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O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CENTROS DE APOIO OPERACIONAL ÀS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO RIO GRANDE DO NORTE:

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

SARA DE SOUSA COSTA

O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CENTROS DE APOIO OPERACIONAL ÀS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO RIO GRANDE DO NORTE: uma análise sobre o atendimento às demandas coletivas.

NATAL 2020

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SARA DE SOUSA COSTA

O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CENTROS DE APOIO OPERACIONAL ÀS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO RIO GRANDE DO NORTE: uma análise sobre o atendimento às demandas coletivas.

Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com atividade final para conclusão do Mestrado Acadêmico do referido Programa.

Linha de pesquisa: Serviço Social, Trabalho e Questão Social.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Dalva Horácio da Costa.

NATAL 2020

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Costa, Sara de Sousa.

O trabalho do Assistente Social nos centros de apoio operacional às promotorias de justiça do Ministério Público do estado Rio Grande do Norte: uma análise sobre o atendimento às demandas coletivas / Sara de Sousa Costa. - 2020.

160f.: il.

Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social. Natal, RN, 2020.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Dalva Horácio da Costa.

1. Direitos Coletivos - Dissertação. 2. Serviço Social - Dissertação. 3. Demandas Coletivas - Dissertação. 4. Ministério Público - Rio Grande do Norte (MPRN) - Dissertação. I. Costa, Maria Dalva Horácio da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 364:34

Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355

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SARA DE SOUSA COSTA

O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CENTROS DE APOIO

OPERACIONAL ÀS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO RIO GRANDE DO NORTE: uma análise sobre o atendimento às

demandas coletivas.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFRN como requisito para obtenção do título de mestre em Serviço Social.

BANCA EXAMINADORA

APROVADO EM:

_______________________________________________________

Profa. Dra. Maria Dalva Horácio da Costa (Orientadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________________________

Profa. Dra. Márcia Maria de Sá Rocha (Membro Titular Interno) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________________________

Profa. Dra. Hilderline Câmara de Oliveira (Membro Titular Externo) Universidade Potiguar (UNP)

_______________________________________________________

Profa. Dra. Aione Maria da Costa Sousa (Membro Externo Suplente) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela força para trilhar e concluir essa etapa e a Jesus Cristo por me fazer compreender na prática o sentido da palavra Perseverança.

A minha mãe Aldecy, meu pai João, meu irmão João Maria, meus sobrinhos Mariana e Pedro, sempre presentes em minha vida com um apoio incondicional.

Ao meu namorado Paulo por estar presente nessa trajetória compartilhando confiança e tranquilidade sobre a conclusão desse projeto.

A minha orientadora, Prof. Dra. Mª Dalva Horácio da Costa, que esteve comigo durante todo o processo, sendo compreensiva e dedicada na orientação segura desse trabalho. Foi um percurso intenso e de muita confiança sobre o projeto proposto.

A todas as colegas de profissão que contribuíram imensamente na realização da pesquisa, especialmente as assistentes sociais do MPRN com quem tenho tido a satisfação de compartilhar vivências profissionais.

A minha amiga Claudiane pela alegria e toda energia que vem me dedicando há anos, e por ajudar a ver o meu potencial em várias dimensões da minha vida.

A Keillha pela amizade, apoio e orações neste percurso sendo uma pessoa atenciosa e presente em minha vida.

A Francislaine pelo suporte, amizade e alegria, nossas conversas sempre me deixaram esperançosa para enfrentar os momentos de dificuldades.

A Adriana pela amizade, apoio e confiança que sempre me dedicou, identificando potencialidades bem mais do que conseguia enxergar.

A Regina, colega diária de trabalho, pelo apoio e estímulo para perseverar nessa trajetória, nossa identificação vai além da vinculação com o Serviço Social, sua amizade é uma alegria para mim.

Aos meus amigos João, Jussara, Thalles e Gesivan que mesmo na distância sei que torcem por mim e pelos meus projetos.

A Adeilza pelo papel essencial na etapa de construção do objeto desta pesquisa e pelo apoio na seleção do mestrado, não há como esquecer.

Aos meus colegas do mestrado Vinícius, Lívia, Nágila e Michael por serem acolhedores, atenciosos e alegres nessa caminhada conjunta.

Aos docentes que acompanharam a minha formação profissional, especialmente aos que participaram da banca de qualificação e aos demais integrantes do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da UFRN (PPGSS)

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com os quais tive a oportunidade e a honra de tê-los como mestres o que, com toda certeza, enriqueceu a minha formação profissional.

Desde já agradeço imensamente aos docentes que gentilmente aceitaram participar da banca de defesa desta dissertação.

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RESUMO

Esse estudo busca apreender as particularidades do trabalho dos(das) assistentes sociais no atendimento às demandas coletivas no interior dos processos coletivos de trabalho no âmbito do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte (MPRN), particularmente nos dos Centros de Apoio Operacionais às Promotorias (CAOP’s). A finalidade foi identificar e analisar as determinações da inserção e atuação profissional no processo de trabalho de atendimento às demandas coletivas, no âmbito do MPRN, e suas relações com os desafios à efetivação dos direitos sociais e de cidadania e com a nova missão e novo papel conferido ao MP de defesa de tais direitos a partir da Constituição de 1988. Fez-se necessário utilizar a teoria social crítica e o método crítico-dialético, possibilitando apreender elementos universais, singulares e particulares que o circundam e assim, fundamentando a realização da pesquisa qualitativa de natureza exploratória, que foi precedida de pesquisa bibliográfica e documental. Nessa perspectiva foram realizadas entrevistas, do tipo semiestruturada, com 05 (cinco) assistentes sociais que trabalham nos CAOP’s do MPRN. Constatou- se que entre 2018 e 2019, o Serviço Social nos CAOP’S do MPRN, atendeu mais demandas coletivas do que individuais – 68% coletivas e 32% individuais, revelando que as assistentes sociais vêm atuado majoritariamente no atendimento as demandas coletivas, ainda que continue a existir considerável número de demandas individuais.

E que a inserção das assistentes sociais, na equipe multiprofissional dos CAOP’s, tem uma relação direta com sua formação generalista fundamentada numa perspectiva crítica e de totalidade o que possibilita análises e abordagem com a amplitude que as demandas coletivas requerem. Conclui-se que a centralidade do trabalho nas demandas coletivas está em sintonia com o próprio redirecionamento do papel e da atuação do MP na defesa dos direitos sociais e implementação das políticas públicas, abarcando a concepção ampliada sobre o conjunto dos direitos e políticas sociais que envolve saberes interdisciplinares e articulações intersetoriais. Portanto, à medida em que a essência e o foco principal do trabalho nos CAOP’s se concentrem na defesa do direito coletivo tende a necessitar de profissões e saberes com ampla capacidade de análise crítica e instrumental para apreender a realidade de forma a subsidiar a atuação dos promotores. Pode-se inferir que à medida em que o atendimento às demandas coletivas seja ampliado e fortalecido no âmbito do MPRN, aumentarão as possibilidades de uma necessária e possível a ampliação da inserção dos Assistentes Sociais na equipe para colaborar na produção das respostas às demandas coletivas.

