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Finanças pessoais: um estudo com os Microempreendedores Individuais da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ– Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande

do Sul

DACEC – Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis,

Econômicas e da Comunicação

Curso de Administração

Trabalho de Conclusão de Curso

ALUNA: ANA CAROLINA KOLTERMANN MATURANA ORIENTADOR: PROF. DR. DANIEL KNEBEL BAGGIO

FINANÇAS PESSOAIS: um estudo com os

Microempreendedores Individuais da região Noroeste do

Estado do Rio Grande do Sul

Trabalho de Conclusão de Curso

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ALUNA: ANA CAROLINA KOLTERMANN MATURANA ORIENTADOR: PROF. DR. DANIEL KNEBEL BAGGIO

FINANÇAS PESSOAIS: um estudo com os

Microempreendedores Individuais da região Noroeste do

Estado do Rio Grande do Sul

Trabalho de Conclusão de Curso

Trabalho de Conclusão do Curso de Administração da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial à Conclusão de Curso e consequente obtenção de título de Bacharel em Administração.

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Não nos tornamos ricos graças ao que ganhamos, mas com o que não gastamos.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial a minha mãe e meu irmão que sempre estiveram ao meu lado opinando e incentivando. Ao meu noivo e colega que ao longo dessa jornada me prestou apoio, auxílio e companheirismo. Ao meu orientador Professor Dr. Daniel Baggio que me trouxe mais conhecimento através de orientações claras e de grande valor. Aos meus professores, em especial aos da área financeira que me inspiraram a buscar o aperfeiçoamento em finanças. À Unijuí e a Coordenadora Professora Stela Maris Enderli pela oportunidade de participar do projeto Negócio a Negócio. Aos empresários que se dispuseram a fazer parte desta pesquisa.

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FINANÇAS PESSOAIS: Um estudo com os Microempreendedores

da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.¹

Ana Carolina Koltermann Maturana²; Daniel Knebel Baggio³

¹ Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Administração da Unijuí ² Aluna do curso de Graduação em Administração da Unijuí,

ana.k.maturana@gmail.com

³ Professor orientador, doutor, de Graduação em Administração da Unijuí, baggiod@unijui.edu.br

Introdução: O conhecimento em finanças pessoais a partir da educação financeira é hoje necessário a todo indivíduo capaz de prover seu sustento. Através deste conhecimento o sujeito é capaz de gerir de maneira adequada suas receitas e despesas a fim de otimizar seus recursos fugindo do endividamento e do consumismo desnecessário. Silvestre (2010 pg. 19) afirma que “existem três importantes áreas de preocupação e ação em finanças pessoais: os investimentos, os gastos e as dívidas”. Como auxílio na administração das finanças pessoais faz-se uso do controle e planejamento. Gitman (2010) alega que é necessário desenvolver planos financeiros pessoais e definir metas, que tracem o caminho para chegar aos objetivos, para isso é preciso se concentrar no monitoramento das finanças, ou seja, nos controles. Os sujeitos desta pesquisa correspondem a uma modalidade empresarial denominada Microempreendedor Individual (MEI) que de acordo com o Portal do Empreendedor (2015) podem ter até um funcionário registrado e possuem limitação de faturamento anual de até R$ 60.000,00. Estes empresários são responsáveis pela administração de suas empresas bem como de suas finanças pessoais, sendo esta uma modalidade em constante crescimento no Brasil. Desta forma buscou-se conhecer através desta pesquisa qual o perfil financeiro dos Microempreendedores Individuais da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, o qual corresponde ao objetivo geral. Como objetivos específicos tem-se: Compreender o grau de conhecimento dos Microempreendedores Individuais sobre finanças pessoais; classificar e analisar os empresários a partir de suas rendas, custos de vida, investimentos e dívidas; identificar a utilização de ferramentas de auxílio à gestão financeira pessoal; e realizar análises comparativas dos perfis financeiros.

Metodologia: No que diz respeito aos procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, afirma-se que quanto à natureza é uma pesquisa básica. Do aspecto de abordagem foi uma pesquisa qualitativa e quantitativa. Em relação aos objetivos classifica-se como exploratória e descritiva. No que diz respeito aos seus procedimentos técnicos pesquisa bibliográfica, levantamento (survey) e pesquisa de campo. Os sujeitos da pesquisa foram os Microempreendedores da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, especificadamente dos municípios de Ijuí, Giruá,

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Ajuricaba e Guarani das Missões onde foram aplicados 100 questionários atendendo ao número definido pela amostra. Para a coleta de dados foram utilizados a pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, levantamento ou survey e questionário com perguntas estruturadas. A análise e interpretação dos dados se deu qualitativamente e quantitativamente, utilizando-se das ferramentas Google Forms,

Microsoft Word e Excel, para a definição do perfil financeiro foi utilizado a

nomenclatura do autor Reinaldo Domingos (2008), o qual desenvolveu a metodologia DSOP, o autor determina três possíveis perfis financeiros: endividados, equilibrados ou investidores.

Resultados: Quanto as características dos empresários, pode-se afirmar que apresentam gênero misto mantendo um equilíbrio neste quesito, na faixa etária 70% dos respondentes estão entre 21 e 50 anos, 53% possuem média escolaridade, porém 31% possuem baixa escolaridade. A maioria (73%) dos empresários entrevistados estão casados ou mantém contrato de união estável. O maior grupo de respondentes residem na cidade de Ijuí, seguido de Ajuricaba, Giruá e Guarani das Missões. Dos empresários 54% atuam no segmento do comércio, e 41% no segmento de serviços. O grupo de 73% dos empresários possui renda individual líquida de um a quatro salários mínimos. Quase metade, 48% dos entrevistados vivem com mais duas pessoas em sua residência onde 75% possuem renda familiar líquida de um a quatro salários mínimos. Em relação ao controle e planejamento financeiro constatou-se que a maioria dos empresários não realizam um controle sistemático de suas finanças pessoais, bem como, pouco mais da metade (55%) afirmam realizar o planejamento financeiro considerando receitas e despesas, e alguns projetam as sobras. A grande maioria não consegue separar as finanças pessoais das empresariais controlando as duas em conjunto, ou ainda não realizam nenhum controle das movimentações. Para o planejamento financeiro quatro itens se destacaram com maior importância para os empresários, sendo: pesquisar os melhores preços, comprar somente o essencial, evitar crediários/empréstimos e cheque especial, e eliminar qualquer desperdício. Quanto ao comportamento de consumo e dívidas destaca-se que a maioria dos empresários alegam realizarem compras por necessidade, possuem atualmente dívidas parceladas à curto ou médio prazo, onde o cartão de crédito e o crediário foram os mais citados como fonte dos parcelamentos. Apenas 29% dos empresários costumam guardar dinheiro para comprar bens duráveis à vista, o restante realiza parcelamentos e com isso acabam pagando juros, o financiamento bancário e o cartão de crédito foram as modalidades mais citadas pelos que alegam realizar parcelamentos. Grande parte dos respondentes afirmaram que seus rendimentos estão cobrindo suas despesas e possibilitando a compra de novos itens ou de realizar investimentos. No quesito hábito de poupar e investir, os empreendedores afirmaram destinar as sobras no final do mês em sua maioria para a poupança ou reinvestir na empresa, mas apenas uma pequena parcela de 22% afirmou todo o mês reservar uma quantia para economias, destes a maioria diz poupar até 5% de seus rendimentos, os demais o fazem apenas quando sobra ou não o realizam. O fator de maior importância ao

