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Análise de Os Lusíadas

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Academic year: 2021

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Análise de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões

Análise de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões

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dia10.1.08a10.1.08 Análise da obra Análise da obra

Publicado em 1572 sob a proteção do Rei D. Sebastião, o poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, tem Publicado em 1572 sob a proteção do Rei D. Sebastião, o poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, tem como assunto central a viagem de Vasco da Gama às Índias (1497 - 1498). As perigosas viagens por mares nunca como assunto central a viagem de Vasco da Gama às Índias (1497 - 1498). As perigosas viagens por mares nunca dantes navegados, o contato com povos e costumes diferentes, a exaltação do homem-herói (navegador, soldado, dantes navegados, o contato com povos e costumes diferentes, a exaltação do homem-herói (navegador, soldado, aventureiro, cavaleiro e amante) encontram, na euforia antropocêntrica do Renascimento, um instante oportuno para o aventureiro, cavaleiro e amante) encontram, na euforia antropocêntrica do Renascimento, um instante oportuno para o sentimento heróico e conquistador, não apenas dos portugueses, mas de toda Europa quinhentista.

sentimento heróico e conquistador, não apenas dos portugueses, mas de toda Europa quinhentista.

Obra de cunho enciclopédico, o poema narra, além da descoberta do caminho marítimo para as Índias, as grandes Obra de cunho enciclopédico, o poema narra, além da descoberta do caminho marítimo para as Índias, as grandes navegações portuguesas, a conquista do

navegações portuguesas, a conquista do Império Português do Oriente e toda a Império Português do Oriente e toda a história de Portugal, seus reis, seushistória de Portugal, seus reis, seus heróis e as batalhas que venceram. Paralelamente a essa dupla ação histórica (a viagem de Vasco da Gama e a história heróis e as batalhas que venceram. Paralelamente a essa dupla ação histórica (a viagem de Vasco da Gama e a história de Portugal), desenvolve-se uma importantíssima ação mitológica: a luta que travam os deuses olímpicos (o

de Portugal), desenvolve-se uma importantíssima ação mitológica: a luta que travam os deuses olímpicos (o "maravilhoso pagão"), contrapondo Vênus e Marte (favoráveis aos lusos) a Baco e Netuno (contrários às "maravilhoso pagão"), contrapondo Vênus e Marte (favoráveis aos lusos) a Baco e Netuno (contrários às navegações).

navegações).

Os Lusíadas fundem harmoniosamente os ideais

Os Lusíadas fundem harmoniosamente os ideais renascentistas, imperialistas e nacionalista de expansão drenascentistas, imperialistas e nacionalista de expansão d o Império,o Império, com a ideologia medieval, feudal e conservadoras; a mitologia pagã com o ideal cristão; o tom épico na exaltação dos com a ideologia medieval, feudal e conservadoras; a mitologia pagã com o ideal cristão; o tom épico na exaltação dos feitos dos navegadores e guerreiros e o tom lírico do amor trágico de Inês da Castro; a objetividade e a subjetividade; feitos dos navegadores e guerreiros e o tom lírico do amor trágico de Inês da Castro; a objetividade e a subjetividade; o ufanismo e o espírito crítico; o espírito clássico com acentos maneiristas e antecipação barroca.

o ufanismo e o espírito crítico; o espírito clássico com acentos maneiristas e antecipação barroca.

O poema divide-se em 10 cantos. Cada canto contém em média 100 estrofes ou estâncias. O canto III é o mais curto, O poema divide-se em 10 cantos. Cada canto contém em média 100 estrofes ou estâncias. O canto III é o mais curto, com 87 estrofes; o canto X é o mais longo, com 156 estrofes. O poema todo compõe-se de 1.102 estrofes ou

com 87 estrofes; o canto X é o mais longo, com 156 estrofes. O poema todo compõe-se de 1.102 estrofes ou estâncias. Cada uma delas contém regularmente 8 versos (oitavas). O poema totaliza 8.816 versos, decassílabos estâncias. Cada uma delas contém regularmente 8 versos (oitavas). O poema totaliza 8.816 versos, decassílabos (medida nova), predominando os decassílabos heróicos, com a 6ª e a 10ª sílabas tônicas. Há também alguns (medida nova), predominando os decassílabos heróicos, com a 6ª e a 10ª sílabas tônicas. Há também alguns decassílabos sáficos, com a 4ª, a 8ª e a 10ª sílabas tônicas.

decassílabos sáficos, com a 4ª, a 8ª e a 10ª sílabas tônicas.

Os Lusíadas são o maior poema da língua portuguesa e a maior expressão de sua excelência literária. Camões soube Os Lusíadas são o maior poema da língua portuguesa e a maior expressão de sua excelência literária. Camões soube elaborar uma linguagem suficientemente rica e maleável, elegante e sonora, com que exprimiu tanto os feitos elaborar uma linguagem suficientemente rica e maleável, elegante e sonora, com que exprimiu tanto os feitos heróicos e altissonantes, como as dolorosas súplicas de Inês de Castro diante de seus algozes ou o desconsolo do heróicos e altissonantes, como as dolorosas súplicas de Inês de Castro diante de seus algozes ou o desconsolo do eu- poemático diante do "desconcerto do mundo" e da decadência

 poemático diante do "desconcerto do mundo" e da decadência de seu país.de seu país. Os Lusíadas tem cinco partes, como a tradição clássica impõe a uma epopéia: Os Lusíadas tem cinco partes, como a tradição clássica impõe a uma epopéia: 1 - Proposição - É a

1 - Proposição - É a apresentação do poema, a síntese apresentação do poema, a síntese do assunto. Ocupa as três primeiras estrofes. Evidenciado assunto. Ocupa as três primeiras estrofes. Evidencia algumas características fundamentais da obra: o caráter coletivo do herói, a valorização do homem

algumas características fundamentais da obra: o caráter coletivo do herói, a valorização do homem

(antropocentrismo), a sobrevivência do "ideal cruzada", a valorização da Antigüidade clássica, o nacionalismo (antropocentrismo), a sobrevivência do "ideal cruzada", a valorização da Antigüidade clássica, o nacionalismo (ufanismo), sintaxe rica e complexa.

(ufanismo), sintaxe rica e complexa. 2 - Invocação das Tágides -

2 - Invocação das Tágides - É o pedido dÉ o pedido de inspiração às musas. Camões elege como suas ine inspiração às musas. Camões elege como suas inspiradoras as Tágides,spiradoras as Tágides, ninfas do rio Tejo, "nacionalizando"

ninfas do rio Tejo, "nacionalizando" suas musas.suas musas.

3 - Dedicatória ao Rei D. Sebastião - É como menino ainda, como dádiva de Deus, que Camões apresenta D. 3 - Dedicatória ao Rei D. Sebastião - É como menino ainda, como dádiva de Deus, que Camões apresenta D. Sebastião na dedicatória. O jovem rei assumiu o trono aos 14 anos, em 1568, e como a redação do poema consumiu Sebastião na dedicatória. O jovem rei assumiu o trono aos 14 anos, em 1568, e como a redação do poema consumiu mais de 12 anos, Camões não deixa de observar que ele é "novo no ofício" e disso abusam seus conselheiros. O fato mais de 12 anos, Camões não deixa de observar que ele é "novo no ofício" e disso abusam seus conselheiros. O fato do jovem rei ser exaltado como símbolo e esperança da pátria, não impede de o poeta critique as intrigas palacianas e do jovem rei ser exaltado como símbolo e esperança da pátria, não impede de o poeta critique as intrigas palacianas e a ambição de mando e de riqueza dos jesuítas e seus aliados.

a ambição de mando e de riqueza dos jesuítas e seus aliados.

4 - Narração - A narração de Os Lusíadas compreende três ações principais: a viagem de Vasco da Gama às Índias, a 4 - Narração - A narração de Os Lusíadas compreende três ações principais: a viagem de Vasco da Gama às Índias, a narrativa da história de Portugal e as lutas e intervenções dos deuses do Olimpo. São, portanto, duas ações históricas narrativa da história de Portugal e as lutas e intervenções dos deuses do Olimpo. São, portanto, duas ações históricas e uma ação mitológica que se alternam e se interpenetram no poema. A narrativa começa já no meio da aventura do e uma ação mitológica que se alternam e se interpenetram no poema. A narrativa começa já no meio da aventura do herói, quando Vasco da Gama e os navegadores estão em pleno Oceano Índico, na costa leste da África, próximo ao herói, quando Vasco da Gama e os navegadores estão em pleno Oceano Índico, na costa leste da África, próximo ao Canal de Moçambique. A narrativa histórica termina com a partida de Calicute. Camões não narra o regresso a Canal de Moçambique. A narrativa histórica termina com a partida de Calicute. Camões não narra o regresso a Lisboa. Os acontecimentos anteriores são relatados p

Lisboa. Os acontecimentos anteriores são relatados por discursos dos protagonistas humanos (Vasco da Gama e or discursos dos protagonistas humanos (Vasco da Gama e seuseu irmão Paulo da Gama), e os acontecimentos futuros são anunciados por deuses ou outras personagens com o dom da irmão Paulo da Gama), e os acontecimentos futuros são anunciados por deuses ou outras personagens com o dom da  profecia. Nessa profusão de episódios históricos, mitológicos, proféticos, simbólicos, líricos, guerreiros e

 profecia. Nessa profusão de episódios históricos, mitológicos, proféticos, simbólicos, líricos, guerreiros e romanescos, Camões entremeia descrições de fenômenos naturais (a tromba marítima, o fogo-de-anselmo etc) e romanescos, Camões entremeia descrições de fenômenos naturais (a tromba marítima, o fogo-de-anselmo etc) e freqüentes dissertações poéticas sobre a moral, sobre a desconsideração de seus contemporâneos pela poesia, sobre o freqüentes dissertações poéticas sobre a moral, sobre a desconsideração de seus contemporâneos pela poesia, sobre o

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verdadeiro valor da glória, sobre a onipotência do ouro e da riqueza e sobre o destino de Portugal. É uma verdadeira verdadeiro valor da glória, sobre a onipotência do ouro e da riqueza e sobre o destino de Portugal. É uma verdadeira enciclopédia de Portugal e do homem renascentista.

enciclopédia de Portugal e do homem renascentista.