Sinal de que essa inserção tem uma estreita relação com o perfil profissional e suas habilidades e capacidade para atuar em diversas políticas sociais públicas na perspectiva de efetivação dos direitos sociais e de cidadania. Forte indicador de que a formação profissional dos assistentes sociais tem lhe conferido competências e habilidades para responder as reais necessidade do MP enquanto instituição e que o trabalho realizado tem contribuído para afirmação da missão institucional do MPRN de defender a efetivação dos direitos, priorizando atendimento às demandas coletivas por serem portadoras de maior impacto na implementação de políticas públicas para efetivar direitos conquistados.

Palavras-chaves: Direitos Coletivos. Serviço Social. Demandas Coletivas. Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte.

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ABSTRACT

This study seeks to apprehend the particularities of the work of social workers in meeting collective demands within collective work processes within the public ministry of the State of Rio Grande do Norte (Portuguese initials- MPRN), particularly those of the Operational Support Centers to the Public Prosecutor's Office (Portuguese initials- CAOP's) The purpose of the study was to identify and analyze the determinations of insertion and professional performance in the work process of meeting collective demands, within the scope of the MPRN, and its relations with the challenges to the realization of social rights and citizenship and with the new mission and new role conferred on the public ministry, from now on- MP to defend such rights from the 1988 Constitution. It was necessary to use critical social theory and the critical-dialectical method, making it possible to learn universal, singular, and particular elements that surround it and thus, basing the realization of qualitative research of exploratory nature, which was preceded by bibliographic and documentary research. In this perspective, semi-structured interviews were conducted, with 05 (five) social workers working in the MPRN CAOP’s. It was found that between 2018 and 2019, the Social Service in the CAOP'S of the MPRN, met more collective demands than individual ones – 68% collective and 32% individual, revealing that social workers have been acting mainly in meeting collective demands, although there is still a considerable number of individual demands. It is concluded that the centrality of work in collective demands is in line with the redirection of the role and action of the MP in the defense of social rights and implementation of public policies, including the expanded conception of the set of social rights and policies that involves interdisciplinary knowledge and intersectoral articulations. Therefore, as the essence and main focus of work in CAOP's focus on the defense of collective law tends to require professions and knowledge with ample capacity for critical and instrumental analysis to apprehend reality in order to support the performance of promoters. It can be inferred that as the fulfillment of collective demands is expanded and strengthened within the scope of the MPRN, they will increase the possibilities of a necessary and possible expansion of the insertion of Social Workers in the team to collaborate in the production of responses to collective demands. A sign that this implantation has a close relationship with the professional profile and its skills and capacity to act in various public social policies in the perspective of the realization of social rights and citizenship. A strong indicator that the professional training of social workers has given it skills and abilities to respond to the real need of the MP as an institution and that the work is done has contributed to the affirmation of the institutional mission of the MPRN to defend the realization of rights, prioritizing the fulfillment of collective demands because they have a greater impact on the implementation of public policies to affect the rights achieved.

Keywords: Collective Rights. Social Work. Collective Demands. Public Ministry of The State of Rio Grande do Norte.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP – Ação Civil Pública

APAMI – Associação de Proteção à Maternidade e à Infância CATE – Central de Apoio Técnico Especializado

CAOP – Centro de Apoio Operacional às Promotorias CF – Constituição Federal

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público CREAS – Centro de Referência de Assistência Social

FUNPEC –Fundação Norte-rio-grandense de Pesquisa e Cultura GT – Grupo de trabalho

IC – Inquérito Civil

ILPI – Instituição de Longa Permanência MP – Ministério Público

MPU – Ministério Público da União

MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios MPEs – Ministério Público dos estados

MPRN – Ministério Público do estado do Rio Grande do Norte

NAMVID – Núcleo de à Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da Família

NATE – Núcleo de Apoio Técnico Especializado PEP – Projeto Ético-Político Profissional

PmJ – Promotoria de Justiça PA – Procedimento Administrativo PP – Procedimento Preparatório

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SINDSEMP – Sindicado dos Servidores do MPRN SUS – Sistema Único de Saúde

TAC – Termo de Ajustamento de Conduta

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UBS – Unidades Básicas de Saúde

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Lotação e quantitativo de assistentes sociais MPRN ... 58 Quadro 2 - Atendimento Multiprofissional – Serviço Social – CAOP INFÂNCIA E JUVENTUDE ... 77 Quadro 3 - Atendimento multiprofissional - CAOP INCLUSÃO ... 78 Quadro 4 - Atendimento multiprofissional - CAOP SAÚDE ... 79 Quadro 5 - Tempo médio de atendimento - Demandas Coletivas - Serviço Social .. 97

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Experiências profissionais anteriores ... 62

Gráfico 2 - Dimensão das primeiras demandas atendidas ... 66

Gráfico 3 - Dimensão das demandas atendidas pelo Serviço Social - CAOP CIDADANIA ... 73

Gráfico 4 - Dimensão das demandas atendidas pelo Serviço Social - CAOP SAÚDE ... 73

Gráfico 5 - Dimensão das demandas atendidas pelo Serviço Social - CAOP INCLUSÃO ... 74

Gráfico 6 - Dimensão das demandas atendidas pelo Serviço Social - CAOP INFÂNCIA E JUVENTUDE ... 75

Gráfico 7 - Descrição Demandas Coletivas - Serviço Social - CAOP CIDADANIA .. 90

Gráfico 8 - Descrição Demandas Coletivas - Serviço Social - CAOP SAÚDE ... 92

Gráfico 9 - Descrição Demandas Coletivas - Serviço Social - CAOP INCLUSÃO ... 93

Gráfico 10 - Descrição Demandas Coletivas - Serviço Social - CAOP INFÂNCIA E JUVENTUDE ... 94

Gráfico 11 - Meios e instrumentos de trabalho utilizados pelas Assistentes Sociais nos CAOPS ... 106

Gráfico 12 - Demandas - Projetos Estratégico - CAOP CIDADANIA ... 111

Gráfico 13 - Demandas - Projetos Estratégicos - CAOP SAÚDE ... 111

Gráfico 14 - Demandas - Projetos Estratégicos - CAOP INCLUSÃO ... 112

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 MINISTÉRIO PÚBLICO, DEFESA DE DIREITOS COLETIVOS E TRABALHO MULTIPROFISSIONAL ... 25

2.1. OMINISTÉRIOPÚBLICOEADEFESADODIREITOCOLETIVO ... 27 2.2. OTRABALHOMULTIPROFISSIONALNOMINISTÉRIOPÚBLICOEO

TRABALHODOASSISTENTESOCIALNOSOCIOJURÍDICO ... 33 3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO

GRANDE DO NORTE (MPRN) ... 40

3.1. OTRABALHODOSCENTROSDEAPOIOOPERACIONAISÀS

PROMOTORIAS(CAOP’S) ... 47 3.2. OPROCESSODEREORGANIZAÇÃODOTRABALHONOMPRN ... 52 3.3. OTRABALHOMULTIDISCIPLINARNOMPRNEAINSERÇÃODO

SERVIÇOSOCIAL ... 55 4 SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO NO ATENDIMENTO ÀS DEMANDAS

COLETIVAS NOS CENTROS DE APOIO OPERACIONAIS ÀS PROMOTORIAS (CAOP) NO MPRN ... 61

4.1. PERFILDASENTREVISTADAS ... 61 4.2. COMPOSIÇÃODAEQUIPEDETRABALHOPROFISSIONALNOCAOP ... 63 4.3. INSERÇÃOPROFISSIONALNOPROCESSODETRABALHOCOLETIVO

