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Análise da prevalência do uso de psicotrópicos entre cuidadores informais de idosos com demência de Alzheimer e a relação com sua qualidade de vida, depressão, ansiedade, desesperança e fardo

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Academic year: 2017

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Programa Stricto Sensu em Gerontologia

Brasília - DF

2014

Autora: Analise Ferraz Loiola

Orientadora: Profª. Drª. Lucy Gomes Vianna

ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DO USO DE PSICOTRÓPICOS

ENTRE CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS COM DEMÊNCIA

DE ALZHEIMER E A RELAÇÃO COM SUA QUALIDADE DE VIDA,

(2)

ANALISE FERRAZ LOIOLA

ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DO USO DE PSICOTRÓPICOS ENTRE CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS COM DEMÊNCIA DE ALZHEIMER E A

RELAÇÃO COM SUA QUALIDADE DE VIDA, DEPRESSÃO, ANSIEDADE, DESESPERANÇA E FARDO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.

Orientador: Profª. Drª. Lucy Gomes Vianna

(3)

7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

L834a Loiola, Analise Ferraz.

Análise da prevalência do uso de psicotrópicos entre cuidadores informais de idosos com Demência de Alzheimer e a relação com sua qualidade de vida, depressão, ansiedade, desesperança e fardo. / Analise Ferraz Loiola – 2014.

132 f.; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2014. Orientação: Profa. Dra. Lucy Gomes Vianna

1. Gerontologia. 2. Cuidador familiar. 3. Psicotrópicos. 4. Idoso. 5. Demência. 6. Alzheimer, Doença de. I. Vianna, Lucy Gomes, orient. II. Título.

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Dedico este trabalho á Deus, quem primeiro me amou, dando-me sabedoria e capacidade para realizar meus sonhos e objetivos.

À Maria Mãe de Jesus, quem me educa e ensina dia a dia, a ter a certeza de que, com seu Filho, posso superar todas as adversidades da vida.

Aos meus amados Pais, Irmã e Familiares.

A minhas filhas Aninha e Malú.

(5)

Surpreendente o dia de hoje, quando me vejo tentando recordar com muito carinho e consideração, sem cometer a injustiça do esquecimento, o nome de todos aqueles que, indiscutivelmente, foram importantes para a concretização desta dissertação.

Agradeço a minha orientadora, Professora Drª. Lucy Gomes Vianna, que com muita sabedoria e carinho orientou-me e acompanhou-me na construção deste projeto.

Aos meus pais que, com amor, reafirmam minha certeza do porto seguro em todos os momentos. Sem a sua paciência e compreensão, certamente não teria conseguido.

As minhas filhas Ana Rita e Maria Luíza, que com muita paciência souberam

esperar e entender que o “dever de casa da mamãe” chegava ao fim sempre antes

do “boa noite”. Amo vocês.

A minha irmã Lis, pelo sincero valor de uma verdadeira companhia e amizade que me faz ter a certeza do céu.

De modo geral, faz-se necessário ressaltar aqui, todo o carinho, atenção e amizade de todos os amigos e familiares que pacientemente, souberam entender a ausência.

Incluo de forma especial, minhas amigas, professora Dr.ª Mércia Sacramento e Ângela Sacramento, toda a Família Sacramento, que pacientemente me acolheram, entenderam e me ajudaram neste caminho. Tenho muito que agradecer a Deus pelo presente que é para mim, a nossa amizade. Meus sinceros agradecimentos.

As professoras: Dr.ª Gislane Ferreira de Melo, pelo apoio e assistência na compreensão da analise estatística e a. Dr.ª Carmen Jansen de Cárdenas pela compreensão qualitativa.

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Senhor, eu Vos agradeço por minha vida, assim como ela é.

Peço-Vos, dai-me percepção, para valorizá-la e respeitar meus irmãos, principalmente aqueles que estão passando por dificuldades, sejam elas quais forem.

Livrai-me do preconceito, da discriminação e principalmente da omissão.

Dai-me a graça da disponibilidade em contribuir para o alívio dos que sofrem, pois sempre e em qualquer circunstância haverá algo que eu possa oferecer, para levar esperança, fé, amor e conforto aos que de mim necessitarem.

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LOIOLA, Analise Ferraz. Análise da prevalência do uso de psicotrópicos entre cuidadores informais de idosos com demência de Alzheimer e a relação com sua qualidade de vida, depressão, ansiedade, desesperança e fardo. 2104. 132 f. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília – UCB. Brasília. 2014.

A demência de Alzheimer acarreta um aumento das responsabilidades dos familiares que são considerados cuidadores, ocasionando, desta forma, inúmeros prejuízos à sua saúde, gerando além de sobrecargas, má qualidade de vida, depressão, ansiedade e desesperança. O objetivo foi investigar a prevalência do uso de psicotrópicos entre cuidadores familiares de idosos com demência de Alzheimer e a relação com sua qualidade de vida, depressão, ansiedade, desesperança e fardo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, exploratória e transversal, realizada em Brasília – Distrito Federal, no Hospital da Universidade Católica de Brasília (HUCB), no período de novembro a janeiro de 2014. A amostra de 80 cuidadores familiares de ambos os sexos. Instrumentos utilizados: WHOQOL-BREF, Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), Escala desesperança de Beck – (BHS), Inventário Depressão de Beck – (BDI) e Escala de Sobrecarga de Zarit. Considerou-se como critérios de inclusão, o cuidador familiar acima de 18 anos, de ambos os sexos, alfabetizado, que exerça o cuidado por um período de tempo superior a três meses. Como critérios de exclusão, cuidadores familiares que não concordaram em participar do estudo. Os dados foram digitados e analisados com a utilização do programa Statistical Package for Social Science para Windows (SPSS, versão 22.0). As variáveis quantitativas foram descritas em função de sua mediana, média e desvio-padrão. As variáveis categóricas descritas por frequências. Os testes utilizados foram: teste t e Qui-Quadrado. O nível de significância adotado foi de p ≤

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cuidar, 75 (93,7%) exerciam cuidados por 12 horas diárias enquanto 5 (6,3%) em dias alternados. Não foi evidenciada relação positiva entre o suo de psicotrópicos com a qualidade de vida, ansiedade, desesperança e fardo nesses cuidadores. Observou- se uma relação positiva para o uso de psicotrópicos relacionado à presença de depressão nos cuidadores (p= 0,01). Apesar de não haver relação entre o uso de psicotrópicos com as demais variáveis, os resultados demonstram que a presença de depressão nestes cuidadores, justifica o alto índice no consumo de medicação psicotrópica por parte destes. Os resultados puderam comprovar que os impactos e desafios do cuidador do idoso são muitos e complexos, justificando, portanto, o alto consumo de psicotrópicos para esta amostra.

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The Alzheimer's dementia brings increased responsibilities of family members who are considered caregivers, leading thus countless harm to their health, as well as generating overloads, poor quality of life, depression, anxiety and hopelessness. The objective was to investigate the prevalence of the use of psychotropics among family caregivers of elders with Alzheimer's dementia and its relationship to quality of life, depression, anxiety, hopelessness and burden. This is a qualitative and quantitative, exploratory and cross-sectional survey, held in Brasilia - Federal District, in the hospital of the Catholic University of Brasília (HUCB) in the period from November to January 2014. A sample of 80 family caregivers of both genders. Instruments used : WHOQOL -BREF , Beck Anxiety Inventory ( BAI ) , the Beck Hopelessness Scale - ( BHS ) , the Beck Depression Inventory - ( BDI ) and the Zarit Scale Overload . Was considered as inclusion criteria, the family caregiver age 18 years, of both sexes, literate, engaged care for a period of time greater than three months. Exclusion criteria, family caregivers who did not agree to participate. Data were entered and analyzed using the Statistical Package for Social Science for Windows (SPSS, version 22.0). Quantitative variables were described in terms of the median, mean and standard deviation. Categorical variables described by frequencies. The tests used were t test and chi-square. The level of significance was set at p ≤ 0.05. The public who composed the sample was predominantly female, and 63 (78.8 %) women, while 17 ( 21.2 % ) were men . The age of the caregivers ranged between 37 and 84 years, with a mean of 55, 28 and a standard deviation of 9.9. Of the 80 caregivers, 66 (82.8 %) used psychotropic drugs and 14 (17.5 %) did not use. The Rivotril (Clonazepam) was used by 13 (16.3%) caregivers. 52 (78.8 %) female caregivers used psychotropic while 11 (17.5 %) did not. Among the 17 family caregivers were male, 14 (82, 4 %) used psychotropic and 3 (17.6 %) did not use. Most caregivers (91.4 %) had grade greater than 8 years of schooling. 62 (77.5 %) caregivers reported being married. With regard to the degree of kinship, 53 (66.2 %) were children and 33 (41.1%) caregivers exerted labor activity. Regarding health and lifestyle habits, 14 (17,5%) caregivers reported having leisure activities and in relation to the task of taking care, 75 (93.7%) worked for 12 hours a day care while 5 (6.3%) on alternate days. There was no significant positive relationship between psychotropic with the quality of life, anxiety, hopelessness and burden on these caregivers. There was a positive relationship to the use of psychotropic related to the presence of depression in caregivers (p = 0.01). Although there is no relationship between the use of psychotropic drugs with the other variables, the results show that the presence of depression in these caregivers, justifies the high rate in the consumption of psychotropic medication by these. The results could prove that the impacts and challenges of caregivers of seniors are many and complex, thus justifying the high consumption of psychotropic drugs for this sample.

