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SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO Revista de Adultos da EBD

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Academic year: 2021

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SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO – Revista de Adultos da EBD

Pesquisa e produção: Pr. Isaque C. Soeiro

1

Revisão orto-gramatical: Pr. Mário Saraiva

2

RESUMO

O presente texto serve de apoio aos Educadores da Escola Bíblica Dominical, especialmente aos que ministram a Revista de Adultos do 4º Trimestre de 2021 (CPAD), intitulada: “O Apóstolo Paulo: lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo”, cujo conteúdo foi desenvolvido pelo pastor-teólogo pentecostal Elienai Cabral.

As citações bíblicas foram retiradas da Nova Almeia Atualizada – NAA (SBB, 3ª Ed.), salvo as indicações em contrário e devidamente referenciadas.

Este breve subsídio de apoio à Lição 03, “A Conversão de Saulo de Tarso”, faz uma abordagem sobre a conversão de Paulo, como narrada em Atos 9.1-20. Por meio desse conteúdo, busca-se: apresentar informações histórico-culturais que marcaram a extraordinária conversão de Paulo; apresentar afirmações teológicas que marcaram a extraordinária conversão de Paulo; e, propor uma linha de aplicação à vida cristã sobre o valor e a necessidade da experiência da regeneração espiritual.

INTRODUÇÃO

A situação que levou Paulo à conversão e regeneração espiritual foi caracterizada por aspectos singulares.

Quem poderia dizer que Paulo, o fariseu zeloso e perseguidor insano, seria um convertido de Jesus Cristo como Senhor, o Cristo e o Salvador?! Na verdade, toda a condição pregressa de Paulo formava um quadro no qual sua conversão era improvável ou até impossível – na ótica dos judeus e cristãos da época. Por um lado, sua condição era de absoluta cegueira espiritual e sua atuação era como um perseguidor odioso, implacável e mortal; por outro lado, os propósitos de Paulo eram diametralmente opostos à Igreja e ao Senhor Jesus Cristo. Por isso, a conversão de Paulo foi marcada por fatores extraordinários.

O presente estudo pressupõe e desenvolve a ideia da extraordinariedade da conversão de Paulo. Para tanto: no primeiro subtópico, são apresentados fatos históricos que tinham importante significado cultural e religioso entre os judeus da época; e, no segundo subtópico, são apresentadas afirmações teológicas que mostram a autenticidade da revelação de Jesus Cristo e conversão de Paulo. E, na conclusão, são feitas aplicações à vida cristã com base na doutrina da conversão e regeneração espiritual.

Bons estudos!

1

Pr. Isaque C. Soeiro, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus na cidade de Satubinha (MA). Graduações em: Bacharel em Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA). Pós-graduações em: Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA), Mestrando em Ciência das Religiões (ILUSES/LUSÓFONA) e Mestrando em Teologia (FAETAD). Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC. Membro do conselho de educação e cultura da CEADEMA. E- mail: ic.soeiro.ic@gmail.com.

2

Pr. Mário Saraiva, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Buriticupu (MA). Graduações em: Licenciatura em Letras, com habilitação em Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA). Pós- graduações em:

Especialista em Teologia (Universidade Estácio de Sá – UNESA), Pós-Graduando em Exegese Bíblica (Centro de Estudos Bet-Hakam) e Mestrando em Ciências Teológicas (Universidade de Desenvolvimento Sustentável – UDS, Assunção, Paraguai). E-mail:

pr.mariosaraiva@gmail.com.

(2)

2 1. A EXTRAORDINARIEDADE DA CONVERSÃO DE PAULO.

A primeira descrição de Paulo no Novo Testamento é como um implacável e cruel perseguidor contra a Igreja (At 7.58 – 9.5). Paulo era um fariseu radical, movido por zelo e ódio religioso contra o Nome de Jesus e o crescimento exponencial de seus seguidores. Por isso, Paulo passou a ser reconhecido pela Igreja como um homem mau que caçava os cristãos para o extermínio. Ele era um homem cego pelo ódio religioso e, naquele momento, o pior inimigo da Igreja.

