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Entrevista a Jorge Fiens, Diretor de Comunicação do INL

1. Em que ano foi criado o gabinete de comunicação do INL? Desde o início do INL, então com a designação “Communication and PR”.

2. Para que públicos estabelece o gabinete as suas estratégias de comunicação? E quais são os públicos prioritários da instituição?

O INL é uma instituição que tem 10 anos, mas ainda só tem 10 anos, o que em termos comparativos com outras organizações de investigação científica nacionais e internacionais é muito pouco. Por exemplo, o CERN tem 50 anos, o EMBL tem outros 50, perto disso, refiro estes dois que têm estatuto intergovernamental tal como o INL. Portanto, o INL está há muito pouco tempo neste cenário global de investigação científica, apesar de já ter um trabalho relevante na área da nanotecnologia.

O facto de o INL ser uma instituição relativamente recente faz com que a sua cultura interna ainda não esteja tão moldada e estabelecida como seria de desejar. Isto porque, se quisermos transmitir uma imagem para fora do INL temos de a construir primeiro “cá dentro”, e esse é um processo que está ainda muito aberto. Em qualquer instituição está-lo-ia sempre mas aqui está muito aberto, não há uma cultura estabelecida que possamos dizer “a cultura do INL é esta”. De modo que, esse é o primeiro público que temos, o público interno.

Depois temos como público os nossos estados-membros que são os primeiros financiadores ou os mais diretos, mas não são os maiores. Temos também o público das instituições europeias, ou seja, os nossos investigadores cada vez que se candidatam à obtenção de um fundo têm de comunicar de uma forma que seja mais adequada para conseguir garantir esse financiamento. Temos ainda o público mais nacional, que tem a ver com o facto de o INL ser uma instituição que apesar de ser intergovernamental está localizada em Portugal, e também um público local, pois o INL não é uma ilha, apesar de estar num sítio com gradeamento e ter um estatuto territorial próprio, isso não significa que o INL seja uma ilha, não o é.

Desejavelmente, queremos que o INL seja visto cada vez mais como uma instituição de Braga, apesar de não o ser. É uma instituição que as pessoas devem poder considerar como sua e devem ter orgulho nisso, da mesma forma que queremos que internamente as pessoas tenham orgulho nisso. Portanto, esses são os públicos que, à partida, entendemos que são os públicos para os quais direcionamos mais a nossa comunicação.

3. Que estratégias desenvolve atualmente o departamento de comunicação para atingir a comunidade não científica (media, público escolar, e público em geral)? E com que frequência/regularidade são realizadas ações de comunicação e aproximação da ciência com os diferentes públicos?

Os meios de comunicação social ou media são um público intermédio, não são um público em si mesmo, mas são um veículo para chegarmos a outros públicos, daí o nome media. Mas temos outras comunicações que não são intermediadas, ou seja, são através de canais das redes sociais em que temos um contacto mais direto e menos mediado com públicos que nos interessam. Aí, publicamos conteúdos diariamente, e em algumas ocasiões, mais do que uma vez por dia. Por exemplo, através do Linkedin com possíveis candidatos para posições que o INL tem abertas ou está a pensar abrir, e também através do Facebook para mostrar em grande medida o trabalho que o INL tem estado a fazer na ligação das artes com a ciência. Portanto, esses são dois exemplos que podemos dar de meios para chegar aos nossos públicos.

Relativamente ao público escolar, a frequência das estratégias desenvolvidas deveria ser maior do que é, reconhecemos isso. Atualmente, o que acontece é que recebemos mais visitas, portanto, esse contacto com esse público escolar é mais feito por essa via de visitas que nos são feitas e não tanto do INL às escolas, que também acontece, mais em alguns grupos de investigação do que noutros, mas o INL sempre que pode desenvolve as chamadas atividades de outreach para poder influenciar um público mais escolar. Isso acontece, por exemplo, na Noite Europeia dos Investigadores, que decorre sempre em setembro/outubro. Este ano, o INL vai participar na Noite Branca em Braga, como pré- evento da Noite Europeia dos Investigadores, em que vamos apontar para um público não só escolar mas um público mais vasto. É a primeira vez que o INL vai à Noite Branca, tirando partido, em primeiro porque as batas são brancas, depois porque queremos estar mais perto das pessoas, e depois porque a temática da Noite Branca este ano casa muito bem com um tema que o INL gosta muito – desmistificar a ciência. O tema da Noite Branca este ano é a crença popular versus a evidência/novos saberes e esta presença do INL casa muito bem.