NOSCAOP’S ... 64 4.4. FLUXODEATENDIMENTODASDEMANDASNOSCAOP’SE

DISTRIBUIÇÃOPARAOSERVIÇOSOCIAL ... 67 4.5. IDENTIFICAÇÃODOOBJETODETRABALHOPROFISSIONAL ... 70 4.6. DEMANDASCOLETIVASXDEMANDASINDIVIDUAIS ... 71 4.7. AINSERÇÃOPROFISSIONALNOTRABALHOEMEQUIPE

MULTIDISCIPLINAR ... 76 4.8. REFLEXÕESSOBREOTRABALHOPROFISSIONALNOATENDIMENTOÀ

DEMANDASINDIVIDUAIS ... 83 4.8.1. IDENTIFICAÇÃO DA FINALIDADE DO TRABALHO PROFISSIONAL NO ATENDIMENTO A

DEMANDAS INDIVIDUAIS ... 84 4.8.2. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS UTILIZADOS NO ATENDIMENTO AS DEMANDAS

INDIVIDUAIS ... 85 4.8.3. RESULTADOS IDENTIFICADOS NO ATENDIMENTO AS DEMANDAS INDIVIDUAIS ... 85 4.9. OTRABALHODOASSISTENTESOCIALNOATENDIMENTOÀS

DEMANDASCOLETIVAS ... 86

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4.9.1. DEMANDA COLETIVA XDIREITO COLETIVO ... 86

4.9.2. CARACTERIZAÇÃO DAS DEMANDAS COLETIVAS: REFLEXÕES SOBRE AS PRINCIPAIS DEMANDAS ATENDIDAS ... 88

4.9.3. PARTICULARIDADE NO FLUXO DE ATENDIMENTO NAS DEMANDAS COLETIVAS ... 95

4.9.4. TEMPO MÉDIO DE ATENDIMENTO DAS DEMANDAS COLETIVAS –2018 E 2019 ... 97

4.9.5. DEMANDAS INSTITUCIONAIS E COMPETÊNCIA PROFISSIONAL DEMANDAS QUE ULTRAPASSAM O ÂMBITO DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL ... 99

4.9.6. ANÁLISE DA INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL COMO PARTÍCIPE DO PROCESSO DE TRABALHO NO MPRN–DEMANDAS COLETIVAS ... 102

4.9.7. PRINCIPAIS ATIVIDADES PROFISSIONAIS DESENVOLVIDAS NO ÂMBITO DA GARANTIA DO DIREITO COLETIVO ... 104

4.9.8. OS PRINCIPAIS INSTRUMENTAIS DE TRABALHO NO ATENDIMENTO ÀS DEMANDAS COLETIVAS ... 105

4.10. PARTICULARIDADESDAATUAÇÃODOASSISTENTESOCIALNA DEFESADOSDIREITOSCOLETIVOSNOMPRN ... 107

4.10.1. O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL ATRAVÉS DOS PROJETOS ESTRATÉGICOS NO MPRN ... 110

4.10.2. PARTICULARIDADES DO ATENDIMENTO ÀS DEMANDAS ORIUNDAS DE PROJETOS ESTRATÉGICOS ... 119

4.11. RESULTADOSIDENTIFICADOSNOATENDIMENTOASDEMANDAS COLETIVAS ... 122

4.12. PRINCIPAISDIFICULDADESPARAOTRABALHOCOMASDEMANDAS COLETIVAS ... 125

4.13. CONSIDERAÇÕESPROFISSIONAISSOBREAPROPORÇÃOENTRE DEMANDASCOLETIVASEINDIVIDUAISNOSCAOP’S ... 128

4.13.1. DEMANDAS INDIVIDUAIS COM ESSÊNCIA COLETIVA ... 132

4.14. CONDIÇÕESOBJETIVASDETRABALHOPARAATENDIMENTOÀS DEMANDASCOLETIVAS ... 133

4.15. DESAFIOSEPOTENCIALIDADESPOSTOSAOTRABALHO PROFISSIONALNOATENDIMENTOÀSDEMANDASCOLETIVASNOS CAOP’S ... 136

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 141

REFERÊNCIAS ... 151

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADO ... 155

ANEXO 01 – ORGANOGRAMA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (MPRN) ... 159

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho expõe os resultados da pesquisa cujo objetivo foi apreender o trabalho do assistente social no atendimento às demandas coletivas no âmbito de atuação dos Centros de Apoio Operacionais (CAOP’s) do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), compreendendo esse trabalho como parte integrante do processo de trabalho coletivo dessa instituição.

Para alcançar a finalidade da pesquisa buscamos estudar a inserção do assistente social no processo de trabalho coletivo no espaço ocupacional dos CAOP’s do MPRN, sistematizando o trabalho profissional, apreendendo seus elementos constitutivos – objeto, meios e instrumentos de trabalho – no âmbito do direito coletivo.

O interesse pela temática surgiu com a experiência profissional no Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Saúde (CAOP-Saúde) do MPRN, quando emergiu o interesse em compreender de modo mais aprofundado o trabalho profissional no Ministério Público, área ainda considerado recente de atuação profissional.

A relevância da pesquisa abarcou a possibilidade de contribuir com as análises sobre o trabalho profissional no Ministério Público, principalmente no que concerne a atuação na defesa das políticas públicas por via do atendimento de demandas coletivas.

Cabe referir que as aproximações com as temáticas das Políticas Sociais ocorrem desde período da graduação, onde foram realizadas pesquisas no âmbito da saúde até a inserção no Programa de residência multiprofissional em saúde no Hospital Universitário Ana Bezerra em Santa Cruz/RN, vinculado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A afinidade com a temática se fortaleceu com o reconhecimento da relação entre os objetivos de atuação do Ministério Público – no âmbito da defesa de direitos da coletividade – e o Projeto Ético Político do Serviço Social, em torno da luta pela democracia e dos interesses da classe trabalhadora. Destaca-se que ambas as atuações têm um direcionamento voltado para a defesa de direitos sociais o que resulta, em determinada dimensão, no enfrentamento das expressões da questão social.

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A pesquisa buscou conhecer a inserção dos (das) assistentes sociais nos Centros de Apoio Operacional, problematizando as possíveis particularidades e o potencial de atuação em demandas coletivas, no âmbito do MPRN na defesa das políticas públicas.

No contexto da produção do conhecimento, a pesquisa também permitiu reflexões sobre a importância da priorização das demandas coletivas para fortalecer a implementação das políticas públicas e para efetivação dos direitos sociais como forma legítima de defesa dos interesses coletivos da classe trabalhadora. E, particularmente, para a implementação Projeto Ético-político do Serviço Social (PEP) no âmbito do MPRN.

Considera-se que o Ministério Público, mesmo instituído antes da Constituição Federal de 1988, teve seu papel ampliado com essa Carta Magna lhe imputando a necessidade de redefinição implicando em mudanças significativas em suas finalidades de atuação junto à sociedade. Precisamente, nesse contexto o MP incorporou na sua missão, a defesa do regime democrático, dos interesses sociais e direitos individuais indisponíveis (saúde, liberdade, vida, dentre outros) para além da atuação focada na área criminal.

