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ATENDIMENTO: (38) GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA PUBLICA

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GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA – SISTEMA NACIONAL DE

SEGURANÇA PUBLICA

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Sumário

1. Introdução ... 2

1.1. O Plano Nacional De Segurança Pública No Brasil ... 4

1.2. Ordem Pública E Segurança Pública ... 5

1.3. Histórico Do Sistema De Segurança Pública No Brasil ... 6

2. O Sistema Atual De Segurança Pública Brasileiro. ... 12

2.1. Segurança e Defesa Públicas ... 17

2.2. Violência Social E Criminalidade. ... 18

2.3. Investimentos Em Segurança Pública ... 19

3. Estatísticas De Violência Social E Criminalidade Nos Últimos Anos ... 22

3.1. Violência no Trânsito. ... 29

3.2. Violência contra as Crianças e nas Escolas ... 31

4. O Crime E A Segurança Nacional ... 34

4.1. Custos Da Violência Social No Brasil. ... 36

4.2. A Funcionalidade Do Sistema De Segurança Pública Brasileiro ... 39

4.3. Política De Segurança Pública ... 46

5. Referências ... 59

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2 1. Introdução

O Brasil já nasceu sob o estigma da violência, quando os seus descobridores promoveram uma colonização exploratória, tentando, inicialmente, escravizar os nativos que neste país viviam. Como não conseguiram, trouxeram nativos da África para a execução dos serviços de extração de madeira e trabalho no campo, transformando-os em escravos.

Os escravos eram tratados como animais, não tinham direito à cidadania e sofriam severos castigos físicos. Foi sob esse clima de início de convivência social que o Brasil se desenvolveu, onde os seus reflexos são sentidos até o presente momento, em pleno Século XXI.

Atualmente, a situação em relação à Segurança Pública se tornou tão crítica, que a maioria dos brasileiros só se sente segura se estiver com um policial ostensivo dentro do raio de sua visão. Os males do comportamento vêm sendo ampliados em virtude da violência social, principalmente, por causa da impunidade, que se tornou uma espécie de incentivo aos atos contrários à boa convivência entre as pessoas. O ser marginal não se preocupa com sua ficha criminal, ou seja, não apresenta qualquer preocupação com os processos que está respondendo; o que ele não quer é estar em uma prisão, pois isto lhe tolhe a liberdade para praticar outros crimes.

Por muito tempo, e até nos dias atuais, o conceito de Segurança Pública vem sendo deturpado, ou seja, a maioria da população tem a ideia de que, simplesmente, as Polícias são as principais responsáveis por todos os atos de combate e controle da violência social, quando, na verdade, o conceito de segurança é muito mais amplo, mesmo porque a polícia é o instrumento que afere o grau de civilização de um povo, e que acompanha a sua evolução.

Conceitualmente, podemos dizer que a Segurança Pública tem dois aspectos: o formal, que é restrito e limitado; e o amplo, no qual a educação é o ponto fundamental.

No aspecto formal, a Segurança Pública abriga um conjunto de órgãos constituídos legalmente, formando um sistema, que deveria funcionar de forma harmônica e totalmente integrado, exercendo as atividades em um ciclo completo.

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O Sistema de Segurança Pública, formalmente constituído, é composto dos seguintes órgãos:

• Polícias Ostensivas (Preventivas);

• Polícias Investigativas;

• Ministério Público;

• Poder Judiciário; e

• Órgãos Recuperatórios (Penitenciárias, Casas de Detenção e Casas de Acolhimento).

Embora cada um tenha o seu papel específico, as ações deveriam ser sequenciadas e as soluções oferecidas com celeridade, de forma a transmitir à população a sensação de que o crime e as más ações não compensam. No entanto, observa-se que cada órgão cumpre o seu papel de forma praticamente individualizada, o que leva o sistema a funcionar de forma precária.

Seria utopia imaginar-se uma segurança perfeita para um povo, pois os conflitos sempre existirão, é um fenômeno natural da convivência humana.

Neste caso, pode-se afirmar que, na face da terra, nenhum povo conseguiu essa perfeição. Porém, o que não se pode admitir, é a situação em que o Brasil está submetido atualmente.

Então, o que seria o ideal para que um povo tenha a sua segurança preservada e tenha a sensação de que está em um ambiente sempre saudável?

A solução é simples, passa pela associação da educação e o bom funcionamento do sistema formal de Segurança Pública. Para isso, a participação do povo é fundamental. O Governo, por si só, não tem condições de produzir tudo que é necessário para prover uma segurança perfeita. A começar pela família, que a própria população se encarregou de destruir em seu conceito. Uma criança má formada em sua família, não conseguirá prosseguir bem na escola. A escola, por sua vez, dá prosseguimento à educação de berço, associando o aprendizado e a convivência em grandes grupos.

Portanto, não há como se ter segurança em um país, sem que o seu povo tenha educação suficiente para promovê-la adequadamente. Se o

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Sistema de Segurança Pública estiver funcionando com perfeição, e falhar a educação, a segurança estará comprometida. A droga, por exemplo, só sobrevive por que encontra pessoas prontas para consumi-la.

Assim, pode-se afirmar que o crime deve ser combatido pelo Sistema de Segurança Pública legalmente constituído para tal, porém, a violência social, além do sistema formal, depende, também, da educação do povo.

1.1. O Plano Nacional De Segurança Pública No Brasil

Entre o período de 2000 a 2003, os índices de criminalidade dispararam, principalmente, no eixo Rio x São Paulo, notadamente por causa do narcotráfico, que causava, na época, uma série de homicídios.

Diante dessa situação, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP), que foi idealizado com base em alguns princípios gerais que nortearam o estabelecimento de oito objetivos principais:

• Promover a expansão do respeito às leis e aos direitos humanos;

• Contribuir para a democratização do Sistema de Justiça Criminal;

• Aplicar com rigor e equilíbrio as leis no sistema penitenciário, respeitando o direito dos apenados e eliminando suas relações com o crime organizado;

• Reduzir a criminalidade e a insegurança pública;

• Controlar o crime organizado e eliminar o poder armado de criminosos que impõem sua tirania territorial às comunidades vulneráveis, e a expandem sobre crescentes extensões de áreas públicas;

• Bloquear a dinâmica do recrutamento de crianças e adolescentes pelo tráfico;

• Ampliar a eficiência policial e reduzir a corrupção e a violência; e

• Valorizar as polícias, reformando-as, promovendo a requalificação dos policiais, levando-os a recuperar a confiança popular e reduzindo o risco de vida a que estão submetidos.

