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Moreira, M. B. & Hubner, M. M. C. (2012). Fundamentos de Psicologia Temas Classicos de Psicologia Sob a Otica Da Analise Do Comportamento

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Texto

(1)

Fundamentos de Psicologia

TEMAS CLÁSSICOS DA PSICOLOGIA

SOB A ÓTICA DA ANÁLISE

DO COMPORTAMENTO

COORDENAÇÃO

Maria Martha Costa Hübner

Márcio Borges Moreira

EDITORES DA SERIE

Edwiges Ferreira de Mattos Silvares

Francisco Baptista Assumpção Junior

Léia Priszkulnik

a GUANABARA

(2)

Sumário

1 Bases Filosóficas e Noção de Ciência cm Análise do Com portamento, 1

2 Apendizagem, 20 3 Percepção e Atenção, 42 4 Memória, 56 5 M otivação, 74 6 Sentimentos, 88 7 Linguagem, 100 8 Pensamento e Criatividade, 116 9 Desenvolvimento H um ano, 129 10 Personalidade, 144 11 Psicopatologia, 154 12 Cultura e Liberdade, 167 13 Consciência e Autoconhecimento, 188 índice Alfabético, 208

9

GUANABARA KOOGAN

w w w .g ru p o g e n .c o m .b r

http://gert-io.grupogen.com.br

(3)

TEMAS CLÁSSICOS DA PSICOLOGIA

SOB A Ó TICA DA ANÁLISE DO

COMPORTAMENTO

abdr

Respeite o Jireito autora!

(4)

Grupo

Editorial --- —— —... ... ... — .— Nacional

O GEN I Grupo Editorial Nacional reúne as editoras Guanabara Koogan, Santos, Roca, AC Farmacêutica, Forense, Método, LTC, E.P.U. e Forense Universitária, que publicam nas áreas científica, técnica e profissional.

Essas empresas, respeitadas no mercado editorial, construíram catálogos inigualáveis, com obras que têm sido decisivas na formação acadêmica e no aperfeiçoamento de várias gerações de profissionais e de estudantes de Administração, Direito, Enferma­ gem, Engenharia, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Educação Física e muitas outras ciências, tendo se tornado sinônimo de seriedade e respeito.

Nossa missão é prover o melhor conteúdo científico e distribuí-lo de maneira flexível e conveniente, a preços justos, gerando benefícios e servindo a autores, docentes, livrei­ ros, funcionários, colaboradores e acionistas.

Nosso comportamento ético incondicional e nossa responsabilidade social e ambiental são reforçados pela natureza educacional de nossa atividade, sem comprometer o cres­ cimento contínuo e a rentabilidade do grupo.

(5)

TEMAS CLÁSSICOS DA

PSICOLOGIA SOB A ÓTICA DA

ANÁLISE

DO COMPORTAMENTO

O R G A N IZ A D O R E S

MARIA M ARTHA COSTA H Ü B N E R

P ós-D outora em Psicologia E xperim ental pela U niversidade de São Paulo - USP.

Pesquisadora do In stitu to N acional de C iência e Tecnologia - Estudos sobre C o m p o rtam en to , C ognição e Ensino.

D ocente no D epartam ento de Psicologia Experim ental do Instituto de Psicologia e C oord en ad o ra do Program a de Pós-G raduação em Psicologia Experim ental - USP.

M ÁRCIO BORGES M OREIRA

D o u to rad o em Ciências do C o m p o rtam en to pela U niversidade de Brasília - U nB. C o ordenador do C urso de Psicologia do Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB. G raduação e M estrado em Psicologia pela Pontifícia U niversidade C atólica de Goiás - P U C -G O .

E D IT O R E S D A SÉRIE

Ed w i g e s Fe r r e i r a d e Ma t t o s Si l v a r e s

Professora T itu lar do D ep artam en to de Psicologia C línica do In stitu to de Psicologia da USP.

O rien tad o ra e Supervisora no Curso de G raduação ju n to ao D epartam ento de Psicologia C línica e no Program a de Pós-G raduação em Psicologia C línica do In stitu to de Psicologia da USP.

Fr a n c i s c o Ba p t i s t a As s u m p ç ã o Ju n i o r

Professor Livre-D ocente pela Faculdade de M edicina da USP.

Professor Associado do D epartam ento de Psicologia C línica do In stitu to de Psicologia da USP.

L É IA Pr i s z k u l n i k

Professora-D outora do D ep artam en to de Psicologia C línica do In stitu to de Psicologia da USP. D ocente do C urso de G raduação em Psicologia do In stitu to de Psicologia da USP.

D ocente e O rientadora do Program a de Pós-G raduação em Psicologia C línica do In stitu to de Psicologia da USP. Psicanalista.

m

GUANABARA KOOGAN

(6)

Bl Os autores deste livro e a e d i t o r a Gu a n a b a r a k o o g a n l t d a. em penharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedim entos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados fo ra m atualizados

p e la a u tora a té a data da entrega dos o riginais à editora. E n tretan to , tendo em conta a

evolução das ciências da saúde, as m udanças regulam entares governam entais e o constante fluxo de novas inform ações sobre terapêutica m edicam entosa e reações adversas a fárm acos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que as informações contidas neste livro estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recom endadas ou na legislação regulam entadora. Adicionalm ente, os

leitores podem buscar p o r possíveis atualizações da obra em http:llgen-io.grupogen.com.br.

■ Os autores e a editora se em penharam para citar adequadam ente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos posteriores caso, inadvertida e involuntariam ente, a identificação de algum deles tenha sido omitida.

■ D ireitos exclusivos para a língua portuguesa Copyright © 2012 by

EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA.

Uma editora integrante do GEN I Grupo Editorial Nacional

T ravessa do Ouvidor, 11

Rio de Janeiro - R J - CEP 20040-040

Tels.: (21) 3543-0770/(11) 5080-0770 I Fax: (21) 3543-0896

www .editoraguanabara.com .br I www .grupogen.com .br I editorial.saude@ grupogen.com .br ■ Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em

parte, em quaisquer formas ou por quaisquer m eios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela Internet ou outros), sem perm issão, por escrito, da e d i t o r a g u a n a b a r a k o o g a n l t d a.

■ Capa: Editora Guanabara Koogan Editoração eletrônica: ®a»ih»iss

Projeto gráfico: Editora G uanabara Koogan

■ Ficha cataiográfica

T278

Temas clássicos da psicologia sob a ótica da análise do comportam ento / organizadores M aria M arta Costa Hübner, Márcio Borges Moreira ; editores da série Edwiges Ferreira de Mattos Silvares, Francisco B aptista Assumpção Junior, Léia Priszkulnik. - Rio de Janeiro : G uanabara Koogan, 2012.

ISBN 978-85-277-2059-5

1. Com portam ento hum ano - Psicologia. 2. Avaliação de com portam ento. 3. B ehaviorism o (Psicologia). 4. Psicologia. I. Hübner, M aria M artha. II. M oreira, M árcio Borges, 1976-.

12-0591. CDD: 158.1 CDU: 159.947

(7)

aa

Adriana Cunha Cruvinel

D outorado em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo. M estrado em Psicologia Experim ental: A nálise do C o m p o rtam en to pela Pontifícia U niversidade C atólica de São Paulo. G rad u ad a em Psicologia pela Pontifícia U niversidade C atólica de M inas Gerais.

Ana Karina Leme Arantes

D outoranda do Program a de Pós-Graduação em Psicologia da UFSCar. M estre em Educação Especial e participante do Instituto N acional de Estudos Sobre C om portam ento, Cognição e Ensino (IN C T /E C C E ).

Ana Leda de Faria Brino

D o u to ra pelo Program a de Pós-G raduação em Teoria e Pesquisa do C o m p o rtam en to da Universidade Federal do Pará (UFPA). Professora A d ju n ta II da U niversidade Federal do Pará.

Camila D om eniconi

P ós-D outoranda na U niversidade do M inho. D o u to rad o pela U niver­ sidade Federal de São Carlos. Pesquisadora do In stitu to N acional de C iência e Tecnologia. Professora A d ju n ta do D ep artam en to de Psico­ logia da U niversidade Federal de São Carlos.

Camila Muchon de Melo

D o u to ra d o e M estrad o em Filosofia pela U niversidade Federal de São Carlos. G raduada em Psicologia pela U niversidade E stadual de L ondrina.

