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Pesquisa como princípio pedagógico: implantação do componente seminário na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw de Nova Ramada/RS

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Academic year: 2021

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE GEOGRAFIA

WALDI ORLANDO REHFELD

PESQUISA COMO PRINCÍPIO PEDAGÓGICO: IMPLANTAÇÃO DO COMPONENTE SEMINÁRIO NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DR.

ROBERTO LÖW DE NOVA RAMADA/RS

Ijuí, 2012

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PESQUISA COMO PRINCÍPIO PEDAGÓGICO: IMPLANTAÇÃO DO COMPONENTE SEMINÁRIO NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DR.

ROBERTO LÖW DE NOVA RAMADA/RS

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI , como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Geografia.

Orientador: Leonardo Dirceu de Azambuja

Ijuí, 2012

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DEDICATORIA

Foram tempos de busca, Momentos de Reflexão Sentimentos Repartidos Conflitos sem conclusão Em circunstancia no “auge” Outras na solidão.

Momentos de aprendizagem Que não passaram em vão É o tempo na memória Os registros ficarão Uma porta fica aberta À futura geração

Dedico com carinho, o apreço e sincera gratidão aos meus familiares, em especial à sempre companheira Leda, filhos Girlane, Juliane (in memória), Daniel e meu neto João Arthur, inseparáveis em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

À Unijuí e seu corpo docente. Aos Coordenadores do curso de Geografia, Célia Clarice Atkinson e Mario Amarildo Attuati bem como a todos os professores e tutores que ministraram as aulas, ou cuidaram do espaço virtual e prestaram suas contribuições , entre eles destaco, Leonardo Dirceu de Azambuja, Bernadete Maria de Azambuja, Célia Clarice Atkinson, Mario Amarildo Attuati, Doris Ketzer Montardo, Marta Estela Borgmam e Dinarte Belato

Em especial ao orientador da monografia, pela dedicação e intervenções que me au xiliaram no crescimento intelectual.

Aos membros da banca examinadora Professor Leonardo de Azambuja e Célia Clarice Atkinson.

A todos os colegas com os quais compartilhamos a trajetória acadêmica do curso. A Direção e Professores e Funcionários da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw.

Ao Poder Público Municipal de Nova Ramada, aos Dirigentes da 36ª Coordenadoria da Educação de Ijuí, pelas informações prestadas.

A DEUS criador, responsável maior pela superação das dificuldades enfrentadas, amigo e orientador em todas as horas.

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Resumo

A reflexão sobre Implantação do Componente Seminário na Escola Estadual de Ensino Médio DR. ROBERTO LÖW, analisa a proposta de reestruturação Curricular do Ensino Médio, estabelecida pela Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul a partir de 2011, em desenvolvimento no sistema formal de Ensino. Esta proposta assume a pesquisa como princípio pedagógico. Isto é importante, pois não se pode conceber o processo educativo escolar sem a pesquisa, visto que por intermédio dela é que professores e alunos deixam de ser apenas consumidores de conhecimentos, e passam a ser construtores de conhecimentos. Visa atender às necessidades sociais ligadas ao mundo do trabalho oportunizando novos espaços à construção do saber, contrapondo ao estilo bancário-tradicional. Esta reflexão objetiva caracterizar o sentido do processo de sua implementação e as percepções iniciais dos agentes sociais envolvidos no que refere a dinamicidade de funcionamento e a praticidade da proposta. Neste sentido, os sujeitos do processo de ensinar e aprender criam condições para o protagonismo social e cultural, na medida em que se apropriam de saberes, que permitirem a leitura da realidade. A pesquisa como princípio pedagógico é condição para autonomia intelectual. Por meio da qual, docentes e discentes, na convergência de pensares, buscam respostas para problemas, situações que permeiam o contexto social, cultural, econômico e político. A pesquisa, como um processo sistemático de construção do conhecimento, visa principalmente, gerar novos conhecimentos e refletir sobre os conhecimentos existentes sob a ótica do pesquisador. Com a implantação do Ensino Politécnico nas Escolas Estaduais e do Componente Curricular Seminário podemos trabalhar este componente de forma que se torne interessante e possível para o educando praticar a pesquisa científica. Qual a melhor metodologia a ser usada para que a Escola Dr. Roberto Löw atinja os objetivos nessa perspectiva e como integrar as áreas do conhecimento para a eficácia do componente seminário são desafios colocados. Neste sentido foi possível constatar que esta prática de ensino avança gradativamente no sistema formal e cumpre seu papel potencializador na construção da cidadania e pode servir como ponto de partida para novas reflexões sobre a prática da pesquisa no componente Seminário.

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Resumen

La reflexión sobre la aplicación del Seminario de componentes en la Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw se analiza la propuesta de restructuración curricular de la educación secundaria, establecido por el Secretaria daEducação do Rio Grande do Sul a partir de 2011, el desarrollo del sistema formal de educación.

Esta propuesta asume encuesta como pesquisa pedagógica. Esto es importante porque no podemos concebir el proceso educativa escolar sin el proceso de investigación, a través de ella es que los profesores y los estudiantes ya no son sólo consumidores de conocimiento y empiezan a ser constructores de conocimiento también. Visa satisfacer las necesidades sociales, ligada al mundo del trabajo, oportunizar nuevos espacios a la construcción del saber, en contraste con el estilo tradicional bancario. La intención fue de caracterizar el sentido del proceso de su aplicación y las percepciones iniciales de los agentes sociales implicados en que refiere el tratamiento de la dinámica de funcionamiento y la practicidad de la propuesta. En este sentido, los sujetos del proceso de enseñanzar y aprender crean las condiciones para la función social y cultural, en la medida que se apropian de saberes que permitieron la lectura de la realidad. La encuesta como principio pedagógico es un requisito previo para la autonomía intelectual. En la cual profesores y estudiantes, la convergencia de pensar, buscan respuestas a los problemas, situaciones que permean el contexto social, cultural, económico y político. La investigación como un proceso sistemático de construcción del conocimiento, tiene como objetivo principal generar nuevos conocimientos y reflexionar sobre los conocimientos existentes desde la perspectiva del investigador. Con la implantación del“Ensino Politécnico nas Escolas Estaduais e do Componente Curricular Seminário”, trabajar estainvestigación científica. Cuál es la mejor metodología que se utilizará para la Escola Dr. Robert Löw cumplir con los objetivos. Cómo integrar las áreas de conocimiento para el componente seminario sea eficaz. En este sentido se fue posible constatar que está práctica de enseñanza avanzapoco a poco en el sistema formal y cumple con su papel en la potenciación de acceso de los ciudadanos y que puede servir como punto de partida para nuevas reflexiones sobre la práctica de la pesquisa en el componente Seminario.

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SUMÁRIO DEDICATÓRIA ... AGRADECIMENTOS ... RESUMO ... RESUMEN ... INTRODUÇÃO...

