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O monitoramento do meio ambiente na mídia : uma análise da COP-21

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Academic year: 2022

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  Faculdade de Comunicação

Comunicação Organizacional  

         

BRUNO CEZAR VILAS BOAS BIMBATO    

   

 

O MONITORAMENTO DO MEIO AMBIENTE NA MÍDIA:

Uma análise da COP-21

   

           

     

Brasília 2016

(2)

  Faculdade de Comunicação

Comunicação Organizacional  

       

BRUNO CEZAR VILAS BOAS BIMBATO   

     

O MONITORAMENTO DO MEIO AMBIENTE NA MÍDIA:

Uma análise da COP-21

 

     

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Comunicação Organizacional, da Faculdade de Comunicação - Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, sob orientação da prof.ª Dr.ª Dione Oliveira Moura e coorientação da Mestre Hadassa Ester David.

     

Brasília 2016 

(3)

  Faculdade de Comunicação

Comunicação Organizacional

Trabalho de Conclusão de Curso

Membros da banca examinadora:

___________________________________

Prof.ª Dr.ª Dione Oliveira Moura Orientadora

___________________________________

Prof.ª Dr.ª Liziane Soares Guazina Examinadora

___________________________________

Prof.ª Dr.ª Ellis Regina da Silva Examinadora

___________________________________

Prof.ª Dr.ª Kátia Belisário Suplente

(4)

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e proteção.

Aos meus avós, por todo amor e apoio incondicional para que eu tivesse todas as oportunidades possíveis. Sem vocês eu nada seria, meu oásis da segurança.

À Faculdade de Comunicação, seu corpo docente e administração, que oportunizaram uma visão de mundo mais ampla e humana.

Ao professor Samuel Lima, por todo ensinamento e inspiração à pesquisa, além da amizade.

À minha orientadora Dione Moura e coorientadora Hadassa David, por sempre estarem dispostas a me ajudar e a me orientar neste trabalho, tornando meu aprendizado mais rico e empolgante. Este trabalho só foi possível graças a vocês, muito obrigado!

A todos que me acompanharam na jornada acadêmica, contribuindo com cada etapa de construção de conhecimento, fazendo meus dias mais cheios de vida.

Aos amigos que, além de tudo, me apoiaram na correria que foram os dias finais de faculdade.

(5)

 

"Uma sociedade sem crítica é uma sociedade morta" 

Ciro Marcondes Filho

(6)

RESUMO

 

Decorrente de preocupações com os estudos que envolvem crítica de mídia e meio ambiente, este trabalho apresenta o mapeamento da cobertura jornalística dos três portais de notícias online com maior número de acesso no Brasil (G1, Portal R7 e UOL), e a atuação da Rede Nacional de Observatórios da Imprensa (RENOI), entre outubro de 2015 e janeiro de 2016, buscando identificar como se noticiou a 21ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-21), e como os observatórios de mídia se comportaram diante do evento.

Como forma de investigação, utilizamos a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009) após a observação direta e clipping da RENOI, bem como procuramos confrontar os dados coletados com o referencial bibliográfico. Como forma de observar, estabelecemos indicadores-chave que nos permitissem uma análise e um monitoramento de mídia direcionado à questão ambiental. Os resultados apresentados nos mostram que o monitoramento do meio ambiente na mídia carece de espaço nos observatórios e que o tema ainda não despertou o devido interesse dos comunicadores em questionar o modelo de elaboração de notícias. Enquanto os portais de notícias analisados demonstraram forte presença das síndromes do jornalismo ambiental proposto por Bueno (2007), apenas dois dos 18 observatórios que compõe a RENOI demonstraram algum tipo de monitoramento sobre a COP-21 e meio ambiente.

Palavras-chave: Observatório de mídia. Monitoramento de mídia. Jornalismo ambiental.

COP-21. 

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ABSTRACT

 

Based on concerns about the studies regarding media criticism and environment, this paper aims to map the news coverage of the three portals of online news with the most access in Brazil (G1, R7 and UOL), as well as to gather information about the actions of the brazilian National Network of Press Observatories (RENOI), between october 2015 and january 2016, seeking to identify how the 21th United Nations Climate Change Conference (COP-21) was reported and how the media observatories have behaved concerning the event. As research methods, were used direct observation, RENOI clipping, content analysis (BARDIN, 2009) and comparisons between the data collected and the literature. Were established key indicators in order to support the media monitoring and analysis regarding environmental issues. The results show us that the monitoring of the environmental in the media lacks space on observatories and that the issue not yet aroused interest of communicators to question the news development model. While the news portals analyzed showed strong presence of syndromes of environmental journalism proposed by Bueno (2007), only two of 18 observatories that make up the RENOI showed some kind of monitoring of the COP-21 and the environment in the media.

Keywords: Media-watching. Media criticism. Environmental journalism. COP-21.

         

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- Notícias por portal – Página 59

GRÁFICO 2 – Gêneros jornalísticos no portal G1 – Página 60 GRÁFICO 3 – Gêneros jornalísticos no portal UOL – Página 61 GRÁFICO 4 – Gêneros jornalísticos no portal R7 – Página 61 GRÁFICO 5 – Editorias do portal G1 – Página 63

GRÁFICO 6 – Editorias do portal UOL - Página 64 GRÁFICO 7 – Editorias do portal R7 – Página 64

GRÁFICO 8 – Principais temas do portal G1 – Página 66 GRÁFICO 9 – Principais temas do portal UOL – Página 67 GRÁFICO 10 – Principais temas do portal R7 – Página 68

GRÁFICO 11 – Associação das notícias dos portais com desastres naturais – Página 70 GRÁFICO 12 – Associação das notícias dos portais com relatórios sobre aquecimento global, desmatamento e queimadas – Página 70

GRÁFICO 13 – Autoria das notícias dos portais – Página 72 GRÁFICO 14 – Fontes do portal G1 – Página 74

GRÁFICO 15 – Fontes do portal UOL – Página 75 GRÁFICO 16 – Fontes do portal R7 – Página 75

GRÁFICO 17 – Síndromes do jornalismo ambiental no portal G1 – Página 78 GRÁFICO 18 – Síndromes do jornalismo ambiental no portal UOL – Página 78 GRÁFICO 19 – Síndromes do jornalismo ambiental no portal R7 – Página 79

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SUMÁRIO

 

1  INTRODUÇÃO ... 11 

2  OBJETIVOS ... 15 

2.1  Objetivo geral: ... 15 

2.2  Objetivos específicos: ... 15 

3  JUSTIFICATIVA ... 16 

4  REVISÃO DA LITERATURA ... 18 

4.1  A crítica de mídia no Brasil ... 18 

4.2  Observatórios de mídia ... 20 

4.3  Quarto Poder e legislação ... 24 

4.4  Jornalismo Ambiental ... 28 

4.5  Síndromes, neutralidade e transversalidade do jornalismo ambiental ... 32 

4.6  Formação acadêmica e Educação ambiental ... 40 

4.7  COP-21 e mudanças climáticas ... 44 

5  PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 52 

5.1  Tipo de pesquisa ... 52 

5.2  População e amostra ... 54 

5.3  Coleta de dados ... 54 

5.4  Classificação dos dados ... 55 

6  ANÁLISE DOS DADOS ... 57 

6.1  Análise da COP-21 nos principais portais de notícias do Brasil: ... 59 

6.2  Análise da RENOI: monitoramento da COP-21 ... 79 

6.3  Formação profissional ... 86 

6.4  Análise das entrevistas ... 88 

7  CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 91 

APÊNDICE A – Perfil dos entrevistados, questionário e modelo de e-mail enviado ... 98 