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O Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) representa um marco histórico, pois, estabelece a política de segurança para todo o Brasil, sem interferir na autonomia dos Estados. O Governo Federal assume a responsabilidade de forma geral, além da que lhe cabe estabelecida pela Constituição Federal. Na verdade, havia a necessidade de um trabalho integrado,

1.2. Ordem Pública E Segurança Pública

Segundo Aurélio Buarque de Holanda, ordem significa, disposição metódica; boa disposição; arrumação. De onde derivaram vários termos, como:

ordem civil, conjunto de leis e princípios que regem os interesses privados;

ordem política, conjunto de instituições que harmonizam as funções e relações internas e externas de um Estado; ordem social, a sociedade estruturada econômica e politicamente, como objeto de tutela policial e penal; ordem pública, conjunto de instituições e preceitos coagentes destinados a manter o bom funcionamento dos serviços públicos, a segurança e a moralidade das relações entre particulares, e cuja aplicação não pode, em princípio, ser objeto de acordo ou convenção. Já segurança significa ato ou efeito de segurar;

estado, qualidade ou condição de seguro; condição daquele ou daquilo em que se pode confiar; garantia; seguro; assegurar.

Os estudiosos e doutrinadores, como Álvaro Lazzarini, Victoria-Amália de Barros Carvalho G. De Sulocki revelam a enorme dificuldade em definir ordem pública, dizendo que os doutrinadores apresentam várias definições.

Porém estará sempre em torno da ideia de moral, segurança de bens e pessoas ou, ainda, ausência de desordem.

A Escola Superior de Guerra define ordem pública como:

A situação de tranquilidade e normalidade cuja preservação cabe ao Estado, às instituições e aos membros da sociedade, consoante as normas jurídicas legalmente estabelecidas.

(ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2011, V. I).

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Assim, podemos definir que ordem pública é a segurança do bom funcionamento dos órgãos públicos e privados, a certeza da aplicação das leis, a tranquilidade pública, a manutenção da liberdade de expressão, do direito de ir e vir, da garantia dos direitos individuais e coletivos, o livre exercício de culto religioso, a aplicação do direito. Portanto, é a garantia da boa ordem, da segurança e da salubridade públicas.

Assim como ordem pública, vários autores definem segurança pública, porém, todos voltados para o sentido de conjunto de processos, política, ações e estratégias, destinados à garantida da ordem pública.

A Escola Superior de Guerra assim define a segurança pública:

A garantia da manutenção da ordem, mediante aplicação do Poder de Polícia, prerrogativa do Estado.

(ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, 2011, V. I).

A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece a diferença entre segurança pública e ordem pública, quando, no seu Art. 144, define: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.

Assim, segurança pública e ordem pública são conceitualmente diferentes. A primeira se refere à aplicação do Poder de Polícia que tem o Estado, para a preservação do segundo, que se traduz como a tranquilidade pública, a garantia de que a população tenha condições de viver em um clima de paz.

Portanto, como estabelecido na Constituição Federal, o Brasil vive em ordem: ordem econômica, ordem jurídica, ordem política, ordem social, ordem legal, etc., e a segurança pública existem exatamente para preservar essa ordem.

A Constituição Brasileira, ainda, prevê em seu Art 142, a convocação das Forças Armadas para garantir a Lei e a ordem.

1.3. Histórico Do Sistema De Segurança Pública No Brasil

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Não se pode estudar a origem do Sistema de Segurança Pública no Brasil, sem que haja análise histórica do surgimento da violência social neste País, como fato provocador do comportamento atual da sua população e dos agentes responsáveis pelo provimento da segurança pública.

O Brasil é um País que já nasceu sob o estigma da violência, a começar pela colonização, a qual se deu por Portugal, com o puro interesse de explorar as riquezas da nova terra, tendo por finalidade aumentar ainda mais o poderio econômico daquele País. Por mais de 300 anos, o Brasil sobreviveu nessa condição, sendo, exclusivamente, explorado em todas as suas riquezas, tanto minerais como extração de madeira, sem qualquer interesse em formar uma organização estatal ou uma nação. O Brasil se tornou independente em 07 de setembro de 1822, portanto, 189 anos, quando o seu povo passou a se conscientizar como nação livre. O Brasil tem menos tempo como País independente, do que passou como colônia de Portugal.

Durante o período colonial, os portugueses tentaram escravizar os nativos que aqui viviam. Como não conseguiram, trouxeram da África milhares de negros, a fim serem empregados na extração de minérios, madeiras e nos campos, na produção agropastoril. Desde então, a violência passou a fazer parte do cotidiano do Brasil, iniciando-se pelo extermínio de milhares de nativos. Em seguida, escravizando os povos africanos, submetendo-os aos mais desumanos castigos, além da humilhação da trabalhar sem qualquer direito, minimamente, à alimentação. Eram desclassificados, marginalizados, numa total exclusão social. Por outro lado, para povoar a nova terra, os portugueses, também, trouxeram para cá pessoas da mais baixa qualificação, elementos marginalizados em Portugal, como prostitutas e outros.

Durante a colonização, foram criadas as capitanias hereditárias. Seus titulares, os Donatários, tinham poderes quase que absolutos, exercendo seu jugo com jurisdição cível e criminal. Assim, o poder político e administrativo da colônia foi fragmentado pelos donos das terras, ou seja, em mãos privadas, completamente disperso. A segurança era propiciada por grupos de pessoas contratadas pelos Donatários, portanto, por mercenários, armados pelos

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senhores das terras, que só conheciam como limites as ordens dos patrões, que tinham o poder de vida ou morte em seus domínios.

Em 1888, a 13 de maio, ocorreu a abolição da escravatura, completando em 2011, 123 anos de liberdade.

