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Motivando professores para as práticas de leitura em sala de aula

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Academic year: 2021

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Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM IISSN on-line: 2179-4588

Motivando professores para as práticas de leitura em sala de aula

Deise Parula Munhoz e Cleriston Ribeiro Ramos deise.parula@gmail.com; cleristonline@gmail.com

Resumo

Este trabalho foi desenvolvido em duas cidades distintas – Placas – PA e Tavares – RS, durante o desenvolvimento de ações do Projeto Rondon, operação Rio Grande do Sul e operação Xingu. Em ambas as cidades, espaço utilizado para aplicação das oficinas foram às

escolas locais, obteve-se a participação total de 61 professores, sendo 29 em Tavares e 32 no Pará. As oficinas tiveram como mote principal, apresentar principais aspectos da leitura aos professores, e motivá-los a trabalhar o incentivo a leitura dentro da sala de aula. O

tempo de duração das oficinas foi de aproximadamente 3 horas e 30 minutos. Como desfecho da atividade, foi sugerido que os professores após a leitura de um texto, produzissem um livro, descrevendo lendas locais. Através do material elaborado pelos professores, contatou-se que, nos dois locais os professores possuíam problemas gramaticais graves, possivelmente em consequência da baixa prática de leitura, que

foi relatado por alguns no decorrer das atividades. Portanto, acredita-se que a ação tenha sido válida, pois muitos professores afirmaram que estavam dispostos a inserir nas suas práticas cotidianas em sala de aula, atividades de leitura, bem como em seu próprio dia a dia.

Palavras chave: Leitura; Incentivo a leitura; Projeto Rondon.

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1. Contexto do relato

O Projeto Rondon, é de responsabilidade do Ministério da Defesa, e teve sua criação em 1966, como um trabalho de Sociologia na Escola de Comando e Estado-Maior, a proposta foi então aplicada no ano seguinte por um grupo de estudantes e professores, que resolveram então sair em direção a Rondônia, para atuar junto às comunidades carentes daquela região. Após alguns anos desativado o projeto Rondon voltou a ser desenvolvido somente em 2003, subsidiado pelo governo Federal, desde sua concepção o projeto, visa promover, entre outras coisas, a integração social. Desde sua criação, o Rondon é um projeto de cunho social cuja finalidade maior é inserir o estudante universitário na realidade do país, visando à promoção da cidadania e do bem estar social – sendo esse o principal objetivo do projeto. Disseminar a informação de natureza educativa; Capacitar agentes multiplicadores em áreas específicas, focalizando a cidadania e o desenvolvimento local sustentável, favorecendo as comunidades mais carentes da região na qual ele irá atuar são alguns dos objetivos específicos do projeto (MUNHOZ, RAMOS, MUNHOZ, 2009).

O relato do presente trabalho, diz respeito à participação vivenciada na “operação Rio Grande do Sul” e

“operação Xingu”, onde foram realizadas oficinas de incentivo a leitura para professores da rede municipal nas duas regiões. Em ambas as cidades, as oficinas foram realizadas nas escolas locais, uma vez que o projeto contava com a parceria das Prefeituras locais, o que facilitou o acesso ao público alvo das oficinas.

2. Detalhamento das atividades

Participaram destas atividades um total de 61 professores atuantes nas redes municipais destas regiões, sendo 29 em Tavares e 32 no Pará. Em ambas as cidades, foram utilizadas a mesma dinâmica de aplicação da oficina, sendo realizado inicialmente, uma apresentação da equipe e dos participantes, e uma conversa inicial sobre o tema, como forma de saber quais práticas e conhecimentos prévios eles tinham sobre leitura. Neste momento percebeu-se que a grande maioria afirmava que tanto nas suas práticas como em sua vida particular não adotavam como exercício a leitura, por vários motivos – falta de tempo, não gostavam, sentiam sono quando iniciavam a ler, etc.., no que refere-se as práticas em sala de aula, os principais motivos apresentados foram – os alunos não gostam, eles ficam muito agitados.

Após esta apresentação, com a utilização do Power point, foi realizada exposição dos principais aspectos da leitura, sua importância, o papel da escola e do professor na promoção a leitura, bem como estratégias de incentivo nas diferentes idades. A seguir, foram distribuídos folders e as cartilhas confeccionadas para as oficinas, que continham informações acerca do tema, como: necessidades de incentivar a leitura, fatores que podiam inibir o interesse, e atitudes dos professores podiam favorecer o desenvolvimento deste hábito.

Na etapa seguinte, foi indicado aos professores que, divididos em grupos, criassem uma história no formato de um livro, baseados em lendas locais, para realização desta atividade foram distribuídos materiais para confecção, como, tesoura, revistas, folhas oficio, canetas hidrocor, cola, caneta azul. Após, cada grupo elegeria um representante, que apresentaria a todos sua história.

Ao final, em forma de roda, foi questionado aos participantes sobre o que eles “levavam” consigo da oficina, e de uma forma bastante positiva, a maioria destacou perceber a importância da leitura, bem como, se

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propuseram alterar suas práticas em sala de aula, a favor do incentivo a leitura para seus alunos, afirmando que futuramente, após aplicação de atividades de motivação a leitura com seus alunos, estes entrariam em contato, via e-mail, com os oficineiros, relatando quais resultados haviam obtidos.

Cabe destacar que foi elaborado um instrumento, na qual foi aplicado no final das atividades, contendo questões, a saber – já tinha conhecimento sobre a importância da leitura antes da atividade; A atividade foi importante para me informar sobre a importância da leitura; depois da atividade pretendo ler mais, e depois da atividade pretendo trabalhar mais questões acerca da leitura com meus alunos, após as questões, foi deixado um espaço para comentários sobre a oficina. Neste instrumento, os professores tinham ao lado um espaço para dar uma nota, o indicado era que eles variassem entre 0-10.

