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Orientação sexual: responsabilidades da escola e da família

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Academic year: 2021

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ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS

KEILA ROCUMBACK FLOSE

ORIENTAÇÃO SEXUAL: RESPONSABILIDADES DA ESCOLA E DA

FAMÍLIA

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

MEDIANEIRA 2014

(2)

ORIENTAÇÃO SEXUAL: RESPONSABILIDADES DA ESCOLA E DA

FAMÍLIA

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista na Pós Graduação em Ensino de Ciências – Polo de São José dos Campos, Modalidade de Ensino a Distância, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Câmpus Medianeira.

Profª. Drª. Saraspathy Naidoo Terroso Gama De Mendonça

MEDIANEIRA 2014

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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Especialização em Ensino de Ciências

TERMO DE APROVAÇÃO

Orientação Sexual: Responsabilidades da Escola e da Família

Por

Keila Rocumback Flose

Esta monografia foi apresentada às 10 h do dia 13 de dezembro de 2014 como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista no Curso de Especialização em Ensino de Ciências – Polo de São José dos Campos, Modalidade de Ensino a Distância, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Medianeira. O candidato foi argüido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho Aprovado.

______________________________________ Profa. Dra. Saraspathy Naidoo Terroso Gama De Mendonça

UTFPR – Campus Medianeira (orientadora)

____________________________________ Profa. Dra. Leidi Cecilia Friedrich

UTFPR – Campus Medianeira

_________________________________________

Tutora Presencial Roseli Sahade CIE – São José dos Campos

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Dedico o presente trabalho de conclusão de curso aos meus pais José Carlos e Maria que apoiaram toda minha caminhada neste curso, começando pela distância imensa que percorreram até São José dos Campos por mim. Obrigada.

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, pela fé e perseverança para vencer os obstáculos. Aos meus pais, pela orientação, dedicação e incentivo nessa fase do curso de pós-graduação e durante toda minha vida.

A minha orientadora professora Dra. Saraspathy Naidoo Terroso Gama De Mendonça pelas orientações ao longo do desenvolvimento da pesquisa.

Agradeço aos professores do curso de Especialização em Ensino de Ciências, professores da UTFPR, Campus Medianeira.

Agradeço aos tutores presenciais e a distância que nos auxiliaram no decorrer da pós-graduação.

Agradeço aos diretores, professores, pais e responsáveis e alunos das Escolas Estaduais: Professor Donizetti Aparecido Leite e Maria André Schunck - Dona, localizadas no município de Embu-Guaçu pela colaboração durante a pesquisa.

Enfim, sou grata a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para realização desta monografia.

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“Há dois mundos, o de cima e o de baixo. Quem vive no de cima pode, por curiosidade ou acidente, conhecer o outro. Mas os que estão no de baixo só através do sonho viajam para o de cima” (MARCOS REY).

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RESUMO

FLOSE, Keila R. Orientação Sexual: Responsabilidades da Escola e da Família. 2014. 65 folhas. Monografia (Especialização em Ensino de Ciências). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014.

O presente trabalho de pesquisa possuiu como foco a investigação da existência de tabu ao abordar a Orientação Sexual no ambiente escolar e familiar, além de investigar as formas com as quais as pessoas lidam com o assunto. Durante a pesquisa foram ouvidos alunos, professores, pais e responsáveis visando solucionar dúvidas existentes sobre o assunto. Através da utilização de Questionários específicos para cada grupo estudado, procurou-se confrontar as opiniões de cada grupo estudado, sendo que, duas escolas estaduais da região de Embu Guaçu participaram da pesquisa. Ao término do trabalho, foram construídos gráficos demonstrando os resultados da pesquisa. Abordar esse assunto causa estranheza, pois, há diversos aspectos que influenciam o tema, tais como: crença religiosa; aspectos familiares e sociais; entre outros. A importância desse tema não pode ser esquecida, pois, a cada ano crescem os números de adolescentes infectados por Doenças Sexualmente Transmissíveis, como o HIV, por exemplo. Os índices de gravidez precoce também são alarmantes. O curioso é que vivemos na era da comunicação e tecnologia e, nossos jovens ainda não parecem ter informações suficientes para se prevenirem.

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ABSTRACT

FLOSE, Keila R. Sexual Orientation: School and Family Responsabilities. 2014. 65 folhas. Monografia (Especialização em Ensino de Ciências). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014.

This research work has owned focused on research of the existence of taboo to address the Sexual Orientation in the school and family environment, and to investigate the ways in which people deal with it. During the research were heard students, teachers, parents and guardians seeking to solve doubts about it. Through the use of specific questionnaires for each group, we tried to confront the opinions of each group, and two state schools in the Embu Guaçu region participated. At the end of the work, were built graphs showing the search results. Addressing this issue is strange, because there are several aspects that influence the subject, such as religious beliefs; family and social aspects; among others. The importance of this issue can not be forgotten, because, every year growing numbers of adolescents infected with sexually transmitted diseases such as HIV, for example. Early pregnancy rates are also alarming. The curious thing is that we live in the age of communication and technology, and our young people not yet seem to have enough information to prevent.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Crença religiosa professores 20

Figura 2 - Importância da Orientação Sexual na escola para os professores 21

Figura 3 – Preparação dos professores para retirar dúvidas 21

Figura 4 - Como agem os pais na opinião dos professores 22

Figura 5 - Barreiras para a Orientação Sexual na escola 23

Figura 6 – Razões pelas quais os professores trabalham com a Orientação Sexual

na escola 23

Figura 7 – Influência da religião no trabalho de Orientação Sexual 24

Figura 8 – Metodologias utilizadas para abordar o tema 25

Figura 9 - Percepção do professor ao abordar o tema em sala de aula 25

Figura 10 - Apoio da escola 26

Figura 11 - Apoio dos pais 26

Figura 12 - Existência da interdisciplinaridade 27

Figura 13 - A importância de abordar o tema em casa 28

Figura 14 - A importância de abordar o tema na escola 28

Figura 15 - Fontes pesquisadas pelos alunos 29

Figura 16 - Importância da abordagem na escola 29

Figura 17 – O adolescente conversa com seus pais sobre sexualidade 30 Figura 18 – Frequência com a qual professores retiram dúvidas 31

Figura 19 – Domínio dos professores 31

Figura 20 – Dúvidas retiradas por pais e professores 32

Figura 21 – Fontes de retirada de dúvidas 33

Figura 22 – Conhecimento sobre Métodos Contraceptivos 33

Figura 23 – Interesse dos adolescentes por mais informações sobre os Métodos

Contraceptivos 34

Figura 24 – Adolescentes que já possuem filhos 35

Figura 25 – Importância da abordagem em casa 36

Figura 26 – Importância da abordagem na escola 37

Figura 27 – Crença Religiosa dos pais e responsáveis 37

Figura 28 – Opinião sobre Orientação Sexual na escola 38

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Figura 30 – Relacionamento com o(a) filho(a) 39

Figura 31 – Frequência de conversas sobre sexualidade 40

Figura 32 – Clareza da escola ao abordar o tema 40

Figura 33 – Influencia da religião 41

Figura 34 – Abordagem da Orientação Sexual em casa 41

Figura 35 – Facilidade da abordagem do tema em casa 42

Figura 36 – Frequência com que todas as dúvidas são solucionadas pelos pais 43

Figura 37 – Fontes de pesquisas dos pais 43

Figura 38 – Importância da abordagem em casa 44

Figura 39 – Importância da abordagem na escola 44

Figura 40 – Sexualidade: existência de Tabu 45

Figura 41 – Razões pelas quais falar sobre sexualidade ainda é tabu 46 Figura 42 – Fotos sobre a Dinâmica “CAIXA DE DÚVIDAS”, nas escolas A e B

47 Figura 43 - Fotos sobre a participação na Dinâmica “CAIXA DE DÚVIDAS” 48 Figura 44 – Foto de Métodos contraceptivos utilizados em aula diferenciada 48

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 13 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 17 3.1. LOCAL DA PESQUISA ... 17 3.2. TIPO DE PESQUISA ... 17 3.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 18

3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 18

3.5. ANÁLISE DOS DADOS ... 19

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 20

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 50

REFERÊNCIAS ... 52

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1. INTRODUÇÃO

Embora não se trate de um tema novo, a Orientação Sexual na escola ainda causa inúmeras discussões e diferentes posicionamentos. Não se sabe ao certo quando o tema surgiu no ambiente escolar, porém, mesmo com o passar do tempo, é alvo da divisão de opiniões e da estranheza de professores, pais e alunos.