(10)

Gráfico 1: Distribuição dos cuidadores familiares em relação ao sexo 49

Gráfico 2: Uso de psicotrópicos em relação ao sexo dos cuidadores 51

Gráfico 3: Relação de psicotrópicos mais utilizados por parte dos cuidadores familiares

54

Gráfico 4: Escolaridade dos Cuidadores familiares 55

Gráfico 5: Uso de psicotrópico relacionado com a escolaridade dos cuidadores

57

Gráfico 6: Estado civil dos cuidadores familiares 58

Gráfico 7: Relação do uso de psicotrópicos e grau de parentesco 61

Gráfico 8: Atividade Laborativa 62

(11)

Tabela 1: Variáveis descritivas sócio demográficas dos cuidadores familiares

47

Tabela 2: Idade dos cuidadores familiares 47

Tabela 3: Uso de psicotrópicos relacionados à idade dos cuidadores 48

Tabela 4: Grau de Parentesco 59

Tabela 5: Relação entre o tempo de cuidado e uso de psicotrópicos 65

Tabela 6: Uso de psicotrópicos e a relação com a qualidade de vida dos cuidadores

65

Tabela 7: Uso de psicotrópicos relacionados com a depressão 67

Tabela 8: Relação do uso de psicotrópicos e ansiedade 69

Tabela 9: Relação do uso de psicotrópicos e desesperança 72

Tabela 10: Uso de psicotrópicos e presença de fardo dos cuidadores familiares

74

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ACh Acetilcolina BAI

BDI BHS CEPUCB

D.A HUCB IChES NMDA

Inventário de Ansiedade de Beck Inventário Depressão de Beck Escala desesperança de Beck

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília

Demência de Alzheimer

Hospital da Universidade Católica de Brasília Enzima Colinesterase

N-Metil-D-Aspartato SPSS

TCLE

Statistical Package for Social Science para Windows Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Zarit Escala de Sobrecarga de Zarit

WHOQOL-bref The Whoqol Group. Development of the World Health Organization

C1M Cuidador 1 Masculino

C2F Cuidador 2 Feminino

C3F Cuidador 3 Feminino

C4F Cuidador 4 Feminino

C5F Cuidador 5 Feminino

C6F Cuidador 6 Feminino

C7M Cuidador 7 Masculino

C8F Cuidador 8 Feminino

C9M Cuidador 9 Masculino

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1 INTRODUÇÃO 13

1.1 JUSTIFICATIVA 16

1.2 APROXIMAÇÃO E MOTIVAÇÃO DO TEMA 18

1.3 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA 20

2 OBJETIVOS 22

2.1 OBJETIVO GERAL 22

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 22

3 REFERENCIAL TEÓRICO 23

3.1 A DEMÊNCIA DE ALZHEIMER 23

3.2 TRATAMENTO 27

3.3 O CUIDADOR FAMILIAR 29

3.4 O CUIDADOR FAMILIAR: QUALIDADE DE VIDA, DESESPERANÇA, ANSIEDADE, FARDO E DEPRESSÃO.

32

3.5 PSICOTRÓPICOS 37

4 MATERIAIS E MÉTODOS 40

4.1 TIPO DE ESTUDO 40

4.2 AMOSTRA 41

4.2.1 Critérios de Inclusão 41

4.2.2 Critérios de Exclusão 41

4.3 INSTRUMENTOS 42

4.3.1 Instrumento de qualidade de vida - Woqcol 42

4.3.2 Inventário de ansiedade - BAI 42

4.3.3 Escala de desesperança - BHS 42

4.3.4 Inventário de depressão - BECK 43

4.3.5 Escala de Sobrecarga de ZARIT 43

4.3.6 Questionário sócio demográfico 44

4.3.7 Entrevista semi estruturada 44

4.4 PROCEDIMENTOS 44

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REFERÊNCIAS 82

APÊNDICE A 98

APÊNDICE B 100

APÊNDICE C 101

APÊNDICE D 102

ANEXO A 118

ANEXO B 123

ANEXO C 124

ANEXO D ANEXO E

125 128

(15)

1 INTRODUÇÃO

A população está envelhecendo ao passar dos anos de maneira progressiva e acentuada, e este processo resulta do declínio da taxa da fecundidade (RAMOS et al., 1987).

Estudo realizado por Carvalho e Wong (2008) demonstrou que um grupo etário composto por pessoas acima de 65 anos cresceu de 3,5% em 1970 para 5,5% em 2000. Em 2050 este mesmo grupo etário deverá responder por cerca de 19% da população brasileira, proporcionando a mudanças de padrão na pirâmide populacional brasileira (ONU, 2002).

Papaléo (1996) e Carvalho (2005) conceituam o envelhecimento como um processo progressivo e dinâmico que se perfaz de perdas e ganhos, compreendendo alterações das mais variadas, entre elas, as morfológicas, funcionais, psicológicas e bioquímicas, as quais possuem a capacidade de alterar progressivamente o funcionamento do organismo, tornando-o assim, mais suscetível às agressões.

Com o envelhecimento populacional, doenças que apresentam como principal fator de risco a idade, elevam sua prevalência, e um exemplo típico é a demência de Alzheimer (JORM; JOLLEY, 1998).

Yuaso (2001) referencia o termo “demência” como uma doença crônica

caracterizada por síndromes de etiologias diversas além de uma deficiência irreversível da função cognitiva cujo aspecto de maior observação e de fundamental importância é o prejuízo da memória, acompanhado de, pelo menos, outra função cognitiva.

Frente ao quadro patológico descrito, Garrido e Menezes (2004), relatam a necessidade da presença de um cuidador familiar, em que este assuma o comando para com os cuidados com o idoso dementado, que apresenta uma dependência real e diária desde o início da doença até a fase avançada, exercendo uma participação de cuidados ativos.

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dementados se difere pelo fato de ainda não possuir este reconhecimento (GARRIDO; MENEZES, 2004).

Com envelhecimento da população brasileira, sem o menor auxílio e preparo por parte do Estado e das autoridades competentes, acarreta um aumento das responsabilidades dos familiares que são considerados cuidadores, acarretando, desta forma, inúmeros prejuízos à sua saúde, isto gera, além de sobrecargas, má qualidade de vida, estresse, depressão, ansiedade e desesperança (BRASIL, 2006).

Assim, Constenaro e Lacerda (2001) relatam que os membros da família, eleitos e considerados cuidadores informais, passam a ter diversas atribuições e desafios que vão desde a dificuldade de se estabelecer uma comunicação com estes idosos até os cuidados relacionados aos inúmeros distúrbios comportamentais. Marcados, na maioria das vezes, pelo grande despreparo psicológico, físico e emocional, estes cuidadores familiares se deparam com ocasiões de conflito, insatisfação, insegurança e sensação de desespero que colaboram para uma má qualidade de vida (ANDRIEU et al., 2007).

