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RESPOSTA AO RECURSO ADMINISTRATIVO

Processo de Compra nº 068/2017 – Tomada de Preço nº 002/2017 RECORRENTE: CMC – Construtora Martins Costa Ltda.

RELATÓRIO

Trata-se de Tomada de Preço nº 002/2017, que tem como objeto a Reforma do piso das enfermarias coletivas do 4º, 6º e 7º andares da ala A do Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte.

A empresa CMC – Construtora Martins Costa Ltda impugnou especificamente o ITEM “1.1.1 – Administração Local” do Edital afirmando em síntese que devia ser revisto o coeficiente e o salário base utilizados para a composição do referido item.

Houve resposta tempestiva com devida retificação do item questionado, pelo que foi marcada sessão de abertura de envelopes realizada no dia 01 de Setembro de 2017 onde compareceram 04 (quatro) empresas. No primeiro momento foram abertos os envelopes contendo documentos de habilitação e em seguida os envelopes contendo as propostas das empresas habilitadas, quais sejam Lopes e Rocha Engenharia e Construções Ltda e CMC – Construtora Martins Costa Ltda.

Na referida sessão, todas as empresas presentes tiveram acesso aos documentos das concorrentes de ambos os envelopes (de documentos e de propostas), apostando suas rubricas/assinaturas em todos os documentos após a sua conferência e anuência com os mesmos. Foi marcado o dia 15 (quinze) de Setembro do corrente ano para divulgação do resultado das propostas financeiras.

Ao analisar as propostas, restou desclassificada a empresa CMC – Construtora Martins Costa Ltda em virtude de melhor preço apresentado pela concorrente Lopes e Rocha Engenharia e Construções Ltda.

Em síntese, a empresa Recorrente alega, tempestivamente, que a declarada ganhadora não teria atendido à previsão legal do artigo 14 da Lei 5.194/66, vez que não constou

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assinatura completa e identificação em todos os itens exigidos pelo item 8.2.1 do edital. Asseverou ainda que exigência contida no Anexo II,3 B não teria sido cumprida, pelo que deveria a empresa concorrente Lopes e Rocha Engenharia e Construções Ltda ser desclassificada e a Recorrente ser declarada ganhadora do certame.

É o relatório.

 DO SUPOSTO DESCUMPRIMENTO AO ARTIGO 14 DA LEI 5.194/66

Analisando as argumentações apresentadas pela Recorrente, verifica-se que a esta não assiste razão em nenhum aspecto conforme restará demonstrado pelas considerações que serão aqui traçadas.

Inicialmente, informamos que a empresa Recorrente, quando do momento oportuno apenas apresentou impugnação ao item 1.1.1 do edital, ficando implícita a sua concordância com os demais termos nele previstos.

Alegou a Recorrente que a empresa Lopes e Rocha Engenharia e Construções Ltda, não teria atendido à previsão legal do artigo 14 da Lei 5.194/66, vez que não constou assinatura completa e identificação em todos os itens exigidos pelo item 8.2.1 do edital, motivo pelo qual a proposta não seria válida.

Como lembrou a empresa recorrente e é de conhecimento da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, a lei 5.194/66, que regula o exercício das profissões de Engenharia, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo é lei ordinária, equiparando-se portanto à lei de licitações que rege todo o procedimento aqui recorrido.

Neste sentido, a legislação é o norte a ser seguido e não pode haver previsão editalícia que exija mais do que a própria lei. A legislação ordinária prevê que:

Art. 14. Nos trabalhos gráficos, especificações, orçamentos, pareceres, laudos e atos judiciais ou administrativos, é obrigatória além da assinatura, precedida do nome da emprêsa, sociedade, instituição ou firma a que interessarem, a menção explícita do título do profissional que os subscrever e do número da carteira referida no art. 56.

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Frisa-se que, não há previsão legal de que a proposta deve ter todas as suas folhas assinadas com identificação do responsável da empresa, precedida do nome da pessoa jurídica participante do certame.

Ou seja, não há na legislação vigente exigência de formalismo exacerbado para que conste em todas as folhas da proposta, assinatura conforme exigido pelo artigo 14 da Lei 5.194/66.