Imagina-se que, após a abolição, os negros se tornaram livres, fato que, na prática, não ocorreu, pois eles não tinham para onde ir, não tinham terra para produzir, não tinham moradia, nem alimento para consumir.

Consequentemente, muitos continuaram nos engenhos na mesma condição anterior. Outros abandonaram os seus senhores e foram viver em guetos, formando grandes bolsões de miséria, daí a atual formação social, onde existem poucos com tudo ou quase tudo e muitos com pouco ou quase nada.

As oportunidades para os negros e índios sempre foram reduzidas, escolas, trabalho, alimento, terras, moradia, vestuário, etc, tornando esses grupos excluídos sociais.

Com o passar dos tempos, os grandes centros urbanos, devido à industrialização e às melhores condições de vida, atraíram milhares de pessoas das regiões menos favorecidas, esvaziando os campos e provocando o inchaço nas cidades, aumentando ainda mais os bolsões de miséria, pois os centros urbanos não tinham capacidade para absorver esse número de pessoas que, na verdade, não possuíam estudo ou qualquer qualificação, apenas, a maioria, com capacidade para o trabalho braçal. Como consequência, surgem os problemas de saúde, educação, desemprego em massa, moradia, saneamento básico, corrupção, falta de alimentos para todos:

a favelização.

O desequilíbrio social traz consigo um componente perturbador, destruidor e desesperador: a violência social. Como revela Victoria- Amálio de Barros Carvalho G. de Sulocki: é importante entendermos esse processo específico da estruturação do Estado brasileiro, pois que essa formação colonial nos legou traços fundamentais presentes até hoje nas práticas sociais, econômicas e políticas do país.

Na dispersão do poder político durante a colônia e na formação de centros efetivos de poder locais, se encontram os fatores reais do poder, que darão a característica básica da organização política do Brasil: a formação

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coronelística oligárquica. A violência inerente às relações escravistas e à dominação colonial, agregava-se a violência oficial da atuação das autoridades públicas. (VICTORIA, Amália de Barros G. de Sulocki, 2007, p.59).

Em 1808, com a vinda de D. João VI para o Brasil, a colônia passa a viver uma situação totalmente diferenciada. Mudanças estruturais e administrativas são, imediatamente, adotadas, como fixar uma determinada ordem jurídica, instalar diferentes órgãos públicos, de forma que a Corte pudesse se instalar com uma mínima organização possível.

Um dos serviços que surgiram com a vinda do Rei de Portugal para o Brasil foi a organização policial da cidade do Rio de Janeiro, tendo como modelo o existente em Portugal. Assim, em abril de 1808, foi criada a Intendência Geral da Polícia da Corte e do Estado do Brasil.

Em 1809, especificamente, no dia 13 de maio, surge a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, organização regular, uniformizada, estruturada com base na hierarquia e disciplina, dando origem à Polícia Militar dos Estados, como vemos na atualidade. Essa organização tinha como encargo prover a segurança e a tranquilidade pública da cidade. Desta forma, nasce o primeiro órgão encarregado pela segurança pública do Brasil.

Em 1815, o Brasil é elevado à condição de Reino Unido de Portugal, porém, as relações entre os colonizadores e colonizados permaneceram as mesmas. Os escravos não eram reconhecidos como habitantes do mesmo espaço social, eram totalmente excluídos, a repressão brutal era a praxe contra os negros; sendo a polícia formada nesse contexto social.

A primeira Constituição do Brasil, outorgada em 1824, não tem qualquer capítulo ou artigo referente à segurança pública, porém, outorga ao Imperador a condição de prover a tudo que for concernente à segurança interna e externa do Estado. Portanto, eram concentrados nas mãos do Imperador os poderes militares e o policial.

Nesse período foi criado o Código Criminal do Império, o Código de Processo Criminal de Primeira Instância.

Os crimes foram divididos em três categorias, ou tipificações: crimes públicos, que estavam na esfera da segurança nacional e da ordem pública; os

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crimes particulares, praticados contra a pessoa e o patrimônio privado; e os crimes policiais, relacionados à ofensa moral e aos bons costumes.

Com a Proclamação da República, surge a primeira Constituição Republicana, onde se define a nova forma de Governo, a Federativa, onde os Estados eram autônomos, porém, eram mantidos em união indissolúvel. A Constituição de 1891 remete para os Estados a responsabilidade pela manutenção da ordem e da segurança públicas, defesa e garantia da liberdade e dos direitos dos cidadãos, quer nacionais quer estrangeiros.

Já previa a Constituição de 1891, a intervenção federal em caso de faltarem a qualquer Governo Estadual os meios para reprimir as desordens e a capacidade de assegurar a paz. Estabeleceu, também, esta Constituição, que os Estados poderiam decretar a organização de uma guarda cívica destinada ao policiamento do território local. Com isso, os Governos dos Estados passaram a ter forças policiais.

Em virtude dos problemas advindos do descrédito da república, os problemas se agravaram, dando surgimento a vários movimentos sociais.

Nesse período nasce a Constituição de 1934, quando é criado o Conselho Superior de Segurança Nacional, órgão responsável pelos estudos e coordenação das questões relativas à segurança nacional.

Essa Constituição passou para a União a competência privativa de legislar sobre a organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais dos Estados; passou às Polícias Militares a condição de reserva do Exército, em caso de serem mobilizadas ou estiverem a serviço da União. As Polícias Militares tinham como competência: a vigilância e garantia da ordem pública;

garantir o cumprimento da lei, a segurança das instituições e o exercício dos poderes constituídos; atender a convocação do Governo Federal em caso de guerra externa ou grave comoção intestina.

Em 1937, é outorgada uma nova Constituição. Nesta Carta Magna manteve- se, praticamente, a mesma coisa da anterior: permaneceu a condição do Governo Federal de intervir nos Estados para restabelecer a ordem gravemente alterada; manteve a situação de somente o Governo Federal legislar sobre a organização, instrução, justiça e garantias das forças policiais dos Estados.

