• Nenhum resultado encontrado

Para identificar as potencialidades que o Serviço Social dispõe nas respostas às demandas institucionais encaminhadas para seu atendimento é importante problematizar as condições objetivas referidas pelas entrevistadas para execução do trabalho profissional nos CAOP’s do MPRN.

A falta de espaço físico adequado nos CAOP’s para o desenvolvimento dos trabalhos profissionais, foi destaca por 40% das entrevistas, podendo ser ilustrada pela seguinte afirmação:

[...] A falta de espaço físico adequado é uma questão de condições de trabalho, as quais acho que nunca foi priorizada pelas nossas chefias Nunca teve um espaço apropriado para realizar as atividades, inclusive hoje nossa sala é separada dos estagiários e eu acho isso muito negativo, porque eles não participam das discussões. Então considero que é uma perda gigante, principalmente para eles, para o processo de aprendizado. (SOL, 2020)

Esse depoimento expressa uma importante preocupação com o processo de formação profissional dos estagiários, que afastados espacialmente das profissionais, não acompanham devidamente o desenvolvimento do trabalho do Serviço Social o que prejudica os ganhos esperados pela experiência de estágio.

Nesse sentido, 20% das entrevistadas expôs uma contradição em relação as condições de trabalho ofertadas, referindo que nas visitas técnicas realizadas, para averiguação de serviços públicos, avalia a disponibilidade de condições de trabalho para a equipe do serviço vistoriado, sendo que, ela mesma não dispõe de acesso a muitos itens que é cobrado na fiscalização. Além disso, o ambiente de trabalho, segundo a entrevistada não permite o resguardo do sigilo profissional, sendo uma realidade preocupante.

Para 40% das entrevistadas o espaço físico de trabalho é inadequado por ser uma sala pequena para o número de profissionais que ocupam esse ambiente, o que dificulta o resguardo do sigilo no ambiente, referindo ser um problema, haja vista que trabalha requer sigilo nas informações dos usuários.

A oferta dos veículos institucionais para realização de atividades externas – visitas técnicas e domiciliares comuns as profissionais dos CAOP’s – também foi mencionada como um dos exemplos da precariedade das condições de trabalho.

Portanto, 100% das entrevistadas referiram alguma dificuldade com a disponibilidade de transporte, sendo que uma citou que, por vezes, o atendimento da demanda atrasa devido essa dificuldade.

Na análise documental, foram observadas anotações pontuais sobre a dificuldade de acesso das profissionais ao transporte. Essa problemática foi referida por 20% das entrevistadas como maior problema no âmbito das condições de trabalho.

Ainda sobre a disponibilidade dos transportes, 20% das entrevistadas aponta a inadequação do tipo do carro disponibilizado para o deslocamento em áreas rurais, onde o terreno é “acidentado”. Para a profissional essa realidade expõe o servidor a insegurança no trajeto e torna a realização da visita mais demorada e menos produtiva, citando a necessidade de uma reorganização nessa logística de trabalho.

Para 20% das entrevistadas a oferta dos veículos ainda precisa melhorar, e que têm sido realizadas reuniões junto ao setor de transporte para discutir as dificuldades nesse contexto, destacando que houve uma melhora. Inclusive sendo possível dialogar previamente com o motorista o que facilita a execução da atividade.

Das entrevistadas, 20% referiu que a dificuldade com a disponibilidade do transporte não chegou a prejudicar o trabalho, mas chegou na iminência, principalmente em decorrência de dificuldades com o motorista para localizar os ambientes, referindo a importância da equipe de trabalho nas viagens como condição de trabalho mais importante do que o próprio veículo.

Para 20% das entrevistadas as condições de trabalho são avaliadas como positivas, referindo apenas a diminuição na oferta dos veículos nos últimos anos.

Situação melhor do que a vivenciada alguns anos atrás quando precisava compartilhar o transporte com outra equipe de trabalho e não dava certo, os horários das duas equipes muitas vezes resultando em atrasos ou cancelamento da viagem.

Em alguns anos atrás foram construídas outras propostas para racionar os gastos com os deslocamentos dos servidores. Havia na época o interesse para que os profissionais dirigissem os carros institucionais durante as visitas, visando reduzir gastos com a contratação de motoristas, mas a maioria dos servidores se opuseram e alguns que aceitaram se depararam com problemas, desde multa até acidente em rodovia. Assim, essa medida não se manteve no órgão.

As dificuldades com o acesso ao transporte institucional, podem ser sintetizadas na seguinte afirmação:

Muitas vezes a gente fica engessado porque nossa demanda mesmo, tanto no individual quanto no coletivo, depende da disponibilidade de veículos condição essencial para o deslocamento. Sobretudo para quem atende o estado quase todo o transporte é imprescindível. No início era mais simples porque, teoricamente, não existia as demandas que existem hoje. Então eu acho que nos últimos anos vêm, com certeza, piorando, aumentando as dificuldades (MAIA, 2020).

Ademais, outro elemento importante citado foi a autonomia profissional, 20%

das entrevistadas referiu esse elemento como uma condição objetiva de trabalho, expondo que as coordenações com quem já trabalhou dava muita autonomia e ela tinha abertura para dialogar, referindo que “conseguiu fazer o trabalho do jeito que queria. Mas nem sempre é possível a continuidade.” (RANA, 2020). A referência sobre continuidade está relacionada às mudanças sistemáticas de coordenações dos CAOP’S e os diferentes perfis que o promotor ocupante desse cargo pode ter.

Em suma, das entrevistadas apenas 20% referiu que o trabalho já chegou a atrasar em decorrência de dificuldade nas condições de trabalho, as demais profissionais citaram apenas que esses problemas dificultaram a execução da atividade, nenhuma citou que a demanda deixou de ser atendida por falta de alguma condição objetiva. Destaca-se que mesmo com a exposição de fragilidades nas condições de trabalho a maioria das profissionais citaram dispor de boas condições para realizarem suas atividades.

4.15. DESAFIOS E POTENCIALIDADES POSTOS AO TRABALHO PROFISSIONAL