w w w . e l s e v i e r . p t / r p s p
Artigo
de
revisão
Políticas
e
práticas
de
promoc¸ão
de
hábitos
e
estilos
de
vida
saudáveis
nas
crianc¸as
e
jovens
do
concelho
de
Torres
Vedras
Sílvia
Maria
Clemente
da
Silva
∗DivisãodeDesenvolvimentoSocial,CâmaraMunicipaldeTorresVedras,TorresVedras,Portugal
informação
sobre
o
artigo
Palavras-chave:Projeto«TorresVedrasSaudável» Intervenc¸ão-ac¸ão
Promoc¸ãodasaúde
Metodologiadoplaneamento Planeamentoparticipativo
r
e
s
u
m
o
OmunicípiodeTorresVedras,membrodaRedePortuguesadeCidadesSaudáveis, desen-volve,desde2008,um conjunto depolíticas epráticas depromoc¸ão deestilos de vida saudáveis.
Nopresenteartigopretende-sedescreverosprincipaiscontornosdestaintervenc¸ão-ac¸ão preconizadapelaautarquia.
Inicialmente,abordam-seasquestõesrelacionadascomoperfileplanode desenvolvi-mentoemsaúdedoconcelho.
Noquedizrespeitoàspolíticasepráticasdestinadasàscrianc¸aseaosjovens,dá-seum primeiroenfoqueaosestudosemtornodoshábitoseestilosdevida.
Posteriormente,descreve-seadinâmicado«+Saúde:Hábitoseestilosdevidasaudáveis», programaqueintervémjuntodapopulac¸ãoescolarnastemáticasdaalimentac¸ão,atividade física,higiene,consumodetabaco,bebidasalcoólicasedrogas,sexualidadeebullying.
Numafasefinal,atravésdeumaabordagememtornododiagnósticoeplanodeprevenc¸ão ecombateàobesidadeinfantilnoconcelho,dá-seespecialdestaqueaestaproblemáticaque temvindoaserevidenciadanoconcelho.
©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todosos direitosreservados.
Politics
and
practices
promoting
healthy
lifestyles
and
habits
in
children
and
youth
in
Torres
Vedras
municipality
Keywords:
«TorresVedrasSaudável»project Action-intervention
Healthpromotion Methodology’splanning Participativeplanning
a
b
s
t
r
a
c
t
TorresVedrasmunicipality,memberofthePortugueseHeathCitiesNetwork,developssince 2008asetofpoliticsandpracticespromotinghealthylifestylesandhabits.
Thisarticleaimstodescribethemaincontoursofthis«action-intervention»heldbythis municipality.
Firstly,questionsrelatedwiththeHealthProfileandHealthDevelopmentPlanofTorres Vedrasareaddressed.
∗ Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:silviasilva@cm-tvedras.pt
0870-9025/$–seefrontmatter©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2013.03.003
Asfaraspoliticsandpracticesdirectedtochildrenandyouthareconcerned,afirstapproach ismadearoundstudiesofhabitsandlifestyles.
Secondly,thedynamicof«+Saúde:HábitoseEstilosdeVidaSaudáveis»program,that operateswiththescholarlypopulationinissuessuchas:nutrition,physicalactivity,hygiene, tobacco,alcoholanddrugsabuse,sexualityandbullying.
DuringafinalstagethroughanapproacharoundtheMunicipalityDiagnostic,Prevention andCombatPlanonChildrenObesity,aspecialhighlightisgiventothisproblematic,which asbeenevidencedinTorresVedras.
©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.Allrights reserved.
Introduc¸ão:
a
promoc¸ão
da
saúde
de
proximidade
OconceitodeCidadesSaudáveissurgena«Conferênciapara alémdoscuidadosdesaúde»,realizadaemToronto,noano de 1984. Baseia-se nanoc¸ão de que acidade éo nível de governanc¸amaispróximodapopulac¸ãoeque,destaforma, poderámelhorinfluenciarosfatoresqueafetamasaúde1.
ÉobjetivodoprojetoCidadesSaudáveisdesenvolver mode-losdeboaspráticas,formulandoeimplementandopolíticas focalizadasnaSaúdeparaTodos1.
Em Portugal, a Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis, constituída em1997,conta atualmentecom 29 municípios etem como«missãoapoiaradivulgac¸ão,implementac¸ãoe desenvolvimentodoProjetoCidadesSaudáveisnos municí-piosquepretendamassumirapromoc¸ãodasaúdecomouma prioridadedaagendadosdecisorespolíticos2».
OmunicípiodeTorresVedrasfazpartedestaassociac¸ãode municípiospromotoresdesaúdedesde2004.
Os promotoresda saúdedesempenham umimportante papel, uma vez que são responsáveis por: «fomentar» a promoc¸ão da saúde, ajudando as pessoas a desenvolver «competênciaspessoais»paraefetuar«escolhassaudáveis», providenciandoinformac¸ãoeeducac¸ãoe,assim,«permitindo» àspessoaso«exercíciodemaiscontrolosobreasuaprópria saúdeesobreosambientes3».
Este artigo retrata a política de promoc¸ão de hábitos e estilosde vida saudáveis dirigida às crianc¸ase aosjovens doconcelho,queestemunicípiotem vindoa implementar desde2008,numalógicadeinvestigac¸ão-ac¸ãoeparticipac¸ão dapopulac¸ão.
Torres
Vedras
Saudável
–
O
enfoque
no
bem-estar
e
saúde
da
populac¸ão
TorresVedras,desde2007,temvindoadesenvolveresforc¸os nosentidodesetornarummunicípiocadavezmais saudá-vel.«Subjacenteànoc¸ãodeCidadeSaudávelestáoobjetivo de, através de uma maior proximidadee participac¸ão dos cidadãos,seprovidenciarumaenvolventefísicaesocialque permitaaosindivíduosatingiremoseumáximopotencialde saúde,ouseja,quesereúnamascondic¸õesparaaobtenc¸ão docompleto«bem-estarfísico,mentalesocial»portodasas pessoas4».
Oprojeto«TorresVedrasSaudável»temporobjetivo pro-mover o bem-estar e saúde da populac¸ão. Para o efeito
procura-seconhecereintervirnosdeterminantes dasaúde dapopulac¸ão,procurandopotenciarnoconcelhoascondic¸ões paraquecadamunícipeconsigaalcanc¸arumnívelótimode saúde.
Noâmbitodoprojeto«TorresVedrasSaudável»este muni-cípio iniciou em 2007 a realizac¸ão do seu perfil de saúde quedeuposteriormenteorigemaoatualplanode desenvol-vimentoemsaúde.Estesdoisinstrumentos,respetivamente, pretenderam caracterizar o concelho de Torres Vedras no querespeitaàsváriasdimensões/determinantesdesaúdee intervir positivamente,proporcionandocondic¸ões para que osmunícipespossamatingirumnívelótimodesaúdeede qualidadedevida.
Subjacente ao projeto «Torres Vedras Saudável» está a utilizac¸ãodametodologiadoplaneamento:«Oplaneamento consiste,então,numa formadepensar,decidireagirsobre ofuturo.Atravésdele,osváriosatoresprocuramcontrolare modificardeliberadamenteoseufuturocoletivo, conduzindo-onosentidodesejado.Assim,oprojetodeveseraexpressão dosdesejosedasnecessidadescoletivaseaformadelhesdar resposta,mobilizandoosrecursosepotencialidades endóge-nas,nosentidodepromoverobem-estardacomunidadeem questão4».
O
perfil
de
saúde
do
concelho
de
Torres
Vedras
–
Conhecer
para
intervir
O perfildesaúdedoconcelho,realizadoem2007, contem-plou uma abordagem multidimensional ao conceito social de saúde,focalizadano concelhodeTorres Vedras, através da recolha de dados no âmbito das várias determinan-tes de saúde, de acordo com o modelo de Whitehead & Dahlgren5.
Foramentãorecolhidosdadosemváriosníveisde influên-cia, inter-relacionados, do âmbito microsocial ao âmbito macrosocial:comportamentopessoalemodos/estilosdevida, influênciasocialecomunitária,fatoresestruturais(habitac¸ão, condic¸ões de trabalho, acesso a servic¸os e equipamentos, entreoutros)econdic¸õessocioeconómicas,culturaise ambi-entais.
Atravésdorecursoadiversasmetodologiasderecolhade dados,estedocumentopermitiuaobtenc¸ãodeinformac¸ões relativamente aoemprego, habitac¸ão,seguranc¸a, educac¸ão, protec¸ãosocial,ambiente,cultura,acessibilidadesehábitose estilosdevidadapopulac¸ãoresidentenesteconcelho.Foram ainda caracterizadasasunidades/estruturasprestadorasde
saúde e assistência, bem como a situac¸ão de saúde da populac¸ão.
