Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 46 Fórmula Complexa de Inversão
Agora possuímos o ferramental matemático necessário para obtermos a inversão efetiva da transformada de Laplace. A inversão é obtida através da Fórmula Integral de Bromwich. Definição: Se F(s) =L [f (t)](s), então 1 2
( )
i i zt( )
,
0
i
f t
e F z dz
t
(FI)OBS: Tem-se que
0
( )
st( )
F s
e
f t dt
.“Complexificando” a variável independente, ou seja, fazendo s = z = x+iy, obtem-se que
( ) 0 0 0 0
( )
( )
(
cos
sen
) ( )
( )
cos
( )
sen
( , )
( , )
x iy t xt xt xt xt
F z
e
f t dt
e
yt
ie
yt f t dt
f t e
ytdt
i
f t e
ytdt
u x y
iv x y
Como f E então ∃C > 0,∃α ∈ tq. 0 ( ) 0 0( )
cos
( )
,
0
,
.
( )
sen
xt t x t xtf t e
ytdt
C
f t
Ce
t
C
e
dt
x
x
f t e
ytdt
Logo, u e v estão bem definidos na faixa e(z) > α. Por outro lado, usando Leibniz
0 0 0 0 0 0 0
( , )
( )
cos
( )
cos
( , )
( )
cos
( )
sen
( , )
( )
sen
( )
sen
( , )
( )
sen
( )
cos
xt xt x xt xt y xt xt x xt xt yu x y
f t e
ytdt
tf t e
ytdt
x
u x y
f t e
ytdt
tf t e
ytdt
y
v x y
f t e
ytdt
tf t e
ytdt
x
v x y
f t e
ytdt
tf t e
y
0ytdt
De modo que, ux,uy,vx e vy são contínuas em ]α,[ e satisfazem as equações de Cauchy-Riemann. Portanto, F(z) é analítica em e(z) >α.
Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 47
(FI) é o método direto para obtenção de L -1
[F(z)](t). A integração é efetuada ao longo da reta e(z) = , onde é tal que as singularidades de F(z) estão à esquerda de e(z) = .
Origem da Fórmula (FI): Trata-se de uma generalização da Fórmula Integral de Cauchy para retas e(z) = no caso em elas são a fronteira do semi-plano aonde f (z) é analítica. Para isso necessitaremos ter alguma informação sobre o comportamento de f (z) para z arbitrariamente grande.
Definição: f (z) é de ordem z k quando z , se ∃M, r0 > 0 tais que; 0
( ) k , .
f z M z se z r
Notação: f (z) = O(z k).
Teorema: (Integral Imprópria de Cauchy)
Hip: f (z) analítica sobre o semi-plano e(z) e f (z) = O(z k), k > 0. Tese: Se e(z0) > , então
1 1 0 2 2 0 0 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) i i i f z f iy f z dz dy z z iy z
De modo que, se F(z) é analítica em e(z), F(z) = O(z k), k > 0, z >> 1, tem-se que
1 2
( )
( )
,
,
( )
.
(
)
i i i
F z
F
dz
e
z
Prova:Seja CR o arco: x do círculo z = R, onde R > e R > z0 . De modo que, z0 int(CR∪{x =
}). Definindo β=(R2 –γ2
Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 48 Quando zCR tem-se que ; z z0 R- z0 e como f (z)<Mzk, então se z = R, R
suficientemente grande (R >> 1), obtem-se que
0 0 0 ( ) 1 1 ( ) k k f z M M zz z zz R R z ,se R > r0,p/algum r0 >> 1.