Carmen Silvia Motta Bandini

D o u to rad o e M estrado em Filosofia pela Universidade Federal de São C arlos. G rad u ad a em Psicologia pela U niversidade Federal de São Carlos. Professora da U niversidade E stadual de Ciências da Saúde de Alagoas e do C en tro U niversitário C ESM A C , M aceió, AL.

D enis Roberto Zamignani

D o u to ra d o em Psicologia C línica pela U niversidade de São Paulo. G raduado em Psicologia e M estre em Psicologia Experim ental: Análise do C o m p o rta m e n to , pela Pontifícia U niversidade C atólica de São Paulo - PUC-SP. C o ordenador da Faculdade de Psicologia n a Escola de Ciências da Saúde da U niversidade A nhem bi-M orum bi.

Elenice S. Hanna

D ocente e Pesquisadora do Program a de Pós-G raduação em Ciências do C o m p o rtam en to da Universidade de Brasília — U nB. Pesquisadora

do Instituto N acional de C iência e Tecnologia sobre C om portam ento, C ognição e E nsino — E C C E , apoiado pelo M C T , C N P q e FAPESP.

Eliana Isabel de Moraes Hamasaki

D outorado e M estrado em Psicologia Experim ental pela Universidade de São Paulo. G raduada em Psicologia, com Especialização em Terapia C om p o rtam en tal e C ognitiva pela U niversidade de São Paulo. Profes­ sora dos cursos de Psicologia, N u trição e Enferm agem n a U niversi­ dade Nove de Julho.

Elizeu Borloti

Pós-D outorado em Psicologia Experim ental pela U niversidade de São Paulo. D o u to rad o em Psicologia Social pela Pontifícia U niversidade C ató lica de São Paulo. M estrado em Psicologia pela U niversidade Federal do E spírito Santo.

G rad u ad o em Psicologia pela U niversidade Federal do E spírito Santo. Professor A dju n to do D epartam ento de Psicologia Social e do D esenvolvim ento da U niversidade Federal do Espírito Santo.

Erik Luca de Mello

D o u to ran d o no Program a de Pós-G raduação de Psicologia: C o m p o r­ tam ento e Cognição, na UFSCar. M estre em Psicologia Experim ental: Análise do C o m p o rtam en to pela PUC/SP.

Gerson Yukio Tomanari

D o u to rad o e M estrado em Psicologia E xperim ental. C oo rd en ad o r do Laboratório de Análise Experim ental do C o m p o rtam en to (IPUSP). Professor T itu lar do In stitu to de Psicologia da U niversidade de São Paulo (IPU SP). G raduado em Psicologia pela U niversidade de São Paulo (IPUSP). Pesquisador e coordenador local do Instituto N acional de C iência e Tecnologia sobre C o m p o rtam en to , C ognição e Ensino (M C T / C N P q/F A P E S P ).

Joana Singer Vermes

M estrado em Psicologia E xperim ental: Análise do C o m p o rtam en to pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP. Psicóloga clínica, professora e supervisora do C urso de Especialização em Clínica A nalítico-C om portam ental do N úcleo Paradigma.

Luciana Verneque

D o u to ra em Processos C o m p o rta m e n ta is (Análise do C o m p o rta ­ m ento) e M estre em Psicologia pela U niversidade de Brasília (UnB). D ocente do In stitu to de Ensino Superior de Brasília (IESB).

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6 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

Professora e Supervisora C línica do Instituto Brasiliense de Análise do C o m p o rtam en to (IBAC).

Maria Stella Coutinho de Alcântara Gil

D o u to ra d o em Psicologia E xp erim en tal pela U niversidade de São Paulo. G rad u ad a em Psicologia pela Pontifícia U niversidade C atólica de C am pinas. M estrado em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Professora associada da Universidade Federal de São Carlos, vinculada ao D ep artam en to de Psicologia/C E C H .

Marina Souto Lopes Bezerra de Castro

D o u to ra d o e M estrado em Filosofia. G rad u ad a e m Psicologia pela U niversidade Federal de São Carlos. Psicóloga judiciária — T ribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Naiara M into de Souza

D ou to ran d a em Psicologia pela UFSCar. M estrado em Educação Espe­ cial e G raduação em Psicologia pela UFSCar.

Paola Almeida

D o u to ra d o em Psicologia E xp erim en tal pela USP. G raduação e M estrado em Psicologia pela Pontifícia U niversidade C atólica de São Paulo — PU C-SP. Professora da Pontifícia U niversidade C atólica de São Paulo - PUC-SP.

Paulo Elias Delage

D o u to rad o e M estrado em Teoria e Pesquisa do C o m p o rtam en to pela UFPA. G raduado em Psicologia pela UFJF. Professor de disciplinas e tem as ligados à Psicologia da Educação.

Paulo Roney Kilpp Goulart

D o u to ra d o em Teoria e Pesquisa do C o m p o rta m e n to . D o cen te do N ú cleo de Teoria e Pesquisa do C o m p o rta m e n to , da U niversidade Federal d o Pará (N T P C -U F P A ). G raduado em Psicologia.

Pedro Bordini Faleiros

D outorado em Psicologia Experim ental pela USP/São Paulo. M estrado em Psicologia E xperim ental: Análise do C o m p o rtam en to pela P onti­ fícia U niversidade C atólica de São Paulo.

G rad u ad o em Psicologia pela U n iversidade Federal de São Carlos.

D o c e n te do curso de graduação em Psicologia da U niversidade M etodista de Piracicaba - U N IM EP.

Raquel Melo Golfeto

D o u to rad o em Educação Especial pela U niversidade Federal de São Carlos. G raduação em Psicologia pela U N E S P de Bauru. M estrado em Psicologia Experim ental: Análise do C o m p o rtam en to pela P U C de São Paulo.

Ricardo Corrêa Martone

P ó s-D outorando n o Program a de Estudos Pós-G raduados em Psico­ logia E xperim ental da P ontifícia U niversidade C atólica de São Paulo.

D outorado em Ciências do C o m p o rtam en to pela U niversidade de Brasília. G raduado em Psicologia pela Pontifícia U niversidade C ató ­ lica de São Paulo. M estrado em Psicologia E xperim ental: A nálise do C o m p o rta m e n to pela Pontifícia U niversidade C atólica de São Paulo.

Roberta Kovak

M estre em Psicologia Experim ental: Análise do C o m p o rtam en to pela PUC-SP. Psicóloga clínica, professora e supervisora do C urso de Espe­ cialização em C lín ica A n alítico -C o m p o rtam en tal do N ú cleo Para­ digm a. C oordenadora do C urso de Extensão em A com panham ento Terapêutico e da equipe de acom panhantes terapêuticos do N úcleo Paradigm a.

Roberto Alves Banaco

C oordenador Pedagógico do N úcleo Paradigma de Análise do C om por­ tam en to de São Paulo.

Professor T itular de Análise do C om portam ento da PUC-SP. Conse­ lheiro da Associação Brasileira de Psicologia e M edicina C o m p o rta- m ental e da Sociedade Brasileira de Psicologia.

Tales Carnelossi Lazarin

D o u to ran d a em Filosofia (Realismo C ientífico C ontem porâneo) pela U niversidade Federal de São Carlos. Bacharel em Psicologia e M estre em Filosofia pela U niversidade Federal de São Carlos.

Viviane Verdu Rico

D o u to ra em Psicologia E xp erim en tal e E specialista em T erapia C om portam ental-C ognitiva pela U niversidade de São Paulo.

M estre em Teoria e Pesquisa do C o m p o rtam en to pela U niversi­ dade Federal do Pará. Pesquisadora associada da U niversidade Federal de São Carlos.

(9)

U m a o b ra dessa envergadura é, o b v iam en te, co nsequência do trabalho de inúm eras pessoas de valor.

Em prim eiro lugar, agradeço à Professora D ra. Edwiges Silvares, do D epartam ento de Psicologia Clínica do In stitu to de Psicologia da USP, que m e fez honroso convite para conduzir u m volum e sobre Análise do C o m p o rta m e n to em u m a coleção cujo objetivo é configurar-se com o aquela a ser inserida nos m elhores cursos do país.

