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Estudo de caso: efeitos do exercício físico na doença de Alzheimer

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (UNIJUÍ)

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO - DHE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CAMPUS IJUÍ

FERNANDO RAFAEL SANDRI

ESTUDO DE CASO: EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NA DOENÇA DE ALZHEIMER

IJUÍ - RS 2017

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FERNANDO RAFAEL SANDRI

ESTUDO DE CASO: EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NA DOENÇA DE ALZHEIMER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Educação Física da Unijuí - Campus Ijuí, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Orientadora: Ms. Stela Maris Stefanello Stefanello

IJUÍ - RS 2017

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À minha família, por sua capacidade de acreditar е investir em mim. Mãe, seu cuidado е dedicação proporcionaram, em alguns momentos, а esperança para seguir, especialmente no momento em que não mediu esforços me incentivando aos estudos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por conceder-me o presente maravilhoso que é a vida e me proporcionar todas as bênçãos como a saúde, paz, alegria e segurança.

À minha família, em especial à minha noiva que esteve sempre do meu lado me incentivando e ajudando de alguma forma e por todos os momentos que já passamos juntos, fazendo sempre parte da minha história.

À minha orientadora, pelo empenho e dedicação nos ensinamentos à elaboração deste trabalho e aos demais professores que durante a minha formação colaboraram para o meu crescimento pessoal e profissional.

A todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha formação, о meu muito obrigado.

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RESUMO

A doença de Alzheimer e o envelhecimento estão associados diretamente pelo fato da doença estar ligada a idade e por isso a idade é o principal fator de risco para o surgimento da doença. Independentemente de existir um aumento para que as pessoas se conscientizem na forma mais saudável do envelhecimento, a prevalência de ocorrências de doenças crônicas e degenerativas continua crescendo, destacando-se a Doença de Alzheimer (DA) a mais frequente. A presente pesquisa busca investigar através de um programa de exercícios físicos os benefícios para um idoso de 85 anos de idade com a doença de Alzheimer, buscando por meio de uma intervenção prática de três meses avaliar as mudanças nas alterações neurofisiológicas e comportamentais, se os exercícios são aliados ao tratamento não farmacológico da doença e a visão da cuidadora sobre o nível de atividades diárias desenvolvidas pelo paciente com a DA. É uma pesquisa fundamentada por autores como Burlá et al. (2014), Deslandes (2009), Franca et al. (2011), Hernández et al. (2010), Martelli (2013), entre outros, que estudam a importância do exercício físico como uma abordagem não farmacológica muito importante nas funções cognitivas, melhora na qualidade de vida, na capacidade funcional e a independência nas atividades de vida diária do idoso acometido pela DA. Destaca-se este trabalho, baseado em seus objetivos de estudo como uma pesquisa exploratória descritiva relacionada a um estudo de caso e tem seu aporte na modalidade de pesquisa quali-quantitativa devido à natureza do objeto em estudo. Através da intervenção do programa de exercícios físicos, obtivemos resultados benéficos com a manutenção das funções globais cognitivas e evolução na aptidão física em relação aos níveis anteriores, como na força muscular, resistência aeróbica, agilidade e equilíbrio dinâmico referente aos gráficos analisados. Dessa forma, o exercício físico pode ser sim um aliado no tratamento não farmacológico dessa doença, auxiliando na proteção dos declínios cognitivos e na manutenção das capacidades funcionais.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ilustração gráfica do teste de levantar da cadeira ... 23

Figura 2: Ilustração gráfica do teste de flexão de braço ... 24

Figura 3: Ilustração gráfica do teste de caminhada de 6 minutos ... 24

Figura 4: Ilustração gráfica do teste de sentar e alcançar os pés ... 25

Figura 5: Ilustração gráfica do teste de alcançar as costas ... 26

Figura 6: Ilustração gráfica do teste de levantar e caminhar ... 27

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Comportamento do idoso no teste Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em pontos ... 29 Gráfico 2: Comportamento do idoso no teste de Levantar da Cadeira avaliado em repetições31 Gráfico 3: Comportamento do idoso no teste de Flexão de Braço avaliado em repetições ... 31 Gráfico 4: Comportamento do idoso no teste de Caminhada de 6 Minutos avaliado em distância/metros ... 32 Gráfico 5: Comportamento do idoso no teste de Sentar e Alcançar os pés em centímetros .... 33 Gráfico 6: Comportamento do idoso no teste de Alcançar as costas em centímetros ... 34 Gráfico 7: Comportamento do idoso no teste de Levantar e Caminhar avaliado em tempo/segundos ... 34 Gráfico 8: Avaliação do idoso no Índice de Massa Corporal ... 35

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 REVISÃO DE LITERATURA ... 11

1.1 Processo de Envelhecimento ... 11

1.2 Doença de Alzheimer (DA) ... 14

1.3 Benefícios do exercício físico ... 16

2 DIMENSÕES METODOLÓGICAS ... 20

2.1 Tipo de pesquisa ... 20

2.2 Amostra da pesquisa ... 21

2.3 Procedimentos e instrumentos ... 21

2.4 Análise e interpretação dos dados ... 28

2.5 Questões éticas da pesquisa ... 28

3 RESULTADOS E DISCUSÕES ... 29

3.1 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) ... 29

3.2 Testes de Aptidão Física para Idosos (TAFI) ... 30

3.3 Índice de Katz- Escala de atividades de vida diária ... 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37

REFERÊNCIAS ... 38

APÊNDICES ... 41

APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 42

APÊNDICE 2 - ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA CUIDADOR (A) ... 43

APÊNDICE 3 – ANAMNESE PARA A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ... 44

APÊNDICE 4 - FICHA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ... 45

ANEXOS ... 46

ANEXO 1 - ÍNDICE DE KATZ – ESCALA DE ATIVIDADE DE VIDA DIÁRIA ... 47

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INTRODUÇÃO

É de fundamental importância evidenciar a doença de Alzheimer como uma das demências sem cura, onde na maioria das vezes suas vítimas são a população idosa. Desta forma, há uma incidência crescente desta patologia, que se agrava em virtude do aumento da expectativa de vida das pessoas. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ, 2017a) são aproximadamente 35,6 milhões de pessoas no mundo com a Doença de Alzheimer; no Brasil são cerca de 1,2 milhão de ocorrências, muitas ainda sem diagnóstico.

Na fase do envelhecimento as doenças neurodegenerativas se desenvolvem com mais facilidade e, neste sentido, a preparação para um envelhecer saudável é fundamental. A doença de Alzheimer e o envelhecimento estão associados diretamente em virtude de a doença estar relacionada à idade e, portanto, a idade é o principal fator de risco para o surgimento da doença. Nesta linha, a doença de Alzheimer é elencada como um problema crescente, pois em países com alta expectativa de vida cresce também o número de casos de pessoas com a patologia (MARTELLI, 2013).

A doença de Alzheimer é degenerativa, caracterizada pela perda neural avançada, significando uma perda progressiva da memória e declínio cognitivo em adultos (DESLANDES, 2009; MARTELLI, 2013). As demências ganham essa nomenclatura porque prejudicam consideravelmente a memória, comprometendo as funções cognitivas e provocando a perda funcional, debilitando a prática de atividades da vida diária, como desconhecer familiares e lugares que fazem parte do seu dia a dia (PRADO et al., 2007).

A Associação Brasileira de Alzheimer destaca que o comprometimento das funções cognitivas causado pelos declínios provocados pela doença afeta diretamente o funcionamento e o desempenho no desenvolvimento de qualquer trabalho. Cabe ressaltar, ainda, que esses aspectos estão associados a mudanças no comportamento e na personalidade do indivíduo (ABRAZ, 2017a).