Para a realizac¸ão deste diagnóstico foram utilizadas metodologias intensivas e extensivas, dados primários e secundários.Foramprivilegiadasapesquisadocumentalde documentos da Organizac¸ãoMundial de Saúde e de Perfis deSaúdedeoutrosmunicípiosportugueses,análisededados estatísticos,realizac¸ãodeumestudonoâmbitodosestilosde vida,comrecursoainquéritosporquestionário,entrevistasa informantesprivilegiadosesessõesdediagnósticoe planea-mentoparticipativo.
A lógica de planeamento participativo esteve subja-cente à metodologia utilizada na realizac¸ão do perfil e plano de desenvolvimento de saúde deste concelho, cons-tituindo um pressuposto das políticas da autarquia neste âmbito.
De acordo com Guerra, um processo de planeamento participativo pressupõe que«o conhecimento [seja] produ-zido em confronto direto com o real, (...) [sendo] o saber social(...)produzidocoletivamentepelosatoressociais(...)6».
Segundo a mesma autora, «Reconhece-se, hoje, não ape-nas a possibilidade, mas a inevitabilidade da construc¸ão do conhecimento com os sujeitosportadores da mudanc¸a social e,portanto, de investigac¸ão com a participac¸ão dos interessados6».
Recolhidososdadosprocedeu-seàsuatriangulac¸ãoque deuorigemàsconclusõesdoperfildesaúdedeTorresVedras. Foientãodefinidoumconjuntodeáreaseproblemascentrais, assimcomo,problemasespecíficos.
No que diz respeito aos cuidados de saúde, os prin-cipais resultados a destacar foram a «insuficiência de respostas ao nível da saúde mental» e as «fragilidades na prestac¸ão de cuidados de saúde e assistência». Na área da deficiência foi referida a falta de apoio à populac¸ão portadora de deficiência e famílias; nos hábi-tos de vida os «hábitos de vida pouco saudáveis». No que concerne à «educac¸ão, formac¸ão e emprego» o baixo nível de instruc¸ão escolar, insuficiente cobertura da educac¸ão pré-escolar e desemprego. Foi ainda definida a área «saúde ambiental» e identificados problemas neste âmbito1.
Especificamenteemrelac¸ãoaoshábitoseestilosdevida, temática discutida neste artigo, as conclusões que indica-ram a prevalênciade hábitos de vida pouco saudáveis no concelho são1: o reduzido consumo de vegetais por parte
dos jovens (apenas 36,4% referem o consumo diário), a relevante prevalência de estudantes com excesso de peso (16%) e a reduzida prática de atividade física (65% dos jovens).
Destaca-seigualmenteaexperimentac¸ãodebebidas alcoó-licas(73%)etabaco(30%)pelosjovens,assimcomoafaltade informac¸ãorelativamenteàsexualidadeeosmétodos contra-cetivos(cercade15%dosalunosresponderamerradamente àsafirmac¸õessobreasfunc¸õesdosdiferentesmétodos con-tracetivos).
Domesmomodo,noâmbitododiagnósticoparticipativo, o 2.◦ problema maisvotado foi o «padrão alimentar desa-dequado–obesidade».Foramtambémidentificados«hábitos devidapoucosaudáveis»,«atividadefísicareduzida»,entre outros.
Plano
de
desenvolvimento
em
saúde
–
Intervir
positivamente
na
saúde
da
populac¸ão
«O plano de desenvolvimento em saúde de Torres Vedras constitui um instrumento de planeamento que tem como finalidade promovero bem-estarfísico, mental esocial da populac¸ãotorriense.Pretende,atravésdaimplementac¸ãode diversas medidas,contribuir paraa promoc¸ãodasaúde da populac¸ãoresidentenoconcelho,estabelecendoereforc¸ando, aomesmotempo,parceriasentreosatoressociaislocais,de modoarentabilizarrecursosepotenciaraarticulac¸ãoentre asváriasentidadesintervenientes7».
Esteplanocontemplouumconjuntodevetorestemáticos: Vetor 1–Cuidadosde saúde.Vetor2– Deficiência.Vetor3 –Hábitosdevida.Vetor4–Educac¸ão,formac¸ãoeemprego. Vetor5–Saúdeambiental.Vetor6–Gabinete«TorresVedras Saudável».
«O vetor 3 [que importa aqui destacar]visa intervir ao níveldainformac¸ãoeformac¸ãoparaapromoc¸ãodeestilos devidasaudáveisnapopulac¸ão.Aomesmotempoque pre-tende inculcarnosresidentes práticassaudáveiscom vista à prevenc¸ão da doenc¸a e obtenc¸ão de ganhos em saúde. Contempla ainda ac¸ões/iniciativas que proporcionem aos munícipes suportespara o desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis como, por exemplo, a prática de atividade física7».
Recorde-se que os problemas identificadosno perfil de saúdequederamorigemaestevetorforam:atividadefísica reduzida,elevadon.◦dejovensquejáexperimentaram bebi-dasalcoólicas,relevanten.◦dejovensquejáexperimentaram drogas,problemasdeexcessodepesoentreosjovens,padrão alimentardesadequadoefaltadeinformac¸ãoeconhecimento dosjovenssobredoenc¸assexualmentetransmissíveis(DST), métodos contracetivos, informac¸ão eacompanhamento no âmbitodasaúdesexualereprodutiva1.
Este vetor teve por objetivogeral «promover hábitos de vida saudáveis entre os residentes no concelho» e como objetivos específicos «proporcionar informac¸ão, formac¸ão e educac¸ão relativamente aos hábitos de vida saudáveis» e«proporcionarsuportesparaodesenvolvimentodehábitos devidasaudáveis8».
Osresultadosexpectáveisassociadosaestevetortemático dizemrespeitoà«propagac¸ãodehábitosdevidasaudáveisna populac¸ão8».
Asestratégiasdefinidasparaaobtenc¸ãodestesobjetivos foram:«apostarnaeducac¸ão/sensibilizac¸ãoparaaadoc¸ãode hábitosdevidasaudáveiseseusbenefícios,rentabilizar ini-ciativasexistentesdepromoc¸ãodeestilosdevidasaudáveis eintervirnomeadamenteaonívelda infânciaejuventude, apostandonosefeitosdearrastoparaoutrasfaixasetárias7».
Estevetordeintervenc¸ãoéconstituídoporumprograma «Viversaudável»eváriossubprogramas:+Saúde:Alimentac¸ão eatividade física;Viver feliz– Prevenc¸ãoecombateà obe-sidade infantil; Boas práticas – Hábitosde vida daudáveis; HábitosdevidasaudáveisnaFeiradaSaúdeeestudo«Hábitos devidadascrianc¸asejovensresidentesnoconcelho8».
Estes programas constituem as principais políticas de promoc¸ãodeestilosdevidasaudáveisdomunicípioeserão aquiabordados.
Políticas
e
práticas
concelhias
de
promoc¸ão
de
estilos
de
vida
saudáveis
Noâmbito dosprogramas inscritos no plano de desenvol-vimentoemsaúdedoconcelho,omunicípiotemrealizado, desde2008,estudoseintervenc¸õesnoâmbitodosestilosde vida.
Os
estudos
no
âmbito
dos
estilos
de
vida:
conhecer
para
intervir
Estudo«Hábitosdevidadosestudantesnacidade deTorresVedras»
O1.◦estudorealizadonoconcelhodeTorresVedrasnoâmbito datemáticaemcausadenomina-se«Hábitosdevidados estu-dantesnacidade».
Esteestudotevecomoobjetivoaobtenc¸ãodealgunsdados quepermitiramcaracterizarascrianc¸aseosjovensdo con-celhorelativamenteaumconjuntodevariáveisrelacionadas comosestilosdevida. Estefoioprimeiropasso dadopela autarquia,em2007,noâmbitodestatemática,umavezque nãoexistiamaindaquaisquerdadosquepermitissemretratar apopulac¸ãodoconcelho.Osresultadosdesteestudo integra-ramoperfildesaúdedoconcelho.
Foram abrangidos os seguintes temas: hábitos alimen-tares e imagem corporal, hábitos de higiene, consumo de tabaco,bebidasalcoólicasedrogas,práticadedesportoe ati-vidadefísica,esexualidadeepercec¸õesquantoaosmétodos contracetivos,vírus da sida eoutras doenc¸as sexualmente transmissíveis9.
Apopulac¸ão-alvodoestudoforamascrianc¸aseosjovens quefrequentamo6.◦,o8.◦eo10.◦anonasescolaslocalizadas nacidadedeTorresVedras,ouseja,nasfreguesiasdeS.Pedro eSantiagoedeSantaMariadoCasteloeS.Miguel9.
Paraaaplicac¸ãodosinquéritosfoiselecionadauma amos-tra(230alunos)representativadouniverso(1510alunos)por quotasproporcionaisemrelac¸ãoàspopulac¸õesdecadaum dosanosletivosconsiderados.
Ametodologiautilizada foio inquéritoporquestionário autopreenchidoemsaladeaula.Responderamaoinquérito asturmasaleatoriamenteselecionadas.
