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A comunicação de ciência e as estratégias de aproximação à comunidade: o caso do INL

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos. Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho.

Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição CC BY

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Agradecimentos

Ao meus pais, pelo apoio e carinho incondicional, por me terem dado sempre motivação para continuar este percurso e por tudo o que me ensinaram até hoje.

À minha irmã, Teresa, pelo espírito corajoso e por ter estado sempre disponível para me ouvir nos mais variados temas.

Ao Diogo, pelo incentivo, amizade, amor e carinho de sempre.

Ao INL, instituição que me acolheu durante o período de estágio, e em especial à equipa de comunicação que me recebeu de forma calorosa, Jorge, Patrícia, Sandra, Inês e Gina, obrigada pela oportunidade de estágio, pelo vosso apoio e por me integrarem numa equipa de ilustres criativos, que se esforçam todos os dias por dar a conhecer o nome do INL ao mundo.

À Professora Elsa, orientadora deste Relatório, pela disponibilidade e por todos os ensinamentos ao longo desta caminhada

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

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A Comunicação de Ciência e as estratégias de aproximação à comunidade: o caso do INL (Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia)

Resumo

Nos últimos anos, o distanciamento entre a ciência e a sociedade tem vindo a preocupar as organizações científicas. Pela importância que assume na vida humana, é fundamental que a ciência se aproxime da comunidade, através da divulgação externa das suas investigações. Por outro lado, a legitimação da ciência é feita por meio do reconhecimento social e da sua aceitação por parte da sociedade. Desta forma, é necessário que a comunidade científica procure os canais e ferramentas de comunicação mais adequados e eficazes para que o público não científico seja passível de compreender as diversas mensagens científicas. Importa, por isso, avaliar a forma como os centros de investigação científica comunicam, nomeadamente perceber a sua capacidade de adaptar a complexidade do discurso científico à linguagem comum da população e as estratégias de interação com os públicos. Neste sentido, um dos temas a abordar ao longo deste relatório será o conceito de public engagement of science e public understanding of science, importantes para perceber o envolvimento da sociedade nos temas relacionados com a ciência.

No caso do INL, organização em estudo, foi possível constatar essa preocupação no sentido de aproximar a sociedade da ciência e da nanotecnologia, recorrendo a diversas estratégias e iniciativas criadas com o objetivo de promover o trabalho desenvolvido pelos cientistas e, ao mesmo tempo, envolver a comunidade nesses projetos científicos. Assim, é necessário analisar os modelos de comunicação de ciência e perceber como pode a comunicação estratégica constituir um papel fundamental para a comunicação de ciência. Além disso, é importante avaliar o papel dos gabinetes de comunicação na relação entre as organizações científicas e a sociedade.

O presente Relatório de Estágio visa compreender de que forma as estratégias de comunicação levadas a cabo pelas organizações científicas contribuem para aproximar a sociedade da ciência. Tendo por base perspetivas críticas de diversos autores na área da ciência e a própria experiência de estágio, a comunicação estratégica será abordada como parte integrante da comunicação de ciência.

Palavras-chave: comunicação de ciência; comunicação estratégica; comunidade; gabinetes de comunicação; INL.

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The Communication of Science and the approach strategies to the society: the case of INL (International Iberian Nanotechnology Laboratory)

Abstract

Over the last few years, the gap between science and society has been worrying scientific organizations. Due to the importance that science assumes in human life, it is crucial that science approaches the community through the external dissemination of its investigations. On the other hand, the legitimation of science is done through social recognition and its acceptance by society. In this way, the scientific community needs to search for the most appropriate and effective channels and communication tools so that the non-scientific public can be able to understand the various scientific messages. Consequently, it is important to evaluate how scientific research centers communicate, namely to understand their ability to adapt the complexity of scientific discourse to the common language and their strategies of interaction with the public. In this way, one of the themes to be addressed throughout this report will be the concept of public engagement of science and public understanding of science, which they are both important for understanding society's involvement in science-related issues.

In the case of INL, the organization under study, it was possible to notice this concern in order to bring society closer to science and nanotechnology, using various strategies and initiatives created with the main purpose of promoting the work developed by scientists. At the same time, these strategies seek to involve the community in these scientific projects. Therefore, it is necessary to analyse the communication models of science and understand how strategic communication can play an important role in communication of science. In addition, it is important to evaluate the role of communication offices in the relationship between scientific organizations and society.

This internship report aims to understand how communication strategies undertaken by scientific organizations contribute to bring society closer to science. Based on critical perspectives from various authors in the field of science and the internship experience itself, strategic communication will be approached as an essential part of the science communication.

Keywords: communication of science; communication offices; community; INL; strategic communicati

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ÍNDICE

Introdução ... 10

Capítulo 1: O INL e um estágio em Comunicação de Ciência ... 12

1.1 INL, Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia ... 12

1.1.1 O Departamento de Comunicação e Marketing ... 16

1.1.2 Projetos e Parcerias na Comunicação de Ciência ... 17

1.1.3 Públicos ... 20

1.2 Relato da Experiência de Estágio ... 21

1.2.1 Descrição das tarefas desenvolvidas ... 23

1.2.2 Atividades de contacto com os públicos ... 26

1.2.3 Trabalhos realizados de forma autónoma ... 29

1.2.4 Balanço global do estágio ... 31

1.2.5 A comunicação de ciência e as estratégias de aproximação à comunidade: a questão que se levantou ... 32

Capítulo 2: A Comunicação e a Ciência ... 34

2.1 Problemática a explorar, objetivos e metodologia ... 35

2.2 O que é a Comunicação de Ciência? ... 36

2.2.1 A Analogia ‘AEIOU’ ... 39

2.2.2 Definições de Comunicação de Ciência ... 41

2.3 Breve História da Ciência em Portugal ... 44

2.4 A Cultura Científica em Portugal ... 45

2.5 Porquê Comunicar Ciência? ... 49

2.6 Modelos de Comunicação de Ciência ... 53

2.6.1 O Conceito de ‘Public Understanding of Science’ (PUS) ... 55

2.6.2 O Conceito de ‘Public Engagement with Science and Technology’ (PEST) ... 57

2.6.3 O Envolvimento Público da Ciência em Portugal ... 60

2.7 Agentes na Comunicação de Ciência ... 61

2.7.1 O Papel dos Cientistas ... 61

2.7.2 O Papel dos Jornalistas e dos Media ... 64

2.7.3 O Papel das Instituições de Ensino ... 66

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2.7.5 O Papel dos Gabinetes e dos Profissionais de Comunicação ... 69

2.7.6 O Papel dos Públicos ... 71

2.8 Estratégias de Comunicação de Ciência ... 72

Capítulo 3: Metodologia ... 76

3.1 Pergunta de Partida ... 76

3.2 Instrumento de Recolha de Dados ... 77

3.3. Análise e Interpretação dos Dados ... 78

3.3.1 Perceção de diferentes tipos de públicos ... 78

3.3.2 Estratégias utilizadas e regularidade dessas ações ... 81

3.3.3 Impacto e sucesso dessas estratégias ... 87

3.3.4 O papel dos gabinetes de comunicação ... 91

3.4 Discussão dos Dados ... 93

Capítulo 4: Considerações Finais ... 103

Bibliografia ... 107

Anexos ... Error! Bookmark not defined. Anexo 1: Guião das Entrevistas ... 112

Anexo 2: Entrevista a Jorge Fiens, Diretor de Comunicação do INL ... 113

Anexo 3: Entrevista a Nuno Passos, Assessor de Comunicação da Universidade do Minho ... 116

Anexo 4: Entrevista a Sandra Pinto, Responsável pelo Serviço de Comunicação do INESC TEC ... 125

