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Responsabilidade Civil do Estado

Fonte: Rafael Oliveira, José dos Santos Carvalho Filho, Maria Sylvia e Sérgio Cavalieri.

Atualizado em Junho de 2020

A responsabilidade civil do Estado surge quando o mesmo, por ação ou omissão, causa dano a determinado particular e deve repará-lo. Importante diferenciar a responsabilidade civil do sacrifício de direitos. Vejamos a lição de Rafael Oliveira:

Enquanto a responsabilidade civil do Estado pressupõe

violação a direitos ​, normalmente mediante conduta contrária

ao ordenamento jurídico (ex.: indenização por erro médico ocorrido em hospital público), gerando o dever de ressarcimento dos prejuízos causados, ​o sacrifício de

direitos envolve situações em que a própria ordem jurídica confere ao Estado a prerrogativa de restringir ou suprimir direitos patrimoniais de terceiros​, mediante o devido

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processo legal e o pagamento de indenização (ex.: desapropriação ou limitação administrativa).

Fases da Responsabilidade civil do Estado​: tema muito cobrado, inclusive em

discursivas, motivo pelo qual vale a pena saber muito bem:

1ª fase - Irresponsabilidade ​: remonta aos estados absolutistas, onde a figura do rei se confundia com a do Estado. Era comum algumas frases do tipo: “ O Estado sou eu” - Luís XIV ou “the king can do not wrong - O rei não erra” e “Le roi ne peut mal faire”: o rei não pode fazer mal).

De acordo com Maria Sylvia:

“Essa teoria logo começou a ser combatida, por sua evidente injustiça; se o Estado deve tutelar o direito, não pode deixar de responder quando, por sua ação ou omissão, causar danos a terceiros, mesmo porque, sendo pessoa jurídica, é titular de direitos e obrigações”.

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Importante! Na frança, a responsabilidade civil do Estado é afirmada inicialmente em normas de direito público, no caso Blanco, em 1873. Neste sentido (TRT - RJ): “O marco histórico do início das teorias publicistas foi o caso Blanco, ocorrido em 1873 na França, a partir do qual interpretou-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos princípios do Código Civil”. Como se viu, alternativa correta!

Cuidado! Vale frisar que essa fase ​NUNCA ocorreu no Brasil. Ou seja, no Brasil o Estado sempre se responsabilizou pelos seus atos.

2ª Fase - Culpa individual (atos de império x gestão)​:

Com o surgimento dessa fase, a responsabilidade do Estado era possível, desde que houvesse a culpa do agente administrativo, o que dificultava bastante a responsabilização do Estado. Ainda era preciso separar os Atos de gestão, em que haveria a responsabilidade dos atos de império, em que a responsabilidade era afastada. Vejamos a lição de Rafael Oliveira:

No primeiro caso (atos de império), o Estado em posição de supremacia em relação ao particular, em razão de sua

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soberania, não seria responsabilizado por eventuais danos (ex.: poder de polícia).

No segundo caso (atos de gestão), o Estado se despe do seu poder de autoridade e atua em igualdade com o particular (ex.: contratos), abrindo caminho para sua responsabilidade com

fundamento no Direito Civil​.

(CRM - Paraná) Na teoria da responsabilidade com culpa (ou doutrina civilista da culpa), os atos de império, praticados segundo regime jurídico de direito público, eram postos a salvo de qualquer responsabilização, que somente era passível de recair sobre o Estado na hipótese dos chamados atos de gestão.

(CRO - GO) De acordo com a teoria da responsabilidade com culpa, o Estado poderia ser responsabilizado tanto por atos de gestão quanto por atos de império. ​R:

FALSA!

3ª Fase: responsabilidade pela culpa do serviço ou acidente administrativo:

com essa nova teoria, não era preciso demonstrar a culpa individual do agente público, mas sim do funcionamento do próprio serviço público. Vejamos a bela

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explicação de Maria Sylvia:

A teoria da culpa do serviço, também chamada de culpa administrativa, ou teoria do acidente administrativo, procura desvincular a responsabilidade do Estado da ideia de culpa do funcionário. Passou a falar em culpa do serviço público.

