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SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO Revista de Adultos da EBD

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INSTITUTO PENTECOSTAL DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

“Integrando Vida e Serviço Através das Escrituras”

CNPJ n°. 15.154.731/0001-69 – Decreto nº 5.154/04

SUBSÍDIO BÍBLICO E TEOLÓGICO – Revista de Adultos da EBD

Pesquisa e produção: Pr. Isaque C. Soeiro 1 Revisão orto-gramatical: Pr. Mário Saraiva 2

RESUMO

O presente texto serve de apoio aos Educadores da Escola Bíblica Dominical, especialmente aos que ministram a Revista de Jovens e Adultos na Edição Especial da CPAD: “OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias”, que é uma reedição de uma das lições comentadas pelo saudoso pelo pastor Eurico Bergstén.

Esse breve subsídio contribui com a Lição 10 - “Provai Se os Espíritos São de Deus”, com os seguintes objetivos de aprendizagem: descrever a situação de Neemias 6.10-14 à luz do ofício profético instituído por Deus no Antigo Testamento; e, identificar o ataque das falsas profecias e as atitudes de Neemias para vencer essa forma de oposição.

1. INTRODUÇÃO.

No atual período da história da Igreja, a armadilha das falsas profecias torna-se cada vez mais diversificada. Esses “últimos dias” registra uma rápida proliferação de falsos obreiros (apóstolos, profetas, bispos etc.) com palavras que “parecem da parte de Deus”, mas, na verdade, são palavras enganosas de homens ímpios e espíritos enganadores.

Nesse cenário, torna-se útil observar, no texto bíblico, como um homem temente a Deus pode discernir o engano dos falsos profetas, assim como narrado em Neemias 6.10-14. Se o perigo era grande nos dias de Neemias, hoje é muito maior!

O presente estudo analisa o texto de Neemias 6.10-14, para pontuar o ataque dos falsos profetas disferido contra Neemias e a forma como esse líder reformista enfrentou a armadilha das falsas profecias.

2. O OFÍCIO PROFÉTICO NO ANTIGO TESTAMENTO: Deuteronômio 18.15-19.

A narrativa de Neemias 6.10-14 retrata um período durante o qual Neemias foi atacado por falsas profecias, diante das quais exerceu o discernimento espiritual. A oposição samaritana liderada por Sambalate e Tobias aparelharam pretensos profetas para proferir falsos conselhos e palavras proféticas.

Esse evento no livro de Neemias deve ser contextualizado à luz do movimento profético no Antigo Testamento (profetismo). Ainda mais especificamente, precisa ser compreendido à luz de Deuteronômio

1 Pr. Isaque C. Soeiro, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Guimarães, MA. Graduado em Administração (UNITINS-TO), Bacharel em Teologia (FATEH-MA), Especialização em Gestão Educacional (UNISEB-COC), Especialização em Ciência das Religiões (ILUSES/FATEH-MA) e Mestrando em Ciência das Religiões (ILUSES/LUSÓFONA). Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC. Membro do conselho de doutrina da CEADEMA. E-mail: ic.soeiro.ic@gmail.com.

2 Pr. Mário Saraiva, pastor auxiliar na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Buriticupu (MA). Graduado em Letras, com habilitação em Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA); Especialista em Teologia (Universidade Estácio de Sá – UNESA); Pós-Graduando em Exegese Bíblica/Com ênfase em Grego Bíblico (Centro de Estudos Bet- Hakam/Seminário Cristão Evangélico do Norte – SCEN); Mestrando em Ciências Teológicas (Universidade de Desenvolvimento Sustentável – UDS, Assunção, Paraguai). E-mail: pr.mariosaraiva@gmail.com.

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2 18.15-19 onde foram estabelecidos os critérios básicos para identificar os profetas verdadeiros dos profetas falsos.

