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O planejamento de carreira do sargento no exército brasileiro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JOSÉ ROBERTO LACERDA SILVEIRA

O PLANEJAMENTO DE CARREIRA DO SARGENTO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

Palhoça 2011

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JOSÉ ROBERTO LACERDA SILVEIRA

O PLANEJAMENTO DE CARREIRA DO SARGENTO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

Projeto de pesquisa apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, como requisito parcial para obtenção do título de psicólogo.

Orientadora: Michelle Regina da Natividade, Msc.

Palhoça 2011

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Distinção entre carreira tradicional e proteana...26

Quadro 2 – Graus hierárquicos...32

Gráfico 1 – Idade dos participantes...35

Gráfico 2 – Tempo de serviço...36

Gráfico 3 – Estado Civil...36

Gráfico 4 – Filhos...36

Gráfico 5 – Estado de origem...37

Gráfico 6 – Oriundo de escola pública ou privada? ...38

Gráfico 7 – Grau de escolaridade...38

Gráfico 8 – Estuda atualmente?...38

Gráfico 9 – Trabalhava antes do concurso para a EsSA?...39

Gráfico 10 – Fez curso preparatório?...39

Gráfico 11 – Tentativa em que obteve sucesso no concurso de admissão...40

Gráfico 12 – Idade que obteve êxito no concurso da EsSA...40

Gráfico 13 – Como soube da carreira militar?...40

Gráfico 14 – Critérios da escolha profissional...45

Quadro 3 – Critérios da escolha profissional...45

Gráfico 15 – Objetivos e metas...49

Quadro 4 – Objetivos e metas...50

Gráfico 16 – Condições oferecidas pelo EB para o planejamento de carreira...56

Quadro 5 – Condições oferecidas pelo EB para o planejamento de carreira...57

Gráfico 17 – Condições que o sargento busca fora do EB para o planejamento de carreira...62

Quadro 6 – Condições que o sargento busca fora do EB para o planejamento de carreira...62

Gráfico 18 – Considera que possui um planejamento do carreira?...67

Gráfico 19 – Como você investe em sua carreira profissional?...68

Gráfico 20 – Média correspondente as frases relativas à percepção de planejamento de carreira...69

Quadro 7 – Frases relativas à percepção de planejamento de carreira...70

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Tabela 1 – O porquê de permanecer no EB...72 Tabela 2 – O porquê de não permanecer no EB...73 Tabela 3 – Quais seus planos para seu futuro profissional?...75

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LISTA DE SIGLAS

AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras CAS – Curso de Aperfeiçoamento de Sargento CBO – Classificação Brasileira de Ocupações

CCOMCEX – Centro de Comunicação Social do Exército CIGS – Centro de Instrução de Guerra na Selva

EASA – Escola de Aperfeiçoamento de Sargento das Armas EB - Exército Brasileiro

EsAEx – Escola de Administração do Exército EsEFEx – Escola de Educação Física do Exército EsPCEx – Escola Preparatória de Cadetes do Exército EsSA – Escola de Sargento das Armas

FAB – Força Aérea Brasileira

FHE – Fundação Habitacional do Exército IG – Instruções Gerais

LRM – Lei de Remuneração dos Militares MB – Marinha do Brasil

MEC – Ministério da Educação OM – Organização Militar

ONU – Organização das Nações Unidas OP – Orientação Profissional

PNR – Próprio Nacional Residencial PQD – Paraquedismo

QCO – Quadro Complementar de Oficiais QVT – Qualidade de vida no trabalho

RDE – Regulamento Disciplinar do Exército TAF – Teste de Aptidão Física

TAT – Teste de Aptidão de Tiro

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina 63° BI – 63° Batalhão de Infantaria

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RESUMO

O Sargento do Exército Brasileiro (EB) é considerado o elo entre seus superiores e os subordinados dentro da instituição, sujeito determinante para a Força Terrestre cumprir sua missão constitucional na defesa da Pátria. Sendo assim, essa pesquisa buscou analisar o planejamento de carreira do sargento de carreira do Exército até a aquisição da estabilidade. Para tanto os objetivos específicos enfocaram: caracterizar o processo de escolha profissional do sargento, estabelecimento e a delimitação dos objetivos e metas, identificação das estratégias disponíveis dentro e fora do EB e por último analisar o gerenciamento do planejamento de carreira desse militar. Pesquisa de natureza quanti-qualitativa. Com relação ao corte caracterizou-se como transversal. Quanto ao objetivo a pesquisa foi descritiva, pois estabeleceu relações entre variáveis, e associações entre as mesmas com utilização de quadros, tabelas e gráficos. Quanto ao delineamento é do tipo levantamento. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário contendo 22 perguntas abertas e fechada com participação de 22 sargentos do 63° BI. A continuidade desse trabalho após organização e tabulação descreve no primeiro momento os itens considerados mais relevantes ou importantes pelos participantes da pesquisa. Os eixos de análise refletem os objetivos específicos na sua correlação com o referencial teórico. Resultados da pesquisa demonstram que os aspectos básicos dos objetivos iniciais como estabilidade, plano de saúde e remuneração adequada são complementados durante o processo de gerenciamento de carreira do sargento na busca de outras condições, internamente em cursos de especialização e qualificações em escolas militares e no ambiente externo graduação nas universidades civis com o propósito de crescimento profissional e pessoal. Para concluir, os participantes dessa pesquisa buscam, cada um a seu modo, de forma honesta, um espaço digno na sociedade brasileira. Em alguns participantes o esforço se concentra na própria instituição em outros fora do EB, contudo fica claro que o fio condutor da educação motiva os sargentos em todo processo, o que enobrece ainda mais a imagem do Exército Brasileiro.

Palavras-chave: Sargento de carreira do Exército Brasileiro. Planejamento de Carreira.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...8 1.1 PROBLEMÁTICA...9 1.2 OBJETIVOS...13 1.2.1 Objetivo geral...13 1.2.2 Objetivos específicos...13 1.3 Justificativa...14 2 REFERENCIAL TEÓRICO...19 2.1 TRABALHO...19 2.2 ESCOLHA PROFISSIONAL...22 2.3 CARREIRA...24 2.3.1 Planejamento de carreira...27 2.4 MILITAR...31 3 MÉTODO...34 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA...34 3.2 PARTICIPANTES...35 3.3 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS...41 3.4 SITUAÇÕES E AMBIENTE...41

3.5 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS...41

3.6 PROCEDIMENTOS...42

3.6.1 De seleção dos participantes...42

3.6.2 De contato com participantes...42

3.6.3 De coleta e registro dos dados...42

3.6.4 De organização, tratamento e análise de dados...43

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS...44

4.1 ESCOLHA PROFISSIONAL DO SARGENTO DE CARREIRA DO EB...44

4.2 OBJETIVOS E METAS DOS SARGENTOS NO PLANEJAMENTO DE CARREIRA NO EB, ATÉ A AQUISIÇÃO DA ESTABILIDADE...49

4.3 ESTRATÉGIAS DISPONÍVEIS NO EB, NA PERCEPÇÃO DO SARGENTO DE CARREIRA, PARA O PLANEJAMENTO DE CARREIRA DENTRO DO EB...56

4.4 ESTRATÉGIAS QUE O SARGENTO DE CARREIRA BUSCA NO AMBIENTE EXTERNO DO EB PARA O PLANEJAMENTO DE CARREIRA...61

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4.5 GERENCIAMENTO QUE O SARGENTO DO EB REALIZA EM RELAÇÃO AO

SEU PLANEJAMENTO DE CARREIRA...67

4.5.1 Planejamento e investimento na carreira...67

4.5.2 Percepção pessoal do planejamento de carreira...69

4.5.3 Permanência no EB...72

4.5.4 Planos para o futuro profissional...74

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...78

REFERÊNCIAS...85

APÊNDICES...90

APÊNDICE A – Questionário semi-aberto...91

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1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) visa atender as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia no que tange a integração da produção de conhecimento científico com a intervenção profissional, realizado na nona e décima fase no Núcleo Orientado de Psicologia e Trabalho Humano. O objetivo nesse TCC é adotar uma reflexão, envolvendo os sargentos do Exército Brasileiro (EB), que vivenciam o período probatório numa Organização Militar (OM) de Florianópolis. As metas para chegar ao objetivo passam pelos entendimentos sobre os seguintes fenômenos: trabalho; escolha profissional; carreira, planejamento de carreira e finalmente no referencial teórico uma amostra do que é a profissão militar.