5 - Epílogo - Contém as lamentações e críticas do poeta, suas exortações ao Rei D. Sebastião e os vaticínios sobre as 5 - Epílogo - Contém as lamentações e críticas do poeta, suas exortações ao Rei D. Sebastião e os vaticínios sobre as futuras glórias portuguesas. São as doze

futuras glórias portuguesas. São as doze últimas estrofes do poema. Contrastando com o toúltimas estrofes do poema. Contrastando com o tom vibrante e ufanista dom vibrante e ufanista do início, o tom agora é de pessimismo, desencanto e de crítica à decadência do país e aos portugueses de seu tempo, início, o tom agora é de pessimismo, desencanto e de crítica à decadência do país e aos portugueses de seu tempo, esquecidos dos valores nacionais. É uma clara premonição da derrocada de Portugal, submetido em 1580 ao domínio esquecidos dos valores nacionais. É uma clara premonição da derrocada de Portugal, submetido em 1580 ao domínio espanhol, e da retratação do Império do Oriente. Há ainda o sentido de desabafo de Camões, que se queixa da

espanhol, e da retratação do Império do Oriente. Há ainda o sentido de desabafo de Camões, que se queixa da incompreensão e das privações pelas quais parece ter passado em seus últimos anos de vida.

incompreensão e das privações pelas quais parece ter passado em seus últimos anos de vida. Enredo dos Cantos

Enredo dos Cantos

Canto I e II - Após as partes introdutórias e a rápida apresentação dos navegadores em pleno Oceano Índico, narra-se Canto I e II - Após as partes introdutórias e a rápida apresentação dos navegadores em pleno Oceano Índico, narra-se o Consílio dos Deuses no Olimpo. Convocados por

o Consílio dos Deuses no Olimpo. Convocados por Júpiter, os deuses irão deliberar sobre o destino dos Júpiter, os deuses irão deliberar sobre o destino dos novosnovos argonautas. Baco é contrário aos portugueses, pois teme que eles superem seus feitos no Oriente. Vênus, e depois argonautas. Baco é contrário aos portugueses, pois teme que eles superem seus feitos no Oriente. Vênus, e depois Marte, toma a defesa dos lusos. Júpiter encerra o consílio, decidindo a favor das navegadores. Baco, inconformado, Marte, toma a defesa dos lusos. Júpiter encerra o consílio, decidindo a favor das navegadores. Baco, inconformado, resolve agir. Assumindo a formas humana de um velho sábio, instiga o governador de Moçambique contra os resolve agir. Assumindo a formas humana de um velho sábio, instiga o governador de Moçambique contra os  portugueses, põe a bordo da esquadra um traidor, falso piloto, arma ciladas em Quiloa e Mombaça. Graças às  portugueses, põe a bordo da esquadra um traidor, falso piloto, arma ciladas em Quiloa e Mombaça. Graças às

intervenções de Vênus, das nereidas, de Mercúrio e à coragem e astúcia de Vasco da Gama, os portugueses chegam a intervenções de Vênus, das nereidas, de Mercúrio e à coragem e astúcia de Vasco da Gama, os portugueses chegam a Melinde, terra de muçulmanos que, por obra de Mercúrio, enviado por Júpiter, a pedido de Vênus, tinham se tornado Melinde, terra de muçulmanos que, por obra de Mercúrio, enviado por Júpiter, a pedido de Vênus, tinham se tornado simpáticos aos portugueses. Durante os perigos e provações, o capitão roga a proteção da Providência Divina e simpáticos aos portugueses. Durante os perigos e provações, o capitão roga a proteção da Providência Divina e agradece por ela ao Deus cristão, mas quem atende às suas preces é Vênus, divindade pagã, meiga e sedutora, deusa agradece por ela ao Deus cristão, mas quem atende às suas preces é Vênus, divindade pagã, meiga e sedutora, deusa do amor, que convence Júpiter a ajudar seus protegidos. Paganismo e cristianismo juntos, sem qualquer 

do amor, que convence Júpiter a ajudar seus protegidos. Paganismo e cristianismo juntos, sem qualquer  constrangimento.

constrangimento.

 Nota: Essa ação mitológica, a disputa entre Vênus e Baco, tem o propósito de elevar os navegadores à condição de  Nota: Essa ação mitológica, a disputa entre Vênus e Baco, tem o propósito de elevar os navegadores à condição de

semi-deuses. Numa clara alegoria, os portugueses, senho

semi-deuses. Numa clara alegoria, os portugueses, senho res do amor e da guerra, res do amor e da guerra, protegidos por Vênus e Marte,protegidos por Vênus e Marte, triunfam sobre os oceanos (Netuno) e sobr

triunfam sobre os oceanos (Netuno) e sobre seus adversários no Oriente (Baco).e seus adversários no Oriente (Baco). Canto III - Após Camões invocar a inspiração

Canto III - Após Camões invocar a inspiração de Calíope, musa grega da poesia de Calíope, musa grega da poesia épica, Vasco da Gama começa aépica, Vasco da Gama começa a contar ao rei Melinde a história de Portugal. Principia pela localização geográfica do país no mapa da Europa contar ao rei Melinde a história de Portugal. Principia pela localização geográfica do país no mapa da Europa: “Eis: “Eis

aqui quase cume da cabeça / De Europa toda, o Reino Lusita no / Onde a terra se acaba e o mar começa / E onde Febo aqui quase cume da cabeça / De Europa toda, o Reino Lusita no / Onde a terra se acaba e o mar começa / E onde Febo

repousa no Oceano” (Lus., III. 20). Fala das origens de Portugal, do primeiro herói, Viriato, o Pastor da Serra da repousa no Oceano” (Lus., III. 20). Fala das origens de Portugal, do primeiro herói, Viriato, o Pastor da Serra da

Estrela, que resistiu à dominação romana.

Estrela, que resistiu à dominação romana. Na Guerra de Reconquista, que oNa Guerra de Reconquista, que os povos já cristianizados moveram contras povos já cristianizados moveram contra árabes invasores, no século XII, surge o

árabes invasores, no século XII, surge o Reino de Portugal e a Primeira Dinastia, Reino de Portugal e a Primeira Dinastia, a Casa de Borgonha. O terceiroa Casa de Borgonha. O terceiro canto contém a história de todos os reis dessa dinastia, destacando-se seu fundador, Afonso Henriques de Borgonha. canto contém a história de todos os reis dessa dinastia, destacando-se seu fundador, Afonso Henriques de Borgonha. vencedor da Batalha de Ourique, contra os árabes, ao lado de Egas Moniz, símbolo nacional de lealdade e honradez. vencedor da Batalha de Ourique, contra os árabes, ao lado de Egas Moniz, símbolo nacional de lealdade e honradez. Ainda sob a Dinastia de Borgonha, n

Ainda sob a Dinastia de Borgonha, no reinado de D. Afonso IV, ocorre o episo reinado de D. Afonso IV, ocorre o episódio de Inês de Castro, aquela“queódio de Inês de Castro, aquela“que

depois de ser morta foi rainha". depois de ser morta foi rainha".

Canto IV - Vasco da Gama prossegue a narrativa da história de Portugal, concentrando-se na Segunda Dinastia, a Canto IV - Vasco da Gama prossegue a narrativa da história de Portugal, concentrando-se na Segunda Dinastia, a Casa de Avis. Fala da Revolução de Avis (1383 - 1385), de seu grande herói, D. Nuno Álvares Pereira, da Batalha de Casa de Avis. Fala da Revolução de Avis (1383 - 1385), de seu grande herói, D. Nuno Álvares Pereira, da Batalha de Aljubarrota e de D. João I, Mestre de

Aljubarrota e de D. João I, Mestre de Avis, que funda o Estado Nacional PortuguAvis, que funda o Estado Nacional Português, consolida a centralizaçãoês, consolida a centralização

monárquica e inicia a expansão ultramarina, com a Tomada de Ceuta, em 1415. A partir do reinado de D. Manuel I, o monárquica e inicia a expansão ultramarina, com a Tomada de Ceuta, em 1415. A partir do reinado de D. Manuel I, o Venturoso, Vasco da Gama começa a n

Venturoso, Vasco da Gama começa a narrar os episódios preliminares de sua viagem. D. Manarrar os episódios preliminares de sua viagem. D. Manuel tivera um sonhouel tivera um sonho  profético: os rios Indo e Canges, sob forma de dois anciões, profetizam os sucessos e perigos que os portugueses  profético: os rios Indo e Canges, sob forma de dois anciões, profetizam os sucessos e perigos que os portugueses

enfrentariam no Oriente. Estimulado por esse sonho,

enfrentariam no Oriente. Estimulado por esse sonho, D, Manuel I pede a Vasco da D, Manuel I pede a Vasco da Gama que monte uma esquadraGama que monte uma esquadra  para concretizar a profecia. Na partida das naus da praia de Belém, um ancião, o Velho do Restelo, faz uma enfática  para concretizar a profecia. Na partida das naus da praia de Belém, um ancião, o Velho do Restelo, faz uma enfática

advertência contra as navegações portuguesas. advertência contra as navegações portuguesas.