E m segundo lugar, agradeço ao Professor Dr. Julio de Rose, então C o o rd e n a d o r d o G ru p o de Pesquisa do P R O N E X — P rogram a de A poio a G rupos de Excelência sobre C o m p o rta m e n to , C ognição e E nsino (C N P Q /F A P E S P ) e à Professora D ra. D eisy das G raças de Souza, C oordenadora do G ru p o de Pesquisa da A N P E P P - Análise C om portam ental de Processos Simbólicos, n a ocasião em que o grupo aceitou o convite para trab alh ar nessa obra. A m bos os professores, líderes desse grupo, apoiaram o convite e, graças a esse grupo, o livro está hoje com pleto e p ro n to , com u m conteúdo de peso.

E n tretan to , a organização da ob ra não teria sido possível se não fosse a co-organização do D r. M árcio Borges M oreira, pesquisador

no grupo, qu e aceitou ser co-organizador, dando à tarefa u m a agili­ dade e com petência que, sozinha, eu não teria conseguido. Agradeço à Professora Elenice H a n n a , docente da U niversidade de Brasília e pesquisadora do grupo citado, p o r ter indicado, após m eu pedido, o querido colega para trabalhar na organização do livro.

Sem d úvida algum a, a essência do livro está em sua idéia, origi­ nada do im enso gru p o de colaboradores, coautores d a obra. Vocês foram geniais!

A o querido colega R oberto B anaco, que aceitou - em u m prazo m u ito exíguo — escrever dois capítulos co m sua eq u ip e do N ú cleo Paradigm a sobre tem as que só ele poderia coordenar n o país.

Finalmente, agradeço a dois grandes ícones e modelos para todos nós da Análise do C om portam ento: Professor Dr. João C laudio Todorov e Professora D ra. Deisy das Graças de Souza, os quais aceitaram, gentil­ m ente, escrever, respectivamente, o Prefácio e Apresentação do livro. Foi um a grande h o n ra para todos nós ter esse enorm e privilégio.

(10)

E sta coletânea é u m a novidade que chega com atraso. E m 1938,

io com entar o livro O comportamento dos organismos, de B. E Skinner,

E rn st H ilgard disse q u e u m desafio q u e a pro p o sta teria que vencer era provar ser m elhor que as outras com as quais teria que com petir, r r a preciso ver até o n d e o program a de pesquisa poderia se estender para cobrir to d o o co m p o rtam en to h u m an o , ou pelo m enos todos os aspectos com os quais se ocupavam outras teorias. A extensão de um a teoria com base n o com p o rtam en to dos ratos na caixa de Skinner ao c o m p o rtam en to h u m an o no am biente n atu ral levou m u ito tem po, com pouco progresso até a publicação de Ciência e comportamento

humano. Exceto p o r O comportamento verbal, Skinner n u n c a chegou

= apro fu n d ar as inúm eras análises teóricas e os poucos exemplos expe­ rimentais (“São necessárias as teorias da aprendizagem?”) que adiantou : a i suas publicações.

O desafio de H ilgard com eça a ser enfrentado p o r Fred S. K eller e *5Hliam N . Schoenfeld com Principles o f psychology, u m livro escrito ra r a ser texto didático de introdução à psicologia. C o m o avanço da Análise do C o m p o rtam en to nas atividades profissionais a p a rtir dos =nos 1970, temas antes impensáveis para “skinnerianos de carteirinha” com eçam a surgir em trabalhos de análise experim ental do com por­ tam en to . C o m e n te i isso à época em artigo p u b licad o n o M éxico cham ando a atenção para os progressos e p ara a expansão n a Análise a o C o m p o rtam en to : Libertad, conocimiento, memória y autocontrol:

amductismo?, A p artir dos anos 1980, dois textos d o m in am o ensino

de Análise do C om portam ento (mais “m odernos” que Skinner): Apren­

dizagem: comportamento, linguagem e cognição, de A. C harles C atania,

; o volum oso texto de W illiam Baum - Compreender o behaviorismo:

:7mportamento, cultura e evolução. H oje, não há dúvida (pelo m enos

sn tre os behavioristas) de que tem os ferram entas p ara trabalhar dados

em píricos em qualquer área da psicologia. Análise do com portam ento não é um a área, é um m odo de trabalhar.

Temas clássicos da psicologia sob a ótica da análise do comportamento

é um a coletânea que vem confirm ar que, tam bém no Brasil, o trabalho dos behavioristas tem se expandido con tin u am en te desde a chegada de Fred S. K eller à USP, em 1961. O s tem as m ais freq u en tes dos tradicionais livros de in tro d u ção à psicologia (os tem as “clássicos”) estão aqui. Espero que cada capítulo seja u m a p o n te para os jovens pesquisadores: ao abordar u m a área “clássica”, convém saber o que os “clássicos” já acum ularam de dados em píricos antes de reinventar a roda. Feita a advertência, segue u m a sequência de elogios. Prim eiro, pela iniciativa da E ditora ao encom endar o livro. D epois aos pesqui­ sadores do In stitu to N acional de C iência e Tecnologia - Estudos de C om portam ento, Cognição e Ensino (IN C T -E C C E , CNPq/FA PESP) de aceitar o desafio proposto. Aos organizadores da coletânea, M aria M arth a C osta H ü b n e r e M árcio Borges M oreira pelo trabalho cons­ tante e sistem ático necessário para a organização e finalização da obra. É u m trabalho coletivo que envolveu a colaboração de m u ito s pesqui­ sadores experim entados, com o M arth a H übner, Elenice H an n a, Julio de Rose, G erson Tom anari, Elizeu Borloti e R oberto Banaco (com o conv id ad o ), b em com o de jovens d o u to res, co m o M árcio Borges M oreira, A n a L eda de Faria Brino, Ricardo M artone, Pedro Faleiros, D enis Z am ignani, dentre outros. Poderão dizer que este volum e não cobre todas as áreas tradicionais da psicologia clássica. Tais críticas certam ente servirão de estím ulo à continuação do presente trabalho em novas publicações.

João Claudio Todorov

(11)

É com im enso prazer que apresentam os a Série Fundamentos de

Psicologia. Ela consiste em textos básicos destinados aos alunos dos

cursos de graduação, de especialização ou de pós-graduação em Psico­ logia de q u alq u er universidade do país. Esses textos encontram -se organizados de m aneira prática, acessível e com sugestões de aprofun­ d am ento nos tem as estudados de m aneira a dispor ao leitor u m guia de leitura para u m curso acadêm ico na área.

A obra visa, principalm ente, à estruturação de um núcleo básico de pensam ento, objetivando o conhecim ento e a com preensão do cam po

t m estudo, de m o d o a otim izar o ingresso do leitor nesse cam po.

C o m o a finalidade desta série não é substituir os textos clássicos, h 1 sim orienrar e sistem atizar a com preensão dos principais temas estudados, u m a m aior reflexão, visando o ap ro fu n d am en to deles, é recom endável. Assim , leituras com plem entares são sugeridas pelos diferentes autores a cada título.

O projeto, aparentem ente simples, envolve grande parte da tem ática de relevância na área da psicologia. Assim, engloba seu conhecim ento en q u an to história, fundam entos, epistem ologia e ética, a Psicologia do D esenvolvim ento e da A prendizagem , a Análise E xperim ental do C om portam ento, a Etologia, a Psicopatologia nos aspectos clínicos e estruturais. Várias especificidades da área, com o a Psicologia do Excep­ cional e a questão da deficiência física, mental e sensorial, a Psicologia dos processos cognitivos, a Psicologia dos processos sensoriais, a Psicologia da

Personalidade, a Neuropsicologia, a relação Psicologia e doenças som á­ ticas, bem com o a Psicologia e M orte, são igualm ente contem pladas. D o p o n to de vista das diferentes escolas de pensam ento, procura ainda abordar seus fúndam entos, u m a introdução à Psicanálise, envolvendo as ideias de Freud, Jung, Klein, W innicott, Lacan, Reich, u m a intro­ dução à Terapia C om portam ental-C ognitiva e à Gestalt-Terapia, com o tam bém os m odelos fenom enológicos e processos grupais e familiares. Busca ainda caracterizar, mesm o que de m aneira geral, um panoram a atual da Psicologia Social, da Psicologia Institucional, da Psicologia do Trabalho e das Organizações, bem como a interface Psicologia e Religião. Finalm ente, o projeto propõe um últim o volum e referente a questões específicas de cada um dos temas desenvolvidos, visando um a avaliação sistemática delas. O objetivo é facilitar o estudo do leitor iniciante em cada um a das áreas contem pladas.