Este estudo constituiu o primeiro retrato do concelho, emboraparcelaremtermosterritoriaiseetários,noquediz respeitoaoshábitoseestilosdevidaepermitiuasseguintes conclusões9:
- Oconsumodealimentossaudáveiseramaisfrequente (con-sumodiáriodefruta–68,8%,vegetais–36,4%eleite–88,3%). Noentanto,oconsumodealimentospoucosaudáveis (con-sumo semanal de refrigerantes – 54,1%; hambúrgueres, cachorrosquentesesalsichas–39,4%;docesechocolates –64,9%;ebatatasfritas–54,5%)tambémsedemonstrava regular;
- 22,4% dos estudantes na cidade de Torres Vedras caracterizavam-se por excesso de peso ou baixo peso. Destes,50%eramobesos;
- Cercade30%dosinquiridosnãopraticavamdesportoou atividadefísicacomregularidade;
- Aproximadamente 29% dos estudantes considerados já tinham fumado e 70% tinham experimentado bebidas alcoólicas;
- «6,9% do total dos inquiridos já consumiram este tipo de substâncias [drogas], sendo a maioria estudantes do 10.◦ano(14,3%dototaldeinquiridosdestenívelde escolari-dade),(...)apesardestesresponderemnãoconsumirdrogas atualmente»9;
- Cercade20%dosalunosrevelaramnecessitarde esclare-cimentos e desmistificac¸ãode ideias erradas noque diz respeitoaosmétodoscontracetivos,vírusdasidae sexu-alidade.
Estasconclusõesforamincorporadasnoperfildesaúdee deramorigem,emcomplementoàsconclusõesobtidas atra-vés do recursoa outras metodologias, aoterceiro vetor de intervenc¸ão:hábitosdevida.Esteestudoconstituiuoprimeiro grandeindicadordanecessidadedeintervenc¸ãonoconcelho aoníveldoshábitoseestilosdevida.
Estudo
«
Hábitos
alimentares,
higiene
e
atividade
física
nos
jovens
que
frequentam
o
2.
◦,
3.
◦ciclos
e
ensino
secundário
no
concelho
de
Torres
Vedras»
No que diz respeito aos estudos de aprofundamento, realizadosnoâmbitodo«+Saúde»(programaqueserá poste-riormenteapresentado),importadestacaroestudo«Hábitos alimentares,higieneeatividadefísicanosjovensque frequen-tamo2.◦,3.◦cicloseensinosecundárionoconcelhodeTorres Vedras».Estefoirealizadonoanoletivo2008/2009como obje-tivodeaprofundarealargaroconhecimento,relativamente àstemáticasreferidas,recorrendo paraoefeito aamostras representativasdosalunos do2.◦ ciclo aoensino secundá-riocomquotasporentidadedeensino(2.◦e3.◦ciclo:universo –3386jovens,amostra –375jovens.Secundário:universo– 2134jovens,amostra–251jovens).
Esteestudoteveporobjetivoalargaroconhecimento exis-tentenodomíniodoshábitoseestilosdevida(umavezque osestudopreviamenterealizadosóincluíaalunosdealguns anosletivos edas escolasda cidadedeTorres Vedras). Per-mitiuobterinformac¸ãorelativaaosalunosquefrequentavam asescolasdoconcelhodesdeo2.◦ ciclodoensinobásicoao ensinosecundárionasáreastemáticasentãoabrangidaspelo programa«+Saúde».
Comoprincipaisconclusõesdesteestudoimportareferir10:
- «(...) o consumo frequente de alimentos pouco saudá-veis (bolos/doces e batatas fritas) pelos jovens dos 2.◦ /3.◦ cicloseensinosecundário(consumomuitofrequente debolos/doces–2.◦e3.◦ciclo:54,1%,secundário:58,8%)»11;
- Constatou-se que «(...) mais de metade dos jovens demonstramumperfilalimentarequilibrado–Consomem regularmentealimentossaudáveisealgumasvezes alimen-tos pouco saudáveis (53%), (...) os restantes jovens (...) [caracterizam-seporuma]frequênciadeconsumode ali-mentossaudáveisepoucosaudáveis(...)idêntica(47%)»10;
- «Observa-seaexistênciaderelac¸ãoentreperfisalimentaresegrau deensinodoencarregadodeeducac¸ão»12,associando-seuma
alimentac¸ão mais saudável a encarregados de educac¸ão comníveisdeensinomaiselevados(operfilalimentarmais saudáveléaqueleemquemaisalunostêmencarregadosde educac¸ãocomensinosuperior24,1%);
- Verificou-se uma percentagem elevada de consumo fre-quentedealimentosfritos(consumomuitoregular–2.◦ e 3.◦ciclo:7,5%,secundário:16,3%)erefrigerantes(consumo muito regular – 2.◦ e 3.◦ ciclo: 35,8%,secundário: 39,4%) nasrefeic¸ões principaisnageneralidadedosjovens,ede «fast-food»nosjovensdoensinosecundário(consumomuito frequente:39,4%);
- Noquedizrespeitoàhigiene,asituac¸ãonãoseafigurou pre-ocupante(lavagemdosdentesapósopequeno-almoc¸ocom percentagenssuperioresa65%nasduasamostraseapóso jantarsuperioresa82%;frequênciadebanhodiáriosuperior a67%nasduasamostras).Verificou-senoentantoa existên-ciadeumarelac¸ãoentrefrequênciadebanhosemanaleo graudeescolaridadedoencarregadodeeducac¸ão,comuma maiorfrequênciadebanhoassociadaaníveismais eleva-dosdeescolaridade(percentagemsuperiordepaisquetêm comograudeescolaridadeoensinosuperiornosjovensque tomambanhodiariamente);
- Também a prática desportiva fora da escola se encon-travaassociadaaníveismaiselevadosdeescolaridadedo encarregadodeeducac¸ão(úniconíveldeensinoemquea percentagemdealunosquepraticamatividadefísicafora daescola[64%]ésuperioràdosalunosquenãopraticam [36%]);
- «Maisdemetadedosjovensdo2.◦e3.◦ciclotinhamexcesso depeso(51,8%)»10;
- Verificou-se que a percentagem de jovens com excesso de peso, principalmente no2.◦ e3.◦ ciclo,era superior à dosjovensqueconsideravamencontrar-senestasituac¸ão (20,2%).
Este primeiro estudo incluído no programa «+ Saúde» veio reforc¸ar a necessidade de intervenc¸ão no âmbito da promoc¸ãoda alimentac¸ãosaudáveleda prevenc¸ãoe com-bateaoexcessodepeso.Estasconclusõestiveramumimpacto diretonasatividadesprogramadasnoâmbitodesteprograma: «Com oobjetivo último de se diminuiro númerode jovens com excessode peso,torna-se, assim,importanteagir em dois domí-nioscomplementares:promoc¸ãodehábitosalimentaressaudáveis epromoc¸ãodapráticadeatividadefísica10».
Refira-seque,paralelamente,nestemesmoanoletivofoi realizado o estudo «Hábitosde vida das crianc¸as e jovens do concelho de Torres Vedras» – Fase 1 – Pré-escolar e 1.◦ ciclo»que teve como populac¸ão-alvoos alunos do pré-escolare1.◦ciclo,tambémaquiabordado.
Estudo
«
Hábitos
de
vida
das
crianc¸as
e
jovens
residentes
no
concelho»
Oestudo«Hábitosde vidadascrianc¸asejovensresidentes noconcelho»teveporobjetivoalargareaprofundaro conhe-cimento relativo aos estilos de vida da populac¸ão escolar doconcelho,tendoemcontaosdoisestudosanteriormente
referidos, no que diz respeito às temáticas e à populac¸ão abrangida.
Este estudodecorreuemduasfases: aprimeira dirigida àscrianc¸asdojardim-de-infânciae1.◦ ciclo,easegundaao 2.◦ ciclo, 3.◦ ciclo e ensino secundário. Está prevista a atualizac¸ãoperiódicadesteestudo,estandonestemomento aserlevadaacaboarecolhadedadosnoâmbitodafase2.
Fase
1
A primeira fase do estudo «Hábitos de vida das crianc¸as e jovens residentes no concelho», realizada no ano letivo 2008/2009, incidiunastemáticasda alimentac¸ão,higienee práticadeatividadefísica.Esteprimeiroestudofoirealizado atravésdeentrevistasaosalunoseaplicac¸ãodequestionários auto preenchidosaosrespetivosencarregados deeducac¸ão, comparando-seasrespostasobtidas.
Foram definidasduas amostrasrepresentativas, umade alunos de jardim-de-infância (universo: 1397 e amostra: 227alunos)eumadealunosde1.◦ciclo(universo:3324e amos-tra:250alunos).Paraasamostrasforamdefinidasquotaspor agrupamentosdeescolas.
Esteestudopermitiuumconhecimentoaprofundadodas práticasrelatadaspelascrianc¸as(entrevistasdiretivas)easua comparac¸ãocomaspráticasrelatadaspelosencarregadosde educac¸ãorelativamenteaestes.