(10)

APÊNDICE B - Respostas do questionário aplicado ... 102 

APÊNDICE C – Informações levantadas durante a análise dos portais de notícias ... 120 

APÊNCIDE D – Tabela de classificação de notícias dos portais ... 121 

APÊNDICE E – Tabela de classificação da RENOI ... 190 

(11)

1 INTRODUÇÃO

 

Os jornais disponíveis em plataformas online e os observatórios de mídia se inserem no espaço público transformando e sofrendo alterações dos elementos que regem suas funções. Uma delas é que, como órgãos de mídia e/ou imprensa são, sobretudo, empresas e organizações sociais, precisam se respaldar no compromisso de informar adequadamente o público interessado, comunicando inclusive como estão cobrindo pautas sobre o meio ambiente.

A preocupação das empresas com políticas sustentáveis e de preservação ganha cada vez mais importância e visibilidade na sociedade, entre elas as empresas de comunicação, com a diferença de que com as demais essa prática é mais evidente e fácil de alcançar. Cobrar transparência quanto às políticas de comunicação sustentável e a um jornalismo ambiental que insira a sociedade nas notícias ainda é um desafio.

É aí que entra a comunicação organizacional, que surge da necessidade prática de atender a uma demanda operacional, já que é esfera utilizada tanto pelos jornais quanto pelos observatórios para que estes estabeleçam uma política de comunicação voltada para os interesses da sociedade, assim como para os interesses das organizações. O meio ambiente é um contexto universal e fundamental que transita em todas as habilitações da comunicação, fazendo-se presente na área pública, privada e terceiro setor. 

Dessa forma, com este trabalho buscamos ampliar os horizontes de estudo sob o prisma da comunicação organizacional, com um olhar crítico acerca de como é feita a cobertura de meio ambiente pelo jornalismo online e também como observatórios de mídia do Brasil se comportam sobre tal tema, dada a carência de projetos voltados para o monitoramento do meio ambiente midiático do país. 

As instituições atuais não podem deixar de considerar o meio ambiente no planejamento de sua comunicação, tendo em vista que a responsabilidade social é um dos pilares de uma boa política de comunicação. Cada vez mais as empresas são cobradas pelos seus stakeholders1para mostrar práticas sustentáveis, portanto a resposta deve estar alinhada com a utilização do jornalismo ambiental servindo como base para estruturar planos eficientes

      

1 Stakeholders são pessoas ou grupos que estão ligadas a uma organização porque entre as duas partes há interesses recíprocos (KUNSCH, 2009).

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a serem colocados em cenários cada vez mais dominados pela preocupação com a interferência do homem na natureza. 

Os jornais online, importantes como são para a criação de uma consciência ambiental coletiva, juntamente com a Rede Nacional de Observatórios da Imprensa (RENOI), formam um corpus de estudo para o propósito de observar de que forma se dá o monitoramento do meio ambiente na mídia. No atual cenário social, político e econômico não há como uma organização realizar uma atividade de comunicação organizacional de maneira isolada sem levar em conta o impacto que ela causa e sofre da esfera pública quando se trata de meio ambiente

Neste trabalho, podemos definir mídia, de acordo com Lima (2004: 50), como "o conjunto das instituições que utiliza tecnologias específicas para realizar a comunicação humana". Para um melhor recorte de pesquisa, a mídia será representada aqui pelo jornalismo online2, sem limitar sua definição, mas apenas como amostra a ser pesquisada. 

Para investigarmos a atuação dos observatórios de mídia sobre a cobertura do meio ambiente no jornalismo online, optamos por escolher a RENOI3, que, como relata Christofoletti (2010: 2), é um "coletivo surgido em 2005 que reúne projetos acadêmicos e ONGs na tentativa de disseminar uma cultura efetiva de consumo crítico da informação jornalística". A ideia da RENOI é que jornalistas e demais comunicadores tenham uma oportunidade de conhecer, praticar e disseminar as discussões sobre a qualidade da comunicação no Brasil.

O primeiro passo, portanto, é estudar o monitoramento constante da mídia voltado para a questão ambiental, de modo a fazê-la pautar adequadamente o tema e levar esclarecimento à população. A 21ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP- 21), realizada em Paris pela Organização das Nações Unidas – ONU, em dezembro de 2015, gerou muita expectativa sobre o acordo que seria formalizado para garantir um desenvolvimento sustentável4 em todo o planeta, buscando amenizar o impacto do homem na natureza. O principal problema sentido foi como noticiar e preparar a população para um       

2 Jornalismo Online é a denominação da produção jornalística que utiliza como suporte a World Wide Web (WWW) da Internet. Ver mais em: http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2002_palacios_informacaomemoria.pdf Acesso em: 25 fev. 2016.

3Rede Nacional de Observatórios da Imprensa. Disponível em: http://renoi.blogspot.com.br/. Acesso em: fev.

2016.

4 Novo modelo de desenvolvimento que surgiu no final do século 20 como resposta ao esgotamento de um modelo que o relatório brasileiro para a Rio-92 descreve como “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto (TRIGUEIRO, 2005: 348).

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evento tão importante. Cada palavra inserida na mídia poderia levar às pessoas informações daquela Conferência - grande em tamanho e em profundidade temática - de uma forma muito sintética, descontextualizada e superficial.

Eventos como a COP-21, também chamada de Conferência do Clima de Paris, são responsáveis por provocar uma reação de muitos países no mundo para que limitem suas emissões de gases de efeito estufa e migrem para uma matriz energética menos poluente, diminuindo, assim, o aquecimento global. 

Diante dessa preocupação de como se referir ao meio ambiente nas notícias sobre a COP-21, seria fundamental um monitoramento dos portais de notícias online sob a ótica do jornalismo ambiental, assim como verificar se os observatórios de mídia estão atentos à Conferência. Dedicar atenção ao desenvolvimento das questões colocadas pelas análises da RENOI significa contribuir para que a comunicação de uma organização não fuja da responsabilidade que ela tem com seu público, isto é, proporcionar um diálogo nos moldes do proposto no jornalismo ambiental, favorecendo um debate democrático sobre sustentabilidade entre as organizações e a sociedade.

O monitoramento também pode ser útil para investigar as síndromes do jornalismo ambiental identificadas por Bueno (2007): síndrome da lattelização das fontes, síndrome do zoom, síndrome do muro alto, síndrome das indulgências verdes e síndrome da baleia encalhada. A síndrome da lattelização das fontes, por exemplo, é responsável por priorizar as fontes que possuem currículo acadêmico, produtores de conhecimento especializado e fontes oficiais, distanciando-se da população leiga e dificultado o acesso democrático a essas informações sobre o meio ambiente. 