Nessa conjuntura, a conversão de Paulo era algo absolutamente improvável e, para muitos cristãos, era até impossível que aquele que estava lutando contra Cristo pudesse ser salvo por Jesus Cristo. Desta forma, o estado impiedoso de Paulo e o ambiente hostil aos cristãos formam um quadro que ressalta como a conversão de Paulo foi extraordinária: impremeditada para Paulo e surpreendente para a Igreja.

Na sequência deste estudo, é feita uma abordagem sobre as narrativas da conversão de Paulo, especialmente a apresentada do ponto de vista do historiador Lucas, em Atos 9.1-20 (ecoando quando necessário o testemunho do próprio Paulo sobre sua experiência de conversão em Atos 22.1-21 e 26.1- 18). A narrativa da conversão de Paulo em Atos 9.1-20 será analisada sob duas perspectivas: histórica e teológica. Isso leva em consideração que Lucas narrou a experiência de conversão de Paulo, ressaltando tanto os acontecimentos significativos no ambiente cultural e religioso dos judeus da época como o valor teológico das ações e palavras de Jesus e Paulo.

1.1 - A PERSPECTIVA HISTÓRICA DA CONVERSÃO DE PAULO.

Na narrativa bíblica, relatam-se os fatos e, na maioria das vezes, esses fatos têm um significado relevante na cultura do mundo bíblico. Esse é o caso da narrativa lucana sobre a conversão de Paulo.

Os acontecimentos da conversão de Paulo estavam associados ao ambiente cultural e religioso dos judeus da época. Lucas – como excelente historiador e com seu estilo retórico – descreveu os eventos que aconteceram e que tinham um significado especial para seu público primário.

1.1.1 - Fatores Históricos Quanto à Condição de Paulo.

Paulo viajava de Jerusalém a Damasco, uma jornada de 200 quilômetros, rumo ao norte de Israel, que durava cerca de seis dias. Paulo viajava para cumprir seu propósito persecutório contra a Igreja.

Lucas descreveu o contexto desta viagem nos seguintes termos: “Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, tanto homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém” (At 9.1-2).

Deste relato de Lucas, merecem destaques os seguintes fatores históricos:

A. Paulo viajava sob o comissionamento oficial do Sinédrio. Paulo estava revestido de autoridade

do sumo sacerdote e do Sinédrio, os quais ordenavam a cooperação das sinagogas de Damasco

com suas ações de caça, prisão e extradição dos cristãos para Jerusalém. Essa autoridade era

confirmada por uma carta oficial de apresentação e autorização por parte dos líderes judeus em

Jerusalém. Essa carta oficial era aceita com grande respeito pelos líderes das sinagogas fora de

Jerusalém.

(3)

3 B. Paulo viajava com uma escolta soldadesca do Sinédrio. Paulo estava acompanhado por uma comitiva de soldados a serviço do Sinédrio, dispondo de força militar para implantar a caça, prisão e extradição dos cristãos.

Observe que o itinerário dessa viagem repressora começou com a iniciativa ensandecida de Paulo:

“Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu...” (v.1-2). O ódio religioso que movia Paulo recebeu todo o aparato necessário para levar a efeito a força repressora. Ele era a personificação da ira persecutória contra a Igreja e o Nome de Jesus. Portanto, o itinerário dessa viagem não deixava nenhum vestígio de que poderia haver alguma conversão, especialmente a conversão de Paulo.

1.1.2 - Fatores Históricos Quanto à Manifestação de Jesus Cristo.

A conversão de Paulo iniciou com a manifestação sobrenatural de Jesus Cristo. Na narrativa de Lucas retrata essa manifestação da seguinte forma: “Enquanto seguia pelo caminho, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor. Ele caiu por terra e ouviu uma voz” (At 9.3-4). Deste relato de Lucas, merecem destaques os seguintes fatores históricos:

A. O significado da luz vinda do céu. A luz que brilhou ao redor da comitiva, de forma súbita e vinda do céu, era entendida no Judaísmo com a shekiná, isto é: a manifestação da glória de Deus.

O Judaísmo reconhecia, na sua tradição, as muitas vezes nas quais Deus manifestou a sua glória 3 . Além disso, naquela época, “os judeus também admitiam a possibilidade de intervenção divina súbita para converter um perseguidor (2Mc 2.34-36)” 4 .