Anexo 5: Entrevista a Olga Magalhães, Responsável pelo Gabinete de Comunicação do CINTESIS ... 132

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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Logótipo do INL

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Introdução

A oportunidade de realizar um estágio numa organização científica de reconhecimento a nível europeu e internacional como o INL foi, sem dúvida, um enorme desafio de aprendizagem que contribuiu para a minha formação e experiência profissional. Durante três meses, estagiei na área da Comunicação de Ciência na qual integrei o Departamento de Comunicação e Marketing do INL (Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia), em Braga. Ao longo desse período, no âmbito das relações públicas, observei de perto as estratégias utilizadas para comunicar ciência e nanotecnologia, sobretudo na relação com os media e, consequentemente, com a população. A promoção dessas estratégias tem como objetivo envolver a comunidade nos projetos desenvolvidos pelo INL, procurando explicar o significado da nanotecnologia e o seu impacto na sociedade. Por outro lado, pretende-se desenvolver a notoriedade da organização e criar uma imagem positiva da mesma. Neste sentido, notei uma constante preocupação tanto na realização de eventos externos de contacto com os públicos como na divulgação científica dos projetos desenvolvidos pelos investigadores do INL. Comunicar ciência não é tarefa fácil e a experiência de estágio provou esta mesma ideia. Nos últimos anos, tem-se notado uma geral preocupação tanto por parte das organizações científicas como dos próprios cientistas em quebrar o distanciamento existente entre a ciência e a população. Como consequência, as organizações científicas têm vindo a promover atitudes mais pró-ativas de contacto com os públicos, sobretudo através dos media, mas também a partir da organização de eventos externos e atividades de outreach. Isto porque assistimos a uma “maior consciencialização da relevância de divulgar a ciência e a tecnologia a um público o mais alargado possível” (Granado & Malheiros, 2015). Um dos fatores que pode explicar esta realidade é o facto de os centros de investigação de ciência sentirem, cada vez mais, a necessidade de reconhecimento científico, mostrando que o objetivo primordial da investigação científica é para benefício da sociedade. Esta estratégia tem como objetivo justificar que os fundos públicos e europeus que essas entidades recebem têm um retorno positivo para a sociedade. Além disso, a ciência é, ainda hoje, uma prática associada a múltiplos estereótipos e vista como difícil de perceber e de alcançar.

Assim, o foco deste relatório prende-se sobretudo em explicar e refletir sobre a necessidade permanente de comunicar a ciência aos públicos externos. Para esse efeito, é importante perceber qual o papel que a comunicação estratégica assume nas organizações científicas, como mecanismo de comunicação de ciência e de aproximação à comunidade e ainda, compreender de que forma os gabinetes de comunicação contribuem para a promoção de uma relação entre os centros de investigação científica e a população em geral.

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Sendo um tema ainda pouco estudado em Portugal, o contributo das estratégias de comunicação de ciência levadas a cabo pelas organizações científicas para comunicar com a população constitui um objeto de estudo relevante para uma melhor compreensão do papel dos gabinetes de comunicação no desempenho dos centros de investigação de ciência na sua relação com os públicos não científicos. Por esta razão, além da análise teórica do tema, será pertinente partir para uma abordagem mais prática no sentido de responder à problemática em questão.

Deste modo, o relatório de estágio está estruturado em três partes distintas. A primeira conta com a apresentação do INL, instituição de acolhimento do estágio curricular, a contextualização da sua área de atividade, bem como a sua missão, visão, funcionamento e principais projetos realizados na área da comunicação de ciência. É ainda apresentada uma reflexão dos três meses de estágio, relatando as principais atividades desenvolvidas, desafios, aprendizagens e balanço final da experiência.

A segunda parte é dedicada ao enquadramento teórico do tema em análise a partir de perspetivas críticas de diversos autores especialistas na área, relativamente aos conceitos de comunicação de ciência, public understanding of science ou public engagement of science. Neste ponto do relatório procura-se perceber qual o estado da cultura científica em Portugal, a importância de comunicar ciência, quais são os modelos de comunicação de ciência que existem bem como a relação da ciência com os públicos, e o modo como as organizações científicas comunicam com a população. No fundo, a análise bibliográfica pretende perceber a importância dos gabinetes de comunicação nos centros de investigação científica.

Após a análise teórica da problemática em estudo, é importante concretizar a aprendizagem dos conceitos estudados numa abordagem prática através de um estudo empírico. Assim, no sentido de explorar a temática em análise, a metodologia adotada consiste na realização de entrevistas a responsáveis pelos gabinetes de comunicação de instituições ligadas à ciência e à tecnologia, com o objetivo de perceber qual é a relação dessas organizações com os públicos e que papel desempenham as suas equipas de comunicação na construção de uma relação próxima com a sociedade.

Em suma, pretende-se obter respostas para a problemática desencadeada pela experiência de estágio e, ao mesmo tempo, contribuir para o estudo da comunicação de ciência em Portugal. Por um lado, perceber qual é a relação das organizações científicas com os públicos não especialistas e, por outro, qual a perceção dos gabinetes de comunicação sobre o impacto das suas estratégias na sociedade e a sua importância nos centros de investigação de ciência.

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1 Acedido em https://inl.int/organisation/ e traduzido pela autora

Capítulo 1: O INL e um estágio em Comunicação de Ciência

Foi no dia 3 de setembro de 2018 que começou a minha aventura na viagem pela comunicação de ciência. Cheguei dando os bons dias timidamente e tentando memorizar os nomes de todos aqueles com quem viria a conviver nos próximos três meses. Depois disso, sentei-me numa grande cadeira em frente a uma secretária que tinha ficado reservada para mim a ver o site e as redes sociais da organização. A 3 de dezembro de 2018 essa desafiante experiência chegava ao fim. Foi difícil dizer adeus, desde ter de arrumar a cadeira e a secretária, com vista para a rua, que tantos momentos de inspiração me deram, a abraçar os colegas que me apoiaram ao longo do estágio. Estava assim concluído um período de grandes aprendizagens numa organização que me acolheu calorosamente desde o primeiro dia: o INL.

Esta primeira parte do relatório consiste em dar a conhecer a minha experiência de estágio bem como a instituição de acolhimento. Pretendo ainda refletir sobre esse período de aprendizagem, contando os principais desafios e projetos desenvolvidos, mas também as dificuldades encontradas.

1.1 INL, Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia

Fundado pelos governos de Portugal e Espanha, em 2005, o INL é um Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia localizado em Braga, Portugal. Nele trabalham cientistas e investigadores de todo o mundo com o principal objetivo de “tornar o INL no centro mundial da implementação da Nanotecnologia, abordando os principais desafios da sociedade”1. A sua missão é

descrita como “realizar investigação interdisciplinar com tecnologia de última geração, implementar e articular a nanotecnologia para o benefício da sociedade”2.

Figura 1: Logótipo da organização Créditos: INL

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3 Acedido em https://inl.int/organisation/

O INL foi a primeira organização na Europa nas áreas da Nanociência e da Nanotecnologia, abrangendo quatro campos estratégicos, entre eles, Alimentação e Meio Ambiente, Saúde, Energias Renováveis e TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação)3.

A investigação na área da Alimentação e Meio Ambiente “abrange campos complementares que vão desde a tecnologia de alimentos até à biologia e à química, permitindo uma abordagem versátil para enfrentar desafios na qualidade e segurança dos alimentos e na monitorização ambiental”4. Por exemplo, o “desenvolvimento de dispositivos lab-on-a-chip para a análise de alimentos

e água”4, o “desenvolvimento de nanomateriais para embalagens inteligentes que permitem detetar a

contaminação de alimentos”4, ou o “desenvolvimento e avaliação de novos nanomateriais para o

reconhecimento seletivo e captura de contaminantes da água”4.

