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A Historia Das Doutrinas Cristas - Louis-Berkhof

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Academic year: 2021

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(1)

A HISTÓRIA DAS

DOUTRINAS

CRISTÃS

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Louis Berkhof

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(2)

A HISTÓRIA DAS

DOUTRINAS CRISTÃS

“Esta obra é realm ente excelente e prom ete m anter o seu lugar por longo tem po entre os livros m ais valiosos de teologia. É especialm ente útil com o m anual concernente ao assunto tratado.

C om o seria de se esperar de um hom em ocupando alta posição teológica, sem elhante a teológos eruditos com o C harles H odge e B enjam in W arfield, este livro foi elaborado de m aneira m agistral e é um com panheiro digno para os outros livros do m esm o autor. C onstitui um com plem ento adequado para a série sobre D ogm ática.

O m áterial é tão bem coordenado e assinalado que, com o livro de texto, é idéal na sua apresentação. V inculada a cada secção está um a lista de perguntas para ajudar em estudo posterior. T am bém está relacionada um a lista de livros sobre cada assunto. E stas aum entam consideravelm ente o valor da obra” .

Da revista The E vangelical Q uarterly

Louis B erkhof faleceu em 1957, com 83 anos. E le era um professor am ericano extraordinário e autor de 22 livros. Depois de dois pastorados, ele com eçou sua longa carreira com o professor em C alvin Sem inary, G rand Rapids, em 1906. Ficou ali por 38 anos, dedicando seus talentos e im ensos recursos de conhecim ento ao preparo de hom ens para o m inistério da Palavra de Deus. Sua Teologia Sistem ática foi a sua m agnum opus.

PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS

Rua 24 de M aio, 1 1 6 -3 - andar - sala 17 - 01041.000 São Paulo, SP.

(3)

A HISTÓRIA DAS

DOUTRINAS

CRISTÃS

BIKLIOTECA, A UB RE V GUULCK SIB1MA

RIJA UO CIRO . M ■ PARANGABA CKP: M .n * -ê U FOKTAI J'.ZA/CE

(4)

A HISTÓRIA DAS

DOUTRINAS

CRISTÃS

L. Berkhof

voliiim* acom panha ti 'IVnlo^lii Sisk-mática tio autor e li-in o material histórico 11 w*r usado com acjuela obra

IMIHLK AÇÒICS i;VAN<;í;i l( AS S l ü A C I O N A D A S ( ’iiixa Postal 1287 - OlOV; ‘>70 Sao Paulo - SP

(5)

T ítu lo o rig in a l:

The H istory o f Christian Doctrines E d ito ra :

W m. B. Eerdm ans Publishing Co. P r im e ir a E d ição :

1937 C o p y rig h t: L. B erkhof T ra d u to re s :

João M arques Bentes G ordon Chow n R evisor:

A ntonio Poccinelli

P r im e ir a edição em p o rtu g u ê s:

1992. Perm issão concedida por Wm. B. Eerdm ans Publishing Co. C a p a :

A ilton Oliveira Lopes C om posição e im p ressão: Im prensa da Fé

(6)

-PREFÁCIO

O volume originalm ente intitulado Dogm ática Reform ada agora

11 parece com novo título, A H istória das D outrinas Cristãs. Obras sobre o desenvolvim ento gradativo da verdade teológica na Igreja de lesus ( 'l isto geralm ente são postas ao lado das que tratam de teologia Histemática, assim destacando-se como obras distintas. Julgou-se m e­ lhor sc*j»uir essa prática, pois frisa a verdade que, em últim a análise, a históiia do desenvolvim ento do pensam ento cristão no seio da Igreja é um estudo distinto.

Apesartlc* ser um estudo distinto, porém, não é um que os estudantes

i|i> leologíii possam dar seno luxo de negligenciar. O estudo da verdade

di 11111111(11111, rt |Hirto de sen fundo histórico, leva a um a teologia Jrt Itcilivr muito disso IIO passado, e no presente muito se vê il# llll viiInn, O lowulliido tem sido uma com preensão errônea e um a H VhIImvAi i 11 li* il 11 > 111 ilii veidadc, Niioiem ha vido apreciação do fato que o I 'í«|ili llii NumIo pulou ii l|',irja na interpivtaçaoe desenvolvim ento da vclilmli', tn*p,unilii ria e irvelada na Palavra de Deus. As senhas e iiiíiii ou do passado nao loram tomados em consideração, e antigas hftobim«, desde ha muito condenadas pela Igreja, são constantem ente irpetldns e apresentadas como novos descobrim entos. A s lições do piHiNiiilo r.ao bastante negligenciadas, e m uitos parecem sentir que ■ levem seguir seu próprio rumo, com o se quase nada tivesse sido feito tio pii.v.ndo. Sem dúvida um teólogo deve levar em conta a situação nl iuiI do nitiiido reI igioso, reestudando sem pre a verdade, m as não pode

tirtflipriuiiir im punem ente as lições do passado. Enfim que este breve 1'studi 11la historia das doutrinas sirva para criar m aior interesse em tal estudo histórico, conduzindo a um a m elhor com preensão da verdade.

L. B erkhof

< inmd Rapids, M ichigan Iu de aposto de 1949

(7)

-N o ta de E sc la rec im e n to

É norm a da PES usar a letra “I” m aiúscula nas suas publicações quando se refere à verdadeira Igreja de Cristo, em sua totalidade. O utrossim , usam os “i” m inúsculo em todas as referências à igreja num a determ inada localidade. Em particular usam os m inúsculas em toda alusão à igreja católica rom ana — ou quando as palavras “a Igreja” se referem a essa entidade — pois não a consideram os um a igreja verdadeiram ente cristã, m uito m enos “A Igreja”. N ão é sem pre fácil saber a que “Igreja” o B erkhof está aludindo, portanto provavelm ente tenham os errado em certas ocasiões.

Sem elhantem ente, usam os “E ” m aiúsculo ao referir-nos aos “Evan­ gelhos” ou ao “Evangelho de João”, etc. Conservam os “e” m inúsculo para a m ensagem anunciada, que se cham a “o evangelho.”

(8)

ÍNDICE

IN T R O D U Ç Ã O G E R A L

1. O ASSU N TO D A H ISTÓ R IA D O D O G M A ...17

1. Significado da palavra “dogm a ” ... 17

2. Origem e caráter dos d o g m a s ... 18

2. A TA REFA D A H ISTÓ RIA DO D O G M A ... 21

1. Suas p ressu p o siçõ es... 21

2. Seu a s s u n to ... 24

O M ÉTO D O E AS DIVISÕ ES DA H ISTÓ RIA DO D O G M A ... 26

1. Divisões da história do d o g m a ... 26

2. M étodo de tra ta m en to ... 27

(a) A distinção entre o m étodo horizontal e o v e rtic a l... 27

(l>) A distinção entre um m étodo puram ente objetivo o um método co n fe ssio n a l...28

•I () I )I'.SIiN VC )I .VIM liNTO DA H ISTÓ RIA 1)0 DOGM A ...30

1. lúitorcs (jiic originaram a história do dogma como disciplina sep a ra d a ...30

2. Obras anteriores sobre a história do d o g m a ... 31

J. Obras posteriores sobre a história do d o g m a ... 33

I) I0S KN V O L V IM E N T O D O U T R IN Á R IO P R E P A R A T Ó R IO .S. OS PAIS A POSTÓ LICO S E SUAS PERSPECTIVAS D O U T R IN Á R IA S ...37

/. Escritos a eles a trib u íd o s... 37

2. Características fo rm a is de seus ensinos... 38

.1. Conteúdo real de seus ensinam entos...39

PERVERSÕES DO E V A N G E L H O ...42

/. Perversões ju d a ic a s ... 42

(a) Os N a z a re n o s... 42

(9)

-(b) Os E b io n ita s... 43

(c) Os Elquesaítas ... 43

2. Perversões gentílicas: gnosis g en tílico -cristã ...43

(a) O rigem do g n o stic ism o ... 44

(b) Caráter essencial do gnosticism o... 44

(c) Ensinos principais do gnosticism o...45

(d) Significação histórica do g n o stic ism o ... 47

7. M O V IM EN TO S REFORM A DO RES N A IG R E JA ... 49

1. M árcion e seu movimento de refo rm a ...49

(a) Seu caráter e p ro p ó sito ... 49

(b) Seus ensinam entos p rin c ip ais...49

2. Reform a dos m o ntanistas... 50

(ízjSua o rig e m ...50

(b) Seus ensinos p rin cip ais... 51

(c) Seu acolhim ento pela Ig re ja ... 51

8. OS APOLO GETA S E O COM EÇO D A TEO LO G IA D A IG R E JA ... 53

1. Tarefa dos a pologetas... 53

2. Sua construção positiva da verdade... 54

3. Significação dos apologetas na história do d o g m a ...56

9. OS PA IS AN TI-G N Ó STICO S ... 58

1. Pais anti-gnósticos...58

2. Suas doutrinas sobre Deus, o homem e a história da redenção... 59

3. Suas doutrinas sobre a Pessoa e obra de C risto ... 60

(a )Irin e u ...60

(è)T e rtu lia n o ... 60

4. Suas doutrinas sobre a salvação, a Igreja e as últim as co isa s...62

10. OS PA IS A LEXA ND RINOS ... 65

1. Pais alexandrinos... 65

2. Suas doutrinas sobre D eus e o hom em ...66

3. Suas doutrinas sobre a Pessoa e obra de C risto ... 67

4. Suas doutrinas sobre a salvação, a Igreja e as últimas co isa s...68

(10)