Todos os tem as são desenvolvidos por especialistas com capacidade reconhecida nacional e internacionalm ente.

E um trabalho de fôlego, sem sim ilar na literatura nacional, e visa suprir um a lacuna existente em nosso m ercado editorial.

Esperam os que seus objetivos sejam alcançados com o agrado de todos.

Profa. Dra. Edwiges Ferreira de Mattos Silvares Prof. Dr. Francisco Baptista Assumpção Junior

(12)

A

p r e s e n t a ç ã o

Este livro foi escrito atendendo a um convite da G uanabara Koogan à D ra. M arth a H übner. O propósito era disponibilizar um livro didá­ tico sobre processos psicológicos básicos, sob a ótica d a A nálise do C o m p o rtam en to , para alunos de graduação e de pós-graduação em Psicologia.

O convite fora feito p o u co tem p o antes da realização do X II Sim pósio da Associação N acional de Pesquisa e Pós-G raduação em Psicologia (A N PEPP), em 2008. U m a atividade central dos simpósios da A N PE PP são os grupos de trabalho, definidos por interesses conver­ gentes em pesquisa e ensino e dos quais participam pesquisadores dos programas de pós-graduação, incluindo doutorandos. M artha participa do grupo de trabalho “Análise com portam ental de processos sim bó­ licos” e, com a generosidade que lhe é característica, com p artilh o u com os colegas a notícia sobre o convite e, m ais do que isso, estendeu o convite aos demais m em bros do grupo. Ela abria m ão de ser a autora de u m im p o rtan te livro na área, para ser sua organizadora.

O convite, apresentado inicialm ente aos doutores, rapidam ente se estendeu aos pós-graduandos, p o r sugestão do Professor Júlio de Rose, com base na consideração de que pesquisadores nesse estágio de form ação encontram -se plenam ente com prom etidos com os assuntos de suas dissertações e teses e, p o r isso m esm o, conhecem o assunto em profundidade, além de, em m uitos casos, d om inarem conhecim ento de ponta, m elhor que qualquer outra pessoa da área, por serem eles os responsáveis pelos desenvolvim entos recentes de co n h ecim en to novo.

A o longo do sim pósio, o g ru p o , q u e tin h a u m a p a u ta específica de trab alh o a ser cu m p rid a, realizou “horas-extras” p ara d e fin ir o form ato e os tem as que seriam abordados n o livro, considerando os objetivos que ele deveria aten d e r e, ao m esm o tem po, d istrib u in d o o trab alh o en tre os autores, levando em c o n ta seus interesses e suas com petências.

O resultado desse planejam ento foi o q u e talvez seja a principal c o n trib u ição desta obra: decidiu-se qu e o livro apresentaria, sob a ó tica d a A nálise do C o m p o rta m e n to , os tem as clássicos da Psico­ logia tratados em m anuais gerais da área. C om o m ostram im portantes pesquisas n a área, inclusive as realizadas co m estudantes brasileiros, o aluno iniciante de Psicologia geralm ente chega ao curso aspirando se to rn a r u m psicoterapeuta e desejando aprender sobre personalidade e psicopatologia. C om pete aos cursos realizar o im p o rtan te papel de levar o aluno a com preender que, para chegar à atividade profissional,

é crucial conhecer pro fu n d am en te os processos psicológicos básicos e as variáveis das quais eles são função. N o en tan to , essa não é um a tarefa fácil, pela diversidade da psicologia no estudo e tratam ento desses processos e pelas dificuldades de disponibilidade de m aterial didático com o suporte para a aprendizagem do aluno.

C o n sid eran d o -se os desenvolvim entos científicos n o cam po da Análise do C om portam ento, se o aluno precisa aprender, por exemplo, sobre percepção e m em ó ria, seria im p o rta n te q u e ele aprendesse sobre controle de estím ulos e a im ensa com plexidade de fenôm enos e processos q u e esse term o abarca; se precisa a p ren d er sobre m o ti­ vação, é fundam ental familiarizar-se com o papel das consequências do com portam ento e com operações estabelecedoras; seu interesse em personalidade e psicopatologia pode en co n trar respostas nas desco­ bertas sobre efeitos deletérios do controle aversivo, sobre o papel de com portam entos de fuga e esquiva e seus sub-produtos. C om o ilus­ tra m os exem plos, este livro p ro cu ra apresentar u m a transição dos tem as clássicos da Psicologia, m uitos deles já presentes na linguagem cotidiana, para os cam pos de estudo em Análise do C om p o rtam en to . O enfoque deverá perm itir ao aluno navegar com mais facilidade pelos dom ínios da Análise do C om portam ento, sem que a linguagem técnica e específica d a área lhe cause, de início, tan ta estranheza. A linguagem técnica é im p o rtan te para a form ulação de conceitos científicos (e para a discrim inação entre conceitos form ados a p artir do senso com um e conceitos form ados com base no m étodo científico) e o aprendiz de ciência, de qualquer ciência, encontra-se sem pre n a condição de quem tem qu e aprender u m a segunda língua; mas, com o m ostra nossa ciência, a segunda língua pode ser m elhor aprendida q u an d o as pala­ vras se relacionam fortem ente aos eventos do m u n d o com os quais o indivíduo lida ou com os quais está familiarizado. Este livro to m o u o cuidado de estabelecer essa conexão.

O esforço para chegar ao co n ju n to final, que envolveu m uitas e extensas trocas entre os autores, valeu a pena. O livro apresenta-se como um a fonte fundam ental para quem queira aprender sobre Análise do C o m p o rtam en to e sobre processos psicológicos básicos.

Deisy das Graças de Souza

Professora T itu lar da U niversidade Federal de São C arlos C oordenadora do In stitu to N acional de C iência e Tecnologia sobre C o m p o rtam en to , C ognição e E nsino - IN C T .

(13)

Ca p í t u l o I Ba s e s Fi l o s ó f ic a s e No ç ã o d e Ci ê n c i a e m An á l is e d o

Co m p o r t a m e n t o, i

Introdução, 1

O surgimento do Behaviorismo, 1 O Behaviorismo Radical de B. F. Skinner, 2

Behaviorismos e as vicissitudes do sistema skinneriano, 3 Causalidade e explicação no behaviorismo radical, 7 A concepção de hom em no behaviorismo radical, 11 A proposta de uma ciência do com portam ento, 12

O objeto de estudo da análise do com portam ento, 13 A unidade básica de análise, 14

Previsão e controle, 15 O método de pesquisa, 17 Referências bibliográficas, 18 C a p í t u l o II A p r e n d iz a g e m , 2 0 Introdução, 20 O que é aprendizagem?, 20

C om portam ento respondente, 22 C om portam ento operante, 22 Processos básicos de aprendizagem, 24

Condicionam ento respondente, 24 Condicionam ento operante, 26 O princípio unificado do reforço, 30 Im printing, 32

Aprendizagem indireta, 32 O aprendiz experiente, 34

Generalização primária eequivalência funcional, 34 Modelagem e encadeamento de respostas, 35 Learning set, 37

Insight, 37

Aprendizagem no ensino formal, 38 Conclusões, 40 Referências bibliográficas, 40 C a p í t u l o I I I P e r c e p ç ã o e A t e n ç ã o , 42 Introdução, 42 Perceber, 43 Atentar, 45

A relação entre perceber e atentar, 48 Aplicação, 49

Conclusões, 53

Referências bibliográficas, 54

C a p í t u l o IV M e m ó r ia , 56

Alguns modelos explicativos de memória, 57 M emória de trabalho, 57

Memórias de curto e de longo prazos e memórias remotas, 58

Memórias implícita e explícita, 58 Teorias sobre o esquecimento, 58

Estudos de Ebbinghaus, 58 Teoria de deterioração, 59 Teorias de interferência, 59 Falha na recuperação, 61 Teoria dos esquemas, 61 Teorias neurológicas, 61

Variáveis que controlam os comportamentos de “lembrar” e “esquecer”: controle de estímulos, 61

M em ória e aprendizagem: aprendendo a lembrar, 63 Distorções da memória: outras variáveis que influenciam os

com portam entos de “lembrar” e “esquecer”, 66 M elhorando a memória: aplicações das descobertas sobre