B. O significado da queda de Paulo. A queda de Paulo por terra também tinha eco na tradição dos judeus, pois “tanto no Antigo Testamento como na literatura judaica, pessoas, com frequência, caíam ao chão ao ser confrontadas com uma revelação divina ou angélica (p. ex., Ez 2.1; Dn 8.18)” 5 . A queda no pó da terra indicava a fragilidade do homem diante da soberana e majestosa revelação do Senhor Jesus Cristo.

C. O significado da voz vinda do céu. Na tradição judaica, seja no Antigo Testamento como na literatura judaica, a voz celestial era referenciada como a voz de Deus 6 , especialmente quando falando em hebraico e aramaico (uma vez que o Senhor Jesus chama Paulo pelo seu nome hebraico de “Saulo).

Essas referências históricas situam os acontecimentos da conversão de Paulo dentro do ambiente cultural e religioso da época. A descrição de Lucas enfatizou elementos que tinham um forte apelo à percepção no Judaísmo e no entendimento de muitos cristãos que vinham da tradição judaica. Esses fatos apontariam para a autenticidade da revelação divina na experiência da conversão de Paulo ao Nome de Jesus como o Messias, Salvador e Senhor.

1.2 - A PERSPECTIVA TEOLÓGICA DA CONVERSÃO DE PAULO.

3

KEENER, Craig S. Comentário histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 2017, p.411.

4

KEENER, ibidem, p.411.

5

KEENER, idem.

6

KEENER, idem.

(4)

4 A narrativa da conversão de Paulo deve ser compreendida à luz da doutrina da Igreja e da doutrina da regeneração. Por isso, à luz dessas doutrinas, observe como as ações e as palavras de Jesus e as respostas de Paulo possuem valor teológico.

A seguir, é apresentada uma perspectiva teológica sobre a narrativa bíblica da conversão de Paulo.

1.2.1 - A Forma da Revelação Divina: a manifestação sobrenatural de Jesus Cristo.

A conversão de Paulo envolveu um meio extraordinário: a revelação direta e sobrenatural de Jesus Cristo. O Senhor Jesus, o Cristo, ressurreto e glorificado apareceu a Paulo. O Jesus Cristo perseguido encontrou a Paulo no seu caminho persecutório, fazendo cair por terra e se levantar para uma nova vida: com uma nova natureza e um novo propósito.

A manifestação de Jesus a Paulo envolveu:

A. A manifestação gloriosa. A narrativa afirma que: “subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor” (v.3) e mais: “ouviu uma voz” (v.4). O Senhor Jesus Cristo manifestou-se por meio de dois elementos significativos na mentalidade judaica desde o Antigo Testamento: a luz e a voz vindas do céu. Por um lado, a luz indicava a autêntica manifestação da glória de Deus; e, por outro lado, a voz celestial indicava que o próprio Deus estava falando.

Logo, ficou óbvio para Paulo que aquela manifestação não era comum e que Deus estava em ação naquela ocasião. A luz de Cristo cegou a visão física de Paulo, mas abriu sua visão espiritual.

A voz de Cristo calou em Paulo todos os saberes farisaicos e da tradição dos anciãos, mas revelou a verdade que liberta.

B. A identificação com a Igreja. Inicialmente, a palavra de Jesus Cristo revelou sua união com a Igreja e cada cristão pessoalmente. Diz a narrativa: “Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que você me persegue? Ele perguntou: Senhor, quem é você? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem você persegue” (At 9.4-5). A esse respeito, o teólogo pentecostal French Arrington comenta:

O Jesus ressurreto é quem aparece a Saulo (cf. 1 Co 9.1; 15.8) e lhe diz: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues? (At 9.4). Essa pergunta é dirigida ao propósito imediato de Saulo destruir a Igreja. Atacar os discípulos de Jesus não é, como Saulo pensa, mera perseguição de pessoas que adoram de maneira herética. É um ataque contra o próprio representante divino, na pessoa do seu povo. Perseguir os cristãos é perseguir Cristo (Lc 10.16), que foi rejeitado, mas agora ressuscitou e continua ativo na história. 7

Cada aspecto da perseguição que impingiu tensão, insegurança, sofrimento e dor nos cristãos também foi sentido pelo Senhor Jesus Cristo, devido à sua união espiritual com seus discípulos.