Distinguia-se, de um lado, a culpa individual do funcionário, pela qual ele mesmo respondia, e, de outro, a culpa anônima do serviço público; nesse caso, o funcionário não é identificável e se considera que o serviço funcionou mal; incide, então, a responsabilidade do Estado.

Essa culpa do serviço público ocorre quando: o serviço público não funcionou (omissão), funcionou atrasado ou funcionou mal.

Em qualquer dessas três hipóteses, ocorre a culpa ( ​faute​) do serviço ou acidente administrativo, incidindo a

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responsabilidade do Estado independentemente de qualquer apreciação da culpa do funcionário.

4ª fase: Responsabilidade civil objetiva - que é a adotada atualmente em nosso país, sendo dispensável a caracterização de culpa. Para que exista a responsabilidade civil do Estado é preciso que ocorra apenas: ​a) conduta (ação ou

omissão); b) dano e c) nexo de causalidade​. De acordo com Maria Sylvia:

É chamada teoria da responsabilidade objetiva, precisamente por ​prescindir da apreciação dos elementos subjetivos (culpa ou dolo); é também chamada teoria do risco, porque parte da ideia de que a atuação estatal envolve um risco de dano, que lhe é inerente.

Causado o dano, o Estado responde como se fosse uma empresa de seguro em que os segurados seriam os contribuintes que, pagando os tributos, contribuem para a formação de um patrimônio coletivo (cf. Cretella Júnior, 1970, v. 8, p. 69-70).

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Teorias adotadas pelo direito brasileiro: a tese da irresponsabilidade nunca foi adotada no ordenamento jurídico brasileiro, como dito anteriormente. De acordo com Maria Sylvia:

“A teoria da irresponsabilidade do Estado ​não foi acolhida

pelo direito brasileiro​; mesmo não havendo normas legais

expressas, os nossos tribunais e doutrinadores sempre repudiaram aquela orientação”.

Nossa Constituição Federal dispõe no Art. 37, § 6º, que:

“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, ​nessa qualidade​, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

Desta forma, podemos notar que a responsabilidade da pessoa jurídica é objetiva e a dos agentes públicos subjetiva.

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Tipo de Responsabilidade:

Pessoa Jurídica

Objetiva

Agentes Públicos

Subjetiva

Atenção: ​Muitas questões colocam apenas um órgão no polo passivo de ação

judicial buscando o ressarcimento, exemplo, câmara de vereadores. Isto está incorreto, tendo em vista que a ação deve ser direcionada em face do ente público.

Muito cuidado com isso, pois deve ser alegado em preliminar de contestação em eventual prova discursiva.

Teoria do Risco Social - Atenção:

Ocorre quando o ente, por meio de lei ou emenda constitucional, aumenta sua responsabilidade civil em virtude de ​eventos que podem trazer graves riscos para

a população e não foram causados por condutas estatais.

O STF já decidiu que tal teoria pode ser aplicada no Brasil, quando declarou constitucional a "lei geral da copa do mundo" (ADI 4976). Ademais, o Brasil já adota tal teoria em relação aos danos nucleares (CF, art. 21, XXIII, d) e em relação aos

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atentados terroristas em aeronaves, excluídas as empresas de táxi aéreo (Lei 10.744/2003 - caiu na PGE/MA FCC 2016).

Podemos dizer que nesses casos, o foco está na vítima, não no autor do dano. De acordo com o STF:

"Destacou que a lei poderia impor a responsabilidade do Estado por atos absolutamente estranhos a ele, o que não configuraria responsabilidade civil propriamente dita, mas outorga de benefício a terceiros lesados. Reputou que a espécie configuraria a teoria do risco social, uma vez tratar de risco extraordinário assumido pelo Estado, mediante lei, em face de eventos imprevisíveis, em favor da sociedade como um todo".