Há uma relação benéfica entre o envelhecimento e um estilo de vida ativo. Adotar uma vida ativa ajuda na manutenção das capacidades funcionais, previne as doenças que surgem com o passar dos anos e ainda é destacada como de grande importância para o Alzheimer. Do mesmo modo, ter hábitos saudáveis é a principal fonte para a qualidade de vida. Como cita Deslandes (2009, p. 143), “o envelhecimento saudável é mais do que a ausência de doenças, é o completo bem-estar físico, mental e social”. Na mesma linha, o autor menciona que “o estilo de vida pode prevenir ou retardar o aparecimento de perdas funcionais e doenças relacionadas ao envelhecimento, embora algumas alterações fisiológicas, anatômicas e

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funcionais sejam inevitáveis durante o processo de envelhecimento” (DESLANDES, 2009, p. 143).

Muitos estudos explicam que praticar exercícios físicos regularmente tem um importante papel nas funções cognitivas. Deste modo, os estudos epidemiológicos afirmam que as pessoas que levam uma vida moderadamente ativa são menos propensas a serem acometidas por demências, se comparadas com pessoas sedentárias (ANTUNES et al., 2006). Nesta linha, Deslandes (2009) menciona uma menor prevalência/incidência sobre a doença de Alzheimer e menor declínio cognitivo sobre indivíduos ativos e que praticam atividades físicas regularmente.

Entretanto, a pesquisa busca a resposta da questão norteadora do estudo: os exercícios físicos podem proporcionar benefícios, promover alterações neurofisiológicas e comportamentais e serem aliados ao tratamento não farmacológico da doença de Alzheimer em um idoso?

A partir deste aspecto, busca-se investigar a doença de Alzheimer aliada ao tratamento não farmacológico, fundamentando a relevância dos benefícios da prática regular de exercícios físicos nas alterações neurofisiológicas e comportamentais ao paciente acometido pela doença de Alzheimer (DA). Este trabalho pretende evidenciar a importância de um programa de exercícios físicos a um idoso, sedentário, acometido pela doença.

Neste contexto, são objetivos específicos determinar através da observação os exercícios físicos que um idoso com a doença de Alzheimer consegue desempenhar; verificar se após um período de três meses de exercícios físicos, o mesmo desenvolveu melhorias na capacidade funcional através de testes; avaliar as funções específicas e globais cognitivas do idoso; e identificar a partir da visão da cuidadora, após a prática regular de exercícios físicos, se obteve alguma alteração comportamental na vida cotidiana deste indivíduo.

O trabalho foi organizado em três capítulos principais. O primeiro foi desenvolvido a partir de revisão de literatura; destacam-se assuntos referentes ao tema em estudo; sendo dividido em três subcapítulos, os quais relatam o processo de envelhecimento, contextualizam a doença de Alzheimer e relacionam os benefícios do exercício no tratamento desta doença.

O segundo capítulo está relacionado aos processos metodológicos da pesquisa. Neste momento foram descritos todos os passos desenvolvidos para a realização deste estudo. A divisão deste capítulo em cinco subtítulos apontou o tipo da pesquisa, a amostra, instrumentos e procedimentos, análise e interpretação dos dados e questões éticas.

O terceiro capítulo foi organizado para abordagem dos resultados e discussões da pesquisa. Trata-se do momento mais relevante do estudo em questão, descrevendo todos os

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resultados e discussões recorrentes da pesquisa, tanto qualitativos como quantitativos. Por fim, as considerações finais descrevem o fechamento das questões apresentadas durante a pesquisa.

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1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Processo de Envelhecimento

A expectativa de vida da população do Brasil e do mundo está aumentando cada vez mais. Segundo Argento (2010) alguns dos fatores que contribuem de forma significativa para esse aumento no Brasil são a queda da taxa de fecundidade e mortalidade, os avanços da medicina, as campanhas de vacinação, o saneamento básico e a melhoria das condições de vida da população. Então, devido ao fato da população de idosos estarem aumentando gradativamente, é importante que esses indivíduos envelheçam de forma saudável, vivendo com qualidade, praticando atividade física para prevenir a instabilidade articular ou até mesmo uma osteoporose.

No entanto, percebe-se que a realidade não condiz com essa perspectiva, uma vez que o sedentarismo está muito presente desde a faixa etária infantil até a dos idosos, podendo resultar em uma dependência funcional mais significativa. Os indivíduos não se alertam que “uma das características mais marcantes do processo de envelhecimento é o declínio gradual da capacidade de desempenho muscular” (FARINATTI, 2008a, p. 89) e por isso sofrem uma perda de massa magra significativa; consequentemente perdem força muscular, além do equilíbrio e flexibilidade, componentes importantíssimos da aptidão física dos seres humanos. O envelhecimento é um processo do desenvolvimento humano. É nesse contexto que Burlá et al. (2014, p. 88) ressalta que “envelhecer é um processo natural do crescimento do ser humano, que se inicia com o nascimento e termina com a morte”. Destaca-se aqui que o processo de envelhecimento é natural e não há possibilidade de evitar ou reverter. É uma fase em que o indivíduo se torna mais frágil, aparecendo declínios fisiológicos, funcionais e limitações. Esse processo está ligado a todos os seres vivos e é expresso pela perda da capacidade de adaptação e diminuição da funcionalidade (ROSA, 2012a).

Pensando no envelhecimento, Farinatti (2008c) descreve que cada pessoa se comporta de maneira diferente com o avanço da idade, construindo seu próprio envelhecimento e destacando variações biológicas e sociais. O autor destaca, ainda, que as teorias biológicas do humano são comparadas a máquinas: com o passar dos anos seu tempo de uso aumenta, acarretando problemas em suas funções, provocando falhas em seu sistema; essa identificação é associada com o declínio das funções do idoso. Já as teorias sociais mencionam que são “[...] padrões de comportamento adotados pela pessoa idosa” (FARINATTI, 2008c, p. 23).

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O ser humano é um todo, um ser integral como aborda Burlá et al. (2014), descrevendo que:

Todos os seus sentidos, emoções e órgãos do corpo estão intimamente inter-relacionados. Com a idade, mudanças na aparência e comportamento acontecem, mas não devem comprometer o valor da pessoa humana. A preocupação e o cuidado com os idosos não são diferentes da preocupação e cuidado correspondentes pela vida. Nossa filosofia de vida afeta diretamente os pensamentos, comportamentos e atitudes em relação ao idoso (BURLÁ et al., 2014, p. 89).

O avanço da idade desencadeia uma série de desgastes no organismo dos seres humanos, afetando suas principais funções, dentre as quais se destaca a força muscular como a mais prejudicada. Esta diminui gradativamente a cada década e afeta de forma significativa a qualidade de vida da população idosa, resultando na dificuldade de desempenhar atividades simples do seu dia-a-dia, além de perder sua própria independência, levando-a ao isolamento social (COSTA; HESPANHA, 2009).

Neste contexto, Rocha et al. (2009, p. 172) reforçam que a “diminuição e perda da força e resistência muscular por parte do idoso geram condições de fraqueza, desequilíbrio corporal e incoordenação motora [...] sendo um dos maiores problemas da senescência encontrada nos últimos tempos”, limitando ainda mais seus movimentos por temer quedas e suas possíveis consequências.