Jornalismo ambiental é associado majoritariamente a matérias ligadas apenas às tragédias ecológicas e vazamentos de produtos na natureza, pois, segundo estudos da Comissão Econômica para a América Latina - Cepal, organismo vinculado à Organização das Nações Unidas (IMPRENSA, 2001, apud COLOMBO; GUIMARÃES, 2014: 6),  

[...] a imprensa brasileira se preocupa em relatar o meio ambiente em três ocasiões: 1) catástrofes naturais e/ou acidentes graves que causam danos à natureza; 2) relatórios publicados por revistas estrangeiras com dados científicos sobre o aquecimento global; 3) data em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela ONU, 5 de junho. 

 

(14)

Essa configuração dada ao meio ambiente pela mídia tem um histórico fácil de ser compreendido, porém, de acordo com Moura (2012), é uma cobertura superficial e perigosa para o futuro da sociedade. Faz-se necessário pensar em um observatório de mídia voltado para o meio ambiente, buscando uma melhor análise crítica sobre o que é veiculado nos meios de comunicação do Brasil e com isso fortalecer valores como transparência, liberdade e cidadania.

Os veículos de comunicação são responsáveis por muitas alterações sociais e, justamente por ditarem o que é ou não veiculado, eles podem reduzir quase totalmente a visibilidade de um fato se não o apresentarem como acontecimento jornalístico da maneira correta (MOURA, 2012). 

A constante procrastinação do debate ambiental levou a uma condição climática que pode ser irreversível, segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, publicado em 2014, ameaçando a qualidade de vida do homem em muitos lugares pelo aquecimento global e desastres ambientais amplificados pela ação humana. A COP-21 surge como oportunidade de acordo para a comunidade internacional adotar medidas efetivas visando a mitigação das mudanças climáticas e seus impactos na vida humana.  

                 

(15)

2 OBJETIVOS

 

2.1 Objetivo geral:

 

Monitorar a cobertura da COP-21 nos três portais de notícias com maior número de acesso no Brasil durante o período analisado (G1, R7 e UOL)5 e a Rede Nacional de Observatórios da Imprensa a fim de detectar indícios das síndromes do jornalismo ambiental6 apontadas por Bueno (2007) e analisar o monitoramento do meio ambiente nos observatórios. 

   

2.2 Objetivos específicos:

   

1. Verificar como os observatórios de mídia que compõem a RENOI monitoraram as notícias sobre a COP-21;

2. Averiguar se os observatórios se preocuparam em analisar os seguintes pontos:

diversidade de fontes, educação do leitor, formação dos profissionais de comunicação, clareza, pluralidade e profundidade da cobertura; e

3. Identificar quais as fontes dominantes na cobertura e no monitoramento de notícias sobre a COP-21.

 

       

      

5 Os critérios para a escolha do corpus estão especificados na pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) em 2015, acerca dos principais portais jornalísticos que mais estimulam a cidadania. Entre mil entrevistados, 42% apontaram o G1, 34% o portal R7 e 32% o site UOL, completando a lista dos três principais portais. A pesquisa encontra-se disponível em:

http://www.portaldosjornalistas.com.br/noticia/pesquisa-ibope-principais-sites-portais-jornalisticos-que- promovem-ci. Acesso em: jan. 2016.

6 Ver mais sobre jornalismo ambiental no tópico 4.4.

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3 JUSTIFICATIVA

 

Com a crescente preocupação ambiental no mundo, ampliada pela 21ª Conferência do Clima, ocorrida em Paris no mês de dezembro de 2015, é essencial que as organizações monitorem os meios de comunicação no que diz respeito a divulgação de notícias sobre o meio ambiente, para que o interesse público prevaleça sobre os interesses privados, aos quais muitas empresas de comunicação são submetidas. 

Dada a importância da comunicação para construção e reconstrução da sociedade, exigir informação de qualidade sobre o meio ambiente, com pluralidade de vozes e que busque interesses coletivos, é um direito de todo cidadão, ao tempo em que prestar informações com essa pluralidade, é um dever das organizações. Um observatório de mídia é um instrumento para auxiliar a população nessa fiscalização, na alfabetização midiática e na educação sobre o meio ambiente, pois a consciência ambiental só surge com uma sociedade devidamente informada sobre sua responsabilidade na preservação do meio em que vivemos. 

As duas vertentes, jornalismo e monitoramento de mídia, se encaixam nas atividades desenvolvidas por agências de comunicação organizacional. O monitoramento e análise de mídia, de acordo com Renault (2014), são realizados por 75% das 28 agências que fazem comunicação organizacional, pesquisadas em Brasília/DF, enquanto a habilidade de entendimento do papel e do processo da comunicação na sociedade também é um dos desafios presentes nos profissionais de comunicação organizacional. Isso denota a importância da pesquisa, principalmente, por tratar-se de tema ambiental que carece de presença na maioria das agências de comunicação. 

O monitoramento da mídia é uma atividade de comunicação organizacional, na medida em que se considera de interesse público a comunicação exercida por empresas privadas, como os portais de notícia avaliados neste trabalho, e que permita o exercício da democracia e da cidadania, garantindo o reconhecimento da questão ambiental pelos seus stakeholders, profissionais de comunicação e pela sociedade.

Nesse sentido, Smith (2001 apud KUNSCH, 2009: 112) apresenta três tipos de relacionamentos entre organizações e comunicação: container, produção e equivalência. A respeito da relação com a produção, o autor diz que a comunicação organizacional “examina a forma como as organizações produzem comunicação ou como a comunicação produz as

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organizações”. Examinar como os observatórios monitoram e como os portais de notícias cobrem o meio ambiente é, antes de tudo, uma atividade de comunicação organizacional.

Conforme aponta o Mapa da Comunicação Brasileira (2013), a multidisciplinaridade na formação dos comunicadores brasileiros é hoje, portanto, o principal atributo que destaca o alinhamento desses profissionais com a complexidade das questões que as empresas, as instituições e a sociedade têm à sua frente7.

Além da multidisciplinaridade dos comunicadores brasileiros, o mapa mostra um dado importante sobre a agenda do país: o tema meio ambiente aparece em penúltimo lugar de 14 temas apontados por gestores de comunicação. Apenas 2% de 120 gestores apontam o meio ambiente como agenda prioritária. Isso reforça a importância de avançar em pesquisas que relacionem a mídia com o meio ambiente.

Como formando em Comunicação Organizacional, optei por trazer um olhar crítico ao meio ambiente na mídia online do Brasil, pois senti uma carência de atenção a essa área de estudo, principalmente em meu curso. Ao escolher fazer disciplinas em jornalismo, para completar meu currículo com o máximo de interpretações possíveis, deparei-me com uma nova visão de mundo na comunicação, onde pude perceber melhor as rotinas e etapas de criação de notícias. Esse aprendizado me fez questionar como se elaboram notícias sobre o meio ambiente e, com isso, percebi uma oportunidade em trabalhar com a cobertura da COP- 21, um evento tão importante que merece toda atenção acadêmica e social.