3. Análise e discussão do relato

Durante a aplicação das atividades, perceberam-se muitas dificuldades na escrita de professores, além de vários erros gramaticais em uma mesma oração. É provável que este fato, seja decorrente da falta de leitura por parte destes sujeitos. Uma vez que, eles afirmaram não serem leitores, destacando diversos motivos para a ausência deste hábito. Andrade ressalta que é fundamental que o professor tenha a leitura e a escrita enquanto

“práticas incorporadas em seu horizonte de experiências cotidianas” (2007, p.11), vários estudos apontam para uma relação próxima existente entre hábito de leitura e habilidade escrita.

Infelizmente, a realidade do Brasil no que se refere a este assunto não é muito motivadora, estudos realizados afirmam que “cada brasileiro lê pouco mais de dois livros por ano”, e ainda, as livrarias no Brasil encontram-se mal distribuídas e os livros custam cerca de 7% do salário mínimo brasileiro (LINARDI; LIMA, 2008, p. 8-9).

No Brasil, em 1999, o consumo per capita de livros foi de 1,8 por habitante. Esse quadro comparativo fica ainda mais dramático quando se constata que em outros países o livro didático tem peso menor no conjunto do índice de leitura, ao contrário do Brasil, onde os didáticos respondem por 60 por cento do total de exemplares de livros consumidos, que se forem retirados da estatística tornam ainda mais ruinoso o índice de leitura per capita brasileiro, diminuindo-o para 1,08 livros consumidos por ano (WASSERMANN, s. d. )

Diante do exposto, e entendendo que a leitura é importantíssima na formação crítica do individuo, como também na construção da cidadania, é que propusemos esta oficina, acreditando que o professor é “peça chave”, para o desenvolvimento, das práticas de leitura. No entanto, segundo afirma Freire, os alunos somente acreditarão na necessidade de manter o hábito da leitura, apresentada por seus professores, se estes de fato acreditarem em sua importância, inserindo esta prática em seu cotidiano, pois “dizer uma coisa e fazer outra, não levando a palavra a sério, não pode ser estímulo à confiança (1987, p.82)”. Com isso, espera-se que a leitura seja muito mais que uma indicação, se tornando uma prática diária tanto para alunos como para seus professores.

Reconhecendo a importância destes na formação destes indivíduos, partindo da premissa que incentivar a leitura não é obrigação apenas dos governantes, mas sim de todos que percebem sua real importância.

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4. Considerações finais

Como resultados, pode-se afirmar que o objetivo foi alcançado – conseguimos atingir as comunidades, levando um pouco do conhecimento científico acerca da Leitura, expondo sua importância. Como aspecto positivo destaca-se as notas indicadas pelos participantes, no instrumento aplicado, onde a totalidade se concentrou acima de 7 (sete). Outra questão significativa, é que as propostas puderam ser concluídas em sua totalidade e as comunidades retornaram positivamente em relação às oficinas ministradas, como na oficina de incentivo a leitura aplicada na Operação Rio Grande do Sul, onde após 6 (seis) meses da participação da oficina alguns professores deram retorno, afirmando que a partir de sua participação nesta atividade, passaram a priorizar ainda mais suas atividades de incentivo a leitura em sala de aula, e suas práticas superaram às suas expectativas, onde seus alunos passaram a valorizar ainda mais, e praticar com maior frequência a atividade de leitura.

Acreditamos, que ações como estas são de suma importância, pois possibilitam o processo de inclusão social, por meio da conscientização política e cidadã da comunidade, no que tange principalmente à educação, acesso a informação e o direito a cidadania (BATISTA, 2005). Ainda que reconheçamos que muito ainda se tem por fazer, no que se refere à promoção à leitura, acredita-se que mesmo não tendo sido atingido um público tão grande quanto gostaríamos, pôde-se perceber que os professores participantes atuaram posteriormente na condição de multiplicadores, tanto em relação a seus pares, como em sala de aula, alcançando o objetivo principal das oficinas, que era promover o incentivo a leitura.

Referências

ANDRADE, Ludmila Thomé de. Professores leitores e sua formação: transformações discursivas de conhecimentos e de saberes. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

BATISTA, Roseli Araújo. O acesso à informação como requisito para exercício da cidadania. In: Mídia Cidadã, 2005, São Bernardo do Campo. O acesso à informação como requisito para o exercício da cidadania, 2005.

Disponível em: <http://www2.metodista.br/unesco/agora/mapa_animadores_pesquisadores_roseli.pdf >. Acesso em: 19 abr. 2009.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2005.

LINARDI, Fred; LIMA, Eduardo. Ler por prazer é o X da questão. In: Nova Escola. 2008. [Rio de Janeiro].

Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/x-questao- 423887.shtml>. Acesso em: 07 de maio de 2013.

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MUNHOZ, D. P.; RAMOS, C. R.; MUNHOZ, A. P. Uma experiência de vida no projeto Rondon: a extensão universitária como ferramenta de desenvolvimento social. EXTENSIO: Revista Eletrônica de Extensão, v. 6, n.

8, dez. 2009.

WASSERMANN, Raul. Livro e crescimento sustentado. In: Leia Brasil, 20_?.[Rio de Janeiro]. Disponível em:

< http://www.leiabrasil.org.br/index.php?leia=texto&id=285 >. Acesso em: 06 de jul. 2013.

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