11. O M O N A R Q U IA N IS M O ... 71 1. M onarquianism o d in â m ic o ... 71 2. M onarquianism o m o d a lista ...72 A D O U T R IN A DA T R IN D A D E 12. A C O N TR O V ÉRSIA T R IN IT A R IA N A ... 77 1. Pano de f u n d o ...77 2. Natureza da controvérsia... 78

(a)Á rio e o aria n ism o ... 78

(b) O posição ao a ria n is m o ...78

3. Concílio de N ic é ia ... 80

4. C onseqüências... 80

(a) N atureza insatisfatória da d ecisão ...80

(b) A scendência tem porária do sem i-arianism o na Igreja O rie n ta l... 81

(c) M udança da m a r é ... 82

(d) A disputa em torno do Espírito S a n to ... 83

(V)Coinplcíinentação da doutrina da T rin d a d e ...83

M. A DOUTRINA DA TR IN D A D E NA TEO LO G IA P O ST E R IO R ... 86

1 Doiitiina da Trindade na teologia latina... 86

2 Doutrina da Trindade no período da R eform a... 87

.i. Doutrina da Trindade após o período da R e fo rm a ... 88

A D O U T R IN A D E C R IS T O 14. AS CO NTROV ÉRSIA S C R IS T O L Ó G IC A S ...93

1. Primeiro estágio da controvérsia...94

(V/jPano de fu n d o ... 94

(b) Os partidos da c o n tro v érsia... 95

(c) Decisão do Concílio de C a lced ô n ia...98

2. Segundo estágio da controvérsia...99

(a)C onfusão após a decisão do C o n c ílio ... 99

(b) A controvérsia m o n o te lita ... 100

(c) Estruturação da doutrina por João D a m asce n o ... 101

(V/)Cristologia da Igreja O c id e n ta l... 101

15. AS D ISCUSSÕES CRISTOLÓ GICA S PO ST E R IO R E S ... 104

I. Na Idade M édia... 104

(11)

-2. Durante a R eform a... 105

3. No Século X I X ... 107

(a) Ponto de vista de S chleierm acher... 107

(b) Concepções de K ant e de H e g e l... 108

(c) A teoria k e n ó tic a ... 109

(d) Concepção de D om er da en carnação... 110

(e) Posição de Ritschl sobre a Pessoa de C ris to ... 111

(f) Cristo na teologia m o d ern a... 111

D O U T R IN A D O P E C A D O E DA G R A Ç A E D O U T R IN A S A F IN S 16. A N TRO PO LO G IA D O PERÍO DO P A T R ÍS T IC O ... 115

1. Im portância dos problem as antropológicos... 115

2. Antropologia dos Pais g r e g o s ... 115

3. Surgim ento gradual de outra posição no O cid e n te ... 117

17. DO U TR IN A S PELA G IA N A E A G O STIN IA N A D O PECAD O E DA G R A Ç A ... 119

1. A gostinho e P e lá g io ... 119

2. Posição de Pelágio sobre o pecado e a g ra ç a ... 120

3. Posição de Agostinho sobre o pecado e a g r a ç a ... 121

(a) Sua idéia do p e c a d o ... 121

(b) Sua idéia da g ra ç a ... 123

4. Controvérsias pelagianas e sem i-pelagianas... 124

18. A N TRO PO LO G IA D A ID A D E M É D IA ... 127

1. Idéias de Gregória o G ra n d e ... :~127

2. A Controvérsia G ottschalkiana... 128

3. A Contribuição de A n selm o... 129

(a) Sua doutrina do p e c a d o ... 129

(è)S ua doutrina da liberdade da v o n ta d e ... 130

4. Peculiaridades da antropologia católica-rom ana... 131

19. A N TRO PO LO G IA DO PERÍO D O D A R E F O R M A .... 133

1. Antropologia dos reform a d o res... 133

2. Posição de S o c ín io ... 135

3. Antropologia arm iniana... 136

4. Posição do Sínodo de D o rt... 137

5. Posição da escola de Saum ur... 138 -

(12)

10-20. IDÉIAS A N TRO PO LÓ G IC A S DOS TEM PO S

P Ó S -R E F O R M A D O S ... 140

1. Pontos de vista d iverg e n te s... 140

(a) M odificação da posição arm iniana para o arm inianism o w e sle y a n o ... 140

(b) M odificação da posição reform ada na N ova In g la terra ... 141

2. Algum as modernas teorias do p e c a d o ... 142

(a)Filosófica s ... 142

(b) T e o ló g ic a s... ... 143

A D O U T R IN A D A E X P IA Ç Ã O O U DA O B R A D E C R IS T O 21. A D O U TR IN A D A EX PIA ÇÃ O A N TES DE A N S E L M O ... 149

1. Na teologia dos Pais greg o s... 149

2. Na teologia dos Pais latinos... 151

22. A DOUTRINA DA EX PIA ÇÃ O D E SD E A N SELM O A R H F O R M A ... 155

I. Doutrina da expiação conforme A n s e lm o ... 155

Teoria da expiação conforme A b e la rd o ... 157

Rcaçao de Bernardo de Clairvaux contra A b e la r d o ... 159

4. Visoes sincretistas da exp ia çã o ... 159

(V/) Pedro L om bardo... 159

(b) B o av en tu ra ... 160

(c) Tom ás de A q u in o ... 160

5. Duns Scoto sobre a e x p ia ç ã o ... 162

23. A D O U TR IN A D A EX PIA ÇÃ O N O PERÍO D O D A R E F O R M A ... 164

1. Os reform adores aprimoram a doutrina de A n se lm o ... 164

2. Concepção sociniana da e x p ia ç ã o ... 166

3. Teoria grotiana da e x p ia ç ã o ... 167

4. Idéia arm iniana da expiação... 169

5. Transigência na escola de S a u m u r ... 171

24. A D O U TR IN A D A EX PIA ÇÃ O APÓS A R E F O R M A ... 173

1. Controvérsia da M edula na E s c ó c ia ... 173

(13)

-2. Schleierm acher e Ritschl sobre a e x p ia ç ã o ... 174

(a)Schleierm ache r ... 174

(b) R its c h l... 175

3. Teorias m ais recentes da expiação... 176

(a) Teoria governam ental da teologia de N ova In g la te rra ... 176

(b) D iferentes tipos da teoria da influência m o r a l... 176

(c) Teoria m ística da e x p ia ç ã o ... 178

A D O U T R IN A D A A P L IC A Ç Ã O E A P R O P R IA Ç Ã O DA G R A Ç A D IV IN A 25. SO TERIO LO G IA DO PERÍODO PA TRÍSTICO ... 183

1. Soteriologia dos três prim eiros s é c u lo s ... 183

2. Soteriologia dos séculos restantes do período p a trístic o ... 185

26. SO TERIO LO G IA DO PERÍO DO E SC O L Á ST IC O ... 190

1. Concepção escolástica da g r a ç a ... ... 190

2. Concepção escolástica da f é ... 191

3. Concepção escolástica da justificação e do m é r ito ... 192

27. SO TERIO LO G IA D A REFORM A E P Ó S -R E F O R M A ... 195

1. A ordem luterana da salvação... 195

2. A ordem reformada da sa lv a ç ã o ... 197

3. A ordem arminiana da s a lv a ç ã o ... 198

4. C oncepções secundárias da ordem de s a lv a ç ã o ... 199

(a)A ntinom iana... 199

(Z?) M ística... 200 A D O U T R IN A DA IG R E JA E A D O S S A C R A M E N T O S 28. A D O U TR IN A D A IG R E J A ... 205 1. No período p a trís tic o ... 205 2. Na Idade M éd ia ... 209 3. Durante e após a R e fo rm a ... 212 (a) A idéia lu te ra n a ... 212 ( è jA id é ia a n a b a tis ta ... 213

(c) A idéia reform ada... 214

(d)Idéias divergentes p ó s-re fo rm ad a s... 214 -

(14)

