• Nenhum resultado encontrado

Relação do desempenho econômico-financeiro com a política de dividendos em empresas brasileiras

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relação do desempenho econômico-financeiro com a política de dividendos em empresas brasileiras"

Copied!
31
0
0

Texto

(1)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FINANÇAS E MERCADO DE CAPITAIS

ANDRÉ LUIS GAY

RELAÇÃO DO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO COM A POLÍTICA DE DIVIDENDOS EM EMPRESAS BRASILEIRAS

Orientadora: Profª Maria Margarete Baccin Brizolla, Dra

Ijuí (RS), 2018

(2)

RELAÇÃO DO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO COM A POLÍTICA DE DIVIDENDOS EM EMPRESAS BRASILEIRAS

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado ao curso de pós-graduação Lato Sensu em Finanças e Mercado de Capitais, do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Finanças e Mercado de Capitais.

Orientadora: Profª Maria Margarete Baccin Brizolla, Dra

Ijuí (RS), 2018

(3)

RELAÇÃO DO DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO COM A POLÍTICA DE DIVIDENDOS EM EMPRESAS BRASILEIRAS

RELATIONSHIP OF ECONOMIC AND FINANCIAL PERFORMANCE WITH THE DIVIDEND POLICY IN BRAZILIAN COMPANIES

André Luis Gay1

Maria Margarete Baccin Brizolla2

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo identificar a relação dos indicadores econômico-financeiros na distribuição de dividendos em 450 companhias brasileiras listadas na B3. Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, com análirealizou-se documental dos relatórios financeiros de 2014 a 2016, realizou-sendo que os dados foram coletados na base da Economática para então serem utilizadas a estatística descritiva, a correlação de Pearson e a regressão de dados em painel. Os resultados encontrados demonstraram que a rentabilidade, o fluxo de caixa e o tamanho são os indicadores que mais influenciam na decisão das políticas de dividendos das empresas. Os demais determinantes variam, apresentando menor significância ou intensidade, merecendo posteriores estudos com recortes específicos.

Palavras Chaves: Política. Dividendos. Desempenho. Econômico. Financeiro. ABSTRACT

This paper aims to identify the relationship between economic and financial indicators in the distribution of dividends in 450 Brazilian companies listed in B3. For this, a descriptive research was carried out, with documentary analysis of the financial reports from 2014 to 2016, and the data were collected in Economática's database to use descriptive statistics, Pearson's correlation and panel data regression. The results showed that profitability, cash flow and size are the indicators that most influence the decision of corporate dividend policies. The other determinants vary, presenting less significance or intensity, deserving further studies with specific cuts.

Keywords: Policy. Dividends. Performance. Economic. Financial.

1 Bacharel em Ciências Econômicas; Pós-graduando do curso de Finanças e Mercado de Capitais da Unijuí; E-mail: andrelg@hotmail.com.

2 Orientadora; Doutora em Ciências Contábeis do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau (FURB); E-mail: marga.brizolla@unijui.edu.br.

(4)

INTRODUÇÃO

As finanças segundo Gitman (2010), conhecidas como a arte e a ciência de administrar o dinheiro, afetam a vida das pessoas e das organizações, e seu envolvimento atinge todas as áreas de uma empresa. Além de entender o ambiente econômico e apoiar-se na contabilidade, o profissional de finanças se concentra na tomada de decisões, analisando e planejando, investimentos e financiamentos.

Dentro das finanças, o segmento mercado financeiro estuda os comportamentos dos mercados, seus títulos e valores mobiliários e as instituições que nela atuam (ASSAF NETO e LIMA, 2014). O mercado financeiro em si, conforme Oliveira, Galvão e Ribeiro (2006), é entendido como o conjunto de intermediários e prestadores de serviços financeiros que possibilitam o encontro e as transações entre fornecedores e demandantes de recursos financeiros.

No contexto de um mercado financeiro eficiente, o valor de um ativo é reflexo do consenso dos participantes com relação ao seu desempenho esperado (CURY, 2007), e a análise de indicadores econômicos e financeiros é fundamental para diagnósticos, planejamento e subsídios na tomada de decisões. Assim, o desempenho econômico-financeiro é definido em termos de maximização da riqueza dos proprietários por meio de medidas de lucratividade, rentabilidade e valor de mercado uma vez que o alcance desse objetivo certamente acarretará uma maior riqueza aos gestores, acionistas e investidores das organizações (BORBA, 2005).

No âmbito da remuneração dos acionistas, a política de dividendos tem grande influência estratégica tanto na sua distribuição em si, quanto na estrutura de financiamento da organização, decidindo parcela de lucros a ser distribuída aos investidores ou a ser retida para investimentos (ASSAF NETO e LIMA, 2014). Desta forma, traduzem-se na parcela de lucro das empresas, pagas aos acionistas, sendo uma das formas de retorno do capital investido (ROSS, WASTERFIELD e JAFFE, 2002).

Tendo em cerne a teoria de finanças empresariais focada na maximização da riqueza dos acionistas, Chiarello, Silva e Nakamura (2014), entendem que a política de dividendos devera prezar pelo equilíbrio entre o pagamento de dividendos e a retenção dos lucros da organização. A vista disto, a manutenção dos indicadores econômicos financeiros e suas interpretações no mercado financeiro, são fatores de influência na avalição de um ativo (CURY, 2007), da mesma forma, fatos relevantes como a política de dividendos podem afetar interpretações de investidores. Diante do exposto tem-se a seguinte questão de investigação:

(5)

qual a relação do desempenho econômico-financeiro com a política de dividendos em empresas brasileiras listadas na B33?

Leite, Bambino e Hein (2017) analisaram a relação entre a política de dividendos e o desempenho econômico financeiro em empresas brasileiras e chilenas. De maneira próxima, Viana Junior e Ponte (2016) examinaram indicadores econômicos como determinantes da política de dividendos de companhias brasileiras e norte americanas. Outrossim, Rabelo, Ponte, Viana Junior e Domingos (2017) investigaram a relação entre os dividendos distribuídos e o desempenho futuro de empresas listadas na BM&FBovespa.

É com apoio nessa discussão que o estudo se justifica, oferecendo subsídios e enriquecimento de estudos relacionados à temática. Nesse sentido, o estudo é distinto dos demais por propor identificar a relação entre o desempenho econômico-financeiro com a política de dividendos, considerando que outros estudos têm tratado esta relação juntamente com empresas estrangeiras (LEITE et al, 2017; VIANA JUNIOR e PONTE, 2016) ou sobre perspectiva especifica da Teoria da Sinalização (RABELO et al, 2017), enquanto que este estudo analisa empresas especificamente brasileiras e relacionando indicadores de desempenho econômico-financeiro com indicadores de políticas de dividendos.

2 BASE CONCEITUAL

Tendo como base os objetivos e a justificativa desta analise são abordados nesta seção os eixos teóricos contemplando: teoria de finanças, mercado financeiro, desempenho econômico financeiro, política de dividendos, e por fim os estudos anteriores. Desta forma busca-se explanar discussões já realizadas por outros autores, seus resultados obtidos e a subsidiar este estudo empírico.

2.1 Teoria de finanças

A função vital de um administrador financeiro é criar valor a partir das atividades de orçamento de capital, financiamento e liquidez da empresa, tomando decisões orientadas para o futuro, em ambientes sem total certeza dos resultados, com inúmeras variáveis (CURY, 2007). As finanças, presentes praticamente na totalidade das áreas empreendedoras, seja qual for a atividade empresarial ou ainda pessoal implicará na alocação de recursos financeiros,

(6)

Frankenberg (1999) transmite que o planejamento financeiro pessoal tem objetivos análogo aos das empresas, pois visam crescimento de seus patrimônios, geração de riqueza para os acionistas assim o como para o indivíduo e sua família.

O processo de planejamento financeiro, seja empresarial ou pessoal, de acordo com Lemes Jr., Cherobim e Rigo (2002) é importante instrumento para a estratégia e à administração, pois oferece condições para elaborar política de crescimento e conferir sustentação financeira de suas atividades sem colocar em risco as finanças, contribuindo para o crescimento profissional e pessoal.

Conforme Famá, Cioffi e Coelho (2008) a evolução das finanças percorre o século XX: Finanças Antigas, de 1930 a 1950, Finanças Modernas, de 1950 a 1990 e Finanças Comportamentais, de 1990 em diante. Tendo a formulação moderna da teoria de finanças a adoção de premissas de racionalidade dos tomadores de decisão e de imprevisibilidade dos mercados, com paradigmas fundamentados em trabalhos de acadêmicos, como: Miller e Modigliani (1958, 1961), Markovitz (1952), Sharpe (1964), Scholes e Black (1972).

