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SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO Revista de Adultos da EBD

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(1)

INSTITUTO PENTECOSTAL DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

“Integrando Vida e Serviço Através das Escrituras”

CNPJ n°. 15.154.731/0001-69 – Decreto nº 5.154/04

SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO – Revista de Adultos da EBD

Pesquisa e produção: Pr. Isaque C. Soeiro

1

Revisão orto-gramatical: Pr. Mário Saraiva

2

RESUMO

O presente texto serve de apoio aos Educadores da Escola Bíblica Dominical, especialmente aos que ministram a Revista de Adultos do 2º Trimestre de 2021 (CPAD), intitulada: “Dons Espirituais e Ministeriais: servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário”, cujo conteúdo foi desenvolvido pelo pastor-teólogo Elinaldo Renovato.

Este breve subsídio de apoio à Lição 01, “E Deu Dons aos Homens”, faz uma abordagem introdutória ao estudo bíblico dos dons divinos dados à Igreja. Esse assunto está no cerne da Teologia Pentecostal e deve ser conhecido com mais clareza e exatidão possível. Assim, por meio desse conteúdo, busca-se:

apresentar a classificação didática e teológica dos dons divinos em ministeriais, de serviços e espirituais;

especificar verdades bíblicas que devem orientar a compreensão, a busca e o exercício dos dons espirituais e ministeriais; e, oferecer reflexões sobre a prática da Igreja quanto aos dons espirituais e ministeriais.

1. INTRODUÇÃO.

O ensino bíblico sobre os dons divinos na vida da Igreja está no centro da Teologia Pentecostal.

O estudo sistemático e consistente sobre os dons espirituais é o meio mais eficaz de esclarecer os fundamentos bíblicos e teológicos da autêntica experiência de fé bíblica, de orientar biblicamente a busca e o exercício dos dons e, ao mesmo tempo, identificar e corrigir toda forma de fé e prática sem base bíblica.

No presente texto auxiliar, é apresentado um estudo bíblico introdutório à doutrina dos dons espirituais e ministeriais que serão estudados durante esse trimestre (abril-junho/2021).

Bom estudo e boa aula!

2. OS DONS DIVINOS NA IGREJA.

O Novo Testamento reconhece a existência dos dons divinos que levam os homens a trabalharem na obra do Senhor acima das suas capacidades meramente humanas.

1

Pr. Isaque C. Soeiro, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus na cidade de Satubinha (MA). Graduações em:

Bacharel em Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA). Pós-graduações em: Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA), Mestrando em Ciência das Religiões (ILUSES/LUSÓFONA) e Mestrando em Teologia (FAETAD). Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC. Membro do conselho de educação e cultura da CEADEMA. E-mail: ic.soeiro.ic@gmail.com.

2

Pr. Mário Saraiva, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Buriticupu (MA). Graduações em: Licenciatura em Letras, com habilitação em Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA).

Pós- graduações em: Especialista em Teologia (Universidade Estácio de Sá – UNESA), Pós-Graduando em Exegese Bíblica (Centro

de Estudos Bet-Hakam) e Mestrando em Ciências Teológicas (Universidade de Desenvolvimento Sustentável – UDS, Assunção,

Paraguai). E-mail: pr.mariosaraiva@gmail.com.

(2)

2 Por um lado, são oferecidas cinco listas de dons divinos. O apóstolo Paulo mencionou quatro listas de dons concedidos à Igreja, como consta em Romanos 12.6-8, 1 Coríntios 12.4-11, 1 Coríntios 12.28 e Efésios 4.11. E, o apóstolo Pedro fez referência a uma breve lista de dons em 1 Pedro 4.10-11. E, além dessas referências descritivas e prescritivas, os Evangelhos e Atos dos Apóstolos mostram a manifestação desses dons na vida dos apóstolos e da Igreja. Por outro lado, essas cinco listas de dons divinos não são completas.