12-29. A D O U TR IN A DOS S A C R A M E N T O S ... 217

1. Os sacram entos em g e r a l... 217

(a)D esenvolvim ento da doutrina antes da R e f o r m a ... 217

(b) D outrina dos reform adores e da teologia p o s te rio r.220 2. B a tis m o ...222

(a)D esenvolvim ento da doutrina antes da R eform a ... 222

(è)D outrina dos reform adores e da teologia p o s te rio r...223

3. A Ceia do S e n h o r ... 225

(a) O desenvolvim ento da doutrina antes da R efo rm a ...225

(b) A doutrina dos reform adores e da teologia posterior ... 227

A D O U T R IN A DAS Ú L T IM A S C O IS A S 30. O estado in te rm e d iá rio ...233

31. A segunda vinda e a esperança m ile n ia l... 236

32. A re ssu rre iç ã o ...239

33. O juízo final e os galardões f in a i s ... 241

IfihlioK ni/hi...245

fiitlii r <lr n o n i fs ... 249

in/In <• tlr tissuntos... 252

(15)

-INTRODUÇÃO GERAL

(16)

-1

O ASSUNTO DA HISTÓRIA DO

DOGMA

A história do dogm a não se preocupa com a teologia em geral. Trata prí m ariam ente dos dogmas, no estrito sentido do term o, e só em sentido secundário aborda as doutrinas que ainda não receberam a sanção eclesiástica.

I. SIG N IFIC A D O DA PA LA V RA “D O G M A ”

A palavra ’’domina” se deriva do term o grego dokein, o qual, na exprPNNilo(lokri/t /mu significava não só “parece-m e” ou “agrada-m e”, ttinM f ttinhi^in "delerm inei definidam ente algo de modo que para m im é luto i'Ntnlieleeidi>", "Domina" chegou a designar uma firm e resolução i m i um «Irereii i, especialm ente de forma pública. Era term o aplicado a

vevilmles indiscutíveis tia ciência, a convicções filosóficas que são lidas como válidas, a decretos governam entais e a doutrinas religiosas olii ialmente formuladas.

A Híblia usa o vocábulo como designação de decretos govem am en- liiín na Septuaginta (Est. 3:9; Dan. 2:13; 6:8; Luc. 2:1; At. 17:7), de ordenanças do V elho Testam ento (Ef. 2:15; Col. 2:14) e das decisões da assem bléia de Jerusalém (At. 16:4). A pesar de que não foi o uso blhlico do term o, porém o filosófico, que originou seu significado posterior na teologia, ocorre que seu uso em At 16:4 indica pontos de sem elhança com seu uso posterior na teologia. É verdade que a assem bléia de Jerusalém não form ulou doutrina, m as regulam entou a vida ética da Igreja; sem em bargo, sua decisão foi m otivada por um a controvérsia doutrinária, teve vínculos doutrinários e não serviu ape­ nas de aviso, pois foi injunção positiva e dotada de sanção eclesiástica.

1 únbora a palavra “dogm a” algum as vezes seja usada na religião e na teologia com sentido amplo, sendo praticam ente sinônim o de "doutrina”, geralm ente tem um sentido m ais restrito. D outrina é a expressão direta, às vezes ingênua, de um a verdade religiosa. Não é

(17)

-necessariam ente form ulada com precisão científica, e mesm o quando o é, pode ser m eram ente a form ulação de um a só pessoa. U m dogm a religioso, por sua vez, é um a verdade religiosa baseada sobre autorida­ de, oficialm ente form ulada por qualquer assem bléia eclesiástica. Esse sentido do term o não é determ inado por seu uso bíblico, dentro do qual sem pre denota um decreto, m andam ento ou regra de vida prática, m as está m ais em harm onia com o uso filosófico da palavra, denotando proposição ou princípio. A lguns dos prim eiros Pais da Igreja usaram - -na para descrever a substância da doutrina. Cf. H agenbach, History o f

D octrines I, pág. 2 s.; H auck, Realencyclopaedie, Art. Dogmatik. 2. O R IG EM E CA RÁ TER DOS DO GM A S

H á doutrinas religiosas nas Escrituras, em bora não em form a elaborada; contudo dogm as no sentido corrente do term o não se acham ali. E que estes últim os são fruto da reflexão hum ana, da reflexão da Igreja, com freqüência m otivados ou intensificados pelas controvérsi­ as teológicas. Os católicos rom anos e os protestantes divergem um tanto em sua descrição da origem dos dogmas. Os prim eiros reduzem ao m ínim o, se não chegam a excluir, a reflexão da Igreja, como o corpo

dos crentes, substituindo-a pelos estudos da igreja docente ou seja, a

hierarquia. Sem pre que surge um a nova form a ou erro, a igreja docente, isto é, o clero, que agora tem um porta-voz infalível no papa, após cuidadoso exame, form ula a doutrina ensinada nas Escrituras ou pela tradição, declarando-a verdade revelada e im pondo sua aceitação por parte de todos os fiéis. D iz W ilm ers, em seu H andbook o f the Christian

Religion, pág. 151: “U m dogm a, por conseguinte, é um a verdade

revelada por Deus, e ao m esm o tem po proposta pela Igreja para nossa cren ça” . S im ilarm ente, diz S pirago-C larke em The C atechism

Explained: “U m a verdade que a igreja nos expõe com o revelada por

D eus é cham ada verdade de fé, ou dogm a”, pág. 84. E visto que a igreja é infalível em questões de doutrina, um a verdade assim proposta não só é autoritária, mas por sem elhante modo é irrevogável e imutável. “Se alguém asseverar ser possível que algum as vezes, conform e o progres­ so da ciência, seja dado às doutrinas propostas pela igreja um sentido diferente daquilo que ela tem entendido ou entende, que seja anátem a” .

D ogm atic D ecrees o f the F irst Vatican Council, cânones IV 3.

Os reform adores substituíram esse ponto de vista católico-rom ano por um outro que, a despeito de suas sim ilaridades, diverge do m esm o em pontos im portantes. Segundo eles, todos os autênticos dogm as religiosos derivam seu conteúdo m aterial das Escrituras, e exclusiva­ m ente delas. N ão reconhecem a palavra oral, nem a tradição, com o

(18)

-lonte de dogm as. A o m esm o tem po, não consideram os dogm as com o declarações extraídas diretam ente da Bíblia, porém os apresenta com o IVuto da reflexão da Igreja, com o corpo dos crentes, acerca das verdades reveladas, e com o form ulações oficiais de corpos represen­ tativos com petentes. V isto que a reflexão da Igreja com freqüência é determ inada e aprofundada pelas controvérsias doutrinárias, as form u­ lações a que os Concílios ou os Sínodos da Igreja são finalm ente levados por orientação do Espírito Santo freqüentem ente trazem sinais dos conflitos passados. Não são infalíveis, em bora se revistam de alto tfrau de estabilidade. Todavia, são autoritárias, não m eram ente porque são propostas pela Igreja, m as porque são form alm ente definidas pela Igreja e porque estão m aterialm ente alicerçadas sobre a Palavra de Deus.

Sob a influência de Schleierm acher, Ritschl, V inet e outros, desen- vol veu se um conceito radicalm ente diferente da origem dos dogm as, (|ue foi prontam ente aceito em m uitos círculos protestantes. Represen- tn ii consciência, a experiência, a fé ou a vida cristã com o fonte do conteúdo material dos dogm as, e reputa isso com o algo m ais em harm onia com os princípios da Reform a. Os dogm as da Igreja seriam iipeiiiiN form ulações intelectuais de suas experiências, sentim entos e eronçiiN, ns quais, de ncordo com alguns, seriam despertados por um Iwliil' oltjtMivo, no qunl a piedade reconhece uma revelação divina. Ne lilolei imicliei eonteiule pela im ediação dessas experiências religio- Niri, in i pav.oqiie Uiischl e sua escola asseveram que são m ediadas por itlp.um latui objetivo, que a le honra como revelação de Deus. A com unidade religiosa reflete sobre essas experiências e, finalm ente, m ediante algum corpo com petente, lhes dá um a expressão intelectual loi inale assim transform a-as em dogmas. Segundo esse ponto de vista, bein com o o outro, a form ulação de dogm as não é obra de um teólogo | mi t ieular, e sim de uma comunidade, quer sejaalgreja (Schleiermacher), quer seja o Estado de m ãos dadas com a Igreja (Lobstein). Essa concepção da origem dos dogm as é defendida por Schleierm acher, Kil-.i hl, Kaftan, Lobstein, Vinet, Sabatier, Is. V an D ijk e outros. I levei se ia notar, entretanto, que ela não descreve o m odo com o os dogm as existentes realm ente se originaram nas igrejas protestantes, mas som ente com o, de acordo com esses escritores, os dogm as deveriam vir à existência. Eles reputam antiquados os velhos dogm as, por serem dem asiadam ente intelectuais e por não exprim irem adequa­ dam ente a vida da Igreja, e assim requerem novos dogm as que vibrem com a vida da com unidade religiosa.

