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SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO Revista de Adultos da EBD

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Academic year: 2022

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INSTITUTO PENTECOSTAL DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

“Integrando Vida e Serviço Através das Escrituras”

CNPJ n°. 15.154.731/0001-69 – Decreto nº 5.154/04

SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO – Revista de Adultos da EBD

Pesquisa e produção: Pr. Isaque C. Soeiro 1 Revisão orto-gramatical: Pr. Mário Saraiva 2

RESUMO

O presente texto serve de apoio aos Educadores da Escola Bíblica Dominical, especialmente aos que ministram a Revista de Jovens e Adultos na Edição Especial da CPAD: “OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias”, que é uma reedição de uma das lições comentadas pelo saudoso pelo pastor Eurico Bergstén.

Esse breve subsídio contribui com a Lição 07 - “O Povo de Deus deve Separar-se do Mal”, com os seguintes objetivos de aprendizagem: recapitular a exigência de santidade na Aliança entre Deus e Israel; e, identificar os desafios e os meios de cultivo de santidade dos israelitas no período do pós-exílio, sob a liderança de Zorobabel, Esdras e Neemias.

1. INTRODUÇÃO.

O presente estudo versa sobre a busca dos israelitas por santidade ao Senhor no período do pós- exílio. Entre outras, busca-se responder às seguintes perguntas: Que situações sociais, econômicas e religiosas foram obstáculos à santidade? Que instrumentos os líderes Zorobabel, Esdras e Neemias usaram para instar o povo à santidade? Que resoluções e decisões os israelitas tiveram que tomar para afastarem-se das formas de pecado e firmarem-se na santidade ao Senhor?

2. A SANTIDADE E A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL.

A vida dos israelitas no Antigo Testamento sempre foi regulada pela santidade de Deus; o posicionamento do povo quanto à Lei de Deus os caracterizava como povo santo ou profano, obediente ou desobediente, fiel ou infiel. A vocação dos israelitas como povo de Deus era ser uma nação santa;

foram chamados para uma vida de santidade que refletisse a perfeição e justiça da Lei e a glória de Deus diante das demais nações (Êx 19.5-6; Lv 18.1-5; 19.1-2). O temor, retidão e pureza deveriam qualificar todos os aspectos da vida dos israelitas (Lv 19).

No período do pós-exílio, o movimento de reintrodução dos israelitas na terra de Judá tinha que seguir o princípio da santidade ao Senhor; a obra de restauração nacional e espiritual exigia desses israelitas um zelo renovado com a obediência, fidelidade e honra a Deus. Estavam sob a bandeira da

1 Pr. Isaque C. Soeiro, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Guimarães, MA. Graduado em Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA), Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA) e Mestrando em Ciência das Religiões (ILUSES/LUSÓFONA). Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC. Membro do conselho de doutrina da CEADEMA. E-mail: ic.soeiro.ic@gmail.com.

2 Pr. Mário Saraiva, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Buriticupu (MA). Graduado em Letras, com habilitação em Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA); Especialista em Teologia (Universidade Estácio de Sá – UNESA); Pós-Graduando em Exegese Bíblica/Com ênfase em Grego Bíblico (Centro de Estudos Bet-Hakam/Seminário Cristão Evangélico do Norte – SCEN); Mestrando em Ciências Teológicas (Universidade de Desenvolvimento Sustentável – UDS, Assunção, Paraguai). E-mail: pr.mariosaraiva@gmail.com.

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2 santidade de Deus; de forma que o zelo pela santidade deveria envolver cada aspecto da obra de restauração.

Na sequência desse estudo, são relacionados pontos da história de Israel que servem de contexto para compreender o desafio da santidade no período do pós-exílio.

2.1 - Santidade: exigência inegociável para Israel.

Deus é santo e exige santidade. A santidade foi uma exigência fundamental para os israelitas. Levítico 11.44-45 registra: “Porque eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo... Porque eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo” (ARC).

