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Descrição anatômica dos músculos do membro torácico da preguiça-comum (Bradypus variegatus)

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Academic year: 2021

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RESEARCH ARTICLE

Pub. 1601 ISSN 1679-9216

1

http://dx.doi.org/10.22456/1679-9216.85986

Received: 28 April 2018 Accepted: 12 September 2018 Published: 25 October 2018

1Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Patos, PB, Brazil. 2Departamento de Morfologia

(DMOR), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brazil. CORRESPONDENCE: D.J.A. Menezes [mdaynares@gmail.com - Tel.: +55 (84) 3211-9207]. Departamento de Morfologia - UFRN. Campus Universitário Lago Nova. C.P. 1524. CEP. 59078-970 Natal, RN, Brazil.

Descrição anatômica dos músculos do membro torácico

da preguiça-comum (Bradypus variegatus)

Anatomical Description of the Forelimb Muscles of the Brown-Throated Sloth (Bradypus variegatus) João Augusto Rodrigues Alves Diniz1, Brunna Muniz Rodrigues Falcão1, Ediane Freitas Rocha1, Joyce Galvão

de Souza1, Artur da Nobrega Carreiro1, Gildenor Xavier Medeiros1 & Danilo José Ayres de Menezes2

ABSTRACT

Background: Brown-throated sloths are mammals of the order Xenarthra, suborder Pilosa, family Bradypodidae. These folivorous and arboreal animals, which possess a peculiar type of arboreal quadrupedalism, move through the forest canopy by means of suspensory locomotion. On the ground, their extremely slow movements make them easy targets for road accidents, often leading to serious injury or even death. This paper describes the forelimb muscles of the brown-throated sloth (Bradypus variegatus), updating the literature on the subject to help veterinarians in clinical and surgical interven-tions on this species, and to provide data for comparative animal anatomy.

Materials, Methods & Results: Five brown-throated sloths (Bradypus variegatus Schinz, 1825), two adults and three babies were dissected. The animals were donated by the Arruda Câmara Zoo and Botanical Park in João Pessoa, state of Paraíba, Brazil, where they were thawed and fixed in 10% formalin. The sloths’ forelimbs were dissected by lifting and folding over a skin flap to expose, identify and describe the underlying musculature. The dissection revealed the following muscles: supraspinatus, infraspinatus, deltoideus, teres major, subscapularis, coracobrachialis, brachialis, biceps brachii, triceps brachii, anconeus epitrochlearis, dorsoepitrochlearis, brachioradialis, supinator, pronator teres, pronator quadratus, extensor carpi radialis, extensor carpi ulnaris, extensor carpi obliquus, flexor carpi radialis, flexor carpi ulnaris, extensor digitorum communis, extensor digitorum lateralis, palmaris longus, flexor digitorum superficialis, flexor digitorum profun-dus, extensor indicis longus second finger, extensor indicis brevis second finger, extensor digitorum third finger, abductor digitorum second finger, abductor digitorum third finger, palmaris brevis, and interosseous muscles. Characteristics found in this species revealed differences in the muscular development of the upper forelimb, whose muscles are less developed than those of the lower forelimb, which are visibly more developed with greater muscle density. An interesting feature of this musculature is the presence of three flexor tendons, short and thick, originating from the flexor muscles, which give the hand of the brown-throated sloth a hook-like aspect.

Discussion: Our observations indicate that some of the muscles are very similar to those of other animals of this order and also of domestic mammals. However, the most relevant characteristics resemble those of arboreal animals and hu-mans, since the forearm and hand pronation and supination muscles are essential for their arboreal habits. Therefore, all the pronator and supinator muscles of the brown-throated sloth are well developed. Due to the functional adaptations of the species of the family Bradypodidae, the shoulder muscles, especially the deltoideus, are more developed, providing greater support to the shoulder joint, and their origin and insertion assist in faster and easier movements, albeit exerting less force. The group of flexor muscles in this species gives the forearm stronger and more concentrated action than the extensor muscles. This study enabled us not only to produce a more precise description of the muscles of the forelimb of this species but also to update the literature, since there are few relevant studies on the subject and the terms in the literature are outdated and no longer in use.

Keywords: sloth, Bradypodidae, morphology, locomotive system.