Uma estratégia do trabalho é mostrar o processo de planejamento de carreira, do sargento do EB, durante o período probatório. Parece simples descrever todas as etapas do desenvolvimento do projeto de vida desse profissional, das suas trajetórias pelo Brasil continental. Na Amazônia, o EB guarda a fronteira do País em situações das mais inesperadas e improváveis que se pode esperar, e lá está o sargento, liderando seus soldados. No Haiti, país da América Central, acontece um terremoto de grandes proporções, a Organização das Nações Unidas (ONU), solicita ao Brasil que mande o EB, com a instituição, o sargento deve estar pronto a acompanhar os passos da vida real do País dentro ou fora dele.

Para construir o presente trabalho estão sendo colocados à disposição do leitor três parâmetros distintos do pesquisador. O primeiro, a prática, onde os trinta anos de EB, de certa forma, podem refletir uma opinião, com aparente viés de senso comum, porém conforme Alves (1993), a aprendizagem da ciência é um processo progressivo do senso comum e completa o autor: “Só podemos ensinar e aprender partindo do senso comum de que o aprendiz dispõe”. O segundo motivo, o laço afetivo, é o orgulho de ter como primogênito, um sargento do EB. Por último, não menos importante, o fato de encontrar na Psicologia, uma forma de envelhecer feliz, em poder continuar a buscar soluções que possam ajudar as pessoas, nos seus projetos de vida.

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1.1 PROBLEMÁTICA

O jovem para deixar o período da adolescência, o seu ritual de passagem, segundo Levenfus (1997), seria através da escolha profissional que representa a principal necessidade social, tomar seu lugar na família, situar-se temporalmente e definir-se como adulto na sociedade. Reforçando essas idéias e conforme Bock e Aguiar (1995), o jovem acredita ser o único responsável na hora de efetivar sua escolha profissional. Entretanto o fenômeno da escolha está relacionado a fatores como tempo, meio social e aspectos psicológicos. Para Bohoslavsky (2003, p.78), em relação ao tempo, “toda escolha implica um projeto e um projeto nada mais é do que uma estratégia no tempo”. Por isso, é importante analisar se o jovem está centrado no presente, passado ou futuro no momento da escolha profissional. Em seguida, relativo ao meio social, Lucchiari (1998) afirma que o indivíduo reconhece os valores, de sua família e do meio onde vive como sendo seus, na verdade, são os valores que o capitalismo transmite à sociedade, como por exemplo, a elaboração de um projeto de vida, o status social que a profissão oferece e o retorno financeiro. Segundo Bock (2006), a autopercepção que o indivíduo tem de suas características individuais são os fatores psicológicos. Compreende desenvolver o autoconhecimento de seus valores, habilidades, gostos e interesses que permite o jovem elaborar seu projeto de vida e assim viabilizar sua escolha profissional.

A escolha profissional de um jovem tende a refletir sua vontade de trabalhar. Segundo Zanelli (2004), o trabalho viabiliza a sobrevivência e a realização do ser humano que percebe sua vida como um projeto. Empiricamente, o trabalho seria uma aplicação de conhecimentos e habilidades dentro do processo produtivo vigente no contexto social, econômico, político e cultural em que o sujeito está vivenciando. Conforme Ribeiro (2011), o jovem quando se percebe inserido no contexto do mundo do trabalho no século XXI, verifica que esse, é o século da sociedade da informação e do conhecimento. Constata também que no mundo globalizado de hoje, os métodos da organização do trabalho mudam constantemente. Essas mudanças, rápidas, geram insegurança e dificuldades de assimilação ao jovem. As oportunidades de trabalho são várias, porém inseguras e instáveis.

Uma alternativa de profissão estável para os jovens seria a carreira militar. As Forças Armadas, a Policia Militar e os Bombeiros Militares podem acolher os jovens

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cujo objetivo é ser profissional militar. Para tal situação o jovem deve ter como meta inicial conhecer algumas das principais características da condição militar: risco de vida durante toda a sua carreira, preceitos rígidos de disciplina e hierarquia, dedicação exclusiva, disponibilidade permanente, mobilidade geográfica, vigor físico entre outras. De acordo com o Regulamento da Lei do Serviço Militar, decreto n° 1294, 26 outubro de 1994, a forma de o jovem ter conhecimento da carreira das armas é através do Serviço Militar obrigatório:

Que consiste no exercício de atividades específicas desempenhadas pelas Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e compreenderá, na mobilização, todos os encargos com a Defesa Nacional. Todo jovem brasileiro, do sexo masculino, no período de 1º de janeiro a 30 de abril do ano em que o cidadão completar dezoito anos, deve realizar seu alistamento na Junta de Serviço Militar (JSM) mais próxima de sua residência. Caso esteja residindo no Exterior deverá procurar os Consulados ou Embaixadas do Brasil. Ao término da SELEÇÃO realizada pela Comissão de Seleção (CS) o cidadão poderá ser designado para a prestação do Serviço Militar Obrigatório, em uma Organização Militar da Ativa.

O Exército Brasileiro (EB) está dentro do espectro de abrangência que proporciona a oportunidade aos jovens brasileiros de seguir a carreira militar, além do serviço militar obrigatório. É uma instituição militar que oferece um plano de carreira com ingresso mediante a aprovação de concurso público, de âmbito nacional, de acordo com sua faixa etária e escolaridade, em suas diversas escolas de formação. A opção com maior número de vagas disponíveis para os jovens com ensino médio completo, na faixa etária entre 18 e 24 anos, seguirem a carreira militar é a Escola de Sargentos das Armas (EsSA), localizada na cidade de Três Corações, MG. A EsSA é o estabelecimento de ensino militar do Exército responsável pela seleção, através de concurso público, dos jovens que desejam seguir a carreira de sargentos das Armas e Serviços do Exército Brasileiro.

Quando aprovado, o aluno realizará um período básico de instrução em uma das Organizações Militares regionais próximas do seu local de concurso. O período básico vai moldar nos futuros sargentos as regras normativas da instituição, revelar sua real condição psicomotora, algumas das capacitações necessárias para liderar grupos de soldados nas diversas situações de guerra e de paz nas missões do Exército Brasileiro. O aluno que obteve êxito no período básico é classificado em um dos 03 (três) estabelecimentos de ensino militar do Exército, específicos para

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aperfeiçoamento nas áreas de logística, de aviação e de combate. O período de qualificação visa aprimorar os aspectos do período básico e preparar o sargento para ocupar, efetivamente, cargos destinados de acordo com sua formação. A EsSA que gerencia a prova intelectual do concurso para todos os sargentos é também a organização militar onde são formados os sargentos de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações, chamadas “armas” com atuação na linha de frente do combate.

O sargento do Exército Brasileiro, na sua formatura, ao receber o diploma, realiza um juramento de “morrer pela Pátria”. É um momento ímpar, no qual atingiu o objetivo concreto da sua escolha como profissional militar, porém deve imediatamente buscar o novo objetivo, a aquisição da estabilidade na carreira. Segundo Codo (2006), a estabilidade no emprego é um direito, porém surge o primeiro questionamento para o jovem sargento empolgado com a profissão militar: servir a Pátria ou buscar objetivamente a estabilidade na carreira? A carreira militar deve satisfazer em linhas gerais, para a promoção de graduados1, os seguintes critérios: antiguidade, merecimento, bravura e post-mortem e os requisitos essenciais como: interstício, arregimentação, aptidão física, comportamento “bom”, aproveitamento em curso ou concurso de habilitação (BRASIL, 2003).