Certamente essas listas não são exaustivas, não retratam todas as formas de capacitação e manifestação divina por meio dos seus servos. Cada lista citada acima tem relação direta com as situações específicas das igrejas que receberam essas epístolas.

Isso posto, nesse tópico serão tratados sobre a definição bíblica-teológica e a classificação dos dons divinos.

2.1. A Definição dos Dons Divinos.

Todos os dons são concessões divinas que capacitam o cristão quanto às necessidades da vida cristã e quanto ao serviço devido na obra do Senhor (no âmbito interno da Igreja e no âmbito externo em relação ao mundo).

A importância de compreender corretamente o que são os dons divinos encontra-se em dois fatos:

1) Em primeiro lugar, porque é necessário compreender corretamente os ensinos bíblicos descritivos e prescritivos, para que suas verdades sejam obedecidas apropriadamente; e, 2) em segundo lugar, porque a compreensão correta dos dons divinos é o que fornece os princípios bíblicos para a regulamentação do exercício apropriado dos dons.

Tendo em vista as listas dadas pelo apóstolo Paulo e pelo apóstolo Pedro, abaixo serão dadas definições etimológicas e teológicas.

2.1.1. A definição etimológica dos “dons divinos”.

Tendo em vista as listas dadas pelo apóstolo Paulo e apóstolo Pedro, abaixo serão destacadas as palavras gregas usadas para descrever os dons divinos que atuam sobre a Igreja. São elas:

A. O termo “pneumática”. 1 Coríntios 12.1 usa o termo grego pneumatikōn, traduzido por “dons espirituais”, e que, originalmente, siginfica “espiritual, assuntos espirituais”

3

; o apóstolo Paulo descreve, com isso, a natureza espiritual intrínseca dos dons divinos.

B. O termo “charismata”. 1 Coríntios 12.4 usa o termo grego charismatōn, traduzido por “dons”, o qual significa “graça, presentes”

4

; o apóstolo Paulo usou esse termo para descrever a natureza dadivosa dos dons divinos, como presentes da graça divina aos seus servos (Rm 12.6; 1 Co 12.30- 31). Em 1 Pedro 4.10, o apóstolo Pedro usou um termo correlato (charisma) para enfatizar o mesmo aspecto de presente recebido pela graça de Deus. Todos os dons são provenientes da graça divina (cf. 1 Co 12.28-31a).

C. O termo “diaconia”. 1 Coríntios 12.5 usa o termo grego diakoniōn, traduzido por “ministérios, serviços”, que se refere à diversidade de serviços e administrações ministrados entre os membros

5

; o apóstolo Paulo usou esse termo para enfatizar os propósitos de edificação dos dons na Igreja e os propósitos em relação à proclamação/testemunho do Evangelho no mundo.

Os dons visam atender necessidades reais na vida e serviço espiritual (Rm 12.7).

3

STRONG, James. Dicionário Grego do Novo Testamento de James Strong Anotado pela AMG, referência nº. 4152. Disponível no site: https://bibliaportugues.com/interlinear. Acesso: 29/03/2021.

4

STRONG, James. Ibidem, referência nº. 5486.

5

STRONG, James. Ibidem, referência nº. 1248.

(3)

3 D. O termo “energema”. 1 Coríntios 12.6 usa o termo grego energēmatōn, traduzido por

“operações, realizações, atuações, efeitos”

6

. Essa palavra indica os aspectos extraordinários dos dons, que demonstram está em operação um poder do alto - de Deus aos homens.

E. O termo “doma”. Efésios 4.8 usa o termo grego domata, traduzido por “dons”, o qual tem o mesmo sentido da palavra charismata: “presentes, dons da graça”

7

; mais uma vez a ênfase é colocada sobre a graça divina na concessão das capacitações divinas para o serviço de edificação e proclamação/testemunho (cf. Mt 7.11; Lc 11.13).