Dessa forma, a partir da Carta Magna de 1988, o Ministério Público (MP) brasileiro foi inserido dentro da estrutura organizativa do Estado brasileiro, mas essa inserção se fez representando os diferentes interesses em disputa intrínsecos ao processo de construção do Estado democrático de direito na realidade brasileira, colocando muitos desafios a implementação desse novo perfil voltado para abranger, dentre suas atribuições, a defesa do regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis.

Portanto, a definição da competência do MP em defender os interesses sociais resultou em um direcionamento formal da instituição para uma atuação no âmbito da defesa e fomento das políticas públicas, principalmente pela busca de efetivação dos direitos sociais na contemporaneidade. Podemos afirmar assim, que há uma direção social da instituição em torno da defesa de interesses coletivos, porém não é hegemônica no trabalho profissional.

A rigor, a defesa no âmbito das políticas públicas abrange a necessidade de trabalho em uma dimensão coletiva, ou em situações que é possível coletivizar as ações individuais, um dos argumentos de defesa dessa ênfase é o fato que os

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resultados alcançados por essas intervenções repercutem para uma população determinada e não para indivíduos em casos isolados.

A partir do novo perfil do MP foi necessário que os agentes públicos, que integravam o órgão, se aproximassem mais da realidade da população, conhecendo suas necessidades de forma mais ampla e mais concreta. Para isso se fez necessário incluir e/ou ampliar a inserção em seu quadro funcional de profissionais de áreas distintas a do direito, dentre esses o assistente social.

O profissional do Serviço Social vem sendo requisitado a integrar as equipes multiprofissionais do Ministério Público no intuito de subsidiar tecnicamente os órgãos de execução no desenvolvimento das ações cabíveis para a efetivar suas competências constitucionais, principalmente no referente à defesa dos direitos difusos e coletivos.

A atuação do assistente social no MP é considerada recente, quando comparada com outras áreas de trabalho, assim sendo, a pesquisa foi importante porque analisou as dimensões centrais do trabalho profissional nesse órgão que tem em sua essência legal a defesa dos interesses sociais.

Dada a natureza do trabalho no órgão, a atuação dos assistentes sociais no Ministério Público incorpora particularidades que se vinculam a forma como está organizado o processo de trabalho conforme dinâmica de reorganização e reestruturação do MP para alcançar sua missão e objetivos constitucionais, que em geral tem sido perpassada pelas concepções e projetos societários em disputa. Nessa perspectiva esta pesquisa permitiu levantar aspetos importante desse processo, e buscou identificar suas expressões no trabalho profissional dos assistentes sociais nos CAOP’s.

Os CAOP’s são órgãos auxiliares que possuem como principal competência o assessoramento contínuo e especializado aos órgãos de execução, principalmente as promotorias de justiças, para isso as equipes dos Centros de Apoio são compostas por profissionais de distintas áreas, de acordo com a especificidade da matéria de cada CAOP’s.

Os CAOP’s do MPRN possuem composições variadas, com a presença de profissionais de diversas áreas, dentre esses, contador, administrador hospitalar, psicólogos e assistentes sociais. Cabe menção que a necessidade de atuar sobre o campo da defesa das políticas públicas, no âmbito coletivo, foi um dos fatores

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fundamentais para o reconhecimento da necessidade da composição multiprofissional destas equipes.

Destaca-se que parte significativa das assistentes sociais lotadas no MPRN estão nos CAOP’s que atuam no atendimento de demandas no âmbito da defesa da saúde, da infância, juventude e família, da cidadania, dos idosos e das pessoas com deficiência. Nesse cenário a pesquisa permitiu uma análise sobre o trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais voltados para implementação de tais políticas públicas objeto de atuação de tais CAOP’S.

A aproximação com a realidade de trabalho do assistente social em tais CAOP’s permitiu identificar como foi o processo de inserção das profissionais, a finalidade do trabalho realizado, os instrumentais, o objeto e os resultados parciais do trabalho profissional.

Como o MP é uma instituição do Sistema de Justiça tem por base o direito formal, atuando em uma estrutura hierarquizada e de acentuadas correlações de forças. Assim, a pesquisa buscou analisar também o trabalho dos assistentes sociais nos CAOP’s nesse cenário, identificando como é percebido pelas entrevistadas a correlação de forças existentes no contexto institucional.

Assim, esta pesquisa permitiu compreender os elementos que estão presentes no trabalho dos assistentes sociais nos 04 Centros de Apoio Operacionais do MPRN que possuem assistentes sociais (CAOP Saúde, CAOP Cidadania, CAOP Inclusão e CAOP infância e juventude), os elementos singulares e semelhantes.

Partimos da premissa de que a atuação do assistente social no Ministério Público pode se desenvolver no âmbito da defesa dos direitos em dimensão individual ou coletiva. E, também de que essas dimensões não são opostas embora repercutam de modo distinto na sociedade, devendo ser conjugado o máximo de esforços para o alcance da finalidade institucional que deve priorizar e tem maior vinculação com ações na dimensão coletiva.

Mesmo com o reconhecimento de que ainda tem havido necessidade de atendimento dos direitos individuais, o novo perfil do MP, instituído a partir da CF de 1988, o coloca em um direcionamento pela defesa dos direitos coletivos, o que requer uma atuação no âmbito da defesa da política pública, na medida em que, resulta em melhoria de serviços para a população como um todo, ultrapassando a particularização dos direitos sociais. Foi nesse sentido que elegemos o estudo sobre

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o atendimento a demandas coletivas como objeto central desta pesquisa e também para o exercício profissional dos(das) assistentes sociais no MPRN.

Em relação ao caminho metodológico, a pesquisa se debruçou sobre o trabalho do assistente social no contexto institucional, compreendendo o processo de sua inserção, e o modo como vem sendo concretizado, analisando em uma perspectiva de totalidade, à luz da teoria social crítica de Marx – única a permitir uma compreensão da realidade para além das alienações inerentes a sociedade capitalista.

Perante o caminho percorrido, a pesquisa permitiu estudar o trabalho do assistente social no MPRN, principalmente no atendimento a demandas coletivas, analisando o desenvolvimento do seu trabalho no órgão, por entendermos que dessa forma abrange, principalmente, a defesa dos direitos da classe trabalhadora.

Buscou-se desenvolver a pesquisa a partir de uma perspectiva de totalidade, em um movimento capaz de articular expressões universais, particulares e singulares, assim, foi utilizado o método crítico-dialético marxista, o qual Behring e Boschetti (2008, p.39) relatam que “... não se confunde com técnicas ou regras intelectivas [...]”.

A rigor, parte da premissa de que “o conhecimento não é absoluto, mas é possível apreender as múltiplas determinações dos processos sociais historicamente situados [...]”.

Dada a natureza do objeto, se fez necessário realizar uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória, na qual buscou-se estudar a realidade em seus elementos essenciais, objetivando construir um panorama geral sobre o objeto estudado. Nesse contexto, ratificamos a afirmação de Gil (2010, p. 27) de que

as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. [...] Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis.

A natureza do objeto de investigação também exigiu um método de abordagem qualitativa que permitisse uma compreensão sobre os processos sociais. Segundo Minayo (2013, p. 57),

Esse tipo de método que tem fundamento teórico, além de permitir desvelar processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a investigação.