A diminuição da força muscular acontece devido à perda da massa muscular, que ocorre naturalmente com o passar dos anos (MATSUDO; MATSUDO; NETO, 2000). Salienta ainda os autores supracitados (p. 24): “entre os 25 e 65 anos de idade, há uma diminuição substancial da massa magra ou massa livre de gordura de 10 a 16%, por conta das perdas na massa óssea, no músculo esquelético e na água corporal total, que acontecem com o envelhecimento”. No entanto, o grande vilão que acelera esse desgaste muscular é o sedentarismo, pois a diminuição nos níveis de hormônio de crescimento decorrentes desse processo e a inatividade do indivíduo também são consideradas responsáveis pela perda seletiva da massa muscular (MATSUDO; MATSUDO; NETO, 2000).

A perda da massa muscular varia de indivíduo para indivíduo, uma vez que depende não apenas da genética, mas em grande parte do estilo de vida de cada um (SPIRDUSO, 2005). Nesse sentido, o autor supracitado reforça que cada indivíduo tem uma perda de força muscular específica decorrente da utilização que fez ao longo da vida. As pessoas precisam trabalhar para sobreviver e, dependendo da profissão ou da tarefa que desenvolvem, exigem mais de um músculo e menos de outro, conforme evidenciado na argumentação a seguir:

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Existem estudos demonstrando que os membros inferiores são mais afetados que os membros superiores Uma explicação possível é a diminuição do número de atividades nas quais as pernas realizam contrações que envolvam o desenvolvimento de níveis significativos de potência muscular, enquanto mãos e braços continuam a ser utilizados na maior parte das atividades cotidianas. Independente dos seus motivos, o declínio pronunciado na força dos membros inferiores associa-se a problemas funcionais sérios, como o aumento do risco de quedas e alterações desvantajosas do modelo de marcha (FARINATTI, 2008b, p. 90).

A partir deste aspecto, salienta ainda o autor (p. 93) que neste processo “a diminuição da força pode ser atribuída à perda de massa muscular e às alterações da capacidade dos músculos em produzir tensão ou por uma redução da ativação das suas unidades motoras, seja por modificações de suas características contráteis e/ou mecânicas”. Devido a esse déficit de força decorrente do envelhecimento, a eficiência dos passos desses indivíduos passa a ser prejudicada, assim como a realização de suas tarefas diárias, como transportar compras, sentar e levantar, subir e descer escadas, abrir potes etc.

Dessa forma, esse déficit pode ser uma das razões pelas quais os idosos sofrem muitas quedas. Além de a força ser menor, suas reações ocorrem de forma mais lenta e, deste modo, quando sofrem algum desequilíbrio não conseguem recuperá-lo novamente (FARINATTI, 2008b).

Ainda neste enfoque, para Kauffman (2001) destaca-se o declínio da resistência muscular, que também é fator contribuinte à perda funcional e à incapacitação nos idosos. Dessa maneira, esse declínio é comparado ao da redução de força máxima, as perdas da capacidade de resistência são mais sutis e gradativas, ficando os idosos mais expostos à fadiga ao executarem atividades que exigem o uso de força ou potência absoluta (FARINATTI, 2008b).

No decorrer da vida a preparação para envelhecer com saúde é fundamental. Para Deslandes (2009) o envelhecimento saudável vai além da ausência de doenças: também visa um bem-estar físico, mental e social, contribuindo para a qualidade de vida. No mesmo sentido, o autor menciona que adotando um estilo de vida saudável é possível ganhar na prevenção ou retardar as perdas das funções diárias e doenças que o envelhecimento acarreta, apesar das alterações neurofisiológicas serem inevitáveis, surgindo com o passar do tempo.

Por esse motivo, os seres humanos deveriam investir em um estilo de vida mais ativo e alimentar-se corretamente para obter uma melhora em sua qualidade de vida e, consequentemente, um envelhecimento sadio. Essa é uma forma eficaz de prevenir o surgimento de certas patologias relacionadas ao sedentarismo e na fase do envelhecimento, que reduzem a capacidade funcional dos idosos. O processo de envelhecimento é inevitável,

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porém é possível escolher entre um envelhecimento saudável ou patológico, dependendo exclusivamente do estilo de vida adotado.

1.2 Doença de Alzheimer (DA)

Além de existir uma crescente conscientização da população sobre a forma mais saudável de chegar ao envelhecimento, a prevalência de ocorrências de doenças neurodegenerativas nesta fase continua crescendo (FRANCA et al., 2011). A doença de Alzheimer é caracterizada como uma doença neurodegenerativa que predomina no idoso e tem como principal característica o declínio cognitivo avançado (COELHO, 2013). Ainda neste enfoque, é destacável salientar que “inicialmente o paciente apresenta déficits da memória recente e, com a evolução da doença, ocorre declínio da atenção, das funções executivas, linguagem, raciocínio, orientação temporal, entre outros domínios cognitivos” (COELHO, 2013, p. 147).

A doença de Alzheimer recebe a nomenclatura e é relatada em 1906 pelo médico Alois Alzheimer, que descreveu o caso de uma paciente. Sua descrição relata o caso de uma mulher com 51 anos de idade com perda de memória progressiva, casos de desorientação de tempo e espaço e dificuldades de se expressar e compreender linguagens. Após a morte de sua paciente, Dr. Alzheimer investigou seu cérebro e relatou as alterações conhecidas hoje como características da doença de Alzheimer (ABRAZ, 2017b).

A doença de Alzheimer (DA) é degenerativa, caracterizada por perda neural avançada, significando uma perda progressiva da memória e ainda causa de declínio cognitivo em adultos (MARTELLI, 2013). Esta patologia “é a forma mais comum de demência, respondendo por 60% a 70% dos casos, não tem cura e não existem tratamentos aprovados que impeçam a progressão dos sintomas” (BURLÁ et al., 2014, p. 90).

Para Deslandes (2009, p. 148) a “[...] doença degenerativa é caracterizada pelo aumento na formação de plaquetas a amilóides, perda neuronal acelerada em áreas específicas (hipocampo), diminuição de função colinérgica e declínio cognitivo”; da mesma forma, o autor destaca que os fatores externos influenciam no desenvolvimento da doença. Outro fator destacável é a hereditariedade, além dos fatores genéticos e os fatores externos, que agravam a incidência desta patologia.

A DA é conhecida pela perda da memória, acompanhada de alterações na cognição e nos comportamentos neurofisiológicos (MARTELLI, 2013). No mesmo estudo o autor cita que “o transtorno da memória afeta também os processos de aprendizado e evocação, com

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diminuição na aquisição de novas informações e uma piora progressiva, até não haver mais qualquer aprendizado novo” (MARTELLI, 2013, p. 51).

As demências ganham essa nomenclatura porque prejudicam consideravelmente a memória do paciente, comprometendo as funções cognitivas. Ainda são capazes de provocar a perda funcional, debilitando a prática de atividades da vida diária e/ou desconhecendo familiares e lugares que fazem parte do seu dia a dia (PRADO et al., 2007).

Nesse sentido, Coelho (2013) ressalta que os distúrbios neuropsiquiátricos são sintomas relacionados ao comportamento do paciente. Salienta ainda o autor supracitado que os distúrbios mais aparentes no paciente com a doença de Alzheimer são:

Depressão, distúrbios do sono, ansiedade, delírio, alucinação, agitação, desinibição, agressão, euforia, apatia, irritabilidade e alterações de apetite. Essas alterações na doença de Alzheimer ocasionam o comprometimento das atividades de vida diária. Primeiramente são afetadas as atividades instrumentais, tais como fazer compras, dirigir, preparar uma refeição, lidar com dinheiro, tomar medicamentos. E com a progressão da doença ocorre um prejuízo nas atividades básicas da vida diária como tomar banho, alimentar-se, higiene pessoal, vestir-se, entre outros (COELHO, 2013, p. 147).