Esses termos originalmente usados ajudam na compreensão bíblica acerca: 1) da sua fonte, pois são provenientes da multiforme graça e poder de Deus (o Pai, o Filho e o Espírito Santo); 2) da sua natureza, pois são essencialmente espirituais e baseados na graça de Deus; e, 3) do seu propósito, que sempre objetiva satisfazer necessidades na edificação da Igreja e no seu serviço de proclamação/testemunho do Evangelho.

2.1.2. A definição teológica dos “dons divinos”.

O que pode ser dito teologicamente acerca de todos os dons listados no Novo Testamento (Rm 12.6- 8; 1 Co 12.4-11; 12.28; Ef 4.11; 1 Pe 4.10-11)? Existem muitas propostas de definições teológicas e toda definição deve considerar as seguintes conclusões bíblicas:

A. Os dons são de ordem sobrenatural, espiritual e dadivosa dados por Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para aparelhar a Igreja com capacidades especiais que servem à obra de edificação e à obra proclamatória/testemunhal no mundo

8

.

B. Os dons são dotações especiais que Deus concede à sua Igreja em Cristo e por meio do Espírito Santo para a realização do multiforme serviço na obra que cabe a todos os membros da Igreja.

Os significados dos termos originais e das definições teológicas permitem concluir que, por meio dos dons, Deus supre a graça e poder necessários para que os membros do corpo de Cristo possam cooperar na obra do Senhor, nas mais variadas áreas, com a diversidade de ênfases de serviço.

Como dito anteriormente, Deus eleva seus servos em graça e poder para servirem acima das capacidades, limitações e imperfeições humanas.

2.2. A Classificação dos Dons Divinos.

Na Teologia Sistemática, é realizado o trabalho teológico de classificação e organização das verdades bíblicas, para que as doutrinas sejam compreendidas em um sistema organizado e coeso. Assim, quanto aos dons divinos, na tradição pentecostal, foram propostas várias formas de classificação dos dons listados no Novo Testamento (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11; 12.28; Ef 4.11; 1 Pe 4.10-11).

Essas classificações são de cunho teológico e didático, agrupando os dons divinos por sua origem, sua natureza, exercício/manifestação e propósitos. A classificação mais corrente na Teologia Pentecostal é a seguinte:

6

STRONG, James. Ibidem, referência nº. 1755.

7

STRONG, James. Ibidem, referência nº. 1390.

8

Essa definição é baseada nos termos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, Cap. XX, p.171.

(4)

4 Classificação dos Dons Divinos Especificação dos Dons Divinos Referências Bíblicas

Dons Ministeriais

Acerca desses dons divinos ministeriais: 1) são atribuídos à ação dadivosa da segunda Pessoa da Trindade: o Senhor Jesus Cristo; e, 2) são ministérios/serviços relacionados ao propósito da fundação e crescimento da Igreja em maturidade, pela Palavra de Deus; conforme a sã doutrina e tendo como modelo o Senhor Jesus.

Os dons ministeriais envolvem os ministérios:

 Apóstolos

 Profetas

 Evangelistas

 Pastores (presbíteros/anciãos)

 Mestres/professores.

 Diáconos.

 Administradores.

 Cooperadores.

Romanos 12.6-8;

1 Coríntios 12.28;

Efésios 4.7-11; e, 1 Pedro 4.11.

(cf. Atos 2.42; 6.1-6;

11.20-26; 13.1-3).

Dons de Serviço

Acerca desses dons divinos de serviço: 1) são atribuídos à ação dadivosa da primeira Pessoa da Trindade: o Pai; e, 2) são capacitações espirituais para os diversos serviços práticos na comunhão local da Igreja, onde os membros servem uns aos outros em suas necessidades, conforme a “medida da fé” (dons) repartida e dada por Deus aos membros.

Os dons de serviços são relacionados às diversas atividades mútuas entre os membros, onde servem uns aos outros com uma grande diversidade de trabalhos nas relações cotidianas como Igreja local.

Os dons de serviços envolvem:

 Exortação e consolação.

 Contribuidores/doadores financeiros.

 Exercício de misericórdia.

 Diáconos.