As metas e as estratégias para seu planejamento de carreira devem englobar ações que começam antes da sua apresentação na organização militar em que foi classificado. Em primeiro lugar, organizar a sua vida pessoal de forma a estar disponível para começar suas atividades profissionais de forma plena no dia de sua apresentação. Em segundo, rever os ensinamentos dos conceitos que serão aplicados nas primeiras semanas de instrução dos recrutas, dos serviços de comandante da guarda, de sargento de dia entre outros. Entretanto, para perseguir seu planejamento de carreira, deve em algum momento “parar para pensar”. Segundo Rosa (2011), as reflexões podem iniciar pelo significado do vocábulo estratégia que vem do grego stratègós e quer dizer a arte do general. Para alcançar a vitória, o graduado deve conhecer a fundo as condições à sua disposição em termos de cursos valorizados pelo Exército, que influenciam na sua promoção e escolher o melhor curso, o sargento deve também estar ciente dos seus potenciais e de suas fraquezas. Em outra frente, elaborar metas pessoais de desempenho na



1 Graduado é um termo utilizado pelos militares como sinônimo de sargento.

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preparação física e de tiro, pois serão cobradas sistematicamente pelo menos duas vezes ao ano. Correr dentro dos índices preconizados pelo teste de aptidão física (TAF) e atirar com o máximo de acerto no alvo, conforme o teste de aptidão de tiro (TAT) está como competências essenciais da profissão militar. (BRASIL, 2008)

Apesar do esforço pessoal, o sargento de carreira2, durante os dez anos probatórios vive o dilema de não alcançar o objetivo inicial da carreira militar, a estabilidade. Embora seja considerado um atrativo da carreira militar, a estabilidade faz parte de um sonho que na realidade se transforma em objetivo concretizado após uma década de superação das inúmeras provações pertinentes a vida na caserna, com desvelo e pro atividade por parte do militar nesse período.

Diante desse quadro, uma alternativa é refazer seu planejamento de carreira para exercer outra profissão fora do EB. Existe uma dificuldade do militar da ativa ao procurar um curso de graduação presencial, pois mesmo que no período noturno, por incompatibilidade com o exercício do serviço militar, muitas vezes é reprovado por falta, perdendo tempo e dinheiro. Os encargos da profissão militar são inflexíveis, dependendo da tarefa e o momento da sua execução, por isso na maioria das vezes surge uma dificuldade para o sargento conciliar as tarefas no quartel onde trabalha e o estudo. Nesse contexto, é necessário bastante equilíbrio das partes para uma solução pacífica. Segundo Falk (2000), o conflito, na sua trajetória, atravessa as fases de espera, tensão e resolução, sendo que o melhor resultado para o conflito está em ganho e perda de ambas as partes envolvidas. Para essa convergência, o ponto de partida seria flexibilizar as condições para o graduado se qualificar em cursos paralelos a vida militar? Pode-se supor que os cursos de ensino a distância que o Exército promove em convênios com instituições de ensino, seja um bom começo. Para exemplificar, o convênio do EB com a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), a partir de 2005, contempla 3000 alunos em 25 cursos para os militares e seus dependentes espalhados por todo o Brasil. A partir de 2008, o referido convênio foi ampliado para cursos de pós-graduação, no Brasil e no exterior. Em entrevista à revista do Clube Militar (2011), o General Rui Monarca da Silveira, Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, quando destaca a proposta da UNISUL: ”Se o militar mudar de cidade, o curso vai junto”.



ϮDŝůŝƚĂƌŽƌŝƵŶĚŽĚĂƐ^ƋƵĞƉŽĚĞĂůĐĂŶĕĂƌŽƉŽƐƚŽĚĞĐĂƉŝƚĆŽ͘

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A falta de conhecimento da profissão militar com profundidade é um fator que pode influenciar negativamente a escolha profissional ou acarretar uma escolha equivocada. Por esse motivo, com o presente projeto pretende-se analisar o planejamento de carreira do sargento de carreira do EB até a aquisição da estabilidade.

1.2 OBJETIVOS:

1.2.1 Objetivo geral:

Analisar o planejamento de carreira do sargento de carreira do EB até a aquisição da estabilidade.

1.2.2 Objetivos específicos:

• Caracterizar o processo de escolha profissional de sargentos de carreira do EB;

• Identificar os objetivos no planejamento de carreira do sargento de carreira do EB até a aquisição da estabilidade;

• Identificar as metas vinculadas aos objetivos no planejamento de carreira por sargento de carreira do EB até a estabilidade;

• Identificar as estratégias disponíveis no EB, na percepção do sargento de carreira, para seu planejamento de carreira dentro do EB;

• Identificar as estratégias que o sargento busca na ambiente externo do EB para o planejamento de carreira;

• Analisar o gerenciamento que o sargento de carreira do EB realiza em relação ao seu planejamento de carreira.

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1.3 JUSTIFICATIVA:

A escolha da carreira é uma decisão do jovem adulto que surge como um sonho, ou um objetivo pautado em uma estratégia planejada para exercer uma profissão ao longo da vida. Segundo Rosa (2011), a pessoa que sabe aonde quer chegar, tem clareza de suas ações, pode correr menos riscos na perda de recursos e esforços. A opção pela carreira militar tem como referenciais, critérios incomuns a outras profissões, como por exemplo, risco de vida. Por isso, a relevância do estudo, entender os meandros no início do planejamento da carreira militar. Por outro lado, pesquisar sobre a escolha da profissão militar do sargento do EB, suas estratégias no planejamento da carreira até sua estabilidade, reveste-se de relevância científica na medida em que só encontramos trabalhos discutindo os referidos fenômenos em outros segmentos militares, como dos policiais e bombeiros militares, como por exemplo, o artigo de Natividade e Brasil (2006).

Aprovado no curso de sargento de carreira, após 10 meses na EsSA e conforme a sua classificação dentro da arma escolhida, os novos sargentos são distribuídos nos diversos Batalhões do Exército Brasileiro. O Graduado, dentro da hierarquia militar ocupa um espaço entre comandos e subordinados. A instituição, Exército Brasileiro, coloca como meta, no que tange aos recursos humanos, o seguinte: “Ser constituído por pessoal altamente qualificado, motivado e coeso, que professos valores morais e éticos que identificam, historicamente, o soldado brasileiro, e tem orgulho de servir com dignidade a instituição e ao Brasil”. Pelo exposto é plausível afirmar que o sargento, dentro da carreira militar, é de suma importância para o cumprimento da missão constitucional do Exército Brasileiro. O graduado do EB para sua estabilidade na carreira militar permanece em “alerta” durante dez anos. As promoções estão vinculadas com seu desempenho profissional, avaliado em diversos campos, entre os quais o social, econômico, político, e principalmente o psicomotor. Inicialmente no social, ao constituir uma família, se desestruturada, pode conflitar dentro do ambiente de trabalho através de queixa de um parente ou companheira, o que reflete negativamente para carreira do militar. Em segundo lugar, economicamente, o militar não pode receber nenhuma reclamação de compromisso financeiro, não saldado, feito aos seus superiores, pois estaria denegrindo a imagem do Exército. Em terceiro, politicamente, o militar da

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ativa só pode fazer parte do processo eleitoral como ator na segurança do pleito, pois o militar é proibido pelo Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), participar de partidos políticos. Finalmente, os aspectos psicomotores são os que interferem diretamente no cotidiano do sargento, quer nos resultados do TAF e TAT, como nas suas relações interpessoais com subordinados e superiores. Sendo os movimentos dos graduados observados diuturnamente até sua estabilidade, pode significar para qualquer ser humano uma pressão constante, cujo nível de estresse desse profissional pode comprometer seu desempenho profissional.