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Pela primeira vez, especifica-se numa Constituição a divisão das organizações policiais, quando estabelecia que todos os Decretos que dispusessem sobre o bem estar, a ordem, a tranquilidade e a segurança pública, bem como a fixação do efetivo, armamento, despesa e organização da Força Policial (ai se entenda como Polícia Militar), Corpo de Bombeiro, Guarda civil e Corporações de natureza semelhante deveriam ser aprovados pelo Presidente da República.

A Constituição de 1946 traz avanços quanto à proteção da liberdade e das garantias individuais. Abandonou a nomenclatura forças policiais, só se referindo às polícias militares, tanto é que, no seu Art. 5º define:

Compete à União:

...

XV – Legislar sobre:

...

a) organização, instrução, justiça e garantias das polícias militares e condições gerais de sua utilização, pelo Governo Federal nos casos de mobilização ou guerra.

Em 1967, é promulgada uma nova Constituição. Assim como as anteriores, a preocupação maior não foi criar organizações voltadas para a solução dos problemas de segurança pública, tanto é que não havia citações das Polícias Civis. Manter o controle das Polícias Militares era o ponto central do Governo Federal. A Constituição de 1967, no seu Art 8º, tinha o seguinte dispositivo:

Art 8º - Compete à União:

...

XVII – Legislar sobre:

...

v) organização, efetivos, instrução e garantia das polícias militares e condições gerais de sua convocação, inclusive, mobilização.

Já no Art 13, parágrafo 4º, estabelecia:

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As polícias militares, instituídas para a manutenção e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, e os corpos de bombeiros militares, são considerados forças auxiliares e reservas do Exército, não podendo os respectivos integrantes perceber retribuição superior à fixada para o correspondente posto ou graduação do Exército, absorvidas, por ocasião dos futuros aumentos, as diferenças a mais, caso existentes.

Ampliando o controle das Polícias Militares pela União, foi criada a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), integrante da estrutura do Exército, que tinha por objetivo assegurar que essas organizações estavam seguindo a doutrina estabelecida pela Força Federal. Na verdade, o comando das Polícias Militares não era dos Governadores dos Estados e, sim, do Governo Federal, através do Exército Brasileiro. Desta forma, as Polícias Militares seguiram rigorosamente o modelo militar, doutrina, emprego, ensino e instrução, etc. A doutrina voltada para a segurança pública era irrelevante.

A Constituição Federal atual, promulgada em 05 de outubro de 1988, resultou de uma mudança total da maneira do constituinte enxergar a segurança pública no Brasil. Como especificado no item 2.3 deste trabalho, a Carta Magna de 1988, no seu Artigo 144, combinado com os Artigos referentes ao Poder Judiciário, criou um verdadeiro sistema de segurança pública.

A Constituição divide entre o Governo Federal, os Governos Estaduais e do Distrito Federal a responsabilidade pela segurança pública, explicitando claramente as missões de cada órgão, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares; bem como, do Poder Judiciário; além de estender para as Prefeituras as responsabilidades pelo patrimônio próprio e criação de Guardas Municipais.

Como se verifica nesse pequeno levantamento histórico, a segurança pública no Brasil só veio a ser direcionada adequadamente para o seu sentido próprio a partir de 1988. Antes, tinha o seu sentido misto, ora voltado para a defesa do Estado, ora voltado para o combate à violência.

2. O Sistema Atual De Segurança Pública Brasileiro.

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Segundo Aurélio Buarque de Holanda, a palavra sistema vem do grego

“systema”, que significa reunião, grupo. Das diversas definições que ele apresenta todas voltadas para o mesmo sentido de reunião ou grupos, a que melhor satisfaz o propósito deste trabalho é: “disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como estrutura organizada”.

Desta forma, o Sistema de Segurança Pública é o conjunto de órgãos, dispostos ordenadamente, que tem por objetivo preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio. A Constituição Brasileira, no Título V, DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS, Capítulo III, Art.144, estabelece que a segurança pública seja exercida através dos seguintes órgãos:

• Polícia Federal, a quem cabe apurar as infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesse da União e de suas entidades e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins; exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras; exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária;

• Polícia Rodoviária Federal, a quem cabe o patrulhamento ostensivo das rodovias federais;

• Polícia Ferroviária Federal, a quem cabe o patrulhamento ostensivo das ferrovias federais;

• Polícias Civis, que têm as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais;

• Polícias Militares, a quem cabe a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública;

• e Corpos de Bombeiros Militares, a quem incumbe a execução de atividades de defesa civil.

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Incluiu, também, a Constituição Federal, na esfera da segurança pública, os Municípios, os quais poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção dos seus bens, serviços e instalações.

Verifica-se, assim, que, embora haja um grupo de órgãos voltado para um fim específico, a segurança pública, por si só, não forma um sistema completo de segurança pública, pois, a Constituinte não lançou no Capítulo V da Carta Magna o subsistema judiciário e o subsistema penitenciário. Assim, o Art. 144 apresenta, na verdade, uma parte do sistema.

Um Sistema de Segurança Pública para assim ser chamado, deve ser composto dos seguintes subsistemas:

a) Subsistema Preventivo, composto pelos órgãos encarregados de evitar a ocorrência delituosa (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares, Guardas Municipais e Órgãos de Controle de Trânsito Urbano);

b) Subsistema Investigativo, composto pelos órgãos encarregados de investigar e esclarecer os fatos criminosos, bem como, identificar o autor ou autores (Polícia Federal e Polícias Civis);

c) Subsistema Judiciário é composto pelos órgãos encarregados da denúncia e da fiscalização da aplicação correta das leis (Ministério Público), e pelos órgãos encarregados do julgamento das pessoas que cometem o ilícito penal (Justiça-Juizes e Tribunais);

d) Subsistema Recuperatório (Sistema Penitenciário), composto pelos órgãos encarregados da recuperação dos condenados, reinserção à sociedade das pessoas condenadas e acompanhamento dos egressos.

