Química Aplicada
QAP0001
Licenciatura em Química Profa. Dra. Carla Dalmolin
carla.dalmolin@udesc.br carla.dalmolin@gmail.com
Óleos Vegetais e Derivados
Substâncias insolúveis em água formadas por ésteres deácidos graxos derivados da glicerina
Triglicerídeos
Forma sólida: gorduras
Forma líquida:
óleos: obtidos por prensagem, extração por solvente e posteiror purificação
azeites: não utilizam processos de extração por solvente
Triglicerídeos ou Triacilgliceróis
Produtos resultantes da esterificação entre o glicerol e ácidos graxos Os óleos vegetais normalmente possuem 1 a 4 insaturações (líquidos a
temperatura ambiente) – “gorduras insaturadas”
Gorduras animais (banha, manteiga) contem mais ligações saturadas (maior ponto de fusão, aparência de sólido)
Características dos Triglicerídeos
Compostos essencialmente apolares, pois as regiões polares de seusprecursores desapareceram na formação das ligações do tipo éster.
Moléculas hidrofóbicas.
São insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos, como o álcool, benzina, éter e clorofórmio.
Podem ser hidrolisados, liberando com isso ácidos graxos e glicerol.
Quando esta hidrólise é feita em meio alcalino, formam-se sais de ácidos graxos, os sabões: saponificação.
glicerol
Ácido palmítico Ácido oleico
Fornecem sabor e suavidade na cocção de alimentos
Amaciam e amolecem os alimentos, permeando e enfraquecendo sua estrutura Veículo de cocção
Permitem o aquecimento a temperaturas maiores que a ebulição da água Formam membranas, demarcando células aquosas
Formadas nos organimos vivos como forma compacta e concentrada de energia química
Abrigam o dobro de calorias presentes na mesma quantidade em massa de açúcar ou amido
Não apresentam ponto de fusão definido Ponto de ebulição entre 260 – 400 oC
Devido ao tamanho das moléculas
As interações individualmente fracas das longas cadeias de carbono tem um efeito cumulativo forte: é preciso muita energia térmica para afastas as moléculas Ponto de fumaça: temperatura típica em que uma gordura começa a
produzir gases visíveis
Limita a temperatura em que a gordura pode ser usada para cocção
Depende do teor inicial de ácidos graxos livres
Óleos vegetais refinados e frescos: Tfumaça ~ 230 oC Gorduras animais: Tfumaça ~ 190 oC
Depende também da presença de outras substâncias, como emulsificantes, conservantes, proteínas, carboidratos, etc.
Ácidos Graxos
Ácidos carboxílicos, de cadeia longa, livres ou esterificados. Saturados ou insaturados
Gorduras animais: cerca de 50% de insaturações e são sólidas a temperatura ambiente
Gorduras vegetais: cerca de 85% de insaturações e apresentam-se na forma de óleos líquidos na temperatura ambiente
Ácidos Graxos
Gordura / Óleo Saturados Monoinsaturados Poli-insaturados
Manteiga 62 29 4 Óleo de coco 86 6 2 Azeite de dendê 49 37 9 Manteiga de cacau 60 35 2 Gordura Vegetal Hidrogenada 31 51 14 Margarina 19 59 18 Óleo de soja 14 23 58 Azeite de oliva 13 74 8 Óleo de girassol 13 24 59 Óleo de canola 7 55 33 Gordura bovina 50 42 4 Gordura suína 40 45 11 Gordura de frango 30 45 21
Ácidos Essenciais
Ácidos graxos essenciais para o organismo humano
Produzidos a partir dos açúcares pelo próprio organismo (presentes em gorduras animais)
palmítico, esteárico, oleico
Não são produzidos pelo organismo e devem ser consumidos através de outras fontes (óleos vegetais, sementes e peixes). Podem ser adicionados à alguns produtos alimentícios
ácido linoleico (ômega-6)
Componentes Não Glicerídeos
Óleos e gorduras apresentam cerca de 2% a 5% de componentes nãoglicerídeos
Após o refino, a maior parte destes componentes é removida
Afetam características do óleo (odor, sabor acentuado, cor, etc.)