Abreu e Ramos (2007) acrescentam que a escolha de um membro cuidador familiar ideal por parte da própria família é realizada aleatoriamente, baseando-se em critérios que vão, desde a disponibilidade de tempo até o exercício dos cuidados em si, sem receber qualquer tipo de compensação ou remuneração.

Santos (2003) destaca que a presença de desgastes emocionais e físicos, oriundos do excesso de atividades e responsabilidades cotidianas, decorrentes do processo de cuidado familiar para com este idoso, geram situações diversificadas que se apresentam com impactos negativos na vida deste cuidador familiar. Diante disto, o cuidador necessita de ajuda e tende a buscá-la como um auxílio para superar as adversidades diárias advindas do quadro progressivo e gradual desta doença, levando-o, desta forma, ao consumo de medicamentos psicotrópicos (SANTOS; PAVARINI, 2010).

(17)

devem ser considerados para a justificativa do crescente número destes que utilizam drogas psicotrópicas.

Nesse contexto, faz-se necessário a exploração da complexa relação entre o ser cuidador familiar e o ser idoso dementado, verificando as reais necessidades deste cuidador para, desta forma, desenvolver estratégias eficazes visando a melhoria de sua qualidade de vida, pois o conhecimento do perfil do cuidador familiar deste idoso dementado, bem como as inúmeras perspectivas que norteiam estes cuidados, proporcionam o melhor entendimento das informações a cerca deste cuidador em relação a utilização de medicações psicotrópicas.

(18)

1.1JUSTIFICATIVA

O aumento do número de indivíduos idosos tornou-se objeto de inúmeras pesquisas relacionadas tanto ao envelhecimento quanto a velhice, visando estudar a qualidade de vida destes idosos a fim de promover uma maior longevidade.

Com o gradativo aumento da expectativa de vida, as doenças associadas ao próprio envelhecimento, como demência de Alzheimer, torna-se uma realidade, compreendendo 55,1% dos casos de demência entre indivíduos com idade superior a 65 anos, caracterizada pelo declínio progressivo da memória e da função cognitiva, constituindo-se, desta forma, uma das principais patologias nesta população (HERRERA et al., 2002).

Tendo em vista que o idoso dementado por Alzheimer apresenta perdas gradativas na cognição, além de alterações de comportamento, emoção, adaptação ao meio e convívio com as demais pessoas (ELIAS, 1998), faz-se necessário a escolha de um cuidador familiar que seja capaz de exercer o cuidado para com este idoso que, progressivamente, se torna cada vez mais dependente.

Esta dependência de cuidados requer uma dedicação integral de um cuidador familiar, pois estes cuidados exigem inúmeras responsabilidades cotidianas resultando na transformação da qualidade de vida deste cuidador. Assim, Garrido e Menezes (2004) discorrem a respeito do significado do cuidador familiar. Os autores relatam que não se trata de um evento transitório, mas ao contrário, ser um cuidador familiar é uma situação que demanda tempo, energia, carinho, esforço e boa vontade. Baseado nisto, o cuidador desenvolve inúmeros arranjos diários para facilitar seu entendimento às progressivas e irreversíveis perdas deste idoso.

(19)

Observado por Garrido e Meneses (2004) a população de cuidadores familiares, não possui um apoio por parte do Estado que ofereça informações e suportes necessários ao seu exercício de cuidar, além de não capacitá-lo para o enfrentamento digno das inúmeras mudanças ocorridas em sua vida. Isso se torna um fator de risco para o aparecimento de doenças inerentes ao desgaste físico, emocional, social e financeiro, pois muitos destes cuidadores, segundo os autores referidos, não recebem nenhuma remuneração para a realização dos cuidados com este idoso.

Tornar-se um cuidador familiar será cada vez mais comum nos dias atuais, visto que o aumento do número de pessoas idosas cresce consideravelmente e a incidência de doenças crônicas proporcionalmente ao envelhecimento. Por isso, justifica-se a necessidade de se investir na qualidade de vida destes cuidadores familiares de idosos dementados por Alzheimer. Dessa forma, faz-se imprescindível a realização de pesquisas a fim de obter informações acerca do tema proposto pelo presente estudo, para fundamentar programas e políticas de intervenção na área da saúde que minimizem o impacto negativo gerado por estes cuidados na vida destes cuidadores.

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1.2 APROXIMAÇÃO DO TEMA E MOTIVAÇÃO

Meu interesse pelos estudos na área de Geriatria e Gerontologia iniciou-se no último ano de formação acadêmica em Farmácia e Enfermagem quando motivada pelo tema em questão, iniciei meu trabalho de conclusão de curso baseado nos estudos em idosos.

Após realizar os levantamentos de dados, deparei-me com inúmeras problemáticas vivenciadas não só pelos idosos, mas também, pelos cuidadores informais e profissionais ligados à área de geriatria e gerontologia, que na ocasião, eram quem exerciam os cuidados para com estes idosos, em sua maioria, portadores da demência de Alzheimer.

Minha atenção voltou-se ao fato de que estes idosos tinham ao seu lado, cuidadores familiares que conviviam diretamente com esta doença e que lidavam

diariamente com o efeito “deletério” que esta produzia na vida deste idoso, e que de

forma direta ou indireta, somava-se à sua própria vida. Esse quadro despertou em mim um interesse de estudar não só esta doença, mas, sobretudo, as consequências que a mesma produzia na vida destes cuidadores informais, alterando desde sua qualidade de vida, progredindo para o aparecimento de inúmeras patologias relacionadas aos cuidados dispensados a estes idosos.

Somando-se aos inúmeros processos observados, pude perceber a importância de se prestar um cuidado direcionado e especializado a estes idosos e aos seus cuidadores familiares, pois ao se falar em doença de Alzheimer, reconhecidamente comprometedora da capacidade funcional e cognitiva deste idoso, relato também a progressão em relação ao prejuízo da execução dessa patologia, de tarefas cotidianas, memória e comunicação, tornando este idoso, dependente de cuidados desde as suas necessidades mais simples até as mais complexas.

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Baseando-me nos fatos descritos, meu interesse em poder contribuir de forma eficaz, a fim de estabelecer medidas direcionadas à saúde deste cuidador informal, cresceu consideravelmente quando passei a integrar o grupo de pesquisa da Drª Lucy Gomes, no ano de 2012, localizado no Hospital da Universidade Católica de Brasília – HUCB, que trabalha diretamente com idosos dementados por Alzheimer, em que os mesmos são cuidados por cuidadores familiares.

O meu interesse em proporcionar uma contribuição de forma eficaz foi estabelecido quando, a partir de buscas por respostas que pudessem responder tais questionamentos e observações, deparei-me com as inúmeras dificuldades apresentadas por estes cuidadores familiares em relação à demanda de tempo e sobrecarga de cuidado dispensada por estes cuidadores comprometendo, desta forma, sua saúde física e psicológica.

O estudo da velhice abrange variadas perspectivas de atuação de profissionais integrados a uma equipe multidisciplinar que tenha como objetivo, dentre outros, promover a qualidade de vida deste idoso proporcionando desta forma, uma maior longevidade.

Meu objetivo como profissional integrante e colaboradora desta equipe multidisciplinar, é focar a promoção da saúde do cuidador informal em aspectos físicos e psicológicos, pois devemos cuidar daquele que cuida de maneira dedicada

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1.3 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Marcado pelo despreparo físico, psicológico e emocional, o cuidado exercido por parte de um cuidador familiar pode gerar, segundo Marques (2001), inúmeros desgastes, pois se empenha muita dedicação para colaborar na melhora do quadro clínico da doença. Diante do exposto, uma das principais dificuldades encontradas pelos cuidadores familiares, ao lidar com o idoso dementado, refere-se, dentre outras, à resistência do doente em seguir as orientações, obrigando este cuidador a desenvolver mecanismos de enfrentamento para lidar e superar estes desafios diários, que vão desde as informações a cerca dos cuidados até os conhecimentos técnico-científicos inerentes à doença (THOBER et al., 2005).

Ferrara et al., (2008) relaciona os cuidados dispensados aos idosos, por parte destes cuidadores familiares, descrevendo que a má qualidade de vida, além de aparecimento de insônia e sintomas de ansiedade, desesperança e depressão, tendem a torná-los mais vulneráveis e susceptíveis ao uso de drogas psicotrópicas quando comparados a outros cuidadores formais (MUCURRY et al., 2009).