Em Deuteronômio 18.15-19, foi registrado uma promessa messiânica proferida por Moisés sobre o profeta que Deus levantaria – uma referência direta a Jesus Cristo, que foi o Profeta ungindo no seu ministério terreno (cf. Jo 1.19-21,43-45; 6.14; 7.40; 12.48; At 3.22-23; 7.37). Além disso, essa declaração de Moisés sobre o Profeta também estabeleceu princípios pelos quais os verdadeiros profetas de Deus seriam conhecidos no meio do povo de Deus.

Essas palavras de Moisés lançaram as diretrizes da natureza e função dos verdadeiros profetas e, por contraste, também definiu os critérios para discriminar os falsos profetas. Essas verdades foram determinantes no desenvolvimento do profetismo no Antigo Testamento.

2.1 - Os Profetas Verdadeiros.

A verdade fundamental no ofício profético é que o Senhor Deus de Israel escolhia, vocacionava e levantava pessoas no meio do seu povo para receber sua Palavra e falar em seu Nome. Os verdadeiros profetas eram “porta-vozes” da Palavra de Deus e podiam dizer com toda a autoridade: “Assim diz o SENHOR”. Os profetas eram revestidos de uma clara autoridade divina para proclamar a Palavra de Deus aos israelitas (cf. 1 Sm 3.20-21; 9.9).

Roy Zuck resume o significado de Deuteronômio 18.15-22: “O verdadeiro profeta e a sucessão profética falariam com autoridade divina (‘em meu nome’) e a mensagem podia ser comprovada pela semelhança com Moisés e pelo cumprimento da palavra profetizada”

3

.

Nessas diretrizes dadas por Moisés, consta uma relação direta e consequente entre:

SER LEVANTADO POR DEUS

RECEBER A PALAVRA DADA POR DEUS

PROCLAMAR A PALAVRA DE DEUS

Assim, somente poderia falar a Palavra quem a recebesse de Deus; e somente recebia a Palavra quem fosse levantado por Deus como profeta no meio do seu povo. Observe a claridade do texto bíblico: “O SENHOR, seu Deus, fará com que do meio de vocês, do meio dos seus irmãos, se levante um profeta... a ele vocês devem ouvir [...] Farei com que se levante... em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (Dt 18.15,18/NAA). A autoridade dos profetas era somente aquela concedida por Deus; de fato, a vontade de Deus era o que prevalecia

4

.

2.2 - Os Profetas Falsos.

Moisés previu e advertiu sobre o fato de que, à sombra do verdadeiro ministério profético, surgiriam os falsos profetas. No lastro dos verdadeiros profetas também surgiriam profetas oportunistas, aventureiros e falsos. E, de fato, o registro bíblico mostra os desastres que os falsos profetas causaram no meio do povo de Deus (cf. Jr 23.1-4,9-40).

Moisés descreveu que os falsos profetas incorreriam em dois erros básicos. Em primeiro lugar, os falsos profetas falariam em nome dos falsos deuses, colocando-se como instrumentos da idolatria; e, em

3 ZUCK, ibidem, p.97.

4 Um exemplo dessa verdade foi a ocasião em que o profeta Natã aprovou e incentivou o rei Davi a seguir com o plano de construir um templo ao Senhor; no entanto, Deus, soberanamente, reprovou aquele projeto e usou o profeta Natã para comunicar ao rei Davi a reprovação do Senhor (2 Sm 7.1-17).

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3 segundo lugar, seriam sutis no engano, ao proferir mentiras usando falsamente o nome de Deus. Os falsos profetas não tinham (e não tem) medo de apropriar-se indevidamente do nome de Deus como selo para suas mentiras oportunistas. De fato, foram vários os exemplos de falsos profetas que mentiram com palavras convenientes, que afagavam a pecaminosidade do povo e promoviam a idolatria em Israel, como denunciaram os profetas Micaías (2 Cr 18.4-27) e Jeremias (23.9-40).

2.3 - O Dever do Povo de Deus diante dos Profetas.