Podem ser fosfolipídios, esteróis, hidrocarbonetos insolúveis, carotenóides, lactonas, etc.
Emulsificantes
Mono e diglicerídeos extraídos dos óleos vegetais podem atuar como
emulsificantes: propiciam a formação de misturas delicadas e cremosas de gordura e água
Ex.: maionese
As moléculas apresentam uma cabeça hidrossolúvel e uma cauda lipossolúvel
Extração do Óleo de Soja
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de óleo de soja Processamento industrial similar para qualquer óleo vegetal
Limpeza e Armazenamento dos
Grãos
Remoção de impurezas provenientes da lavoura
Remoção de grãos imaturos
Controle da umidade crítica: 15% para soja
Baixa umidade: grãos secos com baixo rendimento
Alta umidade: proliferação de fungos, aumento da atividade biológica
Controle da temperatura
Limpeza
Descascamento
A casca das sementes oleaginosas contém menos de 1% de óleo
Remoção utilizando batedores ou facas girtórias Armazenamento
Laminagem e Cozimento dos Grãos
Fragmentação dos grãos para facilitar o processo de extração
Rolos cilíndricos com lâminas finas que promovem o rompimento das células e o aumento
da área superficial para contato do solvente
Laminagem
Cozimento
Aumenta a fluidez do óleo e facilita o processo de extração por prensagem
Temperatura entre 75 – 85 oC Inativação de enzimas naturais
Destruição de microorganismos
Extração Mecânica
Prensagem dos grãos para retirada do óleo Vantajoso apenas em sementes com alto teor de óleo, pois cerca de 2,5 a 5% do óleo fica retido na polpa
Prensa tipo Expeller
Extrusão das sementes laminadas
Também utilizada como extrator primário, antes da extração por solvente
Extração com Solventes
A massa extrudada passa por diversos estágios onde há contato com o solvente e o substrato que contem o óleo
Solventes apolares: hexano Extração em contracorrente
Refino do Óleo Bruto
Refino: Tratamento de purificação destinado a remover ácidos graxos livres, fosfatídeos e demais impurezas grosseiras
Clarificação: Redução da cor
Desodorização: Remoção de traços de constituintes que ocasionam odor
Degomagem
Neutralização
Clarificação
Degomagem
Retirada de impurezas solúveis no óleo anidro
fosfatídeos (leticina), proteínas, etc
Causam degradação do óleo, proliferação de fungos e bactérias
Realizada para evitar a precipitação destas substâncias durante a estocagem Processo de hidratação para promover a precipitação das espécies
indesejadas
Instalação de tanques com sistemas de agitação e aquecimento
Separação por centrifugação
Aproveitamento dos subprodutos
Neutralização
Eliminação dos ácidos graxos livres Tratamento com soda cáustica (NaOH): saponificação R C O OH + NaOH R C O O Na+ + H2O
Ácido oleico Sabão
Adiciona-se NaOH em excesso (0,2 a 0,5% de excesso em relação à acidez total (expressa como ácido oleico)
O óleo neutralizado é submetido à lavagem com 10 – 20% de água aquecida e separado por centrifugação
O sabão gerado é utilizado na fabricação de sabões comerciais ou na produção de ácidos graxos após tratamento com ácido sulfúrico
Clarificação e Desodorização
Exigência do consumidor Clarificação: tratamento com mistura de carvão ativado e terras ativadas (silicatos de alumínio)
Desodorização: arraste de vapor (retirada de compostos menos voláteis que os triglicerídeos) em atmosfera reduzida (2-8 mmHg)
Destilação dos compostos odoríferos em temperaturas abaixo da degradação do óleo
Remoção de aldeídos, cetonas, álcoois e demais compostos formados pela decomposição térmica.