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INTRODUÇÃO

Os bichos-preguiças são animais que vivem nas regiões das Américas Central e do Sul, tem hábitos peculiares, no que diz respeito a sua alimentação e vida. São animais que vivem nas florestas, onde alimentam--se de folhas e tem hábitos de ficarem nas copas das árvores [4,13]. Como são animais que normalmente são encontrados pendurados em árvores, apresentam uma anatomia peculiar, no qual o bicho-preguiça possui um tipo de quadrupedismo arbóreo peculiar, em que sua progressão é reversa ou suspensória, diferente de alguns quadrúpedes arborícolas, ao qual pode ser comparada [16]. Desta forma a variação da espécie vem impulsionando pesquisas com a morfologia des-ses animais, proporcionando subsídios para melhor caracterização de cada espécie.

Estudos com o aparelho locomotor é impor-tante para o entendimento dos hábitos de vida de uma espécie, como habitat preferido, forma de locomoção, situação na cadeia alimentar, dentre vários outros as-pectos biológicos.

Diante disto, o objetivo deste estudo foi des-crever os músculos do membro torácico da preguiça--comum (Bradypus variegatus).

MATERIAIS E MÉTODOS Local do experimento e Animais

O trabalho foi realizado no Laboratório de Anatomia Veterinária da Unidade Acadêmica de Me-dicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Foram dissecadas cinco preguiças--comum (Bradypus variegatus Schinz, 1825), duas adultas e três filhotes, cedidos pelo Parque Zoobotânico Arruda Câmara, João Pessoa, Paraíba ao Laboratório de Anatomia Veterinária da UFCG.

Os protocolos metodológico deste projeto foram aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio do Sistema de Autorização e Informação da Biodiversidade – SISBIO, do Instituto Chico Mendes - ICMBio (protocolo Nº 53230-1) e pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UFCG (protocolo Nº 029/2016).

Técnica anatômica e análise descritiva

Os cadáveres foram descongelados, fixados em formol a 10% e dissecados. Para a dissecação, utilizou material cirúrgico apropriado, iniciando-se com o rebatimento da pele, retirando a fáscia que recobre os músculos e, com o auxílio de tesoura romba-romba foi

divusionado os músculos, cuidadosamente, mantendo a integridade dos mesmos, assim expondo-os para loca-lizar sua origem e inserção, o que nos permitiu inferir a ação.Utilizou-se a Nomina Anatômica Veterinária [8] para a adequação da terminologia anatômica, sempre que possível.

RESULTADOS

Identificou-se como músculos do membro torácico da preguiça-comum (Bradypus variegatus) o M. supra-espinhal; M. infra-espinhal; M. deltoide; M. redondo maior; M. subescapular; M. coracobraquial; M. braquial; M. bíceps braquial; M. tríceps braquial; M. ancôneo; M. dorso-epitroclear; M. braquioradial; M. supinador; M. pronador redondo; M. pronador quadrado; M. extensor radial do carpo; M. extensor ulnar do carpo; M. extensor oblíquo do carpo; M. flexor radial do carpo; M. flexor ulnar do carpo; M. extensor digital comum; M. extensor digital lateral; M. palmar longo; M. flexor digital superficial; M. flexor digital profundo; M. extensor longo do II dedo; M. extensor curto do II dedo; M. extensor do IV dedo; M. abdutor do II dedo; M. abdutor do IV dedo; M. Palmar curto; Mm. Interósseos (Figuras de 1 a 6).

Cada músculo foi especificado quanto a sua origem e inserção e inferindo sua ação, conforme lo-calização e percurso do músculo (Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5). Particularidades encontradas nessa espécie mostram diferenças entre o desenvolvimento da musculatura do braço, sendo menos desenvolvida, com os ventres musculares mais delgados em relação à musculatura do antebraço, que é visivelmente mais desenvolvida, com ventres musculares mais espessos. Um destaque nessa musculatura foi à constatação de um músculo encon-trado junto à borda caudal do músculo tríceps braquial, denominado de M. dorso-epitroclear (Figura 1).

Uma particularidade marcante dessa espécie são seus tendões de origem flexora, compreendidos por três tendões, curtos e espessos, provenientes dos músculos flexores, que dão um aspecto de gancho a mão do bicho-preguiça (Figura 6).