Canto V - Vasco da Gama conclui a narrativa de sua viagem até Melinde. Fala da partida da esquadra, do Cruzeiro do Canto V - Vasco da Gama conclui a narrativa de sua viagem até Melinde. Fala da partida da esquadra, do Cruzeiro do Sul, descreve o fogo-de-santelmo, depois uma tromba marítima na costa da Guiné, e a aventura cômica de Veloso. Sul, descreve o fogo-de-santelmo, depois uma tromba marítima na costa da Guiné, e a aventura cômica de Veloso. Perto da África do Sul, na

Perto da África do Sul, na travessia do Cabo das Tormentas, os portugueses defrontam-se travessia do Cabo das Tormentas, os portugueses defrontam-se com o Gigante Adamastor,com o Gigante Adamastor,

monstro disforme que simboliza a superação do medo do “Mar Tenebroso” e o domínio do homem sobre as crendices monstro disforme que simboliza a superação do medo do “Mar Tenebroso” e o domínio do homem sobre as crendices

medievais e sobre a natureza. De volta a Melinde, Vasco da Gama conclui o seu relato elogiando a tenacidade medievais e sobre a natureza. De volta a Melinde, Vasco da Gama conclui o seu relato elogiando a tenacidade  portuguesa. Encenando a primeira parte da epopéia, Camões retoma a palavra para lamentar o descaso dos  portuguesa. Encenando a primeira parte da epopéia, Camões retoma a palavra para lamentar o descaso dos  portugueses pela poesia.

 portugueses pela poesia.

Canto VI - Enquanto os portugueses rumam em direção às Índias, Baco desce ao palácio de Netuno e incita os deuses Canto VI - Enquanto os portugueses rumam em direção às Índias, Baco desce ao palácio de Netuno e incita os deuses marinhos contra a esquadra de Vasco da Gama. Novamente Vênus e as nereidas salvam os navegadores. A bordo da marinhos contra a esquadra de Vasco da Gama. Novamente Vênus e as nereidas salvam os navegadores. A bordo da

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nau capitânea, o marinheiro Veloso entretém seus companheiros com a narrativa cavaleiresca de Os Doze de Inglaterra: doze portugueses, liderados pelo Magriço, vão à Inglaterra resgatar a honra de doze donzelas inglesas ultrajadas por doze cavaleiros bretões. Os navegadores avistam Calicute, e o narrador medita sobre o sentido e valor  da glória.

Canto VII e VIII - Vasco da Gama faz contato com as autoridades de Calicute. O samorim (= rei) determina ao catual (= governador) que receba os navegadores. Vasco da Gama desembarca na Índia, visita o samorim e oferece a

amizade dos portugueses, em nome de D. Manuel. O catual colhe informações sobre os recém-chegados e, em visita à esquadra, indaga Paulo da Gama acerca do significado das figuras desenhadas nas bandeiras lusas. O irmão do

comandante assume a narrativa e conta os feitos dos heróis da pátria (Viriato, D. Afonso Henriques, Egas Moniz, D.  Nuno Álvares e outros). Os muçulmanos tramam contra os cristãos portugueses e envenenam as boas relações com o

samorim. Novas ciladas. Vasco da Gama é feito prisioneiro. Negocia com o catual sua liberdade, em troca de mercadorias européias. O poeta encerra o oitavo canto com dissertação sobre o poder do dinheiro.

Canto IX e X - Ainda em Melinde, na partida das naus, dois feitores portugueses que vendiam mercadorias em Calicute são retidos em terra para retardar a partida das naus e permitir que fossem alcançadas e destruídas por uma esquadra muçulmana. Em represália, Vasco da Gama retém a bordo vários mercadores indianos. Trocam-se os feitores portugueses pelos mercadores orientais, o samorim manda devolver as fazendas que os portugueses pagaram como resgate pelo capitão, e os navegadores, cumprida sua missão, iniciam a viagem de regresso a Lisboa. Os historiadores registram ter sido uma viagem acidentada, mas Camões encerra aqui a matéria propriamente histórica do poema. O longo episódio da Ilha dos Amores pertence já ao plano mitológico, fantástico. É o congraçamento entre os homens e os deuses, a elevação dos navegadores à esfera da imortalidade.

Vênus decide premiar os navegadores e, numa ilha paradisíaca, reúne as nereidas (ninfas marinhas), feridas por  Cupido com suas setas, para que ardam de amor pelos portugueses. Estes, deslumbrados com o espetáculo divino,  passam a perseguir as ninfas que se deixam alcançar e se entregam, entre gritinhos de prazer. É a mais clara

manifestação do pan-erotismo, da idéia de que não há pecado sexual. Oh! Que famintos beijos na floresta,

E que mimoso choro que soava! Que afagos tão suaves, que ira honesta, Que em risinhos alegres se tornava! O que mais passam na manhã e na sesta, Que Vênus com prazeres inflamava,

Melhor é exp’rimentá-lo que julgá-lo;

Mas julgue-o quem não pode exp’rimentá-lo.

(Lus., IX, 83)

Após um banquete oferecido por Tétis e pelas ninfas, uma delas, Sirena (ou sereia), anuncia as futuras conquistas  portuguesas. Tétis conduz Vasco da Gama a uma elevação e mostra a ele a Máquina do Mundo, réplica em miniatura

do sistema solar, segundo a teoria geocêntrica de Ptolomeu, e que somente os deuses podiam contemplar.

Descobrindo o orbe terrestre, Tétis aponta os lugares onde os portugueses ainda se far ão presentes. Aí, sem que se dê  particular importância, fala-se do Descobrimento do Brasil.

Mas cá onde mais se alarga, ali tereis Parte também, com pau vermelho nota; De Santa Cruz o nome lhe poreis; Descobri-la-á a primeira vossa frota. (Lus.. X, 140)

 Na estrofe 144 do 10º canto, os portugueses estão de volta a Lisboa. Segue-se o epílogo do poema.

 Nota: A obra Os Lusíadas passaram pela censura inquisitorial, desafiando o espírito da Contra-Reforma, as

convenções moralistas e repressoras da corte, orientada pelos jesuítas. A publicação deveu-se ao empenho de alguns admiradores de Camões: D. Manuel de Portugal, Dona Francisca de Aragão (amiga íntima da rinha), os dominicanos, a quem não deviam desagradar as críticas do poema aos jesuítas. O censor da obra, o frei dominicano Bartolomeu Ferreira, não só aprovou a obra como também a elogiou.

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CANTO I

Depois do Concílio dos Deuses, a armada de Vasco da Gama chega a Moçambique onde pára para se abastecer. Aí recebe a bordo da nau alguns Mouros da Ilha. O Régulo, isto é, o chefe da Ilha, é recebido por Vasco da Gama.

O Mouro, quando verifica que os Portugueses eram Cristãos, inspirado por Baco, resolve destruí-los. Quando

Vasco da Gama desembarca na ilha‚ é atacado traiçoeiramente, mas com a ajuda dos marinheiros portugueses

consegue vencer os mouros. Após o triunfo, Vasco da Gama recebe a bordo um piloto, que recebera ordens para levar os portugueses a cair numa cilada em Quíloa. Quando a armada se aproximava de Quíloa, Vénus, que descobrira a traição de Baco, afasta a armada da costa por meio de ventos contrários, anulando assim a traição. O piloto mouro tenta outras vezes aproximar a armada da costa para a destruir, mas Vénus está atenta e impede que isso aconteça. Entretanto os portugueses continuam a viagem para Norte e chegam a Mombaça, cujo rei fora avisado por Baco para receber os portugueses e os destruir .

CANTO II

O rei de Mombaça convida a armada portuguesa a entrar no porto a fim de a destruir. Vasco da Gama, por medida de segurança, manda desembarcar dois condenados portugueses, encarregados por ele de obterem informações acerca da terra. Baco disfarça-se de sacerdote cristão. Os dois portugueses são levados à casa onde ele se encontra e vêem em Baco um sacerdote cristão junto a um altar onde se representavam Cristo e os Apóstolos. Quando os portugueses regressam à armada, dão informações falsas a Vasco da Gama, convencidos de que estavam entre gente Cristã. Vasco da Gama resolve entrar com a armada no porto de Mombaça. Vénus apercebe-se do perigo e, com a ajuda das Nereides, impede os barcos de entrar no porto. Perante o espanto de todos, apesar do vento empurrar os barcos em direcção à cilada, eles não avançam. O piloto mouro e os companheiros que também tinham sido embarcados na ilha de Moçambique, pensando que os seus objectivos tinham sido descobertos, fogem precipitadamente lançando-se ao mar, perante a admiração de Vasco da Gama, que acaba por descobrir a traição que lhe estava preparada e à qual escapou milagrosamente.

Vasco da Gama agradece à Divina Guarda o milagre concedido e pede-lhe que lhe mostre a terra que procura. Vénus, ouvindo as suas palavras, fica comovida e vai ao Olimpo queixar-se a Júpiter pela falta de protecção dispensada pelos deuses aos Portugueses. Júpiter fica co movido e manda Mercúrio a terra para preparar uma recepção em Melinde aos Portugueses e inspirar a Vasco da Gama qual o caminho a seguir. A armada continua a viagem e chega a Melinde, onde é magnificamente recebida. Vasco da Gama envia um embaixador a terra e o rei acolhe-o favoravelmente.

Após várias manifestações de contentamento em terra e na armada, o rei de Melinde visita a armada portuguesa.