1- PROPOSTA METODOLÓGICA DO ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO...12

1.1 - Os limites e as possibilidades do ensino médio proposto pela SEDUC...12

1.2 - Organização curricular do Ensino Médio Politécnico...18

2- METODOLOGIA DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DR. ROBERTO LÖW, PERÍODO LETIVO BASE:...25

2.1- Aprendendo e "ensinando" com projetos de pesquisa...29

2.2- Proposta para construção de projeto a partir do diagnóstico da pesquisa participante...31

2.3-Perfil do profissional da educação que atua com os educandos ...32

3-ESCLARECIMENTOS QUANTO A SEQUENCIA DOS FOCOS NOS RESPECTIVOS ANOS E TRABALHOS A SEREM DESENVOLVIDOS...35

3.1-Primeiro Ano do Ensino Médio Politécnico Estudo de Três Focos...38

3.2-Segundo Ano do Ensino Médio Estudo de Dois Focos...39

3.3-Terceiro Ano do Ensino Médio Estudo de Dois Focos...40

3.4- PERSPECTIVAS DO COMPONETE SEMINÁRIO...42

- CONCIDERAÇÕES FINAIS...45

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ANEXO A - Sumário Sugestivo Para o Primeiro Ano. Segundo Trimestre... 51

ANEXO B – Sumário Sugestivo Para o Primeiro Ano. Terceiro Trimestre...55

ANEXO C – Sumário Sugestivo Para o Segundo Ano ...55

ANEXO D – Sugestões de Sumários para o Terceiro Ano ...56

ANEXO E – Relação dos trabalhos Apresentados de Pesquisa no Período de 2002 à 2012 ...58

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INTRODÇÃO

A Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw Nova Ramada /RS, na sua trajetória da ação educativa, tem procurado aprimorar seu método de ensino, envolvendo o corpo docente e administrativo na investigação diagnostica das práticas educativas, para qualificar através da pesquisa, e debate a práxis escolar embasada na busca do conhecimento científico para uma formação que capacite à intervenção em situações concretas de vida. Para tanto o Ensino Médio representa um espaço da construção e reconstrução do saber que oportuniza aos educandos desenvolver a capacidade de refletir, pensar e analisar a sua realidade sócio-hitórica na busca da identidade e da formação para o mundo do trabalho.

Desta forma os conteúdos trabalhados nas mais complexas situações, conforme as áreas do saber, precisam atender a essa perspectiva de educação escolar. Assim, os conteúdos “realizam o sentido que lhes é próprio ao inserirem-se no universo amplo do que se ensina e aprende a partir do mundo da vida em seus processos de aprendizagens sociais” (Marques 2000), que são decorrentes e embasados nas tradições socioculturais e com uma visão de projetos de futuro.

A ação pedagógica do professor não pode ficar restrita a mera transmissão de conhecimentos. Para Marques (2000) ensinar não é repetir; é reconstruir as aprendizagens. “Trata-se de realizar a tradução dos conceitos reconhecidos no estado atual das ciências para o nível das práticas sociais contextualizadas e conjunturais” (p.118). Nesta dimensão, o acesso ao conhecimento científico é um mecanismo de apropriação que forma e encaminha para o enfrentamento de situações concretas dos sujeitos/atores. Para que isso ocorra é importante exercer o domínio de cada campo específico, trabalhando passo a passo com o rigor científico dos conhecimentos, utilizando materiais e instrumentos de apropriação e capacitação no desenvolvimento de habilidades, num processo constante de reconstrução segundo as definições da proposta político-pedagógica escolar.

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Nossa escola desenvolve uma prática pedagógica de diagnóstico e pesquisa que se inicia no primeiro ano Politécnico do Ensino Médio, dividida em focos. O foco determina a intencionalidade da construção do saber num processo permanente em forma de pesquisa e desenvolvimento de projeto orientado. Foram desenvolvidas sete etapas que são divididas por ano/series que serão explicitados posteriormente.

Existem várias formas que orientam a organização de um projeto. Com este documento não temos a pretensão de oferecer uma simples cartilha, mas de prestar uma orientação teórica e filosófica de acordo com o projeto político pedagógico de nossa escola. Partimos de uma ação conjunta da equipe diretiva e pedagógica, juntamente com os professores da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw no sentido de orientar e a realização de pesquisa por parte dos educandos do Ensino Médio Politécnico por meio do novo componente curricular Seminário Integrado, conforme proposição da Secretaria Estadual de Educação.

O primeiro capítulo deste trabalho apresenta a proposta metodológica, pedagógica e legal para implantação, os limites e as possibilidades do ensino médio politécnico conforme a proposta implantada pela Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul. O segundo capítulo, consta da metodologia de ensino desenvolvida pela Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw, explicita a proposta para a construção do projeto, a partir do diagnóstico da pesquisa participante a ser desenvolvido pelos educandos do Ensino Médio. Esta pesquisa visa diagnosticar um “problema” da realidade local e regional e suas ramificações. No terceiro capítulo, o propósito é esclarecer quanto aos focos trabalhados nos respectivos anos e sua organização, objetivando assim, que ao concluir o ensino médio o aluno tenha capacidade de realizar um estudo aprofundado sobre um tema de seu interesse.

Nossa expectativa com a realização deste trabalho de conclusão de curso está em poder contribuir para o aperfeiçoamento processo de ensino-pesquisa em nossa escola permitindo que os educandos construam-se como sujeitos capazes de encontrar respostas para as diversas situações da vida e do mundo do trabalho.

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1- PROPOSTA METODOLÓGICA DO ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO

1.1 Os limites e as possibilidades do ensino médio proposto pela SEDUC.

Vivemos um dilema constante na sociedade atual onde educadores a todo instante ficam indagando quanto a formação no ensino médio em nossas escolas: o ensino médio deve formar para que? Vestibular? Acesso a Universidade? A cidadania? (humanização - direitos e deveres) O mundo do trabalho?

A reestruturação curricular do Ensino Médio, estabelecido pela Secretaria da Educação do Rio Grande do sul, a partir de 2011 contém a pesquisa como princípio pedagógico. Isto é importante, pois não se pode conceber o processo educativo escolar sem a pesquisa, visto que por intermédio dela, é que professores e alunos deixam de ser apenas consumidores de conhecimentos e passam a serem também construtores de conhecimentos. Neste sentido, os sujeitos do processo de ensinar e aprender acessam condições para o protagonismo social e cultural, na medida em que se apropriam de saberes, que instrumentalizam para a leitura da realidade.

A pesquisa, como um processo sistemático de construção do conhecimento, visa principalmente, gerar novos conhecimentos ou refletir sobre os conhecimentos existentes sob a ótica do pesquisador. A pesquisa como princípio pedagógico é condição para autonomia intelectual. Docentes e discentes, na convergência de pensares, buscam respostas para problemas, situações que permeiam o contexto social, cultural, econômico e político.

É recorrente entre os educadores, governo e a sociedade civil que o Ensino Médio tal como vem sendo concebido e praticado não dialoga com as mudanças do processo civilizatório em curso, que se apresenta com novas bases, desde o processo produtivo, o avanço, nas ciências, novas produções culturais e políticas. A legislação nacional no âmbito da educação preconiza a democratização da oferta da Educação Básica com qualidade social,

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como condição de cidadania, o que impulsiona políticas que levem a superação da estagnação e descompasso, entre a educação dos jovens e o que deles demanda-se no mundo da vida.

Dados estatísticos, avaliações internas e externas, há algum tempo, revelam realidades que sinalizam para necessidade de mudanças. São estas realidades que nos permitem radicalizar o olhar sobre a escola pública estadual para ser propositiva na evolução de uma educação com qualidade social e cidadania, dando atenção especial ao Ensino Médio.

Neste sentido, a Secretaria Estadual de Educação tomou para si a responsabilidade de propor e discutir uma política pública de Estado para a educação que dialogue e se articule com a realidade daqueles que vivem do trabalho. Para dar conta desse debate, desencadeou um processo de Conferências de Reestruturação Curricular do Ensino Médio, do Curso Normal e da Educação Profissional da Rede Pública do Estado do Rio Grande do Sul, trazendo as contribuições dos diversos atores envolvidos nas Conferências.