Emtermos deconclusõesda primeira fasedesteestudo importareferiroseguinte11:
- «Observa-seoconsumofrequentedealimentospoucosaudáveis (consomemuitasvezesfast-food(JI:27,3%eEB1:4,4%),bolos edoces(JI:36,6%eEB1:12%),batatasfritas(JI:48%eEB1:16%) erefrigerantes (semgás:JI: 51,1%eEB1: 38,8%,comgás: JI: 36,1% eEB1: 14%) pelas crianc¸as do jardim-de-infânciae 1.◦ ciclo13.»Osencarregadosdeeducac¸ãorelatavamcomo
inferior o consumo destes alimentos (consome muitas vezes:fast-food–JI:0%eEB1:0,5%,bolosedoces–JI:1,5% eEB1:5,2%,batatasfritas–JI:2%eEB1:3,6%,refrigerantes semgás–JI:20,9%eEB1:19,5%,refrigerantescomgás–JI: 3%eEB1:5,7%);
- Amaioriadosencarregadosdeeducac¸ãorefereraramente oununcaserviremsuacasaalimentosfritos(JI:63%eEB1: 56%),pronto-a-comer(JI:82,4%eEB1:80,4%)efast-food(JI: 92,6%eEB1:90,7%)10».
- Verificou-sequeaqualidadedaalimentac¸ão(escala:0 redu-zidaa3elevada)foradasrefeic¸õesénamaioriadoscasos reduzidaoumédiaenoslanchesdamanhãetardede qua-lidademédia(distinc¸ãoefetuada apartirda classificac¸ão daqualidadedosalimentosreportadospelascrianc¸as).Os encarregadosdeeducac¸ãorelataramestasrefeic¸õescomo sendodequalidadesuperioràcomposic¸ãorelatadapelos alunos;
- Amaioriadascrianc¸asnãopraticaatividadefísicaforada escola(JI:75,7%eEB1:55,6%);
- Apercec¸ãodoexcessodepesoerainferioràrealprevalência nosalunos:«Existeumapercentagemreduzidade encarre-gadosdeeducac¸ãoqueconsideraexcessivoopesodosseus educandos(JIeEB:19,9%),faceàelevadapercentagemde crianc¸ascomsobrepeso(JI:eEB1:35,6%)11».
Estesdadosreforc¸aramaimportânciadaintervenc¸ãojunto dascrianc¸asedosencarregadosdeeducac¸ãoparaapromoc¸ão deumaalimentac¸ãosaudávelepráticadeexercíciofísico.Para alémdesernecessáriosensibilizá-losparaoreconhecimento dassituac¸ões deexcessodepeso esuasconsequênciasna saúde.
Fase
2
Asegundafasedesteestudo(anoletivo2009/2010)tevecomo público-alvo os estudantes do 2.◦ ciclo, 3.◦ ciclo e ensino secundáriodoconcelho de Torres Vedras.Este estudoteve porobjetivoefetuarumacaracterizac¸ãodosjovensque fre-quentam os referidos níveis de ensino em Torres Vedras relativamente aos hábitos alimentares, higiene, atividade física/desporto,autoavaliac¸ão docorpo eimagem corporal, consumodetabaco,consumodebebidasalcoólicas,consumo dedrogasesexualidade13.
Paraesteestudoforamdefinidastrêsamostras represen-tativas,umade alunos do2.◦ ciclo (universo:1383 alunos, amostra:301 alunos),umadealunos de3.◦ ciclo(universo: 2049alunos,amostra:323alunos)eoutradealunosdoensino secundário(universo:2162alunos,amostra:326alunos).Nas amostrasforamdefinidasquotasporagrupamentosde esco-las/escolassecundárias.
Os alunos das turmas selecionadas a fazerem parte da amostraparticiparamnoestudorespondendoauminquérito autopreenchidoemcontextodesaladeaula.
Asprincipaisconclusõesdesteestudorevelamque13:
- Apesar de elevado, o consumo de alimentos saudáveis diminuía à medida que aumentava o nível de ensino (consumo diário: fruta –2.◦ ciclo: 90,3%, 3.◦ ciclo: 79,2%, secundário: 72,6%;vegetais/legumes–2.◦ ciclo:67,3%,3.◦ ciclo:61,1%,secundário:56,9%;leite–2.◦ciclo:90%,3.◦ciclo: 80,9%,secundário:79,6%);
- Cercade10%dosalunosreferiramnãoconsumirágua dia-riamente;
- Oconsumodiáriodefast-foodnuncaatingiapercentagens inferiores a 13% (nos 3 níveis de ensino considerados). Oconsumodiáriodebatatasfritaseracomumacercade 30%dosalunos.Observe-senoentantoqueamaioriados alunosreferiaoconsumodefast-foodcomosendosemanal enãodiário14;
- «Oconsumoderefrigerantesémaioritariamentediárioem todososníveisdeensino(refrigerantescomgás–2.◦ciclo: 37,4%,3.◦ciclo:47,5%,secundário:32,4%;refrigerantessem gás–2.◦ciclo:60,4%,3.◦ciclo:58,6%,secundário:53,1%)»; - Apercentagemde consumodiáriode docescomo
sobre-mesanuncaerainferiora40%dosalunos,nos3níveisde ensinoconsiderados;
- Aclassificac¸ãodosalimentosquecompunhamasrefeic¸ões dosalunos(escala:mau,razoávelebom)permitiu categori-zaropequeno-almoc¸o,lanchedamanhã,lanchedatardee alimentac¸ãoforadasrefeic¸ões(escala:qualidademá,média eelevada).Assim,verificaram-sepercentagenssuperiores de alunoscomumaqualidadeda alimentac¸ãobaixafora dasrefeic¸ões,médianolanchedamanhãetardeeelevada aopequeno-almoc¸o;
- «Apercentagem dealunos que avalia asuaalimentac¸ão como«nemboanemmá»éelevada(2.◦ciclo:27,9%,3.◦ciclo: 42,8%,secundário:45,5%),oquedemonstraalguma consci-ênciaporpartedosjovensemrelac¸ãoàsuaalimentac¸ão13»;
- Apenascercade50%dosalunosrealizavamatividadefísica foradoperíodoescolar;
- Aspercentagensdealunoscomexcessodepeso (respetiva-mentede47,5%no2.◦ciclo,44,4%no3.◦ cicloe32,4%no ensinosecundário)demonstraram-semuitomaiselevadas comparativamenteàspercentagensdealunosque conside-ravamterexcessodepeso;
- Noquedizrespeito aosconsumos, aexperimentac¸ão de tabaco (mínimo de idade do primeiro consumo: 4 anos) eálcool(mínimode idadedoprimeiroconsumo:2anos) demonstrou-se cada vez mais precoce. O consumo de álcool(nos30dantecedentesaoinquérito–2.◦ciclo:18,2%, 3.◦ciclo:47,7%,secundário:67%)eramaisfrequentequeode tabaco(nos30dantecedentesaoinquérito–2.◦ciclo:18,2%, 3.◦ciclo:46,7%,secundário:59,2%),noentantoodeálcool era maisesporádico (percentagem superior na categoria menosde3dpormês–3.◦ciclo:52,3%,secundário:38,9%) doqueo de tabacoquetende a serdiário (percentagem superiornacategoriatodososdias–3.◦ciclo:34,1%, secun-dário:46%).Agrandemaioriadosalunosdemonstrava-se informadasobreosperigosdoconsumodetabaco (concor-dânciacomafirmac¸ões«fumaréprejudicialparaasaúde» e«o fumode outras pessoaséprejudicial para asaúde» superiora97%emtodososníveisdeensino),bebidas alcoó-licas(concordânciacomaafirmac¸ão«asbebidasalcoólicas prejudicamodesenvolvimentodosjovens»superiora85% emtodososníveisdeensino)edrogas(concordânciacom aafirmac¸ão«asdrogasprejudicamodesenvolvimentodos jovens»superiora87%emtodososníveisdeensino); - Oacessoatabaco(acessofácil–2.◦ ciclo: 53,7%,3.◦ciclo:
81,5%,secundário:94,7%),bebidasalcoólicas(acessofácil– 2.◦ciclo:56,9%,3.◦ciclo:80,8%,secundário:92,6%)edrogas (acessofácil–3.◦ciclo:67%,secundário:84%)foiconsiderado fácilpelagrandemaioriadosjovens;
- Enquanto o 1.◦ consumo de tabaco ocorria mais fre-quentemente junto de amigos (2.◦ ciclo: 60%, 3.◦ ciclo: 86,1%, secundário: 68,8%), o de álcool acontecia na presenc¸a de familiares (2.◦ ciclo: 70%, 3.◦ ciclo: 56%, secundário: 41,8%), o que demonstra a maior aceitac¸ão socialem torno da experimentac¸ão/consumo de bebidas alcoólicas;
- Aexperimentac¸ãodedrogas(2.◦ ciclo:1,2%,3.◦ ciclo:8%, secundário:21,5%)eramuitomaisreduzida comparativa-menteàexperimentac¸ãodetabaco(2.◦ciclo:7,3%,3.◦ciclo: 35,2%esecundário: 47,2%)ebebidasalcoólicas(2.◦ ciclo: 23%,3.◦ ciclo:54,9%,secundário:81,9%),edemonstrou-se característicadosjovensmaisvelhos(percentagemsuperior registadanoensinosecundário)queconsumiam predomi-nantemente«drogasleves»;
- Emrelac¸ãoàsexualidadeimportadestacaraspercentagens dealunosquereferiamjátertidorelac¸õessexuaissema utilizac¸ãodemétodoscontracetivos(3.◦ciclo:27,8%e secun-dário:38,3%)equejárecorreramàpíluladodiaseguinte (3.◦ ciclo:34%,secundário:25,9%).Verificou-seaindafalta deconhecimentosnoquedizrespeitoàprevenc¸ãoda trans-missãodo vírus da sida (discordância com afirmac¸ão «o
preservativoéoúnicométodocontracetivoqueprotege con-traasida»3.◦ciclo:46,9%,secundário:25,7%).