“lem brar” e “esquecer”, 67

M em ória na análise do comportam ento: de volta às ideias de Skinner, 70

Considerações finais, 71 Referências bibliográficas, 71

Ca p í t u l o V Mo t i v a ç ã o, 74

Diferentes usos do conceito “motivação” na Psicologia, 75 Uso disposicional (tendência a agir de certa maneira), 75 Função adverbial (fazer duas coisas vs. fazer

de certa maneira), 76

A motivação do com portam ento e a análise do com portam ento, 78

Operações estabelecedoras, 82

Taxonomia das operações estabelecedoras, 83

Operação estabelecedora condicionada substituta, 85 Operação estabelecedora condicionada reflexiva, 85 Operação estabelecedora condicionada transitiva, 85 Conclusão, 86

Referências bibliográficas, 87

C a p í t u l o VI S e n t i m e n t o s , 88

A natureza dos sentimentos e sua relação com o com portam ento, 88

O que são os sentimentos e como aprendemos a prestar atenção a eles?, 91

(14)

16 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

História de condicionamento envolvendo sentimentos, 91 Sentimentos: como relatá-los, 92

Por que o que eu sinto é diferente do que o outro sente?, 94 Descrição de alguns sentimentos sob a perspectiva

behaviorista radical, 94 Alegria, 95 Tristeza, 95 Raiva, 95 Frustração, 95 Ansiedade, 96 M edo, 96 Vergonha e culpa, 96 Amor, 96

Sentimentos: pesquisa e aplicação, 97 Referências bibliográficas, 99

C a p í t u l o V II L in g u a g e m , i o o

Pressupostos da proposta behaviorista radical para o estudo da linguagem, 100

Proposta com portam ental para o estudo da linguagem, 101 Operantes verbais: um vocabulário

com portam ental único, 103 Relações verbais formais, 103 Relações verbais temáticas, 104

A segunda ordem de operantes: os autoclíticos, 106 Controles verbais complexos, 107

Extensões, 107

O controle pela audiência, 109 Controle múltiplo, 109

Controle verbal sobre o com portam ento não verbal: o com portam ento verbalmente controlado ou com portam ento governado por regras, 110 Referências bibliográficas, 113

C a p í t u l o V III P e n s a m e n t o e C r i a t i v i d a d e , i i6

Q ual é o problema com as abordagens tradicionais do estudo do pensamento?, 118

O problem a com o conceito de mente e com a equivalência mente-cérebro, 118

O problema da relação pensam ento/com portam ento encoberto ou com portam ento verbal, 119 O pensamento na teoria Behaviorista Radical, 121

A tentar como com portam ento precorrente, 122 Decidir como comportam ento precorrente, 124 Pensar como resolver problemas e sua relação com a

criatividade, 124 Conclusão, 127 Referências bibliográficas, 127 Ca p í t u l o I X De s e n v o l v im e n t o Hu m a n o, 129 Referências bibliográficas, 141 Ca p í t u l o X Pe r s o n a l id a d e, 144

A perspectiva tradicional do conceito de personalidade, 145 A noção de personalidade a partir da análise do

com portam ento, 146

O primeiro nível de seleção: aspectos herdados da personalidade, 147

O segundo nível de seleção: aspectos aprendidos da personalidade, 148

O terceiro nível de seleção: aspectos verbais da personalidade, 150

Para finalizar, 152 Bibliografia, 153

C a p í t u l o XI P s i c o p a t o l o g i a , 154

A inda há m uito o que ser explicado, 155

Definição especial de psicopatologia: como fugir do estudo da anormalidade, 156

O papel do controle aversivo na determinação de com portam entos psicopatológicos, 156 Fontes do com portam ento psicopatológico, 157

O com portam ento reflexo patológico, 157

Interações entre processos respondentes e operantes, 158 Psicopatologia a partir da análise do com portam ento, 159

O com portam ento operante patológico, 159 Aspectos verbais e culturais dos comportam entos

psicopatológicos, 161

O com portam ento verbal do cientista determ inando o com portam ento psicopatológico, 164

Resumo, 165

Referências bibliográficas, 165

C a p í t u l o X II C u l t u r a e L ib e r d a d e , 167

A cultura como um terceiro nível de variação e seleção, 169 A variação no terceiro nível dosprocessos de variação e

seleção, 170

As consequências culturais, 171

Unidades de análise no âmbito da cultura, 173 Sigrid Glenn: contingências entrelaçadas e

metacontingências, 174

O valor de sobrevivência no terceiro nível seletivo, 177 O planejamento da cultura, 178 Liberdade, 180 Em busca da liberdade, 181 Conclusão, 185 Referências bibliográficas, 185 C a p í t u l o X II I C o n s c i ê n c i a e Au t o c o n h e c i m e n t o, i88 Eventos privados, 190 O conteúdo consciente, 191 Auto-observação e autoconsciência, 195 Discriminação condicional do próprio

com portam ento, 195

Autorreconhecim ento no espelho, 196 Autodiscriminação de estímulos privados, 197 O com portam ento descritivo, 197

Autoconhecimento, 200 Autocontrole, 201

O com portam ento inconsciente, 202 A utoconhecimento e psicoterapia, 203

Conclusão, 205

Referências bibliográficas, 206

(15)

I

e m A n á l i s e d o C o m p o r t a m e n t o

M árcio Borges Moreira ■Eleníce Seixas Hanna

IN T R O D U Ç Ã O

Este capítulo tem o objetivo de apresentar, em linhas gerais, um a filosofia chamada Behaviorismo Radical e um a abordagem psicológica (ou ciência do com portam ento) d enom inada Análise do C o m p o rtam en to , bem como estabelecer relações entre ambas. Faremos um a distinção im portante entre o Behaviorismo Radical (corrente atual) e o Behaviorismo Metodológico. E im portante que o leitor atente para esta distinção, pois a falta dela é, em parte, a razão de muitas críticas incorretas feitas ao moderno Beha­ viorismo Radical.

O pensam ento de B. F. Skinner e alguns dos principais pressupostos filosóficos de sua obra serão apresentados brevemente e terão a função de fornecer ao leitor um refe­ rencial teórico básico para a m elhor apreciação dos demais capítulos deste livro. Além dos aspectos concernentes ao Behaviorismo Radical, apresentaremos tam bém a noção de ciência em Análise do C om portam ento e algumas de suas características principais: seu objeto de estudo, sua unidade de análise e seu método.

O SU R G IM E N T O D O

_________ B EH A V IO R ISM O _________

Por volta do final do século 19, a Psicologia começa a constituir-se como ciência independente, embalada, prin­ cipalmente, pelas pesquisas de Gustav Fechner e W ilhelm W undt (cf. Goodwin, 2005/2005). Essencial ao surgimento e desenvolvimento de um a ciência é a definição do seu objeto de estudo e do seu método. Nessa época, sobretudo

após W undt ter criado o primeiro laboratório de Psicologia experimental em Leipzig, Alemanha, difundiu-se a ideia de que o objeto de estudo da Psicologia era a consciência (e seus elementos constituintes), e o m étodo eleito, a introspecção experimental1 (cf. Goodwin, 2005/2005). E nesse contexto que, em 1913, o psicólogo John Broadus W atson publica um artigo intitulado A Psicologia como um behaviorista a

vê.2 Esse artigo ficou conhecido posteriorm ente como O Manifesto behaviorista?

Em seu artigo, W atson (1913) argum entou que o uso da introspecção experimental como método principal falhou em estabelecer a Psicologia como um a ciência natural (uma ciência que lida com fenôm enos que ocupam lugar no tem po e no espaço, como a Física e a Química). A crítica de W atson baseava-se principalmente na falta de replicabi- lidade dos resultados produzidos, isto é, quando se realizava novamente um a mesma pesquisa com um outro sujeito, um a pessoa diferente, os resultados encontrados eram dife­ rentes da pesquisa anterior. Para se ter um a ideia do que representa esse problema, imagine, por exemplo, que se a mesma questão fosse encontrada na farmacologia, cada indi­ víduo que tomasse um analgésico teria uma reação comple­ tamente diferente e, provavelmente, nenhuma dessas reações seria a diminuição de um a dor de cabeça.

'O s participantes das pesquisas eram exaustivamente treinados a descrever estímulos apresentados pelo experimentador antes da tarefa experimental propriamente dita.

2Título original: Psychology as the behaviorist views it.

3Matos (1997/2006) aponta que o “Manifesto”, na verdade, corresponde a um conjunto de documentos, e não apenas ao artigo seminal de 1913.