O presente trabalho de pesquisa teve por objetivo discutir a importância da Orientação Sexual na escola, ouvindo a opinião dos professores, pais e alunos. Afinal, qual é a verdadeira importância do desenvolvimento de debates acerca da sexualidade na escola?

Muitos pais e responsáveis acreditam que a Orientação Sexual não deveria ser trabalhada na escola, afinal, segundo a sua concepção, esse tema já é discutido em casa. Porém, será que as crianças e adolescentes possuem acesso a informações importantes em casa? Essa pesquisa se propôs a discutir a importância desse tema transversal, e principalmente, investigar a origem das informações de prevenção da Gravidez na Adolescência e das Doenças Sexualmente Transmissíveis.

O presente trabalho levou em consideração o crescente número de crianças e adolescentes grávidas e/ou com doenças sexualmente transmissíveis. Esses números estão diretamente relacionados ao índice de evasão escolar e aumento da pobreza.

Culturalmente, muitos pais não acreditam que a Orientação Sexual seja um conteúdo importante. Porém, ao tratar deste tema em sala de aula, é comum perceber o elevado nível de desconhecimento dos alunos acerca de preservativos, métodos anticoncepcionais a até mesmo sobre a anatomia do sistema reprodutor feminino e masculino.

A presente pesquisa contribuirá muito para a melhoria da Educação escolar, que todos os profissionais da Educação almejam por tanto tempo. A abordagem de um tema gerador de conflitos entre pais e educadores poderá causar certo desconforto na comunidade escolar, porém, é exatamente nesses conflitos que se encontram inúmeras possibilidades de mudanças positivas na Orientação Sexual escolar.

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Sendo assim, investigar a realidade da sexualidade na escola é imprescindível para compreender porque os índices de gravidez na adolescência ainda continuam a crescer. Onde os alunos retiram suas dúvidas: em casa ou na escola? Será que os profissionais de educação sentem-se à vontade para dialogar sobre sexualidade?

Neste âmbito, cabe ressaltar a importância da realização de um trabalho interdisciplinar entre as diversas disciplinas escolares, para garantir que a escola alcance o objetivo de orientação sexual de seus alunos. A interdisciplinaridade pode ser percebida durante este trabalho, pois, os professores de diversas disciplinas, tais como: Biologia, Filosofia, Sociologia, Língua Portuguesa, Matemática, Inglês, Geografia e História auxiliarão nas atividades práticas, auxiliando na aplicação de questionários para os alunos, pais e responsáveis.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS

A Educação Sexual é uma importante maneira de prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis, da Gravidez Precoce e de comportamentos sexuais de risco. Segundo Ramiro et al., (2011), o fato dos adolescentes possuírem acesso à informações de maneira mais rápida, não garante que essas informações estejam realmente corretas, o que pode levar a problemas sexuais.

Atualmente, existe uma demanda social para a diminuição dos números de casos de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, por exemplo, e dos casos de gravidez na adolescência. Portanto, decidiu-se dividir as responsabilidades pela orientação sexual de crianças e adolescentes entre a família e a escola, pois, esta última seria um local “privilegiado” para a troca de informações e prevenção.

Com a intenção de investir na prevenção, surgiram os Parâmetros Curriculares Nacionais que trazem em seu texto a obrigatoriedade das escolas abordarem a “Orientação Sexual”, pois, constitui um tema transversal importante, visto que as crianças e adolescentes necessitam aprender a lidar com o próprio corpo (PCN, 1998).

2.2. DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013), no Brasil, em 2012, dos quase 720 mil portadores de HIV, cerca de 236 mil (cerca de 33%) apresentavam carga viral indetectável (inferior a 50 cópias por ml de sangue). Estimativas recentes indicam que existem cerca de 718 mil pessoas vivendo com o HIV no Brasil. Dentre toda a população estudada, destaca-se o aumento da doença entre os jovens, passando de 0,09% para 0,12%.

Estimativas do Ministério da Saúde (2013) indicam que no Brasil, a cada ano, cerca de 937.000 pessoas contraiam Sífilis; 1.541.800 contraiam Gonorreia; 1.967.200 contraiam Clamídia; 640.900 contraiam Herpes genital; 685.400 contraiam

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HIV. Dentre essas doenças, a Sífilis é bastante perigosa quando infecta a gestante, pois, pode causar sequelas no bebê e, o HIV leva à Síndrome da Imunodeficiência Humana que ainda não tem cura.

A ONU divulgou em Novembro de 2011 o relatório “Together we will end Aids”, que traz os últimos levantamentos da disseminação dos casos da doença no mundo. Segundo esse relatório, até o final de 2010 existiam cerca de 34 milhões de pessoas vivendo com Aids no mundo. Esses números são os maiores já registrados e, devem-se às melhorias e avanços nas terapias que garantem mais qualidade de vida para os portadores da doença (UNAIDS, 2012).

2.3. SEXUALIDADE E ADOLESCENTES

Pesquisas da Organização Mundial da Saúde mostram que grande parte dos adolescentes tem iniciado a vida sexual cada vez mais cedo, entre 12 e 17 anos. Portanto, esses jovens aumentam os índices de pessoas em grupo de risco para o desenvolvimento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, tais como, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Brêtas (2009) aponta que esse fato deve-se principalmente à liberação sexual, ao aumento da facilidade de contatos íntimos precoces, estímulos vindos dos meios de comunicação, e à falta de acesso à informação e debates sobre os temas ligados à sexualidade e anticoncepção.

Em sua pesquisa, Altmann (2009) percebeu a dificuldade que alguns alunos possuem em diferenciar termos como gravidez precoce e gravidez planejada, entre outros, o que demonstra falhas na orientação sexual familiar e escolar. Cabe ressaltar que, o amplo investimento público em projetos que envolvem a Orientação sexual escolar visa à inserção de valores embasados no planejamento familiar.

Fonseca et al., (2010), verificaram em seu trabalho a dificuldade que os adolescentes possuem em conversar com os pais sobre sexualidade. Vários entrevistados esboçaram a maior facilidade em obter informações com amigos. Quanto aos pais, a maioria demonstrou constrangimento ao tratar do assunto, e medo de que abordando a sexualidade com os filhos, eles sintam-se “preparados para iniciar a vida sexual”.