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fazer um investimento para a maioria dos respondentes é a segurança, por esse motivo a poupança é o investimento realizado pela maioria dos que realizam investimentos, outra parcela significativa afirma nunca realizar investimentos em produtos financeiros, os que investem geralmente aplicam a curto prazo. A maioria dos empresários não possuem uma reserva financeira para possíveis imprevistos, assim caso fosse necessário se manter somente com suas economias, a maioria não conseguiria fazê-lo por mais de seis meses, e deste grupo ainda, alguns não passariam de um mês. Sobre os empréstimos as respostas mais citadas diante de um gasto inesperado seria recorrer a amigos, parentes e conhecidos, ou resgatar aplicações financeiras. Quase metade dos empresários afirmam nunca terem solicitado um empréstimo, dos que solicitaram, o empréstimo pessoal foi o mais citado. Já em relação ao conhecimento em finanças pessoais, grande parte dos empresários dizem já terem buscado em algum momento informações sobre o assunto, concordam com a importância das finanças pessoais e se preocupam em gerir melhor o seu dinheiro. A partir destes dados se definiu o perfil financeiro da maioria dos empresários, estando enquadrados no perfil equilibrado. Este grupo costuma realizar o controle e planejamento financeiro sem precisão, não controlam todas as entradas e saídas de dinheiro e não definem objetivos e metas, costumam administrar as finanças pessoais em conjunto com as empresariais. Realizam compras por terem necessidade, possuem compras parceladas de curto a médio prazo e ao realizarem uma compra de bens duráveis fornecem uma entrada e parcelam o restante. Seus últimos rendimentos serviram para pagar as despesas e comprar algumas coisas. Não possuem o hábito de poupar mensalmente, mas quando sobra geralmente investem na empresa. Quando realizam aplicações, estas são destinadas ao curto prazo, e se perdessem seus rendimentos poderiam se manter com suas economias pelo período de um mês a até um ano. Ao necessitar de um empréstimo recorrem a amigos, familiares e conhecidos, quando solicitam um empréstimo bancário recorrem ao empréstimo pessoal ou crédito para MEI. Já buscaram saber sobre finanças pessoais, seja através de leituras, cursos ou palestras.

Conclusão: A pesquisa abordou a situação das finanças pessoais de um grupo específico de empresários, os MEI’s. Ao buscar conhecer o perfil financeiro dos empreendedores destacou-se o perfil equilibrado na maioria dos respondentes. Este perfil possui características que geram preocupação devido a falta de atenção com suas finanças pessoais, agindo sem planejar o futuro, e gastando todos os seus rendimentos. A partir disso sugere-se aos empresários maior atenção e dedicação às suas finanças pessoais. Através da aplicação do controle financeiro individualizado (pessoal e empresarial) a fim de conhecer as receitas e despesas de cada um. Após este conhecimento traçar um planejamento com vistas a obter uma reserva financeira para possíveis intercorrências, alcance dos sonhos, manutenção e investimento na empresa. Iniciando com a redução dos gastos e mantendo uma quantia ou percentual fixo para reservas. Por fim, buscar maiores informações quanto aos investimentos possíveis a fim de otimizar o dinheiro economizado. Com

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isso será possível atingir uma vida financeira saudável e equilibrada. Aos próximos estudos fica como sugestão a continuação desta pesquisa, acompanhando alguns empresários com o intuito de aplicar as sugestões realizadas ao perfil diagnosticado para melhorar a gestão de suas finanças pessoais. O estudo ainda pode ser repetido em outras localidades, ou outras modalidades empresariais para se realizar um comparativo com os resultados obtidos. Pode-se também aprofundar o questionário com o mesmo público, objetivando conhecer a fundo suas crenças, valores, e comportamentos que os levam a agir desta maneira.

Palavras-Chave: Finanças pessoais, Educação financeira, Microempreendedor Individual, Planejamento e Controle financeiro.

Referências Bibliográficas:

DOMINGOS, Reinaldo. Terapia Financeira: A educação financeira como método para realizar seus sonhos. São Paulo: Editora Gente, 2008. 136 p.

GITMAN, Lawrence J. Princípios da Administração Financeira. São Paulo: Pearson Prentice Hall. Tradução Allan Vidigal Hastings; Revisão técnica Jean Jacques Salim. 2010. 12ª Ed. 775 p.

PORTAL DO EMPREENDEDOR. O que é? Definição de Microempreendedor Individual – MEI. Disponível em: <http://www.portaldoempreendedor.gov.br/mei-microempreendedor-individual> Acesso em: 16 de jun. 2015.

SILVESTRE, Marcos. 12 Meses para enriquecer: O plano da virada. São Paulo: Lua de Papel, 2010. 301 p.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 01: Estado Civil ... 58

Gráfico 02: Cidade ... 59

Gráfico 03: Quantidade de pessoas que residem com o empresário X Quantidade de pessoas que geram renda ... 61

Gráfico 04: Renda familiar líquida ... 62

Gráfico 05: Controle das receitas e despesas pessoais ... 63

Gráfico 06: Planejamento financeiro ... 64

Gráfico 07: Como são controlados os gastos pessoais e empresariais ... 65

Gráfico 08: Hábito de refletir sobre suas finanças pessoais... 66

Gráfico 09: Componentes mais importantes para o planejamento financeiro . 66 Gráfico 10: Qual o motivo para comprar ... 68

Gráfico 11: Como geralmente compra artigos de bens duráveis ... 69

Gráfico 12: Como costuma parcelar as compras de bens duráveis ... 70

Gráfico 13: Destino dos rendimentos nos últimos meses ... 70

Gráfico 14: Destino das reservas no final do mês ... 72

Gráfico 15: Hábito de poupar dinheiro ... 73

Gráfico 16: Percentual poupado mensalmente ... 73

Gráfico 17: Fator de maior relevância ao realizar um investimento ... 74

Gráfico 18: Investimento em produtos financeiros ... 74

Gráfico 19: Prazo das aplicações ... 75

Gráfico 20: Período em que manteria com economias no caso de uma queda brusca de rendimentos ... 76

Gráfico 21: Reação diante de um gasto inesperado ... 77

Gráfico 22: Empréstimos ... 78

Gráfico 23: Busca por conhecimento em finanças pessoais ... 79

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 01: Planejamento e Orçamento ... 27

Quadro 02: Principais fontes de risco ... 39

Quadro 03: Vantagens e desvantagens da caderneta de poupança ... 42

Quadro 04: Fundo de investimento x Volatilidade ... 45

Quadro 05: Categoria de investidores ... 48

Tabela 01: Modelo de fluxo de caixa pessoal ... 28

Tabela 02: Capital x Tempo ... 37

Tabela 03: Exemplos de rentabilidade da caderneta de poupança ... 42

Tabela 04: Faixa etária ... 56

Tabela 05: Escolaridade ... 57

Tabela 06: Segmento empresarial ... 59

Tabela 07: Renda individual líquida ... 60

Tabela 08: Perfil financeiro quanto ao controle e planejamento financeiro ... 82

Tabela 09: Perfil financeiro quanto ao comportamento de consumo e dívidas 82 Tabela 10: Perfil financeiro quanto ao hábito de poupar e investimentos ... 83

Tabela 11: Perfil financeiro quanto aos empréstimos ... 84

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ... 3

RESUMO... 4

Lista de ilustrações ... 8

Lista de quadros e tabelas ... 9

INTRODUÇÃO ... 12 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DE ESTUDO ... 14 1.1 Tema de Estudo ... 14 1.2 Caracterização da Organização ... 14 1.3 Problema ... 15 1.4 Objetivos ... 16 1.4.1 Objetivo Geral ... 16 1.4.2 Objetivos Específicos ... 16 1.5 Justificativa ... 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 18 2.1 Administração financeira ... 18

2.2 Educação financeira e Finanças pessoais ... 19

2.3 Finanças comportamentais ... 21

2.4 Independência financeira ... 22

2.5 Planejamento financeiro ... 23

2.5.1 A importância do planejamento financeiro ... 25

2.6 Orçamento pessoal e Controle financeiro ... 26

2.6.1 A importância do orçamento pessoal e do controle financeiro ... 29

2.7 Renda ... 30

2.8 Despesas ... 31

2.9 Empréstimos ... 32

2.10 Investimentos ... 37

2.10.1 Características dos investimentos ... 38

2.10.2 Investimentos em renda fixa ... 41

2.10.2.1 Caderneta de poupança ... 41

2.10.2.2 Certificado de Depósito Bancário ou Recibo de Depósito Bancário .. 43

2.10.2.3 Fundos de investimentos ... 44

2.10.2.4 Tesouro direto ... 45

2.10.3 Investimentos em renda variável ... 45

2.10.3.1 Ações ... 46

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2.11 Perfil financeiro ... 49