A opinião de H am ack m erece m enção especial aqui. Em sua obra nu inumenlal, The H istory o f Dogm a, ele busca lançar no descredito o

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-ensino inteiro (isto é, o com plexo total de dogmas) da Igreja Primitiva, representando-o com o um a m istura desnaturai da filosofia grega e da verdade cristã, dentro da qual o ingrediente filosófico estranho é o elem ento preponderante. D iz ele: “O dogma, em sua concepção e desenvolvim ento, é obra do espírito grego no solo do evangelho”. A Igreja teria cedido ante à tentação de apresentar sua m ensagem em form a que a fizesse parecer sabedoria, e não loucura, para que assim ganhasse o devido respeito de pessoas educadas. A fé prática da Igreja teria sido transmutada em um conceito intelectual, em um dogma, e isso ter-se-ia tom ado o eixo real da história da Igreja. T eria sido grande equívoco, um equívoco que continuou a ser feito na formulação posterior de dogmas; e assim a história inteira do dogm a na realidade é a história de um erro colossal. É grande ambição da escola de Ritschl, à qual H am ack pertence, elim inar toda m etafísica da teologia.

U m dogm a pode ser definido como um a doutrina, derivada da B íblia, oficialm ente definida pela Igreja e declarada firm ada sobre a autoridade divina. Essa definição em parte dá nome e em parte sugere suas características. Seu assunto se deriva da Palavra de Deus, pelo que é autoritário. Não é m era repetição do que se encontra nas Escrituras, m as é fruto da reflexão dogm ática. E é oficialm ente definido por um corpo eclesiástico com petente, sendo declarado ter base na autoridade divina. Tem significação social por ser a expressão de um a com unida­ de, e não de um só indivíduo. E reveste-se de valor tradicional, pois transm ite as preciosas possessões da Igreja para gerações futuras. N a história do dogm a, vem os a Igreja tom ando-se m ais e m ais cônscia das riquezas da verdade divina, sob a orientação do Espírito Santo, atenta às suas elevadas prerrogativas com o coluna e fundam ento da verdade, atarefada na defesa da fé que de um a vez por todas foi entregue aos santos.

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A TAREFA DA HISTÓRIA DO

DOGMA

A ta re fa da história do dogm a consiste, em poucas palavras, em d escrever a origem histórica do dogm a da Igreja e de seguir o curso de suas alterações e desenvolvim entos subseqüentes; ou, conform e as palavras de Seeberg, consiste em “m ostrar como o dogm a na sua totalidade e os dogm as em separado têm surgido, e indicar o curso de desenvolvim ento pelo qual foram conduzidos até chegarem à form a e

in t e r p r e t a ç ã o que prevalecem nas igrejas em qualquer época” . As

o b s e r v a ç õ e s gerais que se seguem podem ser feitas acerca de suas pressuposições, d o seu conteúdo geral e do ponto de vista do qual foi escrito esta história.

I. S1JAS 1’KlíSSlIPO SK /Ò HS

A ('laiule pressuposição tia história do dogm a parece ser que o (lo)',nia da Igreja é mutável e d e fato tem passado por m uitas m odifica­ ções duiaiite seu desenvolvim ento histórico. O que é im utável não é pa ss í v e I de desen vo I vi mento e nem tem história. A teologia protestante sem pre m anteve a posição de que o dogm a da Igreja, posto que caracterizado por alto grau de estabilidade, está sujeito a m odificações e no curso da história vem sendo enriquecido por novos elem entos, recebendo form ulação mais cuidadosa, e até certas transform ações. Ela não encontra dificuldades, portanto, com a idéia de um a história do ilogma, Todavia, a situação é um tanto diferente no caso da teologia eatólica-rom ana. Os católicos rom anos ufanam -se no fato de possuí­ rem um dogm a im utável e se sentem m uito superiores aos protestantes, os quais, nas palavras do cardeal Gibbons, “apelam para um a Bíblia imutável em apoio às suas doutrinas em constante m utação”. D iz ele que o credo da igreja “é atualm ente idêntico ao que era no passado” .

Faith ofourF athers, págs. 11,87. W ilm ers fala em tom sim ilar, quando

diz: “A religião cristã é im utável em todas as suas doutrinas reveladas — em todos aqueles preceitos e instituições que visam a todos os lioinenS- N enhum artigo de fé (pois quanto a artigos doutrinários há

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-principalm ente dúvidas) pode ser adicionado ou subtraído; e nem pode qualquer dogm a receber significação diversa da que foi dada por C risto”. H andbook o fth e Christian Religion, pág. 67. Por repetidas vezes os autores católicos-rom anos afirm am que a igreja não pode fazer novos dogm as, podendo apenas transm itir a outros o depósito sagrado que lhe foi confiado.

Todavia, se são verdadeiras as reiteradas afirm ações de que a igreja não pode adicionar novos dogm as, então segue-se que os dogm as já haviam sido dados no depósito original, na fé “um a vez por todas entregue aos santos”, a qual está contida nas Escrituras e na tradição apostólica. N enhum dogm a jam ais foi adicionado ao depósito sagrado, e nenhum dogm a ali contido foi alterado em qualquer ocasião. Só a igreja tem o poder de declarar um a verdade como algo revelado por Deus, conferindo-lhe um a interpretação infalível, assim dissipando incertezas e aum entando o conhecim ento positivo dos fiéis. Assim ela fez no passado e continuará fazendo, sem pre que as oportunidades históricas o exijam. Portanto, o próprio dogm a não se desenvolve e, assim sendo, não tem história; só há desenvolvim ento na apreensão subjetiva do mesm o, ficando assim determ inado o conceito católico - -rom ano da história do dogma. Diz B.J. Otten, autor católico-rom ano

à&A M anual ofth e History o f Dogm as (3â edição): “Ela (a história dos

dogm as) pressupõe que as verdades reveladas são objetivam ente perm anentes e imutáveis, e tam bém que a apreensão subjetiva e a expressão externa delas adm item progresso”. Vol. I, pág. 2.

Por longo tem po os católicos romanos olharam de soslaio para a história do dogma. N eander diz que um “m oderno teólogo, H erm es de Bonn, asseverou que tratar a história dos dogm as com o um ram o especial de estudo, devido à m udança de desenvolvim ento que ela pressupõe, m ilita contra a igreja católica, e por essa razão ele tinha escrúpulos em fazer preleções a respeito.” The H istory o f Christian

D ogm as, I, pág. 28. Petavius foi o prim eiro dos católicos rom anos a

sugerir algo parecido com um a doutrina de desenvolvim ento, mas sua obra não foi bem acolhida, e ele foi obrigado a qualificar suas afirm ações. M ais tarde, M oehler, e sobretudo N ew m an, advogaram um a teoria de desenvolvim ento que obteve considerável favor, em bora não universal. A teoria deste últim o em efeito dizia que m uitas das doutrinas da igreja estavam presentes no depósito original em form a apenas germ inal. Seriam com o sem entes im plantadas na m ente da igreja, prenhes de insuspeitadas possibilidades e, no curso do tem po, desdobradas em doutrinas am adurecidas. Em bora as novas expressões doutrinárias com freqüência encontrassem oposição, gradualm ente foram ganhando terreno e se foram tom ando populares. Finalm ente, a

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-igreja docente, a hierarquia, interveio a fim de testar os resultados desse novo desenvolvim ento, apondo o selo de sua infalível aprovação quanto a alguns deles, e isso pela declaração que eram verdades divinam ente reveladas. Essa teoria foi favorecida por m uitos católicos rom anos, entretanto não se im põe diante de todos, e nunca recebeu aprovação oficial.

Um a segunda pressuposição da história do dogm a é a de que o desenvolvim ento do dogm a da Igreja se deu ao longo de linhas orgânicas, pelo que foi sobretudo um crescim ento contínuo, a despeito do fato que os líderes eclesiásticos, nos seus esforços de apreender a verdade, com freqüência se desviaram para becos sem saída, perse­ guindo fogos-fátuos e brincando com elem entos estranhos; e que a própria Igreja, no seu todo ou em parte, algum as vezes errou na sua form ulação da verdade. A revelação especial de D eus é o desdobra­ m ento gradual do conhecim ento estereotipado de D eus e da idéia rem idora ligada a Cristo Jesus. É um todo orgânico no qual as partes estão toda interrelacionadas, a expressão com pleta do pensam ento divino. A Igreja, em suas tentativas para apreender a verdade, sim ples­ mente tenta pensar os m esm os pensam entos que D eus pensa. Ela faz

íhso,s o b a direção do Espírito Santo, que é o Espírito da verdade e, como InI, gitntnle que ela irá vendo crescentem ente a verdade com o um oruntilNitio Internamente estruturado. A história do dogm a, talvez, não Hf]ii inem r m n l i i i , registrando a história externa dos vários dogm as da Ijíivjii. I'1. a história d e um crescim ento orgânico, bem com o das

o p e r a ç õ e s in tern as da mente, da Igreja, pelo que tam bém pressupõe um desenvolvim ento contínuo do dogm a eclesiástico.