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2.4. PAIS E A RESPONSABILIDADE DA EDUCAÇÃO SEXUAL

É interessante saber que a crença de que o fornecimento de Educação Sexual na escola incentiva o início sexual precoce ainda possui força entre pais e responsáveis (QUEEN, 2013). Porém, segundo o Ministério da Saúde, os pais e responsáveis ainda encontram barreiras para conversar sobre Sexualidade com os filhos, logo, a escola têm um papel importantíssimo de orientação que deve ser apoiado por todos os envolvidos.

Muitos pais não conseguem abordar esse tema com os filhos, sendo que, às vezes, acontecem conversas que acabam levando o adolescente a se retrair e simplesmente não questionar mais sobre o assunto. É nesse contexto que entra a importância da abordagem da Orientação Sexual na escola, pois, nem todas as famílias tem um relacionamento aberto quando o assunto é sexualidade, o que acaba gerando dúvidas que, muitas vezes, só serão retiradas na escola.

Por outro lado, mesmo que a família não consiga retirar dúvidas dos jovens, a mesma nem sempre apoia o trabalho docente de Orientação Sexual, pois, em muitos casos, os pais ou responsáveis acreditam que ao falar sobre o assunto na escola, os alunos serão estimulados a iniciar sua vida sexual.

É necessário, portanto, refletir sobre os riscos de não orientar as crianças e adolescentes em casa e impedir o trabalho de orientação sexual escolar. Muitos pais e responsáveis criam empecilhos para o trabalho docente, em especial quando o assunto é Orientação Sexual.

Estudos do Nusex (Núcleo de Estudos da Sexualidade) da UNESP têm demonstrado que a maioria das crianças e adolescentes possui livre acesso a imagens e filmes pornográficos cada vez mais cedo, entre 11 e 13 anos. Dessa forma, a infância é encurtada e a visão sexual de crianças e adolescentes é corrompida (RIBEIRO, 2014).

Nesses casos, se o jovem não possui outra fonte de informação sobre sexualidade, acaba acreditando que não precisa haver romantismo, pois, prefere seguir o ritual imposto pelos filmes pornográficos. Infelizmente, a nossa sociedade é machista e hipócrita, sendo contra a orientação sexual escolar, porém, conhecendo a realidade sobre a iniciação sexual cada vez mais precoce dos jovens.

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2.5. SEXUALIDADE E TABU

Na visão de muitos jovens, falar sobre sexualidade ainda é um tabu. Esse fato pode ser facilmente verificado nas aulas de Biologia, pois, os alunos só conseguem perguntar quando o professor utiliza meios mais lúdicos, como a “Caixa de dúvidas”, onde cada aluno tem a oportunidade de inserir seus questionamentos sem ser identificado (ARRUDA, 2011).

Nesse contexto, a escola deve permitir o diálogo e a troca de informações sobre sexualidade visando o rompimento dos “tabus” e preconceitos, sempre focando a saúde sexual de seus alunos. Essa instituição deve manter-se neutra e seus integrantes devem ser colaborativos entre si, para que o trabalho de orientação sexual seja realmente efetivo.

A importância de abordar esse tema em sala de aula foi percebida em diversos países, como Portugal, por exemplo, onde houve muita discussão sobre a problemática do aborto, sendo que, após a discussão tomar proporções gigantescas, decidiu-se em 1997 que a abordagem do tema sexualidade nas escolas seria obrigatória (RAMIRO, 2011).

É claro que a importância de abordar esse tema não está somente ligada a questões como o aborto. Existem outros temas interessantes para debate, tais como: reprodução sexuada e assexuada; transmissão de características genéticas; doenças sexualmente transmissíveis; métodos contraceptivos; sexo e saúde; entre outras.

O fato é que grande parte dos jovens tem muitas dúvidas sobre sexualidade. Alguns não conseguem perguntar para os pais e responsáveis por vergonha; outros preferem pesquisar na internet ou com amigos; enfim, a importância da abordagem desse tema na escola vai muito além de explicar como o corpo humano funciona, ou prevenir doenças. Ao discutir esse tema, o professor acaba derrubando as barreiras invisíveis do preconceito e, ajudando os alunos a quebrar seus próprios tabus pessoais.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente monografia utilizou a metodologia de Pesquisa de Campo, onde foram ouvidos pais e responsáveis de alunos, professores e alunos. Seguiu-se a hipótese de que falar sobre Orientação Sexual nas escolas ainda é um “tabu” para muitos pais e responsáveis, alunos e professores. Fundamentou-se em artigos e documentos como o PCN e dados do Ministério da Saúde sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis e Gravidez precoce, como apoio ao entendimento da realidade diagnosticada.

Houve o encaminhamento deste projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UTFPR, sendo o mesmo aprovado sob o parecer de número 829.314 de 09/10/2014, seguindo-se desta maneira todos os procedimentos de acordo com a Resolução 466/2012, para assegurar o bem estar dos participantes da pesquisa bem como o sigilo quanto à sua identidade.

3.1. LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada nas Escolas Estaduais: Professor Donizetti Aparecido Leite e Maria André Schunck - Dona, localizadas no município de Embu-Guaçu/ São Paulo.

3.2. TIPO DE PESQUISA

A pesquisa seguiu o modelo de Estudo de Campo, onde foram observadas a realidade dos pais, alunos e professores da referida escola. Ao final do trabalho, foi realizada a análise comparativa das entrevistas.

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3.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA

A pesquisa foi conduzida com 150 alunos, com faixa etária entre 11 e 17 anos; 50 professores de Ciências e Biologia 127 pais dos alunos, durante quatro meses.

Foram utilizados três grupos distintos:

*Grupo 1: formado por alunos com idade etária entre 11 e 17 anos.

*Grupo 2: formado por 50 professores das diversas disciplinas, tais como: Biologia, Filosofia, Sociologia, Língua Portuguesa, Matemática, Inglês, Geografia e História; *Grupo 3: formado por 127 pais e responsáveis de alunos presentes no grupo 1.

A população residente neste município é formada basicamente por pessoas de baixa e média renda, sendo que, grande parte dessa população não é alfabetizada, pois, precisaram abandonar os estudos para trabalhar (PPP- Escola Professor Donizetti Aparecido Leite e Escola Maria André Schunck - Dona, 2014).

Priorizou-se a utilização dessa população nesta pesquisa, pois, foi interessante comparar ambas as realidades das duas instituições de ensino, onde uma é composta por pessoas de renda média e outra por pessoas de baixa renda.

3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

As informações foram coletadas através da atividade lúdica inicial que implicou na utilização de uma “Caixa de dúvidas”, na qual os alunos depositaram seus questionamentos sobre o tema sexualidade. Além dessa atividade foi desenvolvida aula diferenciada explicativa sobre métodos contraceptivos.

Cada grupo foi entrevistado em momentos distintos, sobre o tema. Primeiramente, foi realizada a atividade lúdica da “Caixa de dúvidas” com os alunos, deixando claro que não seria necessário identificar-se. As dúvidas foram respondidas por uma professora específica. Em um segundo momento, foi aplicado o questionário sobre sexualidade para os alunos do Ensino Médio.

A terceira pesquisa foi realizada com professores de diversas disciplinas Biologia, Filosofia, Sociologia, Língua Portuguesa, Matemática, Inglês, Geografia e

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História, pois, neste momento, houve interesse em se descobrir se há interdisciplinaridade envolvida nesse tema efetivamente, visto que, trata-se de um tema Transversal. Essa questão foi investigada através da aplicação de um questionário que serão interpretados através da quantidade de respostas favoráveis e contrárias à orientação sexual escolar.