Hidrogenação
Processo que consiste em hidrogenar as ligações duplas presentes na cadeia carbônica dos triglicerídeos
Aumento da viscosidade
Aumento do ponto de fusão (solidificação da gordura)
Produção de sabão, gorduras comestíveis e industriais, aumento da resistência à oxidação
Processo catalítico, com catalisador de Ni
Ni ou ligas de Ni com Al, Cu, Zr, finamente dividido suportado em materiais porosos e inertes: terras diatomáceas
A hidrogenação pode ser total ou parcial
Farelo e Farinha de Soja
Subproduto da extração do óleo de soja Empregado na ração animal
Tratamento térmico (tostagem)
50 – 51% de proteínas
Granulação característica
Integral: se obtida a partir dos grãos inteiros (sem a extração do óleo)
Desengordurada: processamento após a obtenção do farelo
Enriquecimento proteico de alimentos
Proteína texturizada de soja (PTS)
Proteína Texturizada de Soja (PTS)
Carne de soja Produto desidratado, maior teor proteico que a carne, fácil estocagem e conservação. Custo inferior ao da carne.
Utilização na indústria alimentícia
Salsichas, linguiças, mortadelas, almôndegas, patês, hambúrgueres, molhos, massas, pães, etc.
Farinha de soja desengordurada
Hidratação
Extrusão
20 – 30% de água Aditivos: sal,
condimentos,
corantes Desnaturação e expansão das proteínas Evaporação da água
Biodiesel
Combustível renovável e biodegradável, obtido comumente a partir de óleos ou gorduras
O nome biodiesel muitas vezes é confundido com a mistura diesel + biodiesel
A designação correta para a mistura deve ser precedida pela letra B (do inglês
Blend).
Neste caso, a mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
Óleo ou Gordura
Transesterificação
Produção de Biodiesel
Matérias PrimasÓleos ou Gorduras Álcool de cadeia curta Catalisador
Soja
Mamona Canola Palma
Amendoim
Óleo de cozinha reaproveitado
Sebos
Bovino
Suíno Aves
Metanol
Transesterificação
Álcool é adicionado em excesso devido à reversibilidade das reações A glicerina é produzida como sub-produto e possui alto valor agregadoCraqueamento
Quebra das moléculas dos próprios óleos brutos por aquecimento a altas temperaturas (superiores a 450°C) na ausência de ar ou oxigênio
Forma-se uma mistura de compostos com propriedades semelhantes às do diesel de petróleo, e por isso, sendo chamado bio-óleo, um combustível que possa ser utilizado em qualquer motor diesel.
O óleo é colocados em um craqueador de aço inoxidável e submetidos a alta temperatura, na presença ou não de catalisadores.
Ocorre rompimento das moléculas de ácidos graxos e a liberação da glicerina
Alto custo para plantas de grande dimensão
Irregularidade da produção
Dificuldade de se obter regularidade de composição das matérisa primas,
Após o craqueamento, a mistura de hidrocarbonetos e alguns subprodutos e resíduos é então separada por processo de destilação à pressão
Utilização do Biodiesel
O biodiesel derivado de óleos vegetais apresenta algumas propriedades, como a viscosidade, fora dos padrões estabelecidos pelas agências
reguladoras de combustíveis
A viscosidade do biodiesel derivado por transesterificação varia de acordo com o tipo de óleo utilizado.
O biodiesel só pode ser usado em motores de ciclo diesel quando adicionado ao diesel de petróleo até um limite de 20% em volume, a chamada mistura B20.
Diferentemente do craqueamento de frações de petróleo, o craqueamento de ácidos graxos leva à formação de moléculas de hidrocarbonetos de diferentes tamanhos e de gás carbônico (CO2) e água (H2O), devido a presença do grupo carboxila nos ácidos graxos.
Em algumas situações esse processo também é auxiliado por catalisadores para a quebra das ligações químicas, de modo a gerar moléculas ainda
Links de Interesse
Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
https://www.embrapa.br/soja
ABIOVE – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais
http://www.abiove.org.br
GranjaTec: fabricação de máquinas para a indústria de processamento de oleoginosas
http://www.granjatec.com.br
Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel – Ministério de Minas e Energia
http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel
BiodieselBr