Somadas às sobrecargas psíquicas, podemos encontrar as sobrecargas físicas a que esses cuidadores estão expostos. Ocorre então, o aparecimento de uma série de consequências, como o desenvolvimento de uma má qualidade de vida, propiciando o surgimento de depressão, ansiedade e desesperança nesses cuidadores, além de inúmeras patologias que podem justificar a utilização de múltiplas medicações, incluindo os psicotrópicos para ajudar a oferecer suporte (LEAL, 2000). Ainda segundo Coen et al., (1997) e Andrieu et al., (2007), estudos evidenciaram que os cuidadores familiares de idosos com demência de Alzheimer relatam mais cansaço, fardo, desgaste, revolta, depressão, dentre outras, quando comparados aos cuidadores familiares de idosos sem distúrbios neurodegenerativos.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar a prevalência do uso de psicotrópicos entre cuidadores informais de idosos com demência de Alzheimer e a relação com a qualidade de vida, ansiedade, desesperança, fardo e depressão.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Verificar a prevalência do uso de medicamentos psicotrópicos (benzodiazepínicos e antidepressivos) entre cuidadores informais de idosos portadores de demência de Alzheimer;

 Descrever se o uso de benzodiazepínicos e antidepressivos utilizados por estes cuidadores está relacionado com o sexo, faixa etária, nível educacional e grau de parentesco familiar;

 Identificar o uso de psicotrópico por estes cuidadores em relação ao tempo de cuidados (dias e total) dispensados a estes idosos;

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A DEMÊNCIA DE ALZHEIMER

Dr. Alois Alzheimer (1864 -1915), médico alemão, em 1906 encontrou no cérebro de uma paciente de 55 anos, August D., aspectos neuropatológicos. Esta paciente apresentava quadros de delírios, alteração na linguagem e memória, além de demonstrar ciúmes excessivos de seu marido. Seu falecimento com sintomas avançados de demência progressiva veio á ocorrer quatro anos e meio após o aparecimento destes sintomas. Uma vez realizado o exame anatomopatológico pelo Dr. Alois, foi observado à presença de placas senis e lesões encontradas no interior de seus neurônios, distribuídas pelo córtex cerebral. Posteriormente, Dr. Alois relatou o caso em uma conferência, definindo-o então, como uma patologia neurológica. (PENDLEBURY; SOLOMON, 1996). A origem do termo mal de Alzheimer, deu-se então em 1901 (ABRAZ, 2012).

Segundo relatos de Jorm (1990), notificou-se que, até aproximadamente a década de 1970, a Doença de Alzheimer era então considerada como uma forma de demência pré-senil diferenciando-se da demência senil que, embora se apresentasse com uma frequência superior, ainda assim despertava pouco interesse, motivo pelo qual era considerada parte do processo de envelhecimento.

De acordo com Pendlebury e Solomon (1996), a demência de Alzheimer é atualmente considerada a quarta maior causa de morte, seguida sequencialmente das doenças cardíacas, posteriormente pelo câncer e por fim pelo acidente vascular cerebral, sendo responsável por mais de 100.000 mortes por ano, atingindo ambos os sexos, além de todas as raças e classes sociais (CANINEU, 2002).

A demência é evidenciada com uma alta frequência na velhice (CARAMELLI; NITRINI, 1997), e quando comparada com as doenças neurodegenerativas em geral, Silveira et al.,(2006) discorre que, seu impacto é ainda maior devido sua ocorrência de 5% a 10% nos indivíduos acima de 65 anos, podendo chegar a 47% daqueles com mais de 85 anos. Apresentada como uma das maiores causas de mortalidade e morbidade entre idosos, sua prevalência está entre 2% e 25% dos pacientes com 65 anos ou mais (FRATIGLIONI; AMADUCI, 1990).

(26)

casos estimados a cada ano. Presume-se que, atualmente, o número de pessoas com demência na América Latina é de 1,8 milhões, sendo previsto que tais valores aumentem para 9,1 milhões até 2040.

Herrera et al., (1998), descreveram em um estudo populacional brasileiro realizado com idosos residentes na comunidade, que a prevalência da demência variou de 1,6%, entre os indivíduos com idade de 65 a 69 anos, a 38,9%, entre aqueles com idade superior a 84 anos.

O CID -10 define Demência como:

A Demência é uma síndrome decorrente de uma doença cerebral, usualmente de natureza crônica ou progressiva, na qual há perturbações de múltiplas funções corticais superiores, incluindo memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento. Não há obnubilação de consciência. Os comprometimentos de função cognitiva são comumente acompanhados, e ocasionalmente precedidos, por deterioração no controle emocional, comportamento social ou motivação. Esta síndrome ocorre na doença de Alzheimer, na doença cerebrovascular e em outras condições que, primária ou secundariamente, afetam o cérebro(OMS, 2003, p.1191).

O termo demência, segundo Forlenza e Caramelli (2000), é caracterizado como uma síndrome de etiologias diversas e seu aspecto de maior significância observado é o prejuízo da memória apresentado por este indivíduo, acompanhado de pelo menos outra função cognitiva como: a linguagem, gnosia, praxia, comprometimento do funcionamento das atividades diárias dentre outras.

Dentre as demências, a de Alzheimer é a mais comum entre os idosos, apresentando-se com definições características tanto clínicas quanto patológicas, afetando pelo menos 5% dos indivíduos com mais de 65 anos e 20% daqueles com mais de 80 anos (JORM; JACOMB, 1989). No Brasil, em idosos com idade acima de 65 anos é singularmente a responsável por 55% das demências (LOPPES; BOTTINO, 2002), seguida, respectivamente, pelas demências vasculares, que comumente são associadas à demência de Alzheimer, constituindo desta forma, o que se denomina de demência mista (GALLUCCI et al., 2005).

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podem interagir com inúmeros fatores relacionados à predisposição ambiental e associados à idade do indivíduo.

A proposta de descrever os critérios clínicos que qualificam o diagnóstico da Doença de Alzheimer como provável, possível e definido, foi abordada por Mckhann et al., (1984). Segundo os autores, a Doença de Alzheimer diagnosticada como provável, deve fazer referência à progressão do distúrbio de memória o qual se apresenta em caráter evolutivo, com característica de associar-se ao comprometimento de uma ou mais função cognitiva dentre elas: a linguagem, atenção, concentração, alterações relacionadas ao comportamento dentre outras. A Doença de Alzheimer possível caracteriza-se por apresentar um curso de evolução atípico ou mesmo, a associação de outros fatores que poderiam causar a demência e a Doença de Alzheimer para ser qualificada como definida, deve preencher todos os critérios clínicos e sua confirmação se dá pelo exame anatomopatológico, por meio de necropsia.

Segundo Tavares (1985), a Doença de Alzheimer possui uma variabilidade de um curso clínico e descreve como sintoma inicial principal, a perda de memória, interferindo diretamente no desempenho profissional e social deste indivíduo dementado, além de possuir intensidade suficiente para promover variadas alterações nos mesmos.

Kertesz e Mohs (2001) discorrem a respeito dos estágios iniciais da doença, no qual o indivíduo desenvolve alguns sinais e sintomas específicos que justificam o aparecimento da demência de Alzheimer. Este idoso apresenta dificuldade em pensar com clareza, onde o mesmo tende a cometer lapsos e a se confundir facilmente, além de apresentar queda em seu rendimento funcional em tarefas complexas, além da tendência ao esquecimento de fatos recentes e dificuldade para registrar novas informações.

Ao analisar a evolução da demência de Alzheimer, os primeiros sintomas são notados e usualmente aparecem após os 65 anos de idade. Desta forma, a avaliação inicial completa e criteriosa, além de ser determinante para o diagnóstico diferencial, também auxilia em determinar qual o tipo de Demência (NITRINI et al., 1994).

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própria higiene e alimentar-se, estas, anteriormente executadas sem nenhuma dificuldade ou prejuízo (LAKS, 1997).