A quarta pesquisa foi realizada com os pais e responsáveis de alunos, por meio de Questionário, enfocando as categorias: *a relação da crença religiosa com a sexualidade; *o relacionamento entre pais e filhos; *a troca de informações entre pais e filhos; * as dificuldades e facilidades que os pais encontram ao falar desse tema com os filhos, não sendo necessária a identificação.

3.5. ANÁLISE DOS DADOS

No decorrer da pesquisa, foram gerados inúmeros dados e materiais que serão extremamente úteis na criação de gráficos sobre a Orientação Sexual na concepção de pais e responsáveis, alunos e professores. Fotografias também ilustraram essa pesquisa, visto que, algumas atividades foram mais lúdicas.

Os dados foram comparados e analisados segundo a opinião e as respostas dos pais, professores e alunos. A comparação e análise dos dados foi realizada através da verificação das concepções de pais, alunos e professores sobre a Orientação Sexual na escola. A comparação de respostas e pontos de vista esboçados por cada grupo estudado na pesquisa certamente trouxe informações importantíssimas para o estudo.

Ao final da pesquisa, foram elaborados gráficos e tabelas (análise estatística) que, demonstraram a cultura arraigada nestas populações, além de ideologias que profissionais da Educação, pais e responsáveis e os próprios alunos possuem acerca da Orientação Sexual na escola.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando-se os questionários dos professores, percebeu-se que a grande maioria desse grupo é formada por católicos (54%) e evangélicos (26%), conforme ilustrado na Figura 1. Dentre os professores, 98% acreditam que é importante abordar o tema sexualidade na escola (Figura 2), porém, quando o assunto é preparação para retirar dúvidas, 66% dos docentes acreditam que não estão preparados (Figura 3).

Figura 1: Crença religiosa professores.

0 5 10 15 20 Evangélico Católico Ateu Outra Sem resposta Escola B Escola A

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Figura 2: Importância da Orientação Sexual na escola para os professores.

Figura 3: Preparação dos professores para retirar dúvidas.

Quando questionados sobre a visão que possuem em relação à orientação sexual familiar, 68% dos professores responderam que os pais não conversam abertamente com seus filhos; 34% acreditam que os pais respondem as dúvidas dos filhos com informações erradas ou incompletas e 14% acreditam que os pais não orientam os filhos. 0 5 10 15 20 25 30 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A 0 5 10 15 20 Escola A Escola B Não Sim

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Figura 4: Como agem os pais na opinião dos professores.

A falta de apoio dos pais e responsáveis é, para 46,2% dos professores, a maior barreira que atrapalha a abordagem da Orientação Sexual na escola; na sequência, 23,1% dos professores participantes da pesquisa afirmam que não gostam de abordar o tema; 15,4% não trabalham esse tema em suas aulas; 7,7% reclamam da falta de apoio da gestão escolar e 7,7% preferiram não responder a essa pergunta, conforme ilustrado na Figura 5.

Os pesquisadores Gonçalves, Faleiros e Malafaia (2013) afirmam que para os pais, é mais cômodo não abordar o tema, pois, dessa maneira, é como se seus filhos fossem “assexuados”. Apesar de a sociedade apresentar muitos avanços em relação à abordagem da sexualidade, esse tema ainda permanece extremamente ligado ao universo adulto, sendo que, quando o professor inicia uma abordagem, muitos pais posicionam-se contra.

4 0 9 17 3 0 8 17

Não orientam seus filhos. Orientam seus filhos. Passam informações erradas ou

incompletas.

Não conversam com os filhos.

Os pais:

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Figura 5: Barreiras para a Orientação Sexual na escola.

Dentre os professores que trabalham com esse tema 45% afirmam que é importante para contribuir com a informação dos alunos; 20% pensam na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS; 20% preferiram não responder a essa pergunta; 8,3% afirmam que é uma maneira de substituir a falta de abordagem em casa; 6,7% afirmam que a importância de abordá-lo está relacionada ao cumprimento do dever da escola (Figura 6). Segundo Gagliotto et al., (2011), a abordagem da Orientação Sexual deve ser realizada de maneira a reorientar os profissionais que trabalham com o tema, pois, os profissionais de educação demonstram estar despreparados para lidar com as dúvidas que surgem e, sentem-se despreparados.

Figura 6: Razões pelas quais os professores trabalham com a Orientação Sexual na escola. 11 6 5 2 2 13 6 3 2 2 0 2 4 6 8 10 12 14 Pais não apóiam o trabalho.

Não gosto de abordar o tema, pois, não me sinto capacitado para isso.

Não trabalho orientação sexual. Falta de apoio da gestão escolar. Sem resposta.

Escola B Escola A

0 5 10 15

É dever da escola. Substituir a falta de abordagem

em casa.

É necessário informar os alunos. Para prevenir DST's. Sem resposta

Escola B Escola A

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A religião é outra barreira de interferência ao trabalho de Orientação Sexual na escola para 58% dos professores entrevistas. Apenas 42% dos professores não acreditam que a religião influencia esse tipo de abordagem, de acordo com os dados apresentados na Figura 7.

Bahia e Santos (2013) trazem luz à questão da religião e escolha de gênero, demonstrando que a religião constitui barreira sólida e de difícil transposição no trabalho com a Orientação Sexual e combate aos preconceitos de gênero e opção sexual.

Figura 7: Influência da religião no trabalho de Orientação Sexual.

Quando questionados sobre as metodologias utilizadas (Figura 8), para abordar o tema, 30,5% dos professores participantes preferiram não responder; 30,5% dos professores utilizam a condução de debates; 20,3% utilizam a Aula expositiva; 12% utilizam filmes e documentários; 6,7% atividades lúdicas, como dinâmicas, por exemplo.

Holanda et al., (2010) ao questionar professores sobre a Orientação Sexual, percebeu que a abordagem desse tema é, na maioria das vezes, realizada de forma sutil e simples, priorizando o diálogo aberto e, partindo das dúvidas e aflições dos alunos. Muitos professores afirmam que não preparam aulas, pois, preocupam-se com as necessidades individuais de cada aluno.

0 5 10 15 20

Escola A Escola B

Não Sim

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Figura 8: Metodologias utilizadas para abordar o tema.

Ao debater o tema com os alunos, os professores afirmaram (Figura 9),que se surpreendem com: 34% o interesse demonstrado pelos alunos; 35,5% as dúvidas que surgem; 13,5% não trabalham com o tema; 17% preferiram não responder a essa pergunta.

Figura 9: Percepção do professor ao abordar o tema em sala de aula.

Durante o trabalho com esse tema, 46% dos professores afirmaram que possuem o apoio necessário para desenvolver o tema; 4% afirmaram não ter apoio da escola; 50% preferiram não responder a essa pergunta, conforme apresentado na Figura 10. Ao falar do apoio dos pais, 72% dos professores preferiram não

0 2 4 6 8 10 12 Aulas expositivas. Filmes e documentários. Atividades lúdicas. Condução de debates. Sem resposta. Escola B Escola A 0 2 4 6 8 10 12 14 O interesse dos alunos.

As dúvidas que surgem. Não trabalho com esse tema. Outros. Sem resposta.

Escola B Escola A

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responder; 22% afirmaram que possuem o apoio deles; 6% afirmam que não possuem o apoio dos pais, conforme demonstrado na Figura 11.

A falta de apoio aos professores não é novidade, Holanda et al., (2010) ouviram vários professores relatando situações de total falta de subsídios para desenvolver aulas mais voltadas para debates e discussões enfocando saúde reprodutiva e sexualidade. Infelizmente, a falta de recursos materiais, físicos e morais levam professores a abordar a sexualidade apenas sob a ótica do aspecto biológico.