Sc- a Igreja do passado houvesse agido sobre a pressuposição, agora advogada por muitos, de que as condições m utáveis da vida religiosa tie vez em quando requerem um novo dogm a, e de que cada época deve lorm ular seu próprio dogma, desfazendo-se do velho e substituindo-o por outro que m elhor se harm onize com a condição espiritual do m om ento, então teria sido perfeitam ente im possível escrever um a história do dogm a no sentido orgânico do termo. Terem os de prosse­ guir baseados na pressuposição de que a Igreja, apesar das m elancóli­ cas aberrações que caracterizam sua busca da verdade e que com freqüência a têm levado a cam inhos errados, m esm o assim vai gradu­ alm ente avançando em sua apreensão e form ulação da verdade. T ere­ mos de supor que nem m esm o um a trem enda reviravolta religiosa com o foi a R eform a constituiu rom pim ento com pleto com o desenvol­ vimento doutrinário do passado. A pesar de que m uitos erros foram desm ascarados e corrigidos, os reform adores buscaram apoio para seus pontos de vista nos País da Igreja Prim itiva, não hesitando m esm o

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-em adotar algum as das posições que foram moldadas durante a Idade M édia. Houve continuidade de pensam ento até nisso.

2. SEU ASSUN TO

O fato que a história do dogm a aborda prim ariam ente os dogm as da Igreja não quer dizer que ela não deva interessar-se por aqueles desenvolvim entos doutrinários que ainda não tinham sido incorpora­ dos nos credos oficiais e que talvez nunca seriam. Seria equívoco supor que poderia começar com o Concílio de Nicéia e term inar com a adoção da últim a das confissões históricas. A fim de descrever a gênese dos m ais antigos dogm as da Igreja, o ponto inicial dela tem que ser o fim do período de revelação especial no estudo dos Pais Apostólicos. Ela terá de levar em conta aquelas form ações prévias dos dogm as da Igreja que resultaram das discussões teológicas da época e que receberam aprovação quase geral, em bora não tenham gozado do selo oficial da Igreja, assim como aquelas verdades periféricas que necessariam ente se derivaram do dogma central e controlador, em bora não tivessem recebido sanção eclesiástica especial, e finalm ente aqueles desenvol­ vim entos posteriores da verdade doutrinária que prevêem e preparam o cam inho para form ulações adicionais de dogm as teológicos. Já que o dogm a da Igreja não é fruto de construção m ecânica, e sim de um crescim ento orgânico, o estudo da história dele não pode pensar em lim itar sua atenção aos resultados claram ente definidos que foram obtidos em diferentes épocas, m as tam bém deve considerar os estágios interm ediários com sua prom essa de frutos ainda m elhores e mais ricos.

Segue-se disso que, no que concerne à história externa, a história do dogm a não pode negligenciar as grandes controvérsias doutrinárias da Igreja, as quais foram as dores de parto de novos dogm as e que com freqüência exerceram influência determ inadora sobre sua form ulação. Em bora esse estudo nem sem pre seja edificante, ele é absolutam ente essencial à com preensão apropriada da gênese de dogm as eclesiásti­ cos. N essas controvérsias tom aram -se patentes as diferenças de opi­ nião e, em alguns casos, isso deu origem a diferentes linhas de desenvolvim ento, tendo surgido form ulações doutrinárias que não com binavam com a consciência unida da Igreja em geral ou de algum a denom inação específica. Entretanto, até m esm o tais desvios da linha principal de pensam ento são im portantes na história do dogm a, visto que com freqüência levaram a m ais clara e aguda form ulação da verdade.

M as se a história do dogm a não pode ignorar qualquer dos fatos 2 4

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-externos que estão vinculados ao desenvolvim ento do dogm a, jam ais deveria perder de vista o fato que ela se im porta, prim ariam ente, com o desenvolvim ento do pensam ento teológico na consciência da Igreja, razão por que deveria acom panhar o desenvolvim ento da idéia inerente à revelação feita pelo próprio Deus. H egel e B aur prestaram bom serviço à história do dogm a quando cham aram a atenção para o fato de que o desenvolvim ento do dogm a é controlado por um a lei interna, em bora o princípio interpretativo deles não se recom ende ao pensa­ m ento cristão. Podem os discernir certa necessidade lógica nos estágios sucessivos do desenvolvim ento de cada dogm a, bem com o na ordem em que se apresentaram os vários problem as dogm áticos. D e m odo geral, pode-se dizer que a ordem lógica, usualm ente seguida no estudo da dogm ática, se reflete m ais ou m enos na história do dogma.

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O MÉTODO E AS DIVISÕES DA

HISTÓRIA DO DOGMA

Tem havido consideráveis diferenças na divisão do assunto da história do dogm a e no m étodo seguido em seu tratam ento. De m odo resum ido apresentam os algum as dessas diferenças.

1. D IV ISÕ ES D A H ISTÓ RIA DO D O GM A

A divisão com um da m aior parte das obras m ais antigas sobre a história do dogm a tem sido história geral e história especial do dogma. Essa divisão é seguida em cada um dos períodos sucessivos, nos quais a história geral esboça o pano de fundo filosófico geral, os principais tem as de discussão e a direção geral do estudo doutrinário em cada período sob discussão. Sem elhantem ente, a história especial traça a gênese e o desenvolvim ento dos dogmas separados, especialm ente aqueles que são centrais e exercem influência controladora sobre a form ação dos dogm as m ais periféricos. Os dogm as especiais são geralm ente discutidos sob os títulos costum eiros de dogm ática: teolo­ gia, antropologia, cristologia, e assim por diante. Isso se cham a o lokal-

-m ethode, seguido por Hagenbach, Neander, Sheldon e outros. Ritschl

rejeitou am bas as partes desse m étodo de divisão, sob a alegação que representam um m étodo anatôm ico, e não um m étodo orgânico de exame; e nas obras posteriores sobre a história do dogm a são abando­ nados tanto as suas divisões em história geral e história especial com o o lokal-methode. Essa é um a das notáveis diferenças entre as palavras de H am ack, Loofs, Seeberg e Fisher, por um lado, e a m aioria das histórias anteriores, por outro lado. A grande objeção à divisão da história do dogm a em geral e especial é que ela separa o que pertence a um a coisa só. Do m esm o m odo a objeção ao lokal-methode é que ele é artificial, ao invés de histórico, não fazendo justiça à diferença de ênfase nos vários períodos, e nem àquilo que é distintivo nas discussões sobre cada período. Os escritores posteriores, em bora não totalm ente acordes quanto à divisão a ser aplicada no estudo da história do dogm a,

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-esforçam -se todos por expor um ponto de vista m ais unificado sobre a gênese e o desenvolvim ento do dogm a da Igreja. A s divisões usadas por H am ack e Loofs revelam grandes sim ilaridades, enquanto que as de Seeberg seguem de perto essas linhas. Ele divide da seguinte m aneira: I. Form ulação da Doutrina na Igreja Primitiva. II. P reserva­

ção, Transform ação e D esenvolvim ento da D outrina na Igreja da Idade M édia. III. D esenvolvim ento do Sistema D outrinário durante a Reforma, e Cristalização O positora de D outrina p e lo Catolicism o Romano.

2. M ÉTO D O D E TRA TA M EN TO

Sob este título geral duas distinções exigem consideração.