Para Camargos, Silva e Dias, (2009) os momentos iniciais do campo das finanças focalizavam a normatização e a padronização das demonstrações contábeis, permitindo comparações entre organizações, além dos direitos dos títulos de crédito e dos procedimentos do mercado financeiro voltados à captação de recursos. Na evolução da área de finanças houve um deslocamento do seu foco, anteriormente no dia-a-dia financeiro da empresa, para a utilização de modelos matemáticos capazes de fazer leituras de cenários e ambientes, em que a informação é fator imprescindível.

Segundo Assaf Neto e Lima (2014) as finanças corporativas, a exemplo de outras ciências, incorporaram em seu arcabouço as evoluções do mundo contemporâneo, métodos de avaliação e conteúdo conceitual inicial foram abrangendo diversas atualizações, e elevando sua importância para as empresas. Podem-se entender as finanças como área de conhecimento que engloba três grandes blocos: mercado financeiro, finanças corporativas e finanças pessoais.

Megliorini e Vallim (2009) mostram que a função financeira em uma empresa reúne as atividades de obtenção mais favorável de recursos, e aplicação de maneira eficaz visando alcançar seus objetivos. As finanças corporativas vêm de encontro aos principais objetivos considerados pelas empresas e seus acionistas: maximização de lucros, geração de valor e remuneração do capital investido.

Criar valor está geralmente focado no acionista. O conceito resume-se em obter um ganho dos investimentos (alocação de capital) superior ao custo do financiamento. Em outras palavras, uma empresa cria valor quando for capaz de apurar um ganho em seus ativos maior que o custo total de seus passivos e patrimônio líquido. Criar valor é uma missão da empresa. (ASSAF NETO E LIMA, 2014, p. 8).

(7)

Para Camargos et al (2009) a área de finanças tem como objetivo principal a maximização da riqueza dos proprietários das empresas, tomando decisões de investimento, de financiamento e de destino dos lucros (política de dividendos), em um ambiente de valorização das práticas de governança corporativa e de responsabilidade socioambiental.

No contexto de uma economia cada vez mais globalizada, e influenciada por inúmeros fatores e variáveis que fogem às fronteiras geográficas, tomar decisões e gerir negócios se tornou muito mais complexo, para Gitman (2010, p. 3) “finanças diz respeito ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre as pessoas, empresas e órgãos governamentais”.

No aspecto jurídico, empresas se organizam como firmas individuais, sociedades limitadas, e as sociedades anônimas (S.A.) que tem capital social dividido em ações, e seus sócios, neste caso, os acionistas. Gitman (2010), caracteriza a primeira como empresa pertencente a uma só pessoa, buscando lucro para si, e respondendo patrimonialmente de forma ilimitada perante a credores. As sociedades limitadas envolvem dois ou mais proprietários, estabelecidas pelo contrato social, e os proprietários geralmente com responsabilidade ilimitada.

Nas sociedades por ações (S.A.), como também são conhecidas as sociedades anônimas, os proprietários têm responsabilidade limitada ao seu investimento e são regidas por estatutos, que segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002, p. 31) “são as normas a serem adotadas pela sociedade para governar sua própria existência, e dizem respeito a seus acionistas, diretores e executivos”. Enquanto nas firmas individuais e nas sociedades limitadas pode haver certa informalidade na tomada de decisões ou na administração, nas sociedades anônimas, a assembleia dos acionistas é a maior autoridade, definindo sua atividade, destino de lucros, patrimônio, elegendo diretores e alterando estatutos (OLIVEIRA, GALVÃO e RIBEIRO, 2006).

Segundo Perobelli e Famá (2002) dentro da estrutura de capital da empresa, os recursos para os investimentos são fornecidos às empresas pelos acionistas – este recurso compreendido como o capital próprio da companhia – e pelos detentores de títulos de dívidas emitidos pela empresa – credores. Os credores sendo remunerados na forma de juros e os acionistas a partir dos lucros gerados.

Como o capital de terceiros tem prazo e amortizações definidos e o capital próprio fica na empresa por tempo indeterminado, o primeiro implica em custo de capital menor, além de ter dedutibilidade fiscal dos pagamentos de juros. Neste ponto, Perobelli e Famá (2002, p. 34) também ressaltam a importância na utilização de fontes de financiamento, em de que “nenhuma

(8)

decisão de investimento pode ser tomada sem que sejam considerados os custos de financiamento - apurados a partir da combinação entre endividamento e capital próprio.”

Quadro 1 – Estrutura de capital

Balanço Patrimonial Ativo Passivo circulante } Capital de dívida (terceiros) } Estrutura de capital total Exigível a longo prazo

Patrimônio líquido Ações

Lucros Retidos } Capital próprio Fonte: Elaborado pelo autor com base em nas bibliografias consultadas (2018).

Desta forma, a estrutura de capital de uma empresa é uma variável de grande complexidade e que influencia diretamente as decisões financeiras, e a relação entre capital de terceiros e capital próprio pode gerar alto ou baixo custo de capital e impactar em seu valor de mercado. Nesse sentido, para Cury (2007), o custo do capital próprio, do ponto de vista do conceito de custo de oportunidade, é a melhor remuneração que os proprietários podem conseguir, empregando seu dinheiro fora da empresa.

Os acionistas ou investidores no mercado de capitais podem caracterizar-se em investidores individuais, pessoas físicas ou pessoas jurídicas, que atuam individualmente no mercado, e ainda investidores institucionais. Estes, segundo Oliveira et al (2006), que são os fundos de investimento, fundos de pensão, ou companhias de seguros, e são considerados os grandes investidores do mercado, pois movimentam grandes valores monetários, podendo reunir recursos de milhares de indivíduos.

Na intenção de assegurar o retorno dos investimentos a governança corporativa revela-se, procurando superar conflitos de interesses entre os administradores e os acionistas, harmonizando propriedade e gestão. Segundo Staub, Martins e Rodrigues (2002, p. 37), “o modelo de maximização de valor para o acionista consiste na valorização dos ativos dos proprietários, ancorada em teorias e circunstâncias pertinentes ao quadro geral da governança corporativa[...]”.

A minimização dos prejuízos causados pelos conflitos de interesse entre tomadores de decisão e fornecedores de recursos depende da presença de um conjunto de mecanismos internos e externos que alinhem os interesses dos gestores aos de todos os acionistas. A este conjunto de mecanismos de incentivo e controle dá-se o nome de governança corporativa (SILVEIRA, 2004, p.13).

Esta estrutura de governança corporativa é empregada para orientar e monitorar a empresa por meio do estabelecimento de direitos e deveres dos principais interessados (stakeholders). Segundo Silveira (2004), a importância dada à governança corporativa foi estimulada em grande parte pelos investidores institucionais nos EUA no final dos anos oitenta,

(9)

frente aos casos de abuso de poder dos executivos que naquela época dominavam os conselhos de administração.

Segundo o IBCG - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015) a governança corporativa é definida como o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, órgãos de fiscalização e controle, diretoria e demais partes interessadas.

Em 2002 o Congresso dos EUA aprovou a Lei Sarbanes-Oxley (SOX), como resposta a diversos casos de más práticas empresariais e conflitos de interesses. Seu objetivo é eliminar tais discrepâncias por meio de diversos princípios e rigidez em relatórios, regulamentos e auditorias, e o estimulo de práticas éticas positivas, tornando-se um marco na governança corporativa.

Para Silva (2006) ao criar mecanismos visando minimizar conflitos de interesses as empresas partem de uma ideia de comprometimento com boas práticas e reduzem o risco para investidores, consequentemente podendo valorizar as ações, e reduzindo custos de capital. Para as empresas significa captar recursos a custos menores e para os acionistas maiores dividendos a serem recebidos.

2.2 O mercado financeiro

O desenvolvimento econômico exige a intermediação dos recursos de poupadores e investidores e a isto que o sistema financeiro se constitui, facilitando a captação e a aplicação de recursos por indivíduos (ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2002). Inserido neste sistema financeiro está o mercado de capitais, onde negociam-se as ações e títulos de longo prazo, formando um mercado de corretagem, encontrando ofertantes e demandantes, consistindo nas bolsas de valores.