(16)

2 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

W atso n (1913) saliento u tam b ém o u tro problem a im p o rta n te com relação à introspecção experim ental: a “culpa” das diferenças entre os resultados obtidos a p a rtir de tal m éto d o era a trib u íd a aos sujeitos (que eram ta m b é m os observadores), e n ão ao m éto d o ou às condiçõ es experim en tais nas quais esses resul­ tados foram produzidos. Se, po r exem plo, as im pres­ sões de um sujeito sobre um d eterm inad o objeto, um a fruta, p o r exem plo, diferiam das impressões de outro su jeito , dizia-se que u m deles não hav ia a p ren d id o c o rre ta m en te a fazer intro sp ecção (a fazer observa­ ções corretas de seus estados m en tais). Para W atson, a Psicologia deveria seguir o exemplo de ciências bem estabelecidas, com o a Física e a Q u ím ic a , as quais atribu íam as falhas em suas pesquisas aos instrum ento s e m étodos utilizados em seus estudos, o que levaria a Psicologia a um patam ar equivalente de conhecim ento do seu objeto de estudo.

W atson (1913) propôs, então, como principais obje­ tivos da Psicologia a previsão e o controle do com porta­ m ento. O com portam ento observável (por mais de um observador) seria o objeto de investigação a p a rtir do m étodo experimental, no qual se m anipulam sistematica­ m ente características do ambiente e verifica-se o efeito de tais m anipulações sobre o com portam ento dos sujeitos. Para W atson, em bora o com portam ento hum ano fosse o principal interesse da Psicologia, o co m p o rtam en to anim al tam bém deveria ser estudado com o parte im p or­ tan te da agenda de pesquisas dessa ciência. A obra de W atso n estendeu-se além do texto de 1913 e incluía, segundo M atos (1997/2006), as seguintes características/ proposições principais:

“(...) estudar o com p o rtam en to por si mesmo; opor-se ao M entalism o e ignorar fenôm enos, com o consciência, sentim entos e estados m en ­ tais; aderir ao evolucionismo biológico e estudar tanto o com portam ento hum ano quanto o ani­ mal, considerando este último mais fundamental; adotar o determinism o materialístico; usar proce­ dimentos objetivos na coleta de dados, rejeitando a introspecção; realizar experimentação controla­ da; realizar testes de hipótese, de preferência com grupo de controle; observar consensualmente; evi­ tar a tentação de recorrer ao sistema nervoso para explicar o com portam ento, mas estudar atenta­ m ente a ação dos órgãos periféricos, dos órgãos sensoriais, dos músculos e das glândulas” (Matos,

1997/2006, p. 64).

O Manifesto behaviorista, como ficou conhecido o artigo

de W atson (1913), é um a espécie de marco histórico do surgimento do Behaviorismo. Em bora muitas das concep­ ções apresentadas por W atson em sua obra ainda se façam presentes, o que se conhece por Behaviorismo Radical (Skinner, 1974/2003), a proposta original sofreu refor­ mulações, e a correta compreensão do que é o Behavio­ rismo hoje deve ser buscada principalm ente não na obra de W atson (a despeito de sua relevância), mas na obra de Burrhus Frederic Skinner.

O B EH A V IO R ISM O RADICAL

_________ DE B. F. SK IN N E R _________

“ O Behaviorismo não é a ciência do comportamento

humano, mas, sim, a filosofia dessa ciência. Algu­

mas das questões que ele propõe são: É possível tal ciência? Pode ela explicar cada aspecto do co m p o rtam en to hum ano? Q u e m éto d os pode empregar? São suas leis tão válidas quanto as da Física e da Biologia?” Proporcionará ela um a tec­ nologia e, em caso positivo, que papel desem ­ penhará nos assuntos hum anos? São particular­ m ente im portantes suas relações com as formas anteriores de tratam ento do mesm o assunto. O com portam ento hum ano é o traço mais familiar do m u n d o em que as pessoas vivem, e deve-se ter d ito m ais sobre ele do qu e sobre q ualquer ou tra coisa. E, de tu d o o que foi dito, o que vale a pena ser conservado?” (Skinner, 1974 /20 0 3, p. 7, grifo nosso).

E dessa form a que Skinner (1974/2003) começa seu livro cham ado Sobre 0 Behaviorismo. D estaca-se nessa

citação um a distinção geralmente negligenciada: a dife­ rença entre Behaviorismo e Análise do C om portam ento. Ciência e Filosofia - ou conhecimento científico e conhe­ cimento filosófico - andam, geralmente, de braços dados, mas há diferenças entre um a e outra. C om o destacado por Skinner no trecho citado, quando falamos de Beha­

viorismo, estam os d iscutin do questões filosóficas, isto

é, questões que orientam a form a com o entendem os o m undo ou um a parte específica dele; estamos falando de u m a visão de mundo. A p ró p ria possibilidade de um a ciência do com portam ento é, em si, um a questão filosófica, é u m a questão de com o “enxergam os” o ser hum ano.

(17)

Behaviorismos e as vicissitudes do

sistema skinneriano

U m a consulta rápida sobre o Behaviorismo em muitos dos m anuais in trodutórios de Psicologia ou livros de H istória da Psicologia, atuais e antigos, revelará críticas tenazes ao Behaviorismo, críticas apresentadas, m uitas vezes, sob rótulos como “mecanicista”, “simplista”, “redu- cionista”, “psicologia estím ulo-resposta”, “psicologia da caixa-preta” etc. Em bora se possa argum entar que a atri­ buição de alguns desses adjetivos a um a determ ina abor­ dagem científica não seja necessariamente ruim (há um a má compreensão, ou uso inadequado, desses termos por alguns autores), atribuí-los ao sistem a skinneriano é, pelo menos em parte, “chutar um cachorro m orto”, isto é, tais críticas são feitas, geralm ente, tendo com o refe­ rência concepções behavioristas ultrapassadas (Chiesa, 1994/2006).

Essas concepções têm hoje, sobretudo, um interesse apenas histórico, e devem ser atribuídas tan to a pensa­ dores e pesquisadores diferentes de Skinner q uanto ao próprio Skinner nos primeiros m om entos de sua carreira (Chiesa, 1994/2006; Micheletto, 1997/2006). M icheletto 1997/2006) sugere que a proposta de Skinner pode ser dividida em dois m om entos distintos: de 1930 a 1938 e de 1980 a 1990. Segundo M icheletto, o “prim eiro” Skinner (1930-1938) é marcado por um a forte influência das ciências físicas, sobretudo a mecânica newtoniana, e da filosofia do reflexo:

“(...) Skinner, neste momento, ainda tem um a su­ posição associada ao mecanicismo, decorrente de ter mantido características originais da noção de reflexo: apesar de operar com a noção de relação funcional e não com um a causalidade mecânica, busca um evento no ambiente relacionado com o que o orga­ nismo faz, mas considera que este evento deve ser um estímulo antecedente que provoca a ocorrência da resposta” (Micheletto, 1997/2006, p. 46). Já o “segundo” Skinner (1980-1990), como apontado por M icheletto (1997/2006), mostra-se mais com prom e­ tido com o modelo causai que embasa as ciências bioló­ gicas, influenciado principalmente pela teoria da evolução das espécies po r seleção natural, de Charles D arw in 1859), e menos influenciado pelo m odelo newtoniano. N o entanto, já em 1938, Skinner apresentava um a ruptura com o m odelo causai mecanicista. U m exemplo claro é a definição de reflexo, entendido à época como um a ligação

direta entre estím ulo e resposta, e reinterpretado por Skinner (1938) como um a correlação entre dois eventos observáveis: “E m geral, a noção de reflexo deve se livrar de qualquer noção de em purrão’ do estímulo. O s termos se referem aqui a eventos correlacionados, e a nada mais” (Skinner, 1938, p. 21). Diz-se, então, que Skinner subs­ titui a noção de causalidade mecânica pela noção de rela­ ções funcionais (Chiesa, 1994/2006; Skinner, 1953/1998). Com o aponta o próprio Skinner (1953/1998), a ciência tem substituído o term o “causa” pelo term o “relação funcional”, pois o prim eiro remete a forças e mecanismos que “ligam” dois eventos, já o segundo apenas estabelece regularidade entre dois (ou mais) eventos.