Na área da saúde, o INL preocupa-se em investigar “o desenvolvimento de novas tecnologias para o diagnóstico e tratamento precoce de doenças”4. Relativamente ao diagnóstico de doenças,

investigam-se “novos biomarcadores para imagens moleculares in vitro e in vivo e são desenvolvidas plataformas microfluídicas e magnetorresistivas para a detecção precoce, isolamento e caracterização de patologias cardiovasculares e cancerígenas”4.

A investigação na área das Energias Renováveis dedica-se à “captura, conversão e armazenamento da energia solar”4. Aqui estudam-se e desenvolvem-se várias tecnologias diferentes

tais como, “conceitos avançados de dispositivos solares nano e micro estruturados baseados em Si, calcogenetos e materiais orgânicos, dispositivos MEMS de recolha de energia e materiais e dispositivos de armazenamento de energia de desempenho elevado”4. Esta área de investigação, além do

desenvolvimento da tecnologia, oferece ainda um “conhecimento especializado e know-how na fabricação de nano e micro estruturas de materiais energéticos, caracterização e teoria de materiais energéticos, que inclui por exemplo métodos avançados de microscopia por sonda de varrimento que caracterizam a interação luz-matéria ou técnicas de imagem com resolução atómica”4, entre outros.

A investigação no âmbito das TIC compreende tecnologias avançadas como, por exemplo, o “desenvolvimento de sensores de campo magnético ou nanodispositivos de RF e memórias não voláteis”4 ou “tecnologia de silício de filme fino usada para produzir sensores de deformação

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5 Acedido em https://inl.int/organisation/ e traduzido pela autora 6 Informação verificada durante o período de estágio no INL

7 Acedido em https://www.youtube.com/watch?v=AvJOwAFQ7kQe traduzido pela autora

O estatuto de organização intergovernamental oferece ao INL a possibilidade de se expandir “a membros de outros países e à participação de instituições e especialistas de todo o mundo, com o objetivo de estabelecer um pólo internacional de excelência, desenvolvendo parcerias com instituições de ensino superior e indústria transferindo conhecimento com valor adicionado, gerando emprego e formando profissionais especializados”5.

Em 2005, na XXI Cimeira Luso Espanhola que decorreu em Évora, foi tomada a decisão de criar uma organização de I&D, como projeto pioneiro a nível europeu resultante de uma parceria entre Portugal e Espanha, em ciência e tecnologia6. Aí ficou decidido que o instituto seria localizado em

Braga, Portugal, no local onde se encontrava o parque de diversões Bracalândia. A sua localização geográfica teve em conta a localização estratégica da cidade de Braga, pela proximidade a centros de pesquisa, empresas nas áreas da ciência e tecnologia e, ainda, a instituições de ensino superior como a Universidade do Minho. Desta forma, a presença do INL na cidade bracarense pretendia impulsionar o desenvolvimento e progresso da região, com um enorme potencial, e com indústrias tradicionais que podem beneficiar da inovação baseada em nanotecnologia. Além disso, Braga é considerada uma cidade bastante jovem e com um espírito empreendedor.

O nascimento oficial do INL deu-se em 2008, altura em que começaram a ser construídas as instalações. Foi inaugurado a 17 de julho de 2009 e, de acordo com José Rivas, primeiro diretor geral da organização, o acontecimento contou com a presença do então Presidente da República, Cavaco Silva, o rei Juan Carlos de Espanha, os primeiros-ministros de Portugal e Espanha, os ministros da Ciência e Tecnologia de ambos os países, entre outras figuras conhecidas7. A inauguração do

laboratório traduz um forte simbolismo para os dois países envolvidos. Na entrada principal do INL está localizada uma pedra gigante de xisto que representa a criação da organização. Segundo José Rivas, “esta pedra foi formada há 500 milhões de anos e foi adotada simbolicamente como a primeira pedra do INL”7 e simboliza ainda a relação de união entre Portugal e Espanha, colocando de parte as

rivalidades históricas entre os dois países.

Finalmente, em 2011, o INL entrava em funcionamento. O edifício tem 14 mil metros de área de laboratórios, onde trabalham cerca de “200 cientistas de todo o mundo e 100 estudantes de doutoramento”8. “A área total construída representa cerca de 26 000 m2, compreendendo um edifício

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8 Acedido em https://inl.int/user-facilities/campus-2/ e traduzido pela autora

9 Acedido em https://www.youtube.com/watch?v=AvJOwAFQ7kQ e traduzido pela autora

equipamentos de última geração, entre os quais uma sala limpa (CleanRoom) classe 100 Micro e Nanofabricação com cerca de 700 m2”8. No INL estão representadas mais de 30 nacionalidades de

todo o mundo, promovendo a diversidade de culturas, idiomas e personalidades. O laboratório de nanotecnologia conta ainda com um auditório com capacidade para 200 pessoas, jardim de infância, ginásio, residência para os investigadores, jardins e diversos espaços para relaxar ou fazer uma pausa no trabalho. Desta forma, o INL manifesta uma preocupação com os seus colaboradores, para que possam equilibrar o trabalho com a sua vida familiar.

O INL foi o primeiro laboratório em todo o mundo dedicado à nanotecnologia, uma área relativamente recente e desconhecida há algumas décadas, mas que hoje está presente em várias formas, tanto na indústria como no nosso dia-a-dia.

Em 2018, nos 10 anos de comemoração do INL, Lars Montelius, diretor geral da organização, manifestou o seu desejo de que o laboratório continue a crescer e a assumir um papel internacional no modo como pode trabalhar com a sociedade de uma forma bastante sustentável9. Também

Marcelo Rebelo de Sousa, atual Presidente da República de Portugal, deu os parabéns ao INL pela última década de muitas conquistas e como rapidamente o laboratório se tornou “num importante ator científico e de inovação, em Portugal, na Península Ibérica e internacionalmente”10.

Contudo, na opinião de Lars Montelius, o sucesso de uma organização não depende apenas das suas infraestruturas ou equipamentos especializados, “mas das pessoas que nela trabalham todos os dias para benefício da sociedade, através da aplicação da nanotecnologia nas mais diversas áreas”10. São os colaboradores do INL, os parceiros, empresas e cidadãos locais que fazem do INL o

principal centro de pesquisa internacional em nanotecnologia, destaca o diretor geral da organização.

Figura 2: Logótipo dos 10 anos de aniversário do INL Créditos: INL

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1.1.1 O Departamento de Comunicação e Marketing

O Departamento de Comunicação e Marketing (CCM) do INL tem como principal propósito conquistar maior visibilidade e reconhecimento para a organização, para que esta se torne na principal referência de nanotecnologia em todo o mundo, abordando os grandes desafios da sociedade. Assim, a sua principal missão consiste em desenvolver estratégias de comunicação e marketing, em cooperação com todas as unidades e departamentos, com o intuito de aumentar a notoriedade da organização entre os seus públicos-alvo.

A equipa de comunicação é composta por 5 elementos, entre os quais Jorge Fiens, chefe do departamento, responsável pelas relações públicas e relação com os média; Gina Palha, que trabalha todo o design e comunicação externa do INL, incluindo por exemplo a gestão das redes sociais; Sandra Maya, criativa da equipa e também responsável pelo design, como a criação de conteúdo para a promoção e divulgação de um determinado evento; Inês Costa, dedicada à comunicação estratégica e a projetos de BSR (Negócios e Relações Estratégicas); e Patrícia Barroso, responsável pela comunicação interna da organização, desde a composição da newsletter a atividades internas e de outreach, como as visitas escolares.

O Departamento de Comunicação e Marketing é ainda constituído pela unidade de “Conference Office”, responsável pela logística dos eventos internos e externos do INL, fornecendo suporte organizacional e operacional para o planeamento e execução desses eventos, e ainda na coordenação de serviços de background para conferências.