Figura 10: Apoio da escola.

Figura 11: Apoio dos pais.

0 5 10 15 20 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A 0 5 10 15 20 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

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A interdisciplinaridade que está presente no tema transversal “Orientação sexual”, realmente existe nessa instituição pesquisada segundo 50% dos professores; porém, 50% afirmam o contrário, como pode ser observado na Figura 12.

Altmann (2003) expôs a dificuldade em encontrar situações reais de interdisciplinaridade na escola, pois, segundo sua pesquisa, o tema é mais comumente abordado de maneira transversal apenas pelo professor da disciplina de Ciências.

Figura 12: Existência da interdisciplinaridade.

A Figura 13 apresenta dados referentes à importância da abordagem do tema Sexualidade em casa. Segundo 84% dos professores, a importância da conversa sobre esse tema na casa do aluno é de 100%; 12% acreditam que é de 50%. A importância da abordagem desse assunto na escola é para 68% dos professores de 100% e para 30% dos professores é de 50%; 2% afirmam que é de 25%, segundo ilustrado na Figura 14.

Gonçalves, Faleiro e Malafaia (2013), discutem sobre a importância do diálogo familiar sobre sexualidade, porém, afirmam a inexistência de debates relevantes. Portanto, cabe à escola orientar os alunos no que tange a Orientação Sexual, visto que, o tema ainda é tabu.

0 5 10 15 20

Escola A Escola B

Não Sim

(29)

Figura 13: A importância de abordar o tema em casa.

Figura 14: A importância de abordar o tema na escola.

Foram entrevistados 150 alunos das instituições de ensino A e B, sendo que, desses, 41,3% eram do sexo masculino e 58,7% do sexo feminino. A grande maioria dos alunos prontificou-se a responder o questionário e assinar o termo, sem maiores problemas.

Ao serem questionados sobre as fontes pesquisadas por eles, quando surgem dúvidas sobre sexualidade, 38% dos alunos responderam que procuram seus pais e responsáveis; 21% procuram amigos; 15% fazem buscas na internet; 22% retiram as dúvidas com seus professores; 4% preferiram não responder (Figura 15). 0 5 10 15 20 25 0% 25% 50% 100% Sem resposta Escola B - Casa Escola A - Casa 0 5 10 15 20 0% 25% 50% 100% Sem resposta Escola B - Escola Escola A - Escola

(30)

De acordo com os resultados, pode-se perceber que há certa diferença entre os alunos de ambas as comunidades escolares, principalmente, quando analisa-se as fontes mais utilizadas para retirar dúvidas por eles.

Figura 15: Fontes pesquisadas pelos alunos.

A Figura 16 vem a apresentar dados referentes à importância da abordagem sobre Sexualidade na escola.Dos entrevistados, 97,4% afirmaram que a abordagem da escola sobre o tema é muito importante; enquanto, 1,3% afirmaram que o trabalho desse tema na escola não é importante e 1,3% preferiram não responder a essa pergunta.

Figura 16: Importância da abordagem na escola.

0 10 20 30 40 50 60

Com seus pais. Com seu professor. Na internet. Com seus amigos. Sem resposta. Escola B Escola A 0 20 40 60 80 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

(31)

Quando se perguntou sobre o relacionamento com os pais e responsáveis, 47,6% dos alunos afirmaram que se sentem à vontade para conversar sobre sexualidade com eles; 47% afirmaram que não se sentem à vontade para conversar com os pais sobre o assunto; 5,4% preferiram não responder (Figura 17).

Silva et al., (2011) afirmam que o relacionamento entre pais e filhos na adolescência apresenta em suas conclusões que, apesar do afeto estar presente, os filhos sentem falta de demonstrações de carinho dos pais nessa fase da vida. Por outro lado, os pais tendem a diminuir as conversas com os filhos, levando ao distanciamento entre ambos.

Figura 17: O adolescente conversa com seus pais sobre sexualidade.

A Figura 18 ilustra os dados a respeito dos professores atenderem às dúvidas dos alunos sobre o tema Sexualidade. Observou-se que 50% afirmaram que os professores retiram as suas dúvidas raramente; 33% afirmaram que estes sempre retiram as dúvidas; 11% dos alunos afirmaram que esses profissionais não sanam as dúvidas; e 6% preferiram não responder.

0 10 20 30 40 50 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

(32)

Figura 18: Frequência com a qual professores retiram dúvidas.

A Figura 19 apresenta dados sobre a opinião dos alunos quanto ao domínio dos professores sobre o tema Sexualidade, e verificou-se que 55% dos alunos acreditam que seus professores dominam os conteúdos relacionados à Orientação sexual; 26,5% acreditam que eles não dominam esses conteúdos; 18,5% preferiram não opinar.

Figura 19: Domínio dos professores.

Os alunos entrevistados afirmaram que, quando seus professores e pais ou responsáveis retiram alguma dúvida, normalmente, 60,5% tem a dúvida sanada;

0 10 20 30 40 50

Eles não retiram dúvidas Raramente Sempre Sem resposta Escola B Escola A 0 10 20 30 40 50 60 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

(33)

13% continuam com a mesma dúvida; 10% não opinaram; 12,5% afirmaram que acabam tendo que pesquisar novamente em outras fontes; 4% afirmaram que seus professores e pais ou responsáveis não retiram suas dúvidas (Figura 20).

Gonçalves, Faleiros e Malafaia (2013) apontam que, a educação sexual encontra-se em um grande impasse social, pois, alguns pais acreditam que quando a escola aborda o assunto, está estimulando a iniciação precoce da vida sexual dos adolescentes. Porém, o mesmo estudo verificou a falta de diálogo existente entre pais e filhos, exigindo que a escola assuma o papel da orientação.

Figura 20: Dúvidas retiradas por pais e professores.

Apesar de 47,6% dos entrevistados demonstrarem uma grande vontade de conversar com os pais e responsáveis; 54% deles preferem conversar sobre sexualidade com seus amigos; 25,3% conversam com os pais e responsáveis; 7,3% com algum outro familiar; 12,3% com seus professores e 1,1% preferiram não responder, segundo apresentado na Figura 21.

Almeida et al., (2011) explicam a existência de diversas razões pelas quais os filhos preferem não iniciar a conversa sobre sexualidade com os pais, dentre os fatores pontuados estão à vergonha em questioná-los e a falta de tempo dos pais. Nesses casos, os adolescentes recorrem aos amigos para retirar dúvidas e conversar sobre sexualidade, porém, sabe-se que essa solução pode levar o adolescente a situações de risco.

0 10 20 30 40 50 60 Continua com a dúvida.

A dúvida é sanada. Eles não retiram dúvidas. Você precisa pesquisar em outros

lugares.

Sem resposta.

Escola B Escola A

(34)

Figura 21: Fontes de retirada de dúvidas.

Quando os alunos foram questionados quanto ao seu conhecimento sobre os Métodos Contraceptivos (Figura 22), 85,3% afirmaram que já ouviram falar sobre esses métodos; 12% afirmaram que nunca ouviram falar sobre esses métodos e 2,7% preferiram não opinar.

Figura 22: Conhecimento sobre Métodos Contraceptivos.

Apesar da grande maioria dos alunos possuírem alguma informação sobre os Métodos de contracepção, 80% gostariam de saber mais sobre eles; 12% não gostariam de obter maiores informações sobre eles e 8% não opinaram (Figura 23).