As palavras que Deus trouxe por meio de Moisés incluíram claras advertências sobre a postura dos israelitas diante dos profetas e suas proclamações. Eram duas atitudes definidas:

2.3.1 - O dever diante das profecias verdadeiras. O texto bíblico define: “Eu mesmo pedirei contas de qualquer um que não ouvir as mensagens que o profeta proclamar em meu nome” (Dt 18.19/NVT). Cabia ao povo de Deus ouvir e receber as profecias dos profetas levantados por Deus para esse ministério. Era preciso ouvir e obedecer às orientações da palavra profética.

2.3.2 - O dever diante das profecias falsas. O texto bíblico define: “Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, algo que eu não mandei que falasse, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta deve ser morto” (Dt 18.20/NAA). Os israelitas foram chamados a exercer o discernimento diante das palavras proferidas pelos profetas para identificarem e aceitarem as profecias verdadeiras e identificarem e rejeitarem as profecias falsas (Dt 18.21-22). Além disso, a pena capital deveria ser aplicada aos falsos profetas: morte.

O critério fundamental que caracteriza a verdadeira mensagem profética é a vontade de Deus. O critério não é a vontade humana de quem fala ou o desejo de quem ouve; mas, a expressa vontade de Deus, o qual escolhe e levanta o profeta como seu porta-voz.

Os profetas não falavam por própria decisão, imaginação e conhecimento, mas no nome de Deus

5

. Dessa forma, os sacerdotes, os reis e todos os israelitas deveriam ouvir e acatar a Palavra por meio dos profetas (p. ex.: observe a importância do ministério dos profetas Ageu e Zacarias para a construção do Segundo Templo, liderada pelo governador Zorobabel e o sumo-sacerdote Jesua – Ed 5.1-2; 6.14).

3. NEEMIAS E O ATAQUE DOS FALSOS PROFETAS: O Fator do Discernimento Espiritual.

Neemias foi atacado por falsos profetas que apresentaram conselhos que tinham “aparência de verdade e bem”, mas que eram de fato mentirosos e visavam o mal (Ne 6.10-14).

Uma das últimas táticas de oposição samaritana foi no campo profético. Sambalate e Tobias aproveitaram a posição do ofício profético em Israel para subornar falsos profetas que incutissem suas ideias prevaricadoras sobre Neemias, com o propósito malévolo de desqualifica-lo na liderança e paralisar a obra de fortificação em Jerusalém.

Na sequência deste texto, faz-se um esboço sobre o ataque dos falsos profetas e a resposta de Neemias, segundo consta na narrativa de Neemias 6.10-14.

3.1 - O Ataque dos Falsos Profetas.

O diabo é muito mais perigoso na seara quando aparece disfarçado como “anjo de luz”; da mesma forma, seus obreiros são muito mais nocivos quando sagazmente trajam a aparência de “ministros da

5 ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2009, p.150.

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4 justiça” (2 Co 11.14-15). Quão grande é o perigo e quão trágicos são os resultados! Esse é o caso no qual deve-se ser enquadrado os falsos profetas que proclamaram conselhos falsos a Neemias.

A narrativa bíblica possibilita concluir que houve uma ação sistemática de vários falsos profetas que se aproximaram de Neemias com seus enganos. Neemias identificou Semaías, Noadia e “outros profetas”

como falsos profetas (Ne 6.12-14). Embora seja possível que esses profetas tenham tido a legitimidade da vocação divina em algum momento, fica em clara evidência que todos eles incorreram no caminho do ganho fácil das falsas profecias, sendo subornados pelos samaritanos. Embora possam ter começado a favor de Deus acabaram voltando-se contra Deus, seu povo e sua obra.

3.1.1 - Esses falsos profetas foram oportunistas.

Como visto anteriormente, em Israel, o ofício profético era uma instituição reconhecidamente divina, assim como o sacerdócio e a monarquia. Essa dignidade inata ao ofício profético como instituído por Deus foi usada oportunistamente pelos samaritanos e por esses profetas nos dias de Neemias.

