dissertac¸˜ao v˜ao ser estudadas v´arias propriedades dos semigrupos num´ericos.

No primeiro cap´ıtulo, designado por Conceitos B´asicos, s˜ao expostas, como o nome indica, v´arias definic¸˜oes e resultados b´asicos e fundamentais aos restantes cap´ıtulos. ´E nesse cap´ıtulo que ´e introduzido o tema e onde s˜ao vistos alguns resultados num contexto geral.

O segundo cap´ıtulo, intitulado Fatorizac¸˜oes, ´e o cap´ıtulo principal da dissertac¸˜ao, o cap´ıtulo que foi mais desenvolvido e no qual s˜ao estudadas propriedades importantes das fatorizac¸˜oes nos semigrupos num´ericos. Destaca-se neste cap´ıtulo o estudo do grau de catenaridade e do grau de mansid˜ao, ambos definidos `a custa de uma noc¸˜ao de distˆancia entre fatorizac¸˜oes.

No terceiro cap´ıtulo, chamado Fatorizac¸˜oes em Dimens˜ao de Imers˜ao Trˆes, s˜ao vistos resultados relativos a semigrupos num´ericos gerados minimalmente por trˆes elementos. ´E ainda feito um apanhado de comparac¸˜oes entre o grau de catenaridade e grau de mansid˜ao para os semigrupos num´ericos com trˆes geradores minimais.

No quarto cap´ıtulo, designado Func¸˜ao de M¨obius associada a Semigrupos Num´ericos, vamos estudar a func¸˜ao de M¨obius associada a conjuntos parcialmente ordenados ob-tidos de semigrupos num´ericos, depois de definida uma certa ordem. E em especial vamos neste cap´ıtulo ver uma definic¸˜ao recursiva da func¸˜ao de M¨obius para o caso dos semigrupos num´ericos aritm´eticos.

No quinto cap´ıtulo, que se designa por Contagem de Semigrupos Num´ericos, s˜ao vistas algumas conjeturas e resultados relacionados com o n´umero de semigrupos num´ericos

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que tˆem igual cardinalidade do complementar no conjunto dos n´umeros naturais.

Ao longo de toda a dissertac¸˜ao s˜ao usados v´arios exemplos para ilustrar os t´opicos, al-guns dos quais v˜ao ser feitos usando o pacote numericalsgps do sistema computacional GAP, aos quais chamaremos Exemplos GAP.

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Cap´ıtulo 1

Conceitos e Resultados B´asicos

Neste cap´ıtulo, que est´a dividido em trˆes secc¸˜oes, comec¸amos com uma secc¸˜ao de generalidades, onde se encontram sobretudo conceitos e exemplos que nos permitem uma introduc¸˜ao ao tema. Dedicamos depois a segunda e terceira secc¸˜oes a certas fam´ılias espec´ıficas de semigrupos num´ericos que merecer˜ao destaque nos t´opicos abordados mais tarde.

1.1 Definic¸ ˜oes e resultados gen´ericos

Um semigrupo num´erico ´e um subconjunto dos n´umeros naturais que cont´em o zero, ´e fechado para a adic¸˜ao e cujo complementar no conjunto dos n´umeros naturais ´e finito. Ao longo desta dissertac¸˜ao vamos em geral usar a letra S para denotar um semigrupo num´erico. Assim, exceto quando houver perigo de confus˜ao ou nos parecer conveniente reforc¸ar, S ser´a usado com o significado de semigrupo num´erico.

Definic¸˜ao 1.1.0.1. O menor elemento do semigrupo num´erico, diferente de 0, ´e chamado

de multiplicidade.

Ao conjunto dos elementos do semigrupo num´erico S com excec¸˜ao do elemento 0 denotaremos por S⇤.

Vejamos a seguinte proposic¸˜ao que junta resultados bem conhecidos de semigrupos num´ericos que podemos, por exemplo, encontrar em [18].

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Proposic¸˜ao 1.1.0.2. Todo o semigrupo num´erico admite um ´unico sistema de geradores

minimal, que ´e finito.

Demonstrac¸˜ao. Seja S um semigrupo num´erico. Observemos que S⇤+ S´e o conjunto

dos elementos em S que s˜ao soma de dois elementos, diferentes de zero, em S.

Vamos comec¸ar por ver que S = S⇤ \ (S+ S) ´e um sistema de geradores de S. Seja

s2 S, se s 62 S ent˜ao existem a, b 2 S, menores do que s, tais que s = a+b. Novamente,

se algum destes ´ultimos elementos, eventualmente os dois, n˜ao pertencer a S, podemos escreve-lo como soma de dois elementos em S⇤ menores do que ele. Ou seja, supondo

que a 62 S ent˜ao existem c, d, em S⇤, menores do que a tais que s = c+d+b. De novo, se

algum dos elementos b, c, d n˜ao pertencer a S⇤\(S+S)conseguimos tamb´em

escreve-lo `a custa de dois elementos menores pertencentes a S⇤, fazendo assim um descida no

conjunto dos n´umeros naturais. ´E claro que, como estamos no conjunto dos inteiros n˜ao negativos, esta descida ´e finita e portanto conseguimos encontrar s1, . . . , sn2 S tais que

s = s1+· · · + sn. Logo, S ´e um sistema de geradores.

Seja m a multiplicidade de S. ´E claro que m 2 S e ´e o menor elemento em S. Vejamos que S n˜ao pode ter mais do que m elementos. Suponhamos que existem a, b 2 S tais que a < b e b ´e congruente com a m´odulo m, portanto b = km + a para algum k 2 N. Ent˜ao podemos excluir b de S e portanto existe em S no m´aximo um elemento por cada classe de congruˆencia m´odulo m.

Seja agora M = {m1, . . . , mn} um sistema de geradores para S, vejamos que S est´a

contido neste sistema de geradores. Seja s 2 S, ent˜ao existem 1, . . . , n inteiros n˜ao

negativos, n˜ao todos nulos, tais que s = m1 1 +· · · + mn n. Mas como s 62 (S⇤ + S⇤),

temos que s = mi, para algum i 2 {1, . . . , n}. E portanto qualquer elemento que est´a

em S pertence tamb´em ao conjunto de geradores M. Logo, S est´a contido em qualquer sistema de geradores de S, ou seja, S ✓ M, em particular no caso em que M ´e um sistema minimal de geradores tem-se a igualdade.

Definic¸˜ao 1.1.0.3. A cardinalidade do ´unico conjunto minimal de geradores do

semi-grupo num´erico designa-se por dimens˜ao de imers˜ao.

Usamos a notac¸˜ao S = hs1, . . . , spi para indicar que o semigrupo num´erico S ´e gerado

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1.1. DEFINIC¸ ˜OES E RESULTADOS GEN ´ERICOS 5 o conjunto minimal de geradores. Os seus elementos, s1, . . . , sp, ser˜ao designados por

geradores minimais.

Observemos que S = hs1, . . . , spi = {x1s1+· · · + xpsp | x1, . . . , xp 2 N} ´e o conjunto das

combinac¸˜oes lineares com coeficientes inteiros n˜ao negativos que podemos formar com os geradores.

Definic¸˜ao 1.1.0.4. Um elemento dum semigrupo num´erico diz-se um ´atomo se n˜ao

poder ser escrito como soma de outros elementos do semigrupo num´erico, diferentes de zero.

Os ´unicos ´atomos de um semigrupo num´erico s˜ao os seus geradores minimais.

Se tivermos um subconjunto A de N em que o m´aximo divisor comum, d, dos elementos de A ´e diferente de um, ent˜ao A n˜ao gera um semigrupo num´erico, pois todas as combinac¸˜oes lineares dos elementos de A s˜ao m´ultiplas de d, pelo que, sendo d diferente de um, o conjunto das combinac¸˜oes lineares n˜ao tem complementar finito. De facto o rec´ıproco tamb´em ´e v´alido [18, Lema 2.1].

E portanto num semigrupo num´erico al´em de termos um n´umero finito de geradores, temos ainda que o m´aximo divisor comum dos geradores ´e igual a um.

Alguns conceitos que normalmente surgem quando se fala em semigrupos num´ericos s˜ao o n´umero de Frobenius e os conjuntos de Ap´ery, que definimos a seguir.

Definic¸˜ao 1.1.0.5. O n´umero de Frobenius de um semigrupo num´erico S, que vamos

denotar por F (S), ´e o maior inteiro que n˜ao pertence ao semigrupo num´erico.

Consideremos por exemplo N, que ´e o conjunto dos n´umeros naturais n˜ao negativos, este conjunto ´e um semigrupo num´erico e o seu n´umero de Frobenius ´e 1. Exemplos mais interessantes v˜ao aparecer ao longo da dissertac¸˜ao.

Definic¸˜ao 1.1.0.6. O conjunto de Ap´ery de S relativamente a m 2 S— Ap(S, m) — ´e o

conjunto dos elementos que est˜ao em S e aos quais n˜ao podemos retirar m sem sair de S , ou seja, Ap(S, m) = {x 2 S | x m /2 S}. No caso em que m ´e a multiplicidade de S vamos referir-nos a este conjunto como o conjunto de Ap´ery do semigrupo num´erico e denot´a-lo por Ap(S).

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Exemplo 1.1.0.7. Seja S = {0, 4, 7, 8, 9, 11, !}. A seta ´e usada para indicar que todos

os n´umeros naturais superiores ao inteiro que a antecede est˜ao no conjunto, neste caso todos os naturais superiores a 11 est˜ao em S. ´E imediato verificar que S ´e um semigrupo num´erico. Vejamos que 4, 7 e 9 s˜ao os ´atomos do semigrupo num´erico.