 Cooperadores/ajudantes.

 Entre outros serviços mútuos na comunhão dos membros na Igreja.

Romanos 12.8;

1 Coríntios 12.28;

1 Pedro 4.10-11;

(cf. Atos 4.32-37; 6.1- 7; Fp 2.22-30; Cl 4.10-

11; 2 Jo 1.5-8).

Dons Espirituais

Acerca desses dons divinos chamados de dons espirituais: 1) são atribuídos à ação dadivosa da terceira Pessoa da Trindade: o Espírito Santo; e, 2) são capacitações extraordinárias pela soberania e poder do Espírito Santo que age por meio dos membros com o propósito de atender as necessidades específicas quanto à vida cristã.

São dotações manifestadas através da ação direta do Espírito Santo; “os dons são do Espírito Santo, e, através deles, o Espírito opera em quem quer, como quer, quando quer e onde quer” (1987, p.133)

9

.

Os dons espirituais são relacionados às necessidades específicas da edificação dos membros e da proclamação/testemunho do Evangelho ao mundo.

Os dons espirituais envolvem:

 Palavra da sabedoria.

 Palavra do conhecimento/ciência.

 A fé (não a salvífica, nem a ordinária; mas, uma fé extraordinária em situações específicas).

 Dons de curar.

 Operações de milagres

 Profecias.

 Discernimento de espíritos.

 Variedade de línguas.

 Interpretação de línguas.

1 Coríntios 12.8-10,28;

1 Pedro 4.10;

(cf. Mc 16.17-20; Atos 3.1-9; 4.31,33; 6.8;

13.6-12; 19.9-12;

1 Co 14.26).

Mais uma vez é preciso enfatizar que as listas de dons do Novo Testamento não citam todos os dons ou formas pelas quais Deus age no e por meio dos membros da Igreja. As listas apenas indicam alguns dos dons divinos que eram mais recorrentes e tinham relações com o contexto das igrejas que receberam as epístolas (de Romanos, 1 Coríntios, Efésios e 1 Pedro).

9

OLIVEIRA, Raimundo Ferreira de. As grandes doutrinas da Bíblia. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 1987, p.133

(5)

5 3. PONTOS DIRETIVOS DOS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS.

O conteúdo das 13 lições desse 2º Trimestre das Revistas Bíblicas (CPAD) tratam especificamente dos dons espirituais e dons ministeriais. Por isso, nesse tópico, serão apresentados alguns princípios e diretrizes derivados das verdades bíblicas sobre como esses dons

10

devem ser buscados, exercidos e cultivados.

3.1. A Origem Divina dos Dons Espirituais e Ministeriais.

A primeira questão a ser considerada pela Igreja é sobre a origem dos dons. Esse primeiro ponto diretivo é importante pela seguinte razão: a fonte de origem determina a natureza, o exercício e o propósito de cada um dos dons.

Sobre a origem dos dons é correto afirmar: todos os dons são originariamente vindos de Deus. Deus é a causa primária e originária dos dons ministeriais, de serviços e espirituais. Mais especificamente, é útil ressaltar dois fatos:

3.1.1. Os dons são originários da cooperação das Três Pessoas da Trindade.

As listas do Novo Testamento relacionam os dons com as obras distintas do Pai (Rm 12.3; 1 Co 12.18,24b,28), do Filho Jesus Cristo (Ef 4.8-10) e do Espírito Santo (1 Co 12.7-11).

O apóstolo Paulo enfatizou a cooperação entre as Três Pessoas da Trindade como “diversidade na unidade”. No texto de 1 Coríntios 12.4-6 fica relacionado:

A. O papel do Espírito Santo quanto aos dons descritos como “charismata”, provenientes da graça divina: “Ora, os dons [charismata] são diversos, mas o Espírito é o mesmo” (v.4/ acréscimo nosso ).