A Conferência Estadual retoma as discussões, problematizando as questões limite levantadas ao longo do processo, buscando clarificar os princípios e proposições que constituem as propostas da SEDUC-RS. Os debates possibilitaram sistematizações dos eixos que compõem a proposta e produziram encaminhamentos para a operacionalização das mesmas. Nesse contexto, foi referendada, pelos participantes com destaque, a formação continuada dos educadores antes do início do ano letivo de 2012, especialmente em relação ao trabalho de elaboração de projetos interdisciplinares e da realização de seminários preparatórios para as direções e equipes pedagógicas, inicialmente na esfera estadual, com representantes de todas as escolas do estado, e em seguida em macrorregiões envolvendo mais que uma Coordenaria de Educação, e ainda, nas Coordenadorias Regionais envolvendo suas escolas de abrangência.

Dentre as discussões ocorridas, evidenciou-se a importância do papel das equipes diretivas na implantação do novo Ensino Médio, considerando os desafios que este apresenta e que passa pela necessidade de rever paradigmas e práticas que historicamente vem sendo realizadas. Acredita-se no valor da articulação dos sujeitos que tem sob sua responsabilidade a gestão da escola para que projetos desta natureza possam tomar corpo.

A gestão escolar, entendida como o ato de gerir a dinâmica cultural da escola em consonância com as diretrizes e políticas educacionais, necessita, como no termo Freiriano, “rigorosidade metódica” no cuidado com as múltiplas dimensões que possibilitam a efetivação de uma proposta que aborda a ideia de Paulo Freire referente à conscientização como forma de educar. Esta conscientização se dá a partir de um processo dialógico.

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A experiência educacional hoje clama por mudanças e novas leituras. Não é possível nos mantermos distantes das realidades sociais e dos contextos que circundam a escola. Os sujeitos que acessam a escola demandam uma educação contextualizada em suas realidades e em direção da qualidade da própria vida. Os agentes educacionais precisam movimentar-se nesta direção. E a gestão escolar tem o compromisso da permanente qualificação do projeto político pedagógico da escola sob sua responsabilidade.

É oportuno destacar que a escola é um importante espaço de convivência e socialização, de encontros e descobertas. A escola tem uma história na comunidade que tem sua cultura, portanto, precisa estar em permanente ligação com o seu entorno para construir uma educação de melhor qualidade, com o apoio e envolvimento de todos os atores imbricados nesse processo, buscando condições que promovam a aprendizagem, pauta que deve ser constante no trabalho das equipes escolares.

Cabe ao gestor escolar mobilizar sua equipe para pensar projetos educacionais baseados nas demandas da comunidade e das possibilidades humanas, territoriais e temáticas do entorno da escola, buscando superar os altos índices de reprovação e evasão, atender às demandas de formação que a sociedade contemporânea está exigindo e atender as orientações curriculares e a legislação que aponta à estas demandas.

O Ensino Médio no Rio Grande do Sul apresenta índices preocupantes, ao considerar o compromisso com a aprendizagem para todos. A escolaridade líquida (idade esperada para o ensino médio 15-17anos) é de apenas 53,1%. A defasagem idade-série no Ensino Médio é de 30,5. Ao mesmo tempo, constatam-se altos índices de abandono (13%) especialmente no primeiro ano, e de reprovação (21,7%) no decorrer do curso, o que reforça a necessidade de priorizar o trabalho pedagógico no Ensino Médio. (INEP/MEC– Educacenso –Censo Escolar da Educação Básica 2010).

Do universo de 1.053 escolas, 104 oferecem curso normal, 156 oferecem cursos profissionalizantes e 793 ofertam exclusivamente o curso de Ensino Médio. De um total de 24.763 professores, 2.016 atuam no curso normal, 2.037 no ensino profissional e 22.747 somente no Ensino Médio. . (INEP/MEC– Educacenso –Censo Escolar da Educação Básica 2010).

Por outro lado, quanto às condições da infraestrutura das escolas, algumas requerem atenção em relação à implantação, à implementação e à construção ou reforma de quadra de esportes (139); laboratório de ciências (103); laboratório de informática (87); biblioteca (9);

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cozinha (9); acessibilidade ao espaço escolar para pessoas com mobilidade reduzida, (320) (DEPLAN/SEDUC/RS, 2011).

Agravando este panorama, constata-se que o ensino se realiza mediante um currículo fragmentado, dissociado da realidade sócio-histórica, e, portanto, do tempo social, cultural, econômico e dos avanços tecnológicos da informação e da comunicação.

Um obstáculo a ser superado no processo da reestruturação do currículo do Ensino Médio, pode ser a pouca visão sobre a pesquisa científica por parte de alguns professores. Muitos professores, então vão ficar em dúvida, talvez inseguros no início, mas com vontade logo se tornarão pesquisadores, e assim, poderão ensinar os alunos a pesquisar. Quando da implantação do Ensino Politécnico nas Escolas Estaduais e do Componente Curricular Seminário surgem muitas perguntas: como trabalhar este componente de forma que se torne interessante para o educando e educador praticarem a pesquisa científica? Qual a melhor metodologia a ser usada para que a escola atinja os objetivos? Como integrar as áreas do conhecimento para a eficácia do componente Seminário? Como o componente curricular Seminário vai contribuir para a prática do ensino-pesquisa nos demais componentes disciplinares? Em que momento reunir professores que trabalham em mais que uma escola? Que espaço e a estrutura que a escola possui são adequados para a realização da prática pedagógica da pesquisa? Qual o base teórica-metodologia que orienta a proposta pedagógica da escola e das disciplinas escolares?

Construir respostas para esses questionamentos nos leva a busca do entendimento sobre o que é ensino politécnico ou Ensino Médio Politécnico. A Lei de Diretrizes Bases da Educação (BRASIL, Lei nº 9.394/1996) no artigo 22º, define como finalidade da Educação Básica

“...desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. No artigo 35º da mesma Lei são apresentadas as finalidade de formação específicas do ensino médio. São elas:

• I – a consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

• II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamentos posteriores;

• III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e desenvolvimento da autonomia intelectual e pensamento crítico;

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• IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando teoria e prática, no ensino de cada disciplina”.

É a partir destas finalidades que surge a proposição do Ensino Médio Politécnico, implantado em 2011 pela Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. O entendimento é de um Ensino Médio vinculado à realidade social e ao desenvolvimento científico-tecnológico, integrando as áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas.

Na prática, o estudante terá, além das aulas dos componentes curriculares do Ensino Médio, o desenvolvimento de projetos com atividades práticas e vivências relacionadas com a vida, com o mundo do trabalho. Contudo, isso não implicará na extinção das disciplinas, que serão fortalecidas no diálogo interdisciplinar. A formação voltada para compreensão da totalidade social, não apenas de seus fragmentos mas uma formação plena e integral é “nesta capacidade de fascinação que reside o germe do progresso.” ( MORENO ET ALL, 1999)

Politecnia, entendido como o domínio intelectual da técnica, não profissionaliza, mas está enraizado no mundo do trabalho e das relações sociais, promovendo a formação científico-tecnológica e sócia histórica, pelo protagonismo do aluno e do professor. Supõe novas formas de seleção e organização dos conteúdos a partir da prática social, contemplando o diálogo entre as áreas de conhecimento, buscando superar a lógica disciplinar e a primazia, da qualidade da relação com o conhecimento, sobre a quantidade de conteúdos apropriados de forma mecânica. “A noção de politecnia diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho produtivo moderno.” (SAVIANI, 1989, p. 17) O currículo é concebido como o conjunto das relações desafiadoras das capacidades de todos, que se propõe a resgatar o sentido da escola como espaço de desenvolvimento e aprendizagem, dando sentido para o mundo real, concreto, percebido pelos alunos e alunas. Trabalho como princípio educativo, e pesquisa como princípio metodológico. O desafio de compreender fatos e realidades amplas e complexas, a partir da escolha de conteúdos curriculares, demanda uma relação constante entre a parte e a totalidade. “Totalidade como todo estruturado e dialético, do qual ou no qual um fato ou conjunto de fatos como pode ser racionalmente compreendido pela determinação das relações que os constituem.” (KOSIK, 1978)

O relacionamento das áreas de conhecimento e dos saberes para a resolução de problemas advém do resgate de visões epistemológicas (teoria do conhecimento) e práticas de pesquisa que trabalham o objeto do conhecimento como totalidade, com interferência de

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múltiplos fatores, pressupostos estabelecidos a partir dos avanços científicos e tecnológicos contemporâneos.