Os integrandos em f (z0) na expressão acima são contínuos. O comprimento de CR é menor que
2R. Portanto, como 0 0 0
( )
2
( )
( )
2
0
(
)
(
)
(1
/ )
R k k C C Cf z
M
M
f z dz
f z dz
ML
dz
R
z
z
R R
z
R
z
R
Quando R , pois k > 0. Além disso, como R2=2+2 a integral tb. converge para 0 quando
+. De modo que, tomando o limite + obtem-se que
1 1 0 2 2 0 0 0
( )
(
)
1
(
)
( )
lim
lim
(
)
(
)
2
(
)
i i i if z
f
iy
f
iy
f z
dz
dy
dy
z
z
iy
z
i
iy
z
Então, procedendo formalmente, obtem-se que
1 1 1 1 1 2 2 1 2 ( ) 1 ( ) [ ( )]( ) [ ]( ) ( ) [ ]( ) ( ) ( ) L L L i i i i i i i zt i i F z f t F s t dz t F z t dz s z s z F z e dz
Contorno de Bromwich: Na prática a integral em (FI) é transformada numa integral de contorno 1 1 1 0 2 2 2 0 0 0 0 0 { }
( )
( )
( )
( )
( )
( )
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
R R R i i i i i C x C i C if z
f z
f z
f z
f z
f z
dz
dz
dz
dz
dz
z
z
z
z
z
z
z
z
z
z
Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 49 1 2
( )
( )
B zt i Cf t
e F z dz
onde CB= ∪{e z = γ}é o contorno de Bromwich;Tem-se que T =(R2 –γ2 )1/2 donde T se sé se R, donde 1 1 1 2 2 2
( )
lim
( )
lim
( )
( )
B iT zt zt zt i i i R iT R Cf t
e F z dz
e F z dz
e F z dz
OBS: Condição suficiente para que a integral sobre convirja para zero quando R:
( )
(
k)
F z
O z
(CS)para algum k > 0. Esta condição sempre ocorre quando, por exemplo, F(z)=p(z)/q(z), para p e q polinômios com grau(p) < grau(q).
Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 50 Aplicação do teorema dos Resíduos à Inversão da Transformada de Laplace:
Se as singularidades de F(z) são pólos (ordem finita) à esquerda de uma reta e(z)= e, além disso, tivermos
( )
0,
.
zte F z dz
qdo R
no contorno de Bromwich, então
( )
Re (
zt( ) :
k) ,
k
( ).
kf t
s e F z
z
z
pólo de F z
Exemplo: Calcule 1 1 [ ]( ) , . L t a s a Tem-se que F(s) = p(s)/q(s) com a pólo simples e grau(p)=0 < 1=grau(q). Então F atende a condição suficiente (CS), donde
1 1
1
[
]( )
Re (
: )
( )
lim(
)
.
L
zt zt at z ae
e
t
s
a
a
a
z
a
e
s a
z
a
z
a
Exemplo: Calcule 1 21
[
]( ).
(
1)(
2)
L
t
s
s
Tem-se que F atende (CS), donde
1 2 2
1
[
]( )
Re (
:
)
(
1)(
2)
(
1)(
2)
L
zt k ke
t
s
z
s
s
z
z
Polos de ezt F(z): 11 (
1)
Re (
( ) : 1)
1lim(
11)
2(
1)(
2)
9
zt t zt ze
e
z
ordem
s e F z
a
z
z
z
2 2 1 2 2 2 2 2 22 (
2)
Re (
( ) : 2)
lim
[(
2)
]
(
1)(
2)
(
1)
1
lim
(
)
lim
(
)
1
(
1)
3
9
zt zt z zt zt zt t z z
d
e
z
ordem
s e F z
a
z
dz
z
z
d
e
te
z
e
t
e
dz z
z
Assim,Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 51 2 1 1 3 2
1
[
]( )
(
)
.
(
1)(
2)
3
L
te
t
t
s
s
Exemplo: Calcule 1[
3 2]( ).
(
1) (
1)
L
s
t
s
s
Polos de 3 2:
(
1) (
1)
ztze
z
z
2 1 1 12! 2 2 1 2 2 2 1 1 2 1 4 2 1 4 1 2 11 (
3)
Re (
( ) : 1)
lim
[
]
(
1)
(1
)
(
1)
2(
1)
(1
)
(
2
1)
(2
2 )
lim
[
]
lim
[
]
(
1)
(
1)
(
lim
[
zt zt z zt zt zt zt z z z
d
ze
z
ordem
s e F z
a
dz
z
d
tz e
z
ze
z
d
tz e
z
z
e
z
z
dz
z
dz
z
d
dz
3 2 4 2 2 4 2 2 3 1 2 1 8 4 3 6 5 7 8 82
)
(1
)
]
(
1)
[(2
)(
1)
2
](
1)
[(1
)
(
1) ]4(
1)
lim
(
1)
1 [(2
)4
2
]2
[ 4 ]4( 2 )
1 2 (2
)
2
2
2
2
2
2
1 (2
)
2
zt zt zt zt zt z t t t t t tz
z
z te
e
z
z
zt z
te
ze
z
e
z
tz z
z
z
t
te
e
e
t
t te
e
te
t
2 3 2 2 3 4 2(
1
4 23)
.