Olhando para o conjunto S dado vemos que o 4 ´e o mais pequeno elemento diferente de zero contido no conjunto e portanto ter´a de ser um dos geradores do semigrupo num´erico, dado n˜ao haver nada mais pequeno do que 4 que nos permita obtˆe-lo. E com o 4 conseguimos obter imediatamente todos os m´ultiplos dele, mas como 7 – que ´e o n´umero que vem a seguir em S – n˜ao ´e m´ultiplo de 4 ent˜ao tamb´em 7 ´e um ´atomo. Fazendo agora as combinac¸˜oes lineares de 4 e 7, conseguimos obter 0, 4, 7, 8 – duas vezes o 4 –, 11 – soma de 4 com 7 –, 12 – trˆes vezes o 4 –, e n´umeros superiores a 12. Portanto, 9 n˜ao ´e combinac¸˜ao linear de 4 e 7 e consequentemente ´e um ´atomo do semigrupo num´erico. Usando agora 4, 7 e 9 e fazendo as combinac¸˜oes lineares destes elementos temos 0, 4, 7, 8, 9, 11, 12, 13 – soma de 4 e 9 –, 14 – duas vezes o 7 –. Podemos dizer sem mais c´alculos que temos todos os inteiros superiores a 14, uma vez que temos quatro inteiros seguidos e como o mais pequeno gerador ´e 4 podemos adicionar 4 a cada um destes elementos, e sucessivamente ao resultado das somas, obtendo assim todos os inteiros superiores a 14. E portanto 4, 7 e 9 geram o semigrupo num´erico S.

A multiplicidade de S, ou seja, o mais pequeno elemento diferente de zero do semigrupo num´erico S ´e 4 e o n´umero de Frobenius, isto ´e, o maior elemento que n˜ao pertence ao semigrupo num´erico ´e 10.

Vejamos agora qual o conjunto de Ap´ery de S com respeito a 7. Pela definic¸˜ao, temos que Ap(S, 7) = {x 2 S | x 7 62 S}, ´e claro que o 0 pertence a qualquer conjunto de Ap´ery uma vez que 0 x, com x inteiro positivo, ´e sempre negativo e portanto nunca pertence ao semigrupo num´erico. Ao procurar os elementos do conjunto de Ap´ery de S com respeito a 7 o que estamos a fazer ´e procurar os elementos que pertencem ao semigrupo num´erico mas que se lhe subtrairmos 7 obtemos elementos que j´a n˜ao pertencem ao semigrupo num´erico. ´E isso que faremos a seguir.

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1.1. DEFINIC¸ ˜OES E RESULTADOS GEN ´ERICOS 7

{0 7, 4 7, 8 7, 9 7, 12 7, 13 7, 17 7} = { 7, 3, 1, 2, 5, 6, 10} ✓ Z \ S, {7 7, 11 7, 14 7, 15 7, 16 7, 18 7} = {0, 4, 7, 8, 9, 11} ⇢ S.

Observemos que n˜ao precisamos de fazer mais c´alculos, uma vez que a qualquer ele-mento maior que 18 se retirarmos 7 continuamos em S, porque todos os n´umeros na-turais superiores o 11 est˜ao em S. Portanto j´a encontramos todos os elementos do conjunto de Ap´ery de S com respeito a 7, temos ent˜ao que

Ap(S, 7) ={0, 4, 8, 9, 12, 13, 17}.

Da mesma forma podemos encontrar o conjunto de Ap´ery de S com respeito a 11. {0 11, 4 11, 7 11, 8 11, 9 11, 12 11, 13 11, 14 11, 16 11, 17 11, 21 11} =

{ 11, 7, 4, 3, 2, 1, 2, 3, 5, 6, 10} ✓ Z \ S, {11 11, 15 11, 18 11, 19 11, 20 11} = {0, 4, 7, 8, 9} ⇢ S.

Novamente n˜ao precisamos de mais c´alculos, basta observar que, como o maior ele-mento que n˜ao pertence a S ´e 10, se a diferenc¸a entre um eleele-mento de S e 11 ´e superior a 10, ent˜ao essa diferenc¸a est´a no semigrupo num´erico e portanto o elemento n˜ao pertence ao Ap(S, 11). Logo nenhum elemento superior a 21 pertence ao conjunto de Ap´ery de S com respeito a 11.

Temos ent˜ao que

Ap(S, 11) ={0, 4, 7, 8, 9, 12, 13, 14, 16, 17, 21}.

Deste exemplo podemos verificar que a cardinalidade de Ap(S, 7) ´e 7 e de Ap(S, 11) ´e 11, mais podemos tamb´em constatar que no conjunto de Ap´ery de S com respeito a 7, assim como no conjunto Ap(S, 11), est˜ao representadas todas as classes de congruˆencia m´odulo 7, respetivamente m´odulo 11, pelo seu mais pequeno representante contido em S.

O conjunto de Ap´ery de S com respeito a s pode ser escrito como{!(0), !(1), . . . , !(s 1)},

(26)

E portanto, como seria de esperar pelo exemplo visto antes, temos que a cardinalidade de Ap(S, s) ´e s.

Podemos assim observar que os conjuntos de Ap´ery permitem facilmente determinar quais os elementos que n˜ao pertencem ao semigrupo num´erico, elementos esses que s˜ao chamados de falhas do semigrupo num´erico, e portanto d˜ao-nos uma poss´ıvel ma-neira de determinar o semigrupo num´erico. Observemos que, em particular, o m´aximo do conjunto de Ap´ery de um semigrupo num´erico relativamente a um elemento menos esse elemento d´a o n´umero de Frobenius do semigrupo num´erico em quest˜ao.

Exemplo 1.1.0.8. Vamos considerar Ap(S, 7) = {0, 4, 8, 9, 12, 13, 17} (um dos conjuntos

de Ap´ery obtidos no exemplo anterior) e supˆor que n˜ao conhecemos S.

A partir do conjunto de Ap´ery dado sabemos que para qualquer x em Ap(S, 7) se tem x 762 S, e como tamb´em sabemos que os elementos de S s˜ao n˜ao negativos, temos que 1, 2, 5, 6 e 10 n˜ao pertencem a S, uma vez que 8 7 = 1, 9 7 = 2, 12 7 = 5, 13 7 = 6 e 17 7 = 10.

Mais, sabemos tamb´em que se x se encontra em Ap(S, 7) ent˜ao significa que x ´e o menor inteiro em S, com um certo resto, m´odulo 7. Portanto, como 17 pertence a Ap(S, 7), e 17 ´e congruente com 3 m´odulo 7, ent˜ao nem 3 nem 10 pertencem a S. Da mesma forma 1, 2, 5 e 6 tamb´em n˜ao pertencem a S.

Logo, temos que o conjunto das falhas de S ´e {1, 2, 3, 5, 6, 10} e portanto podemos concluir que S = {0, 4, 7, 8, 9, 11 !}.

1.2 Semigrupos Num´ericos Sim´etricos

Os semigrupos num´ericos sim´etricos tˆem um papel de destaque nesta dissertac¸˜ao e portanto reservamos esta secc¸˜ao para os descrever.

Definic¸˜ao 1.2.0.1. Seja S um semigrupo num´erico. S diz-se sim´etrico se e s´o se para

todo o elemento x 2 N \ S, se tem que F (S) x 2 S.

Resulta da definic¸˜ao que para vermos se um semigrupo ´e sim´etrico nos basta confirmar se at´e ao n´umero de Frobenius (inclusive) temos tantos elementos em S como fora de S.

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1.3. SEMIGRUPOS NUM ´ERICOS ARITM ´ETICOS 9

Exemplo 1.2.0.2. O semigrupo num´erico S = h4, 7, 9i, usado anteriormente, n˜ao ´e

sim´etrico. Como j´a foi observado F (S) = 10, portanto para vermos se S ´e sim´etrico basta verificar se para todo x 2 N \ S, 10 x 2 S, e como 10 5 = 5 /2 S podemos concluir que S n˜ao ´e sim´etrico.

Ora semigrupos num´ericos de dimens˜ao de imers˜ao um s´o temos um, o S = N, que at´e ao seu n´umero de Frobenius tem tantos inteiros n˜ao negativos em S como fora de S, e portanto ´e sim´etrico.

´E sabido que todos os semigrupos num´ericos de dimens˜ao de imers˜ao dois tamb´em s˜ao sim´etricos [18, Corol´ario 4.7], mas quando falamos em semigrupos num´ericos com dimens˜oes de imers˜ao superiores a dois j´a n˜ao estamos a considerar necessariamente semigrupos num´ericos sim´etricos.

O seguinte teorema d´a-nos uma caracterizac¸˜ao dos semigrupos num´ericos sim´etricos no caso em que a dimens˜ao de imers˜ao ´e trˆes, e a sua demonstrac¸˜ao pode ser encontrada em [18, Teorema 10.6].

Teorema 1.2.0.3. Sejam p1, p2 2 N \ {0} primos entre si. Sejam s1, s2, s3 inteiros n˜ao

negativos com s1 2, s2+ s3 2e mdc(s1, s2p1+ s3p2) = 1. Ent˜ao S = hs1p1, s1p2, s2p1 +

s3p2i ´e um semigrupo num´erico sim´etrico com dimens˜ao de imers˜ao trˆes. Mais, todo o

semigrupo num´erico sim´etrico de dimens˜ao de imers˜ao trˆes ´e desta forma.

1.3 Semigrupos Num´ericos Aritm´eticos

Outra fam´ılia de semigrupos num´ericos que merece destaque nesta dissertac¸˜ao ´e a fam´ılia dos semigrupos num´ericos aritm´eticos. Nesta secc¸˜ao pretendemos descrevˆe-los e ver alguns resultados que v˜ao ser ´uteis no decorrer da dissertac¸˜ao.

Definic¸˜ao 1.3.0.1. Um semigrupo num´erico S diz-se aritm´etico se for minimalmente

gerado por uma progress˜ao aritm´etica, isto ´e, S = ha, a + d, . . . , a + kdi para alguns a e d inteiros positivos tais que mdc(a, d) = 1 e algum k inteiro n˜ao negativo tal que k  a 1. Notemos que sempre que falamos em semigrupos num´ericos aritm´eticos estamos a

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considerar um semigrupo num´erico em que se verificam todas as condic¸˜oes da definic¸˜ao anterior.

Proposic¸˜ao 1.3.0.2. [6] Seja S = ha, a+d, . . . , a+kdi um semigrupo num´erico aritm´etico.

Seja s um inteiro n˜ao negativo, ent˜ao s 2 S se e s´o se s = qa + id para alguns q 2 N e i2 {0, . . . , qk}.