Asconclusõesdesteestudodemonstraramnovas necessi-dadesdeintervenc¸ão,queforamincorporadasnaspolíticasde promoc¸ãodehábitoseestilosdevidasaudáveispreconizadas porestaautarquia.
Estudo
«
Hábitos
tabágicos
dos
jovens
no
concelho
de
Torres
Vedras»
Em2009,aRedePortuguesadeCidadesSaudáveispropôsaos municípiosquedelafazemparteaparticipac¸ãonumestudo doshábitostabágicosdosjovens.
Tratou-sedeumaversãoportuguesadoGlobalYouth Tob-bacoSurvey(GYTS)14traduzidopeloCentrodeControlodas
Doenc¸as,numaparceriaentreaUniversidadeNovadeLisboa eaEscolaNacionaldeSaúdePública.
Assim,foramaplicadosquestionáriosautopreenchidosa umaamostrarepresentativadosalunosdo9.◦ano(universo: 593 alunos, amostra: 233 alunos) obtendo-se as seguintes conclusões12:
- «Apesardoelevadonúmero dejovensquejá experimen-taram fumar (44,6%), o consumo de tabaco pelos jovens no concelho de Torres Vedras apresenta-se na maioria doscasoscomoexperimentaloutransitórioumavezque apenas 28,8% dos jovens que já experimentaram fumar fumaramnos30diasantecedentesàrealizac¸ãodoinquérito (...)15»;
- Os primeiros consumosde tabaco concentraram-se mai-oritariamente entre os12 eos 15 anos deidade (60,6%). A obtenc¸ão de cigarros foi considerada como fácil pelos jovens(43,9%),nãosendoaidadeobservadacomoum obs-táculoàaquisic¸ãodosmesmos(58,3%dosinquiridosque fumaramnos30dantecedentesàrealizac¸ãodoinquéritoe compraramtabacoverificaramqueaidadenãoconstituiu umobstáculoàcompra);
- Umapercentagemsignificativadejovensreferiufumar ape-nas socialmente (38,6% dos jovens fumavam em festas oureuniõessociais).Verificou-seaindaqueoconsumode tabacoporpartedosjovensseencontravarelacionadocom oconsumodetabacoporfamiliares(percentagemdealunos quejátinhamfumadoecujospaisfumavam:35,6%)e ami-gos(65,9%dosalunosquefumavamtinhamalgunscolegas deanoquefumavam,eem18,9%doscasosamaioriados colegasdeanofumavam);
- «Amaioria dosjovensestá conscientedosperigos emalefícios associadosaoconsumodetabaco (88,7%)»12.Talvez poreste
motivoaspreocupac¸õescomasaúdeforamumfator impor-tantepara adecisãodedeixarde fumar(26%dosjovens apontavamaspreocupac¸õescomasaúdecomooprincipal motivo paraacessac¸ãotabágica).Noentanto,dosjovens quefumavam,poucoseramosquereferiamquererdeixar defumar(35%dosquefumavam).Estesconsideravamainda quedeixardefumaréfácilequesequisessemopoderiam fazer facilmente(49% dosjovensquejáexperimentaram tabaco).
Este estudoreforc¸ou aimportância deumaintervenc¸ão dirigidaàprevenc¸ãoeconsumodetabaconosjovensdo con-celho.
«
+
Saúde:
Hábitos
e
estilos
de
vida
saudáveis»:
A
intervenc¸ão
no
âmbito
dos
hábitos
e
estilos
de
vida
O«+Saúde:Alimentac¸ãoeatividadefísica»,principalmedida políticade intervenc¸ãonestaárea,desenvolvidaaté àdata pela autarquia, foi um programa inicialmente concebido com oobjetivode darrespostaaosproblemasrelacionados com a alimentac¸ão, prática de atividade física e sobre-peso.Desenvolve-seatravésdeumaparceriaentreaCâmara Municipal,CentrodeSaúde,agrupamentosdeescolas, esco-las secundárias do concelho eoutras entidadesde ensino concelhias16.
O trabalhodesenvolvidoporestegrupode trabalhotem comobaseadefinic¸ãodeobjetivosespecíficoseaconstruc¸ão deumplanodeatividadesparacadaanoletivo,comumàs váriasentidadesdeensino.
Emfuncionamentohá4anosletivos,noâmbitodeste pro-grama,foramjádesenvolvidasinúmerasatividades10.
No primeiro ano de funcionamento do programa (2008/2009)16 destaca-se a realizac¸ão de workshops para
paiseencarregadosdeeducac¸ãosobrealimentac¸ãosaudável, oestudodeaprofundamentosobrehábitoseestilosdevida, os concursos de logótipo e de materiais e conteúdos de divulgac¸ão aproduzir noâmbito doprogramae o levanta-mento das atividadesdesenvolvidasnasescolasno âmbito dapromoc¸ãodehábitosdevidasaudáveis.
Acriac¸ãodehortaspedagógicasemjardins-de-infânciae escolasdo1.◦ciclo,ocontrolodolanchedascrianc¸asdo pré-escolare1.◦ciclo,arealizac¸ãodepasseiospedestreserecreios ativos, a confec¸ãode alimentossaudáveis pelosalunos do pré-escolare1.◦ cicloemsaladeaula,comemorac¸ãodoDia MundialdaAlimentac¸ãoedinamizac¸ãodeclubes/gruposde debate(do2.◦cicloaoensinosecundário)constituem ativida-desiniciadasnesteanoletivoequesemantêmnosplanosde ac¸ãodestegrupodetrabalhodesdeentão.
No ano letivo 2009/201016 realizou-se um concurso de
receitassaudáveis,confecionadasporalunosdopré-escolar e 1.◦ ciclo, procedeu-se à construc¸ão de um sistema de monitorizac¸ão/avaliac¸ãoparaosubprograma,assimcomoà aplicac¸ãodechecklist«promoc¸ãodealimentac¸ãosaudável»às entidadesdeensinoquefazempartedogrupo.
Amedic¸ãodoíndicedemassacorporaldetodosos alu-nos dopré-escolar aoensino secundário, 2vezes em cada anoletivo,earealizac¸ãodeworkshopsdeculináriadestinados aosalunoseencarregadosdeeducac¸ãotambémseiniciaram nesteanoletivoetiveramcontinuidadenosseguintes.
Noanoletivo2011/201216ogrupodetrabalhodecidiu
alar-garoseuâmbitoaoshábitoseestilosdevidanumaconcec¸ão mais alargada, tendo o nome do mesmo sido alterado de «+ Saúde: Alimentac¸ão e atividade física» para «+ Saúde: Hábitoseestilosdevidasaudáveis».Assim,atualmente,este projetotemporobjetivoapromoc¸ãodehábitoseestilosde vida saudáveis na populac¸ãoescolar edesenvolve-se atra-vés de umaparceria maisalargada queinclui o Centrode
Respostas Integradas do Oeste (IDT) e outras entidades locaiscom intervenc¸ãonoâmbito dosconsumose sexuali-dadecomoéo casoda DianovaedoAcadémicode Torres Vedras.
Neste anoletivo o projeto deuinícioa umconjuntode novasatividades,paralelamenteàsjádesenvolvidas, nome-adamente: construc¸ão e encenac¸ão de pec¸as de teatro, no âmbitodahigieneoral,pelosalunosdopré-escolare1.◦ciclo; aconstruc¸ãodesketches,noâmbitodosconsumos,pelos alu-nosdo2.◦ciclo,3.◦ cicloeensinosecundário;construc¸ãode materiaisdidáticos pelas escolas,criandoum kit de recur-sosa mobilizarpelosprofessores emsala de aula;sessões desensibilizac¸ãosobretabagismoeconsumosassociados(do 3.◦cicloaoensinosecundário)eac¸õesdeformac¸ãodirigidas aauxiliares deac¸ãoeducativa,educadoras dopré-escolare professores do1.◦ ciclo, parareforc¸odo acervo instrumen-taldedesenvolvimentodecompetênciassócioemocionaisdos alunosepais.