Somados a este quadro progressivo da demência, de acordo com Norton et al., (1995), a presença de um dos maiores prejuízos relacionado com a perda da capacidade de viver e funcionar independentemente de outras pessoas, tornando-se desta forma, dependente dos cuidados por parte de um cuidador, pois observa-se que este quadro tende a se agravar quando o paciente começa a apresentar alguns sintomas psicóticos ou alterações comportamentais, que segundo Grossman et al., (1997) e Lacks (1997), potencializam e comprometem ainda mais a sua capacidade funcional, gerando e impondo desta maneira, um grande desgaste para o próprio paciente e sucessivas sobrecargas para o cuidador

O período e o tempo de duração da Doença de Alzheimer são variáveis e difíceis de determinar, pois seu o início é insidioso (TURNER et al., 1996). Os sintomas iniciais apresentados pelo indivíduo podem remeter os profissionais especializados a fechar um diagnóstico de outras patologias, que apresentam sintomatologias e quadro clínico muito semelhante, como a depressão, insônia, perda e déficit de memória associada à idade e ao próprio processo de envelhecimento (VERAS; COUTINHO 1994).

Mckhann et al., (1984) relatam e destacam que, além de ser baseado na observação de um quadro clínico compatível com os sintomas apresentados por este individuo, o diagnóstico clínico da demência de Alzheimer é criteriosamente embasado de forma a excluir outras possíveis causas de demências por meio de exames laboratoriais, neuroimagem estrutural e ressonância magnética.

Etiologicamente, segundo Chaves (2000), o diagnóstico desta demência se fundamenta, além dos exames citados, no perfil neuropsicológico característico constatado, sendo este muito importante para o diagnóstico diferencial das demais demências.

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Dentre as alterações microscópicas observadas por Forlenza e Caramelli (2000), além da perda neuronal, estas incluem também a degeneração sináptica intensa, ocorrendo principalmente na região do córtex cerebral, estruturas límbicas e córtex associativo, preservando áreas corticais primárias: motora somatosensitiva e visual (PEREIRA; ANDRADE, 2001).

Caracteristicamente, segundo Mesulan (2000), neste tipo de demência ocorrem perdas dos marcadores colinérgicos como a acetilcolinesterase, que se encontra diminuída nos estágios iniciais, associando-se coma redução da afinidade de captação da colina acetiltransferase, assim como o declínio no resultado de escore mental. Correlacionando-se a este fato, Engelhardt et al., (2005) descrevem que a demência de Alzheimer pode ser interpretada como uma doença que apresenta deficiência de vários neurotransmissores como um déficit noradrenérgico, serotoninérgico, somatostatina, fator de liberação de corticotrofina e glutamato, dentre outros (BALLONE; MOURA, 2008).

De acordo com Forlenza e Caramelli (2000), no exame macroscópico do cérebro realizado em indivíduo portador de Doença de Alzheimer, o mesmo apresenta uma atrofia generalizada, com proeminências nas regiões frontais, temporais e parietais, alterando desta forma, principalmente as áreas associativas corticais. Este exame revela dentre outras características importantes, o peso do cérebro inferior a 1000 g, além de evidenciar uma distribuição difusa ou de predomínio em regiões posteriores, a atrofia do hipocampo e córtex cerebral (ROMÀN et al., 1993).

3.2 TRATAMENTO

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O desenvolvimento das atividades instrumentais e básicas da vida diária bem como o desempenho relacionado a estas, tem sido um parâmetro utilizado para ajudar a definir e propor possíveis estratégias para tratamento medicamentoso a ser utilizado neste tipo de demência (ENGELHARDT et al., 2005).

Segundo Engelhardt et al., (2001), medicamentos inibidores da enzima colinesterase (IChES) pertencem ao grupo dos medicamentos conhecidos e escolhidos para o tratamento da demência de Alzheimer. Inicialmente, ocorrem alterações nos níveis de acetilcolina (ACh), um aminoácido neurotransmissor que neste tipo de doença, é rapidamente degradado por esta enzima, denominada colinesterase. Desta forma, os medicamentos capazes de inibir esta enzima proporcionam um aumento deste neurotransmissor, colaborando desta forma, para um aumento na melhora deste processo de demência (BALLONE; MOURA, 2008).

Outros grupos de medicações agem com o objetivo de bloquear os receptores do tipo NMDA (N-Metil-D-Aspartato) do glutamato. Este medicamento denominado memantina age diversificadamente oferecendo neuroproteção para a excitotoxicidade do glutamato, permitindo a neurotransmissão e favorecendo os mecanismos de neuroplasticidade dos neurônios denominados funcionais (ENGELHARDT et al., 2005). Ballone e Moura (2008) evidenciaram uma eficácia desta medicação em pacientes portadores de demência de Alzheimer classificada como moderada a grave.

Estabelecido e descrito pelo Ministério da Saúde (2002), as estratégias para a terapia da Doença de Alzheimer com enfoque na otimização da função colinérgica, por meio da administração de medicamentos que possuem a característica de serem inibidores da enzima colinesterase como exemplo, as medicações: rivastigmina, galantamina e donepezil, resultam desta forma, na estabilização ou melhoria discreta das funções cognitivas do paciente por período relativamente curto.

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3.3 O CUIDADOR FAMILIAR

A velhice não pode ser entendida como um sinônimo de doença, dependência física ou emocional. Devido ao crescimento populacional que tende a levar a um aumento do número de pessoas com alguma debilidade emocional ou física, o processo de envelhecimento, para alguns, pode constituir-se de perdas cognitivas e socioculturais, as quais exercem um impacto em sua autonomia e no exercício das atividades diárias (PINTO et al., 2006).

O processo de envelhecer do idoso com doença de Alzheimer apresenta peculiaridades, principalmente no enfoque funcional, onde há uma perda progressiva inerente a esta capacidade. Este evento gera uma dependência nas atividades básicas da vida diária, tornando este idoso incapaz de realizá-las, ocasionando, desta forma, a necessidade de haver um cuidador que assuma a função de apoio para com este idoso (SANTOS; PAVARINI, 2010).

Relacionado a este processo, a autonomia deste idoso, segundo Who (2005), norteia conceitos e pensamentos relacionados à autodeterminação, independência física, liberdade de escolha e ação de controle de tomada de decisão. Por conseguinte, a independência é caracterizada como a habilidade desenvolvida para a execução das atividades e funções da vida diária, isto é, a independência está relacionada à capacidade que este indivíduo tem de viver independentemente na comunidade, sem a ajuda de outras pessoas.

Segundo Sanchéz (2000), pode-se considerar a dependência deste idoso classificada em três níveis: a dependência estruturada, que é entendida como o resultado do nível cultural responsável por atribuir valores ao ser humano, em razão e função de sua produção e personalidade; a dependência física, decorrente da sua incapacidade funcional, esta interpretada como a falta de condições que este idoso possui para realizar as tarefas da vida diária em diferentes formas e graus de exigência, e a dependência comportamental, a qual é induzida de forma social advinda do julgamento e das ações de outrem.

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limitando sua independência e autonomia, portanto, o idoso torna-se um indivíduo que necessita de cuidados para executar, além das atividades simples, as mais complexas. De acordo com Silveira et al., (2006), a característica progressiva da Doença de Alzheimer torna o idoso, em sua maioria, residente na comunidade (COHEN et al., 1993), cada vez mais dependente de cuidados por parte de cuidadores familiares informais (GARRIDO; MENEZES, 2004).

Segundo Novembre (2006), de acordo com as políticas de atenção prestadas ao idoso, constituindo-se o melhor ambiente para se promover um envelhecimento ideal, o domicilio propicia este benefício, fazendo com que este idoso permaneça junto a sua família, representando sua possibilidade para garantir sua autonomia, preservando sua dignidade e identidade.

A preocupação voltada para os cuidadores familiares de idosos com demência de Alzheimer evidencia-se as inúmeras perspectivas de norteamento da vida social e as relações familiares, as quais exigem obrigações e disciplina, mas ela repousa também, segundo Almeida e Germano (2009), sobre a troca, a reciprocidade e as relações contratuais. A partir disso, cuidar sugere presença, na qual o respeito às diversidades, às potencialidades, às especificidades e à liberdade de tomar decisões condiciona a construção de relações e cuidado intergeracional com uma atitude humana e ética (ROSELLÓ, 2005).