A compreensão que os problemas não são resolvidos apenas à luz de uma única disciplina ou área do saber, desmistifica (denunciar um erro) a ideia, ainda predominante, da supremacia de uma área de conhecimento sobre outra. A busca constante na interdisciplinaridade, é no professor, ele é o principal agente, pois, o saber está inserido em cada disciplina cabendo aí ao educador exercer sua capacidade de fazer relações com os demais componentes curriculares, que tem um objetivo comum a formação integral de cada estudante, nesta sociedade que é totalmente interdisciplinar e globalizada social e economicamente. Avaliação Emancipatória que sinaliza os avanços do aluno em suas aprendizagens, aponta os meios para superação das dificuldades, oportuniza reflexão e revisão das práticas da escola, permite rever a prática da avaliação como classificação, seleção e exclusão, com mudança de paradigma.

É a politecnia, assim compreendida, que se constitui no princípio organizador da proposta de Ensino Médio, seja na sua versão geral, o Ensino Médio Politécnico, ou na versão profissional, Educação Profissional integrada ao Ensino Médio.

Na versão geral, o Ensino Médio Politécnico, embora não profissionalize, deve estar enraizado no mundo do trabalho e das relações sociais, de modo a promover formação científico-tecnológica e sócio-histórica a partir dos significados derivados da cultura, tendo em vista a compreensão e a transformação da realidade.

Do ponto de vista da organização curricular, a politecnia supõe novas formas de seleção e organização dos conteúdos a partir da prática social, contemplando o diálogo entre as áreas de conhecimento; supõe a primazia da qualidade da relação com o conhecimento pelo protagonismo do aluno sobre a quantidade de conteúdos apropriados de forma mecânica; supõe a primazia do significado social do conhecimento sobre os critérios formais inerentes à lógica disciplinar.

A construção desse currículo integrado supõe a quebra de paradigmas e só poderá ocorrer pelo trabalho coletivo que integre os diferentes atores que atuam nas escolas, nas instituições responsáveis pela formação de professores e nos órgãos públicos responsáveis pela gestão.

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O futuro das instituições de formação de professores está em buscar uma formação por área do conhecimento, incluindo as tecnologias aplicadas e usadas para cada área, bem como mudando a concepção para o uso da avaliação emancipatória, rompendo assim com as “caixinhas” que hoje tem se firmado para o ensino e aprendizagem. Formar e avaliar em grupo, este é novo paradigma a ser buscado. Sabemos que muitos professores resistem a esta proposta, pois desacomodarão uma rotina, que não segue o livro didático enquanto manual, ou uma cartilha que os professores estão acostumados, ficando a incerteza no novo, e acomodação na forma velha de ensinar.

1.2 - Organização curricular do Ensino Médio Politécnico proposta pela SEDUC-

A proposta da SEDUC é que os trabalhos escolares sejam articulados por projetos, nos quais a pesquisa se articula com eixos temáticos transversais, com eixos conceituais ou linhas de pesquisa, desde que sintetizem uma necessidade, uma situação problema, contextualizado na vida do aluno, buscando uma formação geral integrada com a parte diversificada.

Entende-se por formação geral (núcleo comum), um trabalho interdisciplinar entre as áreas de conhecimento com o objetivo de articular o conhecimento universal sistematizado e contextualizado, articulado com as novas tecnologias, objetivando aapropriação e integração com o mundo do trabalho.

Entende-se por parte diversificada (humana – tecnológica – politécnica), a articulação das áreas do conhecimento, a partir de experiências e vivências com o mundo do trabalho, a qual apresenta opções e possibilidades para posterior formação profissional.

A coordenação dos trabalhos, que organiza a elaboração de projetos, por dentro dos Seminários Integrados, será de responsabilidade do coletivo dos professores, e entre eles será deliberada e designada, considerando a necessária integração e diálogo entre as áreas de conhecimento para a execução dos mesmos. Além disso, o exercício da coordenação desses trabalhos, sob a forma rotativa, oportunizará que todos se apropriem e compartilhem do processo de construção coletiva da organização curricular.

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− uma formação geral sólida, que advém de uma integração com o nível de ensino fundamental, numa relação vertical, constituindo-se efetivamente como uma etapa da Educação Básica;

− uma parte diversificada, vinculada a atividades da vida e do mundo do trabalho, que se traduza por uma estreita articulação com as relações do trabalho, com os setores da produção e suas repercussões na construção da cidadania, com vista à transformação social, que se concretiza nos meios de produção voltados a um desenvolvimento econômico, social e ambiental, numa sociedade que garanta qualidade de vida para todos, ou seja, uma escola para todos.

A previsão inicial do Currículo do Curso de Ensino Médio será desenvolvida em três anos, com 2.400 horas, sendo que a carga horária no primeiro ano será de 75% de formação geral e 25% de parte diversificada. No segundo ano, 50% para cada formação e, no terceiro ano, 75% para a parte diversificada e 25% para a formação geral. Também se considera a possibilidade de um acréscimo de 600horas de carga horária, totalizando o curso em 3.000horas, não implicando em aumento do número de anos do curso. Este acréscimo, dividido nos três anos, se traduzirá por possibilidades de estágios ou aproveitamento de situações de emprego formal ou informal, desde que seu conteúdo passe a compor os projetos desenvolvidos nos seminários integrados e, com isso, venha a fazer parte do currículo do curso.

As proporções de distribuição das cargas horárias dos dois blocos, formação geral e parte diversificada não são rígidas, permitindo aproximações quando da elaboração e distribuição de carga horária pelas áreas de conhecimento na matriz curricular que integra o Projeto Político Pedagógico da Escola. Essa distribuição visa assegurar um processo de ensino e aprendizagem contextualizado e interdisciplinar.

A articulação dos dois blocos do currículo, por meio de projetos construídos nos seminários integrados, se dará pela interlocução, nos dois sentidos, entre as áreas de conhecimento e os eixos transversais, oportunizando apropriação e possibilidades do mundo do trabalho.

Os Seminários Integrados constituem-se em espaços planejados, integrados por professores e alunos, a serem realizados desde o primeiro ano e em complexidade crescente. Organizam o planejamento, a execução e a avaliação de todo o projeto político-pedagógico,

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de forma coletiva, incentivando a cooperação, a solidariedade e o protagonismo do jovem adulto.

A realização dos seminários integrados constará na carga horária da parte diversificada, proporcionalmente distribuída do primeiro ao terceiro ano, constituindo-se em espaços de comunicação, socialização, planejamento e avaliação das vivências e práticas do curso.

Na organização e realização dos seminários integrados, a equipe diretiva como um todo e, especificamente, os serviços de supervisão e orientação educacional, têm a responsabilidade de coordenação geral dos trabalhos, garantindo a estrutura para o seu funcionamento.

A coordenação dos trabalhos, que organiza a elaboração de projetos, por dentro dos seminários integrados, será de responsabilidade do coletivo dos professores, e entre eles será deliberada e designada, considerando a necessária integração e diálogo entre as áreas de conhecimento para a execução dos mesmos. Além disso, o exercício da coordenação desses trabalhos, sob a forma rotativa, oportunizará que todos se apropriem e compartilhem do processo de construção coletiva da organização curricular.