Cabe ressaltar ainda que, na doença de Alzheimer, os componentes da capacidade funcional como a força, o equilíbrio, a flexibilidade, a agilidade e a coordenação motora ficam comprometidos devido aos declínios cognitivos progressivos que ocorrem nesta fase (COELHO, 2013). É oportuno destacar que essas alterações na mobilidade e nas capacidades funcionais estão diretamente ligadas a uma grande probabilidade do risco de quedas, como destaca Coelho (2013, p. 147): para pacientes com a DA o risco de quedas é “[...] três vezes mais frequentes [...] quando comparados com idosos neurologicamente saudáveis”.

Na opinião de Burlá et al. (2014) é oportuno destacar que o diagnóstico da doença de Alzheimer pode ser descrito quando há um declínio cognitivo ou no comportamento que interferem no funcionamento e desempenho das atividades neurofisiológicas e comportamentais nas atividades diárias da vida. Para um diagnóstico de DA ser definitivamente comprovado, pode ser feito uma análise histopatológica de tecido cerebral após o óbito (DESLANDES, 2010; MARTELLI, 2013).

A demência é diagnosticada quando há sintomas cognitivos ou comportamentais que interferem com a habilidade no trabalho ou nas atividades básicas da vida diária e que necessariamente representam declínio em relação a níveis prévios de funcionamento e desempenho (BURLÁ et al., 2014, p. 90).

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Com isso, os autores associam a doença de Alzheimer ao envelhecimento e a principal prevalência/incidência desta patologia é associada à idade. Entretanto, cabe ressaltar a importância do estilo de vida das pessoas: adotar hábitos saudáveis durante a passagem da vida permite o envelhecimento com mais saúde, tardando ou até prevenindo a doença de Alzheimer.

1.3 Benefícios do exercício físico

A atividade física, a qualidade de vida e a saúde são bastante abordadas em diversos estudos e estão diretamente relacionadas. Através das pesquisas, a afirmação de um envelhecimento saudável é evidenciada com a realização regular de atividade física e uma frequência ativa no estilo de vida do indivíduo, estando relacionada ao aumento na capacidade funcional e na qualidade de vida, contribuindo beneficamente para a saúde dos idosos (GARUFFI et al., 2011).

A atividade física é muito destacada e de grande importância na vida das pessoas, como aponta os estudos de Ferreira e Catelan-Mainardes (2013). Os autores evidenciam que um estilo de vida ativo pode promover bem-estar e qualidade de vida, proporcionando melhorias nas capacidades físicas, motoras e sociais. Nesta linha, o exercício físico ajuda positivamente nas funções cognitivas, como a atenção, a percepção, o raciocínio e a memória, contribuindo na melhora do fluxo sanguíneo do cérebro, na oxigenação cerebral e ganhando em velocidade de processamento cognitivo. O exercício físico também é benéfico aos idosos na promoção no ganho dos níveis de neurotransmissores e um aumento na flexibilidade mental e atencional (FERREIRA; CATELAN-MAINARDES, 2013).

Os benefícios do exercício físico no tratamento não farmacológico na doença de Alzheimer sãoevidenciados em diversos estudos, como Andrade (2014), Ferreira e Catelan-Mainardes (2013), Garuffi et al. (2011), Hernández et al. (2010) entre outros, que apontam resultados não curativos, mas com efeitos positivos, agindo na cognição, diminuindo os distúrbios de comportamento e melhorando as funções cognitivas e atividades de vida diária sobre o portador desta patologia.

Em sua pesquisa, Deslandes (2009) relaciona uma melhora na cognição e na perfusão aumentando o metabolismo cerebral que é gerado pelo exercício e cita que:

Na Doença de Alzheimer há uma diminuição do metabolismo de glicose e hipoperfusão em áreas do córtex temporo-parietal. Mais especificamente, pacientes de Alzheimer teriam uma menor perfusão em áreas do circuito amígdala hipocampo,

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córtex cingulado anterior e posterior e tálamo anterior. O declínio cognitivo é correlacionado significativamente com a hipoperfusão em DA. Um dos mecanismos possíveis seria uma disfunção do óxido nítrico, resultando em alteração da hemodinâmica e da função dos neurotransmissores. A atividade física atuaria melhorando a perfusão cerebral através do aumento da produção de óxido nítrico, além de um aumento da atividade antiinflamatória e aumento da produção de acetilcolina (EGGERMONT et al., apud DESLANDES, 2009, p. 149).

A ligação do exercício físico com a doença de Alzheimer tem uma grande importância. Andrade (2014) ressalta que o exercício age contribuindo para a proteção, evitando um avanço da doença, destacando sua contribuição nas funções cognitivas dos pacientes, mesmo em quadros avançados da doença.

Ainda neste enfoque, o tratamento não farmacológico, que são os exercícios físicos,

[...] deveriam fazer parte do estilo de vida das pessoas, inclusive daquelas cognitiva e funcionalmente preservadas. No entanto, eles também poderiam ser direcionados a pacientes que já tenham a DA, e deveriam ser a eles disponibilizados o mais precoce possível. Ou seja, neste caso, deveriam ser incorporados ao tratamento quando os pacientes ainda estivessem em níveis iniciais da demência, preferencialmente, na fase prodrômica da evolução clínica, ou seja, quando os sintomas começassem a surgir (ANDRADE, 2014, p. 19).

Em uma pesquisa realizada por Hernández et al. (2010) se constatou que participantes de um programa de exercício físico conseguiram resultados benéficos para a cognição, no equilíbrio e uma baixa no risco de quedas, quando comparados com pacientes que não praticaram o programa. Assim, afirma-se que o exercício físico praticado regularmente pode ser uma intervenção prática não farmacológica para os benefícios recorrentes desta patologia aplicados aos declínios cognitivos e motor (HERNÁNDEZ et al., 2010).

Para Martelli (2013, p. 51) a “prática regular de atividade física tem proporcionado impacto benéfico na atenuação do declínio cognitivo e na melhora dos distúrbios de comportamento em pacientes com DA”. A importância da atividade física ou do exercício físico recebe um valor considerável devido aos seus benefícios sobre os efeitos de reduzir as perdas cognitivas que são causadas pelo envelhecimento durante o decorrer da vida (FRANCA et al., 2011).

Cabe ressaltar ainda que Franca et al. (2011) avaliaram os benefícios do exercício físico em um paciente portador da doença de Alzheimer, realizando uma entrevista semi estruturada. Participaram da entrevista o paciente portador de Alzheimer, a cuidadora e o personal trainer; as perguntas tinham relação com os benefícios gerados com a prática do exercício físico. Constataram que, para um paciente acometido pela doença de Alzheimer, a prática de exercícios físicos regularmente proporcionou melhora no seu cotidiano,

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favorecendo as atividades da vida diária, na qual se considera a fala do paciente (FRANCA et al., 2011).

Antunes et al. (2006) em seu estudo, entendem que o exercício físico interfere na boa forma da cognição de diferentes modos:

[...] em função do aumento nos níveis dos neurotransmissores e por mudanças em estruturas cerebrais (isso seria evidenciado na comparação de indivíduos fisicamente ativos x sedentários); pela melhora cognitiva observada em indivíduos com prejuízo mental (baseado na comparação com indivíduos saudáveis); na melhora limitada obtida por indivíduos idosos, em função de uma menor flexibilidade mental/atencional quando comparado com um grupo jovem (ANTUNES et al., 2006, p. 110).