De referir que o Departamento de Comunicação trabalha no mesmo espaço físico onde estão presentes também o Departamento de Recursos Humanos, Departamento Financeiro e Administração. Este parece ser um aspeto importante uma vez que facilita a comunicação entre as várias unidades não-científicas da organização. Contudo, a unidade do Conference Office já desempenha as suas funções noutro local do edifício, apesar de pertencer ao Departamento de Comunicação e Marketing.

No que diz respeito à comunicação interna, a unidade de comunicação e marketing dispõe de uma política de comunicação, um plano de comunicação de crises, um documento com as boas práticas da comunicação ou os designados “10 mandamentos” da comunicação, um manual corporativo, vídeos corporativos, displays internos, templates de apresentação, definição de hashtags para as redes sociais, entre outros. Contém ainda um catálogo com os serviços disponíveis, na área das relações com os média, serviços criativos de design gráfico e web design, serviços de redes sociais, marketing, fotografia e vídeo, e publicidade, bem como o tempo de execução de cada uma

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dessas tarefas. Estas ferramentas de comunicação encontram-se disponíveis numa plataforma interna online para conhecimento de todos os colaboradores do INL e para que estes possam pôr em prática todos esses itens corporativos que vão ao encontro da identidade da organização.

É importante destacar o facto de o Departamento de Comunicação e Marketing ser relativamente recente, contando apenas com pouco mais de 3 anos de existência face aos 10 anos de história do INL11. De início faziam parte da unidade de comunicação apenas uma pessoa da área de

jornalismo, pelo que se tornou crucial criar uma equipa que respondesse às necessidades da organização nas várias áreas da comunicação e marketing. Desde então, formou-se uma equipa jovem, experiente e versátil que, apesar de estar há pouco tempo em funções, já desenvolveu vários projetos relevantes na área da comunicação de ciência, procurando expandir o nome do INL para o mundo. Por exemplo, promoveu parcerias com importantes atores nas áreas da ciência e tecnologia, mas também das artes, educação e saúde, para além do seu esforço diário em aumentar o reconhecimento do INL e aproximá-lo da sociedade.

O Departamento de Comunicação é, muito provavelmente, o único que mantém uma relação ativa e de contacto permanente com todas as restantes unidades de trabalho da organização, científicas e não-científicas, uma vez que constitui um elo de ligação essencial para o funcionamento e desempenho do INL.

1.1.2 Projetos e Parcerias na Comunicação de Ciência

Em 10 anos de história, o INL desenvolveu inúmeros projetos e investigações científicas que marcaram a evolução da ciência e da tecnologia na Europa e no Mundo. Além disso, o laboratório de nanotecnologia estabeleceu parcerias com importantes atores nas mais diversas áreas relacionadas com a ciência e a nanotecnologia, com a ambição de ser reconhecido como uma referência nacional e internacional nesta área, respondendo às principais necessidades da sociedade.

Relativamente a parcerias locais, o INL conta com o apoio da Câmara Municipal de Braga, a Startup Braga/Invest Braga, ou a Universidade do Minho, entre outros. No âmbito da parceria com a Invest Braga, várias startups encontram-se instaladas no INL para o desenvolvimento de projetos empreendedores. O objetivo passa por apoiar a criação de novas empresas ou ajudar as empresas já existentes a tirarem partido da ciência e da tecnologia que se faz no laboratório de nanotecnologia, de forma a melhorarem os seus produtos e ideias. A Câmara Municipal de Braga e a Universidade do Minho constituem dois importantes parceiros com bastante influência na cidade minhota e no norte do país, apoiando o INL ao nível da inovação e da investigação. Por outro lado, o INL posiciona a cidade

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de Braga no mapa da inovação e da ciência à escala global e contribuindo para o desenvolvimento da cidade. De referir ainda que os principais parceiros do INL são, na sua maioria, centros de investigação, instituições de ensino superior e a indústria.

Na área da inovação e das energias renováveis, o INL tem várias parcerias com atores decisivos nesta matéria. Por exemplo, no INL Summit 2018, um dos maiores eventos externos da organização, a organização fez uma parceria com os TUB (Transportes Urbanos de Braga), para o uso de autocarros elétricos, e com a BMW para a promoção de carros elétricos. Além disso, o INL procura estabelecer alguns protocolos, denominados corporate agreements, para que os seus colaboradores possam beneficiar de descontos em empresas ligadas à alimentação saudável ou ao desporto, por exemplo, como lojas de venda de produtos naturais ou ginásios locais.

Nos últimos tempos, o laboratório de nanotecnologia tem manifestado uma grande preocupação com o meio ambiente e a sua sustentabilidade. Desta forma, o INL criou um projeto denominado “Scale Zero”, com o propósito de partilhar iniciativas eco-friendly e amigas do ambiente com todos os seus colaboradores, procurando consciencializar para a importância da prática de atitudes sustentáveis. Como exemplo, o INL distribuiu por todos os INLers (nome atribuído aos seus colaboradores) canecas de porcelana com o logo do “Scale Zero” como forma de substituir os copos de plástico usados para beber água ou café durante os coffee-break. Aliado a isto, o INL decidiu acabar com os copos de plástico das máquinas de café dentro das suas instalações. Para além destas medidas internas, o INL procurou assumir a sua posição sobre esta temática partindo de iniciativas externas. Em 2018, o laboratório de nanotecnologia criou uma parceria com o IKEA no âmbito do Green Fest, o maior evento de sustentabilidade em Portugal, que decorreu entre os dias 1 a 3 de junho no Altice Fórum Braga. As duas organizações marcaram presença no evento onde apresentaram uma casa sustentável do futuro, a “NEEHO - Nanotech Enabled Eco House”, uma casa desenvolvida com materiais reciclados e reutilizáveis, com aplicações da nanotecnologia que ajudam a contribuir para um planeta mais amigo do ambiente. O espaço inclui ainda várias demonstrações de realidade virtual que mostram como a ciência e a tecnologia podem ajudar a melhorar a utilização de recursos e a reduzir o desperdício alimentar nas nossas casas.

No que toca ainda a parcerias realizadas com atores das áreas não-científicas, destaca-se o projeto denominado “Scale Travels”, que consiste na aproximação da ciência às artes através da nanotecnologia. Em parceria com a Gnration, espaço de artes e tecnologia localizado no centro de Braga, o INL desenvolveu um programa com o objetivo de conseguir uma abordagem híbrida e multidisciplinar entre a ciência, tecnologia e arte. Este projeto deu origem a uma galeria no edifício da

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Gnration onde são expostos trabalhos artísticos que aproximam arte e ciência, a partir da colaboração de artistas, nacionais e internacionais, e investigadores. Os artistas desenvolvem os seus projetos no INL, acompanhados por cientistas de uma determinada área de investigação, durante um determinado período de tempo. Como resultado final, apresentam um projeto visual no qual retratam a sua visão da ciência aliada às artes, ajudando a descodificar o trabalho dos investigadores através de peças de som e imagem ou peças interativas. Deste modo, este projeto permite ao INL reforçar a sua abertura à comunidade e tornar acessível a ciência e o conhecimento que produz.

Nesta matéria, o INL também realiza diversos eventos externos e atividades de outreach com o objetivo de se aproximar da população e descomplicar o significado da nanotecnologia. A “Noite Europeia dos Investigadores”, o “INL Summit”, o “Dia Aberto”, a “Missão Nerd”, ou a receção de escolas secundárias e turmas universitárias para visitar as instalações do laboratório de nanotecnologia são alguns dos principais projetos que a organização tem desenvolvido para dar a conhecer o trabalho dos seus investigadores e, ao mesmo tempo, aumentar a sua notoriedade. Aquando da realização de eventos externos, o INL conta com a ajuda de parceiros institucionais, tais como instituições de ensino superior ou media locais.