No Título IV, DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES, Capítulo III, Do Poder Judiciário, e Capítulo IV, Das Funções Essenciais à Justiça, a Constituição Federal estabelece as missões da Justiça, dentre elas: processar e julgar (Justiça); promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei (Ministério Público). Assim, como se pode verificar, para efeito de segurança

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pública, o subsistema judiciário está definido na Constituição de 1988. No entanto, não estão previstas as cominações legais e a forma de aplicá-las, ou seja, as penas que devem ser aplicadas aos infratores das leis. Neste caso, esta previsão está no Código Penal Comum, no Código Penal Militar, na Lei de Execução Penal e em outras Leis.

Portanto, o Sistema de Segurança Pública se torna completo, pois, desde a prevenção criminal até a aplicação das penas para aqueles que cometem infração penal, está prescrito na legislação brasileira.

Na Carta Magna está prescrita, ainda, a participação das Forças Armadas, quando, no Art. 142, define que estas deverão garantir a Lei e a Ordem, em caso de convocação por um dos três Poderes da República. Para os deveres da segurança pública, a Constituição não excluiu nem o povo, quando firma o conceito de que a segurança pública é direito e responsabilidade de todos. A inserção das Prefeituras, também, foi prevista no Art. 144, parágrafo 8º, ao autorizar a criação de Guardas Municipais com o fim de promover a proteção dos bens, serviços e instalações municipais.

A responsabilidade pelo controle do trânsito urbano foi transferida para os Municípios, o que remete definitivamente as prefeituras para a segurança pública, pois, sabe-se que o trânsito (movimento de veículos e pedestres nas vias públicas) é um dos grandes problemas atuais da sociedade brasileira. O Código Brasileiro de Trânsito, inclusive, define os crimes de trânsito. Portanto, as prefeituras, também, são responsáveis por um segmento da segurança pública.

Para complementar o Sistema de Segurança Pública, o Governo Federal criou o Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP), desde 1990, através do Decreto nº 98.938, que foi sofrendo alterações através de outros Decretos, chegando ao Decreto de nº 7.413, de 30 de dezembro de 2010.

O CONASP integra a estrutura básica do Ministério da Justiça, tendo por finalidade formular e propor diretrizes para as políticas públicas voltadas à promoção da segurança pública, prevenção e repressão à violência e à criminalidade, e atuar na sua articulação e controle democrático.

O Governo Federal, em suas ações voltadas para a segurança pública, através do Ministério da Justiça, desenvolveu o Programa Nacional de Segurança

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Pública com Cidadania – PRONASCI. Este programa foi instituído pela Lei 11.530, de 24 de outubro de 2007, que foi alterada pela Lei 11.707, de 19 de junho de 2008.

Conforme a Lei, o PRONASCI destina-se a articular as ações de segurança pública para a prevenção, controle e repressão da criminalidade, estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas.

São diretrizes do PRONASCI:

• Promoção dos direitos humanos, intensificando uma cultura de paz, de apoio ao desarmamento e de combate sistemático aos preconceitos de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação sexual e de diversidade cultural;

• Criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias;

• Fortalecimentos dos conselhos tutelares;

• Promoção da segurança e da convivência pacífica;

• Modernização das instituições de segurança pública e do sistema prisional;

• Valorização dos profissionais de segurança pública e dos agentes penitenciários;

• Ressocialização dos indivíduos que cumprem penas privativas de liberdade e egressos do sistema prisional, mediante implementação de projetos educativos, esportivos e profissionalizantes;

• Intensificação e ampliação das medidas de enfrentamento do crime organizado e da corrupção policial;

• Garantia de acesso à justiça, especialmente nos territórios vulneráveis;

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• Garantia, por meio de medidas de urbanização, da recuperação dos espaços públicos;

• Observância dos princípios e diretrizes do sistema de gestão descentralizados e participativos das políticas sociais e das resoluções dos conselhos de políticas sociais e de defesa de direitos afetos ao Pro nasci;

• Participação e inclusão em programas capazes de responder, de modo consistente e permanente, às demandas das vítimas da criminalidade por intermédio de apoio psicológico, jurídico e social;

• Participação de jovens e adolescentes em situação de moradores de rua em programas educativos e profissionalizantes com vistas na ressocialização e reintegração à família;

• Promoção de estudos, pesquisas e indicadores sobre a violência que considerem as dimensões de gênero, étnicas, raciais, geracionais e de orientação sexual; e

• Garantia da participação da sociedade civil.

O Manual Básico da ESG, volume I – Elementos Fundamentais, p. 61, é muito claro quando, referindo-se a segurança pública, esclarece:

2.1. Segurança e Defesa Públicas

Abrangendo a segurança do homem como ser individual e como ser social, os níveis individual e comunitário conformam a Segurança Pública.

Portanto, este é o conceito reinante, atualmente, no Brasil. Mais do que nunca, a segurança pública deve ser voltada para o cidadão como ser individual e ser social. A convivência saudável em comunidade é o foco para onde devem ser dirigidos os esforços dos governantes em relação à segurança. Todos os princípios já estão instituídos na Constituição Federal; necessitando,

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consequentemente, de políticas públicas para o desencadeamento das ações visando o atendimento dessa necessidade da população brasileira.

Atualmente, pode-se observar algumas mudanças importantes na aplicação da legislação penal. Muitas pessoas de classes mais ricas têm sido condenadas, porém, devido a pressões populares, da mídia e da liberdade que tem o Ministério Público para agir. Isto ocorreu, principalmente, a partir da Constituição Federal de 1988; porém, ainda falta muito para que o Sistema de Segurança Pública Brasileiro seja considerado justo, principalmente, em relação ao Subsistema penitenciário, que não tem cumprido sua função de recuperar a pessoa que comete crime.

2.2. Violência Social E Criminalidade.

No Brasil os termos violência sociais e criminalidade, praticamente, têm o mesmo sentido, porém, existem diferenças não consideradas por aqueles que confundem o significado de cada um. Nem sempre a violência social é crime, porém, crime é sempre uma violência social.