O exercício físico tem ação sobre a função cognitiva como menciona Antunes et al. (2006), citando que as ações podem ser diretas, pois agem resultando em um aumento na velocidade no processo cognitivo, desenvolvendo uma melhor circulação cerebral e alterações positivas nos níveis de neurotransmissores e destacando como indiretas as que agem diminuindo a pressão arterial, baixando os níveis de LDL e triglicerídeos na corrente sanguínea; essas sim proporcionam uma melhor qualidade de vida, aumentando a capacidade funcional geral.

Tem se visto vários estudos que apontam o estilo de vida ativo como uma boa intervenção adotada pelos indivíduos portadores desta patologia, proporcionando uma diminuição no declínio cognitivo. Para a população com a doença de Alzheimer, Martelli (2013) e Santos (2014) relacionam a contribuição benéfica de exercícios físicos na cognição do paciente, principalmente na atenção, funções de linguagem e memória.

De acordo com a pesquisa realizada por Martelli (2013) ainda não é o bastante o que a literatura traz sobre as respostas não farmacológicas do tratamento da doença de Alzheimer ligadas à atividade física, mencionando que não há muitas discussões sobre quais métodos estão ligados para um melhor tratamento desta patologia. Por outro lado, Deslandes (2009) destaca o exercício físico como uma das cinco práticas fundamentais na prevenção da doença de Alzheimer, associando a melhora cognitiva ao aumento da perfusão e do metabolismo cerebral gerada pelo exercício.

Mesmo não existindo muitas pesquisas relacionadas aos benefícios do exercício físico com portadores de Alzheimer, é oportuno destacar que um estilo de vida ativo é um fator de proteção importante para o não desenvolvimento das doenças crônico-degenerativas, regulando as respostas inflamatórias relacionadas a essas doenças (ANTUNES et al., 2006; DESLANDES, 2009; MARTELLI, 2013).

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Um estilo de vida ativo contribui para a qualidade de vida destes indivíduos, favorecendo diversos benefícios neurológicos na memória e na atenção, além de benefícios fisiológicos, como aumento da força muscular, melhora do equilíbrio, coordenação e flexibilidade, ajudando diretamente no aumento da independência nas atividades de vida diária destes indivíduos e retardando os declínios funcionais que esses pacientes desenvolvem com a doença (FERREIRA; CATELAN-MAINARDES, 2013; GARUFFI et al., 2011; HERNÁNDES et al., 2010).

Por esse motivo, a prática de exercício físico durante o envelhecimento é considerada fundamental, pois influencia significativamente a independência do idoso, que passa a utilizar mais os grupos musculares que estavam em desuso prevenindo ou revertendo a perda de força muscular e obtendo a capacidade de realizar suas tarefas de forma autônoma (RIBEIRO; GARCIA, 2014). Isso mostra que não só no envelhecimento, mas em todo o decorrer da vida é importante adotar um estilo de vida ativo para prevenir o surgimento de doenças crônicas e reduzir os gastos com tratamentos médicos, que acabam se tornando desnecessários (MEES, 2010).

Portanto, se o envelhecimento é uma causa natural e irreversível, as pessoas deveriam se preocupar mais em manterem um estilo de vida ativo, independentemente de qualquer patologia, no lugar de ficar esperando a vida passar, enquanto o corpo sofre degenerações até comprometer sua saúde física, mental e social. Além disso, muitas vezes o sedentarismo surge por falta de informação e motivação. Os idosos deveriam ser mais incentivados e alertados sobre a importância das práticas de atividades físicas para manterem-se saudáveis, o que aumentaria consideravelmente a qualidade de vida da população nessa faixa etária.

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2 DIMENSÕES METODOLÓGICAS

2.1 Tipo de pesquisa

Esta pesquisa tem seu aporte na modalidade de pesquisa quali-quantitativa devido à natureza do objeto em estudo. A pesquisa qualitativa investiga e interpreta a experiência de sujeitos, “pertence ao plano das construções subjetivas, imersas em relações sociais, e não mera aplicação de técnicas” (BOSI, 2012, p. 580). A pesquisa quantitativa traduz em números e utilizam-se métodos estatísticos para organizar e analisar dados, opiniões e informações (PROANOV; FREITAS, 2013).

Destaca-se este trabalho baseado em seus objetivos de estudo como uma pesquisa exploratória descritiva relacionada a um estudo de caso, pois busca aprofundar detalhadamente os objetos que norteiam o estudo. Para Gil (2010, p. 37) o estudo de caso é “[...] profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”, esclarecendo a pesquisa.

Os estudos de caso, de forma geral, se inserem no contexto de pesquisa quando são elaboradas questões que buscam os significados de “como” e “por que” dos fatos. Nesta linha Yin (2001, p. 19) salienta que, em uma pesquisa de estudo de caso “o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos” e “[...] o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real”, desde modo, adequado à pesquisa em questão

As pesquisas exploratórias, como o nome já relaciona, têm como objetivo a forma de explorar ao máximo o problema de pesquisa, proporcionando amplitude e transparência sobre o assunto em estudo. Nesta mesma linha, “pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições” (GIL, 2010, p. 41).

Este estudo também se caracteriza de forma descritiva, na qual a pesquisa é desenvolvida como principal objetivo na descrição dos fatos e fenômenos, apontando as características encontradas no estudo. Uma característica que é destacada nesta pesquisa por Gil (2010) é o uso de técnicas com padrões para coleta de dados, como o questionário e a observação estruturada. Ainda, o mesmo autor destaca que as pesquisas descritivas são realizadas pelos pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática.

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2.2 Amostra da pesquisa

Para o estudo de caso optou-se por um idoso e sedentário portador da doença de Alzheimer e sua cuidadora que reside com o sujeito na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Os sujeitos foram selecionados de forma voluntária e aleatoriamente, concordaram verbalmente em participar da pesquisa e assim assinaram os termos de consentimento para aprovarem suas participações.

O senhor idoso com Alzheimer têm 85 anos de idade, mora com sua esposa que é também sua cuidadora, residem sozinhos em uma casa e possuem cinco filhos, com os quais mantém relacionamento constantemente. O idoso passa a maior parte do tempo deitado em sua cama, levanta-se pouco, apenas para comer e fazer suas necessidades. Ficou mais dependente com o avanço da idade e depois que parou de frequentar os bailes que participava todos os domingos, diante relato da sua esposa.

Sobre os aspectos neurológicos e funcionais do idoso, apresenta falhas de memória, confusão mental, causando desorientações de tempo e espaço, incapacidade frente às atividades da vida diária como tomar banho e vestir-se, sendo dependente na maioria de suas atividades.

Já referente à cuidadora, também esposa, que reside a mais de 50 anos com o indivíduo com demência, optou-se por aplicar um questionário antes e após as intervenções com intuito de recolher alguns dados pertinentes do estado atual da condição física e psicossocial nas atividades diárias do paciente com Alzheimer. Como destaca Franca et al. (2011) a observação da evolução das atividades da vida diária é um meio muito útil ao avaliar clinicamente a melhora no tratamento da doença de Alzheimer.

2.3 Procedimentos e instrumentos

Para o inicio da pesquisa, o contato com os participantes foi de forma presencial. Desloquei-me até a residência e marcamos um dia para conversarmos sobre o que seria o estudo. Após isso, fui novamente até o local e iniciei a pesquisa informando-lhes os objetivos e explicando detalhadamente as suas participações. Dessa maneira, a pesquisa manifestou a participação do idoso com Alzheimer e sua cuidadora.