0 10 20 30 40 50 60 Seus pais. Seus professores. Seus amigos. Outro familiar. Sem resposta. Escola B Escola A 0 20 40 60 80 Sim Não Sem reposta Escola B Escola A

(35)

Almeida et al., (2011) constataram que a maioria dos alunos entrevistados em sua pesquisa demonstrou grande interesse em obter maiores informações sobre sexualidade. Ao trabalhar com o tema, o interesse dos alunos impressiona principalmente, pelo excesso de dados aos quais eles estão expostos e, pode-se perceber claramente a dificuldade do jovem ao selecionar essas informações.

Figura 23: Interesse dos adolescentes por mais informações sobre os Métodos Contraceptivos.

Quando o assunto é sobre a existência de filhos, 92% afirmaram que não possuem; 4% afirmaram que possuem filhos e 4% preferiram não opinar, segundo dados da Figura 24.

Segundo Diniz (2010) a falta de abordagem sobre métodos contraceptivos, sobre temas relacionados à sexualidade e a desestruturação familiar têm contribuído com os índices de gravidez na adolescência, pois, a família não está aberta ao diálogo. 0 10 20 30 40 50 60 70 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

(36)

Figura 24: Adolescentes que já possuem filhos.

A propósito de conversar em casa sobre sexualidade, 68,6% afirmaram que a percentagem de importância é de 100%; 17,1% afirmaram que a percentagem de importância é de 50%; 7% não opinaram; 3,3% afirmaram que a percentagem de importância é de 0%; 4% afirmaram que a percentagem de importância é de 25%, segundo apresentado na Figura 25.

Os autores Almeida et al., (2011) e Diniz (2010) tratam da temática do diálogo em casa, onde para ambos o adolescente demonstra vontade de conversar, porém, na prática o diálogo não faz parte da rotina. Grande parte dos pais e responsáveis acredita que falar de sexualidade envolve obscenidade e pornografia, portanto, eles preferem não abordar o assunto.

0 20 40 60 80 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

(37)

Figura 25: Importância da abordagem em casa.

A respeito das conversas sobre sexualidade na escola (Figura 26), 59% afirmaram que a percentagem de importância é de 100%; 24% afirmaram que a percentagem de importância é de 50%; 6% afirmaram que a percentagem de importância é de 25%; 6% não opinaram e 5% afirmaram que a percentagem de importância é de 0%.

Almeida et al., (2011) abordaram a questão do diálogo entre pais e filhos adolescentes, verificando que o debate sobre sexualidade não acontece na maior parte das vezes. O interessante é que apesar da falta de abordagem do tema pelos pais, observa-se que um grande percentual de adolescentes (41%) acredita que a importância dessa abordagem na escola varia de 50% a 0%.

0 10 20 30 40 50 60 0% 25% 50% 100% Sem resposta Escola B Escola A

(38)

Figura 26: Importância da abordagem na escola.

Foram entrevistados 127 pais e responsáveis das instituições A e B, sendo que, 51% são católicos; 33% evangélicos; 1% ateu; 7% pertencem a outras religiões, tais como: mórmon e espírita e 8% preferiram não responder (Figura 27).

Figura 27: Crença Religiosa dos pais e responsáveis.

Ao se questionar os pais sobre a importância da abordagem da escola sobre o tema, 87% concordam que é muito importante que a escola trabalhe com esse tema para orientar crianças e adolescentes; 8% acreditam que esse trabalho não é importante; 3% acreditam que a abordagem desse tema pela escola incentiva o

0 10 20 30 40 50 60 0% 25% 50% 100% Sem resposta Escola B Escola A 0 10 20 30 40 Evangélico Católico Ateu Outros Sem resposta Escola B Escola A

(39)

início precoce da vida sexual; 1% é expressamente contra a Orientação Sexual na escola e 1% não respondeu à pergunta (Figura 28).

Embora 87% dos pais julgarem o trabalho da escola importante, muitos pais demonstraram ser contra a existência desse tema na instituição escolar. Gonçalves, Faleiros e Malafaia (2013) explicam que, normalmente, os pais posicionam-se contra a abordagem escolar do tema por medo do início precoce da vida sexual dos filhos.

Figura 28: Opinião sobre Orientação Sexual na escola.

Quanto à existência desse tema na escola (Figura 29), 60% dos pais afirmaram que quando eram estudantes, esse tema não era abordado seus pelos professores; 36% afirmaram que esse tema era abordado seus pelos professores e 4% preferiram não responder.

Gonçalves et al., (2013) afirmam que graças à transmissão entre gerações de um mito sobre a sexualidade estar sempre ligada ao “obsceno”, “pornográfico” e “impuro”, muitos pais e responsáveis não apoiam a escola. Alguns deles não tiveram esse conteúdo no ensino regular, o que contribui para o aumento da resistência ao trabalho de prevenção.

0 10 20 30 40 50 60 É importante orientar

Não é importante Incentiva o início precoce da vida

sexual

Sou contra Sem resposta

Escola B Escola A

(40)

Figura 29: Existência do tema na escola quando o pai era estudante.

Sobre o relacionamento com o (a) filho (a), 57% consideram ótimo; 38% consideram bom; 3% consideram regular e 2% preferiram não responder, segundo observado na Figura 30.

Figura 30: Relacionamento com o(a) filho(a).

A Figura 31 vem a apresentar dados sobre a frequência das conversas sobre sexualidade com os filhos, 61% dos pais e responsáveis afirmam que possuem conversas com os filhos; 20% deles afirmam que têm essas conversas com os filhos às vezes; 14% afirmam que não conversam com os filhos e 5% preferiram não opinar. 0 10 20 30 40 50 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A 0 10 20 30 40 50 Bom Ótimo Regular Ruim Sem resposta Escola B Escola A

(41)

Figura 31: Frequência de conversas sobre sexualidade.

Quando se solicitou que aos pais que julgassem a clareza com a qual as escolas A e B abordam o tema, 65% afirmaram que existem objetivos muito claros nessa abordagem; 17% afirmaram que não existe clareza de objetivos e 17% não opinaram (Figura 32).

Figura 32: Clareza da escola ao abordar o tema.

A Figura 33 apresenta dados sobre a interferência que a Religião exerce sobre a Orientação Sexual, 59% dos pais responderam que não percebem essa influência da religião; 33% disseram que a religião influencia sobre a abordagem do tema e 8% não responderam.

0 10 20 30 40 50 Sim Não Às vezes Sem resposta Escola B Escola A 0 10 20 30 40 50 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

(42)

Apesar dos resultados expressos no gráfico acima, estudos como o de Bahia e Santos (2013) demonstram que a religião ainda exerce grande influência no ensino de Orientação Sexual.

Figura 33: Influência da religião.

Apesar de 61% dos pais e responsáveis afirmarem que têm conversas frequentes sobre o tema com seus filhos, 32% disseram que os filhos não perguntam sobre esse tipo de assunto; 31% afirmaram que conversam bastante com os filhos; 30% disseram que têm conversas frequentes com os filhos; 6% não responderam e, 1% não orientam os filhos em casa, pois, acreditam que é dever da escola (Figura 34).

Figura 34: Abordagem da Orientação Sexual em casa.

0 10 20 30 40 50 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A 0 5 10 15 20 25 30 Conversamos bastante

Não oriento, pois, é dever da escola

Meu filho (a) não pergunta sobre isso

Temos conversas frequentes Sem resposta

Escola B Escola A

(43)

Sobre a facilidade ou dificuldade de abordar o tema em casa (Figura 35), 43% disseram que é fácil abordar o tema com os seus filhos; 34% disseram que às vezes a conversa é fácil; 19% afirmaram que é difícil abordar o tema e, 4% não responderam.