Saraiva et al., (2007) descrevem o domicílio como um importante espaço onde o indivíduo doente pode manter a estabilidade da doença. Desta forma, a família assume grande responsabilidade na prestação de saúde, na medida em que arca com os cuidados exigidos pelo tratamento da doença. Cumpre, porém, que a função de cuidar é prestada, na maioria dos casos. Ainda segundo os autores, este espaço é representado pela figura de poucos ou de apenas um único membro, sendo este o responsável por proporcionar a maior parte dos cuidados e apoio ao indivíduo doente, pertencendo, geralmente ao seu núcleo ou sistema familiar.

Santos (2003) corrobora com essa idéia e acrescenta que, para a população idosa, o cuidador possui um significado importante e diferenciado, pois, amparados por tal ação, estes conseguem minimizar as eventuais e relevantes perdas relacionadas a sua capacidade funcional, e desta forma, atuam positivamente enfrentando as dificuldades a fim de maximizar suas potencialidades.

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Silveira e Caldas (2006) discutem em relação ao tema e citam as dívidas de reciprocidade, legados, transmissões geracionais, mitos e regras como importantes causas que concorrem significativamente para o surgimento da figura do cuidador, assim como elementos situacionais, socioculturais e de personalidade.

Em concordância com as reflexões, Neri e Sommerhalder (2006) descrevem em seus estudos que o convívio com idosos com demência de Alzheimer pode requerer das famílias uma alteração em sua dinâmica cotidiana, que, de uma maneira geral, em todo o mundo, o cuidar de idosos é uma responsabilidade que pertence à esfera familiar, cumprindo assim, a família, uma norma social.

Assumir o fato de ser responsável pelo cuidado não é uma opção, porque, em geral, o cuidador não toma a decisão de cuidar, mas esta se define na indisponibilidade de outros possíveis cuidadores para cuidar. Segundo Cattani e Giardon-Perlini (2004) e Karsch (2004), quanto mais o cuidador se envolve, mais os não-cuidadores se desvencilham do cuidado. Assim, percebemos que, uma vez assumido, o cuidado dificilmente é transferível.

Neri e Sommerhalder (2006) abordam que, quando se trata do cuidador, os termos formal e informal são muito utilizados na literatura gerontológica. Estes autores discorrem a respeito das diferenças entre o cuidador formal que atua apoiando este idoso, baseando-se em relações profissionais, diferenciando-se dos cuidadores informais que atuam a partir de relações de parentesco.

De acordo com Santos (2003), os cuidadores informais são familiares de primeiro ou segundo grau, amigos, vizinhos e até membros de grupos religiosos das igrejas, voluntários que se dispõem, sem nenhuma formação profissional específica, a cuidar destes idosos, sendo que a disponibilidade e a boa vontade são fatores preponderantes, por meio do cuidado que pode ser permanente ou esporádico.

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Evidenciado por Taub et al., (2004) a forma como acontece a escolha deste cuidador familiar implica na ação de um exercício e tarefa assumida de maneira inesperada, conduzindo-o e expondo-o a uma sobrecarga emocional, física e psicológica (GARBIN et al., 2010) gerando assim, um fator predisponente ao desenvolvimento de um desgaste físico, emocional, social, financeiro, diante da progressão das doenças crônicas deste idoso (FRANZEN et al., 2007), proporcionando, desta forma, má qualidade de vida, desesperança, depressão, ansiedade e fardo para este cuidador (HALEY, 1997).

Constenaro e Lacerda (2001) relatam em seus estudos que os familiares deste idoso passam a ser corresponsáveis, a partir do momento em que ocorrem as primeiras alterações na condição de vida deste idoso, principalmente no caso de adoecimento, pois estes familiares são os primeiros a reconhecer essas necessidades e a oferecer os cuidados essenciais aos idosos que se tornam dependentes, levando em consideração que, em determinado momento, estes também irão necessitar de cuidados.

Frente a este fato, o cuidador familiar enfrenta as mais diversas dificuldades e desafios, ou seja, desde o simples ato de cuidar deste idoso em sua residência, onde o mesmo começa a apresentar os inúmeros sintomas relacionados à Doença de Alzheimer até a interação social e familiar levando desta forma, à piora da qualidade de vida tanto do idoso dementado quanto do cuidador familiar (NERI et al., 2002).

Acrescentando, Santos (2003) relata que de maneira progressiva, observa-se a necessidade de cada vez mais se valorizar o cuidado prestado por parte destes cuidadores familiares com os quais estes idosos se tornaram dependentes, mantendo através de laços e vínculos afetivos, uma aliança de histórias vivida e partilhada em comum diariamente (SANTOS, 2003).

3.4 O CUIDADOR FAMILIAR: QUALIDADE DE VIDA, DESESPERANÇA, ANSIEDADE, FARDO e DEPRESSÃO.

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De acordo com Mohide (1993); Dunkin e Hanley, (1998) e Garrido e Almeida, (1999), o termo Burden, que significa impacto na língua inglesa, é bastante utilizado

e possui uma atenção especial quando referido para relatar e descrever os inúmeros aspectos negativos que estão associados ao exercício dos cuidados em pacientes dependentes. Tais aspectos estão relacionados à presença de dificuldades e problemas adversos que tendem a afetar diretamente a vida dos cuidadores familiares responsáveis pelo idoso dementado, nos âmbitos físico e psíquico (DUNKIN; HANLEY, 1998).

O cuidado exercido por um cuidador familiar na vida de idosos dementados por Alzheimer é desempenhado de forma a ajudar estes idosos nas realizações das atividades cotidianas, desde as mais simples até as mais complexas. Este papel importante e essencial é estabelecido à medida que esta demência vai progredindo, tornando este idoso cada vez mais dependente de seus cuidados. Diante do fato, o cuidador familiar tende a aumentar ainda mais as suas responsabilidades no comando destas tarefas, pois, a necessidade constante de supervisão com este idoso, origina e desencadeia inúmeros fatores diversificados relacionados à piora na qualidade de vida (HALEY, 1997).

Segundo Rainer et al., (2002), estudos realizados com grupos-controle, apresentaram diferenças entre os cuidadores familiares de idosos dementados quando comparados a outros grupos relacionando-se a qualidade de vida dos mesmos. Um estudo comparativo, relatado pelos presentes autores, realizado entre cuidadores familiares de três grupos geriátricos de idosos dementados, com demência vascular, demência de Alzheimer e o último grupo composto por idosos que não possuíam demência, evidenciou que, o impacto negativo relatado por parte destes cuidadores, foi maior nos cuidadores dos idosos com a demência de Alzheimer. Para reforçar tais dados, Cerqueira e Oliveira (2002) e Grafstrom et al., (1992) descreveram que os cuidadores familiares de idosos dementados por Alzheimer relatam um pior julgamento da própria saúde e apresentam-se mais estressados quando comparados aos cuidadores de idosos não dementados.

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Os inúmeros agravos relacionados à saúde deste cuidador, de acordo com Trigueiro et al., (2011) são as dores, incômodos ou desconforto no corpo, evidenciadas sobretudo na região lombar. Ressalta-se ainda, que estes cuidadores familiares se deparam com múltiplas situações que vão desde a aceitação do diagnóstico da demência, até o óbito do idoso, resultando cada vez mais em estresse e gerando em razão deste prejuízo emocional, inúmeros conflitos familiares, tornando este cuidador, vulnerável a doenças físicas, enfermidade crônicas, depressão, perda de peso, insônia, uso de álcool e medicamentos psicotrópicos (CALDEIRA; RIBEIRO, 2004).

O tempo de cuidados dispensados por estes cuidadores familiares e o impacto gerado por este é mostrado em um estudo realizado por Garrido e Menezes (2004), onde foi evidenciada a proporcionalidade existente entre o tempo e o impacto na vida deste cuidador familiar, ressaltando que quanto maior for o tempo de cuidador, maior também será o impacto gerado neste cuidador, isto porque, possivelmente, com o passar do tempo, ocorre uma maior sobrecarga (ENGELHARDT et al., 2005).

Ainda, de acordo com Garrido e Menezes (2004, p. 385),

[...] O reconhecimento de que os cuidadores são um componente essencial nos cuidados à saúde, principalmente nas situações crônicas e de longo prazo, tem investigado a situação de problemas por eles apresentados.