Para Assaf Neto (2003) as bolsas de valores têm sua existência baseada em proporcionar liquidez aos títulos, permitindo que as negociações fluam em menor tempo, a um preço adequado de mercado, fundado entre o acordo de oferta e demanda. Mercados de distribuição também fazem parte do mercado de capitais, onde uma parte vende seus títulos para uma distribuidora e outra parte compra os mesmos títulos desta, ou seja, sem o contato direto entre comprador e vendedor.

Segundo Megliorini e Vallim (2009) o mercado de capitais atende as necessidades de credito de médio e de longo prazo, principalmente relacionadas a investimentos em ativos imobilizados, sendo operações efetuadas essencialmente com ações e debentures.

(10)

As ações são títulos representativos de uma fração do capital social das sociedades anônimas, refletindo a participação dos acionistas na empresa, da qual se tornam coproprietário, podendo ser ordinárias ou preferenciais. Oliveira et al (2006) ressaltam que as ações ordinárias (ON) proporcionam, além de participação nos resultados da empresa, direito a voto nas assembleias, onde cada ação corresponde a um voto. Já as preferenciais (PN), não permitindo direito a voto, tem a prioridade no recebimento de dividendos.

Assim, quando necessita de recursos financeiros, o emitente recorre ao mercado primário, que conforme Gitman (2010), é um mercado financeiro onde as ações são emitidas originalmente, lançando títulos novos, com a intenção do emitente levantar recursos para si, entrando no caixa da empresa. Por definição, o mercado secundário é onde as ações são negociadas entre os investidores, e o emissor original não está mais envolvido.

Os rendimentos dos investidores no mercado de ações advêm, principalmente, de valorização das ações e do recebimento de dividendos, mas outros rendimentos também são possíveis, como: juros sobre o capital próprio, bonificações e direitos de subscrição. Assaf Neto e Lima (2014) esclarecem que ao se tornar acionista de uma empresa, o investidor pode: participar dos lucros através dos dividendos, juros sobre o capital próprio, ou bonificações; ter o direito de subscrição de novas ações; ou ainda auferir ganho pela valorização do preço da ação.

Com a busca contínua à criação de valor, as empresas necessitam adotar critérios de desempenho que permitam verificar o efetivo sucesso de sua estratégia, assim buscam apoiar-se em indicadores financeiros e de deapoiar-sempenho econômico. A situação econômico-financeira da empresa é revelada com um bom diagnóstico, através de índices corretamente interpretados no seu conjunto e avaliados mediante o confronto com outros índices passados e com os da concorrência (BRAGA, 1995).

O desempenho econômico financeiro é estabelecido como a maximização do patrimônio dos acionistas por meio de indicadores de lucratividade, rentabilidade e valor de mercado. E nesse contexto de criação de valor ao acionista, Assaf Neto e Lima (2014, p. 13) destacam que “evidencia-se uma preocupação com a forma como a empresa é avaliada e com o impacto que cada decisão financeira determina na riqueza”.

Para Gitman (2010) as análises retiradas dos índices interessam aos acionistas, aos credores e aos administradores da empresa principalmente, que não só devem preocupar-se com a situação financeira da empresa, mas também com interesse crítico na impressão que as demais partes têm da empresa. As quatro principais demonstrações financeiras exigidas pela SEC (Securities and Exchange Commission), que regula o mercado de capitais norte americano, são

(11)

demonstrações de resultado, balanço patrimonial, demonstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração dos fluxos de caixa.

Para Assaf Neto (2014), as análises das demonstrações financeiras visam uma melhor avaliação do desempenho das empresas como forma de identificar os resultados das diversas decisões financeiras tomadas, diagnosticando a situação atual da empresa e servindo de base para previsão de tendências futuras. Os índices financeiros constituem as relações entre as contas das demonstrações financeiras que objetiva proporcionar dados sobre o desempenho das empresas, e a análise normalmente é feita sobre certas propriedades, como liquidez, estrutura de capital e rentabilidade dos ativos (SILVA, 2006).

A política de dividendos tem grande importância em finanças, pois consiste na decisão da distribuição ou não dos lucros, bem como o montante a ser distribuído. Além disso, representam os fluxos de caixa para os acionistas, e contém informações úteis no que diz respeito ao desempenho atual e futuro da organização, afetando a percepção que os acionistas têm sobre a organização (LEITE, BAMBINO e HEIN, 2017). Assim, ao sinalizarem ao mercado sua política de dividendos, criam-se expectativas, influenciando no preço das ações e repercutindo no custo de capital próprio. Desta forma, apresentam-se indicadores de desempenho econômico financeiro, de modo a permitir as análises deste estudo.

Quadro 2 – Indicadores de Desempenho

Variáveis Descrição – Objetivo (autor, ano)

CINVEST - Cobertura de

Investimento Mede a capacidade da empresa para cobrir os seus investimentos atuais através de meios gerados no exercício anterior (BARRETO, 2011). ROA - Rentabilidade do

Ativo Total

Taxa de retorno gerado pelos ativos, indicando o retorno gerado por cada unidade monetária investida nos ativos (ASSAF NETO e LIMA, 2014).

GAO - Grau de Alavancagem Operacional

Medida de sensibilidade das atividades sobre a variação do lucro operacional, medindo quanto uma variação de vendas, por exemplo, repercutem no lucro

(ASSAF NETO e LIMA, 2014). GAF - Grau de

Alavancagem Financeira

Mensuração da alavancagem financeira em função da utilização dos recursos de terceiros (ASSAF NETO e LIMA, 2014).

DEQRATIO - Debt to

Equity Ratio Relação entre endividamento e patrimônio líquido (DAMODARAN, 1997). END - Grau de

endividamento montante de capital de terceiros usados para gerar lucros (GITMAN, 2010). Mensura a proporção do ativo financiada pelos credores, representando o FCA - Fluxo de Caixa por

Ação Indicador de capacidade da empresa de pagar dividendos, relacionando o fluxo de caixa por ação com o número de ações em circulação (HELFERT, 2000). TAM - Tamanho da

empresa

Medida do valor contábil do ativo total (CATAPAN, COLAUTO e BARROS, 2003).

LIQ – Liquidez Índice de capacidade de pagamento da dívida no longo prazo, representado pela relação entre a soma do ativo circulante e do ativo realizável a longo prazo e a soma do passivo circulante e o passivo exigível a longo prazo (HOJI, 2010). Fonte: Elaborado com base nas bibliografias consultadas (2018).

Empresas decidem pagar dividendos de percentuais elevados, outras percentuais mínimos, seja qual a escolha, é uma decisão importante e depende da realidade de cada empresa,

(12)

determinando valores pagos aos acionistas e valores retidos para reinvestimento. Para Loss e Sarlo Neto (2003, p. 40) “a política de dividendos não é apenas uma decisão sobre o quanto pagar ao acionista, ela é também uma decisão sobre o quanto ficará retido na entidade, bem como dos motivos que levaram a esta retenção.”

A distribuição de dividendos repercute positivamente o preço da ação, não obstante investimentos produtivos não podem ser descuidados sob pena de prejudicar o progresso dos lucros e, por efeito, o preço da ação. Para Rabelo, Ponte, Viana Junior e Domingos (2017) entende-se como impacto interno a implementação de ações voltadas para o próprio crescimento e desenvolvimento, através do lucro retido. E o impacto externo se dá no relacionamento da empresa com seus acionistas, procurando atendê-los nas mais variadas expectativas.

Para Leite et al (2017) pagamentos de dividendos mais elevados levam à menor lucros retidos e ganhos de capital, e vice-versa, deixando a riqueza total dos acionistas inalterada. Segundo Lintner (1956) uma empresa que tenha distribuído dividendos regulares deve altera-los sempre que os lucros variarem, porem gestores relutam em proceder desta forma, pois acreditam que acionistas prefeririam progressão constante de dividendos. Ainda Lintner (1956) desenvolveu modelo simples onde sugere os dividendos dependem de uma média ponderada dos lucros atuais e passados, e que empresas estáveis distribuem valor superior de seus ganhos em relação a empresas em crescimento.

Para Rabelo et al. (2017) o valor dos dividendos pode ser considerado estratégico, a partir do momento em que for possível incrementá-lo como uma maneira de transmitir sinais positivos para o mercado. As informações relacionadas ao pagamento de dividendos podem fazer o mercado supor que a empresa detém boa saúde financeira, por dispor de caixa excedente para arcar com os dividendos, após suportar plenamente as suas operações e investimentos.