Após questionar sobre a sua profissão, o sargento muitas vezes já constituiu família, motivo fundamental, para refletir sobre sua responsabilidade social. Em contrapartida também caberia ao Exército apoiar o graduado em refazer seu planejamento de carreira, decisão coerente no plano de desenvolvimento social da Instituição. Outro aspecto da relevância social da pesquisa seria evidenciado pelo lado prático das atividades profissionais do sargento de carreira, vinculada à responsabilidade constitucional do Exército, no que tange ao gerenciamento do serviço militar obrigatório para os jovens brasileiros, um contingente significativo da sociedade brasileira que fica nas mãos do sargento durante um ano. Nessa missão o graduado propõe aos conscritos as primeiras noções de civismo, benefício fundamental, para condição de cidadania no serviço da Pátria. Posteriormente, ao completar o período de instrução, o jovem recebe o atestado de prestação do serviço militar, documento importante para abrir oportunidade ao mesmo no ingresso de várias atividades de trabalho em empresas que só admitem funcionário com serviço militar legalizado. Ainda nesse viés social, cabe salientar sobre os ensinamentos militares da caserna, onde os graduados desenvolvem nos recrutas, habilidades e atitudes positivas que refletem a imagem do Brasil, no exterior, durante as operações de paz das Organizações das Nações Unidas (ONU).

O levantamento bibliográfico sobre o tema do planejamento de carreira por sargento do Exército no período probatório, talvez por ser muito específico, não foi encontrado em bases de dados on-line (Scielo, Bvs-psi e Capes), nem nas bibliotecas disponíveis na região da grande Florianópolis. Entretanto, os fenômenos fundamentais que podem contextualizar a temática nesta etapa da vida dos sujeitos em questão, como trabalho, escolha profissional, carreira, planejamento de carreira e sobre o militar de uma forma geral, a literatura disponibiliza vários artigos, dissertações de mestrados, como também outras pesquisas similares. A conjugação

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desses trabalhos com esta pesquisa busca perspectiva científica sobre o planejamento do sargento de carreira até sua estabilidade.

No livro “O que é o Trabalho”, Albornoz (1992) realiza uma retrospectiva do trabalho ao longo do tempo, conforme a própria autora de reflexão sobre a união de teoria e prática do trabalho, característica da carreira militar, no dia a dia das instruções ministradas pelos sargentos no quartel.

Em Codo, Sampaio e Hitomi (1993), o fato de relacionar o homem à natureza através do trabalho como valor de uso poderia trazer a igualdade das diferentes pessoas. O valor de uso do trabalho, assim como o valor de troca, foi concebido por Karl Marx (1988) na obra “O capital”. Marx defendia que o valor de uso está associado à capacidade de suprir uma necessidade humana e o valor de troca remete ao capitalismo, o trabalho como sendo uma mercadoria. Independente do aspecto ideológico, o graduado, futuro militar, acordado com os anseios da sociedade brasileira pode contribuir com essa pesquisa na medida em que responder as questões sobre seu planejamento de carreira, relacionados ao campo político.

Em relação ao processo de escolha da profissão, diversos trabalhos foram encontrados sobre a escolha da profissão. Resumidos a uma dimensão de acordo com as diversas teorias psicológicas ou não, o momento vivenciado pelo sujeito na hora da escolha. Pretende-se pontuar desses autores algumas afirmativas que possam caracterizar o público alvo da pesquisa nesse contexto.

Para Ferretti (1997), a escolha é fruto da sobrevivência, pois dependendo da situação socioeconômica do sujeito, a melhor opção seria aquela que resolve essas necessidades prontamente.

Conforme Lucchiari (1998), a escolha envolve uma opção entre tantas outras, a autora condiciona a escolha as vantagens e desvantagens dessa opção. As outras opções sendo descartadas, caracteriza-e, a exclusividade de escolha.

Em Bohoslavsky (2007), a escolha traduz lembranças passadas em integração as decisões do presente, pois parte do luto pelas opções deixadas sem escolha. E isto, pode refletir em conflitos e sofrimento ao indivíduo no futuro.

De acordo com Bock (2006), a escolha ontem estava vinculada ao contexto social, quem nascia filho de artesão, seria artesão, posteriormente defende uma superação da relação entre o indivíduo e a sociedade.

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Conforme Soares (2002), a escolha reflete os pontos mais marcantes da vida do sujeito, ou seja, a escolha de uma profissão é fundamental na construção da identidade profissional do individuo.

Além dessas premissas, muitas outras perspectivas se complementam no momento da decisão do jovem na hora de escolher a sua profissão, por isso, da importância dessa pesquisa ao pretender integrar aos aspectos acima, a escolha por uma profissão militar dentro das suas características peculiares.

Os estudos encontrados com referência a carreira de qualquer pessoa podem começar, de acordo com Martins (2001), com a palavra “carreira” que vem do latim via carraria, estrada para carros. Bastos (1997) aponta que a partir do Século XIX, o termo definiu o percurso da vida profissional. A carreira tradicional, diferentemente da “carreira sem fronteira”, vai implicar em critérios dos quais nasce à noção de hierarquia ou de responsabilidades dentro de uma ocupação. A pesquisa sobre a carreira do graduado dentro do Exército até sua estabilidade visualiza a progressão vertical, a associação da carreira à profissão, o que está também em sintonia com a carreira tradicional, segundo Martins (2001). Entretanto, de acordo com Chanlat (1995), o declínio da carreira tradicional, está relacionado a fatores como penetração crescente das mulheres no mercado de trabalho, necessidade de mudança nas organizações, globalização da economia, competitividade e turbulência ambiental, flexibilização do trabalho, entre outros aspectos inibidores do processo tradicional, o que combina, em parte, com a presente pesquisa no sentido da insegurança vivida pelo sargento durante o período probatório.

O planejamento de carreira encontra respaldo no artigo de Lopes (2004), que caracteriza o ponto de partida do planejamento como sendo a construção do mapa de carreira calcado no objetivo, metas, estratégias e o gerenciamento do planejamento. A princípio o objetivo retrata o sonho de qualquer sujeito que quer seguir uma carreira, porém somente quando estiver escrito, o objetivo, poderá se tornar o foco para desenvolver a etapa seguinte do processo. A meta, apesar da semelhança com o objetivo, deve conter uma característica importante na valorização do seu trajeto, uma forma mensurável, a quantificação. A estratégia, a etapa seguinte do processo, configura a ação proposta do planejamento na busca efetiva para alcançar o sonho. Finalmente como o processo é dinâmico será necessário o gerenciamento do planejamento das etapas anteriores.

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Em complemento ao mapa de carreira a pesquisa busca embasamento em Rosa (2011), que contempla outra perspectiva das etapas colocadas no parágrafo anterior, como também aponta os desvios durante o processo. Essas literaturas na comparação com a observação dos documentos que regulamentam a carreira do sargento no Exército, até sua estabilidade, podem estabelecer o motivo para o graduado buscar seu projeto de vida fora do ambiente militar ou continuar firme na carreira militar.