CANTO III

O narrador começa por invocar Calíope, musa da poesia épica, para que lhe ensine o que Vasco da Gama contou ao rei de Melinde. A partir daqui o narrador passa a ser Vasco da Gama. Segundo ele, não contará história estranha, mas irá ser obrigado a louvar os seus, o que, segundo ele, não será o mais correcto. Por outro lado, receia que o tempo de que dispõe, por mais longo que seja, se torne curto para tantos e tão grandiosos feitos. Mas obedecerá ao seu pedido, indo contra o que deve e procurando ser breve. E, para que a ordem leve e siga, irá primeiro tratar da larga terra e, em seguida, falará da sanguinosa guerra.

Após a descrição da Europa, Vasco da Gama fala das origens de Portugal, desde Luso a Viriato, indicando também a situação geográfica do seu país relativamente ao resto da Europa. A partir da estância 23, começa a narrar a História de Portugal desde o conde D. Henrique até D, Fernando, último rei da primeira dinastia. Os principais episódios narrados dizem respeito aos reinados de D. Afonso Henriques e a D. Afonso IV.

Relativamente ao primeiro rei de Portugal, refere as diferentes lutas travadas por ele: contra sua mãe, D. Teresa, contra D. Afonso VII e contra os mouros, para alargamento das fronteiras em direcção ao sul. São de destacar os episódios referentes a Egas Moniz (estâncias 35-41) e a Batalha de Ourique (estâncias 42-54). No reinado de D. Afonso IV, destacam-se os episódios da formosíssima Maria, em que sua filha lhe vem pedir ajuda para seu marido, rei de Castela, em virtude de o grão rei de Marrocos ter invadido a nobre Espanha para a conquistar; o episódio da batalha do Salado, em que juntos os dois Afonsos vencem o exército árabe; e, finalmente, o episódio de Inês de Castro, a mísera e mesquinha que depois de ser morta foi rainha.

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CANTO IV

O canto IV começa por referir o interregno que se seguiu à morte de D. Fernando, entre 1383-85, e, em seguida, foca o reinado de D. João I, apresentando-nos os preparativos para a guerra com Castela, a figura de D. Nuno Alvares Pereira, o seu insurgimento contra aqueles que se colocaram ao lado de Castela, entre os quais se contam os seus próprios irmãos, e a Batalha de Aljubarrota, que opôs D. João I de Portugal a D. João I de Castela. Em seguida, é narrada a conquista de Ceuta e o martírio de D. Fernando, o Infante Santo.

São a seguir apresentados os reinados a seguir a D. João I, entre os quais os de D. Afonso V e de D. João II. No reinado de D. Manuel I, é apresentado o seu sonho profético (estâncias 67-75). D. Manuel I confia a Vasco da Gama o descobrimento do caminho marítimo para a Índia e é-nos depois apresentada a partida das naus, com os preparativos para a viagem, as despedidas na praia de Belém e, finalmente, o episódio do velho do Restelo, no qual um velho de aspecto venerando critica os descobrimentos, apontando os seus inconvenientes e criticando mesmo o próprio rei D. Manuel I, que deixava criar às portas o inimigo, no Norte de África, para ir buscar outro tão longe, despovoando-se o reino e enfranquecendo-o consequentemente.

CANTO V

Vasco da Gama, que continua a sua narração ao rei de Melinde, apresenta agora, no começo deste canto, a largada de Lisboa e o afastamento da armada até ao desaparecimento no horizonte da fresca serra de Sintra. A viagem prossegue normalmente até à passagem do Equador, momento a partir do qual Vasco da Gama refere diversos fenómenos meteorológicos, tais como súbitas e medonhas trovoadas, o fogo de Santelmo e a tromba marítima (estâncias 16-23).

Chegados à ilha de Santa Helena, os portugueses contactam com um nativo, a quem oferecem vários objectos. Crendo haver conquistado a confiança dos nativos, Fernão Veloso aventura-se a penetrar na ilha de Santa Helena. A certa altura, surge a correr a toda pressa, perseguido por vários nativos, tendo Vasco da Gama de ir em seu socorro, travando-se uma pequena luta entre eles, da qual saiu Vasco da Gama ferido numa perna. Regressados aos barcos, os marinheiros procuram gozar com Fernão Veloso, dizendo-lhe que o outeiro fora melhor de descer do que subir. Este, sem se desconcertar, respondeu-lhes que correra à frente dos nativos por se ter lembrado que os companheiros estavam ali sem a sua ajuda (estâncias 24-36).

Junto ao Cabo da Tormentas, ocorre o episódio do Gigante Adamastor (estâncias 37-60), o qual faz diversas profecias aos portugueses e, em seguida, interpelado por Vasco da Gama, conta a sua história.

Vasco da Gama relata o resto da viagem até Melinde, tendo referido também a mais crua e feia doença jamais por ele vista: o escorbuto. O canto termina com os elogios feitos pelo Gama à tenacidade portuguesa e com a invectiva do poeta contra os portugueses seus contemporâneos por desprezarem a poesia e a técnica que lhe corresponde.

CANTO VI

Após as festas de despedida, a armada larga de Melinde para prosseguir a viagem até à Índia, levando a bordo um piloto melindano. Entretanto Baco desce ao palácio de Neptuno, a fim de incitar os deuses marinhos contra os portugueses, pois vê-os quase a atingir o império que ele tinha na Índia. Baco é recebido por Neptuno no seu palácio e explica-lhe os motivos da sua vinda.

Por ordem de Neptuno, Tritão vai convocar todos os deuses marinhos para o concílio. Assim que se encontram todos reunidos, Baco profere o seu discurso, apresentando honesta e claramente as razões da sua presença. As lágrimas interrompem-lhe a dado momento as suas palavras, fazendo com que de imediato todos os deuses se inflamassem tomando o seu partido. Neptuno manda a Eolo recado para que solte os ventos, gerando assim uma tempestade que destrua os portugueses (estâncias 6-37).

Sem nada pressentirem, os portugueses contam histórias para evitarem o sono, entre as quais a dos Doze de Inglaterra (estâncias 43-69). Quando se apercebem da chegada da tempestade, a fúria com que os ventos investem é tal que não lhes dá tempo de amainar as velas, rompendo-as e quebrando os mastros. É tal a fúria dos elementos que nada lhes resiste. As areias no fundo dos mares vêem-se revolvidas, as árvores arrancadas e com as raízes para o céu e os montes derribados. Na armada a situação é caótica. As gentes gritam e vêem perto a perdição, com as naus alagas e os mastros derribados. Vendo-se perdido, Vasco da Gama pede ajuda à Divina Guarda.

(6)

Vénus apercebe-se do perigo em que os portugueses se encontram e, adivinhando que se trata de mais uma acção de Baco, manda as Ninfas amorosas abrandarem as iras dos ventos. Quando a tempestade se acalma (estâncias 70-85), amanhecia e o piloto melindano avista a costa de Calecut. O canto termina com a oração de agradecimento de Vasco da Gama e com uma reflexão do poeta acerca do verdadeiro valor da glória.

CANTO VII

Os portugueses, que tinham chegado à Índia ainda no Canto VI (estância 92), agora, na primeira estrofe do Canto VII entram na barra de Calecut. Na estrofe 2, o narrador faz o elogio do espírito de cruzada luso e exorta as outras nações europeias a seguirem o exemplo dos Portugueses na luta contra os infiéis (estâncias 2 a 15). Uma vez chegados a terra, pescadores em leves embarcações mostram aos portugueses o caminho para Calecut, onde vive o rei da Índia. Das estâncias17 a 22, é feita a descrição da Índia e apresentados os primeiros contactos com Calecut. Vasco da Gama avisa o rei da sua chegada e manda a terra o degredado João Martins. Este mensageiro encontra o mouro Monçaide, que já estivera em Castela e sabia quem eram os portugueses, ficando muito admirado por os ver tão longe da sua pátria. Convida-o a ir a sua casa, onde o recebe e lhe dá de comer. Depois disto, Monçaide e o enviado regressam à nau de Vasco da Gama. Monçaide visita a frota e fornece elementos acerca da Índia. Algum tempo depois, Vasco da Gama desembarca com nobres portugueses, é recebido pelo Catual, que o leva ao palácio do Samorim. Após os discursos de apresentação, o Samorim recebe os portugueses no seu palácio. Enquanto estes aqui permanecem, o Catual procura colher informações  junto de Monçaide acerca dos portugueses e, em seguida, visita a nau capitaina, onde é recebido por Paulo da Gama, a quem pergunta o significado das figuras presentes nas bandeiras de seda. Das estâncias77 até ao fim do Canto VII, Camões invoca as ninfas do Tejo e também as do Mondego, queixando-se dos seus infortúnios. CANTO VIII

Paulo da Gama continua a explicar o significado das figuras nas bandeiras portuguesas ao Catual, que se mostra bastante interessado, fazendo várias perguntas.

Após a visita, o Catual regressa a terra. Por ordem do rei da Índia (estâncias 45 a 46) os Arúspices fazem sacrifícios, porque adivinham eterno cativeiro e destruição da gente indiana pelos portugueses.

Entretanto, Baco resolve agir contra os portugueses. Aparece em sonhos a um sacerdote árabe (estâncias 47 a 50 ) incitando-o a opor-se aos portugueses. Quando acorda, o sacerdote maometano instiga os outros a revoltarem-se contra Vasco da Gama.

Vasco da Gama procura entender-se com o Samorim, que, após violenta discussão, ordena a Vasco da Gama que regresse à frota, mostrando-lhe o desejo de trocar fazendas europeias por especiarias orientais.