Demonstrac¸˜ao. Suponhamos que s 2 S, ent˜ao existem a0, a1, . . . , ak inteiros n˜ao

negati-vos, tais que

s = a0a + a1(a + d) +· · · + ak(a + kd) = k X j=0 aj(a + jd) = k X j=0 aja + k X j=0 ajjd. E portanto se tomarmos q = Pk j=0aj e i = Pk j=0ajj  Pk j=0ajk temos s na forma pretendida.

Suponhamos agora que s = qa + id com q 2 N e i 2 {0, 1, . . . , qk}. Ora, se i = qk ent˜ao s = qa + qkd = q(a + kd)e portanto pertence a S. Vejamos agora se i 2 {0, . . . , qk 1}, podemos ent˜ao supˆor que i = uk + r para alguns u 2 {0, . . . , q 1} e r 2 {0, . . . , k 1}, e portanto temos

s = qa + (uk + r)d = qa + ukd + rd

= qa ua a + ua + ukd + a + rd

= (q u 1)a + u(a + kd) + (a + rd)2 S.

Portanto pela proposic¸˜ao anterior temos que um elemento qa + id pertence a S se e s´o se i  kq.

Neste caso espec´ıfico de semigrupos num´ericos aritm´eticos, conseguimos descrever o conjunto de Ap´ery do semigrupo num´erico com respeito `a multiplicidade, da forma dada pela seguinte proposic¸˜ao.

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1.3. SEMIGRUPOS NUM ´ERICOS ARITM ´ETICOS 11

Proposic¸˜ao 1.3.0.3. Seja S = ha, a + d, . . . , a + kdi um semigrupo num´erico aritm´etico.

O conjunto de Ap´ery de S com respeito a a ´e Ap(S, a) = ( ⇠ i k ⇡ a + id| i 2 {0, 1, . . . , a 1} ) .

Demonstrac¸˜ao. Comecemos por observar que a cardinalidade do conjuntondi

kea + id |

i2 {0, 1, . . . , a 1}o ´e a.

Para vermos que qualquer elemento no conjunton ⌃i k

a + id | i 2 {0, 1, . . . , a 1}oest´a em S basta observar que i  kdi

ke, o que pela Proposic¸˜ao 1.3.0.2 garante que est´a em

S.

Vejamos agora, para concluir a demonstrac¸˜ao, que se a um elemento contido emn ⌃i k

⌥ a+ id| i 2 {0, 1, . . . , a 1}oretiramos a, este elemento j´a n˜ao est´a em S. Vejamos isto nos seguintes casos.

i Se i = sk para s 2 N, temos dsk

kea + skd a = sa + skd a = (s 1)a + skd 62 S, uma

vez que sk 6 (s 1)k.

ii Se i = qk + r onde q 2 N e 0 < r < k temos

dqk+rk ea + (qk + r)d a = qa + a + (qk + r)d a = aq + (qk + r)d 62 S, uma vez que

qk + r6 qk.

Exemplo 1.3.0.4. Consideremos o semigrupo num´erico aritm´eticos S = h5, 5+3, 5+2⇥3i.

Vejamos qual ´e o conjunto de Ap´ery de S. Usando a proposic¸˜ao anterior temos que Ap(S) = Ap(S, 5) =nl i

2 m

5 + i⇥ 3 | i 2 {0, 1, 2, 3, 4}o={0, 8, 11, 19, 22}.

Observemos que se raciocin´assemos como no Exemplo 1.1.0.7 ter´ıamos bastante mais trabalho.

(30)
(31)

Cap´ıtulo 2

Fatorizac¸ ˜oes

O segundo cap´ıtulo encontra-se dividido em cinco secc¸˜oes e ´e o mais importante da tese. A primeira secc¸˜ao, contendo definic¸˜oes e exemplos, serve de motivac¸˜ao `as restan-tes. ´E nela que apresentamos o conceito de distˆancia entre fatorizac¸˜oes. Esse conceito ´e usado para definir grau de catenaridade e grau de mansid˜ao, t´opicos essenciais abor-dados nas secc¸˜oes seguintes.

2.1 Motivac¸˜ao

Como dito anteriormente, pretendemos nesta secc¸˜ao dar fundamentos para o restante cap´ıtulo. Comecemos por ver ent˜ao o que s˜ao as fatorizac¸˜oes.

Definic¸˜ao 2.1.0.1. Seja S um semigrupo num´erico minimalmente gerado por {s1, . . . , sp}.

Uma fatorizac¸˜ao de um elemento s, pertencente ao semigrupo num´erico S, ´e um p-uplo x = (x1, . . . , xp)2 Np tal que x1s1 +· · · + xpsp = s.

Dada a definic¸˜ao torna-se claro que as fatorizac¸˜oes interessantes s˜ao as dos semi-grupos num´ericos de dimens˜ao de imers˜ao superior a um. E portanto, a partir daqui sempre que falamos em fatorizac¸˜oes estamos a pensar em fatorizac¸˜oes de elementos em semigrupos num´ericos com dimens˜ao de imers˜ao superior a um.

Vamos considerar a func¸˜ao

' :Np ! S, '(a

1, . . . , ap) = a1s1+· · · + apsp.

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Trata-se de um homomorfismo sobrejetivo de mon´oides e designa-se por morfismo de fatorizac¸˜oes de S. A relac¸˜ao = {(a, b) 2 Np⇥ Np | '(a) = '(b)}, designada por n´ucleo

de ', ´e uma congruˆencia. Ao sistema de geradores para chamamos de apresentac¸˜ao de S. Pelo Teorema do Homomorfismo para semigrupos, S ´e isomorfo a Np/ .

O conjunto ' 1(s), em que s pertence ao semigrupo num´erico S, ´e o conjunto das

fatorizac¸˜oes do elemento s. Independentemente do s, como este pertence ao semigrupo num´erico, o conjunto ' 1(s) nunca ´e vazio, j´a que existe pelo menos uma maneira de

escrever s como combinac¸˜ao linear dos geradores do semigrupo num´erico.

Vamos definir o conjunto I ( ) como o conjunto dos elementos n˜ao triviais minimais de , com respeito `a ordem componente a componente em Np ⇥ Np. Esta ´e uma ordem

parcial, que ser´a representada por  e designada por ordem parcial usual.

Ora dadas duas fatorizac¸˜oes x = (x1, x2, . . . , xp) e y = (y1, y2, . . . , yp), de um certo

elemento de S = hs1, . . . , spi, temos '(x) = '(y) e podemos escrever

x1s1+· · · + xpsp y1s1 · · · ypsp = 0.

Ou seja, (x1, . . . , xp), (y1, . . . , yp) ´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao anterior, e se tivermos tal soluc¸˜ao

com x e y minimais ent˜ao a soluc¸˜ao ser´a tamb´em minimal. ´E ainda importante observar que se (x, y) ´e soluc¸˜ao da equac¸˜ao ent˜ao tamb´em (y, x) ´e soluc¸˜ao da mesma.

Tomemos o elemento 0 pertencente a S = hs1, . . . , spi, um semigrupo num´erico

qual-quer, ´e claro que ' 1(0) = {(0, . . . , 0)}, ou seja, a ´unica fatorizac¸˜ao deste elemento

´e (0, . . . , 0) 2 Np. Daqui em diante n˜ao vamos dar importˆancia ao elemento 0 dado

ter apenas esta fatorizac¸˜ao trivial. Exemplos de outros elementos que tˆem apenas uma fatorizac¸˜ao mas que s˜ao fundamentais no estudo do semigrupo num´erico s˜ao os ´atomos, e portanto estes n˜ao v˜ao ser desprezados.

Consideremos os conjuntos

ZS(s) = ' 1(s) ={(y1, . . . , yp)| y1s1 +· · · + ypsp = s}

e

ZSi(s) ={y 2 ZS(s)| i 2 supp(y)},

onde supp(y) = {i 2 {1, . . . , p} | yi 6= 0} ´e o suporte — em inglˆes support — da

(33)

2.1. MOTIVAC¸ ˜AO 15 semigrupo num´erico S e Zi

S(s)o conjunto das fatorizac¸˜oes de s no semigrupo num´erico

S cuja i-´esima componente ´e diferente de zero.

Sejam x e y duas fatorizac¸˜oes de um elemento s num semigrupo num´erico S minimal-mente gerado por p elementos, o que implica que cada uma das fatorizac¸˜oes conside-radas ´e um p-uplo. Denotamos por x · y o produto componente a componente, isto ´e, o produto interno. Note-se que x · y 6= 0 exatamente quando uma dessas p componentes

´e diferente de zero tanto em x como em y, ou seja, quando x e y pertencem a Zi S(s),

para algum i 2 {0, . . . , p}. Mais, dizer que x · y 6= 0 ´e o mesmo que dizer que o suporte de x e y n˜ao ´e disjunto.

Definic¸˜ao 2.1.0.2. O grafo rS(s) ´e o grafo cujos v´ertices s˜ao as fatorizac¸˜oes do

ele-mento s 2 S e em que dois v´ertices, x, y 2 Np, est˜ao unidos por uma aresta se x · y 6= 0.

Definic¸˜ao 2.1.0.3. Sejam x e y, em Np, duas fatorizac¸˜oes de um elemento s 2 S, vamos

dizer que x e y est˜ao R-relacionadas se existir uma cadeia z1, . . . , zk, com k 1, de

fatorizac¸˜oes de s, tal que • z1 = x, zk = ye

• zi· zi+16= 0, 8i 2 {1, . . . , k 1}.

Notemos que a relac¸˜ao R ´e uma relac¸˜ao de equivalˆencia. Para o verificar, consideremos um elemento qualquer s 2 S⇤e x, y, z fatorizac¸˜oes de s. ´E claro que xRx, basta

conside-rarmos a cadeia constitu´ıda por x, x. Se xRy ent˜ao existe uma cadeia x = z1, . . . , zk = y

com zi·zi+1 6= 0 8i 2 {1, . . . , k 1} , e portanto tamb´em yRx. Por ´ultimo, se xRy e yRw

ent˜ao existem cadeias x, . . . , y e y, . . . , w tais que o produto componente a componente de duas fatorizac¸˜oes seguidas, em cada uma das cadeias, ´e diferente de zero, e portanto temos tamb´em uma cadeia x, . . . , y, . . . , w de fatorizac¸˜oes tal que o produto componente a componente de duas fatorizac¸˜oes seguidas ´e diferente de zero.