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Assim, a pesquisa qualitativa foi a mais adequada ao estudo realizado porque possibilitou aproximações sucessivas com a realidade que cerca o objeto, na perspectiva de avançar em direção ao concreto pensado, através do estabelecimento de vínculos analíticos necessários para alcançar os objetivos da pesquisa.

De acordo com Minayo (2001, p. 22-22),

a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo (...) dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

A pesquisa qualitativa foi desenvolvida combinando, simultaneamente, pesquisa bibliográfica e análise documental ambas precedendo a pesquisa de campo através da realização de entrevistas semiestruturadas, mediante a utilização do roteiro de entrevista constante no Apêndice - A1. Porém após a pesquisa de campo revisitamos a pesquisa documental e bibliográfica.

Na pesquisa documental foram analisados materiais essenciais para sistematização das demandas institucionais encaminhadas para atendimento pelo Serviço Social. Os principais materiais estudados foram as planilhas de perícias e os relatórios técnicos especializados de 2018 e 2019, assim como, os documentos referentes aos Projetos Estratégicos desenvolvidos pelos CAOP’s.

Ressalte-se que a análise dos documentos foi realizada ao longo da pesquisa, mas a análise dos dados foi realizada de forma mais contundente nos meses de janeiro e fevereiro de 2020. Enquanto a pesquisa de campo, ou seja, a realização das entrevistas, foram realizadas com assistentes sociais lotadas nos CAOP’s durante os meses de março, maio e julho do referido ano.

Destaca-se que antes da coleta de dados nos documentos e realização das entrevistas foram seguidos os requisitos formais para realização da pesquisa à nível institucional. Foi necessária a anuência do Procurador-geral do MPRN, baseado no parecer favorável da assessoria jurídica, assim como, autorizações de cada coordenação dos CAOP’s.

1 Ver Apêndice A com o roteiro de entrevista semiestruturada que será utilizada durante a pesquisa.

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A escolha pela realização de entrevista deu-se por ser um instrumental que permite maior flexibilidade no processo de realização, sendo uma fonte relevante de coleta de dados que possibilita ao pesquisador a observância do contexto do entrevistado durante a coleta de dados. Nesse entendimento, Minayo (2013, p.261) enfatiza,

Entrevista é acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador, destinada a construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa e abordagem pelo entrevistador, de temas igualmente pertinentes tendo em vista este objetivo.

A entrevista realizada foi do tipo semiestruturada e guiada, possibilitando contemplar questões de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso (GIL, 2002). Nessa perspectiva, foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturado conforme roteiro constante no Apêndice A, no qual houve predominância de questões abertas, o que garantiu maior flexibilidade para as entrevistadas discorrerem sobre as temáticas questionadas.

A amostragem da pesquisa foi por acessibilidade, conforme acepção formulado por Gil (2010, p.94) ao afirmar que

constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso é destituída de qualquer rigor estatístico. Configurando-se um processo de investigação no qual o pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo.

Ressalte-se que a amostra inicial estimada para a pesquisa era de 7 profissionais – a totalidade de assistentes sociais lotadas nos CAOP’s em 2019 excetuando a pesquisadora – porém perante a possibilidade de realização das entrevistas apenas em 2020 o número de entrevistadas possível ficou em 05 profissionais.

A mudança no quantitativo da amostra ocorreu devido saída temporária de uma assistente social de um dos CAOPs, para assumir um cargo na gestão, e por outra profissional encontrar-se afastada por motivo legalmente instituído no período de realização das entrevistas.

Enfatizamos que em razão da necessidade de isolamento social no contexto da PANDEMIA COVID-19, a pesquisa de campo precisou ser realizada em duas modalidades, presencial (em março de 2020) e remota (maio e julho de 2020). Por

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essa mesma razão, essa etapa se estendeu mais do que o período estimado inicialmente programado que era de fevereiro a março de 2020.

As entrevistas ocorridas de modo remoto foram necessárias para alcançar um número maior de profissionais atuantes nos CAOP’s e ocorreu por via de aplicativo de videochamada que permitiu a gravação e possibilitou o levantamento dos dados em tempo real e interativo, não gerando prejuízo para coleta e permitindo um diálogo semelhante ao presencial. Assim, a amostra possível de entrevistadas foi de 05 profissionais, ocorrendo 03 de modo presencial e 02 de modo remoto.

Em relação as modalidades de trabalho, cita-se que durante período de realização das entrevistas 40% das assistentes sociais estavam em teletrabalho2 e 60% em trabalho excepcional remoto – devido contexto da pandemia. Em julho de 2020 o percentual de profissionais em teletrabalho aumentou para 80% em decorrência de novo edital disponibilizado no período.

Todavia é fundamental considerar que para além do contexto da Pandemia COVID-19, o MP vem implementando medidas de reestruturação da gestão do trabalho na instituição, tendo como principal finalidade o aumento da produtividade dos servidores.

Destaca-se que a realização das entrevistas foi uma etapa essencial para a coleta de informação sobre a realidade de trabalho das assistente sociais dos CAOP’s, os elementos levantados alcançaram os objetivos propostos, e em muitos momentos suscitaram análises ampliadas em torno do trabalho profissional, e mais que um meio de coleta de dados se mostrou um “canal de voz” para as profissionais.

A análise de conteúdo da pesquisa documental foi realizada nos dois primeiros meses de 2020 e a categorização e análise dos conteúdos das entrevistas ocorre em períodos intercalados, sendo concluída em setembro desse mesmo ano. Note-se que com a categorização dos resultados foi possível realizar as inferências necessárias para responder o objeto de pesquisa.

Em outros termos, no processo de análise das entrevistas tivemos o cuidado de relacionar às constatações encontradas na pesquisa documental. Dessa forma, a exposição da análise dos dados, também incorporou esse processo de combinação

2 O Regime de Teletrabalho foi instituído oficialmente no Ministério Público do Rio Grande do Norte em 11 de junho de 2019, pela Resolução nº 058/2019 PGJ/RN.

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entre pesquisa empírica e pesquisa de documental. O conjunto das reflexões resulta da análise dos dados primárias (entrevista) e fontes secundárias que corresponderam a análise de documentos de cada CAOP ambas à luz da teoria social crítica.

A rigor, o presente trabalho, resguarda o sigilo na identificação dos sujeitos de pesquisa durante todo o trabalho, respeitando também os demais princípios éticos no contato com as profissionais participantes. A pesquisa foi devidamente submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Onofre Lopes, tendo sido aprovada conforme consta no Parecer nº 3.729.335/19.

Observe-se que para preservar a identidade das profissionais participantes da pesquisa utilizamos pseudônimos ao apresentarmos alguns depoimentos das entrevistadas durante o texto, principalmente na exposição constante no capítulo 4.

Em suma, em todo o processo de elaboração, exposição e análise houve todos os cuidados para preservar o sigilo acerca dos dados coletados, assegurando o rigor necessário no tratamento e na exposição das constatações e análise.

Para tanto, utilizamos pseudônimos para nominar as entrevistas através de nomes de estrelas: Adhara, Maia, Lucida, Sol e Rana3. E sempre que mencionadas no texto foram destacadas em negrito para facilitar essa identificação nos conteúdos expostos. A escolha de estrelas foi uma forma de enaltecer e agradecer as profissionais que participaram da pesquisa por compartilharam suas vivências e conhecimentos no intuito de contribuir com esse estudo e com o aperfeiçoamento do exercício profissional no MPRN, expresso no fato de que 100% das entrevistadas se mostraram solícitas ao participarem das entrevistas.