O desenvolvimento de projetos que se traduzirem por práticas, visitas, estágios e vivências poderão também ocorrer fora do espaço escolar e fora do turno que o aluno frequenta. Para tanto, deverá estar prevista a respectiva ação de acompanhamento executada por um professor.

Os projetos serão elaborados a partir de pesquisa que explicite uma necessidade e/ou uma situação problema, dentro dos eixos temáticos transversais.

Na perspectiva de garantir a interdisciplinaridade, a distribuição da carga horária da formação geral (base comum nacional), na proporção que lhe cabe em cada ano do curso, contemplará equitativamente, os componentes curriculares das áreas do conhecimento.

I – Áreas de Conhecimento:

1-Linguagens e suas Tecnologias;

2-Matemática e suas Tecnologias;

3-Ciências Humanas e suas Tecnologias;

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II – Eixos Temáticos Transversais para a Parte Diversificada 1-Acompanhamento Pedagógico; 2- Meio Ambiente; 3- Esporte e Lazer; 4- Direitos Humanos; 5- Cultura e Artes; 6- Cultura Digital;

7- Prevenção e Promoção da Saúde;

8- Comunicação e Uso de Mídias;

9- Investigação no Campo das Ciências da Natureza;

10- Educação Econômica e Áreas da Produção.

A proposta do Ensino Médio, politécnico foi decidida em dois momentos: o primeiro na sua implantação que atingiria o primeiro ano em 2011, tendo um regimento referência, com uma base comum a todas as escolas, acrescentando neste ano o componente Seminários, com quatro horas semanais, conduzido por um o mais professores independente da sua área específica e num segundo plano, a partir de 2012, a partir da construção do novo regimento com indicativo nas revisões das aulas para o 2ª e 3 ano, especificando os desdobres entre formação geral e parte diversificada. A última orientação recebida da SE, através da Coordenadoria Regional de Educação, estabelece uma base sugestiva ao Componente Seminário integrante da parte diversificada disponibilizando 6 horas para este componente, ficando a indicação na distribuição para este de uma hora para cada uma das quatro áreas denominada do componente da área do conhecimento e suas tecnologias aplicadas e ainda duas horas fixas de Seminário. Ficando uma hora semanal de seminário para linguagenssuas tecnologias aplicada, uma hora semanal para matemática suas tecnologias aplicadas, uma hora semanal para ciências da natureza suas tecnologias aplicadas e uma hora para as ciências humanas suas tecnologias aplicadas, mais ás duas horas de seminário. A concepção desta proposta é forçar as áreas envolverem nos projetos, e suas tecnologias aplicadas. Além dessas orientações a proposta prevê para o aluno não optante de Língua Espanhola ou Inglesa, e ensino religioso a escola oferece Seminário Integrado. Aulas de 50 minutos totalizando 200 dias letivos. Ou seja 1200 horas aula e 1000 horas relógio.

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O quadro síntese a seguir, foi proposto pela mantenedora tendo como ano base 2012, pois foi uma exigência do Conselho Estadual de Educação, para que o Regimento Referenciado ao Ensino Médio Politécnico tivesse aprovação e para ser implantado.

Quadro Síntese ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO Da E.E.E.M. Dr.

Roberto Löw– 1º ano Vigência: 2012

FORMAÇÃO GERAL

1º ANO/CARGA

HORÁRIA SEMANAL

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

8

Língua Portuguesa

3

Literatura

2

Arte

1

Educação Física

2

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS

4

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

6

Biologia

2

Física

2

Química

2

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

6

História

2

Geografia

2

Filosofia

1

Sociologia

1

PARTE DIVERSIFICADA

6

Língua Estrangeira Moderna (Espanhol)

1

Ensino Religioso

1

Seminário Integrado

4

Total Carga Horária Semanal

30

Carga Horária Anual

Horas-aula

1200

Horas

1000

Quadro Síntese do ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO da E.E.E.M. Dr.

Roberto Löw Vigência: A partir 2013

FORMAÇÃO GERAL

1º ANO/CARGA HORÁRIA SEMANAL 2º ANO/CARGA HORÁRIA SEMANAL 3º ANO/CARG A HORÁRIA SEMANAL

LINGUAGENS,

9

9

9

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Língua Portuguesa

3

3

3

Literatura

2

2

2

Arte

-

1

1

Educação Física

2

2

2

Língua Inglesa

1

-

-

Língua Espanhola

1

1

1

MATEMÁTICA

4

4

4

Matemática

4

4

4

CIÊNCIAS DA NATUREZA

6

6

6

Biologia

2

2

2

Física

2

2

2

Química

2

2

2

CIÊNCIAS HUMANAS

7

7

7

Historia

2

2

2

Geografia

2

2

2

Filosofia

1

1

1

Sociologia

1

1

1

Ensino Religioso

1

1

1

PARTE DIVERSIFICADA

4

4

4

Seminário Integrado

4

4

4

Total Carga Horária Semanal

30

30

30

Carga Horária Anual

Horas-aula

1200

1200

1200

Horas

1000

1000

1000

Para o ano 2013, a proposta da Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Roberto Löw, de acordo com análise do o grupo de professores e depois de muitas ponderações, chegou-se no seguinte quadro síntese, descrito a seguir. Analisando a nossa forma de trabalho e prática já usada á 10 anos, as quatro horas de seminário, seriam suficientes para este componente, que já em 2012, foi administrado, por dois professores de áreas do conhecimento diferentes, dividindo em duas horas para cada professor, assim exigindo um constante diálogo, entre os dois professores e orientação pedagógica do ensino médio, que sempre acompanhava os cominhos seguidos e decididos pelo coletivo da escola. “Caminhante não há caminho, o caminho se faz ao andar”. Antônio Machado

Espera-se, que no futuro as universidades aprimorem esta formação em áreas, professores contratados ou nomeados que atuam somente em uma escola, espaço físico adequado para atender estes alunos em turno inverso, que a questão do transporte escolar de muitos municípios, seja adequado e resolvido para permanência do aluno na escola no contra

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turno, merenda para facilitar a nutrição nos dias de aula integral, a resistência de parte dos professores na questão de mudanças e inovações, possa ser superado, para que ocorram os avanços necessários.

Em nossa escola, mas como já estamos com uma prática, analisada e reconstruída a cada ano, está metodologia veio contribuir para nossa prática de ensino e aperfeiçoar as relações de aprendizagem, que destacamos a seguir.

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2- METODOLOGIA DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DR. ROBERTO LÖW, PERÍODO LETIVO BASE: ANO 2012

O Projeto regimental de Ensino Médio em desenvolvimento na Escola Dr. Roberto Löw, de Barro Preto, Nova Ramada, tem como princípio básico garantir o acesso e constituir um espaço pedagógico para o processo de construção do conhecimento socialmente produzido. Procura envolver diferentes sujeitos, suas relações sociais e representações culturais, tendo em vista criar possibilidades para romper com o isolamento e exclusão social imposto pelo projeto de desenvolvimento vigente.

Os educadores desta escola juntamente com a comunidade escolar estão imbuídos de colocar em prática uma educação libertadora dialógica, baseada na teoria de Paulo Freire. Esta concepção pedagógica tem na pesquisa e diagnóstico da realidade o ponto de partida para a construção e apropriação do conhecimento e assim poder interagir e intervir para transformar a realidade. Neste sentido, esta prática de ensino escolar parte da problemática concreta que, um determinado grupo social e/ou os educandos vivem em seu contexto. Esta problemática não é homogênea nem estática. Está atravessada por contradições objetivas (trabalhar sobre dados objetivos: objetos de materialização) e subjetivas (o interior de cada ser e a relação estabelecida - forma de expressão, linguagem, manifestações culturais e valores). “O método dialético vê as coisas em constante fluxo e transformação. Seu foco é, portanto, o processo. Dentro dele, o entendimento de que a sociedade constrói o homem e, ao mesmo tempo, é por ele construída” (VERGARA, 1997, p. 12 a 14).