Não restam dúvidas de que a proposta, o ato comercial, foi rubricado em suas folhas e devidamente assinado ao final por quem de direito, ou seja, Sra. Adriana de Souza Lopes Miguel, sócia que consta no contrato social da empresa Lopes e Rocha Engenharia e Construções Ltda e é engenheira civil devidamente inscrita no CREA/MG.

Desta feita, a proposta apresentada pela empresa ganhadora atende aos requisitos legais já que consta devidamente assinada por profissional habilitado de acordo com a Lei 5.194/66, que novamente frisamos, não exige assinatura completa em todos os termos da proposta.

Não há desvantagem ou falta de documento que atenda a legislação, e sequer há falta de julgamento objetivo e em conformidade com o edital e com as regras e princípios que norteiam o procedimento licitatório, como tentou fazer crer a Recorrente.

A decisão de que a proposta apresentada não fere o edital e sequer a legislação pátria foi acertada, pois não há falha nos documentos e mais, privilegia a proposta mais vantajosa para a administração.

Outra interpretação, além de não encontrar amparo legal frustraria o caráter competitivo da licitação, vai de encontro ao princípio do formalismo moderado que é amplamente praticado, incentivado e disseminado pelo Tribunal de Contas da União.

O formalismo moderado se relaciona a ponderação entre o princípio da eficiência e o da segurança jurídica, ostentando importante função no cumprimento dos objetivos descritos no art. 3º da lei de licitações: busca da proposta mais vantajosa para a Administração, garantia da isonomia e promoção do desenvolvimento nacional sustentável.

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Nesse sentido, orienta o TCU no acórdão 357/2015-Plenário:

“No curso de procedimentos licitatórios, a Administração Pública deve pautar-se pelo princípio do formalismo moderado, que prescreve a adoção de formas simples e suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados, promovendo, assim, a prevalência do conteúdo sobre o formalismo extremo, respeitadas, ainda, as praxes essenciais à proteção das prerrogativas dos administrados.”

Nota-se que sua utilização no caso em comento não significa desmerecimento ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório ou negativa de vigência do caput do art. 41 da lei 8.666/93 que dispõe sobre a impossibilidade de a Administração descumprir as normas e condições do edital conforme tentou fazer crer a Recorrente.

Diante do caso concreto, e a fim de melhor viabilizar a concretização do interesse público, pode o princípio da legalidade estrita ser afastado frente a outros princípios. (Acórdão 119/2016-Plenário)

Logicamente, considerar a proposta da empresa Lopes e Rocha Engenharia e Construções Ltda. válida conforme exposto acima, não ofende ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, pois não há descumprimento de legislação ordinária.

A escolha mais vantajosa para a administração prevalece quando estão em cheque somente aspectos extremamente formais como os levantados pela Recorrente.

Assunto: Licitações D.O.U de 01.11.2010, S. 1, p.109

Ementa: alerta o INSS e a sua Procuradoria quanto à irregularidade consubstanciada na desclassificação de licitantes por aspectos meramente formais, em descumprimento ao princípio legal que preconiza a escolha da proposta mais vantajosa na licitação (item 9.4, TC-017.316/2010-3, Acórdão nº 2.872/2010 – Plenário)

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O que se tem é ponderação de princípios aparentemente conflitantes, sendo certo que, ante a observância de preceito legal (uma vez que a lei 5.194/66 em seu artigo 14 não prevê assinatura em todas as folhas da proposta) deve ser afastado rigorismo formal dos termos do edital para que prevaleça sempre a obtenção da proposta mais vantajosa para a administração.

Como exemplo, esse raciocínio pode ser percebido nas seguintes decisões do Tribunal de Contas da União:

“Rigor formal no exame das propostas dos licitantes não pode ser exagerado ou absoluto, sob pena de desclassificação de propostas mais vantajosas, devendo as simples omissões ou irregularidades na documentação ou na proposta, desde que irrelevantes e não causem prejuízos à Administração ou aos concorrentes, serem sanadas mediante diligências. (Acórdão 2302/2012-Plenário)”

A análise feita pela comissão de licitação levou em consideração a importância de cada princípio no caso concreto, e realizou a ponderação entre eles, sem perder de vista os aspectos normativos. Soluções não respeitam fórmulas prontas, podem e devem variar de um caso para o outro e em relação ao que se tem como objeto do presente recurso, não podem prevalecer os argumentos da Recorrente.