Mais, o conjunto das R-classes de ZS(s) ´e o conjunto das componentes conexas do

grafo rS(s), uma vez que se dois elementos est˜ao na mesma R-classe eles est˜ao

ligados por um caminho no grafo, e se n˜ao est˜ao na mesma R-classe n˜ao existe nenhum caminho entre eles, ou seja, est˜ao em componentes conexas distintas.

(34)

Definic¸˜ao 2.1.0.4. Um elemento s 2 S ´e um elemento de Betti se o grafo rS(s)n˜ao for

conexo, ou seja, se ZS(s) tem mais do que uma R-classe. Vamos denotar por Betti(S)

o conjunto dos elementos de Betti do semigrupo num´erico S.

Exemplo 2.1.0.5. Consideremos o semigrupo num´erico S = h5, 8, 12i e tomemos o

elemento 60 que pertence a S. O pacote numericalsgps [10] do GAP [15] permite-nos obter as fatorizac¸˜oes deste elemento, por meio de uma sess˜ao GAP como a que segue: gap> S:=NumericalSemigroup(5,8,12);;

gap> FactorizationsElementWRTNumericalSemigroup(60,S);

[ [ 12, 0, 0 ], [ 4, 5, 0 ], [ 8, 1, 1 ], [ 0, 6, 1 ], [ 4, 2, 2 ], [ 0, 3, 3 ], [ 0, 0, 5 ] ]

Conclu´ımos ent˜ao que

ZS(60) ={(12, 0, 0), (4, 5, 0), (8, 1, 1), (0, 6, 1), (4, 2, 2), (0, 3, 3), (0, 0, 5)}.

Vamos agora construir o grafo rS(60).

(4, 2, 2) (0, 6, 1)

(12, 0, 0) (4, 5, 0) (0, 3, 3) (0, 0, 5)

(8, 1, 1)

Figura 2.1: Grafo rS(60).

Podemos facilmente ver que o grafo apresenta apenas uma componente conexa, e portanto o elemento 60 n˜ao ´e um elemento de Betti de S.

Vamos agora considerar o elemento 20 2 S. Novamente por meio de uma sess˜ao GAP obtemos:

gap> S:=NumericalSemigroup(5,8,12);;

gap> FactorizationsElementWRTNumericalSemigroup(20,S); [ [ 4, 0, 0 ], [ 0, 1, 1 ] ]

(35)

2.1. MOTIVAC¸ ˜AO 17 E portanto as ´unicas fatorizac¸˜oes de 20 em S s˜ao (4, 0, 0) e (0, 1, 1).

Como (4, 0, 0) e (0, 1, 1) est˜ao em R classes distintas, o grafo rS(20) (representado na

Figura 2.2) tem duas componentes conexas, ou seja, os dois v´ertices do grafo rS(20),

correspondentes `as duas ´unicas fatorizac¸˜oes de 20 em S, n˜ao est˜ao unidos por uma aresta. Logo, 20 ´e um elemento de Betti de S.

(4, 0, 0) (0, 1, 1) Figura 2.2: Grafo rS(20).

O tamanho de uma fatorizac¸˜ao x = (x1, . . . , xp), representa-se por |x| e, ´e dado pela

soma das suas p componentes, ou seja, |x| = x1 +· · · + xp.

Para x = (x1, . . . , xp)e y = (y1, . . . , yp)em Np, definimos

d(x, y) = max{|x mdc(x, y)|, |y mdc(x, y)|}, onde mdc(x, y) = (min{x1, y1}, . . . , min{xp, yp}).

`A func¸˜ao d : Np⇥ Np ! N chama-se func¸˜ao distˆancia. Esta func¸˜ao satisfaz as

proprieda-des de uma func¸˜ao distˆancia como vemos na seguinte proposic¸˜ao. Esses factos podem tamb´em ser encontrados em [14, Proposic¸˜ao 1.2.5].

Proposic¸˜ao 2.1.0.6. Sejam x, y, z 2 Np. Tem-se que

i. d(x, y) 0 ii. d(x, y) = d(y, x) iii. d(x, y) = 0 , x = y iv. d(x, y) + d(y, z) d(x, z) Demonstrac¸˜ao. i. Vejamos que d(x, y) 0, d(x, y) = max |x mdc(x, y)|, |y mdc(x, y)| = max ( p X i=1 (xi min{xi, yi}), p X i=1 (yi min{xi, yi}) ) .

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Como xi min{xi, yi} 0, para qualquer i, tem-se max ( p X i=1 (xi min{xi, yi}), p X i=1 (yi min{xi, yi}) ) 0. ii. Que d(x, y) = d(y, x) facilmente se vˆe:

d(x, y) = max |x mdc(x, y)|, |y mdc(x, y)|

= max |y mdc(x, y)|, |x mdc(x, y)| = d(y, x). iii. Vamos agora ver que d(x, y) = 0 , x = y.

Temos que d(x, y) = 0 =) max |x mdc(x, y)|, |y mdc(x, y)| = 0 =) max ( p X i=1 (xi min{xi, yi}), p X i=1 (yi min{xi, yi}) ) = 0 =) p X i=1 xi min{xi, yi} = p X i=1 yi min{xi, yi} = 0 =) x = mdc(x, y) = y.

A implicac¸˜ao rec´ıproca ´e direta, uma vez que x = y = mdc(x, y). iv. Vejamos agora a desigualdade triangular.

Comecemos por observar que d(x, y) = max ( p X i=1 xi min{xi, yi} , p X i=1 yi min{xi, yi} ) = max ( p X i=1 xi, p X i=1 yi ) p X i=1 min{xi, yi}. E portanto, d(x, y) + d(y, z) = max ( p X i=1 xi, p X i=1 yi ) p X i=1 min{xi, yi} + max ( p X i=1 yi, p X i=1 zi ) p X i=1 min{yi, zi}.

(37)

2.1. MOTIVAC¸ ˜AO 19 Queremos ent˜ao provar que

max ( p X i=1 xi, p X i=1 yi ) p X i=1 min{xi, yi} + max ( p X i=1 yi, p X i=1 zi ) p X i=1 min{yi, zi} max ( p X i=1 xi, p X i=1 zi ) p X i=1 min{xi, zi} () max ( p X i=1 xi, p X i=1 yi ) + max ( p X i=1 yi, p X i=1 zi ) + p X i=1 min{xi, zi} max ( p X i=1 xi, p X i=1 zi ) + p X i=1 min{xi, yi} + p X i=1 min{yi, zi}.

Notemos que uma das seguintes desigualdades se verifica sempre: (a) max

⇢ Pp

i=1xi,Ppi=1zi  max

⇢ Pp i=1xi,Ppi=1yi ou (b) max ⇢ Pp i=1xi, Pp i=1zi  max ⇢ Pp i=1yi, Pp i=1zi .

Suponhamos que se verifica a (a) (o outro caso ´e an´alogo). Basta-nos ent˜ao provar max ( p X i=1 yi, p X i=1 zi ) + p X i=1 min{xi, zi} p X i=1 min{xi, yi} + p X i=1 min{yi, zi}. (2.1)

Observemos que maxn Pp i=1yi,

Pp i=1zi

o P

p

i=1yi, portanto verifica-se a seguinte

desigualdade maxn p X i=1 yi, p X i=1 zi o + p X i=1 min{xi, zi} p X i=1 yi+ p X i=1 min{xi, zi}.

Ent˜ao para concluir (2.1) basta provar que

p X i=1 yi+ p X i=1 min{xi, zi} p X i=1 min{xi, yi} + p X i=1 min{yi, zi}. (2.2)

Notemos agora que para cada i, yi+ min{xi, zi} min{xi, yi} + min{yi, zi}, uma vez

que se min{xi, zi} = xi temos min{xi, zi} min{xi, yi} e yi min{yi, zi}, por outro

lado se min{xi, zi} = zi temos que min{xi, zi} min{yi, zi} e yi min{xi, yi}.

To-mando agora somat´orios temos a desigualdade (2.2), e consequentemente conclui-se a prova.

(38)

Observemos que se x e y forem fatorizac¸˜oes distintas de um mesmo elemento num semigrupo num´erico e pertencerem a R-classes distintas, ent˜ao a distˆancia entre x e y

´e dada apenas por d(x, y) = max{|x|, |y|}, uma vez que mdc(x, y) = (0, . . . , 0).

Exemplo 2.1.0.7. Consideremos novamente o semigrupo num´erico S = h5, 8, 12i. Como

vimos no Exemplo 2.1.0.5, tem-se que

ZS(60) = (12, 0, 0), (4, 5, 0), (8, 1, 1), (0, 6, 1), (4, 2, 2), (0, 3, 3), (0, 0, 5) .

A distˆancia entre (12, 0, 0) e (0, 0, 5) ´e dada por

d((12, 0, 0), (0, 0, 5)) = maxn|(12, 0, 0) mdc((12, 0, 0), (0, 0, 5))|, |(0, 0, 5) mdc((12, 0, 0), (0, 0, 5))|o, e como mdc((12, 0, 0), (0, 0, 5)) = (0, 0, 0) temos que d((12, 0, 0), (0, 0, 5)) = 12.

No entanto, conseguimos pˆor outras fatorizac¸˜oes de 60 entre estas duas fatorizac¸˜oes, no sentido em que as distˆancias entre qualquer uma das outras fatorizac¸˜oes e estas ´e menor do que 12. Na Tabela 2.1 podemos ver todas as distˆancias entre as fatorizac¸˜oes de 60, ´e claro que a tabela ´e sim´etrica e, por exemplo, os valores abaixo da diagonal poderiam ser omitidos.

Tabela 2.1: Distˆancias entre as fatorizac¸˜oes de 60 em h5, 8, 12i.