É real a união de cada cristão com Cristo, de cada discípulo com seu Mestre, de cada salvo com seu Salvador, de cada servo com seu Senhor. “Porque eu vivo, vocês também viverão” (Jo 14.19/NVT).

1.2.2 - A Forma da Conversão de Paulo: uma autêntica conversão pessoal e regeneração espiritual.

7

ARRINGTON, French L. Atos dos Apóstolos. In.: ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário bíblico pentecostal:

Novo Testamento: vol. 1: Mateus – Atos. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2019, p.674 (p.621-804).

(5)

5 A experiência da salvação de Paulo deve ser considerada à luz da doutrina da regeneração. Paulo evidenciou sinais claros de uma verdadeira conversão pessoal com “arrependimento para com Deus” e “fé no Senhor Jesus Cristo” (At 20.21); e, como resultado, ocorreu nele a regeneração espiritual, mediante a qual nasceu de novo para uma nova vida em Cristo pelo poder atuante do Espírito Santo (cf. Jo 3.6; 2 Co 5.17; Gl 2.19-20; Ef 2.4-6; Tt 3.5; 1 Pe 1.23).

Quanto à conversão-regeneração de Paulo, é correto assinalar as seguintes verdades:

A. Os sinais externos da conversão-regeneração de Paulo. Paulo respondeu à manifestação de Jesus Cristo com atitudes físicas e audíveis que apontaram para uma mudança radical de vida.

As duas principais evidências externas são: 1) Em primeiro lugar, Paulo reconheceu a natureza divina de quem falava com Ele naquela luz e com aquela voz. Enquanto estava caído por terra, envolto na luz de Cristo e sob a poderosa voz de Cristo, Paulo indagou: “Ele perguntou: Senhor, quem é você?” (At 9.5). Nesse contexto, o termo “Senhor” deve ser compreendido como um título exclusivo a Deus. Ao referir-se a Jesus como “Senhor”, “Saulo confessa que está falando com Ele como Senhor, reconhecendo que se dirige à pessoa divina” 8 . E, 2) Em segundo lugar, Paulo começou a ser obediente e guiado pelas ordens de Jesus Cristo. A ordem inicial de Jesus Cristo foi: “levante-se e entre na cidade, onde lhe dirão o que você deve fazer” (At 9.6). Paulo obedeceu: foi para Damasco e esperou por novas orientações da parte do Senhor.

Essas atitudes indicam uma nova forma de vida em Paulo: ele caiu como o odioso e implacável perseguidor movido pelo zelo religioso, mas se levantou com uma nova visão espiritual, tendo no centro Jesus como o Cristo, o Salvador e o Senhor. Paulo havia sido conquistado pelo Senhor Jesus Cristo (Fp 3.12).

B. Os sinais internos da conversão-regeneração de Paulo. Paulo tomou práticas essencialmente espirituais que mostravam que nele havia sido operada a regeneração espiritual. Era novo homem e suas práticas sinalizavam essa nova condição espiritual.

As três principais atitudes espirituais foram: 1) Paulo entregou-se à oração e jejum. Diz o relato que “esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu” (v.9); sendo que o próprio Senhor Jesus testificou a Ananias que Paulo estava em estado de oração (v.11). A oração é a inclinação esperada da pessoa espiritual. Os três dias que seguiram a revelação na estrada foram tempos de lutas e de reavaliação das suas convicções, de assimilação com a nova vida espiritual, dos novos conhecimentos em Cristo, em detrimento da sua formação farisaica e rabínica; 2) Paulo recebeu o Espírito Santo. Ananias, enviado pelo Senhor Jesus Cristo, deixou claro a necessidade de ser “cheio do Espírito Santo” (v.17), o que aconteceu imediatamente.

Essa experiência de Paulo de ser cheio do Espírito Santo era consistente com o derramamento do Espírito Santo sobre os crentes em Jerusalém e Samaria; e, 3) Paulo foi batizado nas águas.

Diz o texto bíblico que Paulo “levantou-se e foi batizado” (v.18). Paulo obedeceu à ordenança de Jesus Cristo e passou pelo batismo em águas para, publicamente, confessar a Jesus Cristo, sepultar toda a sua vida antiga e ressurgir para a nova vida em Cristo. Ele expressou publicamente a obra interna do Espírito.