Após o período de coleta de dados foi realizada a análise de conteúdo, que na pesquisa qualitativa, “diz respeito a técnicas de pesquisa que permitem tornar replicáveis e válidas inferências sobre dados de um determinado contexto” (MINAYO, 2013, p.303). Foi a etapa que dispôs de maior tempo de dedicação, devido grande quantidade de dados das entrevistas para sistematizar e analisar.

Reiteramos as formulações de Bardin (1979), na versão recuperada por Minayo ao explicitar que a análise de conteúdo envolve um conjunto de técnicas de análise

3 A nível de conhecimento, citamos informações básicas sobre cada estrela escolhida para identificar

as profissionais: ADHARA – segunda estrela mais brilhante da constelação do Cão Maior; MAIA – terceira estrela mais brilhante nas Plêiades; LUCIDA – estrela mais brilhante da constelação de Vulpecula; SOL – estrela central do Sistema Solar; RANA – uma das estrelas da constelação de Eridanus. Fonte: https://pt.wikipedia.org/. Acesso em 02 de nov. de 2020.

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de comunicação com o intuito de obter indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições destas mensagens. Assim, essa abordagem foi escolhida por se uma das possibilidades viáveis no âmbito da pesquisa qualitativa mais adequada ao objeto de estudo da presente pesquisa.

Para nos aproximarmos do objeto de estudo, o trabalho do assistente social no atendimento às demandas coletivas nos CAOP’s, fez-se necessário traçar o perfil das entrevistadas e caracterizar a composição da equipe de trabalho profissional de cada Centro de Apoio, haja vista que partimos da premissa de que as assistentes social, enquanto trabalhadoras assalariadas, se inserem no processo de trabalho coletivo.

Essa estratégia possibilitou apreender aspectos acerca da inserção profissional, como partícipe do processo coletivo de trabalho, que partilha saberes e poderes com outros sujeitos integrantes da equipe multiprofissional, o que tornou situar a formação, o tempo de serviço na instituição e a relação com suas experiências anteriores.

Em relação a estruturação desta dissertação, está apresentado em 04 capítulos, neste capítulo introdutório realizamos as exposições necessárias para contextualizar a pesquisa, apresentando o objeto e os objetivos, as discussões iniciais sobre o papel do Ministério Público, o trabalho do assistente social na defesa de direitos coletivos e a metodologia utilizada no estudo.

O capítulo 02 foi destinado à exposição e reflexões acerca do papel do Ministério Público brasileiro na efetivação dos direitos coletivos, principalmente a partir da Constituição Federal de 1988. Nesse momento já apontamos a necessária centralidade do trabalho do MP no atendimento às demandas coletivas como via mais efetiva de respostas às necessidades sociais. Uma das requisições desse novo papel foi a ampliação da equipe multiprofissional, onde o assistente social vem fortalecendo sua participação.

No capítulo 03 contextualizamos o objeto de estudo a partir considerações gerais sobre o Universo da pesquisa, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), visando apresentar o contexto organizacional, enfatizando o lócus onde o trabalho do assistente social se insere e se desenvolve na referida instituição. E, particularmente, expondo o processo de inserção profissional na equipe multiprofissional dos Centros de Apoio Operacionais (CAOP’s).

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Em seguida, no capítulo 04 nos dedicamos em apresentar os resultados da pesquisa de campo, principalmente das entrevistas realizadas com as assistentes sociais que participaram dessa etapa do estudo, mas também simultaneamente fazendo conexões com a pesquisa documental. Assim, se constitui um capítulo que busca elucidar os elementos constituintes do processo de trabalho profissional no âmbito das demandas coletivas, através das explanações das entrevistadas sobre o trabalho realizado e ao mesmo tempo recuperando registros relevantes da pesquisa documental.

Por fim, o conjunto das constatações e reflexões foram sintetizadas nas considerações finais concentrando-se no desafio de compartilhar e socializar o retrato do processo e a dinâmica da inserção profissional em seus elementos constituintes do trabalho das assistentes sociais acerca do atendimento a demandas coletivas nos CAOP’s do MPRN. Avaliando que os resultados aqui apresentados possam estimular e subsidiar outros estudos em torno do trabalho profissional e de outras categorias comprometidas com a essencialidade da defesa e efetivação dos direitos coletivos da população.

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2 MINISTÉRIO PÚBLICO, DEFESA DE DIREITOS COLETIVOS E TRABALHO MULTIPROFISSIONAL

Neste capítulo abordaremos elementos centrais de compreensão do papel do Ministério Público brasileiro para efetivação dos direitos de cidadania no país, principalmente a partir da Constituição Federal de 1988. Essa contextualização envolve a essencialidade do trabalho no MP nas demandas coletivas visando a defesa dos interesses sociais, assim como, a necessidade de ampliação de sua equipe técnica para trabalhar nessas demandas, estando o assistente social incluído nessa equipe.

O Ministério Público é uma instituição nacional, com direcionamento único, dividido entre Ministério Público da União (MPU), Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e Ministério Público dos Estados (MPEs). Sua origem precede a Constituição Federal de 1988, mas foi a partir dessa Carta Magna que o MP passou por mudanças significativas em suas finalidades de atuação junto da sociedade.

Ainda que não haja precisão sobre a origem/surgimento do Ministério Público (MP), Silva (2018, p.70) afirma que “[...] as protoformas do Ministério Público estão estreitamente relacionadas à formação do Estado Moderno, por meio da atuação de alguns sujeitos em defesa dos interesses de reis e do Estado.” Nessa linha de interpretação, o MP surge vinculado a defesa de interesses do rei e de manutenção da hegemonia do Estado.

Ao se debruçar sobre a realidade brasileira, Silva (2018), enfatiza que o MP por muito tempo, esteve vinculado ao poder executivo no país, sendo responsável por impor o respeito às leis, à ordem e a Constituição, não possuindo autonomia significativa em relação a esse poder. Em diversos períodos históricos – como os ditatoriais – foi utilizado pelo aparato estatal para dá o suporte no âmbito do Sistema de Justiça no resguardo do regime.

Com o esgotamento do regime ditatorial, o Brasil vivenciou o importante período da redemocratização, em um contexto de efervescência dos movimentos sociais pela busca do retorno do reestabelecimento do Estado Democrático de Direito e de garantia dos direitos de cidadania, dentre os quais os direitos sociais (saúde, educação, trabalho, habitação e dentre outros).

Nesse cenário histórico, o Ministério Público se somou ao conjunto dos sujeitos coletivos e também apresentou reivindicações na perspectiva de redirecionar e

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ampliar seu papel de forma a se posicionar e se afirmar na defesa de direitos sociais em uma perspectiva ampliada, que permitissem melhores condições de vida para população. Nesse momento, integrantes do MP se movimentaram também para buscar incorporar, na nova constituição, aspectos de uma maior autonomia, principalmente em relação ao poder executivo.

Assim, com a promulgação da Constituição Federal de 1988 o MP ampliou seu campo de atuação e passou a incorporar novas atribuições, o que abarcou a defesa dos direitos sociais e dos direitos difusos e coletivos, sendo então a CF um marco político e legal de mudanças para o órgão. É importante citar que partimos da compreensão que o MP integra o âmbito estatal de modo a compreendê-lo na dinâmica social e na sua funcionalidade.