O participante idoso e sua cuidadora foram convidados a participarem por meio do Termo de Consentimento Livre E Esclarecido (Apêndice 1), explicado mais adiante nas

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questões éticas. Esse termo é parte integrante do processo, que recebe a assinatura e aprovação dos responsáveis e todos envolvidos na pesquisa.

Em relação ao individuo com Alzheimer foi aplicado um questionário respondido por sua cuidadora realizado pré-intervenção (Apêndice 2). Este questionário foi desenvolvido com perguntas abertas, com o propósito do conhecimento atual do estado físico, psicossocial e relacionado à saúde global deste paciente, e para adquirir informações e conhecimentos relevantes da vida do mesmo. O paciente com Alzheimer com auxílio de sua cuidadora preencheu a anamnese (Apêndice 3) e realizou o protocolo de testes, sua cuidadora respondeu os questionários em relação ao individuo, todos explicados adiante.

O primeiro instrumento de coleta dos dados utilizado e respondido pela cuidadora foi o índice de atividades de vida diária, realizado pré e pós-intervenção. O índice de Katz (Anexo 1), um formulário que foi desenvolvido para avaliação do nível ativo de atividades diárias de portadores de doenças crônicas, possui seis tarefas básicas que o idoso possa realizar, tornando-o independente, como tomar banho, alimentar-se, vestir-se, locomover-se, realizar sua higiene pessoal e conter suas necessidades fisiológicas, possuindo três categorias de classificação: independente, parcialmente dependente ou totalmente dependente (FREITAS et al., 2002).

A pesquisa foi desenvolvida com a intervenção de um programa de exercícios físicos (Apêndice 4) com duração de três meses, realizado nos meses de setembro, outubro e novembro, sendo contabilizadas oito intervenções em média por mês, planejadas e desenvolvidas pelo pesquisador. Durante os meses de novembro e dezembro foram realizadas as últimas aplicações de testes e questionários pós-intervenção e também as análises e discussões dos resultados.

Os instrumentos de avaliação utilizados para o estudo com o idoso foram: um questionário, Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) para avaliar funções globais cognitivas, e o TAFI que são os testes de aptidão física para idosos.

O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (Anexo 2) aplicado no sujeito com a doença de Alzheimer avaliou as funções globais cognitivas (pré e pós intervenção). É um dos testes mais usados para a avaliação da mudança do funcionamento do estado cognitivo e conta com questões agrupadas em sete categorias; seu escore para avaliação varia de 0 a 30 pontos sendo que valores baixos apresentam níveis cognitivos em déficit e valores mais altos encontra-se em melhor estado cognitivo (FOLSTEIN et al., 1975).

Os Testes da aptidão física funcional TAFI do protocolo de Rikli e Jones (2008) (pré e pós-intervenção) são: levantar e sentar na cadeira, flexão de braço, caminhada de 6 minutos,

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sentar e alcançar os pés, alcançar as costas, levantar e caminhar e altura e peso; todos descritos a seguir.

Teste de Levantar na Cadeira foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a força dos membros inferiores do idoso. Os equipamentos utilizados foram um cronômetro e uma cadeira com assento de 43,18 centímetros. Os procedimentos de realização foram instruir o idoso a sentar no meio da cadeira com as costas eretas e braços cruzados encostados ao tórax; ao sinal de inicio, o participante levantou e sentou quantas vezes conseguiu em 30 segundos. O registro do escore foi o total de vezes que o indivíduo realizou em 30 segundos (RIKLI; JONES, 2008).

Figura 1: Ilustração gráfica do teste de levantar da cadeira

Fonte: Rikli e Jones, 2008, p. 76

Teste de Flexão de Braço foi aplicado com objetivo de medir a força dos membros superiores do idoso. Os equipamentos utilizados para o desenvolvimento deste teste foi um cronômetro, uma cadeira sem braços e um peso de 3,63 kg para o idoso. O procedimento iniciou com as instruções ao participante que sentou na cadeira com o lado do seu corpo dominante mais a borda da cadeira. O braço ficou estendido ao longo do corpo, e a mão segurou o peso. Saindo desta posição, o indivíduo realizou uma flexão de cotovelo com o movimento do peso em direção ao ombro. Então, o peso retornou e o braço foi estendido totalmente voltando à posição de início.

Ao sinal de iniciar, deveria realizar o máximo de flexão de braço que conseguir em 30 segundos, sempre com amplitude completa do movimento (flexão à extensão). O escore é marcado o número total de flexões de braço feitas em 30 segundos (RIKLI; JONES, 2008).

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Figura 2: Ilustração gráfica do teste de flexão de braço

Fonte: Rikli e Jones, 2008, p. 78

Teste de Caminhada de 6 Minutos foi aplicado com objetivo de avaliar a resistência aeróbica do indivíduo idoso. Os equipamentos utilizados foram uma trena, um cronômetro, quatro cones para demarcar o percurso, um caderno e uma caneta para marcar as voltas realizadas pelo participante. A realização do teste consistiu no deslocamento do participante no percurso marcado caminhando 6 minutos., O registro do escore refere-se à distância máxima em metros que o participante conseguiu atingir em 6 minutos (RIKLI; JONES, 2008).

Figura 3: Ilustração gráfica do teste de caminhada de 6 minutos

Fonte: Rikli e Jones, 2008, p. 80

Teste de Sentar e Alcançar os Pés foi realizado com o objetivo de avaliar a flexibilidade dos membros inferiores. Os equipamentos utilizados foram uma cadeira com

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43,18 centímetros de altura e uma régua de 50 centímetros. Os procedimentos para execução do teste foi instruir o idoso a sentar na beira da cadeira. Uma das pernas fica flexionada, com o pé apoiado no chão e a outra perna fica estendida na frente do corpo com o tornozelo apoiado no chão. O participante com os braços estendidos e as mãos sobrepostas se curva lentamente para frente para conseguir alcançar a ponta dos pés.

No registro do escore anota-se a distância em centímetros da ponta dos dedos das mãos até a ponta dos pés. A ponta dos pés é o ponto central e representa o ponto zero. Caso os dedos das mãos não chegarem à ponta dos pés se registra como escore negativo (-); se os dedos das mãos encostarem-se ao centro dos dedos dos pés registra-se um escore de zero; e se passar da linha dos dedos dos pés, marcar distância como escore positivo (+) (RIKLI; JONES, 2008).

Figura 4: Ilustração gráfica do teste de sentar e alcançar os pés

Fonte: Rikli e Jones, 2008, p. 84

Teste de Alcançar as Costas foi aplicado com o objetivo de avaliar a flexibilidade dos membros superiores do participante. O equipamento utilizado durante a teste foi somente uma régua de 50 centímetros. O procedimento de realização foi instruir o participante a ficar em pé e passar uma de suas mãos por cima de seu ombro do mesmo lado do corpo, com os dedos estendidos chegando ao máximo o centro das costas, o cotovelo deste braço deve ficar para cima. A outra mão colocar na parte posterior do tronco fazendo com que os dedos de ambas se encontrem ou se cruze.

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O escore é registrado marcando o número mais próximo de centímetros, assinalando escore negativo se os dedos das mãos não se encostarem, e para escore positivo caso os dedos se cruzem atrás das costas (RIKLI; JONES, 2008).

Figura 5: Ilustração gráfica do teste de alcançar as costas

Fonte: Rikli e Jones, 2008, p. 86

Levantar e Caminhar é um teste muito importante para avaliar a agilidade e o equilíbrio dinâmico do participante. Os equipamentos que foram usados foi um cronômetro, uma cadeira de 43,18 centímetros de altura, uma trena e um cone. A preparação para este teste foi organizada com a cadeira posicionada contra uma parede, à sua frente alinhado um cone de distância de 2,5 metros.