Finalmente, a importância do tema a ser pesquisado está no momento que vive a sociedade brasileira. Após um período de governos militares, em que as informações sobre os militares e civis sofriam restrições, a busca de entender melhor o sargento de carreira, pessoa chave do Exército Brasileiro, traduz a relevância social. Por outro lado, pesquisar os fenômenos da escolha profissional, o planejamento de carreira, a estratégia, o objetivo do ser humano que investe sua vida na carreira militar como sargento do EB, pode trazer material significativo para o campo psicológico, no sentido de referendar, ou não, determinados preconceitos como de liderança autoritária, pré-concebida ao segmento militar por uma parte da sociedade civil.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O planejamento de carreira de qualquer indivíduo vislumbra um sonho, o objetivo, que na sequência pode se clarificar em metas, as quantificações do projeto pessoal, as etapas preestabelecidas das estratégias preparatórias de uma “guerra particular” para alcançar seu futuro profissional. Ao avaliar as possíveis dificuldades cristalizadas no momento de pensar nas estratégias, as ações, o sujeito deve conectá-las no caminho da busca da vitória. No concreto, entretanto, é factível o indivíduo se deparar com questões sobre o que é trabalho, no sentido mais amplo da palavra, escolha profissional e carreira, nos aspectos históricos e evolutivos. E no caso do jovem, com opção da profissão militar, é prudente estabelecer um plano de ação que contemple a busca de informações sobre a carreira das armas em uma organização militar, próxima à sua residência. Como, também, realize uma pesquisa literária, sobre os temas pertinentes aos militares, nas bases de dados on-line do Exército, cujo resultado pode auxiliar o futuro graduado do EB no planejamento da carreira. Finalmente, para obter êxito no seu projeto particular de inserção profissional na sociedade brasileira deve buscar outras fontes de informações sobre as demais profissões, como por exemplo, na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). (BRASIL, 2009).

2.1 TRABALHO

O trabalho, na concepção semântica e histórica, teve mudanças ao longo do tempo. Segundo Aranha (1997), o trabalho deriva de tripalium, que seria um instrumento de tortura utilizado para atar os condenados ou para manter presos os animais difíceis. Segundo Albornoz (1992), desse conteúdo semântico de sofrer passou ao de esforçar-se, laborar e obrar. “No sentido de esforçar-se, o trabalho perdurou até inícios do século XV, seria o esforço e também o seu resultado: a construção enquanto processo e ação, e o edifício pronto” (p.12) finaliza a autora. Conforme Longoni e Santos (2009), historicamente, na Grécia antiga, os escravos trabalhavam com noção de punição, nesta mesma condição, homens, mulheres e

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crianças, no século XVIII, com a Revolução Industrial, trabalhavam em jornadas de trabalho de 16 horas por dia dentro das indústrias recebendo salários baixíssimos. Esse novo processo de exploração social consolidado sedimentou o capitalismo no que tange à produção. De acordo com Lane (1981), as máquinas das fábricas separavam as pessoas concorrentes a uma vaga, os colegas de trabalho se tornaram rivais, potencialmente um pode substituir o outro. Como conclusão, o indivíduo está sozinho na luta pela vida.

Em conexão ao parágrafo anterior, é importante colocar uma questão ideológica do trabalho, que segundo Codo, Sampaio e Hitomi (1993), o fato de relacionar o homem à natureza através do trabalho como valor de uso poderia trazer a igualdade das diferentes pessoas. Esse momento dentro da história do trabalho marca também o início do conflito ideológico que se mantém até os dias de hoje.

Segundo Aranha (1997), no início do século XX, a relação de trabalho ao homem ficou atrelada às teorias dos americanos, Frederick Taylor e Henry Ford. O taylorismo combatia a “preguiça” do trabalhador através de um controle científico, tudo era cronometrado para maior rapidez das atividades do operário, enquanto o fordismo, na sua fábrica de automóvel, para aumentar a produtividade, incrementou a linha de montagem, uma esteira, para a produção em série. Conforme Aranha (1997) e Antunes (1998), o domínio das montadoras americanas só foi questionado pela transformação do mundo trabalho nas décadas de 1970 e 1980, em decorrência do salto tecnológico e microeletrônico que colocou o Japão no cenário mundial com melhores padrões de produtividade das suas montadoras, com destaque para a Toyota.

Ao final do século XX, a tecnologia de ponta, principalmente o computador, amplia suas conquistas e o trabalhador teve de correr atrás de qualificações. Entra em cena o processo de globalização e mudam as relações de trabalho. A automação dos processos produtivos industriais intensifica o desemprego e as flexibilizações dos direitos do trabalhador. De acordo com Ribeiro (2011), a transição do século XX para XXI marca um período de incertezas, fruto do dinamismo do mundo do trabalho; ainda segundo a autora as mudanças são muito rápidas gerando insegurança e dificuldade de assimilação. É nesse contexto de fragmentação, de profissões extintas e de outras que surgem para homens e mulheres que a pesquisa vai focar no jovem brasileiro, da faixa etária dos 18 aos 24 anos, que quer trabalhar ou está em busca de emprego.

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A pergunta para esse momento ao jovem seria qual a diferenciação que faz entre trabalho e emprego como também seu nível de autoconhecimento técnico-educacional para gerir essas questões no sentido de atender sua percepção pessoal de consumo e trabalho. Na prática, em nossos dias, o jovem pouco valoriza o trabalho, porém usa uma parte do salário conseguido com seu trabalho para o consumo. Seria o emprego sem a vinculação como atividade peculiar do sentido técnico do trabalho e sim como produção capitalista.

De acordo com a definição do Dicionário do Pensamento Social do Século XX (Outhwaite; Bottomore, 1996, p. 384). O trabalho é o esforço humano dotado de um propósito, envolve a transformação da natureza, através do dispêndio de capacidades físicas e mentais. O emprego, é a relação estável, e mais ou menos duradoura, que existe entre quem o organiza e quem o realiza. É uma espécie de contrato, no qual o possuidor dos meios de produção paga pelo trabalho de outros, que não são possuidores do meio de produção. Em qualquer tipo de consulta aos jovens raramente o mesmo faz a diferença entre trabalho e emprego, porém ganhar dinheiro para poder comprar seus sonhos de consumo é muito importante. Em relação ao autoconhecimento técnico educacional, o artigo de Pochmann (2007), intitulado “Situação do jovem no mercado de trabalho no Brasil: um balanço dos últimos 10 anos” encontrou o seguinte levantamento:

No ano de 2005, a população na faixa etária de 15 a 24 anos alcançou 35,1 milhões de pessoas, o que representou 19% do total da população brasileira. Do conjunto dos jovens, 65,3% eram ativos no mercado de trabalho (na condição de ocupado ou de desempregado) e somente 46,8% estudavam. [...] Não obstante, o crescimento da presença de jovens na escola, ainda prevalece no país a maior parcela da faixa etária de 15 a 24 anos que não estuda (53,2%), sendo menor entre as mulheres (52,4%) do que em relação aos homens (53,6%). Ademais, observa-se também que o avanço de 39,4% na quantidade de jovens que passaram a estudar entre 1995 e 2005 não implicou redução na taxa de atividade juvenil no interior do mercado de trabalho. Ou seja, o jovem buscou elevar a escolaridade combinando com a atividade laboral, indicando que o Brasil tem jovens que trabalham e estudam, ao contrário da tendência dos países desenvolvidos de postergação do ingresso juvenil no mercado de trabalho para ampliação da escolarização. Para muitos jovens, quando não há trabalho, tampouco pode haver acesso à escola, tendo em vista a ausência de financiamento dos custos vinculados à educação para alguém com mais de 15 anos de idade. (POCHMANN, 2007, p.5).

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Pelo que foi apresentado anteriormente, fica clara a necessidade de orientar o jovem no sentido de valorizar o seu trabalho, dissociando seu resultado financeiro do consumismo motivado pelo aparato midiático de propagandas apelativas.

O Brasil acompanha o mundo, quanto ao modelo tradicional de trabalho, no que tange ao esclarecimento inicial sobre a área profissional de atuação, é importante informar ao jovem que de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO, 2009), no item “Listagem das Profissões Regulamentares no Brasil” existem 63 profissões regulamentadas à disposição do trabalhador brasileiro. A CBO apresenta cada uma destas profissões, constituindo-se uma importante ferramenta para quem pretende ingressar no mercado de trabalho. Diante desse quadro, a expectativa positiva sobre a reflexão do jovem para organizar seu futuro através do trabalho, seria no seu próximo passo, a escolha profissional.