Na CF de 1988 o Ministério Público está caracterizado como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado cujas competências abarcam a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis4 (BRASIL, 1988). Para intervir nesse âmbito, a defesa dos direitos coletivos e difusos se tornou essencial para o cumprimento da responsabilidade constitucional do Órgão.

Com a finalidade de abranger os interesses da coletividade, o MP precisou atuar em demandas para além dos interesses individuais, isolados na solicitação de cada caso, e passou a atuar no âmbito do direito transindividual, visando promover resultados cujas repercussões beneficiasse uma coletividade, a partir da defesa dos direitos socialmente conquistados.

Nesse contexto, o MP passa a ser uma das instituições centrais de defesa do instituído na Constituição Federal, como um todo, o que envolve a responsabilidade de salvaguardar os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, conforme determina o Art. 3º da CF de 1988, dentre os quais citamos:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização, e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

(BRASIL,1988).

4 Os direitos indisponíveis referem-se aos direitos que o sujeito não pode se dispor, dentre esses,

estão o direito à vida, à saúde, à liberdade e à dignidade.

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A rigor, a sociedade capitalista, enquanto sociedade fundada na desigualdade de classes, devemos considerar que a igualdade prevista na CF de 1988 é uma igualdade formal cuja efetiva concretização não é possível de ser plenamente alcançada na sociabilidade do capital posto que, não há condições objetivas para desenvolvimento de uma sociedade justa e livre nos marcos da sociedade capitalista.

No dizer de Carvalho e Iamamoto (2006), a promessa de igualdade prometida pela revolução burguesa não é possível de ser realizada na sociedade capitalista.

Nesse sentido, os diretos conquistados pela classe trabalhadora inscritas na Constituição Federal de 1988 representam a correlação de forças e a disputa de interesses de classes e Projeto Societários existentes naquele contexto, da mesma forma a efetivação de tais direitos requer permanente disputa política e sobretudo depende da correlação de forças, e portanto, do grau de organização das classes que vivem do trabalho. Assim, conforme Tejadas (2012, p.24),

O processo constituinte produziu um texto final que reflete a disputa entre distintos interesses que ocuparam a cena daquele momento histórico. Por isso, cada artigo lá inscrito retrata um esforço de negociação entre forças políticas, muitas vezes opositoras, que, na abertura democrática desencadeada na década de 1980, passaram a ocupar a arena da esfera pública.

A autora supracitada destaca que a CF de 1988 foi a mais abrangente da história do país, em relação à garantia de direitos civis, políticos, sociais, econômicos, culturais, dentre outros. Pode-se inferir que naquele contexto a classe trabalhadora acumulou forças para incorporar algumas reivindicações fundamentais invocando maior centralidade aos interesses coletivos.

Assim é possível referir que a efetivação dos direitos de cidadania envolve a continuidade da disputa de classes e o papel de instituições, como o MP, para a defesa dos interesses da coletividade em meio a um contexto permeado por interesses econômicos e privatistas.

2.1. O MINISTÉRIO PÚBLICO E A DEFESA DO DIREITO COLETIVO

A ampliação das competências do Ministério Público na Constituição Federal de 1988, evidencia o esforço dos constituintes em incorporar elementos relativos à

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defesa de uma atuação no âmbito coletivo, possível de ser visualizada também na referência da defesa dos interesses sociais. Antes desse período o MP centrava sua atuação na área criminal e no âmbito da defesa dos interesses individuais.

A ampliação das competências ministeriais envolve o trabalho do MP no campo do direito coletivo (que sejam titulares grupos) e direitos difusos (pertencente a indivíduos indeterminados) e representou um marco na mudança de perspectiva de trabalho do órgão.

Nesse cenário, o MP passou por um processo de mudança da centralidade de sua atuação, tradicionalmente focado no âmbito de acusador dos sujeitos – por via do seu tradicional papel na esfera criminal – para um papel de defesa da sociedade, por via do acompanhamento da efetivação de direitos no âmbito das legislações sociais (saúde, educação, idoso, pessoa com deficiência, dentre outros).

Com a mudança do perfil do MP, com o estabelecido pela CF de 1988, foi possível identificar o debate interno do órgão sobre o que vem a ser a essencialidade do trabalho no MP, qual deve ser o direcionamento dessa atuação?. E baseado na defesa de interesses sociais, é possível referir como essencial o trabalho ministerial no âmbito da proteção dos direitos coletivos, na perspectiva da cidadania – qualquer outro enfoque do MP, pode impedir um direcionamento do trabalho para a efetivação de objetivos coletivos.

Portanto, o trabalho no âmbito dos direitos coletivos, envolve uma atuação no campo das políticas públicas, na busca pela efetivação dos direitos socialmente conquistados, assim como, a participação na mobilização de novas iniciativas com base nos direitos já existentes. Nessa perspectiva ratificamos a compreensão de Tejadas (2012, p. 352) de que,

as possibilidades de contribuição do Ministério Público expressam-se na sua intencionalidade, capacidade e condição de atuar de modo incisivo na direção das políticas públicas, contribuindo para a diminuição da distância entre os direitos positivados na lei e no cotidiano dos brasileiros. Os limites situam-se na ausência de hegemonia acerca desse entendimento [...]

Nessa direção, os integrantes do MP passam a ser requisitados a exercer atribuições constitucionais que abrange a defesa dos direitos sociais em um contexto de estabelecimento da Seguridade Social, e consequente, de avanço na defesa da Política de saúde, previdência social e assistência social, como em outras políticas setoriais.

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No contexto desse novo papel do MP, emerge a necessidade ministerial de atuar como indutor de políticas públicas, e do promotor de justiça, atuar como agente político, o que abarca uma nova visão no interior do MP, constituindo tema para os debates internos acerca dos projetos institucionais em disputa.(SILVA, 2018).

As novas ações exigiram articulações do MP para um “novo papel” que requisitaram novas habilidades de intervenção, que segundo Tejadas (2012), abarca o atendimento da sociedade em relação a defesa do devido funcionamento de instituições que implementam políticas públicas quando acionado, mas também, cabendo-o um papel ativo, intervindo em situações que considere violadoras de direitos.

Destaca-se que esse “novo papel” vem sendo incorporado na instituição por via de um processo e se depara com dificuldades para se efetivar integralmente na realidade de trabalho no MP, posto que, na instituição podem ser encontradas visões diversas sobre como deve ser conduzido o trabalho, se por uma postura mais ativa ou passiva frente a demanda que se acolhe. Em certa medida as disputas internas refletem as disputas de interesses e os projetos societários em disputa na sociedade imprimindo determinada direção social às práticas profissionais e institucionais.

Assim, segundo Tejadas (2011, p. 26)

[...] trata-se de uma instituição em transformação, na qual o novo e o velho estão em disputa. O velho representado no tradicional papel acusatório, na seara criminal; já o novo se revela na missão definida na Constituição, que encarregou a Instituição da defesa dos direitos humanos. O Ministério Público vive intensos desafios relacionados à possibilidade concreta de construir essa incumbência como o seu projeto hegemônico.

Nesse cenário, Tejadas (2011) também expõe que o MP se depara com desafios constantes para efetivação de seu novo papel, sendo necessária articulação da instituição com demais atores sociais, que também trabalham na defesa dos direitos sociais.