Para Israel, o princípio da santidade era inegociável. Os israelitas deveriam cultivar a santidade pelo temor ao Senhor (Dt 5.28-29; 6.1-5,13; Pv 1.7); pelo conhecimento e obediência à Lei, em todas as áreas da vida individual e social (Êx 24.7-12; Nm 15.37-41; Dt 4.1-8); pela verdadeira adoração a Deus, segundo os ritos da Lei (Lv 1.1 – 7.27; 11.1 – 19.37; 23.1-44); e pela adoração exclusiva ao Senhor como Único Deus (Êx 20.1-7; Dt 4.12,15-24,39-40; 6.14-15).

A santidade de Deus também foi proclamada através do simbolismo de partes de vestimentas. O sumo-sacerdote, na sua indumentária sagrada, trazia, na testa, uma lâmina de ouro puro com a declaração: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36-38). E, a todos os israelitas, foi ordenado que colocassem nas extremidades das suas capas franjas amarradas com um cordão azul, com o seguinte propósito didático: “Quando virem as franjas, recordarão todos os mandamentos do Senhor e os cumprirão. Assim, não serão infiéis, seguindo os desejos de seu coração e de seus olhos. As franjas os ajudarão a lembrar que devem obedecer a todos os meus mandamentos e ser santos para o seu Deus” (Nm 15.39-40/NVT).

2.2 - Santidade e Exílio.

A santidade de Deus estava intimamente associada ao exílio. Por meio de Moisés, Deus revelou advertências basilares e solenes acerca dos resultados da obediência e consequências da desobediência.

Os textos de Levítico 26.3-13 e Deuteronômio 7.13-15 e 28.2-14 revelaram as bênçãos que seguem a obediência. Os israelitas, se fossem obedientes e santos, seriam plantados na terra prometida com uma habitação ricamente abençoada, tendo Deus habitando com eles. Contudo, os textos de Levítico 26.14- 39 e Deuteronômio 28.15-68 promulgaram as maldições que seguem à desobediência, entre as quais estavam circunstâncias difíceis sobre a terra prometida e o desarraigamento deles da terra.

A impureza dos israelitas diante da santidade de Deus causou o trauma do exílio; a volta do exílio tornou-se, assim, um novo tempo para os israelitas renovarem o zelo pela santidade de Deus.

2.2.1 - A falta de santidade dos israelitas provocou o exílio.

O exílio do reino do Norte (Israel) para a Assíria e do reino do Sul (Judá) para a Babilônia foram juízos de Deus, por causa da vida pecaminosa do seu povo (2 Rs 17.3-23; 24.20 – 25.22; 2 Cr 36.11-21).

Deus descreveu a condição moral-espiritual dos israelitas, como a infidelidade e adultério de uma esposa (Jr 2.1-13; 3.1-5; Os 2.2-13). Os israelitas ficaram impuros e imundos, por causa da idolatria, imoralidades, injustiças e incredulidade. Eles ficaram aquém da santidade de Deus e Deus os arrancou da terra prometida.

2.2.2 - O retorno do exílio exigia a renovação da santidade ao Senhor.

O retorno do exílio tinha como requisito o arrependimento e volta aos caminhos da santidade (Lv 26.40-45). Assim, os judeus retornaram do exílio com o propósito de construir o Templo, restabelecer o sacerdócio e o culto levítico, reconstruir a cidade de Jerusalém e reorganizar a vida

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3 social, política e econômica. Mas, sobre todo esse movimento de restauração nacional e espiritual, pairava a exigência de santidade ao Senhor.

Os israelitas, liderados por Zorobabel, Jesua, Esdras e Neemias, tiveram uma nova oportunidade para revigorar o zelo pela santidade de Deus. O profeta Ageu exortou aquela geração de israelitas a abandonarem toda forma de impureza e santificarem-se ao Senhor (Ag 2.11-14); e o profeta Zacarias exortou aquela geração sobre a necessidade de santificação, proclamando sobre o poder de Deus para santificar seu povo (Zc 3.1-9; 8.13-17; 10.12).

2.3 - O Zelo com a Santidade no Pós-Exílio.