A relação entre uma organização e os media é fundamental para que aquela se torne mais facilmente conhecida perante a população. Neste sentido, é preocupação do departamento de comunicação e marketing procurar criar relações de confiança e de interesse com os principais meios de comunicação. Por esta razão, o INL assume a estratégia de comunicar os seus principais projetos ou investigações com a agência de notícias Lusa, para que depois esta transmita a mensagem aos restantes meios. Por outro lado, tem-se intensificado uma boa relação com o jornal Público, nomeadamente na secção de Ciência, que já contou com várias notícias sobre o INL, além de algumas capas de jornal dedicadas a conteúdos científicos. Este tem sido, então, um dos meios de comunicação preferenciais sempre que se pretende divulgar um novo estudo ou descoberta realizada pelos investigadores do laboratório de nanotecnologia, também por ser um dos jornais de referência em Portugal e que possibilita um maior destaque a conteúdos relacionados com a ciência e a tecnologia. Ainda sobre o mesmo assunto, no dia 19 de outubro de 2018, o INL recebeu nas suas instalações uma equipa de reportagem da TSF, que realizou a sua emissão em direto, das 8h às 10h da manhã, explorando o tema dos 10 anos de aniversário do INL. Assim, a organização tem apostado em criar boas relações com os media procurando dar a conhecer o seu trabalho de forma mais eficaz. O INL recebe, todos os meses, um documento de Performance de Comunicação que consiste num relatório com dados de clipping enviado e elaborado pela empresa CISION, um software que

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disponibiliza online uma série de serviços e recursos de apoio à comunicação. Aí estão incluídos dados de clipping dos meios online como, jornais, revistas, rádios, canais de televisão, blogues e outros canais de notícias; meios impressos de jornais e revistas; televisão e rádio. Para além disso, mais recentemente, o INL passou a receber dados de clipping diariamente, sendo que no final de cada semana partilha por email, com os seus colaboradores, todos os conteúdos nos quais a organização foi mencionada ao longo dessa semana.

Em 2018, o INL marcou presença pela primeira vez na EMAF, a Feira Internacional de Máquina, Equipamentos e Serviços para a Indústria, que decorreu na Exponor – Feira Internacional do Porto, em Matosinhos. Nesse evento, a organização apresentou soluções que têm vindo a ser desenvolvidas na área das “KET – Key Enabling Technologies”, para a Indústria 4.0 ou “Quarta Revolução Industrial”. No mesmo ano, o INL venceu o prémio Bartolomeu de Gusmão na categoria de Propriedade Intelectual e Inovação Tecnológica por ter sido a organização em Portugal com maior número de pedidos de patentes, como estratégia de proteção à inovação. Este prémio foi criado com o objetivo de distinguir as organizações, empresas ou indivíduos que se destacaram na proteção da inovação que desenvolveram, tornando-os num exemplo a seguir.

De uma forma geral, o INL tem vindo a estabelecer parcerias nacionais e internacionais nas mais diversas áreas científicas, inclusive aquelas que à partida não têm uma relação tão próxima com a ciência, como por exemplo as artes. Contudo, através da nanotecnologia estas áreas conseguem colaborar e trabalhar em conjunto para a obtenção de resultados inovadores. A nanotecnologia ajuda a solucionar problemas, muitas das vezes de forma inesperada e criativa, pela sua capacidade de conciliar áreas como a ciência, tecnologia, artes, saúde ou educação, permitindo ao INL abrir novos horizontes.

1.1.3 Públicos

De forma a dar a conhecer melhor o INL, a sua área de atuação e principais objetivos, torna-se relevante mencionar os torna-seus públicos-alvo e perceber com quem e para quem a organização comunica e divulga as suas mensagens.

No que diz respeito ao target interno, estão representados os públicos científicos e os públicos não científicos. Nos primeiros estão presentes os investigadores e cientistas, que constituem um público-chave do INL, uma vez que o sucesso e desempenho da organização depende do seu trabalho. Estão ainda representadas as filiais e centros tecnológicos do INL, localizados em Israel, Escandinávia, Bruxelas, Dubai, Xangai, Hong Kong, Austin e Boston, com quem o laboratório de nanotecnologia

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mantém uma relação de contacto permanente. Do segundo grupo fazem parte os colaboradores da organização dos vários departamentos não-científicos, mas também auxiliares de limpeza, funcionários de cozinha e pessoal da segurança.

Relativamente aos públicos externos, o INL comunica para os seus parceiros nas áreas científicas e não científicas; fornecedores e investidores, entre eles os Governos de Portugal e Espanha; médias e grandes empresas, potenciais utilizadoras e beneficiárias da nanotecnologia; empresas de inovação e tecnologia, nacionais e internacionais; empresas dedicadas exclusivamente à investigação da nanotecnologia, como startups; escolas secundárias; instituições de ensino superior de Portugal e Espanha; líderes políticos, nacionais e internacionais; influencers e figuras públicas das áreas da ciência e da tecnologia; comunidade local, a cidade de Braga; media online, impressos, rádio e televisão, sobretudo ao nível ibérico mas também internacionais; media especializados em ciência e tecnologia; e o público em geral.

1.2 Relato da Experiência de Estágio

Ao longo de três meses, de 3 de setembro a 3 de dezembro de 2018, fiz parte da equipa de comunicação e marketing do INL. Um dos principais fatores que levou à escolha da realização de um estágio curricular nesta organização prendeu-se com a sua proximidade geográfica à Universidade do Minho, mas essencialmente porque a comunicação de ciência é uma área em constante expansão e ainda pouco explorada em Portugal. Por esta razão, este mostrou ser um projeto muito desafiante, contrastando com o que habitualmente se pratica na área da comunicação no nosso país.

Inicialmente, o meu orientador no INL, Jorge Fiens, chefe do departamento de Comunicação e Marketing, procurou familiarizar-me com a organização de tal modo que me proporcionou uma visita guiada pelas instalações, no meu primeiro dia de estágio. Após ter ficado a conhecer melhor o laboratório de nanotecnologia e o seu trabalho, fui aconselhada a realizar uma pesquisa mais aprofundada através do site oficial da organização, das suas redes sociais e de notícias divulgadas nos media. Além disso, o meu orientador forneceu-me alguns documentos internos da organização, entre os quais a Política de Comunicação, as Boas Práticas da Comunicação, o Plano de Comunicação de Crises, ou dados sobre a Performance da Comunicação ao longo dos meses. Assim, na primeira semana de estágio, tive como principal objetivo recolher o máximo de informações sobre o INL, bem como os projetos desenvolvidos na área da comunicação de ciência, para posteriormente poder realizar todas as tarefas propostas de um modo mais eficaz.

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Contudo, uma vez que não me foi atribuído um plano concreto de tarefas a executar, fui desempenhando funções de acordo com as necessidades de cada dia. Deste modo, as atividades eram realizadas em função do que o meu orientador ou as colegas de equipa me pediam para um determinado dia. Em alguns momentos, tive a iniciativa de realizar tarefas que não me tinham sido propostas, mas que considerei poderem ser relevantes para determinados projetos ou atividades relacionadas com a comunicação de ciência no INL.

As relações públicas e a comunicação de ciência foram, desde logo, o tema que me suscitou maior interesse, sobretudo perceber a forma como as instituições científicas procuram comunicar o seu trabalho à sociedade. O estágio no INL permitiu-me ter contacto direto com as diferentes formas que uma organização científica adota para divulgar os seus projetos aos seus diferentes públicos e como procura simplificar a sua atividade à comunidade não científica. Tive ainda a possibilidade de trabalhar em diferentes áreas da comunicação, desde tarefas de competências de design, imagem, vídeo, à participação em eventos internos e externos e elaboração de planos de comunicação estratégica. Portanto, ao longo do estágio deparei-me com tarefas teóricas e ligadas a trabalho de pesquisa, o que envolvia muitas horas em frente ao computador, mas também me foi dada a oportunidade de realizar atividades mais práticas e de contacto com os públicos.