Figura 35: Facilidade da abordagem do tema em casa.

Quando solicitou-se que os pais refletissem sobre as dúvidas que os filhos possuem e sobre a quantidade de dúvidas que os pais conseguiram responder (Figura 36), 38% responderam que nem sempre conseguem retirar as dúvidas dos filhos; 35% afirmaram que conseguem responder todas as dúvidas dos filhos; 17% afirmaram que às vezes conseguem responder todas as dúvidas; 6% disseram que não conseguem responder a todas as dúvidas e, 4% não opinaram.

0 5 10 15 20 25 30 35 Sim Não Às vezes Sem resposta Escola B Escola A

(44)

Figura 36: Frequência com que todas as dúvidas são solucionadas pelos pais.

Questionou-se sobre quais providências os pais tomam quando por acaso não conseguem retirar alguma dúvida dos filhos (Figura 37), 49% afirmam que procuram pesquisar em outras fontes; 22% procuram ajuda de um médico; 19% preferiram não responder; 8% não retiram a dúvida; 2% conversam com o professor do filho.

Figura 37: Fontes de pesquisas dos pais.

A Figura 38 aponta os resultados sobre a importância da abordagem desse tema em casa, percebe-se que 45% acreditam que a importância dessa abordagem

0 5 10 15 20 25 30 Sim Nem sempre Não Às vezes Sem resposta Escola B Escola A 0 5 10 15 20 25 30 35 Procuro pesquisar em outras

fontes.

Não retiro a dúvida. Procuro um médico. Converso com o professor dele. Sem resposta.

Escola B Escola A

(45)

é de 50%; 38% acreditam que é de 100%; 12% acreditam que é de 25%; 2% acreditam que é de 0% e 2% não responderam.

Figura 38: Importância da abordagem em casa.

Sobre a importância da abordagem do tema na escola (Figura 39), 53% acreditam que a importância da escola trabalhar com esse tema é de 50%; 20% acreditam que a importância da escola trabalhar com esse tema é de 25%; 19% acreditam que a importância é de 25%; 5% acreditam que é 0% e, 3% não responderam.

Figura 39: Importância da abordagem na escola.

0 10 20 30 40 50 0% 25% 50% 100% Sem resposta Escola B Escola A 0 10 20 30 40 50 0% 25% 50% 100% Sem resposta Escola B Escola A

(46)

Ao serem questionados sobre a existência de tabu em relação ao tema sexualidade, conforme apresentado na Figura 40, cerca de 55% acreditam que não existe tabu em abordar esse tema; 42% acreditam que falar sobre sexualidade ainda é um tabu; 2% não quiseram opinar.

Segundo Almeida et al., (2013), falar sobre sexualidade ainda é um tabu. As famílias no geral não conseguem abordar de maneira adequada o tema, pois, os filhos sentem-se inibidos para questionar e, os pais constrangidos com o assunto. Porém, quando a escola aborda o tema, é comum receber ligações e visitas de pais e responsáveis indignados, cobrando justificativas da Direção e do professor responsável para tal abordagem.

Figura 40: Sexualidade: existência de Tabu.

Os pais e responsáveis que assinalaram a pergunta anterior de maneira afirmativa opinaram sobre as razões (Figura 41), que levam o tema Sexualidade a ser um tabu, sendo que, 34% afirmaram que sentem-se constrangidos ao abordar o assunto; 23% não conseguem retirar todas as dúvidas dos filhos; 13% não gostam de falar do assunto com os filhos; 13% possuem outros motivos, tais como: dificuldades para conversar com filhos do sexo masculino e, a falta de questionamento dos filhos adolescentes; 12% não responderam; 4% acreditam que falta informação sobre o assunto.

0 10 20 30 40 Sim Não Sem resposta Escola B Escola A

(47)

Figura 41: Razões pelas quais falar sobre sexualidade ainda é tabu.

A Figura 42 apresenta as Fotos (A, B,C e D), referentes à construção e aplicação da Dinâmica em sala de aula denominada “ CAIXA DE DÚVIDAS”. As “CAIXAS DE DÚVIDAS” foram confeccionadas durante a pesquisa pelos próprios alunos da instituição A e B. Durante o período da pesquisa, os alunos poderiam inserir seus questionamentos sobre sexualidade dentro das caixas sem identificar-se. Posteriormente, as caixas foram abertas e as dúvidas debatidas com os alunos.

0 2 4 6 8 10 12 14 Por que não consigo retirar todas as

dúvidas.

Por que me sinto constrangido (a) em falar sobre isso.

Por que falta informação. Por que não gosto de falar sobre isso. Outros. Sem resposta.

Escola B Escola A

(48)

(A) Caixa de Dúvida– Escola A (B) Caixa de Dúvidas-Escola B

(C) Caixa de Dúvidas-Escola B (D) Caixa de Dúvidas Escola B Figura 42: Fotos sobre a Dinâmica “CAIXA DE DÚVIDAS”, nas escolas A e B.

A Figura 43 ilustra através das Fotos (A, B, C e D), a participação dos alunos das escolas A e B, através da qual os alunos tiveram a oportunidade de se manifestarem através de suas dúvidas e anseios sobre o tema Sexualidade, sem se identificarem, preservando-se desta maneira a sua identidade, e também mantendo-se o sigilo de mantendo-seus questionamentos e curiosidades a respeito do tema abordado em sala de aula.

(49)

(A) Dúvidas dos alunos da escola A. (B) Dúvidas dos alunos da escola A.

(C) Dúvidas dos alunos da escola B (D) Dúvidas dos alunos da escola B. Figura 43: Fotos sobre a participação na Dinâmica “CAIXA DE DÚVIDAS”.

Na Figura 44 pode-se observar os Métodos Contraceptivos utilizados na Aula diferenciada com os alunos, na qual, observou-se o desconhecimento de métodos como Preservativo Feminino e DIU (Dispositivo Intrauterino).

Aula diferenciada – Métodos contraceptivos.

(50)

Ao se analisar as dúvidas dos alunos da instituição A, percebe-se que os questionamentos podem ser separados nos mais simples, tais como: “Na hora de perder a virgindade sangra, dói?”; os questionamentos medianos, tais como: “Por que o sexo é tão importante para os homens a ponto de fazê-los estuprar mulheres?” e, nos mais avançados, como: “O que é congelamento de óvulos? Como funciona?”.

Ao se analisar as dúvidas que surgiram da dinâmica “Caixa de dúvidas” da Instituição B, pode-se perceber que a maioria dos adolescentes possui inúmeras dúvidas ligadas à falta de informações confiáveis. Algumas dúvidas são extremamente simples, tais como: “O que é HIV?” e “Como se prevenir da gravidez?”; outras dúvidas são ligadas a questões como sintomas da gravidez e menstruação; e outras estão ligadas ao aborto; pílula do dia seguinte (contracepção de emergência) e outros métodos contraceptivos.

Os três níveis de questionamentos podem ser percebidos em ambas as instituições estudadas, sendo que, são indicadores da importância do trabalho de prevenção realizado nas instituições escolares, uma vez que, a abordagem familiar é, em muitos casos, insuficiente para sanar todas as dúvidas dos adolescentes.