Por trabalhar no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, autarquia responsável pela gestão das unidades de conservação federal, passei a ter uma visão diferente do nosso meio ambiente e da importância de preservar e manter uma boa relação com a natureza. Acabei escolhendo o tema pela proximidade que estou adquirindo e em razão da falta de estudos voltados para a área do meio ambiente na comunicação organizacional.

 

      

7 Mapa da comunicação brasileira, de 2013, do Instituto FSB, disponível em:

http://www.institutofsbpesquisa.com.br/pdf/Mapa-da-comunicacao-2013.pdf. Acesso em: fev. 2016.

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4 REVISÃO DA LITERATURA

 

4.1 A crítica de mídia no Brasil  

Embora as publicações de artigos científicos sobre crítica de mídia sejam esporádicas, elas começam a compor um importante quadro para os estudos sobre os meios de comunicação no Brasil. A televisão é o principal meio abordado durante as críticas aos meios, até mesmo por conta do vasto leque de produtos audiovisuais expostos durante o dia. Já a internet está começando aos poucos a atrair a atenção das críticas sobre os meios de comunicação. Para Silva e Soares (2013: 834), o processo de crítica é facilmente percebido como o "esforço analítico-interpretativo que ilumina o produto midiático em determinados ângulos de sua constituição". 

Carey (1974 apud SILVA; SOARES, 2013: 833) define a crítica de imprensa, análoga à crítica literária ou cultural, como: 

[...] uma avaliação da adequação dos métodos que os homens usam para observar o mundo, a linguagem que eles usam para descrever o mundo e o tipo de mundo que esses métodos e linguagem implicam. Esta crítica exige, portanto, cuidadosa atenção do público em relação aos métodos, procedimentos e técnicas de investigação jornalística e de linguagem da reportagem jornalística. 

 

Bertrand (2002 apud CHRISTOFOLETTI, 2008) chama o conjunto de instrumentos para garantir uma correção ética dos meios de comunicação como "Meios de Assegurar a Responsabilidade Social da Mídia (MARS)". Fazem parte do MARS8: colunas de correção de erros, seções de cartas dos leitores, colunas de ombudsman, revistas de jornalismo, observatórios de imprensa e códigos de ética dos veículos.  

Bertrand (2002 apud CHRISTOFOLETTI, 2010: 97) completa caracterizando e classificando os três tipos de MARS de acordo com a origem da atividade em:

a) Iniciativas internas às instituições de comunicação: Editoria ou Programa de Mídia, Carta do editor, Memorando interno, Comunicado aos consumidores, Programa de conscientização, Espaço de correção de erros, Código de ética, Repórter de mídia, Repórter de consumidor, Comitê de       

8 Para mais informações sobre o MARS, ver o artigo “Em nome da responsabilidade social da mídia”, de Luiz Martins e Fernando Paulino, no Observatório da Imprensa, disponível em:

http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/em-nome-da-responsabilidade-social-da-midia/.

Acesso em: fev. 2016.

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ética, Comissão de avaliação, Comitê de redação, Agência de filtragem, Estudo interno de problemas, Pesquisa sobre o leitorado e Auditoria ética;  

b) Iniciativas externas às instituições de comunicação: Mídia alternativa, Pesquisa sem fins lucrativos, Revista jornalística, Pesquisa de opinião sobre mídia, Campanha de alfabetização em mídia, Filme / reportagem / livro crítico, Programa “Mídia na Escola”, Website relacionado à mídia, Abaixo- assinado para pressionar a mídia, Associação de Cidadãos, Declaração pública de executivo responsável, Organização não governamental voltada para a mídia, Educação superior dos jornalistas, Curso de ética e Agência reguladora independente;  

c) Formas cooperativas: Carta ao editor, Clube de Leitores/ Espectadores, Mensagens on-line, Conselho de Imprensa local, Ombudsman, Conferência Anual, Central de Queixas, Conselho de Imprensa Nacional, Sessão de consultas aos consumidores, Questionário de exatidão e honestidade, Associação ligada à mídia, Cooperação Internacional, Encontro com o público, Organização não governamental de treinamento, Educação contínua, Painel de Usuários de mídia, Prêmios e outras recompensas e Participação de cidadãos no Conselho Editorial.  

 

A figura do ombudsman, considerado o advogado dos leitores, surgiu com a missão de receber as reclamações destes e dos ouvintes e analisar de forma crítica esses questionamentos, confrontando a produção jornalística frágil dos jornalistas e editores com a demanda do consumidor de mídia, dando retorno à população sobre as opiniões recebidas (PAULINO; OLIVEIRA, 2012).  

O ombudsman foi inserido timidamente no Brasil e parece não vingar, como aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, se considerarmos a sua história nesses países e até mesmo a data de eclosão do fenômeno. Na Europa, o cargo surge na Suécia em 1809; no Brasil, só em 1989, na Folha de São Paulo, é que emergiu o primeiro ombudsman do país (CHRISTOFOLETTI, 2010). Alertando para o fato de que a função não foi bem-sucedida, Ramonet (2003: n.p.) alega ainda que 

[..] a função dos ombudsmen, ou mediadores, que foi útil nas décadas de 80 e de 90, encontra-se atualmente mercantilizada, desvalorizada e desvirtuada.

É muitas vezes manipulada pelas empresas, responde às exigências de imagem e constitui um álibi barato para reforçar artificialmente a credibilidade dos meios de comunicação. 

 

Entre os tipos de críticas de meios que compõem o MARS, vamos nos ater, nesta pesquisa, à crítica dispersa na sociedade, ou crítica socialmente vivenciada. É nesse tipo que se encaixam os procedimentos voltados para a aprendizagem (media education e leitura crítica de mídia), presentes nos observatórios de mídia. 

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Segundo Marcondes Filho (2002 apud SILVA; SOARES, 2013: 825),

[...] criticar só tem sentido se associado à multiplicidade, à variedade, a um conjunto informal, difuso, de pessoas que satisfazem um quesito básico, o de ter estudado, pesquisado, se informado razoavelmente sobre o objeto em questão. Crítica como forma coletiva, aberta, múltipla, admitindo as oposições, as diferenças, as contradições, mas necessariamente especializada. 

 

Para conceituar um observatório de mídia, podemos utilizar o que Christofoletti e Damas (2006: 2) chamam de "instâncias de supervisão midiática que vigiam a atividade dos meios de comunicação". Após esse entendimento, temos que nos referir à comunicação como aquela relacionada à transmissão de informações e comunicação de massa, para entendermos melhor sobre os observatórios e suas funcionalidades.

 

4.2 Observatórios de mídia

O observatório de mídia é um fenômeno recente no Brasil, com surgimento há duas décadas, se considerarmos seu início com o Observatório da Imprensa, em abril de 1996 (CHRISTOFOLETTI, 2008). Além de contribuir para o aperfeiçoamento dos meios de comunicação, os observatórios ajudam a difundir uma cultura de consumo crítico das informações pela sociedade. Eles vêm evoluindo bastante e já se tornaram muito importantes para o desenvolvimento da crítica de mídia.