Normalmente, todas as semanas eram realizadas reuniões de equipa, dentro do departamento de comunicação e marketing, das quais eu fazia parte. Esses momentos tinham como principal propósito informar sobre as principais tarefas que cada membro da equipa tinha em mãos, além de dúvidas, esclarecimentos, troca e partilha de ideias, planeamento de atividades e projetos a desenvolver, entre outros.

Ao longo do estágio realizei diversas tarefas de natureza multimédia, algo que, confesso, não estava à espera de fazer com tanta regularidade, uma vez que as relações públicas e a comunicação estratégica eram o meu principal ponto de interesse. No entanto, rapidamente percebi a importância de um profissional de relações públicas possuir competências em quaisquer áreas da comunicação, seja na publicidade, marketing, relações públicas ou audiovisual e multimédia. Deste modo, pude constatar que na comunicação é realmente essencial sermos dinâmicos e multifacetados, mais do que querermos apenas trabalhar numa área em específico. Além disso, desde cedo me apercebi que a equipa de comunicação com que colaborei precisava de alguém que ajudasse a responder a todas as necessidades gráficas de cada dia. Isto porque, uma grande parte do trabalho do departamento de comunicação passa por realizar tarefas de natureza gráfica, design, web design, edição de vídeos e fotografias, tradução de textos, entre outras. Por esta razão, sinto que fez parte da minha

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aprendizagem e crescimento profissional ter a capacidade para colocar de parte os objetivos ou desejos pessoais em prol das necessidades da equipa.

No que diz respeito às principais dificuldades encontradas, penso que estas se transformaram em desafios que me foram propostos ou que estabelecia comigo mesma, por exemplo, esforçar-me para ser autónoma e ter iniciativa própria sem estar à espera que me fossem incumbidas tarefas. Como exemplo, durante o período de estágio procurei ler alguns artigos e notícias sobre a nanotecnologia de forma a perceber melhor sobre o tema. No meu entender, não seria possível comunicar um determinado assunto nesta área de uma forma real e eficaz sem antes entender verdadeiramente do que se tratava.

Relativamente ao ritmo e registo de trabalho, não senti grandes dificuldades, uma vez que na maioria das vezes me eram dados prazos de entrega relativamente fáceis de cumprir. Mas também houve momentos em que tive de acelerar o ritmo para conseguir realizar todas as tarefas propostas, o que fez parte do processo de aprendizagem e de aproximação ao mercado de trabalho. De outro lado, a adaptação ao formato da organização também não foi difícil, por exemplo, pelo facto de toda a comunicação dentro do INL ser feita em inglês. E, curiosamente, dentro de um departamento com elementos de nacionalidade portuguesa, nomeadamente aquele onde estive inserida, excetuando a comunicação pessoal, todos os outros meios eram realizados maioritariamente em inglês, até mesmo as mensagens de email trocadas entre elementos da equipa.

No INL tive a possibilidade de experienciar o ambiente de trabalho de uma organização em constante evolução, fazendo parte de uma equipa versátil e dinâmica, com um ritmo de deadlines permanente, incluindo a gestão de projetos com os vários departamentos, científicos e não-científicos. Os três meses de estágio passaram bastante rápido, contudo, uma das maiores recompensas que daí retirei foi saber que consegui integrar uma equipa já em funcionamento e ser capaz de aplicar os conhecimentos e as competências que adquiri ao longo da licenciatura e do mestrado. E, sem dúvida, tudo isto acompanhado de uma aprendizagem contínua na área da comunicação de ciência.

1.2.1 Descrição das tarefas desenvolvidas

A primeira semana de estágio foi relativamente calma, com uma fase de adaptação ao ambiente de trabalho. Nessa semana foi-me dado acesso a uma cloud interna do departamento, onde são colocados todos os projetos realizados e em desenvolvimento, tendo sido uma excelente

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ferramenta de pesquisa do trabalho já efetuado pela equipa. Porém, rapidamente passei a ter tarefas de maior responsabilidade e dias mais preenchidos.

Ainda na primeira semana, estive envolvida em dois projetos inovadores na comunicação de ciência do INL, o ‘Scale Travels’ e o ‘Scale Zero’. O primeiro foi-me dado a conhecer através de uma das colegas de equipa, que me propôs realizar uma pesquisa sobre o tema e ao mesmo tempo pensar em algumas ideias para o desenvolvimento do programa entre artes e ciência, nomeadamente em conteúdos para colocar no site do projeto. No segundo projeto, fui convidada a assistir a uma reunião, na qual houve uma discussão e partilha de ideias sustentáveis e criativas para pôr em prática no INL. Desta forma, fui sentindo que fazia parte de uma equipa e que todos contavam comigo para ajudar nos desafios que pudessem surgir.

Uma das primeiras tarefas desenvolvidas consistiu na tradução de textos de português para inglês e espanhol, e vice-versa, principais línguas da organização, para posteriormente serem colocados como legenda num conjunto de vídeos de um projeto denominado ‘NanoEaters’. Este programa procura encontrar soluções para variados problemas com base na aplicação da nanotecnologia. Desenvolvi também tarefas de edição de imagem, som e vídeo, sendo que as competências adquiridas ao longo da licenciatura contribuíram bastante para executar essas atividades de forma autónoma. Por exemplo, editei um vídeo de um workshop sobre a utilização da nanotecnologia nas indústrias marítimas, o ‘Maritime Webinar Workshop’, tendo como narrador um investigador do INL.

Nos últimos anos, o INL tem recebido estudantes de vários países do mundo que estagiam na organização, desenvolvendo projetos na área da nanotecnologia e apresentando-os aos investigadores e diretores do INL. Este projeto tem o nome de ‘Summer Students’, ou seja, consiste em estágios de verão para alunos das áreas das ciências, nacionais e internacionais. As apresentações dos seus trabalhos foram gravadas para depois serem partilhadas com os mesmos. Para tal, fiquei encarregada de realizar a edição desses vídeos, algo simples, que incluísse o logo do projeto e da organização, os nomes dos participantes e uma parte dedicada aos agradecimentos e entrega de certificados por parte do diretor geral do INL, Lars Montelius.

Ainda na área da multimédia, uma das atividades que mais gostei de realizar foi a participação na edição do vídeo de comemoração dos 10 anos do INL, que conta com testemunhos de figuras importantes na história da organização, mas também figuras políticas e parceiros. Numa primeira fase, procurei reunir todos os testemunhos existentes no canal de youtube do INL, para fazer uma compilação das partes mais importantes relatadas em cada vídeo. No total, foram utilizados sete

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testemunhos, entre os quais o de Lars Montelius e o de Ricardo Rio, Presidente da Câmara Municipal de Braga. Com a ajuda de uma das colegas de equipa, responsável por este projeto, tentei criar um storytelling ao longo do vídeo, no entanto, o acabamento e a concretização do mesmo foram tratados por um especialista nesta matéria. O vídeo foi divulgado pela primeira vez no INL Summit, durante a comemoração do aniversário de uma década do INL, resultando num momento emotivo e com forte simbolismo para todos os colaboradores da organização. Apesar de não ter realizado o vídeo na sua totalidade, contribuí em parte para o mesmo, o que me deixou muito satisfeita por sentir que integrei um projeto com um significado especial para a organização.