Andrieu et al., ( 2007), descreveram em seus estudos realizados com grupos de cuidadores familiares, que a maioria destes possuía características como: residir com os idosos doentes, serem do sexo feminino, e estas eram filhas ou esposas, casados, idade média entre 55 e 65 anos; acima de oito anos de escolaridade, desempregados ou se declararam do lar. Quando comparados às demais pesquisas, estas são concordantes em relação ao sexo feminino e grau de parentesco dos cuidadores familiares (CREUTZBERG; SANTOS, 2003). Outro estudo realizado na Itália revela que, 70% deles eram do sexo feminino e familiar do idoso dementado (BADIA et al., 2004).

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mínimo e antes de serem cuidadores destes idosos dementados, não apresentavam nenhuma patologia.

No contexto das pesquisas brasileiras, em situações relacionadas à assistência e cuidados prestados aos idosos, segundo Queiroz (2000), o cuidador familiar é encontrado segundo o perfil sociodemográfico, representado por mulheres, esposas ou filhas e exercendo outra atividade de trabalho além da prestada com o idoso. Estes fatores tendem a diminuir ainda mais suas atividades de lazer e de vida social, pois, a dedicação com as tarefas e cuidados para com este idoso diminui consideravelmente sua qualidade de vida (NERI; SOMMERHALDER, 2002).

Leal (2000) discorre sobre a exposição destes cuidadores a sobrecargas físicas e psíquicas, tendendo a levá-los de modo progressivo ao desenvolvimento de fatores que colaboram para uma má qualidade de vida, propiciando desta maneira, além de inúmeras patologias que justificam a utilização de medicamentos para fornecer suporte físico e emocional, o aparecimento de depressão, desesperança, ansiedade e estresse nesses indivíduos. Garrido e Menezes (2004), evidenciam em seus estudos que, quanto maior o tempo de cuidado dispensado por este cuidador, proporcionalmente, maior será o impacto gerado, isto porque, provavelmente, com o decorrer do tempo, ocorre uma maior sobrecarga.

Acrescentado ainda por Leal (2000), este cuidador familiar, expõe-se a uma série de fatores que tendem a colaborar ainda mais para o desenvolvimento de estresse, dentre eles, já citado anteriormente, as tarefas cotidianas, que são consideradas pesadas e repetitivas, doenças cuja origem advém das exigências destes cuidados e as sobrecargas relacionadas às características físicas e psíquicas deste idoso dementado.

Pode-se dizer que, inerente a este processo de cuidar, a grande dificuldade está em romper com os valores adquiridos desde a infância do cuidador informal, principalmente porque, este geralmente é um membro familiar que possui vínculos muito próximos a este idoso, gera-se certo constrangimento por parte deste cuidador familiar, quando relacionado ao pudor, ainda segundo os autores, este cuidador tem que invadir a privacidade e a intimidade do outro, que nesta ocasião, é seu pai ou sua mãe (ARGIMON et al., 2005).

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etapa evolutiva da doença, ocorrem não só pela perda da autonomia por parte destes idosos, mas consequentemente em virtude do aumento na demanda das necessidades e dos cuidados especiais dedicados em média, por um período de 60 horas semanais (HALEY, 1997; MOHIDE, 1993), isto tende a ser uma questão preocupante devido aos índices de morbidade evidenciados nestes grupos (GARRIDO; MENEZES, 2004). Outro estudo realizado por Torti et al., (2004), descreveu que os cuidadores que disponibilizavam um período maior de tempo com idosos dementados por Alzheimer, apresentavam maior depressão e ansiedade considerando ainda que, tais sintomas se acentuavam de acordo com a evolução da gravidade desta demência.

Segundo Beeson (2000) e Clyburn (2000), diversas pesquisas identificaram fatores que tendem a piorar ainda mais a qualidade de vida do cuidador familiar. Dentre esses, estão descritos a depressão, a ansiedade, o fardo, a desesperança e a tensão, que são sintomas considerados comuns entre grupos de cuidadores de idosos com doença de Alzheimer.

Outro estudo realizado por Andrieu (2007) avaliou como as emoções vivenciadas no convívio com estes idosos dementados afetam diretamente a qualidade de vida destes cuidadores familiares, concluindo que, de maneira especial, a depressão está intimamente relacionada à solidão com que este cuidador se encontra quando se relaciona à qualidade desta relação com o idoso.

O desenvolvimento de depressão entre cuidadores informais de idosos com demência de Alzheimer é evidenciado com uma alta frequência na literatura (GRAFSTROM et al., 1992; RODRIGUES et al., 1995; HALEY, 1997; GARRIDO e ALMEIDA, 1999; CERQUEIRA e OLIVEIRA, 2002; GARRIDO e MENEZES, 2004; ENGELHARDT et al., 2005), e seu índice atinge 30 e 55% dos cuidadores, os quais estão em risco de desenvolver a doença de duas a três vezes maiores quando comparado com o restante da população (CORREA, 1996).

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elevado, o desenvolvimento de um estado de ansiedade e depressão somadas a quadros de fadiga intensa e cefaleia, apresentando em alguns casos, perturbações na atividade sexual (BRASIL, 2008).

Carvalho e Wong (2008) enfatizam a importância do conhecimento científico aliado a uma capacitação destes cuidadores familiares para a relevância e execução de seus cuidados, posto que, a insegurança gerada pela ausência dos mesmos, assim como a desorganização e irritação causadas pela falta de atitudes humanísticas, tende a desgastar tanto psicologicamente quanto fisicamente estes cuidadores.

Considerando-se a importância de conhecer a qualidade de vida dos cuidadores familiares de idosos com demência de Alzheimer, a fim de planejar intervenções voltadas à sua saúde, é necessário que o cuidador receba atenção à sua saúde pessoal, física e psicológica, considerando-se que a atividade de cuidar de um adulto dependente é desgastante e implica em riscos à saúde do cuidador. Por conseguinte, a função de prevenir perdas e agravos à saúde abrangerá, igualmente, a pessoa do cuidador informal (LEAL, 2008).

3.5 PSICOTRÓPICOS

Segundo a definição, psique= mente e topos= alteração, os psicotrópicos são considerados agentes que possuem a finalidade de modificar seletivamente o Sistema Nervoso Central, podendo ser classificados, segundo a Organização Mundial de Saúde (2003) em: ansiolíticos e sedativos; antipsicóticos (neurolépticos); antidepressivos; estimulantes psicomotores, psicomiméticos e potencializadores da função cognitiva (RANG et al., 2001).

Os benzodiazepínicos estão, segundo Baldessarini (1995) entre os mais utilizados por parte da população mundial, estimando-se que, entre 1 e 3% da população ocidental já os tenha consumido regularmente por mais de um ano. Segundo as pesquisas relacionadas ao assunto em caráter global, foram consumidas 26,74 bilhões de doses diárias destas medicações e 6,96 milhões dos classificados como hipnóticos (CEBRID et al., 2000).

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fluoxetina é o antidepressivo mundialmente mais utilizado, pelo fato de ser muito prescrito, pois, acredita-se haver indícios que possam atuar além da ação esperada como antidepressivo no auxilio da perda de peso, e este fato, é uma mola propulsora para o consumo elevado deste tipo de medicação.

Relatando os efeitos colaterais, observa-se normalmente, boca seca, visão embaçada, constipação, retenção urinária, vertigem, ganho de peso e sonolência (RANG et al., 2001). Seu uso concomitantemente com outros fármacos, bebidas ou alimentos, pode ter seus efeitos potencializados ou diminuídos além de sua associação com o álcool e com fármacos hipertensivos tornando sua ação potencialmente perigosa, podendo ser fatal (CEBRID et al., 2000).

Garrido e Almeida (1999) discorrem em revisão que, cuidadores informais familiares do sexo feminino em particular, apresentaram maiores índices de sobrecarga e depressão, justificando desta maneira, maior proporção na utilização de medicamentos psicotrópicos por parte destes cuidadores.

Clipp e George (1990) mostraram em seu estudo que, dos 510 cuidadores de idosos com demência, um terço deles relataram que utilizavam ocasionalmente psicotrópicos sendo que, 19% eram ansiolítico, 4% pertenciam à classe dos antidepressivos, e 18% de agentes hipnóticos e sedativos. Para a realização do estudo, os mesmos utilizaram escalas como instrumentos de avaliação física e mental com o objetivo de relacionar as queixas dos cuidadores para a justificativa do uso de medicação psicotrópica, e como resultados deste estudo descobriram que a falta de apoio emocional, social e financeiro durante o atendimento dispensado a estes idosos foi associado com um aumento de 3,7 vezes maior no uso de antidepressivos.

