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Rev. Assoc. Med. Bras. vol.59 número4

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Academic year: 2018

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r e v a s s o c m e d b r a s .2 0 1 3;5 9(4):316–317

Revista da

ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA

w w w . r a m b . o r g . b r

À beira do leito

Por que avaliac¸ão e preparo psicológicos são necessários

para o paciente candidato à cirurgia bariátrica?

Why are psychological evaluation and preparation necessary for the

patient candidate to bariatric surgery?

Alessandra M.B.C. Akamine

a

e Elias Jirjoss Ilias

b,∗ aServic¸o de Cirurgia Bariátrica da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

bDepartamento de Cirurgia, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

informações sobre o artigo

Histórico do artigo:

Recebido em 10 de junho de 2013 Aceito em 11 de junho de 2013

On-lineem 13 de julho de 2013

A obesidade é definida como acúmulo anormal de gordura cor-poral consequente do desequilíbrio entre a energia ingerida e a gasta pelo indivíduo, representando risco à saúde, pois aumenta a possibilidade de desenvolvimento de comorbida-des, que podem levar o indivíduo à morte. É considerada como uma doenc¸a crônica e de origem multifatorial, que abrange a associac¸ão de fatores genéticos, orgânicos, ambientais, com-portamentais e psicológicos1. O tratamento clínico baseado

em aumento de atividade física combinada a dietas hipoca-lóricas e uso de medicac¸ões muitas vezes é insuficiente para os pacientes obesos grau III, sendo, a cirurgia da obesidade, nesses casos, considerada como a abordagem mais eficaz até o momento.

A cirurgia bariátrica, que, resumidamente, restringe signi-ficativamente a quantidade de alimento ingerida combinada à desabsorc¸ão de nutrientes, interfere em apenas um dos fato-res que causam a obesidade (metabólico). Quanto ao lado psicológico, o paciente deve ser esclarecido pela equipe mul-tidisciplinar a respeito das mudanc¸as pelas quais passará, sendo a principal delas a adaptac¸ão aos novos hábitos alimen-tares pelo resto da vida2.

Autor para correspondência.

E-mail: eliasilias@hotmail.com (E.J. Ilias).

Como a obesidade é uma doenc¸a complexa de difícil manejo, a equipe multidisciplinar, composta por cirurgião, endocrinologista, nutricionista e psicólogo/psiquiatra, trei-nada adequadamente para atender a estes pacientes, se faz necessária. Desde 2000, o Ministério da Saúde, juntamente com Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, definiu diretrizes que tornam obrigatória a avaliac¸ão multidis-ciplinar destes pacientes.

O obeso grau III é uma pessoa doente que tem a vida ameac¸ada pelo excesso de peso e necessita de tratamento efetivo e, de preferência, em curto prazo; porém, as demais repercussões deste fenômeno também precisam ser abor-dadas e levadas em considerac¸ão. Neste sentido, o suporte psicológico assume um papel relevante, já que a tentativa de controlar cada fator isoladamente pode inviabilizar um bom resultado geral. O papel do psicólogo engloba desde a avaliac¸ão pré-operatória como também o manejo clínico, visando o pre-paro e a adaptac¸ão pós-cirúrgica3.

A avaliac¸ão psicológica busca investigar o comportamento alimentar do paciente, avaliar sintomas e níveis de ansiedade, depressão e compulsão alimentar que podem interferir na

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etiologia e na manutenc¸ão da obesidade, bem como a compre-ensão e as expectativas sobre o procedimento cirúrgico. Além disso, a avaliac¸ão psicológica visa compreender como foram as tentativas anteriores de perda de peso, a postura da família, por que o paciente quer emagrecer, como a obesidade inter-fere em sua vida e a o que o paciente atribui a causa de sua obesidade.

Propor estratégias assertivas de controle e mudanc¸a, favo-recer informac¸ões sobre a doenc¸a e o tratamento cirúrgico, propiciar espac¸o para expressão de sentimentos, dúvidas e medos, oferecer apoio psicoterapêutico e psicossocial, promo-ver adesão ao tratamento, pensar sobre como o paciente se adaptará ao novo estilo de vida, verificar o apoio familiar e o quanto o paciente está implicado e ciente a respeito do trata-mento e seus desdobratrata-mentos fazem parte das intervenc¸ões psicológicas.

Assim sendo, o vínculo que é estabelecido entre psicólogo e paciente, de confianc¸a e continência, é de extrema impor-tância no desenrolar do tratamento, porque pode ser determi-nante para o retorno do paciente, quando o mesmo se deparar com dificuldades ao manejar a nova situac¸ão após a cirurgia4.

Além de tudo o que foi exposto, devemos lembrar que a avaliac¸ão psicológica respalda legalmente a realizac¸ão do procedimento cirúrgico. Temos visto que muitos problemas legais têm surgido principalmente porque alguns cirurgiões realizam cirurgias bariátricas sem a devida avaliac¸ão da equipe multidisciplinar. Tal fato pode tornar o procedimento inadequado e ilegal, além de comprometer o resultado do tra-tamento da obesidade mórbida.

r e f e r ê n c i a s

1. ABESO. Associac¸ão Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Disponível em: http://www.abeso. org.br

2. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Disponível em: http://www.sbcbm.org.br

3. Ximenes E. Cirurgia da obesidade: um enfoque psicológico. São Paulo: Livraria Santos Editora; 2009.

Referências

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