No último mês de estágio, colaborei na edição de dois vídeos sobre breves workshops de aplicação da nanotecnologia na área da indústria marítima, no âmbito do projeto ‘NanoDesk’. Uma das colegas de equipa convidou-me a fazer parte do projeto e a assistir às gravações dos workshops com duas investigadoras do INL, pertencentes ao grupo de investigação da qualidade da água. Ambos os workshops eram destinados ao público científico, sendo que um abordava o tratamento de moluscos e o outro os peixes-zebra, recorrendo à nanotecnologia para um uso seguro e sustentável dos recursos hídricos. Neste projeto também procedi à edição do som do discurso das narradoras do workshop, retirando os ruídos de fundo existentes, uma vez que os vídeos foram filmados em laboratório onde era possível ouvir sons de máquinas em funcionamento que poderiam atrapalhar a compreensão da narrativa.

No que diz respeito ao design, desempenhei algumas tarefas de organização e divulgação dos workshops científicos a decorrer no INL, que incluíam a preparação de todo o material de design necessário para acompanhar os eventos. Deste modo, preparei roll ups; posters; cartazes de sinalização do auditório onde decorreram os eventos, cafetaria, casas de banho, entre outros; banners para as redes sociais; cartões de visita para os oradores; leaflet, ou seja, um folheto com o programa do workshop, nomes e informações sobre os oradores, horários, nome do evento e logótipo, e indicação dos principais patrocinadores e organizadores do evento; poster list com a identificação dos autores de cada projeto científico e o título da investigação que desenvolveram como guia para a poster session, área onde estavam expostos os vários trabalhos realizados no âmbito do workshop, ordenados por números; diplomas e certificados de participação ou de entrega de prémios para os vencedores de melhor poster científico. Para um desses workshops foi-me ainda pedido que fizesse a sua cobertura fotográfica durante os dois dias do evento, e posteriormente tive de selecionar as melhores fotografias para serem colocadas nas redes sociais da organização.

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Um dos trabalhos que realizei mais relacionado com as redes sociais teve a ver com o projeto FODIAC, destinado à aplicação da nanotecnologia em alimentos funcionais para idosos e diabéticos, com o objetivo de ajudar a melhorar os níveis de diabetes e a capacidade cognitiva dessas pessoas, ajudando assim a melhorar a sua qualidade de vida. A tarefa consistiu na preparação de um banner para colocar na página do Facebook e do Linkedin do projeto, com o seu nome, logótipo e as suas cores de identidade.

No último dia do INL Summit, cujo tema foi sobre a conferência ‘Missão 10.000’, uma iniciativa para aumentar o impacto da investigação em questões socialmente relevantes, como discutir o potencial da nanotecnologia para impulsionar o crescimento inteligente e transformar a discussão em ação. Nesse âmbito, ajudei a preparar o booklet para o evento, que incluía informações sobre a conferência, desde o programa com horários e biografias dos oradores, a textos informativas sobre Braga. Para tal, foi utilizado o programa Adobe Illustrator, ferramenta de design, no qual escrevi uma parte dedicada à cidade de Braga e principais locais históricos a visitar. Além disso, ajudei na tradução do programa da conferencia de inglês para português e espanhol, bem como das biografias dos oradores científicos e transversais presentes no evento.

1.2.2 Atividades de contacto com os públicos

Como já referi, durante o período de estágio no INL não realizei apenas tarefas de natureza administrativa, mas também tive a oportunidade de estar envolvida em eventos destinados à divulgação da organização, dando a conhecer a nanotecnologia e as suas várias formas de aplicação.

O primeiro projeto neste âmbito no qual estive inserida foi a ‘Noite Europeia dos Investigadores’. Num primeiro momento, juntamente com a equipa que me acompanhou, assisti a uma formação em comunicação de ciência que teve lugar no INL, orientada por uma especialista na área. Esse momento teve como objetivo preparar os voluntários para o evento, mostrando como devem fazer a comunicação dos seus projetos ao público, simplificando a mensagem científica, com recurso a estratégias, tais como a utilização de metáforas.

No dia 28 de setembro, grande parte do dia foi passado no Porto, no Palácio das Artes, onde decorreu o evento. Participei como voluntária e fiquei responsável pela demonstração de duas experiências na área da nanotecnologia, uma sobre a formação de nanopartículas e nanoestrelas de ouro e outra a respeito das nanopartículas magnéticas. Ao meu lado, tinha uma colega de um outro departamento do INL e a investigadora responsável pelas experiências, a quem recorríamos para

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esclarecimento de dúvidas. A nossa função era demonstrar as experiências, explicando o seu significado e impacto na sociedade. Pelo evento passaram famílias com crianças, estudantes, jovens, adultos e até mesmo estrangeiros. O grande desafio passou por tentar simplificar a complexidade do discurso científico, sobretudo quando a mensagem era direcionada a crianças. No entanto, esta foi uma experiência que possibilitou um primeiro contacto com diversos públicos, ajudando a obter algum feedback relativamente ao tema em questão. Para o mesmo assunto, no momento pós-evento, fiquei encarregada de editar o vídeo da atividade e de selecionar as melhores fotografias para serem divulgadas nas redes sociais do INL.

Em outubro, participei num dos eventos mais importantes da organização, o ‘INL Summit’. Este era destinado maioritariamente a um público científico, uma vez que consistia num conjunto de conferências que pretendiam debater a transformação da economia global, com o tema principal “Nanotecnologia: um facilitador para a nova economia”. O evento, que decorreu entre os dias 15 a 17 no Altice Fórum Braga, contou com mais de 30 oradores e especialistas vindos de todo o mundo, que discutiram as mudanças relacionadas com as alterações climáticas, mobilidade e era quântica. No evento estiveram presentes investigadores e comunidade científica, parceiros e parceiros institucionais do INL, figuras políticas, jovens estudantes interessados pela área da nanotecnologia, entre outros.

Nos dois primeiros dias, fiquei responsável pela gestão de uma plataforma online, na qual os participantes podiam submeter as suas questões, das quais eram selecionadas algumas para serem debatidas pelo painel de oradores no final de cada sessão. Os critérios de seleção tinham a ver essencialmente com a diversidade das perguntas que eram colocadas. Nesta tarefa tive a ajuda de uma das colegas de equipa, para o caso de ter alguma dúvida na escolha das questões. No último dia do evento, ajudei a colocar roll ups, cartazes e outros meios informativos e de sinalização das salas das palestras e workshops inseridos na conferência ‘Missão 10.000’ e, no final, a arrumar alguns desses materiais. Durante esses três dias, pude observar toda a dinâmica de um evento desta envergadura, onde tudo tem de estar ‘perfeito’ para corresponder às necessidades do público. Notei alguma agitação e ansiedade acompanhadas de um stress diário nos últimos dias que antecederam o evento, o que é bastante normal e que faz parte de um processo de aprendizagem para todos. Geralmente, neste tipo de eventos acontecem alguns imprevistos e situações menos agradáveis, mas é dever da entidade que os organiza e, particularmente, da unidade de comunicação saber como gerir e ultrapassar esses momentos da melhor forma.

Em parceria com o Hospital de Braga, o INL desenvolveu o projeto ‘Missão Nerd’, que conta com um grupo de investigadores e voluntários que, durante o tempo de espera dos utentes no

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hospital, procuram dar a conhecer a nanotecnologia e descomplicar a ciência. Ao mesmo tempo, a equipa tem como objetivo tornar esse período de espera menos aborrecido para os utentes.