DISCUSSÃO

A musculatura intrínseca do membro torácico do bicho-preguiça (Bradypus variegatus) possui se-melhanças com os descritos nas preguiças Choloepus didactylus [18], Bradypus tridactylus [11] e com gênero Bradypus [12] tendo em vista que todas essas

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Músculo Origem Inserção Ação

Supra-espinhal Margem medial da escápula Tubérculo maior do úmero Abdução

Infra-espinhal Margem lateral da escápula Tubérculo maior do úmero Rotação lateral Deltoide Espinha da escápula, acrômio, clavícula Terço proximal e terço distal do úmero Abdução Redondo maior Margem lateral da escápula Terço proximal do úmero Rotação medial Redondo menor Terço distal da fossa infra-espinhal da escápula Margem distal do tubérculo maior do úmero Rotação lateral

Subescapular Fossa subescapular Tubérculo menor do úmero Rotação medial e adução

Coracobraquial Processo coracoide da escápula Terço médio do úmero Flexão

Tabela 1. Descrição dos músculos que agem na articulação do ombro do bicho-preguiça (Bradypus variegatus), quanto à origem,

inserção e ação.

Músculo Origem Inserção Ação

Braquial Terço médio do úmero Tuberosidade da ulna Flexão

Bíceps braquial Processo coracoíde da escápula Terço médio do úmero

Terço proximal da ulna

Terço proximal do rádio Flexão Tríceps braquial

- Cabeça longa - Cabeça lateral - Cabeça medial

Tubérculo suplaglenoideo da escápula Terço proximal do úmero

Terço médio do úmero

Olécrano Extensão

Ancôneo Parte caudal do olécrano Terço proximal da ulna. Extensão

Dorso-epitroclear Fáscia muscular do M. grande dorsal Epicôndilo medial do úmero Adução do ombro Tabela 2. Descrição dos músculos que agem na articulação do cotovelo do bicho-preguiça (Bradypus variegatus), quanto à origem,

inserção e ação.

Músculo Origem Inserção Ação

Braquioradial Margem lateral do terço distal do úmero Terço final do rádio Supinação

Supinador Epicôndilo lateral do úmero Terço proximal do rádio Supinação

Pronador redondo Epicôndilo medial do úmero Terço distal do rádio Pronação

Pronador quadrado Terço distal do rádio Terço distal da ulna Pronação

Tabela 3. Descrição dos músculos que agem na articulação rádio-ulnar do bicho-preguiça (Bradypus variegatus), quanto à origem,

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espécies apresentam hábitos arborícolas. Espécies de primatas não humanos arborícolas, espécies de sua própria ordem (Xenarthra) e humanos, também pos-suem similaridade quanto a anatomia desses múculos com a B. variegatus.

Os músculos atuantes na região do ombro, tais como os Mm. supra-espinhal, infra-espinhal, deltoide, redondo maior, subescapular e coracobraquial mostra-ram-se semelhante ao observada na espécie C. didac-tylus [18], do gênero bradypus [12], e em primatas não humanos, como o Sapajus apela [10]. Embora caracte-rísticas apresentadas com essas espécies, algumas par-ticularidades diferem da preguiça estudada, destacando

uma segunda inserção do músculo coracobraquial em C. didactylus [18]. O músculo redondo menor na B. variegatus apresentou-se rudimentar, com origem em parte da fossa espinhal da escápula e suas fibras mus-culares inserindo nas fibras do músculo infra-espinhal, porém, este músculo não aparece nas descrições da C. didactylus [18] e do gênero Bradypus [12], já no tatu ele é apenas diferenciado pela sua inervação [15]. A forma alongada do músculo deltoide chama atenção na espécie estudada que, segundo Shrivastava [22] isso se deve às adaptações funcionais das espécies da família Bradypodidae, pois o desenvolvimento desse músculo dá um suporte maior à articulação do ombro, assim

Músculo Origem Inserção Ação

Extensor radial do carpo Epicôndilo lateral do úmero Fileira distal dos carpos na face dorsal da mão Extensão e abdução Extensor ulnar do carpo Epicôndilo lateral do úmero Face palmar da mão, no metacarpo IV Extensão e adução Extensor oblíquo do carpo Terço médio da face lateral da ulna Metacarpo I Adução e extensão do carpo

Flexor radial do carpo Epicôndilo medial do úmero Metacarpo II Flexão e abdução Flexor ulnar do carpo

Epicôndilo medial Terço proximal e médio da

ulna

Metacarpo III Flexão e adução

Tabela 4. Descrição dos músculos que agem na articulação do carpo do bicho-preguiça (Bradypus variegatus), quanto à origem,

inserção e ação.