3. METODOLOGIA ... 52

3.1 Classificação da Pesquisa ... 52

3.2 Sujeitos da pesquisa e Universo amostral ... 53

3.3 Coleta de dados ... 54

3.4 Interpretação dos dados ... 54

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 56

4.1 Dados do perfil ... 56

4.2 Dados financeiros ... 63

4.2.1 Planejamento e controle financeiro ... 63

4.2.2 Comportamento de consumo e dívidas ... 68

4.2.3 Hábito de poupar e investir ... 71

4.2.4 Empréstimos ... 77

4.2.5 Conhecimento em finanças pessoais ... 79

4.3 Análise comparativa dos perfis financeiros ... 81

CONCLUSÃO ... 87

REFERÊNCIAS ... 91

APÊNDICES ... 95

Apêndice A: Questionário ... 95

ANEXOS ... 100

Anexo A: Total de Empresas Optantes no SIMEI por município da Unidade Federativa RS ... 100

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INTRODUÇÃO

Durante o processo evolutivo da civilização humana a relação com o dinheiro foi tomando força e importância no dia-a-dia. Todo o indivíduo faz uso do dinheiro para realizar as atividades inerentes à sua existência. Essa convivência homem-dinheiro inicia-se já nos primeiros anos de vida, e as primeiras lições em relação ao seu uso são transmitidas pelo grupo familiar. Logo o indivíduo se insere em mais um grupo social, a escola, que lhe abre portas para outros grupos, onde é possível integrar mais conhecimento e experiência em relação ao uso do dinheiro.

A profissionalização exige que o indivíduo aprenda a lidar com os seus recursos financeiros. Pois a partir deste momento ele é capaz de produzir seu próprio provento e assim deve ser capaz de geri-lo. Sendo assim, a educação financeira é um grande diferencial para o desenvolvimento pessoal e profissional.

O saber lidar com o seu próprio dinheiro é determinante para o bom uso dos recursos financeiros, geralmente essa noção é adquirida através do conhecimento empírico. Fato esse que motiva o crescente número de inadimplentes e o endividamento da população em geral.

O Microempreendedor Individual, sujeito deste estudo, é um profissional que gera sua renda através da pessoa jurídica constituída por ele e algumas vezes com a colaboração de um funcionário. Este indivíduo é responsável pela gestão das finanças de sua empresa e suas finanças pessoais. Através desta pesquisa buscou-se conhecer como este profissional lida com suas finanças pessoais e qual é o buscou-seu perfil financeiro.

Desta forma, apresenta-se a pesquisa a qual refere-se ao Relatório do Trabalho de Conclusão do Curso e está estruturado da seguinte maneira: a primeira parte é composta de contextualização do estudo, onde é mencionado o tema de estudo, a caracterização da organização, o problema, os objetivos e a justificativa; Em seguida apresenta-se o referencial teórico o qual se subdivide nos temas: Administração financeira; Educação financeira e Finanças pessoais; Finanças comportamentais; Independência financeira; Planejamento financeiro; Orçamento pessoal e controle financeiro; Renda; Despesas; Empréstimos, Investimentos e Perfis financeiros. Metodologia onde está exposto a classificação da pesquisa, os sujeitos da pesquisa e universo amostral, como ocorreu a coleta de dados e a interpretação dos dados. Segue com a apresentação e análise dos dados o qual se

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subdivide em dados do perfil, dados financeiros e análise comparativa dos perfis financeiros. Por fim, a conclusão.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DE ESTUDO

Contextualizar um estudo remete o pesquisador: a) a apresentar o tema ou assunto desenvolvido; b) problematizar esse assunto, isto é, expor de forma clara, compreensível e operacional, qual a dúvida ou a dificuldade com que se defronta; c) formular os objetivos, geral e específicos, voltado a resposta ao problema; d) expor o porquê do estudo, relatando assim as justificativas.

1.1 Tema de Estudo

A administração financeira pessoal está diretamente ligada ao sucesso profissional de um indivíduo, considerando que se o mesmo apresentar sabedoria para gerir suas finanças poderá desenvolver riqueza ao longo da vida, e ao mesmo tempo através de decisões errôneas poderá endividar-se facilmente.

A administração financeira pessoal está ligada diretamente às decisões tomadas na alocação dos recursos adquiridos. Desta forma, a cada aumento de renda adquirido ao longo da vida aumenta o poder aquisitivo do indivíduo, porém não significa que este irá acumular patrimônio, este acúmulo está vinculado ao gerenciamento das finanças pessoais.

De acordo com o Banco Central do Brasil (2013, p. 4) “todo cidadão pode desenvolver habilidades para melhorar sua qualidade de vida e a de seus familiares, a partir de atitudes comportamentais e de conhecimentos básicos sobre gestão de finanças pessoais aplicados no seu dia a dia”.

Este estudo tem como tema central as Finanças Pessoais e foi desenvolvido a partir de dados coletados em quatro cidades da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul a fim de identificar o conhecimento em relação às finanças pessoais dos sujeitos, se existe aplicação prática do conhecimento existente e qual o perfil financeiro dos mesmos.

1.2 Caracterização da Organização

O estudo foi desenvolvido com os Microempreendedores Individuais (MEI’s) da região Noroeste do Rio Grande do Sul. De acordo com o site do Empreendedor (2015) o MEI é uma pessoa que trabalha por conta própria e registra sua empresa

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tornando-se legalizado. Os requisitos para ser enquadrado como MEI é de faturar no máximo até R$ 60.000,00 por ano e não ter participação em outra empresa (como sócio ou titular), podendo contratar um funcionário que recebe salário mínimo ou o piso da categoria. Foi a Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008 que criou condições especiais para que o trabalhador conhecido como informal possa se tornar um MEI legalizado.

As vantagens em se tornar MEI estão em ter um registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), que dá acesso à abertura de contas bancárias, solicitações de empréstimos, emissão de nota fiscal e participação em licitações. Através da contribuição o MEI tem direito a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros.

O MEI contribui com um valor fixo mensal estando enquadrado no Simples Nacional e fica isento de tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). O valor da contribuição é estipulado de acordo com setor de atuação do empresário, sendo R$ 40,40 para comércio e indústria, R$ 44,40 para prestação de serviços ou R$ 45,40 para comércio e serviços, este valor será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. O valor de contribuição é atualizado anualmente de acordo com o salário mínimo.

A região de abrangência da pesquisa foi o Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul especificamente os municípios de Ajuricaba, Ijuí, Giruá e Guarani das Missões. Segundo o Portal do Empreendedor (2015) os quatro municípios citados possuem 3.989 Microempreendedores Individuais inscritos no período de junho de 2015, conforme disposto no Anexo A. O município que possui maior número de MEI’s é Ijuí, seguido de Giruá, Guarani das Missões e por último Ajuricaba, o que justifica-se pelo tamanho das cidades, sendo que Ijuí é a maior em população dentre os municípios estudados.

1.3 Problema

O consumo exagerado e endividamento precoce são temas presentes no dia-a-dia da população brasileira, porém ainda é absorvido e praticado apenas pela minoria da população.

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O conhecimento de finanças pessoais bem como renda, despesas, dívidas e investimentos é necessário a todo indivíduo que queira administrar de forma coerente seus recursos financeiros e alocá-los da melhor maneira a fim de fugir do endividamento e manter um consumo consciente.

O Microempreendedor individual está sujeito à administração financeira de sua empresa e também das suas finanças pessoais. A maioria desenvolveu sua empresa de acordo com suas habilidades e/ou necessidade de prover seu sustento. Este estudo visa elucidar quão preparados estes empresários estão para gerenciar suas finanças pessoais, diante disto o problema orientador deste estudo corresponde ao seguinte questionamento: Qual o perfil financeiro dos Microempreendedores Individuais da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul?

1.4 Objetivos

Os objetivos do estudo estão separados em objetivo geral e específicos.