2
2
2
2
2
2
2
2
2
t t t t t t t tte
e
te
te
t e
e
te
t
e
3 2 2 1 3 1 6 3 2 6 3 4 4(
)(
1)
3
(
1)
1(
2)
Re (
( ) :1)
lim
[
]
lim[
]
(
1)
(
1)
2 (1
)
3.2
(1
)
3
(2
1)
.
2
2
2
2
zt zt zt zt zt z z t t t t t
d
ze
e
tze
z
ze
z
z
ordem
s e F z
dz
z
z
t e
e
t
e
e
e
t
De modo que, 1 2 3 2 3 41 1
1
[
]( )
(
)
(2
1) .
(
1) (
1)
2
2
2
L
s
t tt
t e
t
e
s
s
Exemplo: Calcule 1 2 21
[
]( ).
(
1)
L
t
s
OBS: 2 2 2 21
1
(
s
1)
(
s i
) (
s i
)
■Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 52 Pólos de 2 2
(
) (
)
zte
z i
z i
: 2 1 2 4 4(
)
2
(
)
(
2)
Re (
( ) :
)
lim
[
]
lim[
]
(
)
(
)
4
4
(cos
sen )
(cos
sen )
(
cos
)
(cos
sen )
2
zt zt zt zt z i z i it it
d
e
te
z i
e
z i
z
i ordem
s e F z
i
dz
z i
z i
te
ie
t
t
i
t
i
t
i
t
t
t
sent
i
t
t
t
2 2 2 4 2(
)
2
(
)
(
2)
Re (
( ) : )
lim
[
]
lim[
]
(
)
(
)
4
4
1
1
[ (cos
sen )
(cos
sen )]
[( cos
sen )
( sen
cos )]
4
4
4
zt zt zt zt z i z i it itd
e
te
z i
e
z i
z
i ordem
s e F z
i
dz
z i
z i
te
ie
t
t
i
t
i
t
i
t
t
t
t
i t
t
t
Logo, 1 2 21
1
[
]( )
[sen
cos ].
(
1)
2
L
t
t
t
t
s
Funções Plurívocas e Pontos de Ramificações: Dado
z
0
, a função2 2
( )
(cos
sen )
,
Arg
f z
z
z
i
z
associa a cada z dois valores distintos
1,
2;1
z
1(cos
2i
sen ) ,
22
z
1[cos(
2)
i
sen(
2)]
De modo que, √ não é uma função unívoca (ou seja, univalente). Ela é uma função multívoca a dois valores (bivalente).
Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 53 plano z plano w
Definição: Um ramo de uma função multivalente f é uma função univalente que é analítica em alguma região e cujos valores em cada ponto dessa região coincidem com os valores de f. Exemplo: A função
1
( )
(cos
2sen )
2,
f z
z
i
é um ramo da função f z( ) z. A região de analiticidade de
f
1 é{
:
0}
i
z
re
r
Tem-se que no eixo-real negativo ] , 0[,
f
1 nem sequer é contínua uma vez que ;1
( )
,
,
1
( )
,
.
ise
f z
i r e se
f z
i r
z
re
De modo que, 1lim
( ) ,
0.
zf
Definição: O eixo-real negativo
{
:
0}
i
z
re
r
é denominado um corte da ramificação def(z)=√ e a origem é um ponto de ramificação de f(z)=√ .
OBS: Todo os pontos do semi-eixo
{
:
0}
i
z
re
r
são pontos singulares de √ , e portantosão pontos singulares não são isolados. A função
2
( )
cos
2sen
2,
3 ,
0
f z
z
i
z
Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 54
2 2 2 1 2 2 ( 2 ) ( 2 )( ) cos sen cos( ) sen( )
2 2 cos sen ( ) f z z i z i z i f z
Na verdade, existe um número infinito (enumerável) de ramos dados por
1
( )
cos
2sen
2, (2
1)
(2
1) ,
.
k
f
z
z
i
k
k
k
OBS: Pode-se usar qualquer outra semi-reta
{
:
0}
iz
re
r
como corte de ramificação. Nestecaso, os ramos podem ser dados por
1
( )
cos
2sen
2, (2
1)
(2
1)
,
.
k
f
z
z
i
k
k
k
Vamos relembrar a seguinte
Definição:
z
0
,o k-ésimo ramo da função logaritmo de z é dado porlog
kz
log
z
i
arg
z
, (2
k
1)
arg
z
(2
k
1) .