2.2 ESCOLHA PROFISSIONAL

Estudar o fenômeno da escolha profissional a partir de um recorte focado nos jovens que escolheram a carreira militar pode significar uma proposta diferente das pesquisas sobre as escolhas dos demais jovens na mesma faixa etária. A visualização do processo de escolha por uma profissão militar ou civil pode estabelecer vários parâmetros comuns, outros nem tanto, como veremos no momento da decisão da escolha, posteriormente na conjugação de questões familiares e valorização pessoal, nas relações sociais e históricas, dos níveis de informações e finalmente dos fatores ocultos que podem estar, de forma discreta, influenciando os jovens.

Sendo a decisão pessoal do jovem e de acordo com Bock (2002), a escolha profissional é uma conquista por seu próprio esforço, estudo, luta e trabalho. Ao enfrentar a decisão da escolha, o jovem, segundo Levenfus (1997), cumpre o ritual de passagem, obriga-se a se situar temporalmente, tomar seu lugar na família e se definir como adulto. O jovem com opção da profissão militar no dia da formatura, além do certificado de conclusão de curso, faz o juramento, onde promete “morrer” em defesa da Pátria. Na profissão civil, o formando assume um compromisso ético ao receber o diploma.

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Na sequência, é importante para o jovem seu lugar na família, com independência econômica. Segundo Lucchiari (1998), o indivíduo reconhece os valores de sua família como sendo seus. Em conjugação, Soares (2002) aponta que em nossa sociedade a valorização pessoal dá-se em razão do status profissional adquirido, que são os valores que o capitalismo transmite à sociedade para um projeto de vida. O status social que a profissão oferece e também o retorno financeiro para assumir, de certa forma, a posição de adulto. A diferença desses aspectos está no prazo para alcançá-los, tanto o status como o retorno financeiro, pois para o jovem que escolhe a profissão militar, no caso de sargento é praticamente imediato, dois anos, enquanto o jovem da opção por profissão civil, completa sua graduação de acordo com sua disponibilidade de tempo.

De acordo com Bock (2006), a liberdade de escolha só aparece após a Segunda Revolução Industrial, e de acordo com Lucchiari (1998), antigamente as famílias privilegiavam ter um filho militar, padre ou médico, pois essas eram profissões de maior poder na sociedade, além disso, anteriormente, a profissão estava associada ao ambiente familiar do jovem, ou seja, filho de militar seria militar. Acrescenta ainda, Bock (2002), que o histórico da escolha também é datado, tendo seu ponto inicial quando ao ser humano lhe foi dado à oportunidade de poder escolher sua profissão.

O aspecto da informação, conforme Bock e Aguiar (1995) e Lehman (1995), salienta a importância dos meios de comunicação em massa na determinação da escolha profissional dos sujeitos. Tais meios, são responsáveis pela disseminação de informações a respeito das profissões, mediante suas representações em novelas, jornais e propagandas, as quais subsidiam a formação de imagens profissionais na sociedade. Por outro lado, Levenfus e Nunes (2002) salientam que é significativa a falta de informações que o jovem demonstra tanto no que se refere às profissões quanto ao mercado de trabalho. A falta de informações sobre a realidade das profissões pode acarretar em escolhas baseadas predominantemente em crenças, mitos e representações veiculadas socialmente.

No propósito de integrar os aspectos anteriores, a pesquisa propõe ressaltar se durante sua escolha o jovem estava ciente que toda a profissão tem forma e conteúdo, pois quando o indivíduo examina uma profissão apenas pela forma, o estereótipo da profissão pode estar sendo influenciado por fatores ocultos. Algumas influências são ocultas, pois passam despercebidas do próprio sujeito, elas agem de

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forma discreta, levando o indivíduo sem orientação de um profissional à possibilidade de cometer enganos na hora da escolha.

A visão romântica da profissão, as frustrações da família, as ilusões do mercado de trabalho e erros de avaliações constituem o grupo de influências ocultas que mais interferem no momento da escolha da profissão. Como a carreira civil é farta de exemplos no texto de Whitaker (1997) sobre os fatores ocultos, será feita uma analogia com exemplos apenas da profissão militar.

Primeiramente, a visão romântica, na parada de Sete de Setembro, a mídia normalmente edita os flashes dos militares que passam com seus uniformes característicos, perfilados com garbo que pode refletir um status de notabilidade profissional e pode induzir o jovem a uma escolha nesta área, que não espelha a pesada tarefa de futuramente labutar num complexo ambiente de dedicação singular, com o qual seu perfil profissional poderia não estar adequado. Esse movimento visual gera um dos fatores oculto que o jovem deve refletir como conteúdo profissional que pode lhe causar frustração.

O outro exemplo na carreira está ligado à família, pois algumas vezes um determinado parente sempre quis ser militar, as vontades paternas para a escolha profissional dos filhos, que podem estar, inconscientemente, empurrando os filhos para a profissão que os mesmos desejaram um dia e que por um motivo ou outro, não tiveram êxito. Em relação ao mercado de trabalho, na comparação com outras profissões, funciona como atrativo vinculado ao retorno financeiro imediato e a estabilidade, o que pode não se confirma posteriormente.

Os erros de avaliação, em que alguns jovens pensam que militar é profissão só de homem, o sexismo, já ultrapassado no Exército (Whitaker, 1997). Estando o jovem consciente da sua escolha profissional será necessário resolver qual carreira atende suas necessidades pessoais.

2.3 CARREIRA

O trabalho desperta o sujeito para escolha de uma profissão, normalmente evidenciado em uma carreira. Até os anos de 1970 a carreira espelha um modelo tradicional com características sintetizadas na posição hierárquica, carreira como

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profissão e a estabilidade. Martins (2001 apud KILIMNIK; SANT´NNA; CASTILHO, 2008), explicam cada um desses aspectos como limites da definição de carreira. A hierarquia representa a promoção nuclear e vertical nas organizações, com reflexos na importância maior do cargo e também no ganho financeiro. Em resumo, esta etapa seria o plano de cargos e salários. A carreira como profissão seria na verdade uma associação bem ao estilo senso comum entre as duas palavras, a carreira do médico, do militar, enquanto isso o operário da construção civil não teria carreira e sim, o ofício de pedreiro. O último aspecto, a estabilidade, comportaria a segurança de um jovem envelhecer trabalhando na mesma empresa.

Para completar a introdução, nesses aspectos delimitadores da definição de carreira será feita uma breve comparação entre a carreira militar e civil no contexto atual. A posição hierárquica na carreira civil funciona de forma vertical associada a ganhos financeiros significativos por parte do funcionário na organização, enquanto na carreira militar, embora também vertical, a diferença do soldo entre as graduações são mínimas. A carreira de um profissional civil não impede do mesmo atuar em qualquer outra área de trabalho, entretanto o militar é proibido, por lei, desempenhar outra atividade fora da sua ocupação profissional, estando no serviço ativo. A terceira característica, a estabilidade na carreira, configura o principal paradoxo motivador deste trabalho, pois sendo a carreira militar considerada estável, como um sargento de carreira leva dez anos em um período probatório de intensa rigidez profissional, para alcançar a estabilidade, enquanto no meio civil seria no máximo de dois anos, no caso do servidor público civil.