O Observatório da Imprensa é um dos observatórios de mídia no Brasil e um dos expoentes do monitoramento da comunicação atual. Para Christofoletti e Damas (2006: 152),

"os observatórios constituem um elemento do fenômeno do media criticism, ou revisão crítica da atividade dos meios". A mídia aponta os erros dos outros, baseada nas denúncias, mas esquece ou simplesmente ignora reconhecer os seus próprios erros. Não são apenas as críticas negativas que devem compor o observatório de mídia - ele deve apontar também o que há de correto nos veículos e condutas, bem como o cumprimento da ética jornalística e suas ações em prol da excelência no jornalismo.  

O surgimento dos observatórios no Brasil vem da premissa de que o poder que a mídia detém hoje nem sempre corresponde a uma função responsável de sua razão de ser, que, para Bucci (2000: 93), é “pôr as ideias em confronto, para realizar o debate público, para suprir os

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habitantes do planeta das notícias diversas de que eles passaram a precisar para mover-se e tomar decisões na democracia moderna”.

A importância da existência dos observatórios de mídia está no fato de que as

"sociedades complexas como as atuais não podem prescindir de um olhar crítico aos meios sob pena de soterrarem uma série de conquistas sociais e simbólicas acumuladas nos últimos séculos" (CORNU, 1997; BERTRAND, 1999 apud CHRISTOFOLETTI; DAMAS, 2006: 7).

Principalmente, quando esses meios estão sob domínio de grupos com um controle excessivo da comunicação, fragilizando a democracia atual e a opinião pública.  

Ainda sobre a importância de se monitorar a mídia e seus excessos, Cunha e Rebouças (2007: 2) afirmam que:  

Ao dominar a distribuição da informação, um pequeno grupo de pessoas possui controle também sobre os mecanismos de disseminação da ordem que os privilegia. É daí que advém a importância do questionamento dessa ordem, da luta pela democratização da comunicação e do acompanhamento e análise da mídia. 

 

Com seu papel de fiscalizar os veículos de comunicação e seus profissionais, os observatórios de mídia buscam alfabetizar o público quanto às publicações, e, com isso, tornar a leitura de notícias mais crítica, criando e ampliando um diálogo da população com a mídia.

Sobre a alfabetização do público, Christofoletti e Damas (2006: 2) esclarecem que os observatórios devem "chamar a atenção do público para uma leitura menos ingênua e passiva dos meios, suscitando debates, comparações, observações mais apuradas".  

É no observatório que se apontam falhas técnicas, erros cometidos por repórteres, entrevistas tendenciosas, exageros, dramatizações, deslizes éticos etc. De acordo com Christofoletti e Damas (2006: 4), "Não fogem às críticas a falta de rigor na apuração, a imprecisão, as calúnias, o uso da mídia com fins exclusivamente políticos ou comerciais".

Para Ramonet (2013), a credibilidade é uma das qualidades mais importantes em uma informação, e, quando procuramos escutar o rádio, assistir ao telejornal e acessar portais de notícias na internet, o que queremos é uma informação que nos traga segurança e seja confiável. 

A mídia e os comunicadores se intitulam como uma esfera de denúncia aos poderes, porém Charaudeau (2009: 18) diz que a mídia "manipula tanto quanto manipula a si mesma".

Se a mídia tem interesse em manipular alguma informação, é porque há alguém a ser

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manipulado, e para isso um observatório de mídia deve investigar, por exemplo, qual o interesse da mídia nessa violação do direito à plena comunicação.  

A crítica de mídia no Brasil esbarra em um problema estrutural: a monopolização dos meios de comunicação. Para Christofoletti (2004: n.p.): 

A concentração em poucas mãos dificulta a entrada de novas empresas, estilos e conteúdos no mercado. Pior: padroniza o noticiário e estandardiza o entretenimento. Poderosos, os controladores são avessos à crítica e à contestação de seus procedimentos.  

 

A concentração de poder por poucas empresas de comunicação também influencia na manipulação de notícias, pois os jornais se tornam cada vez mais dependentes do poder econômico e político. Ramonet (2013) explica que a crise que abala o jornalismo nas últimas décadas forçou a criação de grandes grupos de mídia, e cada vez mais eles se vendem, compram e unem com outros conglomerados. 

Com a popularização do acesso à internet, muitos jornais online surgiram em resposta às informações que circulam nos grandes jornais, como também em rebate às próprias estruturas, que não conseguem equilibrar suas contas com o digital e o impresso. Para o autor, o leitor assina uma espécie de contrato ao se tornar leitor assíduo de um jornal, entretanto, com o universo de informações online e com uma crise institucional das maiores redações, esse contrato se torna cada vez mais difícil de ser celebrado. A velocidade da informação em crescimento exponencial na nova era digital também está afetando a mídia tradicional, pois impacta na credibilidade da informação ao ser redigida tão rapidamente. 

A Pesquisa Brasileira de Mídia - PBM 20159 descreve o impacto das tecnologias na credibilidade das notícias: enquanto 52% da população, em média, confia nas informações vindas da televisão, esse percentual cai para 27% no meio digital. A televisão continua sendo o suporte midiático com maior credibilidade para veicular notícias. Um detalhe importante da pesquisa é que, embora trate da confiança nas notícias de determinados temas (agricultura, indústria etc.) em diversos suportes midiáticos, ela não inclui o meio ambiente na lista de perguntas, deixando mais uma vez o tema ambiental sem visibilidade necessária. Trata-se de uma importante pesquisa que poderia trazer dados importantes sobre como a população reage em relação às notícias do meio ambiente. 

      

9 Pesquisa Brasileira de Mídia. Disponível em: http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas- quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf. Acesso em: fev.

2016.

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Esse imediatismo traz consequências para a cobertura da COP-21 nos portais de notícia do Brasil, pois podem se suceder de uma maneira tão veloz que o conteúdo delas, tão valioso para uma conscientização ambiental, pode se tornar esquecido, dada a carga informativa que somos submetidos diariamente. "A aceleração da informação perturbou a possibilidade de se informar" (RAMONET, 2013: 58). Para o autor, uma grande quantidade de informação veiculada não significa boa cobertura, pois o excesso pode gerar desinformação, deixando no leitor um vazio de interpretação das informações captadas e não processadas.  

Um ponto de discussão sobre os observatórios de mídia é o fato de a maioria deles se preocupar em tecer apenas críticas negativas e, no máximo, construtivas. Christofoletti (2008) lembra que a busca por elogios à mídia é confundida às vezes com uma tautologia, e que a crítica seguida pela Escola de Frankfurt, a mais pessimista em relação à indústria cultural de Adorno e Horkheimer, diz que elogiar uma produção midiática é assegurar que não se trata de conteúdo alienante. Trazendo esse posicionamento para este trabalho, elogiar as notícias sobre o meio ambiente seria conceder aos jornalistas as escreve uma certificação de que o trabalho deles atende ao interesse público e que não há melhorias estruturais a serem feitas. Mas não ficar devemos apenas apontar o erro; os observatórios também devem mostrar como fazer um jornalismo ético, e não só pautar os desvios éticos. O autor ainda afirma que é na soma dos erros e acertos que podemos observar a excelência do jornalismo, e, assim, construir uma crítica de qualidade. 