A função valor principal de log z é dado por
log
Arg
Logz
z
i
z
onde Arg z é o argumento principal de
0; Arg
z
z
OBS:log
z
log(
re
i) log
r
log(
e
i) log
r i
.
Definição: A função multivalente Logaritmo de um número complexo z é uma família infinita enumerável de funções dada por todos os ramos;
og
{log
:
} {log
arg
2
:
}.
L
k
z
z k
z
i
z i k
k
Propriedades:
(P1) Logz é descontínua sobre o corte
{
:
0}
i
z
re
r
. (P2) Logzé analítica{
:
0}
iz
z
re
r
e 1 logk , . d z k dz z Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 55 Com isto podemos definir a seguinte função que esclarecerá porque a função √ não pode ser definida em
z
0
.Definição: z 0,
, defini-se a funçãoz
como sendo a coleção infinita enumerável de todos os ramoslog
(
)
kz, (2
1)
arg
(2
1) ,
.
k
z
e
k
z
k
k
O valor principal de
z
é dado pela funçãoLog
,
0.
z
z
e
z
Propriedades:
1,
2
e um particular ramolog
kz
;(P1)
z
é analítica ondelog
kz
é analítica.(P2) d z z 1 dz
. (P3) z 1 2 z z 1 2. (P4) ( 1 2) 1 2 (2k i) , p/ algum . z z z z e k (P5) z 1 z .Aplicação ao calculo de integrais:
Exemplo: Calcule a família de integrais impróprias 1 0
( )
, 0
1.
1
p
x
I p
dx
p
x
Complexificando o integrando obtem-se a função
1 1
1
( )
, 0 1
1.
1
(1
)
p p
z
f z
p
z
z z
Então, sobre o semi-eixo
2
{
z
re
i:
r
0}
(1 )[log 2 ] (1 )log 1 (1 )log (1 )2,
0, 1, 2,
p z i k p z p p z i p kz
e
e
e
e
k
De modo que,
z
0
é ponto de ramificação. Tomando como corte de ramificação o semi-eixo2
Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 56 Tem-se que o integrando possui um pólo simples em z 1 int( )C com
1 1 1 ( 1) 1
Re ( ( ) : 1)
lim(
1)
( 1)
(
)
(
1)
p p i p i p zz
s f z
z
e
e
z
Aplicando o Teorema dos Resíduos, obtem-se que
1 ( 1)
2
.
1
p i p Cz
dz
ie
z
Por outro lado, tem-se que
1 1 1 1 1
1
1
1
1
1
p p p p p AB BC CD DA Cz
z
z
z
z
dz
dz
dz
dz
dz
z
z
z
z
z
OBS: Sobre 2 { : 0} i z re rtem-se que, arg 2
,sobre
,sobre
i z ix
AB
z
xe
xe
CD
■Sendo assim, obtem-se que
1 2 1 2 1 0 1 ( 1) 2 0 2
( e )
(
)
(
)
2
1
1
1
1
p i p i p i p R r i i p i i i i r Rx
R
xe
re
dx
iRe d
dx
ire d
ie
x
Re
xe
re
OBS:Paulo Marcelo Dias de Magalhães - UFOP Página 57 ( 1) ( 1) log ( 1) log ( 1) ( 1) 1 e ( e ) e 1 1 e 1 e 1 1 , para , 1. 1 p p R i p i R i p i i p i p p i i i i p e iR e e R ie R iR R R R e R R Re R M M R M R M ■ Como se tem 1 0 0 2 2
(
)
;onde 1
1 (
)
1
,se
1.
1
1
i p i ip p i i i ire
ire
e
d
ir
d
re
re
r
r
re
re
Então 1 2 2 1 1 0 0(
)
2
0,
.
.
1
i p i i p pRe
iRe
M
M
d
d
qdo R
Re
R
R
e 0 2 2 2 2 0 0 0 1 1 2 2 , . 0 . 1 1 1 1 1 ip ip i i i ie ie d d d d qdo r re re re r r
De modo que, passando os limites