1.4.1 Objetivo Geral

Corresponde ao objetivo geral deste estudo identificar o perfil financeiro dos Microempreendedores Individuais da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

1.4.2 Objetivos Específicos

a) Compreender o grau de conhecimento dos Microempreendedores Individuais sobre finanças pessoais.

b) Classificar e analisar os empresários a partir de suas rendas, custos de vida, investimentos e dívidas.

c) Identificar a utilização de ferramentas de auxílio à gestão financeira pessoal. d) Realizar análises comparativas dos perfis financeiros.

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1.5 Justificativa

A maioria da população brasileira não busca estudar os conceitos e ensinamentos da educação financeira. Segundo Cerbasi (2013, p. 17-18) em questões de dinheiro, as pessoas procuram ajuda quando custará muito mais caro buscar a solução. Por esses motivos, mesmo tendo bons salários, profissionais podem comprometer os seus ganhos com gastos excessivos ou aplicações que não lhe trarão o retorno esperado no tempo determinado, frustrando-se com sua atividade e principalmente com a sua renda.

O conhecimento em finanças pessoais sempre foi necessário para o alcance dos objetivos individuais. No presente momento com a restrição econômica vivenciada no país essa afirmação tem ganhado força e torna-se indispensável o autoconhecimento de suas receitas e despesas para um melhor aproveitamento das mesmas.

Os Microempreendedores Individuais são pessoas que geralmente trabalham sozinhos e legalizaram sua atividade com o registro da empresa. Pode ser difícil a separação da movimentação financeira pessoal e empresarial, visto que para muitos destes empresários a pessoa física e jurídica são a mesma coisa.

Escolheu-se este público alvo como sujeitos da pesquisa por ser um segmente empresarial em crescimento constante no Brasil, por ser relativamente novo, pois foi regulamentado em 2008 e por não existirem estudos em finanças pessoais com este público.

A região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul foi definida como a delimitação demográfica de pesquisa pela localização da Unijuí, universidade pela qual a pesquisa se desenvolveu. Os municípios a serem pesquisados Ajuricaba, Ijuí, Giruá e Guarani das Missões foram definidos pela facilidade de acesso da autora com o público alvo nestes, pois a mesma participa do projeto Negócio a Negócio desenvolvido pelo Sebrae em parceria com a Unijuí e tem atuado principalmente nestes municípios.

Além disso, a autora tem interesse pessoal no desenvolvimento do assunto pois identifica-se e torna prazeroso o estudo do mesmo tornando possível colocar em prática os conceitos aprendidos no curso de Bacharelado em Administração da Unijuí, auxiliando a aprofundar o conhecimento na área de finanças pessoais e contribuindo assim para a formação acadêmica e profissional da autora.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capitulo é apresentado o referencial teórico utilizado para a fundamentação do estudo, sendo os temas abordados: Administração Financeira; Educação financeira e Finanças pessoais; Finanças comportamentais; Independência financeira; Planejamento financeiro; Orçamento pessoal e Controle financeiro; Renda; Despesas; Empréstimos e Investimentos.

2.1 Administração Financeira

A administração financeira engloba a gestão dos recursos disponíveis para o alcance do melhor resultado possível considerando os objetivos estipulados. Segundo Wilker (2013) a Administração Financeira enquanto ciência pode ser subdividida em três grandes segmentos: Finanças Corporativas, Mercado Financeiro e Finanças Pessoais.

O termo finanças pode ser definido como “a arte e a ciência de administrar o dinheiro”. Praticamente todas as pessoas físicas e jurídicas ganham ou levantam, gastam ou investem dinheiro. Finanças diz respeito ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre pessoas, empresas e órgãos governamentais. (GITMAN, 2010, p. 3).

Khun (2009, p.12) corrobora afirmando que administração financeira “é o processo administrativo enquanto se refere aos recursos financeiros da empresa. É qualquer ato administrativo ou de tomada de decisão que implica na obtenção e/ou na aplicação de recursos financeiros”.

Segundo Wilker (2013) a administração financeira é uma ciência que tem como propósito determinar a maneira mais eficiente para captação e alocação de capital. O autor acrescenta que isto não é o bastante, é necessário administrar os recursos para gerar resultados financeiros e econômicos, dos quais garantem a continuidade da empresa.

Em relação à administração financeira empresarial Braga (1989, p.31) afirma que “o objetivo primordial de cada empresa é o de maximizar a riqueza dos proprietários”. Sendo assim, as decisões da gestão financeira apresentam-se como um dos principais pontos para determinar o sucesso ou fracasso empresarial.

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Todos os administradores devem entender de finanças por mais que optem por atuar em outra área da gestão, Weston e Brigham (2000, p. 8) afirmam que existem “implicações financeiras em virtualmente todas as decisões empresariais, e os executivos não-financeiros simplesmente devem entender o bastante de finanças para trabalhar essas implicações em suas análises especificas”.

Gitman (2010) complementa afirmando que a área de finanças deve estar em constante contato com as demais áreas funcionais para que seja possível realizar previsões de receitas e despesas confiáveis e assim tomar decisões úteis.

Em equivalência Wilker (2013) afirma que é necessário ao administrador financeiro uma visão holística da empresa e de sua relação com o ambiente externo. O autor acredita que o conhecimento de técnicas e métricas financeiras isoladas se mostram insuficientes, é preciso o conhecimento dos valores e informações estratégicas para a tomada de decisões.

Gitman (2010) finaliza afirmando que o administrador financeiro está atuando no crescimento empresarial e melhoramento da posição competitiva através do desenvolvimento e implementação de estratégias empresariais.

2.2 Educação financeira e Finanças pessoais

Educação financeira é o conhecimento adquirido por um indivíduo a fim de aprimorar e aprofundar as técnicas utilizadas para gerir suas finanças. Para Silvestre (2010 pg. 19) “existem três importantes áreas de preocupação e ação em finanças pessoais: os investimentos, os gastos e as dívidas”.

Para Kiyosaki e Lechter (2000):

O dinheiro é uma forma de poder. Mais poderosa ainda, entretanto, é a instrução financeira. O dinheiro vem e vai, mas se você tiver sido educado quanto ao funcionamento do dinheiro, você adquire poder sobre ele e pode começar a construir riqueza (KIYOSAKI, LECHTER 2000, p. 26).

Santis (2015) acredita que a educação financeira é desenvolvida a partir do entendimento de valores pessoais, isto é, do que é essencial para trazer plenitude e felicidade a cada um. A autora complementa afirmando que a educação financeira é muito mais do que ensinar planilhas e conhecimentos técnicos, precisam ser

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consideradas as emoções, os valores, os sonhos e o significado do dinheiro que varia para cada pessoa. É um assunto muito mais comportamental do que técnico.

Oliveira (2015) corrobora afirmando que na educação financeira, o comportamento vem antes do dinheiro, tudo depende de quão empenhado o indivíduo está para alcançar suas metas, sejam sonhos materiais ou experiências.

Tosseti (2012, p. 29) afirma que “administrar bem as suas finanças diárias é apenas uma questão de criar e manter hábitos e rotinas fiscais saudáveis”. Para a autora ao se criar hábitos e rotinas fica mais fácil lidar com o dinheiro.

Silvestre (2010) explica que a consciência financeira evoluída pode ser definida como:

[...] um conjunto de bons hábitos financeiros, previamente absorvidos pela mente e profundamente assimilados em atitudes. Quando aplicados ao relacionamento diário com o dinheiro, esses bons hábitos governam as decisões de compra, consumo, endividamento e investimento rumo a uma vida melhor e mais realizada (SILVESTRE, 2010, pg.12).

Kiyosaki e Lechter (2000, p. 60) complementam afirmando que “a inteligência resolve problemas e gera dinheiro. O dinheiro sem a inteligência financeira é dinheiro que desaparece depressa”.

Para D’Aquino (2015) a educação financeira deve começar no início da fase infantil, onde o objetivo de educar as crianças em relação ao dinheiro deve ser o de levá-los a atingir a maturidade financeira. A autora define maturidade financeira como sendo a capacidade de adiar os desejos em função de futuros benefícios. E complementa afirmando que essa maturidade não é um processo natural do ser humano, a natureza é buscar a satisfazer imediatamente os desejos e necessidades.