A violência social é resultado dos atos sociais que afetam a convivência entre as pessoas de uma mesma sociedade, que podem gerar desagregações, crimes, sofrimentos, depressão, pobreza, destruição, etc. Exemplo:

• Acidente de trânsito;

• As discussões entre pessoas que não cheguem a gerar desforço corporal;

• A falta de condições de alguns hospitais para atendimento de pessoas que precisam de socorro imediato;

• Escolas que permitem que alunos assistam aulas sem carteiras, ficando em pé ou sentados no chão;

• As filas gigantes nos bancos de pessoas que querem receber seus salários depois de um mês de trabalho intenso;

• A fome; a falta de opção de algumas pessoas que são obrigadas a buscar seus sustentos no lixo;

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• A exposição às doenças graves, como dengue, febre amarela, doenças sexualmente transmissíveis (dst);

• O homicídio;

• O suicídio;

• O estupro;

• O roubo;

• O contrabando;

• O tráfico de drogas; o tráfico de armas; o tráfico de mulheres;

• O tráfico de crianças;

• Os grandes bolsões de miséria; a falta de moradias;

• A mendicância;

• O abandono de crianças, que hoje está muito falado na mídia;

• os jogos de azar; a embriaguez;

• A discriminação de todo tipo;

• O atraso injustificado de pagamento de salário;

• A invasão de domicílio; etc.

Tudo isso revela a violência social que existe no Brasil. A criminalidade é resultante de atos claros de violação da lei penal brasileira. Não há crime sem lei anterior que o defina. Portanto, para ser considerado crime, o ato tem que estar tipificado em lei.

O arcabouço penal brasileiro define todos os crimes e as penas a serem aplicadas a quem os comete. Exemplos de crimes: o homicídio, o roubo, o furto, o tráfico de drogas, o tráfico de seres humanos, a falsificação de documentos, a corrupção, o contrabando, o descaminho, o tráfico de armas, a lesão corporal, a receptação, a falsificação de dinheiro, o estupro, a sedução, a invasão de domicílio, etc.

2.3. Investimentos Em Segurança Pública

No Brasil, investir em segurança pública se tornou uma necessidade sem precedentes, em virtude dos fatos que vem ocorrendo nestes últimos 20 anos, onde a violência social se tornou tão grande que transformou a segurança pública em um bem de primeira necessidade. Tem-se a impressão

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que os homicídios se tornaram rotina na sociedade brasileira. Os números revelam essa realidade, como se pode verificar nas estatísticas apresentadas neste trabalho.

Observando a tabela abaixo, verifica-se que a União e todos os Estados Federados aumentaram seus investimentos em segurança pública.

Considerando a relação entre os períodos de 2005 e 2009, alguns Estados investiram mais de 100%, como Alagoas, Amapá, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. O Governo Federal, sozinho, investiu 141% em 2009 em relação a 2005, mais que todos os Estados, em percentuais.

O ponto negativo dos investimentos ficou por conta do Estado do Rio de Janeiro, que aumentou seus investimentos em segurança pública em apenas 2% em 2009 em relação a 2005.

Com referência a números absolutos, o Estado de São Paulo se destaca com um investimento de mais de 10 bilhões de reais, ficando o Estado de Minas Gerais em segundo lugar. Mais uma vez, o Rio de Janeiro ficou com a nota negativa, tendo em vista que, em relação aos períodos de 2006, 2007 e 2008, reduziu seus investimentos em 2009. Em relação a 2006, reduziu em 11,64%; em relação a 2007, reduziu em 15,39%, e, em relação a 2008, reduziu em 24,57%.

É importante salientar que o Distrito Federal é beneficiado, tendo em vista que a União é responsável pela maioria dos investimentos em segurança pública, principalmente, pela folha de pagamento dos órgãos como as Polícias Militar e Civil.

A tabela abaixo não discrimina os gastos por funções, por isso é importante destacar que, dos investimentos, a maioria é com salários e encargos sociais, em média entre 60 a 85%, a depender de cada Estado. Isso desqualifica os investimentos, pois, no final, chega-se à conclusão que o incremento é muito pouco, pois a maioria dos recursos não é para a melhoria das atividades, mas sim para os salários, o que deveria estar à parte, já que é a obrigação mínima de cada governo.

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Na verdade, os investimentos com a melhoria da segurança pública são muito pequenos. O que se observa de acréscimo, são, muitas vezes aumentos salariais, que são concedidos nas datas base de cada Estado.

Dos 27 Estados e mais a União, apenas 6 (seis) investem em segurança pública mais que 10% do total das despesas (AL, AP, MG, PB, RO e SC).

Alguns chegam a investir menos que 7% (CE, DF, ES, PI, PR e RR). A União, embora tenha aumentado bastante seus investimentos em segurança pública, fica com a nota negativa, pois, se mantém abaixo de 1% do total de suas despesas.

Se a União acrescentasse mais 1.4% em seus investimentos com segurança pública e cada Estado mais 5%, sem envolver os salários, apenas em projetos de melhoria do Sistema, com certeza, o brasileiro estaria muito mais tranquilo, embora não seja a solução definitiva e sim, uma parte da solução geral. Veja a tabela.

Fonte: Anuários dos Foruns Brasileiros de Segurança Pública de 2008, 2009 e 2010. e Ministério da Justiça.

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3. Estatísticas De Violência Social E Criminalidade Nos Últimos Anos

Para apresentar as estatísticas referentes à violência social e criminalidade no Brasil, serão usados os dados oficiais apresentados pelo Ministério da Justiça, como abaixo se pode observar: No período que compreende os anos de 1998 a 2008, o número total de homicídios registrados pelo Ministério da Justiça em todo o Brasil passou de 41.950 para 50.113, o que representa um incremento de 17,8%, levemente superior ao incremento populacional do período que, segundo estimativas oficiais, foi de 17,2%.

(WAISELFISZ, 2011, p.7).

Entre 1998 a 2008, o número de homicídios no Brasil variou da seguinte forma: Tabela 1: Evolução do Número de Homicídios. Brasil, 1998/2008.

Fonte: Mapa da Violência 2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.

Observa-se que, entre os anos de 1998 e 2008, houve um acréscimo em números absolutos de 8.163 homicídios. Analisando, individualmente, os Estados da Federação, incluindo o Distrito Federal, verifica-se que houve uma alternância bastante significativa em relação ao crescimento e redução das taxas de homicídios; em alguns, as taxas cresceram e em outros houve redução, como se pode analisar logo abaixo:

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Fonte: Mapa da Violência 2011- Ministério da Justiça/Instituto Sangari.