Resumindo, nós vamos às escolas mas isso acontece muito esporadicamente. Gostaríamos de o fazer com mais frequência, mas tal implica que tenhamos mais recursos humanos e financeiros disponíveis para financiar essas atividades. Por exemplo, ir daqui do INL para uma escola em Real implica custos que são cobertos pelo INL, e se não houver um projeto que tenha uma dotação orçamental para atividades de outreach não há cobertura para isso. Mas vamos tentando assegurar uma ligação entre o

INL e o público escolar mínima e adequada. Há ainda o ‘Open Day’ que estamos a planear realizar em 2020, como uma grande festa de ciência dentro do INL dirigida a um público mais amplo.

4. Qual é o impacto que essas estratégias/ações têm nos diferentes públicos? E como avalia o sucesso/insucesso dessas estratégias ou ações?

Pela vontade que muitas pessoas já nos manifestaram e que nos vão perguntando quando é que há o Dia Aberto no INL nós pressentimos que há uma vontade muito grande de as pessoas saberem como é que é isto cá dentro. Já tivemos inclusive pessoas que moravam aqui ao lado que vieram cá bater à porta saber se podiam conhecer o INL, e claro que foram bem recebidas e devidamente enquadradas. Mas gostávamos de poder ter mais oportunidades para mostrar não só à cidade mas à região, e até a um público geograficamente mais alargado como é o INL por dentro, porque faz parte também de um objetivo que o INL tem que é a prestação de contas, ou seja, o que é que nós fazemos com o dinheiro dos contribuintes, não só portugueses mas europeus, que equipamentos compramos, quais são as nossas prioridades em termos de linhas de investigação, e temos pena de não o conseguirmos fazer com mais frequência.

O impacto dessas estratégias conseguimos medi-lo, no caso dos meios de comunicação, através de relatórios de performance de comunicação que nos são dados através da CISION, que é o nosso provedor de informação. Os resultados têm sido francamente positivos nesse aspeto, uma vez que conseguimos chegar em média a 10% da população portuguesa, ou seja, os media portugueses são os únicos que medimos e que neste momento são os únicos que faz sentido medir, porque a nossa presença, por exemplo, nos meios espanhóis é quase nula. Tivemos uma boa presença em março deste ano quando tivemos cá o ERC (European Research Council) Summit em que tivemos várias reportagens na televisão espanhola, a TVE. O nosso objetivo inicial para este ano em termos de AVE (Advertising Value Equivalent) para notícias era de 600 mil euros, e já duplicamos esse objetivo com apenas 6 meses, o que significa que tivemos de readaptar esse objetivo para 2 milhões de euros para este ano.

Quanto ao público escolar, por exemplo, quando há uma visita temos um formulário que os responsáveis pela solicitação da visita recebem. Claro que estamos dependentes de eles responderem ou não, e nem todos respondem. Mas os que respondem, 80% dão-nos uma pontuação entre os 4 e os 5 pontos, num máximo de 5 pontos.

5. Qual considera ser o papel dos gabinetes de comunicação na criação da notoriedade e imagem das organizações científicas junto da comunidade?

É um papel de extrema importância, antes de mais, na "tradução" de matérias complexas e com um elevado grau de conhecimento técnico envolvido, numa linguagem mais próxima dos membros da comunidade e mais fácil de ser entendida. Uma investigação científica só está concluída quando é comunicada. É desta forma que prestamos contas (o INL trabalha com dinheiro dos contribuintes, Portugueses e Europeus), geramos confiança no que fazemos, e conseguimos captar financiamento para a atividade do INL, para além de inspirarmos os mais jovens a prosseguirem uma carreira na área da ciência, transmitindo-lhes a certeza de que este trabalho é importante.

Anexo 3: Entrevista a Nuno Passos, Assessor de Comunicação da