(a) A distinção entre o método horizontal e o vertical. Alguns

seguem o m étodo horizontal e outros o vertical, ao estudarem a história do dogma. Os que adotam o prim eiro consideram a história do desenvolvim ento doutrinário com o um todo, em períodos, e traçam a gênese de todos os vários dogm as em cada período específico, deixan- do-os no estágio em que são encontrados no fim do período, e então os retom am nesse ponto a fim de seguir seu posterior desenvolvim ento. Assim , o desdobram ento da doutrina sobre Deus é estudada até ao início da Idade M edia; daí é abandonado, sendo seguido pelo estudo do desenvolvim ento da doutrina sobre Cristo até aquela altura; novam ente isso é interrom pido, sendo sucedido pela consideração do desenvolvi­ m ento gradual das doutrinas antropológicas do pecado e da graça ao longo do m esm o período; e assim por diante até o fim em todas as m atérias: Por outro lado, os que seguem o m étodo vertical consideram o estudo dos dogm as separados na ordem em que se tom aram o centro da atenção da Igreja, seguindo seu desenvolvim ento até atingirem sua forma final. A doutrina acerca de D eus é a prim eira a ser ventilada, por ter sido a prim eira que m ereceu a atenção da Igreja, e seu desenvolvi­ m ento é acom panhado até ao tem po de sua form ulação final nos credos históricos do período posterior à Reform a. De m odo sem elhante, as doutrinas centrais restantes, tais com o a sobre Cristo, o pecado, a graça, a expiação, e assim por diante, são estudadas em seus vários estágios de crescim ento até atingirem sua form a oficial e definitiva. O prim eiro inétodo é seguido por Hagenback, Neander, Sheldon, H am ack, Loofs e Seeberg; o segundo, em bora com certas diferenças, por Thom asius, Shedd e Cunningham . Cada m étodo tem suas vantagens e desvanta­ gens. Em nossa breve discussão, parece m elhor seguir o segundo inétodo, porquanto m antém os dogm as separados em alto relevo diante da mente, capacitando-nos a seguir seu desenvolvim ento do começo ao

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-fim , sem desviarm os a atenção do fluxo regular de pensam ento devido a um a divisão m ais ou m enos m ecânica. Naturalm ente, há sem pre o perigo — o qual deve ser evitado tanto quanto possível —de que as doutrinas sob consideração pareçam m ais ou m enos desligadas do seu fundo histórico e da sua conexão lógica com os sistem as de pensam en­ to dos grandes teólogos da Igreja, como Tertuliano, Orígenes, A gos­ tinho, Anselm o, Tom ás de A quino, Lutero, Calvino e outros. Feliz­ m ente, esse perigo é afastado até certo ponto pelo fato que as doutrinas centrais da Igreja, com as quais nos ocupam os principalm ente, não ocuparam o foco de atenção sim ultaneam ente. Adem ais, a leitura de outra obra sobre a história do dogm a, tal como a de Seeberg, a de Sheldon ou a de Fischer, ajudará a eliminar essa desvantagem. Enquan­ to seguirm os esse método, não term inarem os nossa discussão histórica de cada um dos dogmas no ponto em que foram incorporados no últim o dos grandes credos históricos, m as considerarem os as m udanças ou desenvolvim entos sugeridos pela literatura teológica posterior, visto que, com a passagem do tem po, poderiam levar a form ulações dogm áticas m ais sadias, m ais claras ou m ais completas.

(b) A distinção entre um método puram ente objetivo e um método

confessional. Alguns opinam que o único modo apropriado e científico

de tratar da história do dogm a é em pregar um m étodo puram ente objetivo. A cham que a tarefa do historiador é descrever o início e o desenvolvim ento do dogm a da Igreja sem quaisquer preconceitos, sem m anifestar sim patia ou antipatia, e sem de m aneira algum a julgar a veracidade ou falsidade das várias form ulações doutrinárias. D izem - -nos que tal juízo não cabe na história do dogma, e sim som ente na própria dogm ática. Assim, sem pre que o curso geral do desenvolvi­ m ento doutrinária se divide em várias correntes, que produzem doutri­ nas diversificadas e até m esm o antitéticas, como, por exemplo, nas igrejas grega, católica rom ana, luterana e reform ada, o historiador deveria sim plesm ente descrever as m esmas, um a após outra, sem testá- -las e sem expressar quaisquer preferências. Contudo, dr. K uyper corretam ente cham a atenção para o fato que ninguém poderia usar esse método ao descrever a história do seu país, ou ao escrever a biografia de um am igo, pois ninguém poderia escrever com o um espectador desinteressado.

A ssim tam bém o historiador, o qual tenha convicções doutrinárias definidas e concorde com certo credo, achará difícil, se não m esm o im possível, escrever um a história dos dogmas sem quaisquer precon­ ceitos e sem deixar entrever seu ponto de vista eclesiástico. Haverá de preferir o m étodo confessional, segundo o qual terá com o ponto de partida a sua própria confissão, buscando dar um a explicação genética

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-de seu conteúdo. Ao avaliar os vários -desenvolvim entos doutrinários, ele em pregará não só o padrão da Palavra de Deus, m as tam bém o critério de sua própria confissão — a Palavra com o padrão absoluto da verdade religiosa, e a confissão dele como resultado bem considerado e cuidadosam ente form ulado de investigações anteriores que, em bora não sejam infalíveis, ainda assim deveriam ser consideradas um a verdadeira apresentação da verdade escriturística até ser com provado o contrário. A história assim escrita não será descolorida, porém naturalm ente refletirá a perspectiva do autor quase em cada página. Não perverterá conscientem ente os fatos da história, todavia julgá-los- -á prim ariam ente pelo padrão das Escrituras, segundo o qual deveriam ser julgadas todas as verdades religiosas e, secundariam ente, por um critério eclesiástico predeterm inado. Esse é o m étodo que preferim os seguir no nosso estudo da história do dogma.

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O DESENVOLVIMENTO DA

HISTÓRIA DO DOGMA

1. FA TO R ES QU E O R IG IN A R A M A HISTÓ RIA DO DO GM A COM O D ISC IPLIN A SEPARA DA

O estudo da história do dogm a como disciplina separada é de data com parativam ente recente. M aterial valioso para tal estudo foi recolhi­ do nos séculos anteriores à Reform a, mas, segundo diz Harnack, “dificilm ente prepararam o cam inho e m enos ainda produziram um a perspectiva histórica da tradição dogm ática”. History o f D ogm a I, pág. 24. Posto que a igreja católica rom ana agia sobre a suposição de que o dogm a é im utável, e ainda m antém essa posição, pode ser dito que, tendo a R eform a rom pido com esse ponto de vista, abriu cam inho para um exam e crítico da história do dogma. Outrossim , foi um m ovim ento que, em sua própria natureza, contribuiu m aravilhosam ente para dar um incentivo especial a tal estudo. Levantou m uitas indagações sobre a natureza da Igreja e seus ensinam entos, e procurou respondê-las não só à luz da Bíblia, porém tam bém apelando aos Pais da Igreja Prim itiva, o que forneceu motivo direto e poderoso para um estudo histórico do dogma. Contudo, os reform adores e teólogos da época da R eform a não deram início a essa investigação. Em bora tenham apelado aos Pais dos prim eiros séculos para consubstanciarem suas opiniões, não sentiram a necessidade de fazer inquirição cuidadosa e crítica sobre a gênese histórica de todo aquele corpo de doutrina que constituía o conteúdo de sua fé. N ão abrigaram dúvidas quanto ao caráter escriturístico das doutrinas em que criam. Além disso, essas doutrinas integravam suas próprias vidas, sendo constatadas na experiência. E a sua robusta fé não só prescindia dessa investigação histórica, m as tam bém os interesses dogm áticos e polêm icos que ocupavam a m ente deles pouco tem po lhes deixavam para estudos históricos.

Perm anece de pé o fato, porém , que as igrejas católica rom ana e protestante se acusavam m utuam ente de terem -se afastado da fé

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-histórica cristã, e som ente um cuidadoso estudo da história poderia dar solução a essa disputa. A pesar de ter ficado inoperante por longo tem po esse m otivo, devido aos interesses polêm icos e dogm áticos, achava-se ele presente e fatalm ente exerceria algum a influência na ocasião oportuna. Todavia, só se fez operante quando reforçado por outros motivos, suprido por m ovim entos inam istosos para com o dogm a eclesiástico. O pietism o nascera da convicção que o escolasticism o protestante exercera influência petrificadora, am eaçando assim as verdades vivas da Reform a. R eagia contra o que era tido com o o intelectualism o estéril do século XV II, e nisso via um afastam ento para longe da fé dos reform adores. E o racionalism o se m ostrou hostil ao dogma eclesiástico por estar este baseado sobre a autoridade, e não sobre a razão hum ana; e com sua alegada estabilidade servia esse dogma de entrave à livre perscrutação da mente humana. O racionalismo estava interessado em m ostrar que os dogm as eclesiásticos vinham se modificando repetidam ente, e portanto não podiam reivindicar a per­ m anência e a estabilidade com um ente lhes atribuídas. Esses dois m ovim entos, em bora distintos e até antagônicos entre si em alguns pontos, uniram suas forças em oposição ao dogm a e com eçaram a estudar sua história com o desejo oculto de solapá-lo.