Informativo 745, STF

(CRM-AC) A teoria do risco social, de vanguarda, passa a privilegiar a sociedade e o interesse público em detrimento da vítima, projetando os efeitos da reparação no corpo social e no orçamento público. ​R: Falso! Como vimos, a ideia é justamente a contrária, de privilegiar a vítima.

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Responsabilidade por atos lícitos e ilícitos: ​via de regra, a responsabilidade civil do Estado ocorre em virtude de atos ilícitos, como, por exemplo, atropelamento em via férrea ou em cidade.

No entanto, também é possível a responsabilidade civil ocorrer por atos lícitos, em caso de expressa previsão legal, como no caso de atentados terroristas em aeronaves ou quando causar ​dano específico e anormal a determinado particular em face dos demais. De acordo com Maria Sylvia:

Somente se pode aceitar como pressuposto da responsabilidade objetiva a prática de ato antijurídico se este, mesmo sendo lícito, for entendido como ato causador de ​dano

anormal e específico a determinadas pessoas, rompendo o

princípio da igualdade de todos perante os encargos sociais.

Por outras palavras, ato antijurídico, para fins de responsabilidade objetiva do Estado, é o ato ilícito e o ato lícito que cause dano anormal e específico.

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Desta forma, a responsabilidade do Estado por atos lícitos é fundamento no princípio da ​igualdade​, enquanto a responsabilidade civil do Estado por atos ilícitos é fundamentado no princípio da ​legalidade.

Ato Lícito Princípio da Igualdade

Ato Ilícito Princípio da Legalidade

Neste sentido, foi considerado correto na Prova do TJSP: “Se lícito o ato do agente público que causou o dano, este só implicará dever de indenizar se for antijurídico, ou seja, anormal e especial”.

Pressupostos para responsabilidade civil​: como mencionado, é preciso que exista conduta, dano e nexo de causalidade para que ocorra o dever de indenizar por parte do Estado. Vejamos cada um separadamente:

A) Conduta: a conduta deve ser por ação ou até mesmo por omissão, desde que seja relacionada com a atuação do agente público. De acordo com Rafael Oliveira: “É preciso, portanto, demonstrar que o dano tem relação direta com o exercício da função pública ou a omissão relevante dos agentes públicos”.

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B) Dano: De acordo com José dos Santos: “A responsabilidade civil tem como pressuposto o dano (ou prejuízo). Significa dizer que o sujeito só é civilmente responsável se sua conduta, ou outro fato, provocar dano a terceiro. ​Sem dano,

inexiste responsabilidade civil​”.

Vale ressaltar que a caracterização do dano é ampla, podendo ser danos materiais, morais, lucros cessantes, danos estéticos e outros, dependendo do caso concreto.

C) Nexo de Causalidade: é a relação de causa e efeito entre a conduta estatal e o dano suportado pela vítima (Rafael Oliveira). Existe muita discussão sobre qual é a teoria adotada no Brasil sobre o Nexo de causalidade, mas podemos dizer que existe uma corrente majoritária, inclusive nos Tribunais, que seria a teoria do dano direto e imediato.

Inclusive é essa teoria que justifica a não responsabilização do Estado quando o detento que fugiu do presídio há vários meses mata uma pessoa. Vejamos:

O nexo de causalidade e, portanto, a responsabilidade civil do Estado foram excluídos, no acórdão recorrido, com base nas peculiaridades existentes no caso concreto como o lapso

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temporal entre a conduta criminosa e a fuga do presidiário e também a distância entre o local do ato e o estabelecimento prisional. Esses elementos reforçam a inexistência da divergência pretoriana, ante a ausência de similitude fática entre os julgados confrontados.

O STJ apenas tem reconhecido a responsabilidade civil estatal por omissão, quando a deficiência do serviço tenha sido a causa direta e imediata do ato ilícito praticado pelo foragido, situação não constatada nos autos (AgRgnoAREsp 173291/PR)

Causas excludentes do Nexo de causalidade: ​Conforme sabemos, o Brasil adota a teoria da responsabilidade objetiva do risco administrativo, que admite algumas hipóteses de rompimento do nexo de causalidade e consequente afastamento da responsabilidade administrativa.