B. O papel do Senhor Jesus Cristo quanto aos dons descritos como “diaconia”, cuja essência é o serviço mútuo entre os membros e em favor de todo o corpo: “E também há diversidade nos serviços [diaconia], mas o Senhor é o mesmo” (v.5/ acréscimo nosso ).

C. O papel do Pai quanto aos dons descritos como “energema” ou “operações de poder”, provenientes da manifestação do poder divino: “E há diversidade nas realizações [energema], mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” (v.6/ acréscimo nosso ).

As Três Pessoas da Trindade estão igualmente envolvidas nas dotações dos seus servos. Contudo, deve ser observado que é o Espírito Santo quem realiza todos esses dons (ministeriais, de serviços e espirituais). O Pai e o Filho agem por meio do Espírito Santo, que habita e capacita a Igreja e os membros individualmente. Nesse sentido, é grande valor o comentário dos teólogos pentecostais Arrington e Stronstad, como citado abaixo:

Cada um dos três termos é associado a um membro da Trindade [...]. Embora estes dons sejam distribuídos pelo Espírito Santo, Paulo os coloca no contexto da Trindade – “o Espírito” (v.4), “o Senhor” (v.5), “Deus [o Pai]” (v.6). O “Espírito é quem os dá, o Senhor é assim servido, e Deus está trabalhando”.

11

10

Esses princípios e diretrizes das verdades bíblicas também se aplicam aos dons de serviços (Rm 12.3-8).

11

ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento: vol. 2: Romanos – Apocalipse.

1ª ed. 4ª reimp. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2019, p.206-207.

(6)

6 3.1.2. Os dons são dados pela multiforme graça e poder de Deus.

Os dons indicam que Deus está agindo no meio do seu povo, conferindo capacitações que não seriam possíveis alcançar de outra forma. Os dons refletem o infinito e multiforme poder e graça divina.

A. Os dons são recebidos como presentes da graça divina. Os termos gregos charisma (Rm 12.6;

1 Pe 4.10) e domata (Ef 4.8) ensinam que os dons ministeriais e espirituais são concedidos pela graça divina – sem basear-se em nenhum mérito de quem os recebe

12

.

Os cristãos na cidade de Corinto não compreenderam esse aspecto gratuito dos dons espirituais. O texto de 1 Coríntios 1.5-9 e 12 – 14 evidencia que os irmãos na cidade de Corinto desenvolveram a ideia errada de que os dons espirituais eram como atestados de maior espiritualidade e merecimento. Por isso, o apóstolo Paulo corrigiu esse erro, apresentando muitos princípios e diretrizes, entre os quais está a verdade de que os dons são presentes dadivosos. Os dons possuem uma natureza essencialmente espiritual e, ao mesmo tempo, são concessões da graça infinita de Deus.

Os dons espirituais, acima de tudo, são dons da graça [...] Os dons do Espírito não são emblema de maturidade espiritual. Em vez de distintivo de membro da elite espiritual, os dons espirituais são reflexo da graça de Deus para a igreja e eram disponíveis para todo crente [...] A força total do argumento de Paulo dos capítulos de 12 a 14 indica que os dons são dados livremente por Deus a todo crente (12.11).

13

Isso posto, é fundamental compreender que o amor, a bondade e a graça de Deus são a base da concessão dos dons; e, a busca, o recebimento e o exercício dos dons espirituais devem ser acompanhados de sincera gratidão e fidelidade com os dons recebidos de graça.

B. Os dons são manifestados pelo poder capacitador de Deus. Os termos gregos energēmatōn (1 Co 12.6) e phanerosis (1 Co 12.7) deixaram claro que os dons são concessões do poder divino.

As operações, realizações e efeitos evidenciados por meio dos dons ministeriais e espirituais têm como fonte o poder de Deus atuando nos e através dos seus servos.

Os cristãos coríntios não compreenderam a forma correta de se relacionar com esse aspecto poderoso dos dons. Eles acabaram por enfatizar o aspecto poderoso e extraordinário dos dons espirituais, em detrimento do caráter moral, da unidade da igreja, da ordem e decência do culto, entre outras virtudes cristãs.