Desta forma é estabelecido um olhar hermenêutico que é a busca da compreensão de significados, muitos deles ocultos. Para esta compreensão exige-se a leitura do contexto. Diários, relatos do cotidiano, estudos de caso, observações, conteúdos de textos para análises etc. Nesta dinâmica o estudo do “problema” levantado não se processa de forma isolada. Ao contrário, longe de isolar um fenômeno, estuda-o dentro de um contexto, que configura a, totalidade, num constante relacionamento de forças que se contradizem, se repelem e se atraem. É a contradição que permite a superação de determinada situação, ou seja, a mudança.

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O conhecimento da realidade é a ponte ou a mediação estabelecida entre o sujeito e o objeto estudado o qual propiciará a formulação de novos conceitos (conhecimentos).

Freire (1999) sugere a escolha investigativa do tema gerador, que interligado a totalidade permite ao homem se inserir de uma forma crítica de pensar o seu mundo.

O tema gerador é um caminho para se conhecer, compreender e intervir criticamente na realidade estudada; pressupõe uma metodologia de trabalho que acredita no crescimento do indivíduo no grupo, na discussão, na problematização, na pergunta, no conflito, na participação e na disponibilidade como forma de apropriação, construção e reconstrução do saber; é um ponto de encontro interdisciplinar das áreas do saber (SE, 2001, p.3).

O tema gerador está presente na fala da comunidade, é o limite de compreensão que a comunidade possui de sua realidade. A captação do todo exige certa abstração, pois é algo que não consegue vislumbrar e isso será possível quando se identificarem pensamentos opostos que se dialetizam no ato de pensar. Na análise de uma situação existencial concreta, codificada, se verifica exatamente este movimento do pensar.

A descodificação da situação existencial provoca esta postura normal, que implica um partir abstratamente até o concreto; que implica uma ida das partes ao todo e uma volta deste às partes, que implica um reconhecimento do sujeito no objeto (a situação existencial concreta) e do objeto como situação em que está o sujeito(FREIRE, 1999, p. 97).

O sujeito se reconhece na representação da situação existencial “codificada” ao mesmo tempo que reconhece nesta, objeto agora de sua reflexão, o seu contorno condicionante em e com que está, com outros sujeitos (FREIRE, 1999).

A codificação de uma situação existencial é a representação desta, com alguns de seus elementos constitutivos, em interação. A descodificação é a análise crítica da situação codificada (FREIRE, 1999, p. 97).

No processo de busca da temática significativa deve estar presente a preocupação pela problematização dos próprios temas e suas vinculações com outros, pelo seu envolvimento histórico-cultural.

É neste sentido que a nossa Escola de Ensino Médio vem desencadeando o processo da Pesquisa Participante para que o educando possa ser um pesquisador e não um mero receptor de informações que nada tem significado para sua vida. É com base nos resultados da pesquisa que os conteúdos escolares vão sendo adequados de acordo com as diferentes áreas do conhecimento. Os dados extraídos da comunidade através da investigação, da temática geradora, possibilitam, não apenas compreender a realidade vivida como também a percepção que as pessoas têm de sua realidade.

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Conhecer a sua própria realidade. Participar da produção deste conhecimento e tomar posse dele. Aprender a escrever a sua história de classe. Aprender a reescrever a História através de sua história. Ter o espaço agente que pesquisa uma espécie de gente que serve. Uma gente aliada, armada dos conhecimentos científicos que foram sempre negados ao povo, àqueles para quem a pesquisa participante – onde afinal pesquisadores-e-pesquisados são sujeitos de um mesmo trabalho comum, ainda que com situações e tarefas diferentes – pretende ser um instrumento a mais de reconquista popular (BRANDÃO, 1999, p. 11).

Estes pressupostos permitirão que o educando (pesquisador) através da observação da problemática levantada, construa suas hipóteses a partir de sua intuição e escolha um tema de pesquisa em forma de projeto que paulatinamente, nos anos subsequentes, irá se materializando e no Terceiro ano possa ser apresentado para a banca de professores, incluindo sugestões e alternativas viáveis frente ao problema estudado.

Nesta perspectiva direção Freire propõe um conjunto de procedimentos, tendo em vista buscar a investigação da realidade local:

Primeiro: Uma pesquisa da realidade, organização e análise dos dados levantados; Segundo: definição das falas significativas com a escolha do tema gerador;

Terceiro: seleção dos conteúdos significativos e programação das áreas; Quarto: organização das atividades para a sala de aula.

Essa educação escolar supõe uma proposição curricular que articule a universalidade da ciência e a realidade sócio-histórica da comunidade escolar, e necessariamente trabalhe a dimensão interdisciplinar das áreas do conhecimento, superando as fragmentações, tal como, referindo-se a escola, afirma Morin (2001, p. 15), “[...] nos ensinam a isolar os objetos (de seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar.” A ideia de interdisciplinaridade indica para a abertura ao diálogo ou para a interlocução dos saberes. O trabalho escolar organizado em temas e subtemas ou temas-problemas constitui o parâmetro orientador da organização curricular para o desenvolvimento dessa prática de ensino aprendizagem.

Na “pedagogia do oprimido” Freire expressa a ideia de homem como ser inconcluso e consciente desta situação, desejando ser sujeito da sua existência, contrapondo a concepção bancaria de conteúdos predefinidos. Necessário se faz o encontro entre os homens e o mundo através do diálogo mediatizados pela palavra, ação e reflexão, aceitando que outro também possui um saber, e assim todos terão o privilégio de aumentar o seu conhecimento.

Pernambuco (2002) Destaca a proposição necessariamente dialógica que precisa acontecer em momentos pedagógicos, situados como de Estudo da Realidade (ER), Organização do Conhecimento (OC) e de Aplicação do Conhecimento (AC).

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A Atitude problematizadora, no universo temático, nas relações homem-mundo, são os obstáculos ou barreiras que precisam ser superadas na construção social, a percepção do problema, e ir em ao encontro para desvendá-lo é o sonho, a utopia para torná-lo realidade, promovendo a humanização.

A definição dos conteúdos-forma mais específicos das áreas e ou disciplinas acontecerá nessa relação dialógica do saber popular e do saber científico. O saber das ciências tem a função de desvendar a aparência, romper com o senso comum e produzir a compreensão dos fatos e ou fenômenos sociais e naturais, reconstituindo a totalidade.

É nesse momento que o diálogo com e entre as áreas do conhecimento torna-se uma necessidade. É o momento de explicitar a “visão de área”, ou de como cada campo da ciência procede a reconstrução do tema com a sua perspectiva de leitura, definindo o seu enfoque de análise e a sua contribuição na construção interdisciplinar da totalidade. É nessa passagem que os programas de ensino tomam forma com a explicitação dos temas específicos de estudo. Será, então, o estudo do tema específico, representativo e ou articulado com a realidade, que possibilitará a (re) construção da visão primeira da realidade, possuída pelo educando, no início do processo educativo. Este supera a situação de ignorância, rompendo o limite explicativo que possuía da sua realidade, entende o real e as suas contradições, amplia a consciência de sua inconclusão histórica, e passa a acreditar na possibilidade de ser sujeito na construção do seu presente e futuro. AZAMBUJA, 2010, P. 26-27)

Sabemos que não é uma tarefa fácil de ser cumprida, mas com a construção do projeto e buscando apoio no coletivo, sempre vamos aprofundando e aperfeiçoando o trabalho, usando a metodologia de projetos, que procura através do dialogo, usando os saberes científicos, propiciar a construção e sistematização, que vai se materializando nos três anos de ensino médio, partindo do mais simples de forma grupal para o mais complexo de forma individual. O obrigatório nestes projetos é a garantia do exercício da liberdade, mas com orientações sistemáticas, propiciando condições de escolhas racionais.