(CRM - Paraná) A teoria do risco integral contrapõe-se à do risco administrativo na medida em que aquela encerra responsabilidade estatal genérica e indiscriminada, ainda quando virtual dano se

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originar de culpa exclusiva da vítima, enquanto esta atenua a responsabilização do Estado para afastá-la na hipótese ou atenuá-la se a culpa for concorrente.

(PGM-CWB 2019) Q: “A teoria do risco administrativo não foi recepcionada pela Constituição da República de 1988”. R: Falso!

A) ​Culpa exclusiva da Vítima​: A primeira causa excludente do nexo causal refere-se à hipótese em que o dano é causado por fato exclusivo da própria vítima (autolesão) (Rafael Oliveira). Assim, caso um particular se atire em frente a uma viatura da polícia, não haverá responsabilidade do Estado.

Há uma ressalva importante: O Estado responde pelo suicídio do preso no interior do presídio, já que o mesmo possui o dever de assegurar saúde ao mesmo, compreendido a física e psicológica. Neste sentido:

O Superior Tribunal de Justiça sedimentou o entendimento de que a responsabilidade civil do Estado pela morte de detento em delegacia, presídio ou cadeia pública é objetiva, pois é

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dever do Estado prestar vigilância e segurança aos presos sob sua custódia (AgInt no REsp 1305249/SC).

Vejamos como a CESPE considerou CORRETA no concurso da PF - 2018: “A responsabilidade civil do Estado pela morte de detento sob sua custódia é objetiva, conforme a teoria do risco administrativo, em caso de inobservância do seu dever constitucional específico de proteção”.

No entanto, o Supremo afastou tal responsabilidade quando o ato for repentino, ou seja, quando o preso não dá nenhum sinal de que vai se matar, pois o Estado não teria como agir para evitar tal situação. Vejamos:

Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional (RE 841526/RS)

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Neste sentido, a CESPE considerou CORRETA: “No contexto da responsabilidade civil do Estado, a culpa da vítima será considerada como critério para excluir ou para atenuar a responsabilização do ente público”. No caso, existe a culpa exclusiva, que afasta a responsabilidade do Estado e a concorrente, que apenas a atenua.

Somente em alguns casos a responsabilidade será integral, como no caso de danos ambientais. Vejamos alternativa considerada correta na prova de Advogado da UPE: “A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem admitido a responsabilidade integral do Estado por ato comissivo de agente público, que causa dano ambiental”.

Na prova do TJ-BA foi considerada INCORRETA: “O Estado necessariamente será responsabilizado em caso de suicídio de pessoa presa, em razão do seu dever de plena vigilância”. Em algumas hipóteses, pode não configurar os pressupostos para sua responsabilização.

Importante! Vejamos a tese do STJ: “A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ​ainda que estes estejam

amparados por causa excludente de ilicitude penal​”. Tal questão caiu na prova

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No mesmo sentido, a CESPE considerou CORRETA na PGM-Boa Vista: “Um município poderá ser condenado ao pagamento de indenização por danos causados por conduta de agentes de sua guarda municipal, ainda que tais danos tenham decorrido de conduta amparada por causa excludente de ilicitude penal expressamente reconhecida em sentença transitada em julgado”.

B) ​Culpa de Terceiro​: ocorre nos casos em que o terceiro, que não faz parte da administração pública é quem causa danos, não havendo o que se falar em responsabilidade do Estado. Vejamos alguns exemplos:

A jurisprudência consolidada neste Tribunal Superior, há tempos, é no sentido de que o assalto à mão armada dentro de coletivo constitui fortuito a afastar a responsabilidade da empresa transportadora pelo evento danoso daí decorrente para o passageiro (Rcl 4518 / RJ).