Através de uma das colegas de equipa fui convidada a participar neste projeto, pelo que no dia 30 de outubro reuni-me com o grupo da ‘Missão Nerd’ para passar a manhã no Hospital de Braga. Visitámos algumas salas de espera, desde as consultas externas à pediatria e zona de internamento, sendo que falamos com pessoas de diferentes idades. Os investigadores iniciaram o seu discurso esclarecendo ao público o motivo da sua presença, perguntando depois se alguém sabia o que era o INL e a nanotecnologia. O grupo, auxiliado por um roll up, procurava explicar o significado da nanotecnologia, recorrendo a exemplos e metáforas, tais como “um nanómetro é mil milhões de vezes mais pequeno que um metro” ou “um nanómetro para uma bola de ténis é o mesmo que uma bola de ténis para o planeta Terra”. As pessoas podiam até medir a sua altura em nanómetros e assim constatar o facto de a nanotecnologia constituir uma realidade que não é possível ser visível a olho nu.

Após uma breve explicação do tema, apresentamos um conjunto de materiais para demonstração de experiências simples, que podemos fazer em casa. Por exemplo, como espetar um palito num balão sem o rebentar ou espetar uma palhinha numa batata sem estragar o objeto. O público foi convidado a realizar essas experiências, o que resultou num momento de maior aproximação entre as partes. Foram ainda apresentadas algumas experiências mais elaboradas e relacionadas, em específico, com a nanotecnologia, e que provocaram algum espanto e curiosidade por parte dos utentes. Notamos uma adesão a esta atividade bastante positiva, desde os miúdos aos mais graúdos. Contudo, foi notória uma maior curiosidade por parte das crianças e nos adultos alguma reticência e hesitação em relação à realização das experiências e à colocação de perguntas aos investigadores. Portanto, neste projeto o grande desafio consistiu em procurar adaptar o discurso aos diferentes públicos presentes e perceber o seu feedback no que toca à sua relação com a ciência e o seu conhecimento acerca da nanotecnologia e do INL.

Uma das últimas experiências que tive de contacto com os públicos externos foi aquando de uma visita das Universidades Católica de Braga, Porto, Viseu e Lisboa ao INL. A visita decorreu durante a tarde de uma sexta-feira, na qual recebemos quase 250 estudantes. Tratando-se de um elevado número de pessoas, a unidade de comunicação decidiu dividir os estudantes em seis grupos, sendo que os três primeiros assistiam a uma apresentação da organização no auditório enquanto os restantes grupos realizavam a visita guiada pelas instalações do INL, e vice-versa. Para tal, foi necessário contar com a ajuda tanto de investigadores para orientar as visitas guiadas e procederem à explicação das várias zonas dos laboratórios e áreas científicas, como de voluntários para ajudar a

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reunir cada grupo, não deixando que ninguém ficasse para trás. Estive inserida neste último grupo, tendo ajudado a guiar dois dos seis grupos presentes. Esta é uma atividade de outreach que possibilita o contacto com os públicos, neste caso com um público jovem e universitário, que representa um dos principais targets do INL. Esta atividade faz parte de uma estratégia da organização para incentivar jovens estudantes a aproximarem-se da ciência e da tecnologia e a verem no INL um local que lhes permite desenvolver os seus projetos científicos e crescer ao nível profissional.

A participação neste tipo de eventos proporcionou-me o contacto direto com os públicos, algo que ainda não tinha sido muito explorado durante o estágio e que considero ter sido uma oportunidade muito gratificante e enriquecedora. Isto porque coloquei em prática capacidades, como o contacto cara a cara com diferentes públicos, adaptação do conteúdo e da linguagem utilizada em cada mensagem consoante os públicos, com o principal propósito de encontrar a melhor forma de comunicar ciência, nomeadamente, a nanotecnologia. Além disso, constatei a importância da organização de eventos externos e outras atividades de contacto com a população para o aumento da notoriedade da organização e o envolvimento com a sociedade.

1.2.3 Trabalhos realizados de forma autónoma

Desde o início do estágio que estava consciente da importância de ser necessário, em alguns momentos, tomar a iniciativa de realizar trabalhos de forma autónoma e que considerasse serem relevantes para ajudar ao melhor desempenho da comunicação do INL.

A primeira atividade realizada neste sentido prendeu-se com a elaboração de uma análise SWOT, que permitiu fazer um diagnóstico geral da entidade de estágio quanto ao nível interno e externo. Para estes dois cenários foram avaliados os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças consideradas mais relevantes. Com este trabalho, procurei perceber o panorama geral da organização, reunindo informações sobre a mesma, de modo a ficar com uma ideia das suas principais características e aspetos diferenciadores face à concorrência, mas também das limitações existentes relacionadas com a sua atividade.

Após o INL Summit, preparei um documento com um balanço do evento e um conjunto de ideias e sugestões para as próximas edições. A ideia já me tinha sido sugerida por membros da equipa para pensar em algumas propostas para pôr em prática no evento desse ano. No entanto, como não tinha conhecimento e experiência neste âmbito, uma vez que seria a primeira vez que participava num evento desta dimensão e numa área tão particular como é a nanotecnologia, achei que poderia dar um

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melhor contributo após o contacto com o evento. Neste seguimento, apresentei à equipa de comunicação do INL uma proposta com sugestões para melhorar a comunicação do evento nos anos seguintes. A apresentação incluiu pontes fortes e aspetos a melhorar no evento, sobretudo ao nível da sustentabilidade ambiental, marcada por muitos dos temas abordados nas diversas conferências. A realização deste trabalho deu-me uma motivação extra, mas também me deixou ansiosa, uma vez que iria mostrar à equipa com quem estava a colaborar as minhas capacidades na área. Por esta razão, a oportunidade de apresentar as minhas ideias constituiu um desafio de grande responsabilidade e que me colocou à prova a nível individual e profissional. O feedback da equipa em relação à apresentação foi muito positivo, sendo que gostaram de grande parte das ideias e iniciativas sugeridas e propuseram a melhoria de outras.

Nas últimas duas semanas de estágio, para além das necessidades de cada dia, ocupei o meu tempo na elaboração de uma estratégia de comunicação para uma rede social do INL. Isto porque, um dos objetivos de comunicação da organização para 2019 passava pela criação de uma conta no Instagram, pelo que resolvi propor uma estratégia de comunicação para esta rede social. O documento continha um pequeno enquadramento do que já existe ao nível digital na área científica, os principais objetivos com a criação da página no Instagram, os públicos a quem se dirige, mensagens-chave a comunicar aos diferentes públicos, o plano de ações criativas e a calendarização. A ideia agradou o meu orientador que me incentivou, desde logo, a desenvolver esse trabalho por considerar ser relevante para ajudar a alcançar um dos objetivos comunicacionais da organização. Contudo, já com o estágio a chegar ao fim, acabou por não haver oportunidade de apresentar o projeto à equipa, mas tal não ficou esquecido e ficou prometido que o faria numa data a combinar.

Este foi um dos maiores desafios que tive ao longo de todo o estágio, uma vez que tanto na licenciatura como no mestrado este tipo de trabalhos eram realizados em grupo. Aí havia um feedback imediato por parte de todos os elementos, enquanto que no estágio fui apenas eu a realizar esse projeto, o que por vezes me deixou com algumas dúvidas relativamente às minhas ideias. Tratava-se de um trabalho de cunho próprio, pelo que tive de estar preparada para lidar e aceitar possíveis críticas positivas e negativas e ao mesmo tempo defender a minha proposta, como se se tratasse da aprovação de um projeto por parte de um cliente.

Com o aproximar do fim do estágio avizinhava-se a altura natalícia, com a chegada do mês de dezembro. O INL decidiu organizar um jantar de natal com todos os seus colaboradores, no dia 14 de dezembro. A organização do evento ficou a cargo da unidade de comunicação, o que exigiu que a sua preparação fosse feita com alguma antecedência, de modo a não ser apenas um jantar de empresa

Imagem

Figura 2: Logótipo dos 10 anos de aniversário do INL  Créditos: INL

Referências

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