Ross et al (2002) define as variações dos preços das ações refletidas pelas alterações nas distribuições de dividendos de efeito de conteúdo informacional, assim, anúncios sobre aumentos de dividendos são normalmente considerados uma boa notícia, da mesma forma que reduções nos dividendos são considerados má noticia. O reflexo destas informações impacta nas expectativas de mercado e consequentemente no preço das ações, segundo Cury (2007), o valor de uma ação ordinária é determinado pelo valor presente de todos os dividendos futuros esperados que deverão ser pagos sobre a ação.

Desta forma, o papel dos dividendos na teoria de finanças, e sua influência nas cotações é um tema controverso, havendo diferentes teorias que abordam sua relevância para o valor das ações (BUENO,2002). Assim, apresenta-se uma breve abordagem das duas grandes correntes

(13)

de pensamento que nortearam as pesquisas sobre o tema: a teoria da irrelevância dos dividendos e a teoria da relevância dos dividendos.

A teoria da irrelevância dos dividendos, proposta por Modigliani e Miller (1961) preconiza que o valor da empresa, em uma hipótese de mercado perfeito, é determinado exclusivamente pelo poder de geração de resultados e risco e retorno de seus ativos, não sendo influenciado pela forma de distribuição de lucros. Argumentam ainda que, em igualdade de condições de mercado, os dividendos podem afetar o valor da empresa exclusivamente devido ao conteúdo informacional que transmitem, ou ainda pelo efeito clientela, que atrai investidores com padrões de preferência no recebimento de dividendos.

Harmonizando com as opiniões de Modigliani e Miller a teoria residual dos dividendos sugere que o dividendo pago deve ser encarado como um resíduo, sendo um valor remanescente após aproveitadas as oportunidades de investimento, sugerindo então que o retorno esperado pelos investidores não é influenciado pela política de dividendos da empresa (GITMAN, 2010).

No oposto destas, Myron J. Gordon (1963) e John Lintner (1956), sugerem que há relação direta entre política de dividendos e o valor de mercado de uma empresa, com a abordagem de que um pássaro na mão vale mais do que dois voando, de que os investidores consideram os dividendos correntes menos arriscados que os ganhos de capital futuro. Assim, reduzindo incertezas em relação à empresa com o pagamento corrente de dividendos, e atribuindo valor mais elevado às suas ações.

Quadro 3 – Indicadores de Políticas de Dividendos

Variáveis Descrição – Objetivo (autor, ano)

DIVYIELD - Dividend Yield por Ação

Relação entre os dividendos pagos e o preço da ação, demonstrando o ganho ofertado pela ação através de dividendos (ASSAF NETO e LIMA, 2014). PAYRATIO - Payout ratio Percentagem do resultado líquido que é distribuído aos acionistas na forma de dividendo (BARRETO, 2011). PAYOUT - Dividendo Líquido

por Ação Percentual do lucro líquido distribuído na forma de dividendos (BARRETO, 2011). Fonte: Elaborado com base nas bibliografias consultadas (2018).

As teorias existentes não permitem finalizar qual a melhor política de dividendos a seguir, apontando irrelevância (em determinadas condições), outras sugerindo que uma distribuição generosa de dividendos é interessante para maximizar o valor da empresa. Desta forma, aferir do impacto da política de dividendos sobre o valor da empresa torna-se uma questão empírica, que nos faz necessário verificar primeiramente indicadores relativos à política de dividendos.

(14)

2.3 Estudos anteriores

Diversos estudos analisaram impactos da política de dividendos no valor das empresas, tanto nacionais como em mercados estrangeiros, e analisando diversos ramos de atividades, alguns merecendo estudos direcionados em virtude das peculiaridades de cada segmento.

Bueno (2002) realizou estudo empírico de ações que compõem o Ibovespa, considerando o período entre julho de 1994 e dezembro de 1999, disposto a constatar relação entre o nível de distribuição de dividendos e a taxa de retorno das ações. Não encontrou evidências empíricas que indicassem relação entre o nível de distribuição de dividendos e as taxas de retorno das ações, ressaltando o conturbado período econômico e político considerado, que pode ter influenciado nos resultados.

Nossa, Nossa e Teixeira (2007) constataram que no período de 1995 a 2004 as empresas listadas na Bovespa que distribuíram dividendos foram mais eficientes que as empresas que não distribuíram e que o dividendo distribuído obteve relação positiva com o retorno sobre o ativo (ROA).

Gill, Biger e Tibrewala (2010) elaboraram estudo com uma amostra aleatória de companhias em vários ramos dos EUA, os autores comentam que o Lucro é uma variável altamente correlacionada com a distribuição de dividendos, entretanto, condicionado à alguns setores. Ressaltaram ainda que qualquer relação significativa pôde ser identificada entre o pagamento de dividendos para com as variáveis Fluxo de Caixa Livre, Valor de Mercado e Endividamento.

Salsa (2010) utilizou amostra de 517 empresas de seis países europeus pesquisando a relação entre o ciclo de vida da empresa e os respetivos efeitos na política de dividendos. Utilizou os dividendos como variável dependente, e verificou que o ciclo de vida, particularmente, não influencia o nível de distribuição de dividendos, mas que em conjunto com algumas variáveis financeiras (rentabilidade, crescimento dos resultados, investimento, endividamento, crescimento das vendas, e payout relativo ao ano anterior) permitem conclusões a respeito do tema.

Afim de contribuir para a discussão acerca do impacto da política de dividendos sobre o valor de mercado, Barreto (2011) elaborou estudo de empresas cotadas na Euronext Lisbon. Seus resultados mostram que existe uma relação forte entre o valor dos dividendos distribuídos e o valor de mercado da empresa, como defendido por Lintner (1956) e Gordon (1959), entre outros, no entanto, o mercado parece ser indiferente ao payout ratio das empresas.

(15)

Santos et al. (2011) analisaram a distribuição de dividendos de 147 empresas listadas na Bovespa entre 1994 a 2010 buscando identificar se há uma relação entre a distribuição de dividendos e indicadores financeiros. Utilizando como variável dependente os dividendos por ação e como variáveis explicativas o EBITDA por ação, a liquidez geral, a alavancagem financeira, as despesas de capital, o valor de mercado e o ativo total, os autores concluíram que a distribuição de dividendos no Brasil segue uma aleatoriedade e que não há relação entre os indicadores financeiros e a distribuição de dividendos das empresas da amostra.

Estudo de Hellstrom e Inagambaev (2012) investigou os determinantes da distribuição de lucros de 87 companhias listadas na NASDAQ, testando as variáveis Fluxo de Caixa Livre, Crescimento, Alavancagem, Rentabilidade, Risco e Tamanho como prováveis motivo da distribuição de lucros, as regressões múltiplas resultaram em indicações que apenas as variáveis Fluxo de Caixa Livre, Tamanho, Crescimento e Risco são propicias a descrever a política de dividendos das empresas.

De modo a saber quais os determinantes das políticas de distribuição de dividendos, Barra (2015) estudou amostra constituída por empresas do PSI 20 e do BEL 20, de 2008 a 2013, através da utilização de regressões lineares multivariadas, analisando variáveis dependentes como Dividend Rate, Dividend Payout e Dividend Yield. Seus resultados evidenciam que a rentabilidade é o fator mais significativo para a decisão de distribuir dividendos, seguido de indicadores de estrutura de capital, oportunidades de crescimento, o tamanho e as despesas com juros.

Buscando identificar os fatores que determinam a política de distribuição de proventos das empresas brasileiras listadas na BM&FBOVESPA, no período de 1995 a 2011, Forti, Peixoto e Alves (2015) investigaram a relação entre Dividendos/Ativo Total e possíveis de-terminantes apontados pela literatura como: tamanho da firma, governança corporativa, rentabilidade, alavancagem, market to book, liquidez, investimentos, risco, crescimento dos lucros, assimetria informacional e conflitos de agency. Como resultados, constatou-se que quanto maior o tamanho da empresa, sua rentabilidade, seu valor de mercado, sua liquidez e o crescimento dos seus lucros, maior será a propensão desta firma em distribuir dinheiro aos acionistas, o que se alinha com a teoria de finanças corporativas. Por outro lado, constatou-se que empresas mais alavancadas, que investem mais em ativo imobilizado, possuem liquidez muito elevada, maior risco e menor conflito entre controladores e minoritários, terão uma menor propensão a pagar dividendos aos acionistas.