É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que o Detran não

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pela culpa do adquirente de veículo de procedência duvidosa (REsp 873399/RN)

Tendo o arremesso da pedra sido ocasionado por terceira pessoa, que se encontrava inclusive fora do coletivo, não há que se falar em responsabilidade da transportadora, ainda mais por haver esta prestado o correto socorro e atendimento à passageira. Precedentes do STJ (REsp 919823/RS)

Atenção! No caso de assalto dentro de estabelecimento de pessoa jurídica de

direito privado prestadora de serviço público, há responsabilidade (PGM-JP). Vejamos:

“A Primeira Turma deu provimento a recurso extraordinário para reconhecer a ​civil de pessoa jurídica de direito privado

prestadora de serviço público em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição Federal (CF)​. A Turma ​reconheceu o nexo causal entre a conduta omissiva da empresa prestadora de serviços que deixou de agir com o cuidado necessário quanto à vigilância no posto de pesagem, por ocasião do estacionamento obrigatório do veículo para lavratura do auto

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de infração, ​e o dano causado ao recorrente. Desse modo, entendeu caracterizada a ​falha na prestação e organização do serviço. Afirmou não haver espaço para afastar a responsabilidade, independentemente de culpa, ainda que sob a óptica da omissão, ante o princípio da ​legalidade, presente a

teoria do risco administrativo. A responsabilidade objetiva do Estado tem por fundamento a proteção do cidadão, que se encontra em posição de subordinação e está sujeito aos danos provenientes da ação ou omissão do Estado, o qual deve suportar o ônus de suas atividades. (RE-598356)”

C) ​Caso fortuito e força maior: ​São fatos que independem de vontade da

administração pública, como, por exemplo, fatos da natureza. No entanto, caso fique demonstrado que o Poder Público contribuiu para tanto, como, por exemplo, pela falta de limpeza dos bueiros, poderá existir a responsabilidade do Estado. De acordo com Rafael Oliveira:

A doutrina diverge sobre a diferença entre caso fortuito e força maior. De um lado, alguns sustentam que o caso fortuito refere-se ao evento da natureza e a força maior, ao evento humano. Outra parcela da doutrina afirma justamente o contrário. Fato é que a discussão não acarreta qualquer consequência prática, uma vez que o ordenamento jurídico

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dispensa, no caso, tratamento idêntico às duas hipóteses, considerando-as causas excludentes do nexo de causalidade (art. 393 do CC). A propósito, o evento humano imprevisível se assemelha ao fato de terceiro estudado no item anterior.

Vale ressaltar que o fortuito pode ser externo ou interno. Caso seja o fortuito externo (estranho à atividade), a responsabilidade será extinta. No entanto, caso o fortuito seja interno (inerente à atividade), a responsabilidade subsistirá.

D) ​Culpa concorrente: ​ocorre quando ambos os lados estão equivocados e acontece o dano. Podemos exemplificar, como ocorre em várias questões de concurso, quando o motorista de viatura policial ultrapassa o sinal vermelho e bate em um carro estacionado em local proibido, estando ambos infringindo a norma legal do trânsito. Neste caso o que ocorre é:

Ao revés, comprovada a contribuição da ação ou omissão estatal para consumação do dano, ainda que haja participação da vítima, do terceiro ou de evento natural, o Estado será responsabilizado. Nessa hipótese, existem causas concorrentes para o evento lesivo, devendo o Estado

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responder na medida da sua contribuição para o dano (art. 945 do CC)

In casu​, a culpa concorrente funciona como uma ​atenuante da responsabilidade do Estado, como foi cobrado na prova da CGE-RN - 2019.

Responsabilidade das concessionárias:​também será objetiva, conforme previsão

expressa no texto constitucional, inclusive as da administração indireta. Sobre as entidades privadas da administração indireta, é importante ressalvar que as mesmas podem ser submetidas a dois regimes de responsabilidade:

A) Objetiva: quando são prestadoras de serviços públicos, aplicando-se o Art. 37, § 6º, CRFB;

B) Subjetiva: quando forem exploradoras de atividades econômicas, pois nesse caso serão submetidas ao mesmo regime das entidades privadas, conforme disposto no artigo 173, § 1º, II, da CRFB, podendo responder objetivamente em virtude do direito do consumidor.