De fato, os dons manifestam o poder capacitador de Deus nos e através dos seus servos, provendo capacidades e habilidades singulares para satisfazer necessidades ordinárias e extraordinárias na vida e serviço cristão. Os dons, especialmente os classificados como “dons espirituais”, são o “efeito, fruto ou produto do poder divino. Portanto, dons são as operações concretas do poder divino por meio de crentes individualmente”

14

. Deus (o Pai, o Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo) concedem os dons ministeriais e espirituais segundo seu poder e vontade. Diante desse fato, cabe aos cristãos buscá-los humildemente e exercitá-los com temor.

12

ARRINGTON; STRONSTAD, ibidem, p.206.

13

MENZIES, William; MENZIES, Robert. No poder do Espírito: fundamentos da experiência pentecostal: um chamado ao diálogo.

Natal, RN: Editora Carisma, 2020, p.256.

14

STORMS, Sam. Dons espirituais: uma introdução bíblica, teológica e pastoral. São Paulo, SP: Vida Nova, 2016, p.23.

(7)

7 Os dons ministeriais e espirituais vêm e devem ser exercidos segundo o amor, graça, vontade e poder de Deus para sua Igreja; somente assim resultará em glorificação de Deus em Cristo por meio do Espírito Santo.

3.2. A Natureza dos Dons Espirituais e Ministeriais.

Todos os dons são qualificados por sua natureza espiritual, sua concessão gratuita por graça, seu poder e sua diversidade segundo a vontade de Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Independentemente da classificação em “ministeriais”, “de serviços” ou “espirituais”, todos os dons compartilham dessas características que os elevam acima das possibilidades exclusivamente humanas.

Essas características singulares dos dons devem ser consideradas na compreensão acerca da necessidade e do exercício dos dons espirituais e ministeriais (e de serviços):

3.2.1. Os dons correspondem à natureza da vida em Cristo e obra do Senhor.

A natureza espiritual, gratuita, poderosa e a diversidade dos dons está diretamente relacionada com a natureza da vida da Igreja e da obra do Senhor. A comunhão pessoal do membro com Cristo e uns com os outros e a realização da obra do Senhor são notadamente espirituais, demandam muitas lutas espirituais e apresentam uma grande diversidade de necessidades ordinárias/habituais e extraordinárias/excepcionais. Por meio dos dons, Deus entra em ação nos e através dos crentes, dando capacitações para crescer, testemunhar, adorar, resistir, perseverar e vencer.

3.2.2. Os dons são manifestos numa “escala” de mais permanentes e mais esporádicos.

À primeira vista, existem dons que manifestam mais elementos naturais e práticos (como aptidões, saberes e capacidades naturais que muitas pessoas demonstram) e outros dons que evidenciam mais elementos sobrenaturais e transcendentes (como aptidões, saberes e capacidades que somente Deus poderia dar). Contudo, todos os dons são dados e operados pelo poder de Deus, pelos quais Ele capacita e move seus servos na comunhão e no serviço.

A. Os dons de caráter permanente são aqueles que correspondem às necessidades ordinárias e habituais, como por exemplo: o serviço permanente e prioritário do ministério pastoral, exposição bíblica, evangelização, plantação de igrejas, administração eclesiástica, contribuição financeira, ministério de misericórdia aos necessitados, entre outros serviços supridos pelos dons. Nessa categoria, estão a maior parte dos dons divinos classificados como “dons ministeriais” e “dons de serviço” (veja o quadro de classificação na pág.4) .

B. Os dons de caráter esporádico são aqueles que correspondem às necessidades extraordinárias e excepcionais, como por exemplo: palavras proféticas, interpretação de línguas, discernimento de espíritos, curas e maravilhas, entre outros serviços supridos pelos dons. Nessa categoria, estão os dons divinos classificados como “dons espirituais” (veja o quadro de classificação na pág.4) .