É claro, porém, que existem mecanismos para premiação daqueles jornalistas que se destacam na cobertura de pautas ambientais, como por exemplo o Prêmio Ethos de jornalismo e Prêmio ExxonMobil (o antigo Prêmio Esso) e o Prêmio Chico Mendes de Jornalismo Socioambiental, que buscam destacar os melhores procedimentos éticos e técnicos dos jornalistas. Depreende-se, então, que não basta recompensar aqueles profissionais de comunicação que possuem ótima atuação junto ao meio ambiente, mas juntá-los com os seus erros e buscar sempre o aperfeiçoamento do jornalismo na cobertura de pautas ambientais. 

Trigueiro (2005) traz outra crítica para a falta de cobertura e análise das notícias sobre a COP-21, pois para ele é o tempo do acontecimento do fato retratado que prejudica sua continuidade como pauta. Como o aquecimento global é mensurado em anos e décadas, o imediatismo acaba por suprimir a importância de se pensar em longo prazo, já que as notícias

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do ontem e do amanhã próximos são mais valorizadas pela proximidade com o leitor. Para o autor, o que acontece daqui a décadas só tende a ter cada vez menos importância na mídia. 

Christofoletti (2008) sustenta que os observatórios de mídia devem jogar uma luz nessas informações instantâneas e não processadas, para o leitor ter um olhar mais cauteloso do discurso midiático. Sem uma análise reflexiva do que consumimos na mídia, vários assuntos podem ser pautados para manipular nossa opinião pública, entre eles a COP-21. 

Via de regra, os observatórios são mais ativos na internet, pois, além de o custo de manutenção e produção nessa plataforma digital ser menor, a participação popular é maior.

No meio online (internet), o observatório obtém em média 31% de participação dos leitores no texto escrito, enquanto na mídia impressa essa participação não chega a 3%

(CHRISTOFOLETTI, 2008). Isso mostra que na internet ninguém mais tem a prioridade no discurso. Há uma chance, então, de que o retorno de uma análise cautelosa e a alfabetização popular no consumo crítico de informações vindas da internet seja maior do que na mídia impressa. Para Moraes (2013)10, a internet funciona como uma plataforma para difundir e circular informações sociais e contra-hegemônicas, ou seja, de contestação às formas de dominação impostas pelas classes e instituições dominantes.

4.3 Quarto Poder e legislação  

Se a mídia é vista como o quarto poder, os observatórios podem ser considerados como o quinto poder, ou um contrapoder (RAMONET, 2003) para os abusos e excessos cometidos pelos veículos de comunicação e seus profissionais. É um meio que a sociedade civil tem para monitorar e acompanhar como as notícias de determinado assunto são construídas e veiculadas pela imprensa. Tamanho é esse domínio que Charaudeau (2009: 17) também corrobora para o entendimento da mídia como quarto poder, afirmando que a população, muitas vezes, é refém do que ele chama de "meio de manipulação da opinião pública". 

Trigueiro (2005) igualmente se refere aos profissionais da comunicação como Quarto Poder e ainda cita a expressão "Idade Mídia" para mencionar os tempos atuais, em que a maior parte das informações consumidas e tomadas como verdade pela população parte das       

10 Entrevista concedida por Dênis de Moraes à revista MídiaComDemocracia sobre a democratização dos meios de comunicação no Brasil. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/interesse- publico/_ed731_o_brasil_e_a_vanguarda_do_atraso_da_america_latina/. Acesso em: 08 abr. 2016.

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diversas plataformas midiáticas (rádio, televisão, internet etc). O autor concorda que o meio ambiente ainda é uma questão abordada de forma periférica por esse Quarto Poder, portanto, reforça a ideia de que um quinto poder, os observatórios de mídia, pode ser de utilidade, não só para ampliar a questão ambiental na mídia, mas para fazer com que essa cobertura seja determinante para o que Bueno (2007) propõe como jornalismo ambiental. 

O entendimento do autor sobre os interesses privados que assolam o jornalismo ambiental pelo uso de fontes ligadas à empresas do agronegócio e biotecnologia, bem como empresas de energia elétrica, vai ao encontro da ideia de quinto poder proposto por Ramonet (2013: 99), pois "revela a quem pertence essa informação, quem ela está ajudando, em que medida ela é a expressão dos grupos privados que são seus proprietários, já que é uma maneira de se dizer para quem os meios de comunicação estão trabalhando". 

Para Alfaro (2005 apud CHRISTOFOLETTI; DAMAS, 2006: 4), "os meios agora são os verdadeiros políticos do país, tendo absorvido a representação social que a política deixou de lado". Da mesma forma que a população tem o dever de investigar e cobrar dos políticos eleitos sua efetiva atuação em prol do avanço da sociedade, ela também deve atentar para esse novo tipo de política: a mídia. A força que a mídia possui para influenciar e construir opiniões é o suficiente para justificar seu controle pela sociedade civil, e esse controle pode ser feito de diversas formas e, em parte, por um observatório de mídia.  

Por não existir uma legislação moderna dos meios de comunicação no país e pelo domínio desses meios por um pequeno grupo de pessoas, os observatórios midiáticos vêm como uma ferramenta para suprir a falta de regularização da mídia no Brasil, que deveria ser analisada e regulamentada para sua verdadeira função: o interesse público. A falta de um órgão regulador na área de comunicação no Brasil "dificulta a fiscalização e punição dos meios de forma regular, o que distancia a consecução das finalidades sociais" (CUNHA;

REBOUÇAS, 2007: 3).  

A democratização do sistema de comunicação, segundo Moraes (2013)11,  

[...] é uma exigência incontornável e inadiável. A legislação de radiodifusão brasileira continua sendo uma das mais anacrônicas da América Latina. Até hoje, não foram regulamentados os artigos 220 e 221 da Constituição promulgada em 5 de outubro de 1988, que, respectivamente, impedem monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação de massa (art. 220, § 5º)       

11 Entrevista concedida por Dênis de Moraes à revista MídiaComDemocracia sobre a democratização dos meios de comunicação no Brasil. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/interesse- publico/_ed731_o_brasil_e_a_vanguarda_do_atraso_da_america_latina/. Acesso em: 08 abr. 2016.

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e asseguram preferência, na produção e programação das emissoras de rádio e televisão, a “finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”, além da “promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação” (art. 221, I e II, grifos do autor). 