Outro encadeamento seriam as mudanças do mundo do trabalho. Segundo Chanlat (1996 apud KILIMNIK; SANT´NNA; CASTILHO, 2008), essas mudanças trouxeram o declínio da carreira tradicional, que está relacionado a diversos fatores, como: penetração crescente das mulheres no mercado de trabalho, necessidade de mudança nas organizações, globalização da economia, competitividade e turbulência ambiental, flexibilização do trabalho, entre outros aspectos inibidores do processo tradicional de carreira. O contraponto visualizado em contraste a carreira tradicional seria a carreira proteana, caracterizada pelos relacionamentos dirigidos pelo indivíduo, não pela organização e sujeita a reinvenção pela própria pessoa de tempos em tempos, a partir das mudanças no ambiente e na própria pessoa. O conceito de “carreira proteana” foi criado em 1976 por Hall e refere-se a um processo:

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(...) que a pessoa, não a organização, está gerenciando. Consiste de todas as variadas experiências da pessoa em educação, treinamento, trabalho em varias organizações, mudanças no campo ocupacional, etc. A carreira proteana não é o que acontece a uma pessoa em qualquer organização. As próprias escolhas pessoais de carreira e busca por auto-realizarão da pessoa proteana são os elementos integrativos e unificadores em sua vida. O critério de sucesso é interno (sucesso psicológico), não externo. Em resumo, a carreira proteana é desenhada mais pelo indivíduo que pela organização, e pode ser redirecionada de tempos em tempos para atender às necessidades da pessoa. (HALL, 1996, apud MARTINS, 2001, p.32).

Para o autor, o mito de Proteus, revela elementos observados no profissional contemporâneo, a habilidade de gerenciar sua própria carreira.

Para fazer uma comparação entre as duas carreiras tradicional e proteana, o Quadro 1 pode contribuir para uma distinção mais clara:

Área Tradicional Proteana

Desenvolvimento Orientação para o empregado Definição do sucesso no ambiente organizacional Mobilidade geográfica, treinamento formal e objetivo de longo prazo. Valoriza e serve a organização. Relacionamento com a organização é importante, fornece possibilidade de crescimento, lealdade e comprometimento. Aprendizado contínuo, envolvimento em projetos – chave. Autonomia, responsabilidade Pessoal e auto-focada.

O fundamental é a tarefa e não o relacionamento com a

organização; isso promove a Intensificação de oportunidades, habilidades/ conhecimentos Quadro 1: Distinção entre carreira tradicional e proteana

Fonte: McDonald, Brown e Bradley (2004 apud ANDRADE, 2009) 

Finalmente, o tópico da carreira, no que tange ao sargento no período probatório, pode sugerir um processo híbrido entre a carreira tradicional e “sem fronteiras”? Em que momento o graduado deve refletir sobre o assunto? O Exército, na alta cúpula, pensou nessa possibilidade de carreira alternativa, com os graduados, já que existe precedente com os médicos? Para tal, uma comunicação interpessoal, seria bem interessante ao jovem com desejo de seguir a carreira militar e realizar um ótimo planejamento de carreira com bases sólidas no seu projeto de vida.

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2.3.1 Planejamento de carreira

O planejamento de carreira concentra o principal enfoque da presente pesquisa, por dois motivos principais: o primeiro, na relação direta do que é oferecido ao futuro sargento pelo Exército, no sentido de realizar seu objetivo, chegar à estabilidade e, no segundo momento, seu planejamento de carreira como projeto de vida. Segundo Lopes (2004), planejar é refletir, na seqüência o seu artigo apresenta a construção do mapa da carreira dividido em quatro etapas: objetivos, metas, estratégias e o gerenciamento do planejamento. Esse texto pode ajudar o sujeito a organizar o planejamento de qualquer carreira, fazendo é claro as adequações cada uma ao seu estilo.

Inicialmente é necessário focar no planejamento, conforme diz Jackson de Toni3:

O Planejamento Estratégico e Situacional, sistematizado originalmente pelo economista chileno Carlos Matus, diz respeito à gestão de governo, à arte de governar. Quando nos perguntamos se estamos caminhando para onde queremos, se fizemos o necessário para atingir nossos objetivos, estamos começando a debater o problema do planejamento. A grande questão consiste em saber se somos arrastados pelo ritmo dos acontecimentos do dia-a-dia, como a força da correnteza de um rio, ou se sabemos aonde chegar e concentramos nossas forças em uma direção definida. O planejamento visto estrategicamente, não é outra coisa senão a ciência e a arte de construir maior governabilidade aos nossos destinos, enquanto pessoas, organizações ou países.

Segundo White (2008), o papel do planejamento não está nem no passado nem no presente e sim no futuro e destaca as palavras do industrial Charles Kettering: “Espero passar o resto da minha vida no futuro; sendo assim, quero ter uma certeza relativa do tipo de futuro que encontrarei. Esse é motivo pelo qual planejo”.4

A primeira etapa, do mapa de carreira, é claro, a delimitação ou estabelecimento dos objetivos, o sonho, o desejo de algo no futuro, que só se torna concreto, quando estiver escrito, pois assim poderão indicar foco e direção as



ϯEconomista, Técnico em Planejamento da Secretaria de Planejamento do Rio Grande do Sul e

professor universitário na ULBRA e UERGS, in “Revista Espaço Acadêmico”, n° 32, janeiro de 2004.

4 Charles J. Givens. Wealth without risk. New York: Simon and Shuster, 1988, p. 21.

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nossas atividades (Lopes 2004). Conforme Rosa (2011, p.18), a definição de objetivo é de capital importância, pois objetivo equivocado leva a desvio, perda de recurso e esforço. E acrescenta o autor “pessoas mais eficientes são aquelas que sabem com maior clareza onde querem chegar.”

Tendo o objetivo traçado, o sujeito deve estabelecer suas metas para alcançá-lo. Embora semelhante aos objetivos, as metas precisam ser medidas, com isso aparece a característica da meta que faz diferenciação do objetivo, a quantificação. O principal elo entre as duas etapas, segundo Lopes (2004), seria a mesma flexibilidade para retomar os desvios que possam aparecer.

Na sequência Lopes (2004), coloca a etapa definida como estratégia, cujos conceitos são vários: ações utilizadas para viabilizar as metas, escolhas, respostas e perguntas sobre como atingir as metas, entre outros. Conclui o autor que a estratégia eficaz é aquela que estabelece a ligação perfeita da saída e da chegada da meta. Para Rosa (2011), a estratégia é um conjunto de decisões tomadas com a finalidade de garantir a realização dos objetivos e resume a estratégia como sendo: pensar e decidir. Existe diferença entre Lopes e Rosa, na denominação da etapa de meta no planejamento, Rosa chama de passos menores.

Segundo Lopes (2004) o gerenciamento do planejamento seria a revisão constante de todas as etapas, para tal, o dono do mapa deve ter em mente alguns conceitos primordiais: o foco, a percepção nítida do objetivo, a circulação, rede de relacionamento e a disponibilidade, estar pronto, preparado e presente.

Rosa (2011), nesta mesma linha, contempla outros caminhos para desenvolver o planejamento de carreira como projeto de vida profissional. Conforme o autor o início do planejamento começa com a missão que seria o que a pessoa realmente quer fazer, só depois define os objetivos e posteriormente as estratégias que vão definir o plano operacional. E também descreve os principais erros que pode cometer o sujeito durante a condução da carreira que seriam: concentrar-se no que gosta de fazer; dedicar-se a atividade da qual não gosta; confundir-se com o cargo; agir como “livre atirador”; achar que a força está em você; não mudar o suficiente; distrair-se; perder o foco; fiar-se no talento; isolamento e dosagem errada de ousadia.

Considerando que as relações genéricas do fenômeno planejamento de carreira já estão contempladas, é importante neste momento ressaltar o dilema particular do jovem que decide pela carreira militar ao completar o ensino médio ou

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mesmo antes. As principais opções para profissão militar de carreira, oferecidas pelo EB, podem ser agrupadas nos níveis técnicos e superiores. A carreira no nível superior começa na Escola Preparatória de Cadetes5 do Exército (EsPCEx), onde o candidato cursa o terceiro ano do ensino médio, cuja síntese para um futuro aluno seria:

A Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), localizada na cidade de Campinas, SP, é o estabelecimento de ensino militar do Exército responsável por selecionar e preparar os jovens para o ingresso na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), iniciando a formação do oficial combatente do Exército Brasileiro.

As inscrições para o concurso acontecem anualmente nos meses de junho e julho e são feitas pela internet (CCOMCEX).