Músculo Origem Inserção Ação

Extensor digital comum Epicôndilo lateral do úmero Falanges proximais Extensão

Extensor digital lateral Epicôndilo lateral do úmero Metacarpo IV Extensão

Palmar longo Epicôndilo medial úmero Metacarpo I Flexão

Flexor digital superficial Epicôndilo medial úmero Falanges III e IV Flexão

Flexor digital profundo Epicôndilo medial úmero Falange II Flexão

Extensor longo do II dedo Terço distal da ulna Metacarpo II Extensão

Extensor curto do II dedo Face dorsal dos carpos Falange proximal do II dedo Extensão

Extensor do IV dedo Face dorsal do carpo Falange proximal do IV

dedo Extensão

Abdutor do II dedo Metacarpo I Falange próxima do II dedo Abdução

Abdutor do IV dedo Metacarpo IV Falange proximal do IV

dedo Abdução

Palmar curto Face palmar da articulação

carpo-metacarpo Face lateral retináculo palmar Fexão Tabela 5. Descrição dos músculos que agem nas articulações dos dedos do bicho-preguiça (Bradypus variegatus), quanto à origem,

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como sua origem e inserção auxiliam em movimentos mais fácies e rápidos, mas com menor força exercida.

Os músculos que atuam na região da articula-ção do cotovelo formam um grupo muscular que sofre variações em quase todos os músculos em relação a outras espécies de preguiças. O M. braquial apresen-tou semelhança com humanos [17] porém, no gênero Bradypus[12], no tamanduá-bandeira [23] e nos ani-mais domésticos [9], esse músculo difere por possuir inserção dupla. Já o M. bíceps braquial em descrição feita no gênero Bradypus [12], na B. tridactylus [11] e no tamanduá-bandeira [21,23] corroboram com os nossos achados de descrição. Entretanto em preguiças da espécie C. didactylus esse músculo possui apenas um único tendão de origem no processo coracoíde [18]. A forma alongada do m. tríceps braquial difere da forma triangular típica dos mamíferos quadrupedes.

Possui três origens, mas com inserção única no olécra-no, como descrito nos animais domésticos [9], na B. tridactylus, [11] e nos humanos [17]. Observamos que, na B. variegatus, entre a cabeça longa e a cabeça medial do músculo tríceps, passa um ramo do nervo radial, descrito como nervo músculo-espiral por Macalister [11] em B. tridactylus.

No terço médio da borda caudal da cabeça lon-ga do M. tríceps braquial existe uma faixa de músculo originado do M. grande dorsal, com inserção umeral, que pode ser confundida com uma cabeça medial do tríceps braquial. Esse músculo foi descrito e denominado como M. dorso-epitrochlearis em: B. tridactylus [11], C. didactylus [18], gênero Bradypus [12] e tatu [15], como Figura 1. Membro torácico direito do bicho-preguiça (B. variegatus), vista

caudal dos Mm. da articulação do ombro e cotovelo. M. supraespinhal (1); M. infraespinhal (2); M. redondo maior (3); M. deltoide - rebatido (4); M. tríceps braquial (5); M. dorso-epitroclear (6); M. trapézio - rebatido (*). M. grande dorsal (Seta). [Barra= 2 cm].

Figura 2. Membro torácico esquerdo do bicho-preguiça (B. variegatus).

Vista lateral dos Mm. da articulação do ombro, braço e antebraço. M. braquiorradial (1); M. extensor radial do carpo (2); M. extensor digital comum (3); M. extensor digital lateral (4); M. extensor ulnar do carpo (5); M. bíceps braquial (6); M. deltoide (7); M. tríceps braquial (Seta); (*) M. peitoral maior. [Barra= 2 cm].

Figura 3. Membro torácico direito do bicho-preguiça (B. variegatus) (A;

B). Mm. da articulação do antebraço, vista lateral: camada profunda (A) e camada superficial (B). M. supinador (1); M. extensor oblíquo do carpo (2); M. braquiorradial (3); M. extensor radial do carpo (4); M. extensor ulnar do carpo (5); M. extensor digital lateral (6); M. extensor digital comum (7). [Barra= 2 cm].