Inserindo-se em sala de aula a Dinâmica “CAIXA DE DÚVIDAS”, a grande parte dos adolescentes participou, pois, não precisariam identificar-se ou falar na frente de seus colegas sobre suas dúvidas. Esse recurso foi de suma importância para colher e nivelar as dúvidas que surgem com maior frequência entre os adolescentes da faixa etária pesquisada.

(51)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao observarem-se as dúvidas constantes das “Caixas de dúvidas” desenvolvidas com os alunos em sala de aula, durante o projeto, consegue-se perceber claramente que, muitas dúvidas são extremamente simples, englobando temáticas relativas às Doenças Sexualmente Transmissíveis; sintomas de gravidez; pílula anticoncepcional; dentre outras.

Alguns questionamentos surpreenderam, principalmente, por se tratarem de dúvidas muito ingênuas, normalmente, difundidas nas mídias. Perguntas como “o que é DST?”, “Como não contrair a AIDS?” e “O que é HIV?” apareceram nas “Caixas de dúvidas” diversas vezes, sendo que, acabam chocando, pois, percebe-se que, assim como Ramiro et al., (2011) indicaram em seu trabalho, o excesso de informações a que esses jovens estão expostos, não garante a qualidade das mesmas, levando a problemas relacionados à sexualidade.

Impressionante é o fato de que, em pleno século XXI, boa parcela dos jovens ainda têm dúvidas relacionadas à prevenção da transmissão de doenças tão conhecidas no mundo. Alguns chegam até a questionar sobre o significa a sigla HIV. Além disso, é interessante perceber que, apesar da grande maioria dos professores afirmarem que, trabalham com a “Orientação sexual”, grande parte dos estudantes afirmam que os seus professores não retiram suas dúvidas, e em muitos casos, os alunos os julgam despreparados para isso.

Outro ponto conflitante da pesquisa está nas fontes investigadas pelos alunos para retirar dúvidas, mesmo afirmando no início da pesquisa que sentem-se a vontade para conversar com seus pais sobre o tema, a grande maioria dos pesquisados, afirmaram que preferem conversar com seus amigos ou realizar pesquisas na internet.

Além disso, apesar da grande parte dos pais afirmarem que não enfrentam problemas para abordar o tema com seus filhos; que conseguem retirar todas as dúvidas deles; e que não acreditam que a abordagem do tema pela escola seja realmente importante, no final da pesquisa, grande parte afirmou que não gosta de falar sobre sexualidade com seus filhos; que seus filhos não questionam sobre o tema; e boa parte afirmou que há certo constrangimento ao abordar o assunto com os filhos.

(52)

As altas porcentagens de pais que por algum motivo não conversam com os filhos sobre sexualidade, vêm de encontro à pesquisa realizada por Fonseca et al., (2010), na qual o pesquisador afirma que os adolescentes têm dificuldades para conversar sobre esse assunto com os pais.

Dessa maneira, é possível afirmar que apesar da falta de enfoque do tema em casa, grande parte dos pais e responsáveis ainda enxergam a abordagem do mesmo na escola com maus olhos, sendo que, alguns posicionam-se contra o trabalho de prevenção desenvolvido pelos professores.

Através da análise das respostas de professores, pais e alunos, percebe-se que ainda existe uma série de preconceitos ligados à abordagem da “Orientação Sexual” realizada nas escolas públicas, sendo que, em parte, pode-se explicar essa situação pela falta de abordagem que a maioria dos pais teve quando eram adolescentes. Além disso, essa carência que os pais sofreram quando eram estudantes, leva parte deles a acreditarem que, ao abordar o tema, o professor está incentivando o início da vida sexual precocemente.

Infelizmente, os pais não conseguem perceber que na verdade, a maioria dos adolescentes não questiona sobre sexualidade em casa, pois, sentem-se constrangidos e, preferem buscar respostas para suas dúvidas e inquietações com amigos, na internet ou com professores.

Alguns adolescentes demonstram-se extremamente constrangidos ao abordar o tema, quando questionados sobre as razões desse comportamento, as respostas indicam situações de grande repressão sexual. Esses adolescentes indicam que a sexualidade é algo “obsceno”, “pornográfico”, que não deveria ser abordado pela escola. Esses comportamentos demonstram que algumas famílias repreendem os impulsos sexuais, a curiosidade e interesse dos filhos, utilizando-se da religião ou de castigos e recriminações verbais e/ou físicas.

Portanto, através do trabalho de pesquisa realizado nas instituições de ensino públicas A e B, percebe-se a desestruturação da família, e a falta de diálogo aberto existente entre pais e filhos, onde, os pais acreditam que tudo está perfeitamente bem, pois, seus filhos não questionam, logo, não possuem dúvidas ou não pensam em ter relações sexuais.

(53)

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conhecimentos, crenças, atitudes e comportamentos nos adolescentes.

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APÊNDICE A - Questionário – Grupo 1 (alunos)

1) Onde você retira suas dúvidas sobre sexualidade: a) Com seus pais

b) Com seu professor c) Na internet

d) Com amigos e) Sem resposta

2) Você acha importante que a escola englobe o tema sexualidade? a) Sim

b) Não

3) Você se sente a vontade para conversar sobre sexo com seus pais? a) Sim

b) Não

4) Com qual frequência seus professores retiram dúvidas sobre sexualidade? a) Eles não retiram dúvidas

b) Raramente c) Sempre d) Sem resposta

5) Você acredita que esse assunto é dominado pelo seus professores? a) Sim

b) Não

6) Quando o professor ou seus pais tiram uma dúvida sobre sexo, você: a) Continua com dúvida

b) A dúvida é sanada

c) Eles não tiram minhas dúvidas

d) Tenho que pesquisar em outros lugares e) Sem resposta

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7) Você se sente mais a vontade para conversar sobre sexo com: a) Seus pais b) Seus professores c) Seus amigos d) Outro familiar e) Sem resposta

8) Você tem uma vida sexual ativa? Sim ( ) Não ( )

Se sim, com qual idade você iniciou? ______

9) Qual (is) métodos contraceptivos você utiliza? a) Preservativo

b) Pílula anticoncepcional c) Nenhum

d) Outros_______________ e) sem resposta

10) Caso não utilize, explique o por que. a) Não gosto

b) Não acho importante c) Outros_____________ d) Não é o momento adequado e) Sem resposta

11) Você tem filhos? Sim ( ) Não ( )

Se sim, quantos?____________

12) De 0 a 100% qual é a importância da Orientação Sexual em casa? a) 0%

b) 25% c) 50% d)100%

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e) Sem resposta

13) De o a 100% qual é a importância da Orientação Sexual na escola? a) 0%

b) 25% c) 50% d)100%

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APÊNDICE B - Questionário – Grupo 2 (professores)

1) Qual é sua crença religiosa? a) Evangélico

b) Católico c) Ateu

d) Outra_____________ e) Sem resposta

2) Você acha importante trabalhar a sexualidade na escola? a) Sim

b) Não

3) Você acredita que está preparado (a) para retirar todas as dúvidas dos alunos? a) Sim

b) Não

4) De acordo com sua experiência na sala de aula, você acredita que os pais: a) Não orientam os filhos

b) Orientam os filhos

c) Passam informações incompletas ou equivocadas d) Não conversam abertamente com os filhos

e) Sem resposta

5) Qual (is) é (são) as principais barreiras para o seu efetivo trabalho de prevenção? a) Alguns pais não apoiam a Orientação Sexual na escola

b) Não gosto de abordar esse tema, pois, não me sinto capacitado para isso c) Não trabalho com Orientação Sexual

d) Falta apoio da Gestão escolar e) Sem resposta

Referências

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