A. Os samaritanos viram no ofício profético uma oportunidade de ataque sutil e eficaz. O texto bíblico diz: “ele falou tal profecia contra mim porque Tobias e Sambalate o haviam subornado”

(Ne 6.12/NAA). A oposição samaritana foi manifestada por meio de diversas formas. Após as tentativas fracassadas de oposição nos âmbitos social, político e militar (Ne 2.19 – 6.9), Sambalate e Tobias perceberam, no âmbito religioso, um meio sutil para um ataque certeiro contra Neemias. Eles usaram o significado teológico do ofício profético e subornaram o profeta Semaías, para induzir Neemias ao fracasso.

B. Os profetas viram no ofício profético uma oportunidade de ganho próprio. Semaías, Noadia e

“os outros profetas”, de uma forma ou de outra, usaram o digno ofício profético como meio de obter ganhos pessoais e vantagens sociopolíticas. Eles anularam suas consciências e venderam seus ofícios para adquirirem lucros. Certamente, esses profetas usaram a “linguagem dos oráculos proféticos” e as técnicas proféticas para falarem coisas enganosas em nome de Deus.

3.1.2 - Esses falsos profetas proferiram mentiras.

Esses falsos profetas tiveram a arrogância profana de falarem em nome de Deus, quando Deus não tinha revelado e nem comissionado a nenhum deles para profetizar a Neemias ou aos israelitas (Dt 18.20). Eram profetas de suas próprias ideias, vendidos aos samaritanos e servindo contra os propósitos de Deus. Eram profetas da mentira.

As palavras do falso profeta Semaías foram em tudo enganosas: tanto na forma como no conteúdo.

Nota-se, no texto de Neemias 6.10, as seguintes características dos falsos profetas:

A. O uso indevido da linguagem profética. No Antigo Testamento, os profetas verdadeiros tinham

uma forma de comunicação distinta, como uma técnica de proclamação das mensagens de Deus

para o povo, entre as quais destacam-se o uso dos “ais”, da “linguagem figurada e simbólica”,

da “linguagem poética e de lamentação” etc. Os falsos profetas usaram largamente as formas

de comunicação das profecias para causar fortes impressões sobre o público, para revestir de

credibilidade suas falsas profecias.

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5 O profeta Semaías, para dar crédito à sua falsa profecia, usou de modo inadequado um estilo de declaração profética em forma poética com ênfase na repetição

6

, como colocado abaixo:

“porque virão para te matar, sim, esta noite, virão te matar!”

(Ne 6.10b).

Semaías procurou impressionar e comover Neemias por meio da forma de comunicação

7

. O biblicista Derek Kidner comenta que Samaías usou essa linguagem poética para parecer que era um profeta que falava sob inspiração de Deus e que entregava uma mensagem urgente sobre o perigo iminente que cercava Neemias

8

. Ele usou a forma da declaração profética como meio para a proclamação da mentira!

B. A falsificação da verdade divina. Semaías não somente falou sem a ordem de Deus, mas também perverteu os preceitos de Deus acerca da santidade do Templo. O falso conselho de Samaías procurou induzir Neemias a valorizar a própria vida à custa da desobediência a Deus e a profanação da santidade do Templo.

O conselho de Semaías para que Neemias buscasse abrigo “ao meio do Templo” (ARC, ARA) era uma clara sugestão para entrar no Santo dos santos, lugar de acesso permitido somente ao sumo-sacerdote em ocasião específica (Nm 18.1-7). Deve ser lembrado que o rei Uzias violou os limites do Templo, entrou onde não era permitido a ele, fez o que não deveria e ficou leproso como juízo (2 Cr 26.16-21). O conselho profético de Semaías levava Neemias para a destruição.

3.1.3 - Um alerta quanto aos falsos profetas na atualidade.