Desdeo anoletivo 2008/2009queesteprogramase con-cretizoutambém napromoc¸ãodehábitos eestilosdevida atravésdeváriasatividadesconcretizadasporocasiãodaFeira daSaúde(eventobianual).Estasac¸õesincluíram-seno sub-programa«HábitosdevidasaudáveisnaFeiradaSaúde»que consistenarealizac¸ãodeatividadesquepromovamhábitos devidasaudáveisporocasiãodaFeiradaSaúde.AFeirada Saúde ocorre no concelho de Torres Vedras no âmbito dacomemorac¸ãodoDiaMundialdaSaúde.Nestesentidotêm vindoaserdesenvolvidasváriasatividades,nomeadamente arealizac¸ãodeaulasdesportivasdegrupo,devárias modali-dadesdestinadasadiferentes faixasetárias;adinamizac¸ão de stands relacionados com as temáticas dos hábitos e estilosdevida,adinamizac¸ãodeumacozinhasaudávelpelas váriasentidadesparticipantesnafeira,arealizac¸ãode confe-rências,entreoutras.
Sistema
de
monitorizac¸ão
e
avaliac¸ão
do
«
+
Saúde»
DeacordocomGuerra«todososprojetoscontêm necessaria-menteum«planodeavaliac¸ão»queseestruturaemfunc¸ãodo desenhodoprojetoeéacompanhadodemecanismosde auto-controloquepermitem,deformarigorosa,irconhecendoos resultadoseosefeitosdaintervenc¸ãoecorrigirastrajetórias casoestassejamindesejáveis6».
Acriac¸ãodosistemadeavaliac¸ãoemonitorizac¸ãoparao «+Saúde»foiumimportantepassoparaamedic¸ãodosefeitos eimpactosdecadaplanodeac¸ãoanual17.
O sistema de avaliac¸ão do «+ Saúde» tem quatro ver-tentes complementares: fichas de avaliac¸ão de atividade, fichas de monitorizac¸ão periódica, estudos de diagnóstico doshábitos e estilosde vida eautoavaliac¸ão do grupo de trabalho17.
As fichas de avaliac¸ão de atividade podem ser adapta-das a qualquer tipo de atividade e público-alvo e medem vários parâmetros relativos à mesma, como a divulgac¸ão, horário,local,durac¸ão,conteúdos, dinamizac¸ão,interessee pertinênciadaatividadeeoseucontributoparaamelhoria doshábitos eestilos de vidados alunos.As escolas pode-rãoutilizarestasfichasnasatividadesconstantesdoplano
deatividadesounoutrasrelacionadascomastemáticasdo«+ Saúde»17.
Asfichasdemonitorizac¸ãoperiódicacontêmumconjunto deindicadoresderealizac¸ãorelativosacadaatividadeinserida no plano de ac¸ão anual etêm porobjetivo último quanti-ficar o número de turmas ede alunos que desenvolveram emcadaperíodoletivocadaumadasatividadesdoplanode ac¸ão17.
Verifica-seaolongodotempoalgumadificuldadede ade-sãoàaplicac¸ãodestasmetodologiasdeformadescentralizada nasváriasentidadesdeensino,mesmoapóssimplificac¸ãodos indicadores de realizac¸ão. Osrepresentantes dasentidades de ensino referem como obstáculo a este nível o redu-zidotempoletivodisponibilizadoàsatividadesdepromoc¸ão de hábitos e estilos de vida saudáveis em meio esco-lar.
Asduasúltimascomponentesdeavaliac¸ãoreferidastêm vindoademonstrar-secomoasmaisefetivasemtermosde informac¸ãoobtida.Osestudosdediagnósticonoâmbitodos hábitoseestilosdevida,queserãoposteriormente aprofun-dados,possibilitaramretratosregularesecomparativosque, anívellongitudinal,permitirammonitorizarasituac¸ão das crianc¸as edosjovensdo concelhono quedizrespeito aos hábitos alimentares, dehigiene,práticade atividade física, consumos, sexualidade, imagem corporal e, mais recente-mente,bullying.
Aautoavaliac¸ãodogrupodetrabalhoconsistenuma refle-xão efetuada pelo grupo nos momentos em que os seus elementosreúnem.Estadinâmicatempermitidodirecionar asatividadesdogrupoemfunc¸ãodaavaliac¸ãoquevaisendo realizada.
Ametodologiadeavaliac¸ãopermiteapenasmonitorizara realizac¸ãodasdiferentesatividades,decadaplanodeac¸ão, pelasváriasentidadesdeensino.Asatividadesdo«+Saúde» nãotêmumcaráterderegularidadeeintensidadesuficiente quepermitaabrangertodaapopulac¸ão-alvodopré-escolarao ensinosecundáriodoconcelhodeformauniformeeproduzir efeitossignificativosevisíveisaoníveldaalterac¸ãodosestilos devida.Dequalquerforma,amonitorizac¸ãoefetuadatem per-mitidoverificaracrescenteadesãodasturmasàsatividades doprograma,emboracomdiferenc¸asinter-escolas.
Checklist
alimentac¸ão
saudável
-
Entidades
de
ensino
Noanoletivo2009/2010foiaplicadanasescolas-sededas enti-dadesdeensino do«+Saúde»umachecklist,comoobjetivo decompreenderseasescolasestavamaaplicarosprincípios consubstanciadosno«referencialparaumaofertaalimentar saudável»18daeducac¸ãoalimentaremmeioescolar,emanado
peloMinistériodaEducac¸ão.
Comaaplicac¸ãodestachecklistconcluiu-seque19:
- Uma das entidadesde ensino não aplicava restric¸ões às bebidasac¸ucaradas; existiamalimentos comvenda proi-bidaemapenasdoisestabelecimentosdeensino,estando oschocolateseosdocesproibidosemapenasumaescola; emquatrodasnoveentidadesdeensinoeravisívela publi-cidadeaalimentospoucosaudáveis;
- Quanto aos refeitórios, emdois nãoexistiavariedadede legumesadequadaeemumdefrutas;apenasumrefeitório forneciasumoaoalmoc¸oaosalunos;
- Nosquedizrespeitoaosbufetes,apredominânciadeformas poucoapelativasdefornecimentodefrutasevegetaisaos alunos.Poroutrolado,váriosgénerosalimentíciosa proi-biremcontextoescolarestavampresentesnosbufetesde quatroentidadesdeensino;
- Registaram-se ainda incompatibilidades no que diz res-peito à visibilidade dosprodutos apromover ea proibir emcontexto escolar, comumamaiorvisibilidade dadaa algunsprodutosaproibireumamenorvisibilidade dada aalgunsprodutosaprivilegiar19.
Monitorizac¸ão
do
índice
de
massa
corporal
A medic¸ão bianual do índice de massa corporal constitui umaimportanteferramenta adicionalde monitorizac¸ãoda prevalênciade excessode peso. Tendo sido definidacomo prioritária pelos vários elementos do grupo de trabalho, procedeu-seàassinaturade umprotocolo que resultouna criac¸ãode umabasededadosefornecimentode balanc¸as às entidades de ensino. Foram definidos os dois períodos de recolha dosdados ede entrega dos mesmospara aná-lise.
Emcadaanoletivo,aautarquiaproduzdoisrelatórios refe-rentesàdistribuic¸ãodeste parâmetronapopulac¸ãoescolar relativosàsduasrecolhasanuais.Oprimeirorelatório contem-plaumavertentedecomparac¸ãocomasrecolhasefetuadas nos anos letivos anteriores e o segundo uma comparac¸ão intra-anual.
Antes de nos debruc¸armos sobre a análise deste indi-cador importa considerar que, até à data, a cobertura da totalidadenuncafoipossível.Em2009/2010(primeirarecolha anual)foramabrangidos8233alunos(77,5%douniverso)eem 2010/2011(segundarecolhaanual)7530(67,5%douniverso). Refira-sequenasegundarecolhaaabrangênciadouniverso decrescesignificativamente20.
Estandoaindaemanáliseosdadosrelativosàrecolhado presenteanoletivo,verifica-sequeapercentagemdealunos comexcessodepesosesituavanos33%em2009/2010, cres-cendopara34,2%noanoletivoseguinte20.
Estes dados permitem-nos ainda verificar que «No ano letivo2009/2010observaram-sepercentagensmaiselevadas dealunoscomexcessodepesono1.◦ciclo(39,3%),pré-escolar (37,7%)e2.◦ ciclo (37,6%)(...). Relativamenteaoano letivo 2010/2011,verificam-sepercentagensmaiselevadasde alu-noscomexcessodepesonopré-escolar(43,5%),seguindo-se o1.◦ciclo(38,9%)eo2.◦ciclo(35,5%)20».
Verifica-seumapreocupantetendênciaparaoaumentoda prevalênciadoexcessodepesonosalunosdopré-escolar, aler-tandoparaanecessidadedeumaintervenc¸ãocadavezmais precoceaestenível.Recorde-sequeo«+Saúde»,porsisó,não constituiumprogramaespecíficodirigidoàpopulac¸ãoescolar comexcessodepesonoquedizrespeitoaocombateà obesi-dadeinfantil.Oaumentodaprevalênciadeexcessodepeso,no períodoemanálise,demonstraquesãonecessáriasmedidas específicas,abrangentesediversificadasquepermitamuma intervenc¸ãoefetivaeeficaz.