Viana Junior e Ponte (2016) entendem que a política de dividendos das empresas apresenta-se relevante nas organizações dado os seus impactos financeiros para os investidores,

(16)

com base em investigação de determinantes da política de dividendos de 105 companhias, brasileiras e norte americanas entre 2008 a 2014. Com a análise dos dados via modelo de regressão múltipla, verificou-se que, com pelo menos 90% de confiança estatística, as variáveis lucro líquido e estabilidade dos dividendos podem explicar a política de dividendos das empresas brasileiras, ao passo que as variáveis estabilidade dos dividendos, valor de mercado e fluxo de caixa explicam a política de distribuição de lucros das firmas estadunidenses, hipótese principal do estudo de que a política de dividendos pode ser explicada por fatores específicos dos respectivos contextos econômicos.

Leite et al (2017) analisaram a relação entre a política de dividendos e o desempenho econômico financeiro em empresas brasileiras e chilenas, mediante método estatístico correlação canônica, entre variáveis como dividendos pagos, dividendos pagos por ação e variáveis de desempenho (retorno sobre o patrimônio líquido, retorno sobre os ativos, lucro líquido e lucro por ação). Concluíram que a política de dividendos exerce uma influência negativa sobre o desempenho econômico financeiro das organizações brasileiras e chilenas, salientando que esta influência negativa foi mais significativa nas empresas brasileiras em comparação com as empresas chilenas.

Rabelo et al (2017) investigaram a relação entre os dividendos distribuídos e o desempenho futuro de 98 empresas listadas na BM&FBovespa, sob a perspectiva da Teoria da Sinalização, entre os períodos de 2003 e 2014. Consideraram a distribuição de dividendos como variável explicativa, e o desempenho futuro, representado pelo Lucro Líquido e pelo EBITDA, como variáveis dependentes, e os analisou em painel por meio da metodologia Pooled. Encontraram em seus resultados que 83,67% das empresas da amostra realizaram algum tipo de distribuição de dividendos bem como registraram-se variações anuais positivas em sete exercícios, e principalmente, que, para as duas variáveis de desempenho futuro, Lucro Líquido e EBITDA, não apresentam evidências de presença de conteúdo informacional na política de dividendos, rejeitando a hipótese sobre a sinalização.

Zanon et. al (2017) procuraram verificar qual a influência da decisão de distribuir dividendos no valor das empresas, com modelo de regressão de dados em painel que buscou verificar a relação entre o valor de mercado e os dividendos distribuídos, utilizando as variáveis Market to Book (razão entre o valor de mercado e o valor contábil da empresa) e Payout (razão entre os dividendos e o lucro por ação da empresa). Sua amostra contou com 33 empresas que faziam parte tanto do Ibovespa quanto do Novo Mercado em junho de 2017, com base das informações contábeis trimestrais divulgadas no período de 01/01/2000 a 31/03/2017, e em seus resultados não foram encontradas evidências de que há relação entre o valor de mercado das

(17)

empresas analisadas e o nível de distribuição de dividendos adotado no período. Entretanto, desconsideradas as distribuições de dividendos em períodos de prejuízo foi possível perceber que existe uma relação positiva entre o valor de mercado das empresas e o nível de distribuição de dividendos adotado.

3 METODOLOGIA

O objetivo deste trabalho é identificar qual a relação do desempenho econômico-financeiro com a política de dividendos em empresas brasileiras listadas na B3. Quanto ao seu objetivo trata-se de um estudo descritivo, em razão de expor as características de determinada população ou de determinado fenômeno, podendo estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação (VERGARA, 2005). Esta classificação se deve ao fato de buscar relacionar as características com os objetivos específicos do estudo, descrevendo o objeto de estudo.

Quanto aos procedimentos classifica-se como estudo documental, uma vez que serão analisados os documentos disponibilizados na B3, para coletar as variáveis necessárias ao estudo, objetivando responder à questão investigada. Para Gil (2008) a pesquisa documental aproxima-se muito à pesquisa bibliográfica, utilizando-se fundamentalmente das contribuições dos diversos autores, e valendo-se também de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico.

No que se refere a abordagem do problema a pesquisa se caracteriza como quantitativa por usar métodos estatístico, visando identificar a relação do desempenho econômico-financeiro com a política de dividendos em empresas brasileiras listadas na B3 (RICHARDSON, 1999).

3.1 População e Amostra

A população da pesquisa foi constituída por 493 empresas listadas na B3 em 12/03/2017. Para a constituição da amostra, foram excluídas as instituições financeiras, uma vez que estas são regidas por regras próprias do Conselho Monetário Nacional, as holdings, por se tratarem de companhias que representam outras em um grupo de empresas, além das companhias que apresentaram prejuízo no período de análise, ficando a amostra não probabilística do estudo composta por 450 empresas.

(18)

3.2 Coleta e Análise dos Dados

Utiliza-se uma amostra de 450 empresas listadas na B3 no ano de 2014 a 2016 para estimar um modelo econométrico que permite estudar a relação entre desempenho econômico-financeiro (variáveis independentes) e política de dividendos (variáveis dependentes).

Quadro 4 – Indicadores de Políticas de Dividendos

Variáveis Descrição da variável Autor (ano)

DIVYIELD - Dividend Yield por Ação Dividendo por Ação / Cotação Assaf Neto e Lima (2014) PAYRATIO - Payout ratio Dividendos Distribuídos / Resultado Líquido Barreto (2011) PAYOUT - Dividendo Líquido por

Ação Dividendos Distribuídos / Nº de ações em circulação Barreto (2011) Fonte: Elaborado com base nas bibliografias consultadas (2018).

Com a definição da amostra e para atender a questão de estudo, iniciou-se a coleta de dados. Para estimar um modelo econométrico que permite estudar a relação entre política de dividendos (variável dependente) e um conjunto de variáveis independentes, como os indicadores econômico-financeiros, inicialmente coletou-se os indicadores de políticas de dividendos do período estudado, junto a Economática, para as empresas da amostra.

Posteriormente buscou-se os dados sobre os indicadores econômico-financeiras das companhias, sendo estes encontrados na Economática conforme se apresenta no Quadro 5. Assim, partiu-se de um modelo econométrico que permitiu verificação dos fatores determinantes da política de dividendos de empresas brasileiras listadas na B3 no período de 2014 a 2016, cujos dados anuais foram coletados em 12/03/2017. Para analisar os resultados foram realizadas análises descritivas, correlação de Pearson e análise de regressão de dados em painel tendo em vista que este método consiste em analisar uma série de tempo para cada membro do corte transversal do conjunto de dados, além de eliminar os efeitos de variáveis omitidas através do estudo de variações na variável dependente ao longo do tempo (WOOLDRIDGE, 2012).

(19)

Quadro 5 – Indicadores de Desempenho

Variáveis Descrição da variável Autor (ano)

CINVEST - Cobertura de

Investimento PL / Ativo Imobilizado Barreto (2011)

ROA - Rentabilidade do Ativo

Total Resultado Líquido / Ativo Total Assaf Neto e Lima (2014) GAO - Grau de Alavancagem

Operacional Margem Bruta / Resultado Operacional Assaf Neto e Lima (2014) GAF - Grau de Alavancagem

Financeira Result Operac/ Result Antes do IR Assaf Neto e Lima (2014) DEQRATIO - Debt to Equity

Ratio Dívida / Capital Próprio Damodaran (1997)

END - Grau de endividamento Total das dívidas da empresa /Total do Ativo Gitman (2010) FCA - Fluxo de Caixa por Ação Fluxo de caixa / Nº Ações Helfert (2000)

TAM - Tamanho da empresa log do ativo Catapan, Colauto e Barros (2013)

LIQ – Liquidez AC + RLP / PC + ELP Hoji (2010)

Fonte: Elaborado com base nas bibliografias consultadas (2018).

Para as estatísticas descritivas utilizou-se o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) 21.0, enquanto para a regressão de dados em painel foi utilizado o software estatístico Stata 13.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção apresentam-se a descrição e análise dos resultados da pesquisa. Inicia-se pela análise descritiva, em seguida a análise de correlação de Pearson, e por fim, aplica-se a regressão de dados em painel.