As falsas profecias de Semaías contra Neemias servem de alerta sobre a multiplicação dos falsos profetas na atualidade. O apóstolo Pedro já advertia os cristãos na Igreja primitiva sobre o perigo constante dos falsos obreiros: “Assim como surgiram falsos profetas entre o povo de Israel, também surgirão falsos mestres entre vocês” (2 Pe 2.1/NVT). E, o apóstolo Paulo advertiu sobre o surgimento dos obreiros falsos com “aparência de piedade” (2 Tm 3.5), como “lobos vorazes” e “falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás de si” (At 20.29-30/NAA).

Os falsos obreiros de hoje seguem o mesmo princípio maligno e ímpio dos falsos profetas, mestres e obreiros que houve entre os israelitas no Antigo Testamento e na Igreja primitiva no Novo Testamento. No quadro de falsificações na seara do Senhor, encontram-se os seguintes fatos:

A. Os falsos obreiros de hoje apropriam-se de títulos pomposos. Independentemente da vocação divina e à revelia do ensino bíblico, hoje multiplica-se o número de pessoas que surgem no meio da Igreja atribuindo a si mesmos títulos como “apóstolo”, “bispo”, “profeta”, “mestre” etc. O propósito é sempre a apresentação sugestiva, diante das multidões, de que são obreiros de palavras poderosas e obras grandiosas.

6 O conjunto dessas duas linhas poéticas é classificado como “paralelismo sinonímico”, ou seja: a segunda linha reafirma a ideia da primeira linha, com isso enfatizando a ideia comunicada.

7 Por exemplo: a ação enganosa de Semaías possui uma semelhança com a profecia verdadeira de Ezequiel 3.24. Semaías conscientemente escolheu as ações que caracterizavam um profeta em ação.

8 KIDNER, Derek. Esdras e Neemias: introdução e comentário. São Paulo, SP: Vida Nova, 2008, p.108.

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6 B. Os falsos obreiros de hoje usam inapropriadamente de ações performáticas. Os falsos obreiros usam largamente as formas de comunicação e performances de púlpito para causar fortes impressões sobre as multidões e provocar comoção nos ouvintes. Usam cultos ou reuniões

“programados” para causar curas, libertações de maldições, prosperidade financeira, atos proféticos etc.; centralizam o culto ao redor do líder religioso e suas realizações de poder; e, usam táticas da “espetacularização”, cada um adotando um modo de operação no púlpito.

C. Os falsos obreiros de hoje pervertem a verdade das Escrituras. As pregações e ensinos desses falsos obreiros sempre pervertem princípios e verdades da Bíblia, para prometer o que Deus não promete, para amaldiçoar ou abençoar aquilo que a Bíblia não ensina, para liberar o que Deus não permite etc. Suas falas são sempre permeadas de mentiras, sutis ou explícitas.

Sambalate e Tobias apropriaram-se do santo ofício profético, por meio de falsos profetas, para derrubar Neemias e abalar o andamento das obras de fortificações de Jerusalém.

3.2 - A Resposta de Neemias: discernimento e fidelidade a Deus.

Neemias enfrentou um ataque maligno e ímpio travestido de piedade religiosa e intenções boas.

Contudo, Neemias era temente a Deus e observava detidamente a Lei do Senhor (cf. Ne 1.5-11; 5.15; 13.1- 3); sendo fiel a Deus e tendo a Palavra de Deus como autoridade final, Neemias discerniu os propósitos maus e as palavras falsas desses profetas.

A narrativa bíblica mostra como a capacidade de discernimento espiritual de Neemias foi decisiva para sua proteção, diante dos erros das falsas profecias. Abaixo, é esboçado o ajuizamento que Neemias exerceu diante das tramas dos falsos profetas, conforme o texto de Neemias 6.11-13:

3.2.1 - Neemias discerniu a falsidade na palavra profética de Semaías.

Semaías proferiu seu engano com toda a aparência de um verdadeiro profeta. Sua postura, sua forma de declaração e suas palavras pareciam dignas de aceitação. Contudo, Neemias usou os critérios claros da Lei do Senhor para discernir que Semaías era um falso profeta com conselho enganoso. A resposta de Neemias diante da falsa profecia foi posicionar-se na verdade inabalável da Palavra de Deus:

Neemias 6.11: “Porém eu disse: Você acha que um homem como eu fugiria? Alguém como eu entraria no templo para salvar a vida? De maneira nenhuma entrarei” (NAA).