Necessidades
de
intervenc¸ão
futuras:
Compreender,
prevenir
e
combater
a
obesidade
infantil
e
juvenil
Desde 2007 (ano de realizac¸ão do perfil de saúde do con-celhode Torres Vedras) foidiagnosticadaa necessidadede prevenc¸ãoecombatedaobesidadeinfantilnoconcelho.
Também os estudos que aqui têm vindo a ser refe-ridos afirmam esta necessidade, permitindo igualmente a definic¸ãodealgumasnecessidadesespecíficasnestedomínio quevãodesdeaeducac¸ãoalimentareincentivoàpráticade atividade físicajunto dosalunos,àconsciencializac¸ão des-tesedosencarregadosdeeducac¸ãorelativamenteaoíndice demassacorporaleaosproblemasassociadosaoexcessode peso.
Conscientedestarealidade,omunicípiodeTorresVedras já há alguns anos pretende pôr em prática um plano de prevenc¸ão ecombateàobesidade infantilejuvenil, privile-giandoametodologiadainvestigac¸ão-ac¸ão.
«A metodologia de investigac¸ão-ac¸ão tem como obje-tivo a resoluc¸ão de problemassociais, com recurso auma combinac¸ão entre teoria eac¸ão, ou seja,entre pesquisa e intervenc¸ão.Nestasmetodologias considera-se a especifici-dadedecadasituac¸ão,decadarealidadeemcausa.Assim,não existeumprocedimentofixoaaplicarsemprequeseutiliza ainvestigac¸ão-ac¸ão,tantonarealizac¸ãododiagnóstico,como naconsequentepromoc¸ãodemudanc¸asocial.Considera-se que«cadacasoéumcaso»,eapartirdecadacasosurgem novasinformac¸õesenovosconhecimentos4».
Assim,atualmente,ecomoobjetivodeseobterum conhe-cimentomaisaprofundadodasdinâmicasedascausassociais daobesidadeinfantil,encontra-seemrealizac¸ãoum diagnós-ticoreferenteaestatemáticaquetemcomopopulac¸ão-alvo ascrianc¸asdopré-escolare1.◦ciclo.
Este diagnóstico contempla quatro vertentes comple-mentares: uma abordagem centrada nos encarregados de educac¸ão,umacentradanasescolas,umacentradanasjuntas defreguesiaeoutranascrianc¸as.
Arecolhadedadosnastrêsprimeirasvertentesjáestáem curso.Estáemaplicac¸ãoumquestionárioaosencarregados deeducac¸ão,outroaoseducadoresdopré-escolare profes-soresdoprimeirocicloeoutroaospresidentesdasjuntasde freguesia.
Estesquestionáriosfocamasseguintesdimensões: - Dadosde caracterizac¸ão sociodemográficadosagregados
familiares(composic¸ãodoagregadofamiliar,nívelde esco-laridade dos pais, situac¸ão destes face ao trabalho e na profissão,meiosdevida,avaliac¸ãodorendimentomensal doagregadofamiliar,sentimentosfaceaotrabalho,etc.); - Indicadoresdesaúdedosagregadosfamiliares(doenc¸ase
avaliac¸ãodopesodoselementosdoagregadofamiliar,horas desono,controlodopeso,pesoealtura,preocupac¸ãocomo peso,avaliac¸ãomédicadopeso,dietaaavaliac¸ãodasaúde doeducando);
- Caracterizac¸ãodazonaderesidênciadosagregados famili-ares/freguesiasporlocalidade(acessoadiferentestiposde alimentos,seguranc¸aecondic¸õesparaarealizac¸ãode cami-nhadaseandardebicicleta,locaisondeépossívelirapéa
partirdecasa,meiosdetransporteutilizadosparairparaa escolaeseguranc¸adocaminhocasa-escola);
- Alimentac¸ão dascrianc¸as selecionadas paraa amostra e percec¸õesdoseducadores eprofessoresrelativamente às mesmas (frequência de refeic¸ões durantea semanaeao fimdesemana,razõesporquenãoefetuaalgumarefeic¸ão, composic¸ãoeproveniênciadolanchedamanhã,consumo semanaldealimentosportipo,conhecimentodo encarre-gadodeeducac¸ãorelativamenteaoqueoeducandocome naescola,avaliac¸ãodaalimentac¸ãonaescolaedoacesso adiferentesalimentosjuntoàescola,preocupac¸ãocoma alimentac¸ãodoeducando,etc.).Questõessemelhantessão colocadasrelativamenteaospais;
- Alimentac¸ãoemcasa epercec¸õesdoseducadores e pro-fessoresrelativamenteàs mesmas-agregadosfamiliares daamostra(frequênciadediferentestiposdeconfec¸ão ali-mentar emcasa, tiposdegordurautilizadosnaconfec¸ão alimentar,frequênciadeconsumodecomidacaseira, pré-confecionadaecomidapronta/take-away,bebidasservidas àrefeic¸ão,atividadesrealizadaspeloeducandoenquanto come,educac¸ãoparaumaalimentac¸ãosaudável,etc.); - Atividadefísicadascrianc¸asdaamostraepaisepercec¸ões
dos educadores e professores relativamente às mesmas (práticadeatividadefísicanaescolaeforadoâmbito esco-lar).Questõessemelhantessãocolocadasrelativamenteaos pais;
- Temposlivresdascrianc¸asdaamostraepercec¸õesdos edu-cadoreseprofessoresrelativamenteàsmesmas(atividades realizadasnostemposlivres,tempodespendidonas mes-maseavaliac¸ãodessetempo);
- Rotinas familiares dos agregados familiares e percec¸ões dos educadores e professores relativamente às mesmas (frequência de refeic¸ões emfamília, assuntos abordados nas refeic¸ões emfamília,locais ondeo educandoefetua asrefeic¸õesprincipais,idasaosupermercado,produtos ali-mentares adquiridosespecificamente parao educando e razões de aquisic¸ão dosmesmos, importânciade vários fatoresparaaescolhadosprodutosalimentaresno super-mercado, leitura dosrótulos dosalimentos,avaliac¸ão do prec¸o dosalimentos,frequênciaderestaurantesportipo, fatoresimportantesparaaescolhadeumrestaurante, divi-sãodastarefasdomésticas,etc.);
- Posic¸ões assumidas face aos problemas das crianc¸as – encarregadosdeeducac¸ão,educadoreseprofessorese jun-tas de freguesia (importância de vários fatores para a saúde das crianc¸as, concordânciacom medidas de com-bate à obesidade infantil, responsabilidade de diferentes agentespelaobesidadeinfantileprevenc¸ãoecombateda mesma,percec¸ãodaprevalênciadeexcessodepesoe obe-sidadenascrianc¸aseadultosemPortugalenoconcelho, percec¸ão das doenc¸as associadas à obesidade, concor-dância com afirmac¸ões relacionadas com a obesidade, etc.);
- Atividades de promoc¸ão de hábitos de vida saudáveis, prevenc¸ãoecombateàobesidadeinfantilrealizadaspelos jardinsdeinfância,escolasdo1.◦ cicloedinamizadasnas freguesiasporlocalidade.
Apósesta análiseaprofundadadas causasdaobesidade infantilserãorealizadasentrevistasacrianc¸asobesas,assim
comoaplicadaumagrelhaderegistodaalimentac¸ãodiáriae atividadesdesenvolvidasduranteodia.
Atriangulac¸ãodedadosconsistenomesmofenómenoser estudadoemtermostemporais,observando-seasdiferenc¸as emdiferentesdatas,emdiferenteslocais,efetuando-seuma análise comparativa ou com recurso a indivíduos diferen-tes. A triangulac¸ão metodológica tem como pressupostos a: validac¸ão de resultados/cumulatividade, integrac¸ão de diferentes perspetivas/complementaridade, descoberta de paradoxos ou contradic¸ões, permitir um retrato mais completoeholístico dofenómenoemestudoepossibilitar umamaiorcríticaeceticismofaceaosdadosrecolhidos21,22.
Estametodologiaseráaplicadaaodiagnósticoemcausae possibilitaráumconjuntodepistasparaaposteriordefinic¸ão deumplanodeac¸ão.
Definidasasbasesparaesteplanodeac¸ão,quedeveráser sustentável,omesmoserádiscutidopelogrupodetrabalho do«+Saúde»eabertoàparticipac¸ãodasjuntasdefreguesia, agrupamentosdeescolas,educadoresdopré-escolare pro-fessoresdoprimeirocicloeencarregadosdeeducac¸ão.Parao efeito,serádinamizadaumasessãodeplaneamento partici-pativoparadiscussãodasprincipaiscausasdofenómenono concelho,prioridadeseestratégiasdeintervenc¸ão.