Subornado pelos muçulmanos, o Catual impede o cumprimento das ordens do Samorim e pede a Vasco da Gama que mande aproximar a frota para embarcar, com o intuito de a destruir. Vasco da Gama, astuto e desconfiado, não aceita a proposta, sendo preso pelo Catual.

Com o receio de ser castigado pelo Samorim, por causa da demora, o Catual apresenta nova proposta a Vasco da Gama: deixa-o embarcar, mas terá de lhe dar em troca fazendas europeias. Vasco da Gama aceita e regressa à frota, depois de ter entregue as mercadorias pedidas. O canto acaba com as reflexões do poeta acerca do poder do « metal luzente e oiro».

CANTO IX

Dois feitores portugueses são encarregados de vender as mercadorias, mas são detidos em terra, para retardar a partida da armada portuguesa, a fim de dar tempo a que uma armada muçulmana viesse de Meca para a destruir.

O Gama é informado disso pelo árabe Monçaide e, por isso, decide partir, procurando fazer com que os dois feitores portugueses regressem secretamente à armada, mas não consegue o que pretende. Como represália, impede vários mercadores da Índia de regressarem a terra e, tomando-os como reféns, ordena a partida. Por ordem do Samorim, são restituídos a Vasco da Gama os dois feitores portugueses e as fazendas, após o que se iniciou o regresso a casa (estâncias 13 a 17).

(7)

Vénus decide preparar o repouso e prémio para os portugueses (estâncias 18 a 21). Dirige-se, com esse objectivo, a seu filho Cupido (estâncias 22 a 50), e manda reunir as Ninfas numa ilha especialmente preparada para os acolher.

A «Ilha dos Amores», cuja descrição se apresenta nas estâncias 52 a 55, era uma ilha flutuante que Vénus colocou no trajecto da armada, de modo a que esta, infalivelmente, a encontrasse.

Os portugueses desembarcaram na ilha e as Ninfas deixam-se ver, iniciando-se uma perseguição. Para aumentar o desejo dos portugueses, as Ninfas opuseram uma certa resistência, apenas se deixando apanhar ao fim de algum tempo, efectuando-se, então, o «casamento» entre elas e os marinheiros.

Tétis, a maior, e a quem todo o coro das Ninfas obedecia, apresentou-se a Vasco da Gama, recebendo-o com honesta e régia pompa. Depois de se ter apresentado e dado a entender que ali viera por alta influição do Destino, tomando o Gama pela mão, levou-o para o seu palácio, onde lhe explicou (estâncias 89 a 91) o significado alegórico da «Ilha dos Amores»: as Ninfas do Oceano, Tétis e a Ilha outra coisa não são que as deleitosas honras que a vida fazem sublimada.

O Canto IX termina com uma exortação dirigida aos que aspiram a imortalizar o seu nome. CANTO X

Tétis e as restantes ninfas oferecem um banquete aos navegantes e durante ele uma ninfa começa a descrever os futuros feitos dos portugueses. Entretanto (estâncias 8-9) o poeta interrompe-lhe a descrição para invocar uma vez mais Calíope. Finda a invocação, a ninfa retoma o seu discurso, falando dos heróis e futuros governadores da Índia.

A partir da estância 74, onde acaba a prolepse (avanço no tempo, ou seja, previsão de factos futuros), Tétis conduz Vasco da Gama ao cimo de um monte, onde lhe mostra uma miniatura do Universo e descobre, no orbe terrestre, os lugares onde os portugueses irão praticar altos feitos. Dentro das várias profecias, Tétis narra o martírio de S. Tomé e faz referência ao naufrágio de Camões. Finalmente, Tétis despede os portugueses, que embarcam para empreenderem a viagem de regresso (estâncias 142-143), cuja viagem se efectua com vento sempre manso e favorável, chegando à foz d o Tejo sem quaisquer problemas (estância 144). Das estâncias 145 a 156 são apresentadas lamentações, exortações a D. Sebastião e vaticínios de futuras glórias. Estrutura

“ As armas e os barões assinal ados A

Que, da ocidental praia lusit ana  ,B 

 Por mares nunca de antes naveg ados A

 Passaram ainda além da Taprobana  ,B 

 Em perigos e guerras esforçados  ,A

 Mais do que prometia a força humana  ,B 

 E entre gente remota edificaram C 

 Novo reino, que tanto sublimaram .C ”  — Os Lusíadas, Canto I, estrofe 1

A estrutura externa refere-se à análise formal do poema: número de estrofes, número de versos por estrofe, número de sílabas métricas, tipos de rimas, ritmo, figuras de estilo, etc. Assim:

 Os Lusíadas é constituído por dez partes, chamadas decantos na lírica;

o cada canto possui um número variável deestrofes (em média, 110);

 as estâncias são oitavas, tendo portanto oito versos; a rima é cruzada nos seis primeiros

versos e emparelhada nos dois últimos (AB AB AB CC, ver na citação ao lado);

 cada verso é constituído por dez sílabas métricas (decassilábico), na sua

maioria heróicas (acentuadas nas sextas e décimassílabas).

Sendo Os Lusíadas um texto renascentista, não poderia deixar de seguir a estética grega que dava particular 

importância ao número de ouro. Assim, o clímax da narrativa, a chegada à Índia, foi colocada no ponto que divide a obra na proporção áurea (início do Canto VII).

(8)

A estrutura interna relaciona-se com o conteúdo do texto. Esta obra mostra ser uma epopeia clássica ao dividir-se em quatro partes:

 Proposição - introdução, apresentação do assunto e dos heróis (estrofes 1 a 3 do Canto I);

 Invocação - o poeta invoca as ninfas do Tejo e pede-lhes a inspiração para escrever (estrofes 4 e 5 do

Canto I);

 Dedicatória - o poeta dedica a obra ao rei D. Sebastião (estrofes 6 a 18 do Canto I);

  Narração - a narrativa da viagem,in medias res , partindo do meio da acção para voltar atrás no tempo e

explicar o que aconteceu até ao momento na viagem de Vasco de Gama e na história de Portugal, e depois prosseguir na linha temporal.

Por fim, há um epílogo a concluir a obra (estrofes 145 a 156 do Canto X).

Camões lendo Os Lusíadas. Osplanos temáticos da obra são:

 Plano da Viagem - onde se trata da viagem dadescoberta do caminho marítimo para a Índia de Vasco

da Gama e dos seus marinheiros;

 Plano da História de Portugal - são relatados episódios dahistória dos portugueses;

 Plano do Poeta -Camões refere-se a si mesmo enquanto poeta admirador do povo e dos heróis

 portugueses;

 Plano da Mitologia - são descritas as influências e as intervenções dos deuses damitologia greco-romana

na acção dos heróis.

Ao longo da narração deparam-se-nos vários tipos de episódios: bélicos, mitológicos, históricos, simbólicos, líricos e naturalistas.

[editar ] Parecer do Santo Ofício

O poema épico mais genuíno é o canto da construção duma nação com a ajuda de Deus ou dos deuses. Os Lusíadas, como já a Eneida, é uma epopeia moderna, em que o maravilhoso não passa dum artifício necessário, mas só literário. A fé única no Deus cristão é defendida por toda a obra.

 Não se pode pensar em heresia porque não fazia sentido, em tempos de Contra-Reforma, acreditar nos deuses do  panteão greco-romano, e a prova é a não censura dos inquisidores aos « Deoses dos Gentios». No episódio da  Máquina do Mundo (estrofe 82 do Canto X), é o próprio personagem da deusa Tétis que afirma: «eu, Saturno e  Jano, Júpiter, Juno, fomos fabulosos, Fingidos de mortal e cego engano. Só pera fazer versos deleitosos Servimos».

Apesar de terem cortado excertos da obra nas suas primeiras edições,[1]oParecer do censor do Santo Ofício na edição de 1572 declara que percebeu que este recurso «não pretende mais que ornar o estilo Poético». Por isso,

(9)

continua, «não tivémos por inconveniente ir esta fábula dos Deoses na obra», mas não resiste a acrescentar « ficando  sempre salva a verdade de nossa sancta fé, que todos os Deoses dos Gentios são Demónios».

Todavia, a presença destes deuses ocupa um lugar de muito relevo no poema. São as suas intrigas que ligam os episódios dispersos da epopeia e as suas intervençõesdeus ex machin a que emprestam lógica a acontecimentos

inesperados da viagem, relatados na narrativa. [editar ] Tema

[editar ] O herói

Como o título indica, o herói desta epopeia é colectivo, os Lusíadas, ou os filhos de Luso, os portugueses. Nas estrofes iniciais do discurso de Júpiter nocon cílio dosdeuses olímpicos , que abre a parte narrativa, surge a

orientação laudatória do autor.

Oherói da obra, os portugueses. Monumento aos Descobrimentos Portugueses em Belém, Lisboa, Portugal

“ Eternos moradores do luzente

 Estelífero pólo, e claro assento, Se do grande valor da forte gente  De Luso não perdeis o pensamento,  Deveis de ter sabido claramente,

Como é dos fados grandes certo intento, Que por ela se esqueçam os humanos  De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.”

 — Início do discurso de Júpiter no concílio dos

deuses. Canto I, estrofe 24.

O rei dos deuses afirma que desde Viriato e Sertório, o destino (fado) dos valentes portugueses (forte gente de Luso) é realizar feitos tão gloriosos que façam esquecer os dos impérios anteriores (Assírios, Persas, Gregos e Romanos).

O desenrolar da sua história atesta-o, pois além de ser marcada pelas sucessivas e vitoriosas lutas contra mouros e castelhanos, mostra como um país tão pequeno descobre novos mundos e impõe a sua lei no concerto das nações.  No final do poema surge o episódio da Ilha dos Amores, recompensa ficcional da gloriosa caminhada portuguesa

através dos tempos. E é confirmado o receio de Baco de as suas façanhas de conquista serem ultrapassadas pelas dos  portugueses.