 

Essa falta de regulamentação da comunicação afeta as políticas públicas e, consequentemente, as pautas ambientais, retirando seu pluralismo, e também não garante a prioridade do interesse social pelo privado. Para fins de comparação com o Brasil, o autor cita algumas iniciativas de governos latino-americanos para democratizar a mídia, como por exemplo a chamada Lei de Meios, na Argentina, a Lei de Radiodifusão Comunitária, no Uruguai, e a Lei de Comunicação Popular, na Venezuela. "Ao coibir a concentração das atividades comunicacionais nas mãos de poucos grupos, estimula um fluxo informativo com opiniões e perspectivas diversas", explica Moraes (2013)12. 

Respaldado nesse entendimento de que a mídia deveria ser regulada no Brasil, o autor confirma a gravidade da situação de nossa liberdade: "Isso é grave porque as políticas públicas são indispensáveis para a afirmação do pluralismo, como também para definir o que deve ser público e o que pode ser privado, resguardando o interesse coletivo frente às ambições particulares" (MORAES, 2013)13. É esse pluralismo que tanto necessita o jornalismo ambiental e que se encontra ameaçado pelo domínio de grandes grupos da área de comunicação. 

Ao criticar os atuais sistemas de regulamentação dos meios de comunicação, Ramonet (2003: n.p.) cita como deveria funcionar um órgão de supervisão midiática: 

Os códigos deontológicos de cada empresa de comunicação – quando existem – se mostram pouco capazes de punir ou corrigir os desvios, as omissões e a censura. É indispensável que a deontologia e a ética da informação sejam definidas e defendidas por uma instância imparcial, com credibilidade, independente e objetiva, na qual os professores universitários tenham um papel decisivo. 

 

Para o autor, um observatório de mídia conta com três tipos de membros em sua estrutura e em seus editoriais: jornalistas profissionais, professores e pesquisadores universitários e consumidores dos meios de comunicação. Christofoletti (2008) acrescenta:

      

12 Entrevista concedida por Dênis de Moraes à revista MídiaComDemocracia sobre a democratização dos meios de comunicação no Brasil. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/interesse- publico/_ed731_o_brasil_e_a_vanguarda_do_atraso_da_america_latina/. Acesso em: 08 abr. 2016.

13 Idem.

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jornalistas inconformados com as atuais linhas editoriais, estudantes universitários e ativistas políticos podem integrar o rol de colaboradores dos observatórios. 

Além de analisar o que os jornais veiculam como notícia sobre o meio ambiente, os observatórios devem observar como essas notícias são formuladas. Christofoletti (2008: 107), ao descrever o funcionamento de um observatório, diz que "O monitoramento deve buscar compreender os padrões de produção, elaboração e transmissão das notícias". Esse monitoramento se conecta com a síndrome da ‘lattelização’ das fontes, de Bueno (2007), pois, ao examinar os princípios e rotinas de elaboração de uma notícia, um dos pontos cruciais que devem ser observados são as fontes que embasaram aquele texto.

Entre as diversas organizações que têm o meio ambiente como eixo de trabalho, vamos nos ater apenas à RENOI, no entanto, cabe ressaltar que durante a pesquisa várias dessas organizações se mostraram como uma espécie de observatório, mas não como o observatório descrito neste trabalho. Um deles é o Observatório do Clima14. A diferença é que, em vez de atuar como um observatório de mídia, ele opera como um filtro e agência de notícias para o clima e mudanças climáticas, não tratando do meio ambiente em geral. A COP-21 até conseguiu uma editoria especial no site, todavia não contém nada mais do que notícias que os grandes portais de jornalismo deixaram de publicar.

O Observatório do Clima pode ser considerado uma mídia alternativa contra a hegemonia das notícias que encontramos sobre mudanças climáticas, mas não um observatório de mídia, considerando que não há um monitoramento constante do que é veiculado na mídia e não há uma preocupação com a alfabetização do público leitor. Esse tipo de monitoramento sobre o padrão de produção e elaboração, juntamente com as fontes utilizadas, já é bastante comum na RENOI. 

Considerando que alguns dos observatórios que integram a RENOI estão fora do ar ou possuem pouca abrangência, são projetos universitários e têm publicações pouco frequentes, a RENOI também conta com grandes projetos de monitoramento da mídia brasileira, tais como a Agência de Notícias dos Direitos da Infância - ANDI e o Observatório da Imprensa, que são de grande renome na comunicação nacional.  

      

14 É uma coalizão de várias organizações que trabalham em prol de uma discussão sobre as mudanças climáticas mais próxima da sociedade, buscando ampliar o campo que até então encontrava-se muito restrito ao Estado.

Disponível em: http://www.observatoriodoclima.eco.br/. Acesso em: mar. 2016.

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A ANDI, particularmente, desdobra algumas temáticas em projetos específicos que contam com colaboradores assíduos e dedicados para manter um espaço crítico e de debate sobre comunicação. Entre esses projetos, dois ganham destaque no trabalho por monitorar o meio ambiente nos jornais brasileiros. O Mídia e Amazônia15, criado em 2011 pela ANDI, com parceria da Aliança pelo Clima e Uso da Terra – CLUA, surge para monitorar o desmatamento na região amazônica. Já o Mudanças Climáticas16 é um projeto da ANDI com apoio do Programa de Comunicação em Mudanças Climáticas da Embaixada Britânica no Brasil e do Conselho Britânico, elaborado desde 2008 para servir de ferramenta para jornalistas, estudantes e pesquisadores que queiram se aprofundar nos estudos sobre mudanças climáticas17. 

Embora esses dois projetos tratem, de certa forma, da cobertura do meio ambiente pelo jornalismo, o foco ainda é voltado para temas particulares e não sobre o meio ambiente em si, que é maior do que apenas mudanças climáticas e desmatamento. Além disso, percebe-se a busca por um público mais seleto, não para a população em geral, mas para jornalistas e ambientalistas.  

A exemplo desses dois projetos, os observatórios podem agir concretamente para melhorar os serviços de comunicação no Brasil, principalmente quanto ao jornalismo que cobre o meio ambiente, carecedor, mais do que outros assuntos, de um constante monitoramento e alfabetização de seus leitores. É isso o que se pretende com este trabalho:

estimular o monitoramento do meio ambiente pelos observatórios de mídia de modo que contribuam para melhorar o jornalismo ambiental no Brasil. 

 

4.4 Jornalismo Ambiental  

A formação de profissionais capazes de serem críticos e terem visão de mundo já é um ponto contemplado nos estudos sobre a comunicação organizacional (KUNSCH, 2009), porém, não se vislumbra muitos trabalhos que intercalem o jornalismo ambiental em seu corpus de pesquisa. A autora defende que a formação holística de um profissional de       

15 Disponível em: http://midiaeamazonia.andi.org.br/. Acesso em: mar. 2016.

16 Mudanças Climáticas. Disponível em: http://mudancasclimaticas.andi.org.br/. Acesso em: mar. 2016.

17 Significa uma mudança de clima que possa ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis (BRASIL, Decreto n. 2.652, de 1º de julho de 1998), promulga a Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 2 de julho de 1998. Seção 1, p. 6).

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comunicação organizacional é imprescindível para que as organizações possam dispor de comunicadores e dirigentes que pensem estrategicamente esse ramo do conhecimento.