A Lei de Deus era a absoluta autoridade sobre seu povo e expressava os requisitos para a santidade dos israelitas. Todas as suas prescrições eram uma declaração de que eles precisavam ser santos. Dessa forma, os que voltaram do exílio tinham a oportunidade de renovar a comunhão com Deus e ser novamente “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19.6).

Era esperado que o zelo pela santidade de Deus orientasse a visão, o discernimento, os processos decisórios e as realizações dos israelitas, na obra de restauração de Jerusalém, do Templo, da vida nacional e espiritual. Os líderes civis e religiosos deveriam ser santos e orientar o povo na santidade.

O governador Zorobabel, o sacerdote Jesua, o sacerdote Esdras e o governador Neemias foram exortados a viverem segundo a santidade divina. Isso exigiu firmes resoluções e tomada de decisões dramáticas.

Então: como a santidade foi buscada e orientada no período do pós-exílio? Que desafios e atitudes eles tiveram que tomar para separar-se do mal?

Para fins didáticos, é útil destacar dois pontos sobre o cultivo da santidade registrada nos livros de Esdras e Neemias, como segue:

2.3.1 - Os instrumentos legítimos usados no cultivo da santidade.

O Senhor, por meio de Moisés, frequentemente advertiu o povo sobre o “testemunho da história”

e o “testemunho da Lei”, como instrumentos que deveriam ser usados para orientar e fortalecer os israelitas no temor e obediência a Deus.

No final do seu ministério e vida, Moisés proclamou longos discursos à geração de israelitas que tomariam posse da terra prometida, registrados no livro de Deuteronômio. Moisés exortou os israelitas a uma vida de santidade na terra que Deus estava dando. Na terra prometida, eles deveriam ser o reino de sacerdotes e nação santa. No primeiro discurso (Dt 1.1 – 4.43), Moisés enfatizou a função da história de Deus com seu povo e a autoridade final da Lei.

A) O Pentateuco firmou o lugar didático do testemunho da história. A história entre Deus e seu povo era altamente instrutiva. A dinâmica história de Deus com seu povo retratava os feitos poderosos de Deus sobre e em favor do seu povo; também, mostrava as ações do povo, com seus resultados. É por isso que Moisés advertiu o povo a não esquecer dos acontecimentos que viram e experimentaram, pois, a história de Israel testemunhava sobre o valor da santidade e as consequências da desobediência (leia Dt 4.3-4,9-14,32-38; cf. Dt 1.1 – 3.11; Sl 78; 136).

No período do pós-exílio, o valor instrutivo do “testemunho da história” foi usado no processo de restauração nacional e espiritual dos israelitas. Esse aspecto é visto de duas formas:

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4 1. Nas referências a acontecimentos exemplares na história de Israel. Zorobabel, Esdras e Neemias usaram o “testemunho da história”, como base de decisões e como conteúdo de orações privadas e públicas. Eles apelaram à memória, à história do povo; referiram-se a eventos exemplares, com o objetivo de encorajar o povo à contrição, temor, obediência.

Assim, eventos exemplares da história de Deus com seu povo foram usados por Zorobabel e Jesua, na recusa da ajuda dos samaritanos (Ed 4.1-3); Esdras, em sua oração pública (Ed 9.5-8); Neemias, em sua oração (Ne 1.4-7); os levitas, em sua oração pública (Ne 9.4-31).

2. A linhagem histórica de Israel. O legítimo pertencimento ao povo eleito de Israel era por descendência e ligação consanguínea com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Por isso, os líderes Zorobabel, Esdras e Neemias usaram como ferramenta as “genealogias” e “lista de nomes” (Ed 2.1-63; 7.1-5; 8.1-20; 10.18-42; Ne 3; 7.5-65; 10.1-27; 11.3-36; 12.1-26).

Podem parecer cansativas as inúmeras genealogias e lista de nomes mencionadas nos livros de Esdras e Neemias. Contudo, as “genealogias” eram o meio de provar a legitimidade de uma pessoa ou grupo, no sentido de ser, de fato, israelita, pertencente ao povo de Deus (cf. Ed 2.59-63; Ne 9.2); e, as “listas de nomes” eram a forma dos líderes atestarem que estavam sendo zelosos e fiéis com a manutenção da verdadeira linhagem israelita, vinda de Abraão. Nesse sentido, o comentarista Derek Kidner classifica essas genealogias como “um monumento aos cuidados de Deus e à vitalidade de Israel”3.