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2.1-Aprendendo e “ensinando” com projetos de pesquisa.

A pedagogia de projetos deve permitir que o aluno aprenda-fazendo e reconheça a própria autoria naquilo que produz por meio de questões de investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e descobrir outros que emergem durante o desenvolvimento do projeto.

Nessa situação de aprendizagem, o aluno precisa selecionar informações significativas, tomar decisões, trabalhar em grupo, gerenciar confronto de ideias, enfim, desenvolver competências interpessoais para aprender de forma colaborativa com seus pares.

A mediação do professor é fundamental, pois, ao mesmo tempo em que o aluno precisa reconhecer sua própria autoria no projeto, ele também precisa sentir a presença do professor, que ouve, questiona e orienta, visando propiciar a construção de conhecimento do aluno. A mediação implica a criação de situações de aprendizagem que permitam ao aluno fazer correções necessárias uma vez que os conteúdos envolvidos no projeto precisam ser sistematizados para que os alunos possam formalizar os conhecimentos colocados em ação.

O trabalho por projeto potencializa a integração de diferentes áreas de conhecimento, assim como a integração de várias mídias e recursos, os quais permitem ao aluno expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de representação. Do ponto de vista de aprendizagem no trabalho por projeto, Prado (2001) destaca a possibilidade de o aluno contextualizar aquilo que aprendeu, bem como estabelecer relações significativas entre conhecimentos.

Nesse processo, o aluno resignificará os conceitos e as estratégias utilizadas na solução do problema de investigação que originou o projeto e, com isso, amplia seu universo de aprendizagem.

Em se tratando dos conteúdos, a pedagogia de projetos é vista por seu caráter de potencializar a interdisciplinaridade. Isto de fato pode ocorrer, pois o trabalho com projetos permite romper com as fronteiras disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes áreas do conhecimento numa situação contextualizada da aprendizagem. No entanto, muitas vezes o professor atribui valor para as práticas interdisciplinares, e com isso passa a negar qualquer atividade disciplinar. Essa visão é equivocada, pois Almeida (2002) enfatiza que a interdisciplinaridade se dá sem que haja perda da identidade das disciplinas.

O projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conhecimento, mobilizadas na investigação de problemáticas e situações da realidade. Isso não significa abandonar as disciplinas, mas integrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando-as verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem

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articulações horizontais numa relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como pano de fundo a unicidade do conhecimento em construção (ALMEIDA, 2002,p. 58).

O conhecimento específico – disciplinar – oferece ao aluno a possibilidade de reconhecer e compreender as particularidades de um determinado conteúdo, e o conhecimento integrado – interdisciplinar – dá-lhe a possibilidade de estabelecer relações significativas entre conhecimentos. Ambos se realimentam e um não existe sem outro.

A cooperação é uma estrutura de interação projetada para facilitar a realização de um objetivo específico ou o produto final de um grupo de pessoas trabalhando juntas. Aprendizagem cooperativa é definida por um conjunto de processos que ajudam as pessoas interagirem para atingir um objetivo específico ou desenvolver um produto final, geralmente o conteúdo diretamente relacionado.

Ao contrário de cooperação, a colaboração é uma filosofia de interação onde os indivíduos são responsáveis por suas ações, incluindo a aprendizagem e respeitando as habilidades e contribuições de seus pares. A aprendizagem colaborativa é uma filosofia pessoal, e não apenas uma técnica de sala de aula. Em cooperação há sempre um objetivo comum ou produto, para benefício de todos, não há o que chamamos de interdependência positiva, tanto em termos de objetivos, tais como papéis, tarefas. Em colaboração isso não é necessário.

Para implementar a aprendizagem cooperativa em sala de aula, segundo Pernambuco a primeira coisa que o professor precisa é acreditar fortemente que estamos ajudando o aluno a uma mudança radical de estrutura de grupo em sala de aula, espaço e metodologia que terá um impacto positivo na aprendizagem dos nossos alunos e na nossa própria. Além disso, sabemos em profundidade as bases desta metodologia e os elementos que devem ser considerados no projeto:

- A busca da Interdependência positiva: o estímulo é fundamental para o esforço, apoio mútuo e ajuda mútua. Na aprendizagem cooperativa se você ganhar eu ganhar, ou seja, todo mundo ganha. Interdependência positiva deve existir em relação a: objetivos, benefícios, recursos e funções.

- A responsabilidade individual é assegurada quando o aluno sabe as suas realizações e os resultados são verificados e avaliados. Para isso, é importante manter um pequeno grupo de trabalho, fazer avaliações individuais, os alunos examinar oralmente, aleatoriamente pedindo que um deles para expor o trabalho em grupo, etc.

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- Avaliação do grupo: a avaliação tem que ser feita de duas maneiras, pelo professor e pelo próprio grupo, para estar ciente do quanto os objetivos estão sendo alcançados e mantidos bom relacionamento. O grupo de avaliação para impressões a coesão do grupo.

- Interação interpessoal cooperativa: é importante confiar e conhecer outras pessoas, ter habilidades de comunicação, e capaz de resolver os conflitos de forma construtiva.

- Elaboração cognitiva da informação: tomar a premissa de que há sempre algo a aprender, ajudar envolve explicações, exemplos de formulação e Igualdade de Oportunidades.

Neste sentido o papel do professor é baseado em monitoramento ativo e não diretivo, tanto no processo de aprendizagem, e nas interações entre os alunos e seus projetos, buscando sempre ver se o estudo está sendo claro, e tenha sua especificidade na proposta pretendida pelo próprio aluno, apontando alternativa e caminhos a serem seguidos.

2.2-PROPOSTA PARA CONSTRUÇÃO DE PROJETO A PARTIR DO DIAGNÓSTICO DA PESQUISA PARTICIPANTE

Não há uma regra comum para estabelecer as diretrizes de um projeto. Existem várias formas e sugestões propostas. O projeto a ser desenvolvido pelos educandos do Ensino Médio da Escola Estadual Dr. Roberto Löw visa diagnosticar um “problema” da realidade local e regional através da pesquisa participante e suas ramificações. Após estudos desenvolvidos nas diferentes áreas do conhecimento o educando vai construindo o seu projeto, primeiramente buscando um aprofundamento teórico sobre os assuntos estudados. Deverá, paulatinamente, com o acompanhamento dos professores, ir formando as partes teóricas e práticas, para quando chegar na terceira série(ano) poder ter claro o que pretende desenvolver e propor, levando-se em consideração toda a trajetória percorrida nos respectivos anos anteriores do conhecimento.

Pretende-se desta forma que o educando exercite o método da pesquisa e produza os resultados através de um texto escrito para comunicar, divulgar os seus resultados. O objetivo é formar sujeitos investigadores capazes de construir o próprio conhecimento.

Pensar certo implica a existência de sujeitos que pensam. é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito (FREIRE, 1988, p.77).

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2.3 - Perfil do profissional da educação que atua com os educandos.