Paulo era um novo homem em Cristo: unido em Cristo, identificado como verdadeiro “irmão” na comunhão da Igreja, dominado e capacitado pelo Espírito Santo e com a verdadeira compreensão das Escrituras, centrada na doutrina de Jesus Cristo.

8

ARRINGTON, French L. Ibidem, p.674.

(6)

6 1.2.3 - O Soberano Chamado de Deus para a Salvação: a soberana e graciosa salvação.

A narrativa bíblica deixa em evidência que a iniciativa soberana foi do Senhor Jesus Cristo. Foi Jesus quem se revelou numa luz sobrenatural que derrubou a Paulo por terra, cegando-o fisicamente e abrindo sua visão espiritual. Foi Jesus quem falou com voz poderosa, chamando pelo nome de Paulo, indagando sua condição de vida como perseguidor terrorista e assassino e, sobretudo, revelando a verdade e dando uma nova diretriz de vida.

A narrativa desta experiência de conversão em Atos 9.1-19 precisa ser considerada na estrutura da doutrina básica da salvação.

A. A conversão de Paulo deve ser considerada à luz da doutrina básica da salvação. O Único Deus – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – é o autor da salvação (Êx 14.13; Sl 28.8-9; Is 33.22; 46.4; Jn 2.9; Sf 3.17; Lc 19.10; At 4.12). Deus deu o primeiro passo e agiu para salvar o homem da perdição quando a humanidade estava morta em seus pecados, sem qualquer capacidade de buscar ou agradar a Deus e sem qualquer mérito. Por isso, a salvação é sempre um ato do poder e amor gracioso e misericordioso de Deus que busca e encontra o homem no seu estado de pecaminosidade e inimizade (Ef 2.1-10). Assim, a ação primária e decisiva de Jesus em favor do resgate de Paulo reflete o movimento geral de Deus na salvação de todos os homens. Tal como Paulo, todo homem está na terrível condição pecaminosa e sob estado de condenação e absolutamente necessitado da graça salvadora de Deus.

B. A conversão de Paulo deve ser considerada à luz da supremacia e superabundância da graça divina. A conversão de Paulo foi resultado desse propósito divino: a soberana e graciosa vocação de Jesus Cristo o resgatou do profundo estado do pecado e cegueira espiritual. A conversão de Paulo manifestou a prática dos princípios doutrinários que diz: “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20/ARC). A graça divina é infinitamente superlativa!

Paulo reconheceu a soberania e o amor gracioso e misericordioso de Deus como a base única da sua salvação. A ação humana é sempre secundária no sentido de que é uma resposta de fé à verdade. Na sua primeira epístola a Timóteo, ele testemunhou, ressaltando a grandeza da graça de Deus acima da sua vil condição pecaminosa. 1 Timóteo 1.12-16 diz:

“Agradeço àquele que me deu forças, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou digno de confiança e me designou para servi-lo, embora eu fosse blasfemo, perseguidor e violento. Contudo, recebi misericórdia, porque agia por ignorância e incredulidade. O Senhor fez sua graça transbordar e me encheu da fé e do amor que vêm de Cristo Jesus.

Esta é uma afirmação digna de confiança, e todos devem aceitá-la: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”, e eu sou o pior de todos. Mas foi por isso que eu, o pior dos pecadores, recebi misericórdia, para que assim Cristo Jesus mostrasse quanto é paciente. Desse modo, sirvo de exemplo a todos que vierem a crer nele para a vida eterna”

(NVT).

A esse respeito, o pastor-teólogo reformado Hernandes D. Lopes afirma:

A causa da conversão de Paulo foi a graça soberana de Deus. Ele não se decidiu por Cristo;

estava perseguindo Cristo. Na verdade, foi Cristo quem se decidiu por ele. Paulo estava

caçando os cristãos para prendê-los, e Cristo estava caçando Paulo para salvá-lo (At 9.1-

6). Não era Paulo que estava buscando a Jesus; era Jesus quem estava buscando a Paulo.