Ainvestigac¸ão-acão,queseráaquimaisumavez privilegi-ada,é«umamodalidadequetornaoatorinvestigador,evice-versa, equeconduzaac¸ãoparaconsiderac¸õesdeinvestigac¸ão6».Osatores
nãosãovistoscomosujeitospassivos,massimcomo partici-pantesdoprocessodeplaneamento.
«Reconhece-se,hoje,nãoapenasapossibilidade,masa ine-vitabilidadedaconstruc¸ãodoconhecimentocomossujeitos portadoresdamudanc¸asociale,portanto,deinvestigac¸ãocom aparticipac¸ãodosinteressados6».
Posteriormente,serádefinidoumplanodeintervenc¸ãoe, complementarmente,demonitorizac¸ãodaimplementac¸ãoe avaliac¸ãodaexecuc¸ão,resultadoseimpactos.
Este plano de ac¸ão deverá ser participado, quer nasua definic¸ão,quernasuaexecuc¸ão, portodos osagentes com acentonatemáticaemcausa,recorrendomaioritariamentea recursosendógenoseaparceriasentreosatoreslocais.
Osucessodestediagnósticoeplanodependedo envolvi-mentodestesatoreschavequevãodesdeopúblico-alvodo plano,passandopelascrianc¸asefamílias,àsautarquiaslocais, entidadesdeensinoeentidadesdesaúdelocais.
Estediagnósticoeplano,noâmbitodaobesidadeinfantil, insere-se nos «modelosde intervenc¸ãoeresponsabilizac¸ão coletiva, procurando-se, através da participac¸ão no pla-neamento social, reforc¸ar o exercício da democracia, associando-seàdemocraciarepresentativa,umademocracia participativa4».
Anoc¸ãodepartenariadoimplicaestametodologia, consi-derandoentãoanecessidadeda«reuniãodeesforc¸osdetodos osquesepreocupamcomaresoluc¸ão(...)[dos]problemasde formaatrac¸arobjetivoscomuns6».
Estediagnósticoestaránabasedeumplanodeintervenc¸ão adequadoàrealidadedoconcelhoeàsconfigurac¸õessociais especificasassociadasàobesidadenesteterritório.
Oestudodas variáveisrelacionadas comestefenómeno emTorresVedraspermitirádirecionaraintervenc¸ãotendoem contaasreaisdeterminantesdaobesidadenapopulac¸ãoem causa.
A recolha de dados junto das crianc¸as com excessode peso e obesidade (entrevistas) serácertamente uma mais-valiaparaaconstruc¸ãodesteplanodeintervenc¸ão,umavez quepossibilitaráumaatenc¸ãopersonalizadatendoemconta oscontornosdecadasituac¸ãoespecífica.
Um dos indicadores de avaliac¸ão do sucesso deste programaserá,paralelamenteaosrestanteselementos ava-liativos,osresultadosdasrecolhasanuaisdoíndicedemassa corporal,realizadasnoâmbitodoprograma«+Saúde: Hábi-toseestilosdevidasaudáveis».Espera-se, assim,quenum futuropróximoatendênciadecrescimentodaprevalênciade excessodepesonapopulac¸ãoescolardoconcelho,registada nosúltimosanos,venhaainverter-seobtendo-seganhosna saúdeequalidadedevidanascrianc¸asejovenstorrienses.
Conflito
de
interesses
Oautordeclaranãohaverconflitodeinteresses.
b
i
b
l
i
o
g
r
a
f
i
a
1. CâmaraMunicipaldeTorresVedras.Perfildesaúde.[Em linha].TorresVedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras; 2007[consultado2Mai2012].Disponívelem: http://www.cm-tvedras.pt/e/plano-desenvolvimento/downloads/Perfilde
saude.pdf
2. RPCS.,Apresentac¸ãodaRedePortuguesadeCidades Saudáveis.[Emlinha].Lisboa:RPCS;2010[consultado2Mai 2012].Disponívelem:http://www.redecidadessaudaveis.com/ pt/apresentacao.php/
3. LuptonD.Theimperativeofhealth:publichealthandthe regulatedbody.London:SagePublications;1995.
4. SilvaS.,Oplaneamentoemsaúde:Projeto«TorresVedras Saudável».TorresVedras:CâmaraMunicipaldeTorres Vedras;2009.
5. DahlgrenG,WhiteheadM.Policiesandstrategiestopromote equityinhealth.Copenhagen:WHORegionalOffice forEurope;1992.
6. GuerraIC.Fundamentoseprocessosdeumasociologiada acc¸ão:oplaneamentoemciênciassociais.Lisboa:Principia; 2000.
7. CâmaraMunicipaldeTorresVedras.Planode
DesenvolvimentoemSaúde2008-2009.[Emlinha].Torres Vedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras;2007.Disponível em:http://www.cm-tvedras.pt/e/plano-desenvolvimento/ 8. CâmaraMunicipaldeTorresVedras.SíntesedoPerfilePlano
deDesenvolvimentoemSaúde2008-2009.[Emlinha].Torres Vedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras;2007[consultado 2Mai2012].Disponívelem:http://www.cm-tvedras.pt/e/ plano-desenvolvimento/downloads/Planodesaude.pdf/ 9. CâmaraMunicipaldeTorresVedras.HábitosdeVidados
EstudantesnaCidadedeTorresVedras.[Emlinha].Torres Vedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras;2007[consultado 3Mai2012].Disponívelem:http://www.cm-tvedras.pt/e/ plano-desenvolvimento/downloads/Anexo2.pdf/.
10.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.+Saúde:hábitoseestilos devidasaudáveis:planosdeatividades.[Emlinha].Torres Vedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras;2011[consultado 7Mai2012].Disponívelem: http://www.educacaotorres- vedras.com/saude-e-alimentacao/194-planos-de-acao-anuais/
11.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.Estudo«Hábitos alimentares,higieneeatividadefísicanosjovensque frequentamo2◦,3◦cicloseensinosecundárionoconcelhode TorresVedras».[Emlinha].TorresVedras:CâmaraMunicipal deTorresVedras;2009[consultado3Mai2012].Disponível em:http://www.educacaotorresvedras.com/useruploads/ ficheirospagina/relatorio-20082009/o/relatorio-20082009.pdf/ 12.WorldHealthOrganization.GlobalYouthTobaccoSurvey.
Copenhagen:WHO;2012[consultado7Mai2012].Disponível em:http://www.who.int/tobacco/surveillance/gyts/en/ 13.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.Estudo«Hábitosdevida
dascrianc¸asejovensresidentesnoconcelho»–fase1.[Em linha].TorresVedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras; 2009[consultado3Mai2012].Disponívelem:http://www. educacaotorresvedras.com/useruploads/ficheiros-pagina/ fase1/o/fase1.pdf/
14.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.Estudo«Hábitosdevida dascrianc¸asejovensresidentesnoconcelho»–fase2.[Em linha].TorresVedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras; 2010[consultado7Mai2012].Disponívelem:http://www. educacaotorresvedras.com/useruploads/ficheiros-pagina/ fase2a/o/fase2a.pdf/>ehttp://www.educacaotorresvedras. com/useruploads/ficheiros-pagina/fase2b/o/fase2b.pdf/ 15.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.Relatório«Hábitos
tabágicosdosjovensnoconcelhodeTorresVedras».Torres Vedras:CâmaraMunicipaldeTorresVedras;2009.
16.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.+Saúde:hábitoseestilos devidasaudáveis.[Emlinha].TorresVedras:Câmara MunicipaldeTorresVedras;2011[consultado7Mai2012]. Disponívelem:http://www.educacaotorresvedras.com/ saude-e-alimentacao/192-saude-habitos-e-estilos-de-vida-saudaveis/
17.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.+Saúde:hábitoseestilos devidasaudáveis:sistemadeavaliac¸ão.TorresVedras: CâmaraMunicipaldeTorresVedras;2009.
18.MachadoBaptistaMI.Referencialparaumaofertaalimentar saudável.Lisboa:Direcc¸ão-GeraldeInovac¸ãoede
DesenvolvimentoCurricular;2006.
19.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.ChecklistAlimentac¸ão Saudável.[Emlinha].TorresVedras:CâmaraMunicipalde TorresVedras;2010[consultado9Mai2012].Disponívelem: http://www.educacaotorresvedras.com/user
uploads/ficheiros-pagina/checklist/o/checklist.pdf/. 20.CâmaraMunicipaldeTorresVedras.Relatóriodoíndicede
massacorporal:primeirarecolha.[Emlinha].TorresVedras: CâmaraMunicipaldeTorresVedras;2011[consultado9Mai 2012].Disponívelem:http://www.educacaotorresvedras. com/useruploads/ficheiros
-pagina/imc1recolha20102011/o/imc1recolha20102011.pdf/. 21.DenzinNK.Theresearchact.EnglewoodCliffs,N.J:Prentice
Hall;1989.
22.DuarteT.Apossibilidadedeinvestigac¸ãoa3:reflexõessobre triangulac¸ão(metodológica).Lisboa:CIES;2009.(Working Paper;60/2009).