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M. olécrano-epicondilar em tamanduá-bandeira [21], como M. dorso-olécrano em Cebus apella [1], e como M. tensor da fáscia antebraquial em tamanduá-bandeira [23] e em animais domésticos [8,9]. Adotamos o nome

M. dorso-epitroclear conforme descrito para o gênero Bradypus [12], porque define bem a origem e inserção do músculo. Para Miller [16] esse músculo não exerce uma função de extensão, sendo desnecessário como um mús-culo de escalada que, ao contrário para o Cebus apella [1] tem uma grande função nesse sentido, entretanto, para o bicho-preguiça se torna sinergista importante na ação de adução dos músculos situados dorsalmente, tal como o M. grande dorsal.

O M. ancôneo surge como um músculo cur-to e delgado na B. variegatus, diferentemente da B. tridactylus [11] que é um músculo distinto e grande, mas com origem e inserção semelhantes. Mackintosh [12] no gênero Bradypus divide esse músculo em dois, ancôneo externo e interno.

O M. braquiorradial é um músculo bem desen-volvido, ocupa quase todo o terço distal do úmero e sua ação de supinação é compensada pelo o músculo pronador

redondo [16]. Sua descrição tem similaridade com huma-nos [5] e Cebus libidihuma-nosus [19], porém em B. tridactylus [11], e no gênero Bradypus [12] não foi identificado.

O M. supinador apresentou-se em uma forma curta e mais profunda na região do antebraço, diver-gindo de Mackintosh [12] que classifica o em dois músculos distintos (m. supinador longo e curto) no gênero Bradypus. Na espécie B. tridactylus sua origem e inserção assemelha-se com os nossos achados. Dentre os animais domésticos, apenas os carnívoros e suínos possuem esses músculos [9].

O M. pronador quadrado, é similar a B. tridac-tylus [11], a humanos [17], ao gênero Bradypus [12] e Cebus apella [2]. Já o m. pronador redondo com origem e inserção única, diverge com a espécie B. tridactylus

[11], e o gênero Bradypus [12] com inserção dupla, e apenas os carnívoros entre as espécies domésticas pos-sui esse músculo [9]. Esse músculo no bicho-preguiça, devido ser bem longo, contribui consideravelmente em uma ação flexora, atuando como sinergista para o M. braquiorradial [16].

Figura 4. Membro torácico esquerdo do bicho-preguiça (B. variegatus).

Mm. superficiais do antebraço, vista medial. M. pronador redondo (1); M. palmar longo (2); M. flexor radial do carpo (3); M. flexor ulnar do carpo (4). [Barra= 2 cm].

Figura 5. Membro torácico direito do bicho-preguiça (B. variegatus). Mm.

Superficiais e profundos do antebraço. M. flexor ulnar do carpo (4); Mm. flexor digital superficial e profundo (5); M. pronador quadrado (6); Tendão do M. flexor digital superficial (Seta); Mm. flexores rebatidos (*). [Barra= 2 cm].

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O grupo de músculos extensores desempenha uma maior função na região cárpica [16]. A descrição dos músculos, extensor ulnar do carpo, extensor digital comum e extensor radial do carpo, assemelham-se a B. tridactylus [11] e ao gênero Bradypus [12]. Embora o músculo extensor radial do carpo possua semelhança com a descrição nessas espécies, verificou que ele está inserido na fileira distal dos carpos e não nos metacarpos.

Constatamos em nossa dissecção que o bicho--preguiça possui os cinco ossos metacarpianos, porém o metacarpo I e V foram considerados rudimentares, essa descrição corrobora com a de Rodríguez et al. [20]. A ausência desses dígitos laterais na espécie aconteceu pela pouca utilização da mão na preensão de alimentos e pelo fato de se tornarem arborícolas [17]. Com isso os músculos que eram inseridos nos metacarpos, agora possuem anexos nos ossos do carpo, auxiliando em uma ação maior na articulação cárpica [16].