A Tabela 1 mostra a análise descritiva das variáveis dependentes da pesquisa, podendo observar-se que as variáveis apresentam resultados de desvio-padrão acima da média, supondo que os dados possuem valores muito diferentes entre eles, podendo estar relacionado à maior volatilidade dos resultados das empresas analisadas, e configurando uma amostra heterogênea. Tabela 1 – Estatística descritiva das variáveis dependentes

Variáveis Ano Média Mínimo Máximo Desvio-padrão

DIVYIELD 2014 0,03 0 0,18 0,04 2015 0,02 0 0,11 0,03 2016 0,02 0 0,11 0,02 PAYRATIO 2014 7,82 0 32 9,89 2015 8,18 0 41,5 11,01 2016 7,96 0 59,02 12,12 PAYOUT 2014 14,12 0 101,02 24,15 2015 12,02 0 85,08 17,36 2016 10,05 0 57,1 14,11

Fonte: Dados da pesquisa.

Ainda cabe a observação das médias ao longo do período amostral, que para o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD), teve certa manutenção,

(20)

variando de 0,03 a 0,02. O nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO) variou de 7,82 a 7,96, enquanto o nível médio dos dividendos pagos relacionados ao número de ações em circulação (PAYOUT) diminuiu de 14,12 para 10,05. Estas médias sugerem que houve uma elevação do número de ações em circulação no período amostral, tendo em vista a manutenção dos níveis médios de dividendos pagos que levam em conta a cotação das ações (DIVYIELD) e os resultados líquidos (PAYRATIO), e uma queda na média do nível de dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT).

Em relação aos resultados apresentados na Tabela 2 da estatística descritiva das variáveis independentes, pode-se inferir que a amostragem é composta por um grupo homogêneo de empresas, principalmente no tocante aos indicadores de desempenho de rentabilidade do ativo (ROA), grau de endividamento (END), grau de alavancagem operacional (GAO), grau de alavancagem financeira (GAF), estrutura de capital (DEQRATIO) e liquidez, considerando que estes apresentam desvio-padrão menores que a média.

Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis independentes

Variáveis Ano Média Mínimo Máximo Desvio-padrão

TAM 2014 4.219,54 128,7231 26.363,97 5.549,54 2015 6.120,66 320,3961 29.521,90 7.104,53 2016 5.174,83 314,3902 28.484,28 6.452,28 END 2014 48,96 15,3805 77,007 14,2025 2015 4,94 0,1425 70,315 14,972 2016 0,49 0,114 0,8134 0,152 ROA 2014 9,35 0,969 46,1225 7,714 2015 7,92 0,969 35,0448 6,8115 2016 7,10 0,0285 25,7838 5,6335 CINVEST 2014 34.035,00 24,5385 152.165,08 24.743,06 2015 5.587,67 23,3225 105.665,56 18.758,98 2016 5.458,68 33,8105 89.707,51 17.053,20 GAO 2014 2,02 -8,227 6,479 1,881 2015 0,13 -123,88 6,2035 18,392 2016 1,85 -3,7525 7,2865 1,6055 GAF 2014 1,98 0,5415 3,7715 0,6175 2015 1,90 0,54663 4,8735 0,6555 2016 1,81 0,042 6,1465 1,026 DEQRATIO 2014 123,70 18,354 406,505 77,0355 2015 131,60 12,9105 460,788 90,554 2016 146,59 16,4445 488,471 101,6405 FCA 2014 38,04 -148,9505 1.001,31 163,2765 2015 58,51 -267,3775 545,8035 145,8535 2016 3,22 -205,2665 190,425 115,7765 LIQUIDEZ 2014 1,20 0,133 5,2915 0,988 2015 1,24 33,25 7,144 1,2065 2016 116,85 0,1365 5,776 1,0355

Fonte: Dados da pesquisa.

A variável endividamento (END), apresentou resultados que demonstram uma substancial queda deste indicador para as empresas da amostra, tanto na média como no máximo e no mínimo, devendo o destaque deste fator pela magnitude da alteração e por sua influência nos demais indicadores. O indicador rentabilidade do ativo (ROA), vai na mesma direção do indicador do endividamento (END), diminuindo ao longo do período amostral, porem em menor amplitude.

(21)

Os resultados para as estatísticas descritivas do indicador do grau de alavancagem operacional (GAO) e do grau de alavancagem financeira (GAF), apresentaram evolução muito semelhante, com pouca variação. Na estatística do índice da estrutura de capital (DEQRATIO) apresentou-se evolução nos resultados de maneira geral. O indicador da liquidez (LIQUIDEZ), demonstrou uma relevante elevação de sua média, principalmente para o ano de 2017, ponto de conexão com o indicador de endividamento, já comentado, influenciador na liquidez.

Em alguns indicadores percebe-se uma heterogeneidade entre as empresas da amostra, como no tamanho (TAM), cobertura de investimento (CINVEST) e fluxo de caixa por ação (FCA), onde o desvio-padrão resultou em dados maiores que a média. No comportamento do indicador tamanho (TAM) observa-se uma elevação das estatísticas ao longo do período, já as estatísticas descritivas da variável cobertura de investimento (CINVEST) apontam em um movimento contrário, com queda substancial dos valores, assim como para a o índice fluxo de caixa por ação (FCA).

Desta forma, analisando em conjunto as estatísticas descritivas, podemos alegar houve movimentos de queda no endividamento das empresas, e de aumento do número de ações em circulação durante o período amostral, tanto pelos destaques já apontados de alguns índices, quanto pela conservação dos demais.

Buscando analisar a intensidade e o sentido das relações entre as variáveis foi utilizado o coeficiente de Correlação de Pearson, salientando que a correlação não sugere necessariamente uma relação de causa e efeito, mas de associação entre as variáveis. A Tabela 3 apresenta os resultados desta correlação, e analisando a relação entre as variáveis dependentes e explicativas, evidenciam-se a existência de correlação significativa entre indicadores de desempenho econômico-financeiro com os de políticas de dividendos, tanto positivas, quanto negativas.

Tabela 3 – Correlação de Pearson entre as variáveis

TAM END ROA CINVEST GAO GAF DEQRATIO FCA LIQUIDEZ DIVYIELD PAYRATIO

TAM 1 END 0,06 1 ROA -0,16** 0,07 1 CINVEST 0,01 -0,02 0,02 1 GAO 0,05 0,03 0,07 0,02 1 GAF 0,04 0,11 0,41*** -0,13 0,02 1 DEQRATIO 0,12 0,06 -0,12** -0,10* -0,13 0,04** 1 FCA 0,02 0,13 -0,03 0,11 -0,03 0,02 0,01 1 LIQUIDEZ -0,13*** -0,11 0,31*** -0,02 0,02 0,02 -0,31** -0,07 1 DIVYIELD 0,02* -0,07* 0,11* -0,11* -0,07*** 0,08 0,02 -0,07 0,02 1 PAYRATIO 0,12** 0,02 -0,01* -0,09** 0,01 0,07 0,05 0,01 -0,02 0,02 1 PAYOUT 0,11* 0,11 0,08 -0,02 0,01 0,05** 0,03 0,09** -0,02** 0,03 0,05***

*** A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades). ** A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades). * A correlação é significativa no nível 0,10 (2 extremidades). Fonte: Dados da pesquisa.

O indicador do tamanho (TAM) apresentou correlação positiva significativa com os três indicadores de políticas de dividendos, nível médio dos dividendos por ação com base na

(22)

cotação (DIVYIELD) (0,02), nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO) (0,12), e com o nível médio dos dividendos pagos com base no número de ações em circulação (PAYOUT) (0,11), sinalizando que o tamanho das companhias está diretamente ligado com indicadores distribuição de dividendos.

Também se percebe a correlação positiva e significativa entre a rentabilidade do ativo (ROA) e nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) (0,11), o grau de alavancagem financeira (GAF) com o nível médio dos dividendos pagos com base no número de ações em circulação (PAYOUT) (0,05), e ainda, entre o fluxo de caixa por ação (FCA) e o nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT) (0,09). Demonstra-se assim, diferentes indicadores de desempenho guardando relação direta com indicadores de política de dividendos, denotando que a rentabilidade das companhias, a alavancagem financeira, e seu o fluxo de caixa estão associados ao montante de dividendos pagos.

De maneira a representar uma relação inversa, alguns indicadores apresentaram correlação negativa significante: o indicador do grau de endividamento (END) negativamente com nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) (-0,07); a rentabilidade do ativo (ROA) com o nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO) (-0,01); o índice de cobertura do investimento (CINVEST) com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) (-0,11), e com o nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO) (-0,09); o grau de alavancagem operacional (GAO) com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) (-0,07); e ainda o indicador de liquidez (LIQUIDEZ) negativamente com o nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT) (-0,02). Estas relações negativas demonstram que quanto maior o endividamento, a rentabilidade, a cobertura do investimento, a alavancagem operacional e a liquidez, menor serão os dividendos distribuídos.