A tabela acima apresenta o ordenamento das UF por taxas de homicídios, ou seja, o número de homicídios por grupo de 100 mil habitantes, na população total em 1998 e 2008. Da análise feita, observa-se que, embora em alguns Estados, como Alagoas, Paraná, Pará, Bahia, Goiás, Paraíba, Amazonas, Ceará, Rio Grande do Sul, Sergipe, Rio Grande do Norte, Maranhão, Minas Gerais, Santa Catarina, Piauí e Tocantins, as taxas tenham crescido e ostentando boa posição na tabela, não significa que estejam bem.

Pelo contrário, estão muito desconfortáveis, pois, permitiram que a violência tivesse crescimento geométrico.

Em consequência, outros Estados, como Espírito Santo, Pernambuco, Amapá, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rondônia, Mato Grosso, Roraima, Acre e São Paulo, principalmente, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro, conseguiram reduções expressivas, o que significa melhoria nas condições de vida das populações locais.

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Resta analisar as razões que levaram, em alguns Estados, as taxas terem crescido, e em outros, terem reduzido. No Brasil como um todo, ocorreu um fato interessante, para um período de 10 anos. Houve um acréscimo de 1,9% na taxa de homicídios por 100 mil habitantes. No entanto, no somatório das capitais e das Regiões Metropolitanas, essa taxa foi reduzida, enquanto que, no somatório das regiões do interior, houve crescimento. Isto significa que o interior, antes tido em todo País como região mais tranquila, hoje não representa mais essa situação, como se pode verificar na tabela abaixo:

Fonte: Mapa da Violência 2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.

Em relação às Capitais dos Estados, ocorreu fato semelhante aos Estados. Enquanto em algumas capitais a taxa de homicídios foi reduzida, em outras, a taxa cresceu. Em alguns casos, o aumento foi mais que o dobro, como Maceió, Salvador, Curitiba, São Luís, Aracaju, Florianópolis. Em outros, a redução ocorreu de forma bastante acentuada, como, Rio de Janeiro, Boa Vista, São Paulo, como se pode observar na tabela abaixo:

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Fonte: Mapa da violência2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.

Analisando a tabela abaixo, verifica-se que há uma progressão dos homicídios, em relação ao crescimento das idades, ou seja, na medida em que a pessoa vai aumentando a idade, os homicídios também vão crescendo, atingindo o máximo na faixa etária entre 20 a 24 anos. Porém, a partir da próxima faixa etária, dos 25 em diante, o número de homicídios vai decrescendo.

Assim, quanto maior a idade, menor é o número de homicídios. Portanto, é nos jovens que se concentram os homicídios. Se estendermos mais um pouco, vamos verificar que, entre os 15 a 29 anos, se concentram os números mais alarmantes de homicídios. Desta forma, se tem a conclusão que os adolescentes e adultos jovens são as maiores vítimas dos homicídios no Brasil.

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Fonte: Mapa da Violência2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari

A tabela abaixo apresenta a taxa de homicídios por raça. Verifica-se que as pessoas negras têm sofrido mais com os homicídios no Brasil. Apenas na Região Sul a relação entre os negros e brancos é menor. Dentre todos os Estados analisados, o Paraná é o que tem uma taxa de homicídios onde o branco morre mais que o negro.

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Fonte: Mapa da Violência 2011 - Ministério da Justiça/Instituto Sangari.

Se comparar a relação da tabela das taxas de homicídios por idade com a tabela das taxas de homicídios por raças, verificar-se-á que os jovens negros são as grandes vítimas dos homicídios no Brasil. Esta situação é bastante lógica, uma vez que os homicídios ocorrem em maior quantidade nos bairros pobres, como a maioria dos menos favorecidos é de cor negra, em virtude da própria história, estes têm sofrido mais.

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A tabela seguinte apresenta o número de homicídios por sexo e a diferença em percentual entre o masculino e o feminino. O sexo masculino é a grande vítima. A diferença de homicídios entre homens e mulheres é muito grande em todos os Estados da Federação; o percentual de homicídios contra pessoas do sexo masculino, em quase todos os Estados, ultrapassa a faixa dos noventa por cento. Tabela de Homicídios na população Brasileira por sexo/ 2008.

Fonte: Mapa da Violência2011 -Ministério da Justiça/Instituto Sangari.

Analisando todas as tabelas, conclui-se que as pessoas do sexo masculino, na fase da adolescência, são as grandes vítimas dos homicídios no Brasil. Esta análise é um dado importante para o planejamento dos Governos Estaduais, bem como do Governo Federal, quando da tomada de decisão em

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relação aos homicídios. Como resolver um problema tão grave que atinge a população brasileira.

É certo que a maioria da população dos Estados é constituída pela classe mais pobre, a qual não tem uma escolaridade adequada, pouco saneamento básico, desemprego, saúde precária. Tudo isso facilita o envolvimento dos jovens com o crime, começando pelas drogas.

A criança pobre, em sua maioria, já nasce em um ambiente de grandes dificuldades, sem que os pais tenham condições de lhes oferecer uma educação efetiva, pois, estes, também, não tiveram a oportunidade de uma educação melhor. Essas crianças são vítimas fáceis dos traficantes e dos aliciadores para a prostituição e os abusos. Consequentemente, se tornam as maiores vítimas dos homicídios quando chegam à adolescência.

3.1. Violência no Trânsito.

Gráfico1 : Mortos em acidentes de trânsito, de 1996 a 2006.

Fonte: Ministério da Saúde (cópia).

Gráfico 2: Mortos em acidentes de trânsito por faixa etária, de 1996 a 2006

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Fonte: Ministério da Saúde (cópia).

Gráfico 3: Internações por acidentes de trânsito, 1998 a 2007

Fonte: Ministério da Saúde (cópia).