Arruda (2014, p.149) reitera a compreensão de Tejadas (2011), acerca da inexistência de consenso em relação às disputas internas e à essencialidade da intervenção do MP no âmbito coletivo:

a interferência do Ministério Público na defesa dos interesses da coletividade não pode ser desprovida de debates institucionais internos para que o exercício profissional de seus integrantes não se manifeste na contramão, muitas vezes, de um projeto societário de uma nova ordem social, que tem como um de seus componentes a implantação dos direitos garantidos pela Carta Constitucional de 1988.

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Ressalte-se que Goulart apud Arruda (2014), enfatizam que, o contexto de atuação do Ministério Público na defesa de interesses difusos e coletivos, resulta em interferência nas relações estruturais da sociedade, no campo das relações de produção, de poder e de saber, ou seja, ocorre um realce das contradições sociais e, por isso, apresenta potencial transformador.

Assim, é possível relacionar o potencial transformador do MP com a efetivação de um perfil mais pró-ativo da instituição e de seus membros, o que permite o desenvolvimento do trabalho em uma dimensão questionadora frente ao acesso e a qualidade dos serviços prestados no âmbito das políticas públicas, já que, é nesse contexto que são efetivadas a maioria das necessidades sociais essenciais para a população.

A atuação do MP na defesa das políticas sociais é uma necessidade constante posto que, a negativa ou a dificuldade de acesso a direitos sociais, geralmente, está relacionada a fragilidade no âmbito da efetivação de algum serviço público e resulta em demandas para o órgão. Essas demandas podem chegar ao MP através de demandas individuais ou coletivas, sendo que a resposta efetiva nessas situações ocorre mediante atuação no âmbito dos direitos coletivos, onde se encontra a origem da demanda.

Mesmo reconhecendo a legitimidade do Ministério Público em atuar nas demandas de cunho individual, a instituição precisa elencar prioridades para atuação, frente a alta demanda que recebe. Nesse contexto, a centralidade da atuação ministerial na defesa dos interesses da coletividade permite maiores possibilidade de resultados efetivos para a coletividade, que se beneficia de atuações nesse âmbito, mesmo a buscando requerer esse direito individualmente.

O MP dispõe de condições favoráveis para atuar no campo da defesa das políticas públicas, sendo importante que esse entendimento seja apropriado internamente no órgão. A autonomia institucional, frente aos poderes executivo e legislativo, foi uma das conquistas e estratégias estruturadas para que o MP tivesse melhores condições de desenvolver seu papel, o que abarca, principalmente, a defesa dos interesses sociais.

A autonomia do MP em relação aos demais poderes, colocou a necessidade de insculpir no texto constitucional os princípios da unidade, da indivisibilidade e da

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independência funcional do órgão, abrangendo autonomia tanto em relação a sua organização e funcionamento (mediante leis específicas), quanto a sua previsão orçamentária, de obrigação do poder executivo. Essa autonomia é essencial frente ao papel fiscalizador e propositor do MP junto ao poder executivo (gestões municipais, estaduais e federais).

Para garantir a exequibilidade da autonomia institucional do MP a Constituição Federal de 1988 assegurou também a autonomia funcional aos membros do órgão5 sobretudo no que se refere a direção social da atuação dos promotores e procuradores. Assim, partimos da premissa de que essa autonomia, em tese, deve se traduzir em relativa autonomia aos profissionais que atuam na instituição na perspectiva de busca efetivar a missão institucional do MP.

A discussão de direção social requer analisar a finalidade do trabalho desenvolvido, que no Ministério envolveu a atuação no âmbito do direito coletivo por essa atuação privilegiar medidas que alcancem o maior número de pessoas. A atuação nesse âmbito requer dos agentes do MP um perfil pró-ativo frente as necessidades sociais demandas ou identificada a partir de um olhar ampliado sobre a realidade social.

Em relação a direção social, Netto (2009, p.142) refere que se vincula a um projeto, que “é uma antecipação ideal da finalidade que se pretende alcançar, com a invocação dos valores que o legitima e a escolha dos meios para lográ-la.” Dentre esses projetos estão os societários, que segundo o autor, tem o traço peculiar de se constituírem como projetos macroscópicos, como propostas para o conjunto da sociedade.

Nesse contexto, os projetos societários são projetos de classes, e dispõem de uma dimensão política e exprimem uma direção social em torno da defesa dos interesses de classe, seja essa da classe trabalhadora ou da classe dominante representada pelo ideário neoliberal e hegemônico.

5 Cabe menção que no Ministério Público os Promotores e Procuradores de Justiça são identificados como “membros” da instituição, restringindo-se o uso do termo “servidor” para os demais trabalhadores da Instituição. Nesse contexto, cabe referir, que Goulart (2018) critica o uso dessas terminologias, posto que, para ele a ideia de membros e servidores daria a ideia que os únicos integrantes efetivos da instituição são os promotores e procuradores. Como alternativas, Goulart (2018) defende o uso de agentes políticos (para procuradores e promotores) e agentes administrativo (para a equipe técnica e administrativa), com base no entendimento que todos são servidores e integram a mesma instituição.

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Destaque-se que os projetos societários vinculados a interesses das classes trabalhadoras e subalternas dispõem de menos condições favoráveis do que os projetos societários vinculados as classes proprietárias e politicamente dominantes.

(NETTO, 2009). Assim, se reforça a importância de instituições como o Ministério Público corroborar nas lutas em torno da defesa dos interesses das classes menos favorecidas, no contexto da sociabilidade do Capital.

É importante referir nesse cenário, que junto a identificação da potencialidade de atuação do MP na defesa de direitos coletivos, há de se apontar que na instituição também estão presentes interesses particularidades e corporativistas que se chocam com interesses mais coletivos, em diversos âmbitos.

Dessa maneira, a direção social que o trabalho pode ser desenvolvido no órgão depende do sentido do trabalho para quem o realiza, e envolve as compreensões singulares e a vinculação dos seus membros aos Projetos societários em disputa.

Assim, não há como fugir da polaridade que se apresentam esses projetos, seja na defesa de um Projeto Societário, na consolidação de direitos universais, seja no Projeto Privatista, fundado na concepção de democracia restrita e no cidadão consumidor.

Diante disso, é primordial que os atores, profissionais e sujeitos envolvidos no trabalho no Ministério Público estejam alinhados com a direção social estabelecido para esse órgão, em consonância com um Projeto em torno da defesa dos interesses da coletividade, com base no que está instituído como de sua responsabilidade na Constituição Federal de 1988.

Destaca-se que mesmo presente no MP as contradições inerentes aos órgãos que integram o Estado, o órgão é representativo na requisição de direitos sociais ameaçados ou violados, e muitas vezes, é o caminho mais próximo que a população dispõe para requisitar o acesso a algum direito social.

Perante as possibilidades e o poder institucional que o MP dispõe, na defesa dos interesses coletivos que tendem a beneficiar as classes sociais mais desfavorecida, esse órgão deve ser valorizado e fortalecido, principalmente no seu papel de defesa de interesses sociais e indutor de políticas públicas. A efetivação desse papel requer uma equipe multiprofissional para atuar nas particularidades das necessidades sociais acolhidas como demandas institucionais.

Referências

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