Kiyosaki e Lechter (2000, p. 22) sustentam que “as escolas se concentram nas habilidades acadêmicas e profissionais mas não nas habilidades financeiras”. Os autores citam profissões renomadas como médicos, gerentes de bancos e contadores que culturalmente terão uma ótima renda, mas que sem o conhecimento de finanças pessoais podem nunca alcançar a estabilidade financeira.

SILVESTRE (2010) assevera que são seis as principais etapas da vida financeira, e cada fase apresenta uma dinâmica muito própria para o bom relacionamento com o dinheiro:

1ª Fase: CAPACITAÇÃO (até os 25 anos); 2ª Fase: CONSTRUÇÃO (25 a 35 anos);

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3ª Fase: CONQUISTA (35 a 45 anos); 4ª Fase: CONSOLIDAÇÃO (45 a 60 anos); 5ª Fase: SUPERAÇÃO: (60 a 80 anos);

6ª Fase: CONTEMPLAÇÃO (acima dos 80 anos).

Por fim, as finanças pessoais dizem respeito ao trato que cada indivíduo tem com seu dinheiro, essa relação é aprimorada através da educação financeira, que nada mais é que o conhecimento sobre si mesmo (autoconhecimento) e de mercado (tudo o mais que envolve dinheiro).

2.3 Finanças Comportamentais

Gitman (2010, p. 298) define finanças comportamentais como sendo um “crescente campo de pesquisa que se concentra no comportamento do investidor e em seu impacto nas decisões de investimento e nos preços das ações. Seus defensores são frequentemente chamados de ‘behavioristas’”.

As finanças comportamentais apresentam diversas teorias para ajudar a explicar como as emoções humanas afetam o processo de tomada de decisões financeiras. (GITMAN, 2010, p. 299). O autor explica estas teorias:

- Teoria do arrependimento: É a teoria aplicada às reações emocionais advindas de pessoas que perceberam que cometeram um erro de julgamento. Ao vender uma ação, por exemplo, o investidor é emocionalmente afetado pelo preço de compra da ação, caso ocorra uma venda com prejuízo, confirma-se que o investidor se equivocou ao calcular o preço da ação na compra. Ao considerar a venda da ação é cabível o questionamento “eu compraria esta ação hoje, se já não a tivesse?”. Se a resposta for negativa é o momento de vender. Esta teoria ainda se aplica a investidores que optam por não comprar uma ação que está sendo negociada a um preço muito mais alto, o correto seria avaliar a ação no momento presente, sem considerar o valor anterior.

- Comportamento de manada: Significa seguir o comportamento da maioria. O argumento que justifica esta atitude “é o que todo mundo está fazendo”. O autor explica que os investidores aceitam melhor a ideia de perder dinheiro com uma ação popular do que com uma ação desconhecida.

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- Compartimentos mentais: São arquivos de acontecimentos específicos que cada pessoa possui, a diferença entre estes arquivos pode afetar seu comportamento mais do que o acontecimento em si. O autor cita um exemplo no qual pesquisadores questionam a diversas pessoas “Você compraria um ingresso de R$ 20,00 no teatro, se percebesse, ao chegar lá, que perdeu uma cédula de R$ 20,00?” Cerca de 88% das pessoas afirmaram que sim. Em contrapartida, em um cenário diferente quando questionadas se comprariam um segundo ingresso de R$ 20,00 se ao chegar ao teatro percebessem que tinham esquecido em casa o ingresso comprado anteriormente pelo mesmo valor, apenas 40% dos entrevistados responderam afirmativo. Nos dois casos o gasto seria de R$ 40,00, porém a contabilidade mental leva a resultados diferentes. O compartilhamento mental também se aplica a resistência de investidores em vender ações das quais já ganharam dinheiro no passado, mas que no presente não geram tanto quanto o esperado.

- Teoria das perspectivas: Diz respeito ao diferente grau de emoções expressas pelas pessoas ao lidarem com perdas e ganhos. Geralmente os indivíduos incomodam-se mais com as perdas em potencial do que se alegram com a possibilidade de ganhos.

- Ancoragem: Os investidores tendem a dar mais importância a dados e informações recentes esquecendo-se de avaliar médias e probabilidades históricas de longo prazo. A ancoragem pode ser uma explicação para a longa duração dos períodos de mercados compradores.

2.4 Independência Financeira

Para Cerbasi (2013) a independência financeira é alcançada quando se vive de uma renda gerada através de aplicações e investimentos. Não importa se a partir desse momento o indivíduo optar por não mais trabalhar, ele terá uma renda vitalícia.

Kiyosaki e Lechter (2000) complementam afirmando que “a maioria das pessoas não percebe que na vida o que importa não é quanto dinheiro você ganha, mas quanto dinheiro você conserva” (KIYOSAKI, LECHTER, 2000, p. 60). Dessa forma os autores acreditam que qualquer pessoa, independente de renda ou idade pode alcançar a independência financeira.

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Uma vida de privações de consumo hoje para obter um patrimônio no futuro se torna desgastante e de difícil sustentação, é necessário encontrar um equilíbrio. Calil (2012, pg. 43) afirma que “é possível viver o presente com grande bem-estar sem deixar de criar um futuro confortável. E é possível enriquecer ao longo da vida. Para isso, é necessário fazer escolhas dentro do que é felicidade financeira”.

Cerbasi (2013) complementa afirmando que:

O primeiro passo para a independência financeira é gastar menos do que se ganha, controlando o orçamento doméstico. A seguir, traçar um plano que defina quanto poupar por mês, e durante quanto tempo, para chegar à renda que vocês pretendem ter na aposentadoria. Se, além disso conseguirem fazer sobrar mais do que precisavam para cumprir as metas do plano, no final do mês haverá dinheiro sobrando na conta (CERBASI, 2013, pg. 82).

Enfim, a independência financeira é um conceito particular que leva em consideração as emoções humanas, por isso, para ser alcançada cada indivíduo precisa conhecer a fundo suas necessidades, prioridades e valores. Este conhecimento facilita o desenvolvimento do planejamento e controle financeiro que auxilia a gerir os recursos em prol a atingir os objetivos estipulados.

2.5 Planejamento financeiro

Gitman (2010) alega que é necessário desenvolver planos financeiros pessoais (mapas) e definir metas (destino) que tracem o caminho para chegar aos objetivos e para isso é preciso se concentrar no monitoramento das finanças, ou seja, nos controles. “De modo geral as metas pessoais podem ser de curto prazo (um ano), médio prazo (dois a cinco anos), ou longo prazo (seis anos ou mais)” (GITMAN, 2010, p. 107).

Frezatti (2009) explica a tomada de decisões no processo de planejamento “implica optar por uma alternativa de ação em detrimento de outras disponíveis, em função de preferências, disponibilidades, grau de aceitação de risco etc. Nessa visão, decidir antecipadamente constitui-se em controlar o seu próprio futuro” (FREZATTI, 2009, p. 8).

Calil (2012) complementa lembrando o conceito de custo de oportunidade que deve ser levado em consideração no momento do planejamento “ao escolher fazer

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qualquer coisa na vida, você irá abrir mão de todas as outras possibilidades que poderia fazer naquele mesmo momento” (CALIL 2012, p. 93).

Silvestre (2010) acredita que a vida financeira é composta por fases evolutivas, onde cada fase possui desafios de planejamento e gestão do dinheiro bem particulares. Gitman (2010) complementa afirmando que as metas pessoais dependem da idade, da pessoa ou da família, e ainda irão se alterar ao longo do tempo conforme a situação individual for se modificando.

Calil (2012, p. 53) corrobora afirmando que “um bom planejamento financeiro para a felicidade precisa considerar o que acontece em cada fase da vida, pois há diferentes demandas, necessidades, estímulos e desejos”.