(7)

7 A salvação de Paulo não foi iniciativa dele; foi iniciativa de Jesus. Não foi Paulo quem clamou por Jesus; foi Jesus quem clamou pelo nome de Paulo. 9

CONCLUSÃO

“O Valor Imprescindível da Regeneração Espiritual”

A narrativa da conversão de Paulo ressalta o valor da conversão e regeneração no recebimento da salvação divina (At 9.1-19; 22.1-21 e 26.1-18). Assim, a história pregressa de Paulo é semelhante à história pregressa de toda a humanidade. Isso ressalta a mesma condição e a mesma necessidade.

Em relação à condição pecaminosa, assim como Paulo, toda a humanidade nasce no estado de pecado, espiritualmente morta, em corrupção e sob o estado condenável da ira divina. E, em relação à necessidade de salvação, assim como Paulo, toda pessoa é necessitada de resgate, restauração e salvação vindas da parte de Deus. O processo de salvação tem no seu início a conversão e a regeneração como duas obras imprescindíveis por meio das quais vem a recriação e restauração do homem em todas as áreas.

A conversão é a resposta humana à Verdade de Cristo com arrependimento e fé, e, a regeneração trata do novo nascimento ou vivificação espiritual operado pelo Espírito Santo, pelo poder da Palavra, no íntimo daquele que crê em Jesus Cristo. É o “novo nascimento”, “nascimento do alto” ou “nova geração” (Mt 19.28; Jo 3.3.1-12; 2 Co 5.17; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23).

O cristão precisa ter zelo com essas obras salvíficas iniciais (conversão e regeneração). Diante disso, é preciso considerar as seguintes verdades:

1. Assim como a narrativa bíblica atestou a autenticidade da experiência de conversão-regeneração de Paulo, também todo cristão deve ter convicção da sua experiência de conversão e regeneração em Jesus Cristo e segundo as Escrituras. Isso envolve viver o verdadeiro arrependimento e fé em Jesus Cristo e na Palavra de Deus, e, ainda, abrange o desfrutar da nova vida e visão espiritual restaurada na regeneração pelo Espírito Santo (Rm 8.11; 1 Co 2.10-16; 2 Co 5.17; Ef 2.1,5). Esse é um aspecto de convicção e experiência pessoal sustentado pela fé na suficiência da salvação de Cristo e fundamentado nas Escrituras.

Você tem certeza do seu arrependimento e fé para com o Evangelho? Você tem convicção de que foi restaurado para uma nova vida espiritual? Você pode olhar para trás e rememorar o dia e ocasião quando você foi convertido e regenerado? Paulo foi convertido e regenerado na estrada próximo a Damasco, por volta do meio-dia. Também, na vida de cada cristão, é necessário apontar o momento da sua conversão e regeneração. Louvado seja Deus, porque Ele interveio salvadoramente na história de muitas e muitas vidas, incluindo a minha e a sua!

2. Assim como a conversão-regeneração de Paulo foi evidenciada por obras espirituais, também todo cristão deve dar testemunho da sua experiência de conversão e regeneração em Jesus Cristo. A conversão e regeneração é, em primeiro lugar, de cunho pessoal. Porém, tem seu aspecto público, uma vez que o regenerado passar a viver segundo a novidade de vida em Jesus Cristo.

Romanos 6.4,10-11 afirma: “Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em

9

LOPES, Hernandes Dias. Paulo: o maior líder do Cristianismo. São Paulo, SP: Hagnos, 2009, p.27-28.

(8)

8 novidade de vida... Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado;

mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus”.

Após o encontro com o Senhor Jesus Cristo, Paulo passou a viver segundo a nova vida espiritual guiada e capacitada pelo Espírito Santo. Vida de convertido. Vida de regenerado. Vida de oração, jejum, humildade, aprendizado, obediência e serviço.

A vida do cristão deve ser a manifestação testemunhal do poder da novidade de vida! É viver a vida guiada pelo Espírito Santo, segundo a qual a regeneração dar vazão para a vida de santificação. Observe a ordenança de Romanos 6.22: “Agora, porém, libertados do pecado [regeneração], transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação [santificação como a marca da nova vida espiritual] . E o fim, neste caso, é a vida eterna” (acréscimo nosso).

APOIO:

Comissão de Educação da CEADEMA Conduzindo a Educação Através do Reino

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