No M. extensor oblíquo do carpo pode-se observar um ventre muscular bem desenvolvido em relação a alguns animais domésticos. Este músculo foi descrito como M. adutor do polegar para o gênero Bra-dypus [12], embora o mesmo não tenha sido obervado na espécie B. tridactylus [11]. Em animais domésticos esse músculo corresponde ao M. abdutor do dedo I [9] e em humanos é correspondente aos músculos longo e curto do polegar [5]. Diante do fato que esse músculo

exerce uma função de abdução em algumas espécies de mamíferos, supõe-se que, por ser rudimentar o primeiro metacarpo no Bicho-preguiça, esse músculo venha a exercer uma função de adução da articulação cárpica nessa espécie.

O M. flexor radial do carpo inserido no meta-carpo II assemelha-se ao Cebus apela [3] e humanos [17], entretanto difere da B. tridactylus [11] e do gênero Bradypus [12], em que a inserção acontece no meta-carpo I, porque os referidos autores consideraram que o Bicho-preguiça possui três dedos, provenientes dos metacarpos I, II e III, entretanto verificamos que os três principais metacarpos são os II, III e IV corroborando com o já descrito anteriormente [20].

O M. flexor ulnar do carpo possui sua inserção no metacarpo III, que difere de humanos com ocorrên-cia no osso cárpico e no metacarpo V [5], em animais domésticos acontece no osso acessório do carpo [9], já em B. tridactylus [11] e no gênero Bradypus [12] ocorre nos ossos do carpo e metacarpo III.

Dentre as características musculares do Bicho-preguiça, destacamos o grupo dos músculos da articulação dos dedos sendo um dos mais relevantes para locomoção, os quais podem verificar músculos delgados, como os extensores. Em contrapartida, esse animal possui um grupo de músculos flexores digitais bastante desenvolvidos com tendões fortes e encurtados que permite que a sua mão fique em forma de gancho. Com isso, esse grupo de Mm. flexores confere uma ação mais forte e concentrada ao antebraço em relação aos Mm. extensores [16].

O M. extensor digital comum tem sua descrição parecida com B. tridactylus [11], no gênero Bradypus [12], em Cebus libidinosus [19] e em humanos [17].

O M. extensor digital lateral não foi mencio-nado nos trabalhos de Mackintosh [12] com animais do gênero Bradypus, e por Macalister [11] com B. tridactylus. Comparado a humanos esse músculo é classificado como extensor do dedo mínimo [17], no entanto, como o bicho-preguiça não possui o metacarpo V desenvolvido foi adotado a nomenclatura dos ani-mais domésticos para esse músculo de acordo com a Nômina Anatômica Veterinária [8]. O M. palmar longo apresentou características semelhantes aos humanos [5], a B. tridactylus [11], Cebus apella [11] e difere do gênero Choloepus, que apresenta um músculo mais desenvolvido e emitem dois tendões [14].

Figura 6. Membro torácico direito do bicho-preguiça (B. variegatus),

vista dorsal (A) e vista palmar (B) da mão (as garras foram cortadas para visualização da face palmar da mão). M. extensor oblíquo do carpo (1); M. extensor longo do II dedo (2); M. extensor curto do II dedo (3); M. extensor do IV dedo (4); M. extensor digital lateral - seccionado (5); M. abdutor do II dedo (6); M. abdutor do IV dedo (7); Mm. interósseos dorsais (8); M. Palmar curto (9); rádio (10); tendão do M. flexor ulnar do carpo (11); tendão do M. flexor digital profundo (12); tendões do M. flexor digital superficial (13); Falange distal (14); tendão do M. extensor oblíquo do carpo (Seta); tendão do M. extensor digital comum (*). [Barra= 2 cm].

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Os músculos flexores digital superficial e pro-fundo apresentaram-se como um só músculo, devido ao seu grande e robusto ventre muscular, da mesma forma descrita no gênero Bradypus [12], já no gênero Choloepus estes músculos estão mais distinguíveis, originando um M. flexor digital superficial, com um ventre muscular delgado e um flexor profundo robusto [14]. Com relação à origem observamos que tem três pontos diferentes, com tendões fortes, que convergem para um único ventre muscular. Miller [16] também relata que não há diferenciação entre esses dois mús-culos, contudo, na dissecação foi possível observar que esses ventres musculares estavam fusionados, porém, possuíam pequenas divisões em suas fibras que compartilhavam de uma mesma origem e, já no final de seu ventre muscular, esses músculos se dividem originando um tendão do M. flexor digital profundo e dois para o flexor digital superficial. Nossos achados corroboram aqueles observados por Macalister [11] em seu trabalho com B. tridactylus.