(10)

Camões dedicou sua obra-prima ao rei D. Sebastião de Portugal. Os feitos inéditos dos descobrimentos portugueses e a chegada ao «novo reino que tanto sublimaram » no Oriente, foram sem dúvida os estímulos

determinantes para a tarefa, desde há muito ambicionada, de redigir o épico português.

Havia um ambiente de orgulho e ousadia no povo português.Navegadores e capitães eram heróis recentes da  pequena nação, homens capazes de extraordinárias façanhas, como o «Castro forte» (o vice-rei D.João de Castro),

falecido poucos anos antes de o poeta aportar naÍndia.

E principalmente Vasco da Gama, a quem se devia o descobrimento da rota para o oriente numa viagem difícil e com poucas probabilidades de êxito, e que vencera inúmeras batalhas contra reinos muçulmanos em terras hostis aos cristãos. Esta viagem épica foi por isso usada como história central da obra, à volta da qual vão sendo contados episódios da história de Portugal.

El-Rei D. Sebastião, soberano a quem Camões dedicou Os Lusíadas [editar ] A cruzada contra o mouro

O poema pode ser lido numa perspectiva que já era antiga, mas a que factos recentes haviam dado acrescida actualidade, a da cruzada contrao mouro . As lutas no Oriente seriam a continuação das que já se haviam travado

em Portugal e no Norte de África, dominando ou abatendo o poder do Islão.

O próprio "movimento" dos descobrimentos surgiu numa lógica de combate ao poderoso Império Otomano que ameaçava a Europa cristã, incapaz de vencer o inimigo em guerra aberta. Os objectivos passavam por fazer uma concorrência comercial aos muçulmanos, ao mesmo tempo ganhando proveitos e debilitando a economia dos rivais. Mas também se ambicionava encontrar aliados dos europeus nas novas terras, que poderiam ser eles mesmos cristãos, ou passíveis de conversão.[2]

Em1571, a aparente invencibilidade do sultanato turco tinha sido desmentida na batalha de Lepanto. Sentia-se que os otomanos afinal não detinham a supremacia no Mediterrâneo. E o comandante das forças cristãs fôra D.João de Áustria, filho bastardo do imperador Carlos V, o avô de D. Sebastião. Foi neste contexto de exaltação que o poeta terá contribuído para incitar o jovem rei português a partir emconquista para a África, com os desastrosos efeitos que daí se seguiram.

[editar ] Narradores e os seus discursos

Cada um dos tipos de discurso neste poema evidencia particularidades estilísticas concretas. Dependendo do assunto que tratam, o estilo pode ser heróico e exaltado, empolgante, lamentoso e melancólico, humorístico, admirador.

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Pintura de Vasco da Gama, protagonista por excelência de Os Lusíadas, na chegada à Índia

Os Lusíadas é uma obra narrativa, mas os seus narradores são quase sempre oradores que fazem discursos grandiloquentes: o narrador principal, Camões, que abre em grande estilo e retoma a palavra em várias ocasiões; Vasco da Gama, reconhecido como « facundo capitão» (eloquente); Júpiter, que também toma a palavra em

diversas ocasiões; Paulo da Gama (Canto VIII, estrofes 2 a 42); o Velho do Restelo (Canto IV, estrofes 95 a 104); Tétis; a Sirena que profetiza ao som de música (Canto X, estrofes 10 a 74), etc.

“ E vós, Tágides minhas, pois criado

Tendes em mim um novo engenho ardente, Se sempre em verso humilde celebrado  Foi de mim vosso rio alegremente,  Dai-me agora um som alto e sublimado,

Um estilo grandíloquo e corrente,  Porque de vossas águas, Febo ordene

Que não tenham inveja às de Hipocrene.  Dai-me uma fúria grande e sonorosa,  E não de agreste avena ou frauta ruda,  Mas de tuba canora e belicosa,

Que o peito acende e a cor ao gesto muda;  Dai-me igual canto aos feitos da famosa

Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; Que se espalhe e se cante no universo, Se tão sublime preço cabe em verso.”

 — Invocação às Tágides. Canto I, estrofes 4 e 5.

 Na Invocação, quando o poeta pede àsTágides «um som alto e sublimado, Um estilo grandíloco e corrente», por  oposição ao estilo dapoesia lírica, de «verso humilde», está certamente a pensar nesse tom empolgante da oratória.

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Um tom assemelhado à «tuba canora e belicosa» (trompeta de guerra) e não à «agreste avena ou frauta ruda» (flauta do pastor), que seja digno dos « feitos da famosa Gente vossa» (célebre gente do Tejo, os portugueses). De assinalar excelentes descrições, como as dospalácios de Neptuno e do Samorim de Calecute, a do locus amoenus (lugar aprazível, ameno) da Ilha dos Amores (Canto IX), a do jantar no palácio de Tétis (Canto X) e a do traje doGama (final do Canto II), entre outras.

Por vezes, essas descrições são feitas ao modo de uma passagem de slides: as coisas descritas estão ali e há alguém que as mostra. Por exemplo, o começo geográfico do discurso de Vasco da Gama ao rei de Melinde (Canto III, estrofes 6 a 20), certas esculturas dos palácios de Neptuno e do Samorim, o discurso de Paulo da Gama ao Catual (Canto VIII, estrofes 26 a 44), A Máquina do Mundo (Canto X, estrofes 77 a 144).

Exemplos de descrições dinâmicas são a da «batalha» da ilha de Moçambique (Canto I, estrofes 84 a 92), as das  batalhas de Ourique (Canto III, estrofes 42 a 54) e Aljubarrota (Canto IV, estrofes 26 a 44), a da tempestade

(Canto VI, estrofes 1 a 42). Camões é mestre nessas descrições, marcadas pelos verbos de movimento, pela abundância de sensações visuais e acústicas e por expressivas aliterações.

Há n’Os Lusíadas vários momentos líricos. Os textos em que se concretizam são no geral narrativo-descritivos. É o

caso da parte inicial do episódio daL in da I nês (Canto III, estrofes 120 a 135), da parte final do episódio do

Adamastor (Canto V, estrofes 37 a 60), do encontro na Ilha dos Amores (Canto IX). Em todos esses casos o estilo é muito assemelhado à écloga.

São muitas as ocasiões em que o poeta assume um tom de lamento: a última estrofe do Canto I, parte do discurso do

Velho do Restelo (Canto IV, estrofes 94 a 104), início e final do Canto VII e partes daProfecia dasereia , fazem

lembrar outros lamentos da lírica.

A fé e os apelos a Deus têm uma presença forte na obra. Já Vergílio chamava ao seu herói « pio Eneias». Por várias vezes, em momentos difíceis,Vasco da Gama irrompe em oração: em Mombaça (Canto II), na aparição do Adamastor, no meio do terror da tempestade, etc. As invocações do poeta àsTágides, a Calíope (Canto III, estrofes 1 e 2 eCanto X, estrofe 8), às ninfas do Tejo e do Mondego (Canto VII), em termos tipológicos, são também orações.

[editar ] Descrição da narrativa

Aviso: Este artigo ou se(c)ção contém revelações sobre o enredo ( spoilers).

Ovilão d'Os Lusíadas. Representação de Baco, o deus inimigo dos portugueses. Canto I

Depois daProposição , daI nvocação e daDedicatória , a acção começain medias res com a frota deVasco da

Gama já no Oceano Índico, mas antes de chegar à Índia (estrofe 19). ] O concílio dos deuses

(13)

 Neste momento, é convocado o Concílio dos deuses (estrofes 20 a 41) para decidir se os portugueses devem ou não conseguir alcançar o seu destino. Júpiter afirma que sim, porque isso lhes está predestinado.

O Nascimento deVénus , de Bouguereau

Baco discorda porque, se isto for permitido, as suas próprias conquistas no Oriente serão esquecidas, ultrapassadas  por este povo. Mas Vénus vê os portugueses como herdeiros dos seus amados romanos e sabe que será celebrada por 

eles. Camões era um homem de paixões, que também celebrava o amor na sua lírica, e talvez por isso tivesse escolhido a deusa romana desse sentimento para patrona do seu povo.

Segue-se um tumulto, com os restantes olímpicos a tomar partido de Baco ou Vénus, até que o poderoso Marte se impõe, assustando Apolo num aparte (estrofe 37). O amante de Vénus, e admirador dos feitos guerreiros dos  portugueses, lembra que não só já é merecido que consigam realizar a sua façanha, como Júpiter já tinha decidido

conceder esse favor e não deveria voltar atrás na palavra. O rei dos deuses concorda e encerra o concílio.

O discurso com que Júpiter começa a reunião é uma acabada peça deoratória. Abre com o inevitável exórdio (1ª estrofe) em que, depois de uma original saudação, expõe brevemente o tema a desenvolver. Segue-se, ao modo da retórica antiga, a narração (o passado mostra que a intenção dos fados é mesmo a que o orador apresentou). Vem depois a confirmação: com factos do presente corrobora o que já, a seu modo, a narração comprovara (4ª estrofe). E termina com duas estrofes deperoração, onde se apela à benevolência dos deuses para com os filhos de Luso - aliás, a decisão dos fados cumprir-se-á inexoravelmente. Contra o que seria de esperar, Júpiter conclui determinando e não abrindo o debate.[3]

“ A viseira do elmo de diamante

 Alevantando um pouco, mui seguro,  Por dar seu parecer, se pôs diante  De Júpiter, armado, forte e duro:  E dando uma pancada penetrante,

Com o conto do bastão no sólio puro, O Céu tremeu, e Apolo, de torvado,

(14)

Um pouco a luz perdeu, como enfiado.”