A resposta de Neemias mostra que ele avaliou a situação e basicamente discerniu dois fatores:

A. Sua posição segundo a vontade de Deus, e não segundo o conselho falso. Neemias era um líder vocacionado por Deus; sua função ministerial estava guardada debaixo da “boa mão do Senhor”

e esse fato não permitia lugar para o medo e fuga precipitada; em outras palavras: seria adequado para um homem como Neemias, na liderança de uma grande obra e debaixo da proteção divina, fugir abandonando seu lugar e sua função? De maneira nenhuma!

B. Sua identidade segundo a vontade de Deus, e não segundo o conselho falso. Neemias conhecia

que sua identidade não o habilitava a entrar no Santo dos santos de modo legítimo; ele não era

levita, não era da descendência de Arão e não era sacerdote. Em outras palavras: como um

homem como Neemias que não era sacerdote poderia entrar no Santo dos santos no Templo e

não pecar? De maneira nenhuma!

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7 Neemias verificou que Semaías era um profeta fora do padrão da Lei do Senhor. Sua aparência de piedade, sua posição de profeta e sua forma de profetizar foram todas reprovadas diante da verdade clara da Palavra de Deus. Neemias firmou-se na Palavra de Deus e prevaleceu sobre as falsas profecias de Semaías, bem como dos outros profetas.

3.2.2 - Neemias discerniu o estratagema da falsa profecia de Semaías.

A falsa profecia de Semaías fazia parte de uma artimanha programada pelos samaritanos. A Palavra e a íntima comunhão com Deus permitiram a Neemias discernir todo o estratagema envolto nessa profecia falsa.

O texto bíblico mostra que Neemias ajuizou essa situação em dois pontos cruciais para desmascarar os falsos profetas e suas profecias enganosas:

A. Reconheceu a origem da falsa profecia. Diz o texto bíblico: “Então percebi que não era Deus quem o tinha enviado, mas que ele falou tal profecia contra mim porque Tobias e Sambalate o haviam subornado” (Ne 6.12/NAA).

Neemias reconheceu que as palavras de Semaías não tinham origem em Deus; elas não expressavam a verdade divina. Pelo contrário, eram palavras corrompidas e traiçoeiras, vindas de Semaías, um profeta ímpio e vendido ao ódio maligno de Sambalate e Tobias. Uma união de malignidade e impiedade geraram aquela profecia.

B. Reconheceu os propósitos da falsa profecia. Diz o texto bíblico: “Para isto o subornaram, para me amedrontar e para que, fazendo isso, eu viesse a pecar, para que pudessem atacar a minha reputação e me afrontar” (Ne 6.13/NAA).

No período do Antigo Testamento, à sombra dos verdadeiros profetas, surgiram muitos profetas falsos que eram alugados para propósitos maus; por meio de falsas profecias, eles obtinham lucros e vantagens (cf. Nm 22.17; 31.1-16; Zc 13.2-6). Semaías fazia parte dessa corja e alugou o ministério profético para os maus propósitos dos inimigos de Deus

9

.

A profecia de Semaías estava carregada de engano, com o propósito de causar muitos prejuízos a Neemias e impedir a conclusão das fortificações de Jerusalém. Os propósitos maus incluíam:

1) provocar um medo desesperador em Neemias, para impulsioná-lo a uma série de atitudes precipitadas; 2) induzir ao pecado de profanação do Templo do Senhor, ao sugerir que Neemias deveria ocultar-se no Templo, mesmo sem ter credenciais para isso; 3) destruir a boa reputação e integridade moral-espiritual de Neemias, para o desacreditar como líder reformista.