Nos humanos esses músculos são divisíveis tanto na origem e na inserção [5], sendo fundamental para a ação dos dedos, assim como também é para os bichos-preguiça. Quanto a sua inserção podemos verifi-car três fortes tendões indo em direção as extremidades das falanges distais, recoberto por um forte retináculo palmar. Estes tendões têm uma característica espessa e uma forma encurtada, sendo importante para manter a articulação metacarpo falangiana em constante flexão, deixando a mão em forma de gancho, evitando assim uma fadiga na sua musculatura. No gênero Choloepus, o M. flexor digital superficial emite dois tendões que ficam dorsal aos tendões do M. palmar longo, enquanto o M. flexor digital profundo origina dois fortes tendões em direção as falanges distais [14].

Os músculos extensor longo do II dedo, exten-sor curto do II dedo, extenexten-sor do IV dedo, Abdutor do II e abdutor do IV dedo, compreende todo o envoltório muscular que recobre a mão do Bicho-preguiça. Esses músculos em decorrência dos hábitos de vida arborí-colas dessa espécie sofreram algumas adaptações ao longo do tempo. Miller [16] por sua vez, menciona que alguns desses músculos sofreram modificações em suas inserções e alguns tendões se tornaram indiferenciáveis e a mão, por ser um apêndice rígido com dígitos de inflexão, tornam-se incapazes de uma ação individual. O M. extensor longo do II dedo e extensor curto do II dedo assemelhou-se ao gênero Bradypus [12] e B.

tridactulus [11], entretanto esses autores denominam o m. extensor longo do II dedo como M. extensor do indicador. No gênero Choloepus [14] apenas o extensor curto do II dedo está presente.

O M. extensor do IV dedo está descrito como m. extensor do dedo mínimo por Mackintosh [12] no gênero Bradypus que o caracteriza como um músculo longo, que passa pela extensão do úmero em direção ao metacarpo, fato esse que não foi visto em nossa dis-secação. Assim classificamos esse músculo como um músculo curto sobre o dorso da mão. Macalister [11] não descreveu este músculo na espécie B. tridactylus. Os músculos abdutor do II dedo e abdutor do IV dedo estão presentes na descrição do gênero Bra-dypus [12] e humanos [5], entretanto em B. tridactylus [11] foi descrito apenas o músculo abdutor do II dedo. Os Mm. interósseos dorsais são pequenos músculos situados entres os espaços das falanges pro-ximais. Esses músculos não foram citados nos estudos com gênero Bradypus [12] e B. tridactylus [11]. No gê-nero Choloepus, estes músculos são bem desenvolvido [14] e em humanos [5], por sua vez, a sua localização está entre os ossos metacarpianos, divergindo com os nossos achados, por conta dos ossos metacarpianos serem fusionados no Bicho-preguiça.

Na face palmar da mão do bicho-preguiça verificamos a presença do M. palmar curto, com uma origem na articulação carpo-metacarpo, com fibras transversais em direção à face lateral da mão, inserindo-se em um retináculo palmar. Supõe-se que a função desse músculo seja de ajudar a tensionar o retináculo palmar dos tendões flexores da mão da Bradypus variegatus. Esse músculo em humanos é inconstante e também situado na face palmar da mão, com fibras transversais [5], já no gênero Bradypus [12] e B. tridactylus [11] este músculo não foi descrito, assim como em animais domésticos.

CONCLUSÃO

Diante do que foi mencionado, observamos que os músculos do membro torácico do bicho-preguiça (Bradypus variegatus) são mais desenvolvidos em re-lação à musculatura do tronco, assim como os flexores em relação aos extensores, fato esse decorrente da gran-de importância gran-desses músculos aos hábitos arborícolas dessa espécie. Características anatômicas relevantes dos músculos nesta espécie assemelharam-se mais a animais com hábitos arbóreos, como primatas não

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humano, com destaque aos músculos, pronadores e supinadores bem desenvolvidos.

Ethical approval. Este projeto foi aprovado pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio do Sistema de Autorização e Informação da Biodiversidade (SISBIO), do Instituto Chico

Mendes - ICMBio (protocolo Nº 53230-1) e pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UFCG (protocolo Nº 029/2016). Declaration of interest. The authors report no conflicts of interest. The authors are solely responsible for the content and the writing of this paper.

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