Essa m udança no pensam ento skinneriano é com u- m ente atribuída (ou correlacionada) à influência do físico e epistem ólogo Ernest M ach (cf. Chiesa, 1994/2006; Micheletto, 1997/2006; Todorov, 1989). Ernest Mach (cf. Chiesa, 1994/2006) causou certa discussão entre filósofos e físicos ao afirmar que o conceito de força era absoluta­ m ente redundante para o adequado entendim ento e apli­ cação da m ecânica clássica. A noção proposta por Mach, de que não é necessário inferir ou postular um a “força de atração” para explicar por que objetos caem, é a mesma noção proposta por Skinner (1938), de que não é neces­ sário inferir um a força ou mecanismo que estabeleça o elo entre um estímulo e um a resposta.

Um ponto marcante no desenvolvimento do sistema de pensamento skinneriano, e considerado o “nascimento” do

Behaviorismo Radical (Tourinho, 1987), é a publicação,

em 1945, do artigo intitulado Análise operacional de termos

psicológicos1 (Skinner, 1945/1972). Skinner fora convidado

para participar de um simpósio sobre o Operacionismo, uma doutrina filosófica proposta por Bridgman (1927) e cuja tese principal era a de que os conceitos devem ser definidos em termos das operações que o produzem . O significado, po r exemplo, de com prim ento deveria ser buscado nas operações pelas quais o com prim ento é m edido (Skinner,

1945/1972; Tourinho, 1987).

Em bora Skinner (1945/1972) reconheça a influência da proposta de B ridgm an em seus trabalhos iniciais, neste m om ento de sua obra ele questiona a utilidade do Operacionism o para o desenvolvimento de um a ciência do co m portam ento, sobretudo o que está relacionado com a definição e entendim en to de conceitos psicoló­ gicos. Skinner (1945/1972) argum enta inicialmente que

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4 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

conceitos devem ser analisados como aquilo que realmente são: comportam entos verbais. Para Skinner, então, analisar conceitos significa analisar o com portam ento verbal5 do cientista (ou de quem os usa) e, para tanto, deve-se buscar as condições antecedentes e as condições consequentes do uso de determ inado conceito {análise funcional).

As implicações dessa proposta de Skinner (1945/1972), e os caminhos percorridos para chegar a ela, serão apresen­ tadas com mais detalhe em capítulos subsequentes deste livro. Por enquanto, para os propósitos deste capítulo, basta-nos saber que tal proposta estabelece um a distinção drástica entre o behaviorismo de Skinner, denominado por ele Behaviorismo Radical, e o Behaviorismo praticado (ou defendido) por alguns de seus contem porâneos, referido por Skinner como Behaviorismo Metodológico. N o Beha­ viorismo Radical, há o reconhecim ento de que eventos psicológicos privados (p. ex., pensam ento, consciência etc.) devem fazer parte do objeto de estudo de um a ciência do com portam ento e podem ser estudados com o mesmo rigor científico que eventos públicos.

O utra importante característica do Behaviorismo Radical apresentada no artigo de 1945, e da qual deriva, pelo menos em parte, a possibilidade do estudo científico dos eventos privados, é a proposição de Skinner (1945/1972) de que eventos privados (ou com portam entos privados) são tão físicos quanto os eventos públicos (ou com porta­ m entos públicos), isto é, são de mesma natureza:

“D e acordo com essa doutrina [behaviorismo me­ todológico], o m undo está dividido em eventos públicos e privados; e a psicologia, para atingir os critérios de um a ciência, precisa se confinar ao estudo dos primeiros. Esse nunca foi um bom behaviorismo, mas era um a posição fácil de ex­ por e defender e frequentem ente defendida pelos próprios behavioristas (...). A distinção público- privado enfatiza a árida filosofia da Verdade por concordância’. (...) O critério últim o para a ade­ quação de um conceito não é a concordância entre duas pessoas, mas se o cientista que usa o conceito pode operar com sucesso sobre seu material — so­ zinho se necessário. (...) A distinção entre público e privado não é, de forma alguma, a mesma que a distinção entre físico e m ental. É por isso que o behaviorismo metodológico (que adota a pri­

5Segundo o próprio Skinner (1945/1972), parte da argumentação usada em 1945 era derivada de uma outra obra sua que se encontrava em preparação e seria publicada em 1957: O comportamento verbal(Skinner, 1957/1978).

meira) é bem diferente do behaviorismo radical (...). O resultado é que, enquanto o behaviorismo radical pode, em alguns casos, considerar eventos privados (...), o operacionismo metodológico se colocou em uma posição em que não pode” (Skin­ ner, 1945/1972, p. 382-383).

C uriosam ente, m uitas das críticas que Skinner (1945/1972) fazia aos behavioristas m etodológicos há mais de seis décadas são ainda hoje, feitas ao próprio Skinner. Essas críticas são, obviam ente, equivocadas — quando feitas ao Behaviorismo Radical. Fica claro no texto de 1945/1972, bem como em obras subsequentes de Skinner (p. ex., Skinner, 1974/2003), que o Behavio­ rismo Radical:

• É m onista (entende eventos privados e públicos como sendo de mesma natureza)

• Tem com o critério de verdade a efetividade — no uso do conhecim ento — e não a concordância entre observadores

• Tom a os eventos privados com o legítimos objetos de estudo, resgatando a introspecção e o estudo da consciência, não como m étodo, mas como com por­ tam entos em seu próprio direito.

Com o apontado, um a m udança im portante no pensa­ m ento skinneriano foi a transição de um m odelo expli­ cativo menos influenciado pela física e mais voltado para o m odelo das ciências biológicas, notadam ente a teoria da evolução das espécies por seleção natural, de Charles D arw in (1859). Em 1981, Skinner publicou na revista

Science um dos mais im portantes e influentes periódicos

científicos no m u ndo , um artigo intitulado Seleção por

consequências (Skinner, 1981/2007). E m bora algumas

das ideias apresentadas no artigo já estivessem presentes em trabalhos bem anteriores de Skinner (p. ex., Skinner, 1953/1998), o artigo representa um a espécie de formali­ zação do m odelo explicativo do Behaviorismo Radical: 0

modelo de seleção pelas consequências.

Em seu livro de 1859, D arw in explica a origem das diferentes espécies de seres vivos, bem como diferenciações de um a mesma espécie, a partir de dois processos básicos principais: variação e seleção. Cada indivíduo de um a dada espécie é único, no sentido de ser diferente, em maior ou m enor grau, de outros membros da mesma espécie. Essas diferenças referem-se a características anatômicas, fisioló­ gicas e comportamentais. Falamos aqui, entao, de variação ou variabilidade entre membros de um a mesma espécie. Os

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membros dessa espécie vivem, geralmente, em um mesmo ambiente, e suas características anatômicas, fisiológicas e com portam entais são favoráveis à vida neste ambiente, isto é, a espécie está adaptada ao ambiente. Enquanto esse am biente se m antiver inalterado, as características dessa espécie manter-se-ão inalteradas, mesm o que haja dife­ renças entre cada membro.

D e acordo com D arw in (1859), entretanto, se houver m udanças no am biente da espécie, aqueles indivíduos cujas características mostrarem-se mais adequadas ao novo am biente terão mais chances de sobreviver e passar seus genes adiante (prole).

Eis um exemplo fornecido por Darwin:

“Vejamos o exemplo de um lobo, que caça vários tipos de animais, conseguindo alguns pela estra­ tégia de caça, outros pela força e outros pela rapi­ dez; suponham os que um a presa mais rápida, um veado, por exemplo, por algum motivo, aumentou seu núm ero em um determ inado local, ou que outras presas dim inuíram seu núm ero, durante a época do ano na qual o lobo mais precisa de comida. Sob essas circunstâncias, não vejo razão para duvidar de que os lobos mais rápidos e mais magros teriam as melhores chances de sobreviver, e, portanto, de serem preservados ou selecionados (...)” (Darwin, 1859, p. 90).

Nesse exemplo, podemos identificar os dois princípios básicos apontados por D arw in (1859): lobos, membros de um a mesma espécie, diferem, por exemplo, em força e •agilidade ou rapidez (variação); e quando o ambiente m uda ! m aior disponibilidade de presas velozes) aqueles lobos mais velozes têm mais chances de sobreviver e transm itir seus genes para sua prole e, consequentem ente, depois de algum tem po haverá m aior quantidade de lobos mais velozes, isto é, o ambiente selecionou esta característica.