(12, 0, 0) (4, 5, 0) (8, 1, 1) (0, 6, 1) (4, 2, 2) (0, 3, 3) (0, 0, 5) (12, 0, 0) 0 8 4 12 8 12 12 (4, 5, 0) 8 0 4 4 3 6 9 (8, 1, 1) 4 4 0 8 4 8 9 (0, 6, 1) 12 4 8 0 5 3 6 (4, 2, 2) 8 3 4 5 0 4 6 (0, 3, 3) 12 6 8 3 4 0 3 (0, 0, 5) 12 9 9 6 6 3 0

Observando, na tabela, as distˆancias das fatorizac¸˜oes `a fatorizac¸˜ao (12, 0, 0) pretende-mos escolher a menor distˆancia que existe entre esta e outra fatorizac¸˜ao, e portanto

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2.1. MOTIVAC¸ ˜AO 21 escolher´ıamos a fatorizac¸˜ao (8, 1, 1). O nosso objetivo seria escolher sucessivamente a fatorizac¸˜ao seguinte de forma a que a distˆancia a esta fosse a menor poss´ıvel e sem nunca repetir fatorizac¸˜oes j´a usadas, no sentido de encontrar um caminho que una todas as fatorizac¸˜oes e cuja distˆancia entre estas seja m´ınima. No entanto este processo se fosse feito assim teria alguns problemas, por exemplo podemos chegar a uma etapa em que temos v´arias escolhas de fatorizac¸˜oes, uma vez que h´a distˆancias iguais entre v´arias fatorizac¸˜oes.

Sendo assim vamos fazer este processo de outra forma e vamos comec¸ar por esboc¸ar, na Figura 2.3, um grafo completo cujos v´ertices s˜ao as fatorizac¸˜oes do elemento 60 2 S e as arestas tˆem como pesos as distˆancias entre as fatorizac¸˜oes.

(4, 5, 0) (12, 0, 0) (8, 1, 1) (0, 0, 5) (0, 6, 1) (0, 3, 3) (4, 2, 2) 8 9 6 3 4 4 4 12 8 12 12 9 8 4 8 6 6 3 3 5 4

Figura 2.3: Grafo completo das fatorizac¸˜oes de 60 com as suas distˆancias.

O objetivo agora ser´a eliminar sucessivamente as arestas com maior peso, sem nunca tornar o grafo desconexo e encontrando um caminho simples que passe por todos os v´ertices, ou seja, por todas as fatorizac¸˜oes uma ´unica vez, o que em teoria de grafos se designa por caminho Hamiltoniano. Na Figura 2.4 vamos fazer este procedimento por etapas - considerar na figura a sucess˜ao dos grafos da esquerda para a direita e de cima para baixo - sendo que na primeira imagem j´a eliminamos as arestas cujos

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pesos correspondem `as maiores distˆancias, ou seja, as arestas de peso 12, e desta para segunda imagem v˜ao desaparecer as arestas de peso 9, e assim sucessivamente.

(4, 5, 0) (12, 0, 0) (8, 1, 1) (0, 0, 5) (0, 6, 1) (0, 3, 3) (4, 2, 2) 8 9 6 3 4 4 4 8 98 4 8 6 6 3 35 4 (4, 5, 0) (12, 0, 0) (8, 1, 1) (0, 0, 5) (0, 6, 1) (0, 3, 3) (4, 2, 2) 8 6 3 4 4 4 8 8 4 8 6 6 3 35 4 (4, 5, 0) (12, 0, 0) (8, 1, 1) (0, 0, 5) (0, 6, 1) (0, 3, 3) (4, 2, 2) 6 3 4 4 4 4 6 6 3 35 4 (4, 5, 0) (12, 0, 0) (8, 1, 1) (0, 0, 5) (0, 6, 1) (0, 3, 3) (4, 2, 2) 3 4 4 4 4 3 35 4 (4, 5, 0) (12, 0, 0) (8, 1, 1) (0, 0, 5) (0, 6, 1) (0, 3, 3) (4, 2, 2) 3 4 4 4 4 3 3 4 (4, 5, 0) (12, 0, 0) (8, 1, 1) (0, 0, 5) (0, 6, 1) (0, 3, 3) (4, 2, 2) 3 4 4 4 3 3

Figura 2.4: Procedimento de eliminac¸˜ao de arestas para obter um caminho Hamiltoniano de distˆancias m´ınimas.

Neste exemplo, da pen´ultima imagem para a ´ultima da Figura 2.4 tivemos de ter cuidado com as arestas a eliminar, para n˜ao tornar o grafo desconexo e para que o caminho passe por todos os v´ertices uma s´o vez. Por exemplo, n˜ao poder´ıamos eliminar a aresta que une (12, 0, 0) a (8, 1, 1) ou a aresta que liga (0, 0, 5) a (0, 3, 3) para n˜ao tornar o

(41)

2.2. GRAU DE CATENARIDADE 23 grafo desconexo. De uma forma geral, temos de ter estes cuidados durante todo o procedimento.

Obtemos assim um caminho de distˆancias m´ınimas entre (12, 0, 0) e (0, 0, 5), que est´a representado na Figura 2.5.

Figura 2.5: Fatorizac¸˜oes de 60, em S, unidas pelas menores distˆancias.

Notemos que neste exemplo estamos a usar um elemento do semigrupo num´erico com mais do que uma fatorizac¸˜ao e com apenas uma R-classe, o que claramente n˜ao acontece para todos os elementos do semigrupo num´erico. Se tiv´essemos escolhido um elemento com apenas uma fatorizac¸˜ao ou duas n˜ao faria sentido fazermos este processo.

Mais, a imagem do exemplo acima foi propositadamente desenhada com o aspeto de caten´aria, motivando a seguinte secc¸˜ao.

2.2 Grau de Catenaridade

Nesta secc¸˜ao vamos introduzir o grau de catenaridade, que ´e dos principais assuntos abordados nesta dissertac¸˜ao. Este t´opico ´e definido `a custa da noc¸˜ao de distˆancia dada na secc¸˜ao anterior. Esta secc¸˜ao tem ainda uma subsecc¸˜ao onde vamos estudar o grau de catenaridade no caso particular dos semigrupos num´ericos aritm´eticos.

Definic¸˜ao 2.2.0.1. Seja S um semigrupo num´erico e seja s 2 S. O grau de catenaridade

de s denota-se por c(s) e ´e o menor inteiro n˜ao negativo N tal que para quaisquer duas fatorizac¸˜oes x e y de s, existe uma sequˆencia de fatorizac¸˜oes z1, z2, . . . , zt de s tal que

(42)

2. para todo i 2 {1, . . . , t 1}, d(zi, zi+1) N.

Portanto o grau de catenaridade de um elemento s de S ´e o menor inteiro N tal que podemos “andar” entre quaisquer dois elementos de ZS(s)usando “passos” de tamanho

N ou inferior.

Inspirando-nos no Exemplo 2.1.0.7 da secc¸˜ao anterior, e usando teoria de grafos, encon-trar o grau de catenaridade passa por ir eliminando as arestas com os maiores pesos, ou seja as maiores distˆancias, mas deixando sempre o grafo conexo.

Exemplo 2.2.0.2. Retomando o Exemplo 2.1.0.7, em que temos o semigrupo num´erico

S = h5, 8, 12i, vejamos qual o grau de catenaridade do elemento 60. Pelo processo feito na secc¸˜ao anterior, em que fomos eliminando sucessivamente as arestas com as maiores distˆancias obtendo um caminho simples entre todas as fatorizac¸˜oes com os menores pesos poss´ıveis nas arestas, podemos concluir que o grau de catenaridade de 60 ´e 4.

Tamb´em podemos encontrar o grau de catenaridade de um elemento atrav´es do GAP, como fazemos a seguir.

Exemplo GAP 2.2.0.3.

gap> S:=NumericalSemigroup(5,8,12);;

gap> CatenaryDegreeOfElementInNumericalSemigroup(60,S); 4

Definic¸˜ao 2.2.0.4. O grau de catenaridade de um semigrupo num´erico S, c(S), ´e o

supremo do conjunto dos graus de catenaridade dos elementos de S.

Vejamos o seguinte resultado que nos d´a um minorante, n˜ao trivial, para o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico.

Proposic¸˜ao 2.2.0.5. [6] Seja S = hs1, . . . , spi, com p > 1.

Ent˜ao

(43)

2.2. GRAU DE CATENARIDADE 25 Demonstrac¸˜ao. Consideremos o conjunto {k 2 N\{0} | ks1 2 hs2, . . . , spi}. Este conjunto

de inteiros positivos ´e n˜ao vazio, pois, por exemplo, s2 pertence ao conjunto. Logo, por

se tratar de um conjunto de inteiros positivos, tem primeiro elemento. Chamemos a ao primeiro elemento do conjunto em quest˜ao, isto ´e, a = min{k 2 N \ {0} | ks1 2

hs2, . . . , spi}. Seja n = as1, vamos comec¸ar por identificar as fatorizac¸˜oes de n que

conhecemos. Ora como n = as1 temos que (a, 0, . . . , 0) 2 ZS(n), e como a = min{k 2

N\{0} | ks1 2 hs2, . . . , spi} temos que as1 = x2s2+. . . , xpsp para alguns x2, . . . , xp inteiros

n˜ao negativos, n˜ao todos nulos, e portanto temos que (0, x2, . . . , xp)2 ZS(n).

Vejamos que ZS(n) tem pelo menos duas R-classes. Suponhamos que s´o existe uma

R-classe em ZS(n). Isto implica que tem de existir uma fatorizac¸˜ao z = (z1, . . . , zp)de n

com z1 diferente de 0 e com os restantes z2, . . . , zp n˜ao todos nulos, mas ent˜ao z1 < a.

Ora como z1s1+· · · + zpsp = as1 temos que (a z1)s1 = z2s2+· · · + zpsp 2 hs2, . . . , spi, o

que contradiz a minimalidade de a.