Os Gráficos acima revelam o tamanho da violência no trânsito que atinge o Brasil:

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• No primeiro, os acidentes fatais, embora tenham reduzido no período de 1997 a 2000, voltaram a crescer no período da 2ª parte de 2000 a 2006,

• No último ano analisado na pesquisa. Verifica-se que foram mortos no trânsito brasileiro, em 2006, aproximadamente, 36.000 pessoas;

• No segundo, referente ao número de mortes por faixa etária resultantes dos acidentes de trânsito, verifica-se que a maioria das vítimas está entre os jovens de 20 a 34 anos;

• No terceiro quadro, referente às internações de vítimas por causa dos acidentes de trânsito, revela que, em 2006, foram internadas mais de 120.000 pessoas, indicando, naturalmente, um alto custo para o Estado Brasileiro, embora este último dado não esteja revelado explicitamente.

• Portanto, o custo social e econômico que tem origem nos acidentes de trânsito é bastante elevado para o povo brasileiro.

3.2. Violência contra as Crianças e nas Escolas

Dentre todos os mapas de violência estudados neste trabalho, os mais graves são o das crianças, o das mulheres e o das escolas, pois atingem o que há de mais primordial para um estudo de redução da criminalidade e violência social, a família e a criança. Em todo Brasil, seja nas Capitais ou nos interiores, em qualquer região, a violência nas escolas se tornou um tema de difícil solução.

O principal problema atual das escolas, por incrível que pareça, é o tráfico de drogas. Os traficantes encontraram nas crianças e adolescentes um meio mais fácil de, não só vender o seu produto de crime, mas, também, conseguir mais viciados. Outro problema grave, é a precocidade sexual; a cada dia que se passa, o sexo se torna mais banal, não encontrando qualquer fronteira. A cada período escolar de um ano, a iniciação sexual atinge crianças com idades menores; hoje, inicia-se o sexo com 13 anos, e até com 11, 10 e nove anos, em alguns casos.

O sexo tem facilidade de se associar às drogas e os dois encontram facilidades em pessoas integrantes dos grupos de adolescentes e crianças.

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Além da violência das drogas e da sexual, outros tipos podem ser observados: o bullying (agressão física ou verbal), atualmente, muito divulgado pela imprensa nacional; a discriminação racial velada, mas, perceptível por quem a sofre; a discriminação da pobreza, os mais abastados têm condições de pagar escolas melhores, enquanto que escolas com maiores problemas, geralmente, as públicas, ficam para os mais pobres.

A Violência no Sistema Carcerário Brasileiro

Situação no Sistema Carcerário Brasileiro, divulgado em dezembro de 2010 pelo Ministério da Justiça. Os dados se referem às prisões de homens e mulheres, incluindo os presos provisórios. A tabela abaixo mostra a população no Sistema Carcerário x número de vagas disponíveis – dez/2010.

Fonte: Ministério da Justiça.

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Analisando a tabela acima, verifica-se que existem 445.705 presos para 281.520 vagas disponíveis, formando um déficit de 164.624 vagas, isto sem contar com as prisões nas delegacias em todos os Estados Brasileiros, onde existem 50.546 presos, entre homens e mulheres.

Essa situação das prisões brasileiras vem gerando violência nas cadeias; onde os custodiados não têm onde dormir, com alimentação precária, falta de higiene, com graves problemas de promiscuidade. É uma violência promovida pelo Estado. O Sistema Carcerário Brasileiro faz parte do mapa da violência social do Brasil, não há como se desejar a recuperação de um preso se a situação permanecer do jeito em que se encontra.

Outros fatos existem em relação à violência nas prisões brasileiras, como, por exemplo, entrada de drogas, armas, celulares e outros objetos não permitidos nas celas, gerando o pânico e outros sentimentos entre os custodiados.

Violência no campo

Fonte: Relatório da CPT (Comissão Pastoral da Terra) – ano 2010.

A violência no campo não está apenas restrita aos conflitos da terra, nem somente na questão ambiental. Os conflitos fazem parte de um todo da violência. Hoje, outros tipos de crime, como os furtos, os roubos, os sequestros, etc, se estenderam para a zona rural, que eram quase que, exclusivamente, das grandes cidades, principalmente, das Capitais.

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34 4. O Crime E A Segurança Nacional

De que forma o crime pode afetar a segurança nacional?

A partir do momento em que começa a colocar em dúvida a capacidade dos poderes constituídos em combatê-lo, fazendo com que o povo passe a desacreditar em uma solução através do cumprimento das leis vigentes.

No caso específico do Brasil, no Estado do Rio de Janeiro, o Governo, colocando em dúvida a sua capacidade como ente federativo responsável pelo combate a criminalidade, solicitou Forças Federais para auxiliar no combate aos traficantes em alguns morros da Capital. Essa atitude, embora não esteja sendo discutida, demonstrou limitação do Estado carioca naquele tipo de combate.

Por outro lado, existem determinadas práticas criminais que, de tão difícil ser o seu combate, põem em dúvida a capacidade do País em promover ações de controle e sua extirpação do meio social, com o fim de tranquilizar a população, de forma geral. É o caso dos crimes transnacionais, os quais, de tão intenso que estão atualmente, chegam a perturbar toda a nação, afetando um dos Objetivos Nacionais Fundamentais, a paz social.

Atualmente, os crimes que mais perturbam a tranquilidade do povo brasileiro são, verdadeiramente, aqueles conhecidos como transnacionais, sendo o principal deles o narcotráfico, de onde se originam diversos outros crimes, como o homicídio, roubos, furtos e outros.

Dentre os crimes transnacionais, podemos citar os que mais têm causado transtornos para o Brasil, além do narcotráfico: o tráfico de armas, o contrabando, a lavagem de dinheiro, o tráfico de seres humanos, a prostituição internacional, falsificação de produtos, além da corrupção, que tanto tem afetado o povo brasileiro.

O narcotráfico está, praticamente, em todas as nações do planeta. A comercialização de drogas tem se constituído numa atividade econômica muito rentável para aqueles que cometem esse tipo de crime. A movimentação financeira no mundo, com o narcotráfico, gira em torno de U$$ 500 bilhões (quinhentos bilhões de dólares); Isso é mais do que o PIB de mais da metade

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