Vale lembrar que o certame licitatório não representa um fim em si mesmo, mas um meio que busca o atendimento das necessidades públicas. Nas palavras do professor Adilson Dallari: a “licitação não é um concurso de destreza, destinado a selecionar o melhor cumpridor de edital”.

 DA INEXIGÊNCIA DE COMPOSIÇÃO UNITÁRIA DE PREÇOS - ANEXO II,3 B DO EDITAL

A recorrente se insurge contra a decisão que considerou válida a proposta apresentada pela ganhadora, asseverando que, houve descumprimento do que foi previsto no anexo II, 3 B do edital.

Não pairam dúvidas de que, os anexos de um edital estão ligados aos ditames nele previstos e mais, servem de base para elaboração dos documentos necessários para regular habilitação e análise das propostas pelos concorrentes.

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O argumento da recorrente no sentido de que a empresa Lopes e Rocha Engenharia e Construções Ltda deixou de apresentar composição de custo unitária para todos os itens previstos no edital é pautada apenas no que o anexo do certame trouxe como base exemplificativa caso houvesse necessidade de detalhamento.

É possível perceber que o item 8.2.2 dispõe que haveria a necessidade de apresentação detalhada de itens unitários quando na proposta houvesse desconto igual ou superior a 70% (setenta por cento) dos valores orçados pela contratante.

É literal a previsão do edital no item 8.2.2 de que somente no caso do referido desconto igual ou superior ao patamar de 70% (setenta por cento), deveria ser seguido o modelo do anexo do edital para especificação da composição de preço unitária.

A comissão de licitação bem como a área técnica da licitante analisou de forma analítica e crítica os valores das propostas apresentadas e, se não há o desconto previsto no item 8.2.2 inexigível a composição detalhada de preços.

Acreditamos que houve uma enorme falha de interpretação da Recorrente, já que, rogando escusas pela insistência, o modelo de detalhamento da composição unitária de valores somente seria exigido se houvesse a incidência do item 8.2.2 do edital.

Por óbvio e em análise matemática simples, não havendo desconto em relação ao que foi apurado com base na tabela SINAPE, não há de se falar em exigência de composição unitária, sendo completamente descabida a superficial e inconsistente alegação da Recorrente.

Se a empresa CMC fez tal detalhamento o fez sem que houvesse exigência no certame para tanto, pois também não apresentou desconto que levasse à exigência de tal providência.

Destarte, uma vez que a empresa ganhadora também não ofertou o patamar de abatimento de preços igual ou superior a 70% (setenta por cento), não pode ser obrigada a efetivar tal detalhamento, sendo completamente e válida a proposta por ela apresentada, restando rejeitado também esta tese recursal.

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 CONCLUSÃO

Com base no exposto acima, a Comissão Permanente de Licitação firma convencimento no sentido de que, em que pesem os argumentos da recorrente, tal pleito não merece acolhimento, vez que a decisão acerca do ganhador está embasada nos princípios e normas que regem o procedimento licitatório brasileiro.

 DECISÃO FINAL

Pelo exposto, em respeito ao instrumento convocatório e em estrita observância aos demais princípios da Licitação, CONHEÇO do recurso apresentado pela empresa CMC – Construtora Martins Costa Ltda., tendo em vista a sua tempestividade, para no MÉRITO, NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Desta forma, nada mais havendo a relatar submetemos à Autoridade Administrativa Superior para apreciação e decisão, tendo em vista o princípio do duplo grau de jurisdição e conforme preceitua o art. 109, § 4º da Lei 8.666/1993.

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Ilmo. Sr. Presidente e membros da Comissão de Licitação da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte

Acolho integralmente os fundamentos e as conclusões expostas pela Comissão de Licitação, como razões de decidir.

PUBLIQUE-SE, DÊ-SE CIÊNCIA AOS INTERESSADOS E DIVULGUE-SE POR MEIO ELETRÔNICO.

Belo Horizonte, 27 de Setembro de 2017.

SAULO LEVINDO COELHO