B) O Pentateuco firmou a autoridade suprema da Lei. O principal instrumento para a vida de santidade é a Lei, a Palavra de Deus. Santificação exige conhecer e obedecer a Palavra de Deus.

Assim, Moisés advertiu solenemente o povo a submeter-se com fé, conhecimento e obediência às prescrições da Lei (leia Dt 4.1-2, 5-8; 5.1 – 7.26).

Esdras e Neemias, de forma resoluta, trataram a Lei, como primazia, e insistiram em ler, explicar e demostrar, pelo exemplo, a forma como a Lei deve ser obedecida, nos vários aspectos da vida privada e social. Os israelitas experimentaram o poder da Palavra de Deus, em momentos solenes, quando a Lei foi lida e explicada; quebrantamento, encorajamento, renovo e resolução de santidade foram produzidos pelo ensino, entendimento e prática da Palavra de Deus (Ed 3.1- 4; 5.1-2; 6.14; 7.10; 9.4; Ne 8.1-12; 9.3; 10.28-39).

2.3.2 - As resolutas decisões tomadas no cultivo da santidade.

No caminho da santidade ao Senhor, é necessário tomar resoluções firmes e decisões difíceis – e incompreensíveis para a mentalidade carnal e mundana (cf. Dn 1.8-16; 3.4-23). Desse modo, o zelo pela santidade de Deus provocou acontecimentos dramáticos, nesse período. O governador Zorobabel, o sacerdote Jesua, o sacerdote Esdras e governador Neemias também tiveram que tomar decisões em áreas delicadas e diante de situações dificílimas.

Os livros de Esdras e Neemias registram tomadas de decisões que podem ser consideradas por muitos como excessivas, legalistas ou de fanatismo religioso. Contudo, o zelo pela santidade era a prioridade assumida por esses líderes; e, assim, tomaram atitudes dificílimas, que modificaram a estrutura religiosa, social e política de Judá e Jerusalém. Algumas dessas decisões foram:

A) A suspeição, rejeição e/ou exclusão dos povos estranhos à Aliança. Um dos grandes desafios desse período foi a identificação dos verdadeiros israelitas e a separação dos povos estranhos.

3 KIDNER, Derek. Esdras e Neemias: introdução e comentário. São Paulo, SP: Vida Nova, 2008, p.37.

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5 Esses povos estranhos sempre representaram um princípio de corrupção moral e espiritual, além de não terem parte na Aliança entre Deus e seu povo escolhido (Lv 18.1-5).

Quanto ao enfrentamento desse obstáculo à santidade dos israelitas, destacam-se três áreas, com seus desdobramentos:

1. O governador Zorobabel rejeitou a participação no serviço sagrado daqueles que tinham linhagem estranha ou incerta. A primeira verificação de genealogia registrada no livro de Esdras (2.1-63) teve como propósito distinguir a verdadeira linhagem israelita. Essa observação diligente identificou grupos que não puderam provar a legitimidade da sua filiação como verdadeiros israelitas. Entre esses estavam: um grupo de descendente dos escravos do rei Salomão, que eram pessoas da linhagem dos amorreus, heteus, ferezeus, heveus e jebuseus (1 Rs 9.20-21); outro grupo reivindicava lugar no sacerdócio, contudo:

“procuraram seus nomes nos registros genealógicos, mas não os encontraram, por isso não se qualificaram para servir como sacerdotes” (Ed 2.62/NVT). Com isso, houve prudência e zelo, por parte do governador Zorobabel, que os considerou “imundos”4 para o sacerdócio e os colocou sob estado de rejeição. Esse evento mostra o zelo e a disciplina para manter a santidade do povo; distinguindo os verdadeiros israelitas, com seus privilégios e deveres, dos estrangeiros (que até poderiam abraçar a fé judaica, mas eram privados de muitos privilégios no serviço sagrado – Êx 12.48; Nm 15.14-15; 16.36-40; Ez 44.6-8).