Partindo desse ponto, defendemos também que, dentro dessa formação holística, há de se compreender a importância do jornalismo ambiental tanto para a formação dos profissionais de comunicação quanto para a manutenção do espaço público de debate que esse tipo de jornalismo oferece à sociedade.

Neste trabalho, optamos por trazer a parte teórica do jornalismo ambiental, tendo em vista que defendemos aqui a ideia de que o comunicador que escreve ou cobre pautas sobre o meio ambiente deve ser apto a trabalhar sob o prisma desse tipo de jornalismo, independentemente da sua habilitação e área de atuação. Sendo assim, quando citamos o termo ‘jornalista ambiental’ ou ‘jornalismo ambiental’, entende-se aqui como àquele profissional de comunicação que se ocupa em noticiar e lidar com informações sobre o meio ambiente ou temas inter-relacionados.

Para Arnt (2014)18, jornalista que cobre pautas ambientais: 

Os recursos naturais são vistos como abundantes e acessíveis no Brasil e o país também tem déficits colossais na economia e uma situação política destrambelhada. As prioridades econômicas e políticas no Brasil eram todas menos as ambientais.

 

Para começar a falar sobre jornalismo ambiental, é necessário fazer sua conceituação, para então detalhar seus pontos a serem estudados na pesquisa. Começamos com a definição de meio ambiente. Para o jornalista André Trigueiro (2003 apud MENDES; QUEIRÓS, 2014:

2), é "um conjunto de fatores naturais, sociais e culturais que envolvem um indivíduo e com os quais ele interage, influenciando e sendo influenciado por eles". Já para Bueno (2007: 33), o meio ambiente é  

[...] o complexo de relações, condições e influências que permitem a criação e a sustentação da vida em todas as suas formas. Ele não se limita apenas ao chamado meio físico ou biológico (solo, clima, ar, flora, fauna, recursos hídricos, energia, nutrientes etc.), mas inclui as interações sociais, a cultura e expressões/manifestações que garantem a sobrevivência da natureza humana (política, econômica etc.). 

 

      

18 Entrevista concedida ao programa Observatório da Imprensa, na TV Brasil, em reportagem sobre a crise hídrica e o meio ambiente. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i8-d4KsZsoI. Acesso em: jan.

2016.

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Para maior compreensão, faz-se necessário explicitar a diferença entre comunicação ambiental e o jornalismo ambiental, tendo em vista que não é raro ver a confusão feita com os conceitos, que são bem diferentes. A comunicação ambiental, de acordo com Bueno (2007:

30), é "todo o conjunto de ações, estratégias, produtos, planos e esforços de comunicação destinados a promover a divulgação de uma causa ambiental". A comunicação ambiental pode, portanto, ser um vídeo ou um panfleto que publique alguma informação sobre o meio ambiente e ainda ser realizada por diversos profissionais, como biólogos, pescadores e advogados. Já o jornalismo ambiental, ainda pela perspectiva do autor, é restrito à função jornalística, decorrente da atividade profissional de um jornalista. 

O Jornalismo Ambiental, pela ótica de Bueno (2007: 35), tem sua definição: 

[...] podemos conceituar o Jornalismo Ambiental como o processo de captação, produção, edição e circulação de informações (conhecimentos, saberes, resultados de pesquisas etc.) comprometidas com a temática ambiental e que se destinam a um público leigo, não especializado. 

 

Mendes e Queirós (2014: 1) trazem outra definição do jornalismo ambiental: "O jornalismo ambiental é uma das especialidades do jornalismo científico, que tem como uma das suas principais funções tratar da necessidade das pessoas para que o maior número possível delas tenha acesso a informações científicas". O jornalismo ambiental mistura o jornalismo científico, em toda sua especificidade, regras, rigidez e objetividade, com o teor jornalístico do cotidiano, que é mais informal, voltado para leigos em assuntos muito específicos.

O jornalismo ambiental busca fazer essa ponte entre especialistas do meio ambiente, como cientistas, técnicos e analistas ambientais, com a população geral. Bueno (2007) diz que a diferença entre o jornalismo científico e o jornalismo ambiental é que o primeiro é comprometido com uma fração da comunidade científica, privilegiando seus estudos e minimizando opiniões divergentes. Já o jornalismo ambiental, por sua vez, deve (ou deveria) estar isento de qualquer preferência pelo "ethos" puramente científico, estratificando os leitores.  

Dentre as diversas funções que o jornalismo ambiental pode desenvolver, Bueno (2007: 35) descreve e prioriza três delas - a função informativa, pedagógica e política: 

A função informativa preenche a necessidade que os cidadãos têm de estar em dia com os principais temas que abrangem a questão ambiental,

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considerando o impacto que determinadas posturas (hábitos de consumo, por exemplo), processos (efeito estufa, poluição do ar e água, contaminação por agrotóxicos, destruição da biodiversidade, etc.) e modelos (como o que privilegia o desenvolvimento a qualquer custo) tem sobre o meio ambiente e, por extensão, sobre a sua qualidade de vida. A função pedagógica diz respeito à explicitação das causas e soluções para os problemas ambientais e à indicação de caminhos (que incluem necessariamente a participação dos cidadãos) para a superação dos problemas ambientais. A função política (aqui entendida em seu sentido mais amplo e não obviamente restrita à sua instância meramente político-partidária) tem a ver com a mobilização dos cidadãos para fazer frente aos interesses que condicionam o agravamento da questão ambiental.  

Após sua conceituação, podemos partir para um breve histórico do jornalismo ambiental que, de acordo com Victor (2009: 17), tem seu começo no Brasil na década de 1960, sendo que:

[...] na década de 60, Randau Marques, um dos precursores do jornalismo ambiental brasileiro, já pautava a contaminação por chumbo de trabalhadores do setor de calçados do município de Franca - SP e os impactos negativos do uso de agrotóxicos à saúde humana e ao meio ambiente. 

 

Até a década de 1970, o tema meio ambiente era pouco ou quase nada explorado, sendo um começo bastante tímido. Barros e Sousa (2008: 7) indicam que apenas depois da Primeira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Estocolmo, o tema ganhou mais visibilidade:  

A Conferência de Estocolmo, realizada em junho de 1972, pela ONU, constituiu um marco para o alastramento do pensamento ecológico no mundo contemporâneo e os debates sobre os limites do crescimento econômico, da industrialização, do consumo e da vida urbana de modo geral. 

 

Embora o surgimento do jornalismo ambiental seja considerado como sendo nos meados dos anos 60, e que no final da década de 80 a imprensa começou a diversificar e ampliar a cobertura jornalística do meio ambiente, Sousa e Barros (2008) afirmam que apenas na década de 90 é que o jornalismo ambiental ganhou a agenda da imprensa com temas relacionados à sustentabilidade, conservação da natureza etc., em consequência da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, no ano de 1992, também conhecida como Rio-92, que acendeu a luz vermelha da preocupação com o futuro do nosso meio ambiente e em razão da intensa cobertura jornalística que a Conferência recebeu.  

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