Para que se tenha um bom planejamento, é necessário saber aonde se quer chegar; é necessário internalizar a visão de futuro trazida pela perspectiva de realização do projeto e estabelecer metas claras e objetivas, as quais geralmente precisam de recursos financeiros para que sejam alcançadas ou para que ajudem a atingir objetivos maiores (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p.19).

Para Calil (2012, p. 93) é necessário antever para poder planejar como usar os recursos e o dinheiro que se consegue fazer/produzir, e esse planejamento precisa ficar alinhado com o que cada um julga ser felicidade financeira.

O planejamento financeiro possibilita consumir mais e melhor. Consumir “mais” por meio da potencialização do dinheiro e “melhor” via eliminação de desperdícios (BANCO DO BRASIL, 2013, p. 35).

De acordo com a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira) (2015) o planejamento financeiro é um dos fundamentos essenciais da Educação Financeira. Pois é através dele que se tomam decisões em relação ao consumo, poupança, investimento e proteção contra riscos, o que aumenta a possibilidade de se ter disponível os recursos financeiros para o financiamento das necessidades e realizações pessoais.

Kiyosaki e Lechter (2000, p. 73) compreendem que “raramente os problemas de dinheiro das pessoas são resolvidos com mais dinheiro”. Cerbasi (2013, p. 59) complementa alegando que “dificuldades financeiras são escolhas pessoais: vocês decidem tê-las quando ignoram a importância do planejamento financeiro”. Os autores creem que o planejamento é a base para a administração dos recursos

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pessoais, ao não fazê-lo as pessoas perdem o rumo e acabam gastando em itens desnecessários, ou pagando mais juros.

Para Cerbasi (2013, p. 69) os seguintes pontos são fundamentais no planejamento financeiro:

• Controle de gastos.

• Estabelecimento de metas.

• Disciplina com investimentos.

• Ajustes referentes à inflação e mudanças na renda.

• Administração do que se conquistou.

A inflação é uma ameaça que sempre joga contra você: enquanto se propõe a poupar certa quantia todos os meses, para acumular progressivamente o montante necessário para realizar o seu sonho, a inflação faz com que seu objeto de desejo vá subindo de valor, distanciando-o ainda mais de você (SILVESTRE, 2010, p. 116).

Cerbasi (2013, p. 153) explica a expressão “paguem-se primeiro” muito utilizada por autores de finanças pessoais: “diz respeito ao compromisso com um planejamento para garantir um futuro sem dificuldades financeiras e fazer o possível e o impossível para que o plano (financeiro) seja cumprido”. Já Kiyosaki e Lechter (2000, p. 160) afirmam ser “o poder da autodisciplina”. Os autores estão afirmando que para o cumprimento do plano é necessário ter a disciplina de primeiramente reservar o valor que foi estipulado para investir, para posteriormente pagar as contas e realizar novos gastos conforme o necessário e o previsto.

2.5.1 A importância do planejamento financeiro

Para Cerbasi (2013, p. 39) “o planejamento financeiro tem um objetivo muito maior do que simplesmente não ficar no vermelho. Mais importante do que conquistar um padrão de vida é mantê-lo, e é para isso que devemos planejar”. O autor ainda complementa afirmando que não há propósito em guardar dinheiro somente pela atitude de guardar e que a decisão do que fazer com ele é individual através das definições particulares de segurança, prazer e felicidade. Calil (2012) complementa afirmando que um planejamento financeiro de qualidade deve possibilitar um aumento em termos de patrimônio real.

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Pessoas que não definem o seu rumo são facilmente atraídas para o rumo alheio. Da mesma forma, se você não definir um rumo para o seu dinheiro, seu dinheiro encontrará uma rota pavimentada muito atraente construída por milhares de apelos de consumo que servem para levar seu dinheiro para o bolso de quem sabe atraí-lo, e não para materializar o que faz você feliz (CALIL, 2012, p. 51).

Cerbasi (2013) indica três motivos pelos quais muitas pessoas falham ao colocar o plano em prática: 1) Colocam sua vida pessoal em segundo plano em razão de exigências profissionais; 2) A burocrática rotina de controlar gastos e traçar estratégias não é tão prazerosa quanto às demais atividades do cotidiano, 3) A sedução do dinheiro, referindo-se ao consumo.

Para Calil (2012, p. 50) “O planejamento financeiro faz com que o dinheiro outrora desperdiçado passe a ser salvo de modo que gere lucros, fazendo mais dinheiro por meio do aproveitamento correto de juros”.

A importância do planejamento financeiro está na tomada de decisão do que fazer com os recursos próprios. A partir do planejamento o sujeito é obrigado a refletir sobre as possibilidades de alocação de sua renda e muitas vezes repensar os gastos desnecessários, a fim de atingir seus objetivos rapidamente. Assim o processo de planejar torna-se uma atividade constante e corriqueira na vida das pessoas a partir do momento que elas percebem o resultado atingido através do planejamento.

2.6 Orçamento pessoal e Controle financeiro

Gitman (2010, p. 113) afirma que “o orçamento pessoal é um relatório de planejamento financeiro de curto prazo que ajuda as pessoas ou famílias a atingir suas metas financeiras de curto prazo”. O autor explica que os orçamentos geralmente são realizados de maneira mensal e abrangem o ano inteiro.

Segundo os autores Oliveira, Perez Jr. e Siva (2005, p. 117) “o orçamento é o instrumento que traz a definição quantitativa dos objetivos e o detalhamento dos fatores necessários para atingi-los, assim como o controle do desempenho”.

Zdanowicz (2001, p. 23) corrobora afirmando que o “orçamento é a expressão quantitativa e qualitativa, em unidades físicas, medidas no tempo, dos valores monetários”.

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Quadro 01: Planejamento e Orçamento:

O que é planejamento O que é orçamento

É a definição de um futuro desejado e dos meios eficazes para alcançá-lo.

É a expressão monetária de um plano operacional.

É um processo de tomada de decisão por antecipação.

É a etapa final de um processo de planejamento.

É um processo orientado no sentido de produzir uma ou várias situações futuras.

É um compromisso de realização.

Envolve um conjunto de decisões interdependentes.

É um instrumento de acompanhamento e contínua avaliação do desempenho das atividades e dos departamentos. Fonte: Oliveira, Perez Jr. e Silva (2005, p. 117).

No quadro 01 os autores realizam um comparativo entre planejamento e orçamento realizando a interligação entre os dois processos. O planejamento como um plano para o futuro e o orçamento como a expressão deste plano em valores monetários para acompanhar o andamento do planejamento a fim de corrigir possíveis problemas ao longo de sua execução.

Planejar sem controlar é uma falácia e desperdício de tempo e energia. [...] O controle é fundamental para o entendimento do grau de desempenho atingido e quão próximo o resultado almejado se situou em relação ao planejado (FREZATTI, 2009, p. 18).

Banco Central do Brasil (2013) define orçamento como uma ferramenta de planejamento financeiro pessoal que contribui para a realização de sonhos e projetos. [...] “Por isso, é importante que toda movimentação de recursos financeiros, incluindo todas as receitas (rendas), todas as despesas (gastos) e todos os investimentos, esteja anotada e organizados” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 19)

Zdanowicz (2001) caracteriza o orçamento a partir de duas premissas básicas:

- Projeção para o futuro: Deve especificar o quanto e quando as ações/atividades serão realizadas, considerando o presente para projetar o futuro;

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- Flexibilidade na aplicação: O orçamento não pode ser estático e imutável no tempo, ele deve se adaptar ás mudanças na economia ou outros fatores que modificarem o resultado planejado.

O controle do orçamento pessoal pode ser realizado através do modelo de fluxo de caixa, o qual demonstra as entradas e saídas, a movimentação de dinheiro em determinado período. Gitman (2010) apresenta um modelo de fluxo de caixa pessoal em determinado mês:

Tabela 01: Modelo de fluxo de caixa pessoal

Valores

Item Entrada Saída

Recebimento líquido R$ 4.400 Aluguel R$ 1.200 Automóvel R$ 450 Serviços públicos R$ 300 Supermercado R$ 800 Roupas R$ 750 Restaurantes R$ 650 Combustível R$ 260 Juros recebidos R$ 220 Despesas diversas TOTAIS R$ 4.620 R$ 4.835 Fonte: Gitman (2010, p. 11).