Dizer que o ambiente selecionou um a característica é o mesmo que dizer que ela se tornou mais frequente. No exemplo de D arw in (1859), em um prim eiro m om ento, a maioria dos lobos era capaz de correr a certa velocidade m édia X. Alguns poucos lobos eram capazes de correr a um a velocidade média um pouco m enor que X e outros a um a velocidade média um pouco m aior (variabilidade). Q uando as presas disponíveis no ambiente dos lobos eram aquelas mais velozes, aqueles poucos lobos que eram mais rápidos (e isso era um a característica genética deles) foram mais capazes de se alimentar e transm itir seus genes para seus descendentes que, provavelmente, também eram mais

velozes que a média. Depois de algum tempo, aquela velo­ cidade média (mais veloz) passou a ser bem mais frequente naquele grupo de lobos, isto é, havia mais lobos capazes de desenvolverem velocidades maiores.

Em seu artigo de 1981, Skinner (1981/2007) afirma que o processo de seleção natural (Darwin, 1859) é apenas um prim eiro nível — ou tipo — de seleção pelas consequências, e que nos explicaria a origem das diferentes espécies, assim como nos explicaria parte do com portam ento dos orga­ nismos, como apontado pelo próprio Darwin. Ao obser­ varmos os com portam entos de indivíduos de diferentes espécies, percebemos que há uma série de comportamentos que estes organismos emitem sem que seja necessária um a experiência anterior, sem que haja aprendizagem (Moreira, Medeiros, 2007). Entretanto, como apontado por Skinner, há, de m aneira geral, duas características dos animais que foram selecionadas pelo ambiente que são fundam entais para a Psicologia, pois estão diretamente relacionadas com a nossa capacidade de aprender:

“O com portam ento funcionava apropriadam en­ te apenas sob condições relativamente similares àquelas sob as quais fora selecionado. A reprodu­ ção sob um a ampla gama de condições tornou- se possível com a evolução de dois processos por meio dos quais organismos individuais adquiriam com portam entos apropriados a novos ambientes. Por meio do condicionam ento respondente (pa- vloviano), respostas preparadas previamente pela seleção natural poderiam ficar sob o controle de novos estímulos. Por meio do condicionam ento operante, novas respostas poderiam ser fortaleci­ das (“reforçadas”) por eventos que im ediatamente as seguissem” (Skinner, 1981/2007, p 129-130). Como apontado por Skinner (1981/2007) nesse trecho, quando determ inado com portam ento é selecionado em um a determ inada espécie, tal com portam ento som ente será adaptativo enq uan to as condições am bientais que o selecionaram perm anecerem as mesmas. N o entanto, o próprio processo de seleção natural teria sido respon­ sável pela seleção de duas características im portantes que passaram a perm itir que os m em bros de u m a espécie pudessem , d u rante o período de sua vida, adaptar-se a am bientes diferentes — ou lidar mais facilm ente com mudanças em seu próprio ambiente. Essas características podem ser definidas como capacidades para aprender a interagir de novas maneiras com o ambiente. Essas apren­ dizagens ocorrem de duas maneiras: por meio do condi­

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6 Temas Clássicos da Psicologia sob a Ótica da Análise do Comportamento

cionam ento respondente e do condicionam ento operante (esses dois processos de aprendizagem serão aprofundados em capítulos subsequentes).

Segundo Skinner (1981/2007), o condicionam ento operante é um segundo tipo de seleção pelas consequências. Em algum m om ento da evolução das espécies, o com por­ tam ento dos organismos passou a ser suscetível aos aconte­ cimentos que ocorrem após o comportam ento ser emitido, isto é, certas consequências do comportamento (eventos que os sucedem) que podem fortalecer esse com portam ento e tornar sua ocorrência mais provável. A analogia entre seleção natural e seleção operante é direta. N o entanto, a seleção natural produz as diferenças entre espécies, as mudanças ocorridas (selecionadas) ao longo de milhares de anos; já a seleção operante estabelece as diferenças compor- tam entais individuais e as m udanças com portam entais ocorridas durante a vida de um indivíduo.

Apenas com o um exercício para entenderm os, de maneira geral, o modelo de seleção pelas consequências no nível individual (seleção operante), tente imaginar um ser hum ano em diferentes m om entos de sua vida, desde o seu nascim ento até sua morte; e tente imaginar tam bém esse ser hum ano em diferentes situações do seu cotidiano - e, ao imaginar essas situações, tente imaginar não só o que esse ser hum ano está fazendo, mas tam bém o que acontece depois que ele faz alguma coisa. Imagine, por exemplo, um pequeno bebê em seu berço, sorrindo para sua mãe e balbuciando. O bebê emite diferentes sons aleatoriamente (variabilidade) e, em algum momento, emite um som pare­ cido com “mãn”. Q uando isso acontece, a mãe do bebê “faz um a festa” com seu filho que acaba de dar o primeiro passo em direção à palavra “mamãe”, aconchegando e falando com o bebê. As reações da mãe poderão ter um efeito forta­ lecedor sobre o com portam ento do bebê, ou seja, poderão tornar mais provável que ele repita aquele som (dizemos que a reação da mãe funcionou como um a consequência

reforçadora para o com portam ento do bebê).

O bebê, então, passa a falar “m a” mais vezes. N este sentido, dizemos que esse com portam ento foi selecionado por suas consequências no am biente, neste caso, a reação orgulhosa da mamãe. Algumas vezes o “m ã” é seguido por sons parecidos com “pá”, outras por “d á” etc. (variabili­ dade). Em algum m om ento, o “m ã” é seguido por outro “m ã”, e lá estará a mãe para fazer o u tra “festa” com seu filho, que está quase falando “m am ãe”. Dizemos então que o com portam ento de dizer, por enquanto, “m ãm ã” foi selecionado por suas consequências.

Im agine agora um a criança por volta dos seus 3 ou 4 anos que pede educadamente um doce a seu pai, e este diz não. Ao ouvir o “não”, a criança pede o doce de modo mais vigoroso, e ouve outro não, passando a pedir cada vez mais de m aneira mais enérgica até iniciar um a birra (variabilidade). N o ápice da birra, seu pai a atende, dá- lhe o doce. Imagine que situações parecidas continuem ocorrendo até que a criança passe a “dar birras” frequen­ tem ente. Dizemos então que este com portam ento, “dar birras”, foi selecionado por suas consequências.

Im agine as diversas interações entre pais e filhos (o que os pais fazem ou dizem quando os filhos fazem ou dizem algum a coisa; e o que os filhos fazem o u dizem quando os pais fazem ou dizem alguma coisa); imagine as diversas interações entre professores e alunos; imagine as diversas interações entre alunos; imagine as diversas interações entre adolescentes pertencentes a um mesmo grupo; imagine as diversas interações entre amigos; entre chefes e funcionários; entre funcionários e funcionários; tios e sobrinhos; avós e netos; enfim, as diversas intera­ ções que ocorrem cotidianamente na vida de todos nós. Se examinarmos com algum cuidado essas interações, perce­ beremos que a reação dos outros ao que pensamos, falamos ou fazemos influencia bastante a nossa maneira de pensar, o que falamos e o que fazemos, ou seja, essas reações são consequências dos nossos com portam entos e os sele­ cionam, no sentido de tornar alguns de nossos com porta­ mentos mais frequentes e outros menos frequentes. Obvia­ m ente, nosso com portam ento tam bém funciona como consequência para o com portam ento das pessoas com as quais interagimos, e tam bém seleciona certos com porta­ m entos dessas pessoas. O uso do term o “interação” não é por acaso e implica analisar as experiências individuais como um processo de retroalimentação. Cada interação do indivíduo com seu am biente altera o m odo como as interações seguintes ocorrerão, caracterizando um processo extremamente dinâm ico e complexo.

A Psicologia, de maneira geral, ocupa-se dos fenômenos relacionados com este segundo nível de seleção pelas conse­ quências. E nten den d o com o os processos de variabili­ dade e seleção operam neste segundo nível, nos tornam os capazes de explicar, entre outras coisas, como a persona­ lidade de um indivíduo é formada, como surge boa parte das psicopatologias, com o aprendem os a falar, escrever, pensar, descrever nossos sentimentos; como surgem nosso tem peram ento e a subjetividade, com o passam os a ter consciência de nós mesmos e do m undo, e um a infini­ dade de outros com portam entos e processos psicológicos.

Referências

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