O profissional de educação necessita com clarezas saber diferenciar o ensino animação do ensino educação. Animação se satisfaz com uma simples proposta de objetos culturais e que se coloca a serviço da solicitação dos indivíduos, a educação por sua vez tem a tarefa uma iniciação sistemática, pondo todos os sujeitos em contato com objetos culturais, para provocar o interesse desses objetos, escolhas verdadeiras, sem um ensino sistemático, a liberdade do sujeito é uma liberdade do nada, não se pode apaixonar pela física ou se interessar pela história, se não teve a oportunidade de conhecer tudo isso um dia e se não experimentou o prazer disso. O obrigatório aqui é a garantia do exercício da liberdade, o ensino sistemático é a condição de escolhas racionais. É necessário ainda que aluno assuma explicitamente a função de tornar esses objetos desejáveis. Ora, se é certo que não se pode desejar aquilo que se ignora, também é certo que se deixa de desejar aquilo que possui. O objeto do desejo deve ser ao mesmo tempo conhecido e desconhecido, é preciso adivinhar os seus contornos.

Como pensar em persuadir o educando a ter desejo de aprender? Se o papel do professor é fazer com que o desejo nasça, o desejo de aprender, sua tarefa é “criar o enigma” e comentá-lo ou mostrá-lo suficientemente para que se entreveja o seu interesse e sua riqueza, para suscitar a vontade de desvendá-lo. É buscar o “segredo”, quando aprendemos deparamo-nos com o que tomamos por dificuldades. Então buscar a solução com informação e pesquisa é bem mais trabalhoso, e com certeza teríamos ido mais depressa, se elas nos tivessem sido fornecidas pelos nossos educadores, sem que precisássemos procurá-las, ao invés de suspender a explicação e fazer que nasça o desejo, antecipa a solicitação e mata o desejo. É preciso levantar uma ponta do véu, mas apenas uma ponta para não desmobilizar o sujeito.

Para que aprender todos os conhecimentos que a escola tem descrito no Plano de Trabalho dos Professores? É necessário que o sujeito disponha de alguns instrumentos para que possa enfrentar a obscuridade, e é isto que o professor deve buscar com prioridade, apoiar-se naquilo que os alunos sabem e sabem fazer a partir da aprendizagem global que cada aluno já assimilou nas várias disciplinas, questionando a partir daí, o que poderiam saber. Criar o enigma com o saber, criar o saber com o enigma. Questionando o futuro apoiando-se no “já existente” criar o problema, o que não sabemos é um jogo de presença/ausência, de conhecimento/ignorância, que gera uma aspiração, suscita um desejo. Pois quanto mais se sabe mais se deseja saber, qualquer que seja expectativa aumentam sempre o enigma.

Como fazer com que os suportes pedagógicos utilizados por muitos educadores, como filmes, anúncios de moto em língua estrangeira ou música produzam, significados de saberes

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escolarizados? “Se o prazer é possível, a cultura está ausente e se a cultura é imposta, os prazeres se esvaem”(Meirieu, 1998, p.90).

O interesse pelo rock e pela moto é como se sabe, totalmente superficial no imaginário de qualquer pessoa e deve-se à influencia excessiva da televisão. É preciso fixar-se no desejo existente, por mais superficial que seja, para abrir novos horizontes e assim fazer com que nasçam, por sobreposição, novos desejos mais conformes com um projeto cultural. Assim, constroem-se cadeias analógicas através das quais as coisas (interesses, necessidades, etc.) se articulam, adquirem sentido no caminho do desejo, que leva a um conhecimento transfigurador do real.

Como trabalhar a mediação entre o espaço interno e externo à escola, quando o externo traz influências nem sempre positivas e corroborativas do processo de aprendizagem? Esclarecer suficientemente os limites do possível para que cada um se sinta seguro e não tema, a cada instante, o extravasamento da emoção ou a erupção da agressividade, cabe a regra proteger, aí cada um contra si mesmo e contra os outros, impondo a distância necessária. E a distancia é muitas vezes, simplesmente a obrigação de suspender o impulso, pois é exatamente nessa suspensão que se exerce a inteligência. “Escreva e veremos” graças a este sistema aprendem a esperar ao invés de exigir ao mesmo tempo, avaliar a situação, a refletir e justificar a decisão, a ter acesso a uma expressão oral mais serena, e por tanto mais eficaz.

O ritual da organização do espaço através do qual cada um apropria-se de um território, estabelece suas ferramentas de trabalho, o ritual da distribuição do tempo, que determina a posição respectiva das atividades individuais, duais, coletivas, que impõe os momentos de silencio evocação e a reflexão. Na medida em que cada um se dedica a uma atividade precisa, útil a todo grupo, identificada por um produto, ainda que pequeno, não pode mais ser, da mesma forma objeto de fascínio ou de repulsa. O papel essencial que pode ter toda avaliação, na medida em que o sujeito dela se apropria é onde pode identificar suas aquisições.

Aquele que sabe sem saber que sabe, fica eternamente dependente daquele que ensinou, poderá apenas mostrar seu saber se isso lhe for solicitado. Em contrapartida, aquele que sabe que sabe pode mobilizar seus saberes e seu sovoir-faire(saber fazer) por sua própria iniciativa. Aquele que sai da sala de aula sabendo do que é capaz a partir desse momento, aquele que desvia do olhar do professor para anotar algo que decide reter, aquele que se prende a um detalhe que pretende verificar, aquele que relaciona os resultados que obtém com a situação que tornou possível sua obtenção é quem se livra do poder absoluto do mestre.

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Neste sentido a Escola de Ensino Médio Dr. Roberto Löw, tem a preocupação, de conduzir o componente Seminário por meio de etapas a serem construídas, denominado focos, para que o aluno possa ir do já conhecido para o desconhecido, que logo será conhecido, mas que determinará outro desconhecido a ser desvendado, que ao ser desvendado vai criando um desejo de aprender cada vez mais.

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3-ESCLARECIMENTOS QUANTO A SEQUENCIA DOS FOCOS NOS RESPECTIVOS ANOS E TRABALHOS A SEREM DESENVOLVIDOS.

Muitos e diversos são nossos possíveis olhares sobre os fatos ou os fenômenos. Eles se revelam frente aos espaços da realidade que observamos, com isso podemos afirmar que existe uma tendenciosidade implícita no olhar investigativo. Estes olhares são variáveis, pois dependem de quem faz a observação, assumem uma diversidade só perceptível ante a sua aferição no confronto com o episódio avaliado.

Segundo Heráclito, o mesmo peixe nas águas de um rio pode assumir uma diversidade de identidades dependendo do olhar que observa. De quantas maneiras se podem observar um peixe? Ele é carne, é rival, é renda, é companheiro, é parte das águas, depende de quem olha de suas experiências, de sua intencionalidade. Sempre ainda será um peixe, enquanto as águas, pelas quais ele nada nunca serão as mesmas, pois correm em direção ao mar e para retornar como águas se transformam se transmutam, em muitas formas. Se você a percebeu num momento determinado, no instante seguinte ao recuperar a água desse rio, já não será mais a mesma, ainda que continue a ser a água desse rio. Esta maleabilidade perpassa o olhar que se debruça sobre o peixe, pois interage com ele, transformando-o e transformando nossa percepção acerca das ações que se desenvolvem nesse meio. Somos um conjunto de explicações que enquadram os seres e objetos na tentativa de facilitar a sua compreensão e conhecimento.

As múltiplas formas de exercer “o olhar do pesquisador” não se distinguem de maneira inequívoca, pois interagem na observação. No entanto, é possível assumir que determinados princípios predominam sobre outros, lhes atribuindo um caráter mais específico, particular.

O pesquisador há de rever muitas vezes seu olhar sobre o fenômeno e concluirá que, a cada vez que se debruçar sobre o mesmo, mais relações extrairá. Muitas dessas observações serão antagônicas e revelam o grau de reflexão e as mutações ocorridas em seus referenciais.

Referências

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