Na tabela 01 Modelo de fluxo de caixa pessoal as saídas superaram as entradas do período, ou seja, ocorreu um déficit que pode ser percebido através do controle financeiro, neste caso será necessário decidir como irá cobrir estes gastos a mais se não houver reserva financeira, geralmente buscando um empréstimo ou parcelando a dívida.

Calil (2012, p. 96) finaliza sustentando que neste simples exercício de listar o que se gasta, é possível encontrar rapidamente oportunidades de gastar menos ou mesmo de melhorar a forma como gasta.

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2.6.1 A importância do orçamento pessoal e do controle financeiro

Zdanowicz (2001) assegura que são dois os principais objetivos do orçamento: o planejamento e o controle. O planejamento no sentido de estipular os objetivos e as ações a serem realizadas em determinado tempo para concretizar as metas. E o controle para avaliar os resultados obtidos, confrontando o planejado com o realizado, verificando os desvios e indicando ações corretivas quando cabíveis.

Cerbasi (2013) afirma que todos sabem quanto ganham e quanto gastam nas principais contas mensais, como aluguel, prestações, escola, transporte, supermercado. Mas muitos se assustam no fim do mês por que os pequenos gastos diários somam-se e criam um rombo no orçamento.

Para Silvestre (2010) o controle financeiro auxilia “ao que fazer quando o dinheiro já está no seu bolso, ou seja, como realizar desembolsos no dia a dia, com bom planejamento financeiro e autogestão competente de seus gastos” (SILVESTRE, 2010, p. 174).

Tosetti (2012, p. 168) assegura que uma das razões mais comuns pelas quais as pessoas atrasam suas contas é a falta de organização. Cerbasi (2013) complementa:

Quando vocês se propõem organizar e controlar com mais carinho sua vida financeira, o objetivo principal certamente é viabilizar a conquista de sonhos. Se tiverem sucesso nesta proposta, seguramente conquistarão o objetivo secundário de não sofrer com dificuldades financeiras (CERBASI, 2013, p. 74).

Para o Banco central do Brasil (2013, p. 20) a importância do orçamento pode ser definida como:

• conhecer a realidade financeira pessoal; • escolher os projetos;

• fazer o planejamento financeiro; • definir as prioridades;

• identificar e entender os hábitos de consumo; • organizar a vida financeira e patrimonial; • administrar imprevistos;

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O orçamento e controle financeiro tornam-se indispensáveis na aplicação do planejamento financeiro, ou mesmo na organização das finanças pessoais. Através dele se tem dados concretos de renda e gastos e pode-se tomar decisões a fim de otimizar os recursos disponíveis e minimizar os gastos desnecessários conseguindo atingir os objetivos de forma eficaz.

2.7 Renda

Fazer dinheiro nada mais é que a competência de produzir renda, e não apenas de consumi-la. O ponto de partida de qualquer atividade que envolva finanças é a renda (CALIL, 2012, p. 71). O autor ainda complementa afirmando que:

Os caminhos mais comuns para obter renda são as diversas formas de emprego e de empreendedorismo, mas não é só isso o que garante a renda de alguém. Qualquer trabalho gera renda, e essa é a mais digna maneira de viver em sociedade, ou seja, servindo-a com sua contribuição e sendo justamente compensado por ela (CALIL, 2012, p. 72).

Silvestre (2010) defende que existem três opções de fontes inovadoras e abundantes para aumentar sua renda a partir da renda que já possui: investimentos mais dinâmicos; gastos mais econômicos e dívidas mais prudentes.

Em geral, as pessoas naturalmente têm uma boa noção de onde vêm as suas receitas, pois esperam recebê-las pelo trabalho realizado, por algum investimento efetuado ou por benefícios recebidos. Quando o dinheiro vem como resultado do trabalho, as formas mais conhecidas são: salário, comissão de vendas, diárias, honorários, pró-labore, faturamento de prestação de serviços, vencimentos, subsídios. O dinheiro também pode ser resultado do rendimento de aplicações financeiras ou em bolsa de valores, planos de previdência social ou privada, prêmios de seguros, ou mesmo de aplicações não financeiras como aluguel de imóveis, herança, royalties, prêmios de loteria. Pode ainda ter como origem benefícios previdenciários ou assistenciais de programas sociais do governo (BANCO DO BRASIL, 2013, p. 19).

Para Kiyosaki e Lechter (2002) há três tipos de rendas diferentes:

- Rendimento do trabalho: é o que se recebe a partir de um emprego ou prestação de serviço. É o rendimento que possui maior alíquota de imposto de renda.

- Renda de portfólio: é a renda mais comum a partir de investimentos. Ex: ações, obrigações, fundos mútuos etc.

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- Renda passiva: geralmente é gerada por imóveis, mas pode ser também por patentes ou acordos de licenciamento.

Silvestre (2015) colabora afirmando que o trabalho é gerador de renda e riqueza. Tanto o trabalho braçal como o labor da inteligência são capazes de transformar recursos brutos em produtos lapidados, agregando valor a estes. Sem o trabalho não é possível prosperar.

Para a gestão dos recursos financeiros pessoais é impreterível o conhecimento da renda gerada em um determinado período, geralmente mensal. A partir deste dado se constitui o orçamento e controle financeiro concretizando e buscando atingir as metas do planejamento financeiro.

2.8 Despesas

Grande parte das saídas são visíveis, ou seja, são as grandes despesas que você faz, mas muitas não e atuam como se fossem vazamentos que ninguém enxerga, representadas pelos pequenos gastos (CALIL, 2012, pg. 57).

Calil (2012) complementa afirmando que quando se gasta mais do que recebe e não possui nenhuma reserva para isso gera-se uma dívida que precisa ser coberta. “São as famosas dívidas, já que não há recursos para pagar os gastos feitos”. (CALIL, 2012, pg. 58). Toda vez que consumimos algo e não pagamos naquele exato momento, estamos assumindo uma dívida (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013, p. 30).

Já Kiyosaki e Lechter (2000, p. 155) afirmam que “nossos hábitos de despesas refletem quem somos nós”.

A filosofia de que um aumento de salário significa que você pode comprar uma casa maior ou gastar mais é a base do atual endividamento da sociedade. Este processo de despesa crescente faz com que as famílias se endividem mais e tenham mais incerteza financeira, mesmo quando progridem no emprego e recebem aumentos salariais regulares (KIYOSAKI, LECHTER, 2000, pg. 80).

Silvestre (2015) define o mau e o bom gastador:

- O mau gastador: Se rende aos apelos de marketing e da sociedade para o consumo, não costuma planejar e acaba desperdiçando seu poder de compra. Costuma recorrer às dividas mal planejadas.

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- O bom gastador: Procura conhecer suas prioridades e possibilidades financeiras. Planeja suas compras e como irá gastar todo o valor recebido.

Atrelado às despesas estão os conceitos de consumismo e endividamento, Calil (2012) explica que:

O consumismo é uma bola de neve. Quem consome muito vai querer sempre consumir mais, para manter e aprimorar seu estilo de vida. Se a pessoa melhora sua condição financeira, acha que deve consumir mais para fazer jus ao novo status e conseguir manter-se nele (CALIL, 2012, p. 35).

Já sobre o endividamento o autor afirma que:

No Brasil hoje, muitas pessoas escolhem o caminho do endividamento para dar vazão aos seus desejos de consumo. Para isso, comprar a prazo, parcelam e consomem bastante financiando seus gastos. Isso significa que, enquanto estão pagando as dívidas, estão usufruindo daquela coisa ou bem, mas ainda não são seus donos (CALIL, 2012, p. 34).

As despesas fazem parte do dia-a-dia, o conhecimento do rumo dado à renda mensal é indispensável para a organização das finanças pessoais e aplicação do planejamento financeiro. Através deste conhecimento é possível melhorar o destino dado aos recursos financeiros, diminuindo os gastos necessários e investindo no que realmente vai fazer diferença na vida do indivíduo.