O procedimento foi instruir o participante a sentar na cadeira, mantendo as costas eretas, as mãos apoiadas nas coxas, os pés apoiados no chão, com um de seus pés um pouco à frente do outro. Quando iniciar, o participante levanta se da cadeira, devendo caminhar o mais rápido que conseguir até o cone delimitado, circundá-lo e mover-se até a cadeira, novamente sentando-se. O escore é assinalado o menor tempo em segundos que conseguir neste percurso (RIKLI; JONES, 2008).

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Figura 6: Ilustração gráfica do teste de levantar e caminhar

Fonte: Rikli e Jones, 2008, p. 88

A Altura e Peso foram feitos para avaliar o índice de massa corporal (IMC) do participante. Os equipamentos utilizados foram uma fita métrica, uma régua e uma balança. O registro do escore foi anotado em uma folha de caderno para fazer o cálculo da massa corporal. O cálculo do índice de massa corporal é feito dividindo o peso do participante em quilogramas pelo quadrado da altura: IMC=Kg/m² (RIKLI; JONES, 2008).

Figura 7: Ilustração gráfica da altura e peso

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2.4 Análise e interpretação dos dados

De início, para uma análise fidedigna, os dados coletados durante a pesquisa foram anotados e depois digitados no programa Word 2013 da Microsoft Office, para serem observados e analisados descritivamente e para construção dos gráficos. A análise dos dados da pesquisa foi descritiva de forma qualitativa para as respostas dos questionários e a análise da avaliação dos testes foram a partir de pontos e números, organizados e analisados através de gráficos quantitativamente.

2.5 Questões éticas da pesquisa

Em relação aos aspectos éticos o presente trabalho seguiu as normas estabelecidas na Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Foram seguidos os cuidados éticos por envolver seres humanos no desenvolvimento da pesquisa.

Os participantes envolvidos foram informados sobre os objetivos do estudo; a realização da aplicação de questionários e testes, a fim de se adquirir informações para a discussão da presente temática; ainda, foram informados que seus anonimatos serão preservados em quaisquer circunstâncias previstas nesta pesquisa, sendo esses livres para desistirem de participar da mesma a qualquer momento, sem que isso venha a prejudicá-los, não gerando prejuízos morais, físicos ou custos aos mesmos. Diante isso foram convidados a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 1).

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3 RESULTADOS E DISCUSÕES

Neste capítulo destacam-se as articulações e os debates dos dados coletados da pesquisa, com o intuito de responder todos os objetivos elencados no trabalho. A organização das discussões do presente trabalho foi desenvolvida em subtítulos para um melhor entendimento do conteúdo em discussão.

3.1 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

Este subtítulo refere-se às discussões dos resultados do desempenho do idoso no Mini-exame do Estado Mental (MEEM) em relação à intervenção do programa de exercícios físicos, que expressa a manutenção nas funções cognitivas como orientação, memória imediata, atenção e cálculo, evocação e linguagem. Podemos observar o gráfico abaixo:

Gráfico 1: Comportamento do idoso no teste Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em pontos

Fonte: do autor (2017).

Analisando os resultados do gráfico, podemos diagnosticar o idoso com a doença de Alzheimer em estado moderado com uma pontuação media de 15,33 pontos. Percebemos no periodo pré e durante intervenção que se manteve em um estado de manutenção das funções cognitivas não ocorrendo declínios. Com as respostas do pós intervenção constatamos um aumento de 1 ponto, também neste caso demonstrando um equilibrio das funções cognitivas.

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Estes resultados coincidem com as pesquisas de Ferreira e Catelan-Mainardes (2013), que relacionam o exercício físico sobre a doença de Alzheimer, agindo positivamente nas funções cognitivas, como atenção, percepção, raciocínio e a memória. Ainda neste enfoque, os autores trazem o efeito benéfico do exercício na melhora do fluxo sanguíneo e oxigenação cerebral, aumentando o processamento cognitivo e a flexibilidade mental e atencional.

As pessoas com vida ativa, que em sua rotina diária praticam exercícios físicos regulares, têm uma preservação ou até mesmo uma melhora nas funções cognitivas. Os resultados reforçam os achados no estudo de Martelli (2013) de que os pacientes com Alzheimer que não tiveram participação em um programa de exercícios físicos foram observados com um declínio maior nas funções cognitivas, comparado aos pacientes ativos que conseguiram manter ou até evoluir nestas funções, principalmente de atenção, executivas e linguagem.

Neste estudo realizado com o idoso com a doença de Alzheimer, foi possível perceber que o programa de exercícios físicos, planejado duas vezes por semana, com treinamentos aeróbicos, exercícios de força e alongamentos foi efetivo para manter as funções globais cognitivas e evitar os declínios que a doença causa.

Nesse sentido, os resultados fortalecem o ponto de vista de Andrade (2014), evidenciando uma contribuição importante do exercício físico, que atua como um fator de proteção, impedindo uma progressão da doença de Alzheimer.

3.2 Testes de Aptidão Física para Idosos (TAFI)

Nesta parte, discutiremos os resultados do desempenho do idoso nos testes da aptidão física, em relação à intervenção do programa de exercícios físicos. Com o fim de expressar a capacidade funcional e seus componentes como força muscular, resistência aeróbica, flexibilidade, agilidade, equilíbrio dinâmico e índice de massa corporal, conforme podemos observar nos gráficos seguintes.

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Gráfico 2: Comportamento do idoso no teste de Levantar da Cadeira avaliado em repetições 6 6 7 5,4 5,6 5,8 6 6,2 6,4 6,6 6,8 7 7,2

Pré Intervenção 2ª Intervenção Pós Intervenção

Esc

ore

Teste de Levantar da Cadeira

Fonte: do autor (2017).

Em relação ao teste de levantar da cadeira, podemos observar uma pontuação média de 6,3 pontos, tendo como referência a faixa normal de escores de 8 a 14 (nº de repetições) para homem com essa idade (RIKLI; JONES, 2008); o idoso em questão se encontra em uma faixa etária abaixo da média. Constatamos que não houve evolução nos dados no período durante a intervenção e que os mesmos se mantiveram, não perdendo desempenho. Nos resultados pós intervenção percebemos uma evolução nos ganhos de força muscular de membros inferiores de 1 ponto, consideravelmente benéfico para o idoso.

Gráfico 3: Comportamento do idoso no teste de Flexão de Braço avaliado em repetições

10 12 12 9 9,5 10 10,5 11 11,5 12 12,5

Pré Intervenção 2ª Intervenção Pós Intervenção

Esc

ore

Teste de Flexão de Braço

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No teste de flexão de braço, como estamos percebendo aconteceu uma evolução na fase durante intervenção de 2 pontos em relação a pré intervenção, ou seja, obteve-se um ganho significativo de força muscular de membros superiores durante os três meses de intervenção e esse resultado se manteve até o momento de pós intervenção não ocorrendo alterações nos últimos períodos. Considerando a média de 11,33 pontos como podemos verificar, com relação a faixa normal de escores que é de 11 a 17 (nº de repetições) para homens desta idade (RIKLI; JONES, 2008), o sujeito está na faixa normal.