2. O governador Neemias rejeitou e excluiu os amonitas e moabitas das atividades de adoração. Pela observação da Lei, em Deuteronômio 23.3-6, Neemias, em concordância com os israelitas, expulsou os povos amonitas e moabitas da habitação dos israelitas; pois Deus classificou esses dois povos como “inimigo e corrompedor inveterado de Israel”5. Pelo zelo da santidade ao Senhor, eles expulsaram todo estrangeiro que ameaçasse corromper os caminhos de Israel com práticas idólatras e imorais.

B) O enfrentamento e/ou repúdio dos casamentos mistos. Nesse período, o maior dos obstáculos à santidade de Israel foram os casamentos mistos entre israelitas e os outros povos. Os casamentos mistos eram “jugos desiguais” e “abominação” da Aliança.

Deus tinha proibido ao seu povo Israel a prática da “exogamia”, isto é: o casamento de israelitas com os povos estranhos daquela terra. De forma clara e concisa, o texto de Deuteronômio 7.1- 6 definiu a proibição dos casamentos mistos e as consequências caso houve casamentos mistos no meio do seu povo. A gravidade dos “casamentos mistos” mostra-se nos seguintes fatos6: a) colocava em risco a originalidade da linhagem eleita de Abraão, Isaque e Jacó; b) ameaçava a identidade cultural e religiosa de Israel; c) promovia a apostasia dos israelitas, pela idolatria e imoralidades; e, d) violava a Aliança e atraía o juízo divino.

Naquele período, esse grave pecado estava tão generalizado que até mesmo muitos sacerdotes e levitas tinham casado com mulheres dos povos estranhos. A iluminação da Palavra de Deus e a busca por viver em santidade levou Esdras e Neemias a tomarem atitudes severas:

4 Na Lei mosaica, essa palavra, traduzida por “imundo” ou “impuro”, tem o sentido técnico de impureza, contaminação e inadequação religiosa – conforme as especificações da lei cerimonial.

5 KIDNER, ib., p.141.

6 WALTON, John; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Comentário histórico-cultural da Bíblia: Antigo Testamento. São Paulo, SP: Vida Nova, 2018, p.611.

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6 1. O sacerdote e escriba Esdras liderou o processo de repúdio desses casamentos. Esdras sentiu profundamente o peso desse pecado generalizado e assumiu o fardo no enfrentamento desse problema étnico, social e espiritual. A denúncia desses casamentos mistos foi feita pelos chefes dos israelitas (Ed 9.1-2), lembrando as advertências dadas anteriormente por Moisés, em Êxodo 34.11-16 e Deuteronômio 7.1-4.

Esdras e os israelitas, reunidos em assembleia solene, decidiram desfazer os casamentos mistos; para tanto, foi formada uma força-tarefa, para avaliar legalmente cada caso sob suspeição; sendo desfeitas, apenas, as uniões de jugo desigual (Ed 10.1-44). O comentarista Kidner7 contribui para o entendimento dessa difícil decisão:

Um fato a ser conservado em mente no que diz respeito a esta questão é que o divórcio era permitido em Israel, embora não sem alguma causa séria (Dt 24.1); e casamentos desfeitos estavam grassando neste tempo por causa do oposto da presente razão: isto é, havia um número escandaloso de esposas judias abandonadas por causa da preferência pelas mulheres pagãs (Ml 2.10-16). Embora o divórcio seja sempre odiado por Deus (Ml 2.16), e uma testemunha da “dureza do coração” dos homens (Mc 10.5), a situação descrita em Esdras 9 e 10 era um exemplo clássico de quando o menor dos dois males teve de ser escolhido.