Outro estudo realizado por Camargos et al., (2012) observou que a utilização de psicotrópicos por parte dos cuidadores de pacientes com demência foi maior 25, 6% quando comparado com os de pacientes sem demência.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 TIPO DE ESTUDO

O delineamento do estudo caracteriza-se por uma pesquisa qualitativa e quantitativa, exploratória e transversal, sendo a amostra composta por 80 cuidadores familiares de ambos os sexos. A pesquisa foi realizada em Brasília –

Distrito Federal, no hospital da Universidade Católica de Brasília (HUCB).

O estudo exploratório permite que a realidade seja percebida tal como ela é, e não como o pesquisador deseja, ou ainda, em um ambiente artificial, na qual as variáveis possam ser controladas pelo pesquisador. Neste tipo de estudo, o pesquisador normalmente obtém os dados das percepções do sujeito, que não passa por suas hipóteses ou cotidiano da pesquisa, e permite uma construção e crescimento do próprio pesquisador (PIOVESAN; TEMPORINI, 1995).

O momento da escolha pelo estudo qualitativo fundamenta-se no fato deste tipo de pesquisa permitir a obtenção de dados descritivos, obtidos por meio do contato direto do pesquisador com a situação estudada. Outro ponto importante, que fundamenta a escolha, é que este tipo de pesquisa enfatiza o processo, o sujeito e não somente o produto, ou resultado final, com a preocupação em retratar a perspectiva do participante (BOGDAN; BIKLEN, 1992).

Segundo Minayo (1996), a pesquisa qualitativa permite o estudo do sujeito no seu habitat, ou seja, no seu contexto sociocultural, permitindo assim conhecer também suas crenças, valores, motivações, emoções, que são variáveis muito importantes para a temática desta pesquisa. Portanto, no método qualitativo se busca o significado, a crença, a percepção do sujeito pesquisado, informações e dados que não têm como serem mensurados, como ocorre no modelo de pesquisa quantitativa.

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que este nível de signos e valores não é visível e não pode ser traduzido em números, mas sim necessita de ser interpretado pelo pesquisador (MINAYO, 1996).

A abordagem quantitativa tem como campo de práticas e objetivos a compreensão dos dados, dos indicadores e das tendências observadas na realidade, classificando e transformando em variáveis interpretativas (DESLANDES, 1994).

Segundo Goldenberg (1997), a integração da pesquisa quantitativa e qualitativa permite ao pesquisador um cruzamento de suas conclusões de modo a ter maior confiança, que seus dados não são produto de um procedimento específico ou de alguma situação particular.

4.2 AMOSTRA

O estudo é delineado para verificar a prevalência do uso de medicamentos psicotrópicos em cuidadores familiares de idosos portadores de demência de Alzheimer. Participaram da amostra 80 cuidadores familiares de idosos com Alzheimer de ambos os sexos, com idade média de 55, 28 ± 9,91 anos, onde 78,8 % são mulheres.

Os idosos tiveram o diagnóstico de demência de Alzheimer por médicos geriatras do Hospital da Universidade Católica de Brasília - HUCB.

4.2.1 Critério de Inclusão

Considerou-se como critérios de inclusão, o cuidador familiar de idoso portador de demência de Alzheimer, de ambos os sexos, alfabetizado, que tenha cuidado deste idoso por um período de tempo superior a três meses.

4.2.2 Critério de Exclusão

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4.3 INSTRUMENTOS

A seguir, serão apresentados os instrumentos utilizados na coleta de dados, com o objetivo de nortear e unificar as condutas propostas.

4.3.1 Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (2003) – Versão Brasileira- (WHOQOL-BREF)

O presente instrumento é constituído de 26 questões, sendo duas questões gerais específicas para a avaliação de qualidade de vida e as 24 restantes representam cada uma das facetas que compõe este instrumento original, sendo que, cada esfera avalia uma questão especifica. As questões utilizadas para compor o WHOQOL-bref foram psicométricas e conceitual além dos critérios de seleção e a análise fatorial serem confirmatórias para uma solução a quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (The Whoqol Group. Development of the World Health Organization WHOQOL-bref, 1998). (Anexo A)

4.3.2 Inventário de Ansiedade de Beck (BAI)

Constitui-se de uma escala de auto relato que tem por finalidade medir a intensidade de sintomas de ansiedade. É uma escala composta de 21 itens para serem julgados em uma escala Likert de quatro pontos que medem sintomas de ansiedade, cujo escore varia de 0 a 3 dispostos da seguinte maneira: (ausente, leve, moderada e grave), permitindo quantificar a intensidade do sintoma. Versão validada para o Brasil por Cunha (2001). (Anexo B)

4.3.3 Escala Desesperança de Beck – (BHS)

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participante avaliado assinala 9 deles como errado e 11 para certos, o avaliador consegue mensurar suas expectativas negativas para o futuro do mesmo ( Cunha, 2001). (Anexo C)

4.3.4 Inventário Depressão de Beck – (BDI)

Instrumento de medida que tem por objetivo a auto avaliação do estado de depressão do participante da pesquisa. A forma de se obter o escore total é realizado pela soma do escore de cada item correspondente as alternativas assinaladas dos 21 itens. A escala original de avaliação é composta de 21 itens, que avaliam sintomas e atitudes que variam numa escala de pontuação de 0-3. As classificações dos escores indicativos para a depressão são: normal (0-9), leve (10-15), leve a moderado (16-19), moderada a severa (20-29), severa (30-63). Escores mais altos indicam maior probabilidade de traços depressivos. Este inventário foi traduzido e validado no Brasil por Gorenstein e Andrade (1996) para avaliar indivíduos com ou sem diagnóstico clínico de depressão. (Anexo D)

4.3.5 Escala de Sobrecarga de Zarit.

(46)

4.3.6 Questionário Sócio demográfico

A avaliação das variáveis sóciodemográficas e físicas do cuidador familiar foi realizada por meio de um questionário elaborado pelo pesquisador, que abordou: sexo (masculino ou feminino), escolaridade (Ensino Fundamental completo ou incompleto, Ensino Médio completo ou incompleto e Ensino Superior completo ou incompleto), estado civil (cônjuge, solteiro e outros), grau de parentesco (esposo\esposa, filho\filha outros), atividade laborativa (sim ou não), atividade de lazer (sim ou não) e horas de cuidados (12 horas diárias ou dias alternados). (Apêndice B)

4.3.7 Entrevista semiestruturada

Realizou-se uma entrevista semiestruturada com temas previamente selecionados, que abordou desde os cuidados prestados a estes idosos, as modificações geradas nos cuidadores familiares inerentes a estes cuidados, uso de psicotrópicos por parte destes cuidadores, percepções atuais e sentimentos do cuidador em relação ao uso destas medicações. (Apêndice C)

4.4 PROCEDIMENTOS

Tendo em vista o delineamento amostral, bem como os recursos para o desenvolvimento da pesquisa, o recrutamento destes cuidadores informais foi realizado no Hospital da Universidade Católica de Brasília (HUCB). Inicialmente para que estes cuidadores participem da pesquisa, ocorreu uma palestra ministrada pelo próprio pesquisador, e ao final desta, realizou-se um convite formal.

Após os esclarecimentos adequados a respeito do estudo, o voluntário selecionado procedeu à concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice A) onde se realizou um cadastro deste cuidador, com o objetivo de agendar um possível contato posterior.

Imagem

Gráfico 6  –  Estado civil dos cuidadores familiares.  62 (77,5%) 6 (7,5%) 12 (15,8%) 010203040506070
Gráfico 7: Relação do uso de psicotrópicos e grau de parentesco.
Tabela 5: Relação entre o tempo de cuidado e uso de psicotrópicos.  Uso de Psicotrópico  n = 66  12 Horas  n = 14  Dias Alternados  Sim  93,9%  92,9%  Não  6,1% %  7,1%
Tabela 10. Uso de psicotrópicos e presença de fardo dos cuidadores familiares.
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Referências

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