Os autores evidenciam que os declínios, que se agravam no decorrer dos anos, especialmente nesta idade vão pouco a pouco impossibilitando a realização de várias tarefas do dia a dia; este fator pode se agravar caso o sujeito seja sedentário, o que contribui para a perda funcional no idoso (CYRINO, 2004; MAZO, 2007). Deste modo, a conservação da força muscular poderá facilitar a execução de tarefas diárias (VALE et al., 2006). Destaca-se, portanto, que exercícios de força ajudam na manutenção da flexibilidade, trazendo benefícios aos sujeitos, tais como: resistência a lesões; menor propensão a dores musculares; prevenção de problemas posturais, entre outros (CARNAVAL, 2004)

Gráfico 4: Comportamento do idoso no teste de Caminhada de 6 Minutos avaliado em distância/metros 370,2 374,6 375,1 367 368 369 370 371 372 373 374 375 376

Pré Intervenção 2ª Intervenção Pós Intervenção

Es

core/M

etro

s

Teste de Caminhada de 6 Minutos

Fonte: do autor (2017).

Como podemos constatar, a resistência aeróbica teve uma evolução constante e gradativa com o programa de exercícios físicos da fase pré até a fase pós-intervenção. Em relação ao teste de caminhada de 6 minutos, a faixa de escores para homens desta idade foi

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classificada normal para o senhor com Alzheimer que obteve uma pontuação média de 373,3 metros (RIKLI; JONES, 2008). É nesse contexto que destacamos melhorias no condicionamento físico, importantes para os afazeres da vida diária deste indivíduo.

Os estudos de Zago et al. (2000) mencionam que os idosos na fase do envelhecimento são submetidos a declínios diversos de suas funções fisiológicas, incluindo a capacidade cardiorrespiratória como um destes. Salienta ainda o autor supracitado que a prática de exercícios físicos permite uma melhora na resistência aeróbica e na vida cotidiana destas pessoas.

Gráfico 5: Comportamento do idoso no teste de Sentar e Alcançar os pés em centímetros

Fonte: do autor (2017).

Considerando o gráfico no teste de sentar e alcançar os pés, conseguimos notar uma evolução significativa na flexibilidade de membros inferiores, com um aumento progressivo de 3 pontos em relação a pré até a pós intervenção.

Avaliando a faixa de escores normal para este indivíduo, mesmo com a melhora dos resultados durante a intervenção, sua classificação é considerada abaixo da média para os autores Rikli e Jones (2008), uma vez que em seus estudos especificam pontuações normais entre -13,9 a +1,2 (cm+/-).

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Gráfico 6: Comportamento do idoso no teste de Alcançar as costas em centímetros

Fonte: do autor (2017).

Referente ao teste de alcançar as costas, explorando os resultados percebemos um aumento sucessivo desde o momento pré até o momento pós intervenção em 5 pontos como podemos observar no gráfico. É oportuno destacar o melhoramento da flexibilidade dos membros superiores, importantes para aumentar a amplitude do movimento ligadas as funções de uma boa mobilidade, pois com o aumento da idade ocorre uma perda da flexibilidade (RIKLI; JONES, 2008). Para esses dados, salientam ainda os autores supracitados, os valores normais para homens com esta idade ficam entre -24,1 a -7,6 (cm +/-). Assim, a classificação deste idoso é avaliada baixa, pois atingiu pontuação média de -25,33 pontos.

Gráfico 7: Comportamento do idoso no teste de Levantar e Caminhar avaliado em tempo/segundos

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A análise do comportamento do idoso no teste de levantar e caminhar em relação aos resultados como podemos ver no gráfico foi satisfatória. Observa-se uma diminuição no tempo em segundos comparando o momento pré intervenção até o momento pós intervenção. Com esses ganhos de agilidade e equilíbrio dinâmico, podemos ressaltar que são aspectos significativos para diversas tarefas comuns de mobilidade do dia a dia do idoso. Ainda, esses resultados corroboram com achados de Rikli e Jones (2008) os quais evidenciam o exercício físico como elemento principal na manutenção da agilidade e do equilíbrio dinâmico.

Gráfico 8: Avaliação do idoso no Índice de Massa Corporal

27,63 27,79 27,69 27,55 27,6 27,65 27,7 27,75 27,8 27,85

Pré Intervenção 2ª Intervenção Pós Intervenção

E sc or e/ kg /m ²

Altura e Peso (IMC)

Fonte: do autor (2017).

Ao verificar os resultados descritos sobre o Índice de Massa Corporal do idoso, concluímos uma manutenção na composição corporal do mesmo, não ocorrendo mudanças significativas nos dados observados pré e pós intervenção. Com isso, o paciente encontra-se classificado em sobrepeso, como menciona a Organização Mundial da Saúde (OMS) para pessoas com mais de 60 anos de idade resultados iguais a 27 ou maiores são considerados sobre peso.

Os estudos de Rikli e Jones (2008) trazem que a composição corporal está relacionada à saúde e à mobilidade funcional, afirmando que as pessoas com índice de gordura elevado sofrem um declínio nas suas capacidades funcionais se comparadas às pessoas que estão em níveis normais.

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3.3 Índice de Katz- Escala de atividades de vida diária

As discussões das respostas do questionário respondido pela cuidadora, foram aqui descritos, baseados nas atividades de vida diária do idoso no período pré intervenção até o período pós intervenção. Nesse sentido, Abreu et al. (2005) corroboram relatando que por meio da observação do progresso das atividades de vida diária do paciente é possível avaliar a evolução da doença de Alzheimer.

Observamos no questionário respondido pela cuidadora que o paciente com Alzheimer se encontra em um estado de dependência moderada. Também podemos destacar, com os dados analisados, que não houve mudanças com o programa de exercícios físicos, mantendo as respostas da fase pré até a pós intervenção. Em relação aos resultados, não houve evolução, ressaltamos que este é um aspecto importante, pelo fato de indivíduos idosos e com Alzheimer terem um declínio progressivo e com o passar do tempo o acontecimento de incapacidades na sua vida diária avançam (LACKS et al., 2000.

Para concluir, a observação do idoso no desenvolvimento das atividades propostas durante os três meses produziu resultados positivos. O idoso com Alzheimer conseguiu realizar os exercícios propostos seguindo o planejamento, como caminhadas, alongamentos de membros superiores e inferiores e exercícios de força de membros superiores e inferiores. Observamos algumas dificuldades nas funções cognitivas e físicas, por ser um indivíduo sedentário e com a doença de Alzheimer, mas de forma geral esteve sempre disposto em realizar o que era proposto no dia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos com o presente estudo que as intervenções do programa de exercícios físicos tiverem resultados positivos, colaborando com a evolução ou a manutenção comparado aos níveis anteriores. Destacamos algumas melhorias nas funções cognitivas do idoso como orientação, memória, atenção, evocação e linguagem; e nos parâmetros de aptidão física como força muscular e flexibilidade (membros superiores e inferiores), resistência aeróbica, agilidade/equilíbrio dinâmico e composição corporal.

Dessa forma, o exercício físico pode ser um aliado no tratamento não farmacológico dessa doença, auxiliando na proteção dos declínios cognitivos e na manutenção das capacidades funcionais proporcionando uma melhor qualidade de vida para pessoas com demências. A partir deste aspecto, a Faculdade Americana de Medicina Esportiva (1998) traz que os benefícios do exercício e da atividade física regular auxiliam os idosos a terem uma vida mais saudável e serem mais independentes, aumentando sua qualidade de vida e também suas capacidades funcionais.

Por fim, como um futuro profissional da área da saúde, vejo como uma importante intervenção a atuação do educador físico sobre esta população com diagnósticos de patologias. Poder vivenciar, intervir e estudar a relação com o exercício físico é gratificante, além de proporcionar uma valorização a esta área que cresce continuamente.

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Referências

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