2.9 Empréstimos

Para o Banco Central do Brasil (2013) o crédito é uma fonte adicional de recursos que não são seus, mas que podem ser obtidos de terceiros como bancos, financeiras, cooperativas de crédito entre outros. [...] “Na visão de quem paga, os juros correspondem ao pagamento do “aluguel” pela utilização de recursos de terceiros, no caso, o dinheiro” (BANCO DO BRASIL, 2013, p. 25).

Silvestre (2010, p. 61) afirma que “o dinheiro que se gasta com juros pagos é um dinheiro que não se poderá gastar com nada mais concreto para sua qualidade de vida”. O autor defende a ideia do planejamento de longo prazo para compras de bens com maior valor monetário, evitando o pagamento de juros.

Segundo o Banco Central do Brasil (2013) as vantagens de se recorrer aos empréstimos são: antecipar o consumo; atender a emergências e aproveitar

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oportunidades. Já as desvantagens ao optar pelo empréstimo são: custo da antecipação do consumo com o uso do crédito implica em pagamento de juros; risco de endividamento excessivo e limitação do consumo futuro.

Existem variadas modalidades de empréstimos pessoais obtidos em diferentes situações e ambientes. Abaixo é apresentado as modalidades mais populares como as financeiras, o cartão de crédito, o cheque especial, o crédito direto ao consumidor, o empréstimo pessoal, o empréstimo cooperativo, o empréstimo trabalhador, a hipoteca de imóvel, o financiamento de automóveis e o financiamento imobiliário.

As financeiras praticam as taxas mais altas de empréstimo dentre as alternativas legais. “Não há má-fé nesse nível de taxa de juros, pois as financeiras servem para socorrer pessoas que não têm crédito ou já esgotaram seus limites de créditos” (CERBASI, 2013, p. 118).

Silvestre (2010, p. 256) corrobora sobre as financeiras: “dinheiro rápido e fácil, muitas vezes sem comprovação de renda, é a promessa desse pessoal. Tudo muito prático, ágil e...caro!”. As financeiras costumam fazer campanhas de marketing iludindo as pessoas com dinheiro fácil e rápido, não costumam comentar sobre o juro que será pago, o enfoque se detém ao valor da parcela. “Num país como o Brasil, cujo nível de instrução é muito baixo, trata-se de verdadeira exploração da ignorância”. (CERBASI, 2013. p. 118).

Os cartões de crédito também é um modelo de empréstimo disponibilizado por organizações financeiras. “A grande vantagem de seu uso está na concentração do pagamento das contas logo após o dia do recebimento do salário” (CERBASI, 2013. p. 118).

Assim funciona o cartão de crédito: pagou o mínimo, ou pagou qualquer valor menor que o total da sua fatura, o saldo restante será considerado automaticamente rolado por 30 dias, ou seja, terá seu pagamento postergado até o vencimento da próxima fatura. Essa rolagem será feita com a incidência de uma taxa de juros que raramente fica abaixo de 10% ao mês (SILVESTRE, 2010. p. 260).

O cartão de crédito pode ser uma ótima alternativa para compras a prazo de produtos com maior valor monetário. Porém, o controle dos pagamentos é indispensável para uma vida financeira saudável, o pagamento deve ser realizado no valor total da fatura para fugir dos juros altos previstos para pagamentos parciais.

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O ideal é realizar o planejamento antes de realizar a compra e não no momento do pagamento.

O único custo do cartão de crédito é a anuidade, taxa cobrada pela administradora do cartão e que muitas vezes se consegue negociar dependendo da relação pessoal com o banco ou instituição financeira. Segundo Gitman (2010, p. 157) “anuidade é uma série de fluxos de caixa periódicos iguais, ao longo de um determinado período de tempo. Esses fluxos de caixa costumam ser anuais, mas podem ocorrer intervalos diferentes como mensais [...]”.

Já o cheque especial é um recurso oferecido a clientes que possuem um bom relacionamento com o banco. É utilizado quando o cliente não possui dinheiro na sua conta corrente, mas mesmo assim largou cheques como compromisso de pagamento. Os juros deste empréstimo não se tornam atrativos quando comparados ao crédito pessoal. Segundo Silvestre (2010) a taxa de juro dessa modalidade de empréstimo pode ficar em torno de 8% ao mês.

Segundo Cerbasi (2013) o CDC (Crédito direto ao consumidor) é o tipo de financiamento oferecido por instituições financeiras por meio de grandes redes varejistas.

É o famoso crediário encontrado na maioria das lojas de eletrodomésticos, algumas lojas de roupas e calçados e até mesmo farmácias e mercados de pequeno porte. Quando não é pago em dia há incidência de juro sobre a parcela, esse juro é estipulado pela própria empresa de varejo onde foi realizada a compra.

O CDC torna-se atrativo para compras a prazo, geralmente com promessas de parcelas “sem juros”, mas que na verdade oferecem um preço mais baixo no pagamento à vista. É uma tentação ao consumismo onde deve ser analisado se a compra é realmente necessária naquele momento antes de utilizar o crédito simplesmente pelo fato de poder abrir um crediário.

O empréstimo pessoal segundo Cerbasi (2013) está:

Disponível a todos aqueles que têm conta-corrente em banco. Normalmente é necessário preencher uma ficha de avaliação para verificar a linha de crédito, que é o limite de recursos que o correntista pode tomar emprestado. Os juros praticados não são baixos, mas são bem menores que os do cheque especial (CERBASI, 2013, p. 119-120).

Cerbasi (2013) ainda complementa afirmando que as pessoas optam pelo cheque especial ao invés do empréstimo pessoal, mesmo o segundo tendo taxas de

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juros menores, por dois motivos: 1) é preciso contatar seu gerente e solicitar o crédito; 2) isto pode gerar certa intimidação ou vergonha, ao confessar para seu gerente que irá precisar de mais dinheiro.

O empréstimo cooperativo segundo Cerbasi (2013) é destinado a alguns segmentos profissionais e trabalhadores de algumas empresas que se reúnem em cooperativas de crédito ou bancos cooperativos a fim de obter melhores condições de juros.

No crédito cooperativo, que não é uma operação financeira comercial, pois não visa ao lucro, não se costuma falar de juros, mas de encargos. A vantagem é que tais encargos estão entre os mais baixos que se pode encontrar no mercado de crédito, e parte deles ainda servirá para remunerar o capital investido pelos próprios cooperados em sua cooperativa (SILVESTRE, 2010, p. 263-264).

Cerbasi (2013) corrobora afirmando que o perfil dos correntistas, os hábitos de captação de recursos e de investimento de uma instituição cooperativa é mais homogêneo isso faz com que o risco diminua e as taxas praticadas sejam menores. “Quem investe em fundos cooperativos não obtém boa rentabilidade, mas na hora de pedir empréstimo os juros são menores que os praticados nos empréstimos pessoais, pois o objetivo dessas instituições é garantir crédito a preço mais baixo para seus cooperados” (CERBASI, 2013, p. 120).

O empréstimo trabalhador é uma modalidade realizada pelo banco no qual o pagamento das parcelas está vinculado à folha de pagamento do tomador de crédito. Os juros geralmente são menores nesta modalidade de crédito, pois o banco não possui risco de inadimplência, no caso do trabalhador ser demitido a empresa arca com a dívida. Cerbasi (2013, p. 121) afirma que “os juros praticados dependem muito do porte e do relacionamento bancário da empresa, mas são bastante inferiores aos juros do empréstimo pessoal”.

Um modelo de empréstimo para quem já possui um imóvel quitado ou com a maior parte do financiamento pago é a hipoteca de imóvel. Segundo Cerbasi (2013) é uma modalidade em expansão:

Cresce no Brasil o empréstimo com garantia de imóvel, conhecido também como hipoteca, que, por contar com a garantia da propriedade, permite oferecer ao devedor juros que estão entre os mais baixos entre as modalidades de crédito. O funcionamento é simples: quem precisa do dinheiro aliena o imóvel em nome da instituição que empresta recursos, e

Referências

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