O aluno da EsPCEx, depois de formado segue para a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), onde o destino do futuro cadete seria:

A AMAN, localizada em Resende-RJ, é o estabelecimento de ensino que forma oficial combatentes de carreira do Exército Brasileiro.

Ao longo dos quatro anos de formação, são realizadas atividades que se fundamentam no desenvolvimento de atributos das áreas afetiva, cognitiva e psicomotora necessários à profissão militar.

Sua grade curricular inclui disciplinas ligadas às ciências militares, exatas e humanas. Ao final do curso, o concludente é declarado Aspirante a Oficial e recebe o diploma de Bacharel em Ciências Militares.

O ingresso na AMAN ocorre exclusivamente por intermédio da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), situada em Campinas (SP). As inscrições para o concurso acontecem anualmente nos meses de junho e julho e são feitas pela internet (CCOMSEX).

Não seguindo a carreira para o oficialato, nível superior, o jovem que optar pelo nível técnico, deverá prestar concurso para a Escola de Sargentos das Armas (EsSA). Sendo a escola formadora do sujeito dessa pesquisa, o sargento de carreira do EB, é necessário destacar o caminho percorrido pelo jovem para se tornar sargento do EB, da escolha até a formatura na escola, passando pelos diversos momentos do curso:

A EsSA, localizada na cidade de Três Corações, MG, é o estabelecimento de ensino militar do Exército responsável pela seleção e formação dos sargentos de carreira das Armas do Exército Brasileiro.



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Quando aprovado, o aluno realizará um período básico de instrução em uma das treze Organizações Militares das seguintes cidades: Altamira-PA, Fortaleza-CE, Recife-PE, Jataí - GO, Juiz de Fora - MG, Pouso Alegre-MG, Campo Grande-MS, Rio de Janeiro-RJ, Jundiaí-SP, Blumenau-SC, Alegrete-RS e Pirassununga-SP.

O período de qualificação é realizado em 03 (três) estabelecimentos de ensino militar do Exército:

Na EsSA, são formados os sargentos de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações, que são as chamadas “armas” com atuação na linha de frente do combate.

A Escola de Sargentos de Logística, situada no Rio de Janeiro-RJ, forma os sargentos de Material Bélico (responsáveis pela manutenção de viaturas e armamento), Manutenção de Comunicações (equipamento rádio), Topografia, Intendência (área administrativa), Saúde e Música. São os militares que apóiam o combate.

Centro de Aviação do Exército, situado em Taubaté-SP, forma o sargento encarregado pela manutenção de equipamentos de aviação.

O período de qualificação visa aprimorar os aspectos do Período Básico e preparar o sargento para ocupar, efetivamente, cargos destinados de acordo com sua formação (CCOMSEX).

Após, retratar pelo menos em parte, o sistema de ensino do EB, que influenciou diretamente no momento da escolha do sargento de carreira e sua formação, o trabalho da pesquisa fica na dependência de coletar dados de campo, através de contato com os sujeitos que estão vivenciando a realidade do cotidiano durante o período probatório da carreira do graduado. A carreira do sargento durante a etapa que antecede a sua estabilidade é possivelmente diferente de todas as outras profissões, com início, meio e final, feliz ou não, no prazo de dez anos. No começo da carreira, em sua chegada a OM, oriundo da EsSA, é marcada por uma expectativa muito grande. O primeiro trabalho efetivo, dentro da profissão escolhida, a profissão militar. Aos poucos, a carreira militar, mostra o lado das responsabilidades inerentes de uma carreira sistemática, em relação às promoções. O graduado logo percebe que para ser promovido depende de vários conceitos, laterais (pares mais antigos) e superiores subjetivos, principalmente do olhar atento do comandante da OM. O segundo momento importante na carreira do sargento é a primeira transferência, pois embora o militar saiba da possibilidade da mesma, quando ocorre, sua rede social fica sem saber como é mudar de cidade, de colégio, tudo de repente, entre outras consequências de difícil superação. No terceiro momento, já próximo a estabilidade é o tempo de avaliar seus resultados pessoais para definir, caso ainda não tenha feito, o seu projeto de vida, talvez numa “carreira proteana” ou sedimentar a carreira tradicional no EB.

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Conforme os resultados do processo inicial do projeto de vida, uma parte da juventude que escolheu a carreira militar, dependendo da situação em que se encontra, pode estar se perguntando, quem é o militar? Para tentar responder essa pergunta, colocou-se como ultimo tópico do referencial teórico uma apresentação do militar na esfera dos parâmetros legais da instituição, apontando quais são os militares dentro dos graus hierárquicos e o conceito do militar vinculado à sua profissão, enfim as principais regras para a decisão de ser militar.

2.4 MILITAR

O militar para atuar profissionalmente, enquadrado no EB, deve estar disposto a conviver dentro das bases reguladoras da instituição, a hierarquia e a disciplina. Segundo o Estatuto dos Militares (1980) reza, em seu art. 14, o seguinte: “A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico”. O § 1º deste mesmo artigo preceitua: “A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autoridade”. A hierarquia deve estar ligada à virtude da camaradagem, tanto que os círculos hierárquicos têm a finalidade “de desenvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo”, como estabelece o artigo 15 do mencionado Estatuto. E conjuntamente, a disciplina, conforme o § 2º, do art. 14, do Estatuto dos Militares, assim conceitua disciplina: “É a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo”.

Os componentes do EB, dentro do grau hierárquico e abreviatura dos postos e graduações são os seguintes:

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POSTO ABREVIATURA

Marechal Mar

General-de-Exército Gen Ex

General-de-Divisão Gen Div

General-de-Brigada Gen Bda

Coronel Cel

Tenente-Coronel Ten Cel

Major Maj Capitão Cap Primeiro-Tenente 1° Tem Segundo-Tenente 2° Tem Aspirante-a-oficial Asp GRADUAÇÃO Cadete Cad Subtenente ST ou Subten Primeiro-Sargento 1° Sgt Segundo-Sargento 2° Sgt Terceiro-Sargento 3° Sgt Cabo Cb Soldado Sd Taifeiro-Mor TM Taifeiro-de-Primeira-Classe T1 Taifeiro-de-Segunda-Classe T2

Quadro 2 – Graus hierárquicos

Fonte: Portaria Normativa nº 513, (BRASIL, 2008) 

Para complementar o fenômeno de planejamento de carreira, dessa pesquisa, o conceito de militar será vinculado à profissão militar, conforme o site do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX), como:



"Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida.

Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos. A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de celebrá-la. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares...

Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; como se os cobres do pré pudessem pagar a liberdade e a vida. Publicistas de vista curta acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a servidão.

Eles, porém, calados, continuam guardando a Nação do estrangeiro e de si mesma. Pelo preço de sua sujeição, eles compram a liberdade para todos e os defendem da invasão estranha e do jugo das paixões. Se a força das coisas os impede agora de fazer em rigor tudo isto, algum dia o fez, algum dia o fará. E, desde hoje, é como se o fizessem. Porque, por definição, o homem da guerra é nobre. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina". (MONIZ BARRETO -

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Carta a El-Rei de Portugal, 1893). Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX).



“Antiguidade é posto”, pode ser um chavão militar, porém o conceito acima poderia dizer tudo ontem, hoje e sempre da profissão militar. Entretanto, os diferentes momentos da vida política do Brasil, creditam, ao militar, a oportunidade ambígua de vilão ou herói. Na opinião da sociedade brasileira, conforme Rodrigues (2008), a identidade militar precisa ser repensada, pelo militar em todos os graus da hierarquia para cumprir bem sua missão de servir à Pátria. Finalmente, para se chegar ao objetivo, de retratar o planejamento de carreira durante o período probatório, só poderá ser alcançado com a coleta e análise de dados, quando se pretende apresentar um questionamento para ressaltar o papel do sargento de carreira na estrutura do Exército Brasileiro.

  

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