 — Descrição de Marte no concílio. Canto I, estrofe

37

[editar ] A ilha de Moçambique e o piloto mouro

A acção volta então à frota lusa, que chega à ilha de Moçambique. São acolhidos por muçulmanos que, intimidados  pelo poderio bélico das naus, lhes prometem mantimentos e um piloto que os leve à Índia. Mas as suas verdadeiras

intenções são a destruição dos portugueses. A inspiração do soberano mouro vem de Baco, que tomara a forma mortal de um dos seus conselheiros.

A primeira estratégia é atacar osmarinheiros que forem a terra abastecerem-se de água. Mas estes, cuidadosos, vão armados e desbaratam as forças inimigas, prosseguindo depois com o bombardeamento da cidade. O regedor rende-se e oferece então um piloto que os conduza para terras inimigas, a segunda estratégia do deus dovinho.

Por duas vezes o piloto indica bons portos de acolhimento: uma terra de cristãos, que será uma referência ao reino de Preste João, e outra em que cristãos e muçulmanos viveriam juntos. Vasco da Gama confia no piloto. Mas Vénus, vendo que na realidade se trata de terras de muçulmanos capazes de vencer os portugueses, desvia a frota com ventos contrários. O primeiro porto é ultrapassado; o segundo é Mombaça, a pouca distância do qual a frota lançaâncora. E o canto termina com duas estrofes plenas de suspense.

[editar ] Canto II

Caminho percorrido pela expedição de Vasco da Gama (a preto). Nesta figura também se pode ver o percurso de Pêro da Covilhã (a laranja) separado de Afonso de Paiva (a azul) depois da longa viagem juntos (a verde).

[editar ] Cilada em Mombaça

O rei de Mombaça envia um mensageiro com promessas de bom acolhimento e pede que a armada entre no porto da cidade, mas com a intenção de armar uma emboscada. Vasco da Gama envia primeiro dois degredados à cidade  para passarem a noite e avaliarem a situação. Enganados pelos mouros e por Baco, estes aconselham a entrada em

Mombaça. Mas Vénus interfere mais uma vez, e com a ajuda das Nereidas impede a entrada dosnavios portugueses. Vénus sai então em direcção aos céus (estrofe 33). Seduz Júpiter com a sua beleza e queixa-se dos perigos que a expedição está a correr. O rei dos deuses reafirma que os fados já destinaram sucesso para os portugueses e envia Mercúrio para avisar Vasco da Gama da existência de Melinde, onde encontrará um rei justo e bondoso, que fornecerá tudo o que procura.

(15)

Depois de interrogarem prisioneiros feitos em Mombaça, é confirmada a boa notícia do reino de Melinde. A frota dirige-se para lá e é bem recebida. Apesar de naturalmente romanceado, este episódio é umdocumentário da descoberta de novas terras e novos povos. De uma grande riqueza descritiva, por ele se consegue "ver" Melinde e os melindanos, como se apresentou a esquadra portuguesa, a recepção que teve, como foram as reacções de uns e de outros, e como foi feito o contacto diplomático.

O rei melindano oferecemantimentos, munições e piloto para a Índia. Subindo a bordo da nau capitânia, pede a Vasco da Gama que lhe conte sobre asua viagem. Mas que primeiro descreva o reino de Portugal: a sua geografia, a suahistória e as suas gentes.

[editar ] Canto III

Após uma invocação do poeta a Calíope, Vasco da Gama começa por explicar a geografia da Europa e a situação de Portugal no continente (estrofes 6 a 20), «quase cume da cabeça De Europa toda».

“Golpes se dão medonhos e forçosos;

 Por toda a parte andava acesa a guerra:  Mas o de Luso arnês, couraça e malha  Rompe, corta, desfaz, abola e talha.”

 — Batalha de Ourique. Canto III, estrofe 51

Estátua de D. Afonso Henriques no Castelo de São Jorge em Lisboa. Réplica da original de Guimarães, por  Soares dos Reis

Inicia então a narrativa dahistória de Portugal. De Luso a Viriato, passa para o rei D. Afonso VI de Leão e Castela, D. Teresa e o conde D. Henrique. Segue-se a luta de D. Afonso Henriques pela formação da nacionalidade e a enumeração dos feitos guerreiros do primeiro rei de Portugal contra castelhanos, leoneses e mouros.

[editar ] Egas Moniz

 Neste episódio (estrofes 35 a 41) conta-se a história do aio de D. Afonso Henriques. Tendo dado a sua palavra aorei de Castela que o soberano português lhe prestaria vassalagem, conseguiu o levantamento do cerco castelhano a Guimarães. Mas como D. Afonso Henriques se recusou a acatar estas condições, Egas Moniz foi entregar-se ao rei castelhano, com a mulher e os filhos, comovendo a todos pela sua lealdade e honra.

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[editar ] Batalha de Ourique

O Milagre de Ourique deDomingos Sequeira, óleo sobre a tela (1793)

Em seguida (estrofes 42 a 54) é narrada a lenda da batalha de Ourique, em que o fundador de Portugal derrota cinco reis mouros depois de ter uma visão de Cristo. Por este motivo pinta os cinco escudos e os trinta dinheiros na bandeira de Portugal.

É mais um exemplo de uma vívida batalhaépica, em que os portugueses enfrentam um inimigo cem vezes superior  em número. O corajoso exército « Rompe, corta, desfaz, abola e talha» as forças inimigas, pondo os restantes em fuga apavorada. No final, tantos são mortos em batalha que osangue destes corre em rios e pinta o campo verde e branco de carmesim.

A descrição das conquistas do rei Afonso continua (estrofes 55 a 68) em ritmo acelerado: Leiria, Arronches, Santarém, Mafra, Sintra, Lisboa, Óbidos, Alenquer, Torres Vedras, Elvas, Moura, Serpa, Alcácer do Sal, Évora, Beja, Palmela, Sesimbra, Badajoz.

[editar ] Dinastia de Borgonha

 Nesta última cidade D. Afonso acaba por ser cercado pelo rei de Leão, e Camões introduz o seu herdeiro D. Sancho I na história, que se torna no assunto do canto bélico juntamente com o pai, e depois da morte deste (estrofes 83 e 84) como rei.

Seguem-se os restantes reis da dinastia de Borgonha, destacando a coragem e o bom reinado de cada um (ou mau reinado, no caso de D. Sancho II). É no canto do reinado de D. Afonso IV que vão surgir mais alguns episódios célebres d'Os Lusíadas: a Formosíssima Maria, aBatal ha do Salado , eI nês de Castr o . Esta sequência torna a

narrativa num carrocel de emoções. O primeiro é um episódio lírico, em que a filha de D. Afonso IV roga a ajuda deste para o seu reino de Castela contra os mouros. Comovido, o rei parte em ajuda do genro, na batalha do Salado, mais um exemplo de luta épica.

[editar ] Inês de Castro

“Traziam-na os horríficos algozes

 Ante o Rei, já movido a piedade:  Mas o povo, com falsas e ferozes  Razões, à morte crua o persuade.  Ela com tristes o piedosas vozes,

Saídas só da mágoa, e saudade  Do seu Príncipe, e filhos que deixava,

Que mais que a própria morte a magoava”

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O turbilhão de emoções continua com este episódio lírico-trágico (estrofes 118 a 135), talvez o mais reconhecido d'Os Lusíadas. Convém que se não perca de vista a sua integração no poema, via alocução de Vasco da Gama ao rei de Melinde. Costuma-se classificá-lo como lírico, distinguindo-o assim, sobretudo, dos mais comuns episódios  bélicos.

D. Inês e D. Pedro são os amantes trágicos por excelência. O seu amor é ilícito, proibido pelos poderes. O poeta que tinha escritosonetos tão sombrios, de sofrimento amoroso, chama repetidamente este de « puro amor », e censura o rei, de quem tanto elogiara os feitos guerreiros, por esta sombra no seu reinado.

Súplica daL inda I nês (de Castro)

D. Afonso IV pretende casar o filho que, apaixonado por Inês, recusa. A solução é eliminá-la. Trazida à presença do rei, esta implora pela sua vida, só para poder cuidar dos seus filhos. Comove o velho soberano, mas os conselheiros e o povo exigem a morte. E assim a frágil e bela apaixonada é assassinada « só por ter sujeito O coração a quem  soube vencê-la» (por amar quem soube conquistar o seu coração).

Uma rápida análise do episódio permite encontrar aí presentes, com maior ou menor clareza, elementostrágicos como o destino, que conduz a acção para o final trágico; a peripécia; até algo próximo do papel do coro

(apóstrofes). A nobreza moral e social dos personagens é também salientada, de modo a criar no leitor sentimentos de terror e de piedade perante a desgraça que se abate sobre a protagonista (catástrofe).

Quando Inês teme mais a orfandade dos filhos que a própria perda da vida, quando ela suplica a comutação da pena capital por um exílio na Sibéria (Cítia) ou na Líbia, entre «toda a feridade», só para poder criar os filhos do seu amor, quando é comparada com «a linda moça Policena, consolação extrema da mãe velha», quando o leitor escuta toda a estrofe 134, e mesmo a 135, estão-se a dedilhar os acordes da piedade. Já os versos iniciais da estrofe 124, a apóstrofe com que termina a 130 (e antes a da segunda metade da 123) e a estrofe 133 estão ao serviço da sugestão do terror trágico.