Outro fator que deve ser levado em conta é o despertar do espírito histórico, sob a influência de Sem ler e outros. Sem ler deu início ao m oderno estudo histórico das Escrituras e escreveu a obra intitu lad a^ «

Experim ent o fa F reer M ethod ofT eaching, trabalho pioneiro no qual

se explicava o valor prático do m étodo histórico. No cam po da história eclesiástica o fruto desse novo espírito foi visto pela prim eira vez na grande obra de M oshein. A pesar de não tratar da história do dogm a, mesmo assim deu grande ímpeto a esse estudo. Im portantes elem entos favoráveis a isso são vistos nas obras de Lessing e Semler.

2. OBRAS A N TER IO RES SO BRE A H ISTÓ RIA D O D O G M A As verdadeiras origens do estudo da história do dogm a se encon- liam nas obras de S.G. Lange e M uenscher. A obra de Lange foi planejada em larga escala, m as nunca foi term inada. M uenscher escreveu um a obra em quatro volum es, em 1797, e posteriorm ente um compêndio. M ediante um estudo sem preconceitos ele tentou respon­ der à pergunta: como e por que a doutrina do cristianism o gradualm ente fo i I om ando sua presente forma? Sua obra foi m aculada pela influência do racionalism o, e deixou de esclarecer se o objetivo próprio do estudo é a doutrina ou o dogma. Foi ele que pela prim eira vez fez a divisão do esiudo em estudo geral e estudo especial do dogma, o que se acha em

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-m uitas obras posteriores. Os -m anuais que surgira-m depois da obra de M uenscher não assinalaram qualquer avanço especial no estudo do assunto.

Sob a influência de Hegel teve início um m elhor m étodo histórico. Sua aplicação ao estudo da história se vê sobretudo na obra de F. C. Baur, pai da escola de Tuebingen de crítica neo-testam entária. O princípio hegeliano de evolução foi introduzido para salientar um a ordem e um progresso definidos no surgim ento dos dogm as eclesiás­ ticos. Passou a ser reputado como o objetivo da história do dogm a a fim de: (a) determ inar os fatos em sua situação real, conform e testem unhas credenciadas; e (b) interpretá-los de acordo com um a exata lei de desdobram ento interno. Por m uito tempo, no entanto, foi um a idéia puram ente especulativa de desenvolvimento, corporificada na fam iliar criada hegeliana, que foi fortem ente im posta sobre esse estudo. Isso transparece m ais claram ente na obra de Baur.

A idéia de desenvolvim ento, contudo, gradualm ente foi adquirindo outras aplicações além da hegeliana. Ela é pressuposta nas produções da escola teológica de Schleierm acher. Tam bém foi aplicada por escritores m edianeiros como N eander e Hagenbach, que ultrapassam os hegelianos em sua estim ativa do cristianism o com o religião e do valor religioso da doutrina. Todavia, eles falham na aplicação do princípio histórico no ponto em que continuaram usando a antiga divisão em história geral e história especial, e quando a essa igualm ente aplicam o cham ado lokal-methode. Outras m odificações se acham nos escritos de confessionalistas como K liefoth e Thom asius. N a obra do prim eiro desses em erge a idéia do dogma em distinção à idéia de doutrina, e a prim eira se torna o obejto mesm o desse estudo. Conform e esse escritor, cada época produz seu próprio ciclo de verdades dogm áticas, deixando-o como um tesouro a ser preservado, e não como m aterial a ser refeito ou m esm o cancelado (Baur). D eve ser incorpora­ do com o um todo no desenvolvim ento seguinte. Thom asius distinguia bem entre dogm as centrais e periféricos, em que os prim eiros seriam as grandes doutrinas fundam entais sobre D eus, sobre Cristo, sobre o pecado e sobre a graça, e os últim os seriam doutrinas derivadas, desenvolvidas sobre a base das doutrinas centrais. Ele escreveu sua obra do ponto de vista confessional da igreja luterana.

A erudição católico-rom ana dem orou em interessar-se pelo estudo da história do dogma. Q uando o fez, teve seu ponto inicial na concep­ ção distinta do dogm a com o declaração autoritária da igreja sobre as doutrinas fundam entais da religião cristã. As obras m ais antigas baseiam -se na suposição de que a Igreja Prim itiva possuia o dogm a com pleto do cristianism o, com o se não houvesse possibilidade algum a

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-de alteração com a passagem das gerações. A firm am elas não ter havido qualquer adição ao depósito original, m as som ente interpreta­ ções do m esm o. N ew m an introduziu a teoria de desenvolvim ento. Segundo ele o original depósito da verdade revelada na B íblia é principalm ente im plícito e em brionário, desdobrando-se apenas gra­ dualm ente sob o estím ulo de condições externas. O processo de desenvolvim ento, entretanto, é absolutam ente controlado pela igreja infalível. Contudo, nem m esm o essa teoria, em bora cuidadosam ente colocada, foi bem aceita de m odo geralnos círculos católicos-rom anos. 3. OBRAS PO STER IO RES SO BRE A H ISTÓ R IA D O D O G M A

Obras posteriores sobre a história do dogm a revelam a tendência de descontinuar o arranjo m ecânico das obras m ais antigas, que dividiam o lema em história geral e história especial e que aplicavam o lokal -

methode. Isso ainda por ser visto, de fato, na obra de Sheldon, e

parcialm ente tam bém na de Shedd; m as sua ausência é patente em oul rns obras recentes. Há uma crescente convicção de que a história do domina deveria ser tratada mais organicam ente. N ietzsche adotou um uitanjo genético, sob os seguintes títulos:/! Promulgação da Doutrina

tl(lAntlx<i la teja ( 'iitólica e o Desenvolvim ento da Doutrina da Antiga Itfltju ('tifiUlt ii, Divisào similiir aparece em Ham ack, que fala de O Siuülniriilti do Ihiviiiii i.clcsiãstico e () Desenvolvim ento do Dogma 11 leMilMii o.

Iliiiniu k mostra afinidade tanto com T hom asius com o com N íet/,sclu\ todavia vai muito além da posição deles. E le lim ita a sua discussão ao.surgimento e desenvolvim ento dos dogm as, com o distin­ tos di' doutrinas, e leva em conta os aspectos constantem ente m utáveis do cristianism o como um todo, particularm ente em conexão com o desenvolvim ento geral da cultura. Sua obra rom pe radicalm ente com

o lokal niethode. Contudo, ele tinha um a idéia errônea do dogm a, pois

et insiilei a va-o, em sua origem e estrutura, obra do espírito grego sobre o solo do evangelho, m escla da religião cristã e da cultura helenista, dentro da qual esta última predom ina. C onform e ele, as proposições de lé foram erroneam ente transform adas em conceitos intelectuais, os «piais foram endossados por provas históricas e científicas, mas, por meio desse mesm o processo perderam seu valor norm ativo e sua autoridade dogm ática. De acordo com ele essa corrupção com eçou, nao no próprio Novo Testam ento, segundo asseveram escritores pos­ teriores, e sim nos séculos II e III d.C., com o desenvolvim ento da doutrina do Logos, e teve prosseguim ento na igreja católica romana, ate ao tem po do prim eiro Concílio do Vaticano, ao passo que o

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-Protestantism o no tem po da R eform a rejeitou em princípio o conceito dogm ático de cristianism o. Seus dogm as estão constantem ente sujei­ tos a revisão. Estritam ente falando, não há lugar para verdades fixas, para dogm as, porém som ente para um Glaubenslehre. H am ack assu­ m e um ponto de vista por dem ais lim itado sobre o dogm a, não fazendo justiça à aversão dos prim eiros Pais da Igreja à influência pagã e pensando que a inteira história do dogm a é um erro imenso.

Loofs e Seeberg não seguem a divisão de H am ack, m as parecem sentir que a segunda divisão de sua grande obra na realidade abarca praticam ente o total da história do dogm a, em bora o prim eiro exiba ainda um capítulo separado sobre a gênese do dogm a entre os cristãos. E em bora ele não concorde totalm ente com o conceito de dogm a de H am ack, Loofs m ostra m aior afinidade com ele do que o fez Seeberg em sua obra m onum ental. Essa obra serve bastante com o fonte de inform ação, pois contém num erosas citações de autores cujos pontos de vista doutrinários são examinados. A sem elhança de H am ack, S eeberg tam bém escreveu um m anual em dois volum es, traduzido para o inglês pelo dr. Charles E. Hay e publicado em 1905 sob o título

Textbook ofth e H istory ofD octrine. É obra de considerável valor para

o estudante.