Russell N. Champlin comenta os prejuízos que poderiam ter sido causados, caso Neemias tivesse caído na armadilha dessa falsa profecia:

Semaías foi contratado para adicionar temor ao temor e derrotar Neemias. No seu temor, Neemias teria cometido um pecado: entrar no templo como uma pessoa não autorizada; abandonar seu posto; fazer papel de covarde; deixar um mau exemplo para outros que estivessem envolvidos na obra e enfrentassem perigos. Um mau

9 CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado: versículo por versículo: volume 3. 2ª ed. São Paulo, SP: Hagnos, 2001, p.1794.

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8 relatório teria sido publicado pelos inimigos de Neemias, a fim de laça-lo no descrédito.

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A falsa profecia de Semaías seguiu o princípio da mentira, que é inerente ao diabo (Jo 8.44); eles colocaram uma tentação para que Neemias caísse no pecado; e, esperavam tirar proveito da vergonha de Neemias, caso ele pecasse, abrigando-se covardemente no Templo. O discernimento de Neemias, segundo a vontade divina, o livrou da artimanha dos falsos profetas.

3.2.3 - A relevância do exemplo de Neemias para a atualidade.

Na atualidade, multiplicam-se os movimentos de falsos obreiros. Esse quadro exige que os verdadeiros discípulos de Cristo busquem a vigilância e discernimento espiritual, pelo conhecimento das Escrituras, firmeza doutrinária e comunhão com o Espírito Santo.

O quadro dos falsos obreiros é formado por homens e mulheres que atribuem a si mesmos títulos clericais pomposos e criam ao redor de si mesmos movimentos permeados por perversões doutrinárias, os quais mercadejam a Palavra de Deus, são motivados por ganância/avareza, seguem o caminho da impiedade e malignidade, conduzindo multidões à perdição (1 Tm 4.1-2; 2 Pe 2.13).

Os falsos obreiros criam uma aparência de piedade: dizem “falar em nome do Senhor”, recorrem a supostas visões, sonhos e revelações, fazem performances espetaculosas para provocar comoções, inventam práticas religiosas místicas e estranhas à Palavra de Deus. Diante desse cenário, é urgente ajuizar e discernir os ministérios e palavras que dizem ser de Deus. O grito de alerta contra as armadilhas dos falsos profetas é: “Amados, não acreditem em todo espírito, mas ponham-no à prova para ter a certeza de que o espírito vem de Deus, pois há muitos falsos profetas no mundo” (1 Jo 4.1/NVT).

4. CONCLUSÃO.

Os ataques e enganos malignos nunca são tão perigosos como quando entram na Igreja por meio de falsos obreiros com aparência de piedade, com manifestações miraculosas e falando falsamente “em nome do Senhor”.

A verdade prescritiva de Deuteronômio 18.15-22 continua válida para a Igreja na atualidade. Deus fala ao seu povo através da sua Palavra e também levanta instrumentos humanos com a manifestação do dom espiritual de profecia, visando propósitos edificantes (1 Co 12.4-11; 14.3; Ef 4.11-16; 2 Tm 3.16-17).

Deus ainda levanta e usa seus servos por meio do Espírito Santo, ainda que também apareçam falsos obreiros com suas mensagens de engano. Por isso, é necessário tomar cuidado em dois sentidos:

1. Evite os laços da incredulidade. Ainda que muitos falsos profetas surjam diariamente, é preciso crer que o Espírito do Senhor ainda usa homens e mulheres para declarar a sua vontade com verdade e poder. O Espírito Santo capacita tanto através da exposição das Escrituras como também pelo dom espiritual de profecia e interpretação de línguas.

2. Sempre exerça o discernimento. Tanto os obreiros quanto suas mensagens devem ser avaliados pelo padrão da Palavra de Deus e sã doutrina. O cristão precisa nutrir comunhão com o Espírito Santo para que nunca caia no engano dos espíritos enganadores.

10 CHAMPLIN, ib., p.1794.

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9 APOIO:

Comissão de Educação da CEADEMA Conduzindo a Educação Através do Reino

Referências

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