Dentre os indicadores de desempenho econômico-financeiro, os resultados apontam que o índice da estrutura de capital (DEQRATIO) é o único indicador que não possui associação com os indicadores de política de dividendos, seja positivamente ou negativamente, assinalando que este indicador não tem relação com os dividendos pagos pelas companhias.

Ainda, podem-se verificar correlações significantes entre variáveis do mesmo grupo, como no caso dos indicadores de desempenho econômico-financeiro: o tamanho (TAM) negativamente com a rentabilidade do ativo (ROA) 0,16), e com a liquidez (LIQUIDEZ) (-0,13); a rentabilidade do ativo (ROA), positivamente com o grau de alavancagem financeira

(23)

(GAF) (0,41), com a liquidez (LIQUIDEZ) (0,31), e negativamente com o indicador da estrutura de capital (DEQRATIO) (-0,12); a cobertura do investimento (CINVEST) negativamente com o indicador da estrutura de capital (DEQRATIO) (-0,10); o grau de alavancagem financeira (GAF) positivamente com o indicador da estrutura de capital (DEQRATIO) (0,04); e ainda o indicador da estrutura de capital (DEQRATIO) negativamente com o indicador de liquidez (LIQUIDEZ) (-0,31).

Entre os indicadores de política de dividendos apresentaram correlação significativa o nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO) com o nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT) (0,05).

Após o cálculo da correlação de Pearson entre as variáveis utilizadas, apresenta-se a análise da regressão com dados em painel, buscando verificar se os quocientes dos indicadores de desempenho econômico-financeiro das empresas brasileiras listadas na B3 explicam a sua política de dividendos.

Na Tabela 4 são apresentados os resultados para os indicadores de políticas de dividendos, como variável dependente e a relação com as variáveis de desempenho econômico-financeiro (variáveis independentes). Sendo assim, antes da regressão de dados em painel, foram aplicados os testes para definir qual o método a ser utilizado (pooling, efeitos fixos ou aleatórios). Primeiramente, foi aplicado o teste de Chow para verificar se o intercepto é igual (pooling) ou diferente (efeitos fixos) para todas as croos-sections. Posteriormente, foi aplicado o teste LM de Breusch-Pagan para averiguar se a variância dos resíduos que refletem as diferenças individuais é igual (pooling) ou diferente (efeitos aleatórios) de zero. Por fim, foi aplicado o teste Hausman para comparar os resultados do modelo de efeitos fixos com o de efeitos aleatórios (FAVERO et al., 2009).

Percebe–se que o poder explicativo (R2) para essa associação considerando o método de efeitos fixos é de 30,2%, (DIVYIELD) 10,1% (PAYRATIO) e 29,8% (PAYOUT), sendo que a associação das três variáveis dependentes com a variáveis independentes mostraram–se significativos. O método de efeitos fixos foi o mais indicado para verificar a associação das variáveis, visto que o teste de Chow foi significativo, rejeitando-se a hipótese nula de que a variância dos resíduos seja igual a zero; e o teste de Hausman também foi significativo, rejeitando-se a hipótese nula de que o modelo de correção dos erros é adequado (FAVERO et al., 2009).

(24)

Tabela 4 – Dados em painel

Variável DIVYIELD PAYRATIO PAYOUT

Efeitos Aleatórios Aleatórios Aleatórios

Constante Coeficiente 0.012 -0,658 0,221

Sig. 0.498 0.721 0,723

TAM Coeficiente Sig. 0.011 0.951 0.010 0.615 0,204 0,001

END Coeficiente 0.002 -0,018 0,402

Sig. 0.001 0,961 0,001

ROA Coeficiente 0.001 0,003 0.333

Sig. 0.000 0,001 0,001

CINVEST Coeficiente Sig. 0.000 0.422 -0,821 0,423 -0,875 0,871

GAO Coeficiente -0,002 0,349 0,934

Sig. 0.000 0,876 0,696

GAF Coeficiente Sig. -0,006 0,002 0,429 0,816 2.849 0.001

DEQRATIO Coeficiente 0,001 0,421 -1.540 Sig. 0,021 0,645 0.152 FCA Coeficiente 0,003 2.663 4.154 Sig. 0.035 0.002 0.000 LIQUIDEZ Coeficiente 0.000 0,001 1.492 Sig. 0,842 0,006 0,009 R2 0.302 0.101 0.298 R2 Ajustado 0.212 0.023 0.110 F de Chow - Estatística F 4.020 1.291 2.988 Sig. 0.000 0.002 0.001 LM de Breusch-Pagan 5.540 10.670 1.684 Sig. 0,903 0.322 0.317 Hausman (H) 31.100 49.030 2.894 Sig. 0.000 0.000 0.000

Fonte: Dados da pesquisa.

A Tabela 4 descreve a análise da regressão de dados em painel, apontando uma influência positiva e significativa do grau de endividamento (END), da rentabilidade do ativo (ROA), da estrutura de capital (DEQRATIO), e do fluxo de caixa (FCA) com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD). Por outro lado, há uma influência negativa e significativa do grau de alavancagem operacional (GAO) e do grau de alavancagem financeira (GAF) com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD). Assim, demonstra-se que companhias com melhor retorno do ativo, endividamento, estrutura de capital, e fluxo de caixa, distribuirão maiores dividendos com base na cotação, e na contramão disto, quanto maior for a alavancagem operacional ou financeira, menor serão estes dividendos.

Também se observou influência da rentabilidade do ativo (ROA), do fluxo de caixa por ação (FCA) e da liquidez (LIQUIDEZ) com nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO). Dessa forma, verifica-se que empresas com maior retorno sobre o ativo, maior fluxo de caixa, e melhor liquidez, possuem maiores níveis de dividendos com base no resultado líquido.

Por fim, ainda se verificou a relação de influência positiva entre o tamanho (TAM), o endividamento (END), a rentabilidade do ativo (ROA), o grau de alavancagem financeira

(25)

(GAF), o fluxo de caixa por ação (FCA), e a liquidez (LIQUIDEZ) com nível médio dos dividendos pagos por ação relacionados ao número de ações em circulação (PAYOUT). Portanto, companhias de maior porte, endividamento, retorno do ativo, alavancagem financeira, fluxo de caixa liquidez, distribuem valores maiores de dividendos por ação.

4.1 Discussão dos resultados

O indicador de tamanho (TAM) das companhias demonstrou forte ligação com as três variáveis relativas aos dividendos, igualmente aos achados de Barra (2015), o mesmo ocorrendo para o fluxo de caixa (FCA) indo de encontro aos estudos de Hellstrom e Inagambaev (2012), que tiveram indicações que o fluxo de caixa e tamanho, são propicias a descrever a política de dividendos das empresas. Os achados de Gill et al (2010) também encontraram esta relação no tocante ao fluxo de caixa, porem Santos et al. (2011) encontraram resultados contrários quanto ao ativo total (tamanho) que não apresentou relação com a distribuição de dividendos no Brasil. A rentabilidade do ativo (ROA) é outro indicador que figurou diversas vezes em resultados que demonstram sua influência direta com os dividendos, de encontro aos achados por Nossa et al (2007) que constataram relação positiva entre eficiência e retorno sobre o ativo (ROA) com os dividendos distribuídos, bem como nos resultados de Salsa (2010) e os de Barra (2015).

A variável endividamento (END) apresentou resultados de relação direta com nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT) e com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) na análise de dados em painel, e de forma inversa com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) na correlação de Pearson, apesar de apresentar menor significância neste último. Estes resultados corroboram com os resultados de Gill et al (2010) que também encontraram relação dos dividendos com o endividamento em estudo de empresas norte-americanas, e de Salsa (2010), em uma amostra de companhias europeias, com a variável endividamento sendo capaz de explicar o payout.

A alavancagem financeira (GAF) apresentou uma relação direta especificamente com o nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT) e uma relação inversa com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD).

Semelhantemente se comportaram os resultados da variável liquidez, apresentando resultados diretos com o nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO) e com o nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT)

(26)

na regressão de dados em painel, e relação inversa na regressão de Pearson com o nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT).