Perguntas para Estudo Posterior

Em que diferem os católicos rom anos e os protestantes em suas idéias sobre o dogm a? Com o a teoria de N ew m an alterou o ponto de vista católico-rom ano sobre a história do dogma? Quais as objeções que existem à idéia de H am ack sobre o dogm a? Suas idéias foram geralm ente aceitas entre os seguidores de Ritschl? Os católicos rom a­ nos e os protestantes concordam quanto à tarefa que cabe à história do dogm a? O elem ento m utável do dogma, pressuposto em sua história, está em sua form a, em seu conteúdo ou em ambas essas coisas? O que se pode dizer a favor e contra o m étodo hegeliano, quando aplicado à história do dogm a? Ao aplicar o m étodo hegeliano, B aur fez justiça aos fatos históricos externos? A caso, a história do dogm a, para ser verda­ deiram ente científica, deve ser escrita de m aneira puram ente objetiva?

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-DESENVOLVIMENTO

DOUTRINÁRIO PREPARATÓRIO

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-5

OS PAIS APOSTÓLICOS E SUAS

PERSPECTIVAS DOUTRINÁRIAS

I. KSCRITOS A ELES ATRIBU ÍD O S

( ).s Puis A postólicos «ão os Pais que se supõem ter vivido antes da morte do último dos apóstolos, sobre os quais se diz que alguns foram dUe (pulos (.tos apóstolos, e ti quem são agora atribuídos os m ais antigos tw i IIon (.TiNlrtoN existentes, I i;í seis nomes especiais que chegaram até luto, li Hitltct’, Umiiahé. g e m ias. ( ’Jementc (kvRoiiia, Policarpo, ÇapiâS V llirtoln. C) pl lllii'llo (; gonilmenle considerado, embora com evidência tlwvTtlimu, o Itu^tuo 1 luruitlu* que se toniou conhecido com o com pa- iiliellii i|e 1'niiln, em Atos dos Apóstolos, lile é lido com o autor de um a i<|i|Mo|ti 111111■1111■1111- jin11 judaieade genuinidade incerta. H erm asseria, ullpitsliiuieule, a pessoa mencionada ein Rom. 16:14, em bora com IviiNeri insiilieientes. A obra Pastor de H erm as, que lhe é atribuída, contém uma série de visões, m andam entos e símiles. É trabalho de iiiitenlie idade questionável, em bora lhe dessem grande valor na Igreja 1'ilmitiva. ( ’leniente de Rom a pode ter sido colega de trabalho de 1'imlo, referido em Fil. 4:3. É com um ente apresentado com o bispo de Komii, embora possa ter sido, e m ais provavelm ente o foi, apenas um Inlliieiile pastor ali. Foi autor de um a epístola aos Coríntios, que contém injimções m orais em geral e exortações especiais, m otivadas por discórdias dentro da igreja em Corinto. Alguns tam bém duvidam (In autenticidade dessa epístola, em bora sem boas razões. É provavel­ mente o mais antigo dos genuínos rem anescentes da antiga literatura crista. Policarpo usualm ente é designado “bispo de E sm im a”, mas líusébio alude a ele mais corretam ente como “aquele bendito e apos­ tólico presbítero”. Foi discípulo de João e escreveu um a breve epístola ai i.s I ' i I i | >enses, a qual consiste principalm ente de exortações práticas na linguagem das Escrituras. Papias, cham ado de “bispo de H ierápolis”, I (>i contem porâneo de Policarpo, e talvez tenha sido tam bém discípulo

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-de João. Foi o autor -de um a “Exposição dos Oráculos do Senhor ”, da qual apenas alguns doutrinariam ente insignificantes fragm entos foram preservados por Eusébio. Inácio, com um ente conhecido com o “bispo de A ntioquia”, tam bém viveu nos dias do últim o dos apóstolos. Quinze cartas lhe foram atribuídas, porém só sete são agora consideradas genuínas, e m esm o dessas alguns duvidam. A esses escritos devem os adicionar dois de autoria desconhecida, a saber, a Epístola a D iogneto e o D idache. Às vezes o prim eiro é atribuído a Justino M ártir, porquanto ele escreveu um a Apologia a Diogneto. No entanto, tal autoria é extrem am ente im provável, em face de evidências internas. O escritor explica os m otivos pelos quais m uitos cristãos haviam deixado o paganism o e o judaísm o, descreve as principais características do caráter e da conduta dos cristãos, e liga essas coisas à doutrina cristã, da qual faz um adm irável sumário. O D idache, descoberto em 1873, provavelm ente foi escrito cerca do ano 100 d.C. A prim eira parte contém preceitos morais sob o esquem a dos “dois cam inhos”, o da vida e o da m orte, enquanto que a segunda parte fornece orientações pertinentes ao culto e ao governo eclesiástico, entrem eadas com declarações acerca das últim as coisas.

2. CA RA CTERÍSTICA S FO RM AIS D E SEUS EN SIN OS

Com freqüência se tem observado que ao passarm os do estudo do Novo Testam ento para os Pais Apostólicos, tem -se consciência de trem enda m udança. Não há o m esm o frescor e originalidade, profun­ didade e clareza. E não é para adm irar, pois indica a transição das verdades dadas por inspiração infalível para a verdade reproduzida por pioneiros falíveis. Suas reproduções tendem por escorar-se pesadamente sobre as Escrituras, além de serem de tipo prim itivo, ocupando-se com princípios elem entares da fé, e não com as verdades m ais profundas da religião.

Seus ensinos se caracterizavam por certa pobreza. Geralm ente concordam no todo com os ensinos das Escrituras, e com freqüência são redigidos nas próprias palavras da Bíblia, m as pouco acrescentam à guisa de explicação e nunca são sistematizados. E ninguém precisa adm irar-se com isso, pois pouco tem po houvera para que os hom ens refletissem sobre as verdades das Escrituras e para que assim ilassem a grande m assa de m aterial contido na Bíblia. O cânon do N ovo Testam ento ainda não estava fixado, e isso explica por que os Prim i­ tivos Pais tão freqüentem ente citam a tradição oral, ao invés da Palavra escrita. Outrossim , devem os lem brar que não havia m entes filosóficas entre eles, dotadas de treinam ento especial para inquirir pela verdade

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-c nem da grande -capa-cidade ne-cessária para um a apresentação sistem á­ tica. A despeito de sua com parativa pobreza, a obra dos Pais A postó­ licos, entretanto, se reveste de considerável im portância, pois prestam testemunho à canonicidade e integridade dos livros neotestam entários, formando um elo doutrinário entre o Novo Testam ento e os escritos mais especulativos dos apologetas, os quais surgiram no século II d.C.

Uma segunda característica dos ensinos dos Pais A postólicos é sua falta de precisão. N o Novo Testam ento há vários tipo de Kerugm a (pregação) apostólica: a petrina, a paulina e a joanina. Os três tipos concordam fundam entalm ente entre si, em bora representem ênfase di ferentes da verdade. Ora, pode parecer surpreendem ente que os Pais A | Kistólicos, apesar de m ostrarem algum a preferência pelo tipo joanino, com o qual estavam m ais fam iliarizados, não se vincularam de modo definido a qualquer desses tipos. Todavia, várias considerações podem NtT oferecidas como explicação. Considerável raciocínio é requerido pn rn d ist i ng u i r entre esses tipos. Aqueles prim eiros Pais viveram perto dem ais dos apóstolos para captarem os pontos distintivos dos seus próprios ensinos. Oulrossim , para eles o cristianism o não era, em prim eiro lugar, um conhecim ento que se deve adquirir, e sim o plllieliilo ile li11ui liovii obediência ao Senhor Deus. M esm o estando wAtlMUlitH tio vnlor normativo das palavras de Jesus e da kerugma NIHMliSIlon, nflo loliliiriuii defínir as verdades da revelação, mas apenas M‘iU*hilMlli mi>< III/ tln seu riilrndim enlo. Finalm ente, as condições (triiilu i m i que vl vlí1111 influenciadas como eram pela filosofia pagã

ptipiilin 'l.i rpm a e pela piedade paga e judaico-helénica — não eram invomveis a uma com preensão nítida das diferenças características elitie a*, diversas m odalidades da kerugm a apostólica.

.1. ('< )NTi :Ú l)0 REAL DE SEUS EN SIN A M EN TO S

I caso de observação com um que os escritos dos Pais A postólicos eoiilem pouquíssima substância que seja doutrinariam ente importante. Seus ensinos estão em harm onia geral com a verdade revelada na

I *i ila vra de Deus, e com freqüência são vasados na pura linguagem das

liseriluras; e exatam ente por essa razão não se pode dizer que aum en­ ta ii i ou a profundam nosso discernim ento da verdade ou que lançam luz sobre os interrelacionam entos dos ensinos doutrinários da Bíblia. Testificam so b re u m a fé com um em D eus como Criador e G overnador < lo u n i verso, e em Jesus Cristo, o qual esteve ativo na criação e por toda a ve I ha dispensação, até haver, finalmente, aparecido em carne. A pesar de usarem a designação bíblica de Deus com o Pai, Filho e Espírito Santo, além de falarem de Cristo com o Deus e hom em , eles não

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