[editar ] D. Fernando

Depois da vingança de D. Pedro, o cruel , é apresentado o brando D. Fernando, responsabilizado pela quase perda do reino durante as guerras fernandinas e pela crise que o país enfrentaria após a sua morte.

Interpretando estas crises como consequência ou castigo do amor do rei por Leonor Teles, o romântico poeta acrescenta « Mas quem pode livrar-se por ventura Dos laços que Amor arma brandamente». Por isso, continua, o monarca tem desculpa (estrofe 143) para quem já amou, quem nunca amou será mais ríspido nas críticas.

[editar ] Canto IV

Vasco da Gama prossegue a narrativa da história de Portugal. Fala agora da2.ª Dinastia, desde a Revolução de 1383-85, até ao momento, do reinado deD. Manuel I, em que a sua armada parte para a Índia.

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Representação medieval da batalha de Aljubarrota [editar ] Batalha de Aljubarrota

A narrativa da revolução de 1383-85 é dividida em duas partes: o levantamento do povo para apoiar o pretendente  português (estrofes 1 a 23), e a batalha de Aljubarrota (estrofes 24 a 44). Dois heróis partilham as glórias destes

episódios: o régio D. João e o guerreiro D. Nuno Álvares Pereira.

Camões elogia ospatriotas que defenderam a independência, quer sejam humildes ou poderosos, sem medo de morrer pela causa portuguesa. Critica amarguradamente quem se juntou ao partido castelhano, particularmente os irmãos de Nun'Álvares, que tem de lidar com o conflito acrescido de lutar contra os seus familiares.

Os feitos do Mestre de Avis também são cantados de forma particularmente épica, fazendo lembrar Ájax na Ilíada. A sua coragem salva a batalha. Socorre a Ala dos Namorados que se encontrava na vanguarda e, na estrofe 38, " sopesando a lança quatro vezes, Com força (a)tira; e, deste único tiro, Muitos lançaram o último suspiro".

“ Eis ali seus irmãos contra ele vão,

(Caso feio e cruel!) mas não se espanta, Que menos é querer matar o irmão,

Quem contra o Rei e a Pátria se alevanta:”

 — Sobre D. Nuno Álvares Pereira na Batalha de

Aljubarrota, Canto IV, estrofe 32

Mas no fim de mais uma batalha sanguinária, a par com o canto da glória, o poeta deixa a opinião de quem maldiz a guerra, que por cobiça dos poderosos lança tanta gente à morte, deixando tantas mães e esposas sem maridos e filhos.

[editar ] Expansão portuguesa

Com a paz, as atenções do reino viram-se para Marrocos e para o mar. Entra a Ínclita geração, representada por D. Duarte e D. Fernando, e depois D. Afonso V.

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Torre de Belém, na praia de onde saíu a expedição de Vasco da Gama

Depois da viagem Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, surge a narração dos preparativos da viagem à Índia, desejo que D. João II não conseguiu concretizar antes de morrer e que iria ser realizado por D. Manuel, a quem os rios Indo e Ganges apareceram em sonhos, profetizando as futuras glórias do Oriente.

[editar ] O Velho do Restelo

Ver artigo principal:Velho do Restelo

O canto termina com a partida da armada. Quando estão a despedir-se das famílias na praia deBelém, os

navegadores são surpreendidos pelas palavras de um velho que estava entre a multidão. É o episódio doVelho do  Restelo (estrofes 94 a 104).

Este personagem é a representação da contestação da época contra as aventuras dos descobrimentos. Havia quem  pensasse que era puro orgulho e simplesmente suicídio tentar estes projectos de navegar para partes longínquas do

mundo; uma perda de recursos e homens, que fariam falta na luta contra os inimigos mouros ou para a defesa do reino contra uma eventual invasão castelhana.[4]

O episódio entrou no imaginário português. A expressão passou a significar o conservadorismo, o mau agoiro, a má-vontade e a falta de espírito de aventura, frente a projectos originais que exigem alguma ousadia e gastos de recursos. [editar ] Canto V

Vasco da Gama conta agora como foi a viagem da armada, de Lisboa a Melinde. É a narrativa da grande aventura marítima, em que osmarinheiros observaram maravilhados ou inquietos a costa de África, o Cruzeiro do Sul nos céus desconhecidos do novohemisfério, o Fogo de Santelmo e a Tromba Marítima, e enfrentaram perigos e obstáculos enormes como a hostilidade dos nativos, no episódio de Fernão Veloso, a fúria de um monstro, no episódio doGigante Adamastor , a doença e a morte provocadas peloescorbuto.

[editar ] Fernão Veloso

“ Disse então a Veloso um companheiro

(Começando-se todos a sorrir) -"Ó lá, Veloso amigo, aquele outeiro  É melhor de descer que de subir." 

- "Sim, é, (responde o ousado aventureiro)  Mas quando eu para cá vi tantos vir   Daqueles cães, depressa um pouco vim,  Por me lembrar que estáveis cá sem mim”

 — Fernão Veloso, Canto V, estrofe 35

Aportados na costa africana, os portugueses fizeram contacto com os povos nativos. Este aventureiro (estrofes 30 a 36), convidado para conhecer a sua aldeia, acompanhou despreocupadamente os anfitriões. Mas, percebendo as intenções assassinas destes, « Mais apressado do que fora, vinha», perseguido por um grupo.

É um episódio também humorístico, pela bazófia do português. Depois de uma escaramuça para o salvarem, os companheiros fazem troça da sua fuga apressada, depois de, com tanta confiança, ter entrado pela terra adentro na companhia dos nativos. A isto ele responde que, vendo como tantos inimigos voltavam para atacar a praia, vinha a correr só para ajudar a frota, « Por me lembrar que estáveis cá sem mim».

[editar ] O Adamastor

Podem-se considerar três partes no episódio do Adamastor: a primeira é uma teofania (estrofes 37 a 40). Chegados ao Cabo das Tormentas no meio da uma tempestade, os marinheiros avistam o titã, tão terrível que « Arrepiam-se as

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carnes e o cabelo A mi e a todos só de ouvi-lo e vê-lo». Aqui está o puro pavor, a ameaça iminente da aniquilação, fisicamente sentida - as carnes engelham-se, os cabelos crispam-se.

 Adamastor ,escultura de Júlio Vaz Júnior no miradouro de Santa Catarina, Lisboa, Portugal

O espectáculo é envolvente, grandioso, terrificante. Este semideus maléfico, encarnação dos perigos da arriscada travessia, precede-se de uma nuvem negra, que surge rasante sobre as cabeças dos navegantes. Mas mais

surpreendente ainda é a orquestração que o mar faz com este elemento aéreo « Bramindo, o mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo». O lado maravilhoso desta aparição também é acentuado, fazendo contrastar  todo o espectáculo de disformidade e gigantismo com o cenário precedente, onde são manifestos os encantos de uma noite dos "mares do Sul", « prosperamente os ventos assoprando».

Então começa a segunda parte do episódio (estrofes 41 a 48), que em termos cronológico-narrativos é umaprolepse. O Adamastor fala e, como um oráculo, vaticina o destino cruel que espera alguns dos navegadores que atravessarão os seus domínios. É uma forma inteligente de o poeta dos meados do século falar de acontecimentos do passado, mas que seriam futuros para o navegador do início do século que faz a narração.

Finalmente surge uma écloga marinha (estrofes 49 a 59), que obedece a um desenvolvimento comum a muitas composições líricas de Camões: o enamoramento (de Adamastor por Tétis, não correspondido), a separação forçada (pela titanomaquia), a traição, o lamento pelo sonho frustrado, do qual o sofredor é constante e eternamente

recordado: « Enfim, minha grandíssima estatura, Neste remoto cabo converteram Os Deuses, e por mais dobradas mágoas, Me anda Tétis cercando destas águas».[5]

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Passado mais este obstáculo, os navegadores agora enfrentam a doença, particularmente o escorbuto, e um clima a que não estão habituados. Apesar de um acolhimento cordial dos povos da África do Sul, o desânimo também aumenta por não haver quem dê notícias sobre a Índia. Até que, depois de Moçambique e Mombaça, a narrativa termina com a alegria da chegada a Melinde.

O canto encerra com a admiração dos melindanos por toda a epopeia portuguesa, e a censura do poeta pela iliteracia dos seusconterrâneos. Pela boca de Vasco da Gama, que lhe empresta legitimidade, conta como os poderosos do mundo, especialmente gregos e romanos, eram amantes das letras. E lamenta que os seus contemporâneos desprezem alíngua, a poesia e o cantar e louvar de heróis e povos.

[editar ] Canto VI

Finda a narrativa de Vasco da Gama, e os festejos dos melindanos, a armada sai, guiada por um piloto que deverá guiá-la até Calecute.

Baco, vendo que os portugueses estão prestes a chegar à Índia, resolve pedir ajuda a Neptuno, que convoca um concílio dos deuses marinhos. A decisão destes é oposta à dos olímpicos, e assim ordenam a Éolo que solte os ventos  para fazer afundar a frota.

[editar ] Os doze de Inglaterra

Entretanto, os marinheiros matam despreocupadamente o tempo ouvindo Fernão Veloso contar o episódio lendário e cavaleiresco d'Os Doze de Ingl aterr a (estrofes 43 a 69):

 Nos tempos de D. João I, doze cavaleiros ingleses teriam ofendido a honra de doze damas inglesas, e lançado o desafio a quem quisesse defendê-las em um torneio. Uma vez que estes eram homens poderosos daInglaterra, não havia compatriotas que se atrevessem a enfrentá-los. Assim, o duque de Lencastre João de Gante lançou um apelo ao seu genro rei de Portugal.

Referências

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