2. O governador Neemias enfrentou os casamentos mistos. No segundo período em que Neemias governou sobre Judá, ele deparou-se com um outro quadro de casamentos mistos entre israelitas com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas; flagrantemente pecado (Ne 13.23-27). Sobretudo, Neemias enfocou o perigo daquela situação para com as próximas gerações dos israelitas, pois as crianças, frutos desse casamento misto, falavam o idioma dos povos estranhos e não sabiam o hebraico – sendo um grave empecilho ao conhecimento e obediência da Lei (Ne 13.24).

Neemias agiu energicamente, tomando uma atitude diferente do que Esdras havia tomado num período anterior. Neemias contendeu com eles verbal e fisicamente: a) contendeu com eles quanto ao arrependimento diante de Deus; b) impôs a eles o juramento de que nunca mais fariam casamentos mistos, sob o preço da maldição divina; e, c) apelou à fidelidade.

C) O enfrentamento das injustiças sociais e corrupção entre os israelitas. O governador Neemias, no auge do trabalho de reconstrução dos muros e portões, teve que lidar com a injustiça social entre os israelitas. Os judeus mais ricos, pertencentes à nobreza, estavam explorando seus irmãos israelitas de poucas posses: havia prática de empréstimos com cobrança exorbitante de juros, perda de bens, perda de familiares para a escravidão, entre outras injustiças (Ne 5.1-5).

Diante desse quadro, Neemias ponderou e tomou a atitude enérgica de confrontar os opressores, isto é, a classe dos nobres e magistrados. O primeiro confronto foi privado (Ne 5.6- 7) e o segundo confronto foi público, numa assembleia solene (Ne 5.7b-12). Essa confrontação provocou, nos opressores, vergonha e temor; pelo que se comprometeram em abandonar a exploração e restituir o que era devido aos seus irmãos. Além disso, Neemias conjurou o juízo

7 ib., p.78.

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7 de Deus sobre eles, caso descumprissem aquilo que foi concordado publicamente diante dos sacerdotes e de Deus (Ne 5.12-13).

Esse período da história de Israel mostrou a seriedade de viver a santidade exigida por Deus. Em tudo, foi a leitura, ensino e aprendizagem da Palavra de Deus que denunciou os pecados, orientou sobre o princípio de santidade e capacitou o povo para abandonar as formas pecaminosas.

A santidade envolve praticar a Palavra, andando retamente na presença de Deus, rompendo com toda situação impura e sendo intransigente com o pecado (cf. Gn 17.1; 5.21-24; Jó 1.1,8; Sl 24.3-4; 101.3- 8). O caminho da santidade é austero, é um caminho trilhado por fé, por quem é regenerado e capacitado pelo poder da Palavra e do Espírito Santo (Mt 7.13-14; Mc 9.43-50; Jo 6.60-71).

3. CONCLUSÃO.

O atributo da santidade de Deus é aplicado à vida da Igreja, como uma ordem necessária e irrevogável: “... Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2) e “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.15-16). “Tendo em vista que Deus é diferente de qualquer outro ser, todos os que lhe estão submissos devem também estar separados – no coração, nas intenções, na devoção e no caráter – para Ele, que é verdadeiramente santo”8.

A santidade de Deus traça o modelo para tudo o que está relacionado a Ele, e é o padrão pelo qual a Igreja deve viver.

Sobretudo, a Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, habita a vida de cada crente regenerado em Jesus Cristo. A habitação do Espírito Santo exige santidade. As ações do Espírito Santo, pela Palavra de Deus, santificam e exigem crescimento em santidade. Eis as exortações:

Romanos 6.22: “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, o fruto que vocês colhem é para a santificação. E o fim, neste caso, é a vida eterna” (NAA).

1 Coríntios 3.16-17: “Vocês não entendem que são o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Deus destruirá quem destruir seu templo. Pois o templo de Deus é santo, e vocês são esse templo” (NVT).

1 Coríntios 6.19-20: “Vocês não sabem que seu corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a si mesmos, pois foram comprados por alto preço. Portanto, honrem a Deus com seu corpo” (NVT).

APOIO:

Comissão de Educação da CEADEMA Conduzindo a Educação Através do Reino

8 JOYNER, Russell E. O Deus Único e Verdadeiro. In: HORTON, Stanley M (editor). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 139.

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