Portanto, n tem mais do que uma R-classe e a distˆancia entre (a, 0, . . . , 0) e outra qualquer fatorizac¸˜ao da forma (0, x2, . . . , xp), sendo x2, . . . , xp inteiros n˜ao negativos n˜ao

todos nulos, ´e sempre maior ou igual a a. Logo, c(n) a, e como o grau de catenaridade de S ´e o supremo do conjunto dos graus de catenaridade dos elementos do semigrupo num´erico, temos que c(S) a.

Exemplo 2.2.0.6. Seja S = h5, 8, 12i o semigrupo num´erico dos exemplos anteriores,

usando o ´ultimo resultado, como min{k 2 N \ {0} | 5k 2 h8, 12i} = 4, temos que c(S) 4, o que n˜ao ´e novidade uma vez que j´a t´ınhamos visto um elemento deste semigrupo num´erico em que o seu grau de catenaridade era 4. Para sabermos o grau de catenaridade deste semigrupo num´erico vamos usar o GAP e ver que ´e 4, como est´a no Exemplo GAP 2.2.0.7.

Exemplo GAP 2.2.0.7.

gap> S:=NumericalSemigroup(5,8,12);;

gap> CatenaryDegreeOfNumericalSemigroup(S); 4

Sobre o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico at´e agora apenas conhecemos a definic¸˜ao: ´e o supremo do conjunto formado pelos graus de catenaridade de todos os

(44)

elementos nesse semigrupo num´erico. Portanto, com o que sabemos, para obter o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico temos a imposs´ıvel tarefa de calcular o grau de catenaridade de infinitos elementos. Enunciamos a seguir um teorema que nos permite melhorar a tarefa de encontrar o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico, j´a que permite reduzir o n´umero de elementos a considerar.

Necessitamos de introduzir algumas notac¸˜oes. Vamos considerar Rs

1, . . . , Rpss as

dife-rentes R-classes de ZS(s), para s 2 S, e ⌘(s) = max rs1, . . . , rsps onde r

s

i = min |z| |

z 2 Rs

i e finalmente

⌘(S) = sup ⌘(s) | s 2 Betti(S) .

Temos ent˜ao o seguinte teorema, que se pode encontrar em [7].

Teorema 2.2.0.8. [7, Teorema 3.1] Seja S um semigrupo num´erico. Ent˜ao c(S) = ⌘(S).

Vejamos um exemplo em que vamos usar o Teorema anterior para calcular o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico.

Exemplo 2.2.0.9. Consideremos o semigrupo num´erico S = h10, 17, 18, 26, 42i. O

con-junto dos elementos de Betti do semigrupo num´erico S ´e {36, 44, 52, 60, 68, 76, 84}. Este conjunto foi obtido na seguinte sess˜ao GAP:

gap> S:=NumericalSemigroup(10,17,18,26,42);; gap> BettiElementsOfNumericalSemigroup(S); [ 36, 44, 52, 60, 68, 76, 84 ]

Vamos comec¸ar por escrever na Tabela 2.2 todas as fatorizac¸˜oes dos elementos de Betti e indicar as diferentes R -classes onde estas se encontram.

(45)

2.2. GRAU DE CATENARIDADE 27 Tabela 2.2: R-classes dos elementos de Betti

Elementos Betti R-classes

36 R36 1 ={(0, 0, 2, 0, 0)}, R236 ={(1, 0, 0, 1, 0)} 44 R44 1 ={(1, 2, 0, 0, 0)}, R244 ={(0, 0, 1, 1, 0)} 52 R52 1 ={(0, 2, 1, 0, 0)}, R252 ={(0, 0, 0, 2, 0)}, R352 ={(1, 0, 0, 0, 1)} 60 R60 1 ={(6, 0, 0, 0, 0)}, R260 ={(0, 2, 0, 1, 0)}, R360 ={(0, 0, 1, 0, 1)} 68 R68 1 ={(0, 4, 0, 0, 0)}, R268 ={(5, 0, 1, 0, 0)}, R368 ={(0, 0, 0, 1, 1)} 76 R76 1 ={(4, 0, 2, 0, 0), (5, 0, 0, 1, 0)}, R276={(0, 2, 0, 0, 1)} 84 R84 1 ={(5, 2, 0, 0, 0), (3, 0, 3, 0, 0), (4, 0, 1, 1, 0)}, R284={(0, 0, 0, 0, 2)}

Temos ent˜ao, de acordo com as notac¸˜oes definidas anteriormente, que r36 1 = 2, r236= 2, de onde resulta ⌘(36) = 2, r44 1 = 3, r244= 2, de onde resulta ⌘(44) = 3, r52 1 = 3, r252= 2, r352= 2, de onde resulta ⌘(52) = 3, r60 1 = 6, r260= 3, r360= 2, de onde resulta ⌘(60) = 6, r68 1 = 4, r268= 6, r368= 2, de onde resulta ⌘(68) = 6, r76 1 = 6, r276= 3, de onde resulta ⌘(76) = 6, r84 1 = 6, r284= 2, de onde resulta ⌘(84) = 6. E portanto ⌘(S) = 6.

Logo, pelo ´ultimo Teorema, o grau de catenaridade do semigrupo num´erico ´e 6. Isto mesmo pode ser confirmado com o GAP.

gap> S:=NumericalSemigroup(10,17,18,26,42);; gap> CatenaryDegreeOfNumericalSemigroup(S); 6

Do Teorema 2.2.0.8 resulta o seguinte corol´ario que tamb´em se encontra em [7].

Corol´ario 2.2.0.10. Sejam S = hs1, . . . , sni um semigrupo num´erico e s 2 S. Se s ´e

minimal a satisfzer a condic¸˜ao c(s) = c(S), ent˜ao s = w + sj com w 2 Ap(S, n1)\ {0} e

(46)

Resulta das definic¸˜oes que se s ´e um elemento de Betti ent˜ao c(s) ⌘(s). Consequen-temente

sup{⌘(s) | s 2 Betti(S)}  sup{c(s) | s 2 Betti(S)}. Como Betti(S) ✓ S, tem-se

sup{c(s) | s 2 Betti(S)}  sup{c(s) | s 2 S} = c(S).

Usando ainda o facto de se ter c(S) = ⌘(S) (Teorema 2.2.0.8), podemos escrever a seguinte cadeia

⌘(S) = sup{⌘(s) | s 2 Betti(S)}  sup{c(s) | s 2 Betti(S)}

 sup{c(s) | s 2 S} = c(S) = ⌘(S) pelo que as desigualdades que aparecem nesta cadeia s˜ao de facto igualdades. Pode-mos ent˜ao escrever o seguinte corol´ario.

Corol´ario 2.2.0.11. O grau de catenaridade de um semigrupo num´erico ´e atingido num

elemento Betti.

Neste momento surgem-nos outros problemas para o c´alculo do grau de catenaridade de um semigrupo num´erico. Apesar de sabermos que nos podemos restringir aos elementos de Betti para encontrar o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico, n˜ao temos ainda uma forma eficiente de encontrar todos os elementos de Betti de um semigrupo num´erico. Tamb´em n˜ao sabemos, dado um semigrupo num´erico, dizer quantos elementos de Betti ele tem, embora vejamos adiante (ver Secc¸˜ao 2.3) que o seu n´umero ´e finito.

No entanto, como veremos tamb´em adiante este ´ultimo resultado permite-nos obter facilmente o grau de catenaridade dos semigrupos num´ericos de dimens˜ao de imers˜ao trˆes.

Mas prestemos primeiro atenc¸˜ao `a seguinte subsecc¸˜ao e vejamos uma outra forma de encontrar o grau de catenaridade do semigrupo num´erico, num caso bastante particular.

(47)

2.2. GRAU DE CATENARIDADE 29

2.2.1 Grau de Catenaridade dos Semigrupos Num´ericos Aritm´eticos

Lembremos que um semigrupo num´erico se diz aritm´etico se for gerado por uma pro-gress˜ao aritm´etica. Todos os semigrupos num´ericos a considerar nesta secc¸˜ao s˜ao aritm´eticos. Tˆem as seguintes carater´ısticas (ver Secc¸˜ao 1.3) s˜ao gerados pela pro-gress˜ao aritm´etica {a, a+d, . . . , a+kd} com a e d inteiros positivos tais que mdc(a, d) = 1 e com k inteiro n˜ao negativo tal que k  a 1.

Podemos encontrar o grau de catenaridade deste tipo de semigrupos num´ericos sem recorrer ao grau de catenaridade de todos os elementos do semigrupo num´erico, nem recorrer aos elementos de Betti do semigrupo num´erico. De facto o Teorema 2.2.1.7 d´a-nos uma f´ormula para o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico aritm´etico, a qual s´o depende dos geradores. Esta secc¸˜ao ´e baseada em [6].

A proposic¸˜ao seguinte ser´a usada para descrever o conjunto dos tamanhos das fatorizac¸˜oes de elementos num semigrupo num´erico aritm´etico.

Proposic¸˜ao 2.2.1.1. Seja s um inteiro tal que s = ua + vd = ua + vd. Ent˜ao existe um

inteiro tal que (u, v) (u, v) = (d, a).

Demonstrac¸˜ao. Observemos que ua+vd = ua+vd implica que (u u)a = (v v)d, como o mdc(a, d) = 1 ent˜ao d | (u u). Logo, u u = d para algum 2 Z. Resulta tamb´em que d a = (v v)do que implica a = v v.

´E de notar que h´a um n´umero infinito de elementos do semigrupo num´erico que podem ser escritos como diferentes combinac¸˜oes lineares dos geradores, havendo consequen-temente mais do que uma fatorizac¸˜ao para esses elementos, ao contr´ario de elementos como os ´atomos que tˆem apenas uma fatorizac¸˜ao.

Observac¸˜ao 2.2.1.2. No caso dos semigrupos num´ericos aritm´eticos, ainda que exista

mais do que uma fatorizac¸˜ao de um certo elemento s = qa + id, existe pelo menos uma que ter´a tamanho q, como resulta da demonstrac¸˜ao da Proposic¸˜ao 1.3.0.2.

Mais, um elemento s pertencente a um semigrupo num´erico aritm´etico pode ser escrito como |z|a + id onde |z| ´e o tamanho da fatorizac¸˜ao z de s e i 2 {0, . . . , |z|q}. E da demonstrac¸˜ao da Proposic¸˜ao 2.2.1.1, ao escrevermos s = |z|a + id = ua + vd conseguimos retirar que |z| ´e m´aximo quando i < a.