3.3. Os Propósitos dos Dons Espirituais e Ministeriais.

O principal propósito dos dons são capacitar os membros da Igreja diante das múltiplas necessidades

surgidas na comunhão da Igreja e no desenvolvimento da obra do Senhor, como: em relação à adoração

a Deus, no cultivo da edificação da Igreja, na manutenção espiritual e material da obra do Senhor, no

(8)

8 avanço da obra missionária e evangelização, no trabalho de oração, no auxílio de misericórdia aos vulneráveis e necessitados.

“Qualquer que seja a necessidade da igreja, o Espírito tem algum dom para satisfazê-la”

15

. Nesse mesmo sentido, William e Robert Menzies esclarecem:

Com certeza, a lista de dons em 1Coríntios 12.8-10 não é exaustiva, mas meramente uma amostra de dons, uma amostra “retirada de um suprimento infinito”. Quantos dons existem? Há tantos dons disponíveis quanto as necessidades na vida da igreja. Deus tem prazer em usar-nos para satisfazer essas necessidades.

16

4. CONCLUSÃO – Advertências Quanto aos Dons Espirituais e Ministeriais.

A Teologia Pentecostal busca fundamentar sua autêntica experiência de fé bíblica e, ao mesmo tempo, identificar e repudiar toda forma de fé e prática sem base bíblica.

O estudo sobre a origem, a natureza, os propósitos e a classificação dos dons divinos (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11,28; Ef 4.11; 1 Pe 4.10-11) ajudam a pontuar as seguintes advertências e encorajamentos de ordem prática:

1) Os dons são biblicamente apresentados como atuais e presentes na vida da Igreja; logo, a Igreja deve valorizar o que Deus tem dado por sua graça e poder, tanto através da busca pela fé e oração como pelo exercício bíblico desses dons. Deus tem disponibilizado à sua Igreja os dons da graça e de poder, como parte inerente do modo de existência e trabalho da Igreja. Deus deu dons aos seus servos; como podem os servos serem fiéis, se negligenciarem os dons divinos para o serviço?!

É necessário buscar com dedicação as capacitações divinas, para que a obra do Senhor seja feita pela força do Espírito Santo e não por mera força humana (Zc 4.6). Buscar os dons espirituais é uma ordem bíblica (1 Co 12.31a).

2) Os dons são dados pela graça de Deus de forma gratuita e diversa; logo, é preciso que os cristãos estejam abertos com fé e disponíveis para obedecer ao propósito de Deus de capacitar seus servos para a sua obra. “Todos esses dons são necessários. O Espírito Santo os distribui de acordo com a necessidade, mas devemos estar dispostos a responder em fé e obediência”

17

.

3) Todos os dons são dados e manifestados pelo poder capacitador de Deus; logo, é preciso que os cristãos não supervalorizem os dons de extraordinária manifestação de poder e desprezem os dons de caráter permanente e ordinário. No meio pentecostal, têm surgido muitos erros em relação à priorização dos dons espirituais, cujas manifestações são mais espetaculares e fazem fortes apelos sensoriais e emocionais, como os dons de cura, maravilhas, profecias etc.; e isso em prejuízo da valorização dos demais dons. Esse erro está associado a outros erros, como a falsa crença de que os dons espirituais são para “espiritualmente maduros”, “espiritualmente mais merecedores” etc.

15

MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas bíblicas: os fundamentos da nossa fé. 1ª ed. 10ª reimp. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 1995, p.141.

16

MENZIES, William; MENZIES, Robert. ibidem, p.260.

17

MENZIES; HORTON, ibidem, p.142.

(9)

9 Os dons não são dos homens, mas de Deus aos homens; os dons não são baseados em méritos humanos, mas na graça de Deus; os dons não estão baseados nas capacidades humanas, mas no poder de Deus. O que valida a importância de todos os dons é que todos vêm de Deus, pelo poder de Deus, pela vontade de Deus e para o avanço da obra de Deus.

APOIO:

Comissão de Educação da CEADEMA Conduzindo a Educação Através do Reino

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