Estes resultados contrariam aos de Santos et al. (2011) onde a liquidez, e a alavancagem financeira, não guardaram relação com a distribuição de dividendos, porém vão em parte com os achados de Barreto (2011), de Forti et al (2015) e de Barra (2015) que constataram uma relação negativa entre os indicadores da alavancagem financeira e da liquidez com a os indicadores de distribuição de dividendos.

A variável de cobertura do investimento (CINVEST) apresentou resultados de relação inversa com os indicadores de dividendos, especificamente na regressão de Pearson, divergentes dos encontrados por Barreto (2011) que apontaram relação positiva. Em relação à variável da alavancagem operacional (GAO), os resultados igualmente apresentaram uma relação negativa e com baixos coeficientes, também divergentes dos de Barreto (2011), que encontrou relação positiva, porém neste caso, o próprio Barreto (2011) aponta como não existindo uma explicação evidente para esta relação positiva.

A estrutura de capital (DEQRATIO) se demonstrou relacionada positivamente com pouca intensidade com o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) contrariando Barreto (2011) que mostra uma relação negativa entre a política de dividendos de uma companhia e o seu volume da dívida, e próximos aos de Barra (2015) que apresentaram pouca ou nenhuma influência exercida sobre as políticas de dividendos.

5 CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho procurou-se verificar a relação dos indicadores econômico-financeiros e de política de dividendos em empresas brasileiras listadas na B3, objetivando contribuir ao debate do tema, seguindo na direção de qualificar a leitura de companhias, tendo em vista as complexas variáveis e seus impactos diferenciados. Para isto, realizou-se uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, por meio de análise documental, e seguidamente a análise dos resultados, onde foram utilizados os testes de estatística descritiva, correlação de Pearson e regressão por meio de dados em painel.

Espera-se que estes resultados possam servir de subsídios a posteriores analises, seja como diagnóstico, ou ainda para tomada de ações, porém não se buscam verdades ou analises definitivas, pelo contrário, entende-se que cada visualização merece atenção diferenciada. Assim, pretendendo contribuir para melhor investigação do tema, acredita-se que certas relações se demonstram ao longo da investigação, permitindo algumas conclusões.

(27)

A rentabilidade, o fluxo de caixa e o tamanho são os indicadores que mais influenciam a distribuição de dividendos, confirmando estudos anteriores acerca do tema. Sendo natural que empresas mais rentáveis acabem pagando mais dividendos do que aquelas menos rentáveis, bem como, podendo inferir-se que empresas com maiores fluxos de caixa possuem maior disponibilidade para pagar os dividendos, além de companhias de maior dimensão e maior capacidade concorrencial acabarem distribuindo mais dividendos.

Resultados de influência positiva, porém de menor força foram verificados nos indicadores de alavancagem financeira, liquidez e endividamento, mas valendo-se do registro. Nestes casos o que se pode afirmar é de que empresas mais alavancadas financeiramente e de maior endividamento oferecerem maiores remunerações aos acionistas tendo em vista seu risco mais elevado, indo contra a ideia de que com mais dividas as empresas reteriam mais lucros. Por outro lado, a relação positiva entre indicador de liquidez e de dividendos pode refletir a disponibilidade de recursos que tais companhias apresentam e então essa disposição à distribuição de dividendos.

Este estudo também demonstrou alguns indicadores econômico-financeiros com pouca ou sem influência exercida sobre as políticas de dividendos, como no caso da estrutura de capital. Além disso a cobertura do investimento, e a alavancagem operacional que apresentaram resultados de influência negativa e de menor magnitude.

Relativamente às variáveis dependentes presentes nesta análise, o nível médio dos dividendos por ação com base na cotação (DIVYIELD) e o nível médio dos dividendos pagos por ação em circulação (PAYOUT) são as melhores explicadas pelas variáveis independentes. Ou seja, os fatores que foram aqui estudados explicam estes indicadores de dividendos, pois inclui a maioria dos determinantes no seu modelo, e onde estes se expressam mais significativos. Por outro lado, o nível médio dos dividendos distribuídos a partir dos resultados líquidos (PAYRATIO) é a variável dependente com menor associação aos fatores, ainda assim, apesar das poucas relações existentes entre elas, algumas com significância relevante.

Pode então afirmar-se que a rentabilidade, o fluxo de caixa e o tamanho são os indicadores que mais influência exercem na decisão das políticas de dividendos das empresas. Os demais determinantes variam, apresentando menor significância ou intensidade, merecendo posteriores estudos com recortes específicos.

A limitação deste estudo está na impossibilidade da generalização dos resultados, visto a diversidade de empresas e a heterogeneidade da amostra das companhias listadas na B3 no período de 2014 a 2016. Para verificações futuras, sugere-se que seja ampliada a amostra,

(28)

considerando que permitirá comparação, ou ainda a testagem de outras variáveis para cercar análises, visto que se está longe de liquidar o debate sobre o tema.

Por fim, se entende que foram acolhidos os objetivos colocados por este estudo, pela base conceitual, que permitiu as testagens estatísticas, a análise de resultados, e que delineou as interpretações produzidas no decorrer do trabalho. Destarte, espera-se que o trabalho venha a colaborar com as abordagens já existentes, em especial, ao mercado de capitais.

REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.

ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Fundamentos da Administração Financeira. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2014.

BARRA, Tânia Isabel Santos. As políticas de distribuição de dividendos: o caso das empresas do PSI-20 e do BEL-20. 2015. Tese de Doutorado.

BARRETO, A. T. O impacto da política de dividendos no valor de mercado da empresa: o caso das empresas cotadas na Euronext Lisbon-Portugal. 2011. Mestrado (Mestrado em Finanças Empresariais) – Universidade do Algarve Faculdade de Economia, Faro, 2011. BORBA, Paulo da Rocha Ferreira. Relação entre desempenho social corporativo e desempenho financeiro de empresas no Brasil. 135 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005

BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1989. BUENO, A. F. Os dividendos como estratégias de investimentos em ações. Revista Contabilidade & Finanças, n. 28, p. 39-55, jan./abr. 2002.

CAMARGOS, M. A; SILVA, W. A. C.; DIAS, A. T. Análise da Produção Científica em Finanças entre 2000-2008: um Estudo Bibliométrico dos Encontros da ANPAD. In: Encontro da ANPAD, XXXIII, São Paulo, 2009.

CATAPAN, A.; COLAUTO, R. D.; BARROS, C.M.E. A Relação Entre a Governança Corporativa e o Desempenho Econômico-Financeiro de Empresas de Capital Aberto do Brasil. Revista Contabilidade, Gestão e Governança - Brasília · v. 16 · n. 2. Mai/Ago 2013. CHIARELLO, T. C.; SILVA, T. P.; NAKAMURA, W. T. Efeito das estratégias financeiras alinhado à política de dividendos das empresas de propriedade familiar e não familiar brasileiras. Advances in Scientific and Applied Accounting, v. 7, n. 3, p. 432-452, 2014. CURY, M. V. Q. Finanças Corporativas. Rio de Janeiro: FGV Management, 2007.

DAMODARAN, A. Avaliação de Investimentos: ferramentas e técnicas para a determinação do valor de qualquer ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 1997.

Referências

Documentos relacionados

Excluindo as operações de Santos, os demais terminais da Ultracargo apresentaram EBITDA de R$ 15 milhões, redução de 30% e 40% em relação ao 4T14 e ao 3T15,

Na busca de uma resposta ao problema, que teve como questão norteadora desta pesquisa, levantamento dos gastos e despesas nos atendimentos realizados e identificar qual o custo que

Valor (CBHPM): Consultar Parecer SBP127/2014 ou mais recente com orientações da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) para atualização dos valores da CBHPM. 2º - Os médicos

Os valores obtidos para os diferentes rácios – price book value (PBV), rendimento em dividendos (dividend yield), price earnings ratio (PER), taxas de capitalização dos

Esta pesquisa é fruto, inicialmente, das reflexões e experiências do trabalho desenvolvido no atendimento às crianças, adolescentes e famílias em situação de violência presente

Se se tratar de citações feitas apresentadas dentro do próprio texto, entre parênteses, deve-se dar o nome do autor, o ano de publicação da obra, e se necessário, o(s) número(s)

a) Energia elétrica comprada para revenda: incremento de R$ 55,6 milhões, equivalentes a 382 GWh (175 MW médios) no 2T12 ante o mesmo trimestre de 2011, motivado pelo plano

• R$ 2,6 milhões alocados para a cidade de Brumadinho para a compra de equipamento de emergência e contratação de profissionais de saúde e assistentes psicológicos e sociais, com