(48)

O pr´oximo resultado depende destas duas proposic¸˜oes evidenciadas na observac¸˜ao anterior.

Proposic¸˜ao 2.2.1.3. Seja S = ha, a + d, . . . , a + kdi um semigrupo num´erico aritm´etico.

Sejam c, r 2 N tais que 0  r < a. Ent˜ao ca + rd 2 S se e s´o se r  ck.

Demonstrac¸˜ao. Seja s = ca + rd, notemos que se r  ck, ent˜ao pela Proposic¸˜ao 1.3.0.2 temos que s 2 S.

Por outro lado, suponhamos que ca + rd = ca + rd 2 S com c 2 N e r 2 {0, . . . , ck}, de acordo com a Proposic¸˜ap 1.3.0.2. Pela Proposic¸˜ao 2.2.1.1 existe um inteiro tal que (c, r) + (d, a) = (c, r). Ora como 0  r = r ae r < a ent˜ao temos que  0. Mais, como r  ck ent˜ao r = r a  ck = (c + d)k, logo r  ck + (a + dk), e como  0, temos que ck + (a + dk)  ck, portanto r  ck.

Proposic¸˜ao 2.2.1.4. Sejam S = ha, a+d, . . . , a+kdi um semigrupo num´erico aritm´etico,

s2 Ap(S) e z 2 ZS(s). Ent˜ao, |z| 

a

k

⌥ .

Demonstrac¸˜ao. Seja z uma fatorizac¸˜ao do elemento s 2 Ap(S). Como constatamos na Observac¸˜ao 2.2.1.2, temos que s = |z|a + id para algum 0  i  |z|k. Suponhamos que |z| ⌃ak

+ 1. Ent˜ao |z|k ⌃ak⌥k + k a + k a e portanto i pode ser maior ou igual a. No entanto como j´a t´ınhamos notado na Observac¸˜ao 2.2.1.2 a maior fatorizac¸˜ao ´e obtida quando i < a, e portanto podemos encontrar q 2 N, com q |z| e c 2 {0, . . . , a 1} tal que s = qa + cd. Ent˜ao, temos que s a = (q 1)a + cd. Mas como q |z| ⌃a

k

⌥ + 1, vem que (q 1)k ⌃ak⌥k a > c. E portanto temos que s a = (q 1)a + cd com (q 1)2 N e c < (q 1)k, o que implica que s a 2 S pela Proposic¸˜ao 1.3.0.2. Mas isto

´e imposs´ıvel uma vez que est´avamos a supˆor que s 2 Ap(S). Logo, |z| ⌃a k

⌥ .

Corol´ario 2.2.1.5. Sejam S = ha, a + d, . . . , a + kdi um semigrupo num´erico aritm´etico e

sum elemento de S tal que s = w+(a+jd) com w 2 Ap(S) e j 2 {1, . . . , k}. Se z 2 ZS(s)

ent˜ao |z| ⌃a k

+ d + 1.

Demonstrac¸˜ao. Seja w = qa + cd com q o maior poss´ıvel, ou seja, com 0  c < a, e con-seguimos encontrar uma express˜ao desta forma como j´a vimos pela Observac¸˜ao 2.2.1.2. Ent˜ao s = (qa + cd) + (a + jd) = (q + 1)a + (c + j)d. Ora, pela Proposic¸˜ao 2.2.1.4 temos que q ⌃a

k

(49)

2.2. GRAU DE CATENARIDADE 31 i. Se c + j < a ent˜ao q + 1 ´e o maior tamanho de uma fatorizac¸˜ao de s. Portanto

|z|  q + 1 ⌃a k ⌥ + 1⌃a k ⌥ + d + 1.

ii. Se c + j a, como 0 < j  k < a e 0  c < a, ent˜ao c + j a < a. E portanto s = (q + 1)a + (c + j)d = (q + 1 + d)a + (c + j a)d, e q + 1 + d ´e o maior tamanho de uma fatorizac¸˜ao de n. Logo, |z|  q + 1 + d ⌃a

k

+ d + 1.

A seguinte proposic¸˜ao vai ser importante para chegarmos a uma express˜ao simples que nos d´a o grau de catenaridade de um semigrupo num´erico aritm´etico.

Proposic¸˜ao 2.2.1.6. Seja S = ha, a + d, . . . , a + kdi um semigrupo num´erico aritm´etico.

Temos que min c2 N \ {0} | ca 2 ha + d, . . . , a + kdi =la k m + d. Demonstrac¸˜ao. Sejam s = ⌃a k ⌥ + d ae b = min c 2 N \ {0} | ca 2 ha + d, . . . , a + kdi . Dado i 2 {1, . . . , k}, como s (a + a + id) =⇣ la k m + d⌘a 2a id =⇣ la k m 2⌘a + (a i)d, pela Proposic¸˜ao 2.2.1.3 temos que s (a + a + id) 2 S se e s´o se 0  a i  ⌃a

k ⌥ 2 k. Mas como⇣ ⌃a k ⌥ 2⌘k + i ⇣ ⌃a k ⌥ 2⌘k + k =⇣ ⌃a k ⌥ 1⌘k < a, ent˜ao s (a + a + id) 62 S. Pela definic¸˜ao de b, existem b2, . . . , bk+1 2 N tais que ba = b2(a + d) +· · · + bk+1(a + kd).

E como b 6= 0, existe i 2 {1, . . . , k} tal que bi+1 6= 0. Comecemos por assumir que

b <⌃ak⌥+d. Ent˜ao s =⇣ ⌃ak⌥+d⌘a ba+ba =⇣ ⌃ak⌥+d b⌘a+b2(a+d)+· · ·+bk+1(a+kd),

e como ⌃a k ⌥ + d b > 1, j´a que b < ⌃a k ⌥

+ d, podemos retirar um a a s que continuamos em S, assim como podemos retirar a + id. Mas isto implica que s (a + a + id) 2 S, o que ´e imposs´ıvel como j´a tinhamos visto. Logo, b ⌃a

k

⌥ + d. Por fim resta-nos observar que se k dividir o a ent˜ao s = a

k(a + kd) e caso k n˜ao divida

a ent˜ao s = ⌅a k

(a + kd) + (a + (amod k)d), o que significa que s 2 S. E portanto b⌃a

k

⌥ + d.

Finalmente usando resultados anteriores, e como ´e feito em [6], conseguimos chegar ao seguinte teorema.

Teorema 2.2.1.7. Seja S = ha, a + d, . . . , a + kdi um semigrupo num´erico aritm´etico.

Ent˜ao

c(S) =la k m

(50)

Demonstrac¸˜ao. Da Proposic¸˜ao 2.2.1.6, da Proposic¸˜ao 2.2.0.5, do Corol´ario 2.2.1.5 e do Corol´ario 2.2.0.10, temos que

la k m + d c(S) la k m + d + 1. Resta ver que c(S) 6=⌃a

k

+ d + 1. Suponhamos ent˜ao que c(S) = ⌃a

k

+ d + 1. Vamos assumir que n = w + (a + jd), com w2 Ap(S, a) e j 2 {0, . . . , k}, e n =⇣ ⌃ak⌥+ d + 1⌘a + cdpara algum c 2 {0, . . . , a 1}, j´a que um elemento de S se pode escrever desta forma.

Se c j, ent˜ao w a = n (a + jd) a =⇣ la k m + d + 1⌘a + cd (a + jd) a =⇣ la k m + d 1⌘a + (c j)d, com 0  c j  a 1 ⌃a k ⌥ k + k(d 1) =⇣ ⌃a k ⌥

+ d 1⌘k, o que significa que w a 2 S, contradizendo o facto de w 2 Ap(S, a). Portanto c < j.

Observemos que n = (a + cd) +⇣ la k m + d⌘a = (a + cd) + 8 > < > : a k(a + kd) se k | a, ⌅a k ⇧

(a + kd) + (a + (amod k)d) caso contr´ario.

Portanto h´a duas fatorizac¸˜oes do elemento n em que a c-´esima componente ´e diferente de zero:

i. temos a fatorizac¸˜ao z = (da

ke + d, 0, . . . , 0, 1, 0, . . . , 0), em que as suas ´unicas

compo-nentes diferentes de zero s˜ao a primeira e a c-´esima;

ii. e temos a fatorizac¸˜ao z que poder´a ter a c-´esima e a k-´esima componente diferen-tes de zero caso k | a, ou poder´a ter a c-´esima, a k-´esima e a (a mod k)-´esima componentes diferentes de zero caso k n˜ao divida a.

O tamanho de z ´e 1 +⌃a k

<⌃ak⌥+ d + 1. Isto prova que para cada fatorizac¸˜ao de n com tamanho⌃a

k

(51)

2.3. ELEMENTOS DE BETTI 33 do que⌃a

k

+ d + 1. Pelo Teorema 2.2.0.8 podemos deduzir que o grau de catenaridade de S n˜ao pode ser⌃a

k

+ d + 1.

Exemplo 2.2.1.8. Seja S = h5, 8, 11i um semigrupo num´erico, observemos que S ´e

gerado pela progress˜ao aritm´etica {5, 5 + 3, 5 + 2 ⇥ 3}. Usando o Teorema 2.2.1.7 temos que o grau de catenaridade de S ´e igual a⌃5

2

+ 3 = 6.

Podemos confirmar no GAP o resultado deste exemplo, como vemos a seguir.

Exemplo GAP 2.2.1.9.

gap> S:=NumericalSemigroup(5,8,11);;

gap> CatenaryDegreeOfNumericalSemigroup(S); 6

2.3 Elementos de Betti

Os elementos de Betti j´a definidos anteriormente, na Definic¸˜ao 2.1.0.4, merecem des-taque nesta dissertac¸˜ao.

N˜ao ´e do nosso conhecimento que haja uma relac¸˜ao clara entre o n´umero de geradores minimais e o n´umeros de elementos de Betti de um semigrupo num´erico. Nem sabemos se de facto essa relac¸˜ao existe.

Observemos o seguinte exemplo, em que evidenciamos trˆes semigrupos num´ericos de dimens˜ao de imers˜ao quatro. Vejamos qual o n´umero de elementos de Betti de cada um dos semigrupos num´ericos em quest˜ao.

Exemplo 2.3.0.1.

1. S = h927, 1469, 2101, 3072i tem 8 elementos de Betti. 2. S = h940, 1469, 2101, 3072i tem 21 elementos de Betti. 3. S = h926, 1469, 2101, 3072i tem 38 elementos de Betti.

Para fazer o exemplo anterior recorremos ao GAP para calcular o n´umero de elementos de Betti de cada um dos semigrupos num´ericos.

(52)

No Exemplo 2.3.0.1 temos semigrupos num´ericos de dimens˜ao de imers˜ao quatro, que diferem apenas num ´atomo, e no entanto tˆem n´umeros bem distintos de elementos de Betti.

Outra quest˜ao que surge ´e se h´a sempre um n´umero finito de elementos de Betti. Ora R´edei provou que todo o mon´oide comutativo finitamente gerado tem uma apresentac¸˜ao finita, e portanto todo o semigrupo num´erico tamb´em. Consequentemente um semigrupo num´erico tem um n´umero finito de elementos de Betti.

Mas vejamos alguns resultados que nos permitem responder a esta quest˜ao de forma simples para o caso dos semigrupos num´ericos.

Lema 2.3.0.2. Seja S = hs1, . . . , sni um semigrupo num´erico. Ent˜ao, s1 + s2 +· · · + sn

n˜ao ´e um elemento de Betti de S.

Demonstrac¸˜ao. Basta observar que z = (1, 1, . . . , 1) ´e uma fatorizac¸˜ao do elemento s1+

s2 +· · · + sne portanto qualquer outra fatorizac¸˜ao deste elemento pertencer´a `a mesma

R-classe de z.

Lema 2.3.0.3. Sejam S = hs1, . . . , sni um semigrupo num´erico e s = s1 + s2 +· · · + sn.

Nenhum elemento de s + S ´e um elemento de Betti de S.

Demonstrac¸˜ao. Consideremos t 2 S e (t1, . . . , tn) uma fatorizac¸˜ao de t, ent˜ao (1 +

t1, . . . , 1 + tn) ´e uma fatorizac¸˜ao de s + t, que tem todas as componentes n˜ao nulas.

Corol´ario 2.3.0.4. O n´umero de elementos de Betti de um semigrupo num´erico ´e finito.

Demonstrac¸˜ao. Seja S = hs1, . . . , sni um semigrupo num´erico e s = s1 +· · · + sn. O

complementar de s + S no conjunto dos n´umeros naturais ´e finito, uma vez que a partir de s + F (S) todos os inteiros est˜ao em s + S. Assim, pelo Lema 2.3.0.3, a partir de s + F (S)n˜ao temos mais elementos de Betti.

Depois de termos respondido `a quest˜ao colocada, interessa-nos agora conseguir uma majorac¸˜ao para o n´umero de elementos de Betti de um semigrupo num´erico. Observe-mos o seguinte corol´ario que resulta do Lema 2.3.0.3.

Corol´ario 2.3.0.5. Seja S = hs1, . . . , sni um semigrupo num´erico e s = s1 +· · · + sn.

Temos que

(53)

2.3. ELEMENTOS DE BETTI 35 Demonstrac¸˜ao. Observemos que todos os inteiros superiores a s + F (S) pertencem a s + S. E observemos que o elemento 0, os geradores minimais e o elemento s n˜ao s˜ao elementos de Betti.

Este majorante para o n´umero de elementos de Betti pode ser melhorado. Observemos o seguinte corol´ario que resulta tamb´em do Lema 2.3.0.3.

Corol´ario 2.3.0.6. Seja S = hs1, . . . , sni um semigrupo num´erico e s = s1 +· · · + sn.

Temos que

#Betti(S) s (n + 1).

Demonstrac¸˜ao. Observemos que os elementos de Betti s˜ao elementos do semigrupo num´erico S, que n˜ao pertencem a s + S, ou seja pertencem ao conjunto S \ (s + S) que ´e precisamente o conjunto de Ap´ery de S com respeito a s. Como vimos anteriormente este conjunto tem s elementos que s˜ao os elementos do semigrupo num´erico aos quais retirando s sa´ımos de S. O zero e os n geradores minimais do semigrupo num´erico s˜ao exemplos de elementos que fazem parte de Ap(S, s). Para concluir a prova basta observar que nem o zero nem os geradores minimais s˜ao elementos de Betti.

Como conseguimos concluir que o n´umero de elementos de Betti ´e finito, podemos afirmar agora que calcular o grau de catenaridade a partir dos elementos de Betii ser´a mais pr´atico do que usando o grau de catenaridade de todos os elementos do semigrupo num´erico.

Mais, com o ´ultimo corol´ario conseguimos uma majorac¸˜ao para o n´umero de elementos de Betti de um semigrupo num´erico.

Observemos que com o ´ultimo corol´ario conseguimos apenas dizer que o semigrupo S = h926, 1469, 2101, 3072i n˜ao tem mais de 926+1469+2101+3072 (4+1) = 7563 elementos de Betti, e como j´a t´ınhamos visto no Exemplo 2.3.0.1 este semigrupo num´erico tem apenas 38 elementos de Betti.

De facto esta majorac¸˜ao n˜ao nos satisfaz. Deixamos assim em aberto o problema de encontrar uma majorac¸˜ao, mais estreita, para o n´umero de elementos de Betti de um semigrupo num´erico.

(54)

2.4 Grau de Mansid˜ao

O grau de mansid˜ao, tamb´em definido `a custa da noc¸˜ao de distˆancia dada na secc¸˜ao inicial deste cap´ıtulo, ´e outro t´opico fundamental nesta tese. Esta secc¸˜ao apresenta uma subsecc¸˜ao onde ´e visto o caso particular do grau de mansid˜ao nos semigrupos num´ericos aritm´eticos.

Seja S o semigrupo num´erico gerado minimalmente por {s1, s2, . . . , sp}, com p > 1.

Para s 2 S e i 2 {1, . . . , p} vamos definir ti(s) = max d(z, ZSi(s)) | z 2 ZS(s) , onde

d(z, Zi

S(s)) = min d(z, y)| y 2 ZSi(s) .

Definic¸˜ao 2.4.0.1. O grau de mansid˜ao - em inglˆes tame degree - de um elemento s,

pertencente ao semigrupo num´erico S, tamb´em ´e definido em termos de distˆancias e ´e dado por t(s) = max ti(s)| s si 2 S, 1  i  p .

Exemplo 2.4.0.2. Consideremos de novo o semigrupo num´erico S = h5, 8, 12i. Vejamos,

usando a definic¸˜ao, qual o grau de mansid˜ao do elemento 60.

Comecemos por notar que este semigrupo num´erico ´e minimalmente gerado por trˆes elementos, e portanto, usando a notac¸˜ao da definic¸˜ao anterior, temos que p = 3.

Vejamos quais os si, ou seja os geradores minimais, tais que 60 si pertencem a S.

Como 60 5 = 5⇥ 11 2 S, 60 8 = 8⇥ 5 + 12 2 S e 60 12 = 8⇥ 6 2 S todos os si

verificam a condic¸˜ao.

Ora, como j´a indicamos anteriormente no Exemplo 2.1.0.7,

ZS(60) ={(12, 0, 0), (4, 5, 0), (8, 1, 1), (0, 6, 1), (4, 2, 2), (0, 3, 3), (0, 0, 5)}.

Usando ZS(60) facilmente distinguimos os seguintes conjuntos, definidos na secc¸˜ao

inicial deste cap´ıtulo: Z1 S(60) = (12, 0, 0), (4, 5, 0), (8, 1, 1), (4, 2, 2) , Z2 S(60) = (4, 5, 0), (8, 1, 1), (0, 6, 1), (4, 2, 2), (0, 3, 3) e Z3 S(60) = (8, 1, 1), (0, 6, 1), (4, 2, 2), (0, 3, 3), (0, 0, 5) .

(55)

2.4. GRAU DE MANSID ˜AO 37 Vamos agora encontrar os conjuntos ti(60), 1  i  3, para este exemplo.

t1(60) = max n d z, Z1 S(60) | z 2 ZS(60) o = maxnd (12, 0, 0), ZS1(60) , d (4, 5, 0), ZS1(60) , d (8, 1, 1), ZS1(60) , d (0, 6, 1), ZS1(60) , d (4, 2, 2), ZS1(60) , d (0, 3, 3), ZS1(60) , d (0, 0, 5), ZS1(60) o.

Como ´e nula a distˆancia entre um elemento e qualquer conjunto que o cont´em, temos que

d (12, 0, 0), ZS1(60) = d (4, 5, 0), ZS1(60) = d (8, 1, 1), ZS1(60) = d (4, 2, 2), ZS1(60) = 0, resta-nos ver quanto ´e d (0, 6, 1), Z1

S(60) , d (0, 3, 3), ZS1(60) e d (0, 0, 5), ZS1(60) . Ora, d (0, 6, 1), ZS1(60) = min n d (0, 6, 1), (12, 0, 0) , d (0, 6, 1), (4, 5, 0) , d (0, 6, 1), (8, 1, 1) , d (0, 6, 1), (4, 2, 2) o = min 12, 4, 8, 5 = 4, d (0, 3, 3), ZS1(60) = minnd (0, 3, 3), (12, 0, 0) , d (0, 3, 3), (4, 5, 0) , d (0, 3, 3), (8, 1, 1) , d (0, 3, 3), (4, 2, 2) o = min 12, 6, 8, 4 = 4 e d (0, 0, 5), Z1 S(60) = min n d (0, 0, 5), (12, 0, 0) , d (0, 0, 5), (4, 5, 0) , d (0, 0, 5), (8, 1, 1) , d (0, 0, 5), (4, 2, 2) o = min 12, 9, 9, 6 = 6. Portanto, t1(60) = max 0, 0, 0, 4, 0, 4, 6 = 6.

Referências

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