Importante ressaltar que, em relação às concessionárias, a responsabilidade será objetiva em relação aos usuários e não usuários do serviço público (RE

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591.874/MS). Assim, por exemplo, o terceiro que estiver andando na rua e for atropelado por transporte coletivo, poderá propor ação com fundamento na responsabilidade objetiva.

Sobre o tema, a CESPE considerou INCORRETA: “De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a responsabilidade civil das empresas públicas perante usuários de serviços públicos é objetiva. Todavia, perante terceiros não usuários, a sua responsabilidade é subjetiva, dado o caráter privado da entidade, o que atrai a aplicação da teoria geral civilista quanto à responsabilização”.

Responsabilidade do terceiro setor (sistema S, OS, OSCIP, OSC): ​De acordo

com Rafael Oliveira, que tem um trabalho brilhante sobre o tema, ​será ​subjetiva​. vejamos:

Conforme sustentamos em obra específica sobre o tema, a responsabilidade das entidades do Terceiro Setor é ​subjetiva​, pois as atividades sociais por elas prestadas não são caracterizadas como serviços públicos, mas, sim, como atividades privadas socialmente relevantes prestadas em nome próprio, sem a necessidade de delegação formal do Estado. Os vínculos jurídicos formalizados entre o Estado e o Terceiro

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Setor não objetivam a delegação de atividades estatais, mas o fomento de atividades privadas que satisfazem interesses sociais.

Responsabilidade primária e secundária: ​as pessoas jurídica de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público, possuem responsabilidade primária e objetiva pelos danos que causarem. O Poder Público, no caso de concessões, possui responsabilidade subsidiária em relação aos entes privados. Vejamos a lição de Rafael Oliveira:

Verifica-se, portanto, que as pessoas jurídicas respondem primariamente pelos danos causados por seus agentes e prepostos a terceiros. Em consequência, não há solidariedade entre o Poder Público e as entidades da Administração Indireta ou empresas por ele contratadas. ​A responsabilidade do

Estado, nesses casos, é eventual e subsidiária​.

Sobre o tema, a CESPE considerou CORRETA: “Na hipótese de uma empresa pública prestadora de serviços públicos não dispor de recursos financeiros para arcar com indenização decorrente de sua responsabilidade civil, o ente político

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instituidor dessa entidade deverá responder, de maneira subsidiária, pela indenização”.

Em relação aos contratados para obras públicas por meio de licitação, via de regra, respondem primariamente pelos danos que cometerem e de forma subjetiva. Atenção! Em âmbito trabalhista não há responsabilidade do Estado pelos vínculos empregatícios formados pelas concessionárias. Vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos 13.015/2014 E 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI No 13.467/2017 - DESCABIMENTO. ​CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE. A jurisprudência desta Corte

entende que ​não há responsabilidade subsidiária do poder

concedente de serviço público, quanto às obrigações trabalhistas inadimplidas pela concessionária contratada, tendo em vista que não se trata de terceirização de mão-de-obra. ​Inteligência da Orientação Jurisprudencial

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da CLT e da Súmula 333/TST. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. AIRR - 502-02.2016.5.12.0039

Responsabilidade por omissão: ​Via de regra, a responsabilidade por omissão é subjetiva, já que o estado não pode estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo, aplicando a teoria da culpa anônima.

No entanto, em casos de omissões normativas, quando o Estado tinha o dever de agir para evitar o dano, a responsabilidade será ​objetiva. Vejamos a lição de Sérgio Cavalieri Filho:

Haverá ​omissão específica quando o Estado es​ver na condição de garante (ou de guardião) e por omissão sua cria situação propícia para a ocorrência do evento em situação em que ​​tenha o dever de agir para impedi-lo​; a omissão estatal se erige em causa adequada de não se evitar o dano. São exemplos de omissão específica: morte de detento em rebelião em presídio (Ap. Civ. 58957/2008, TJRJ); suicídio come​do por paciente internado em hospital público, tendo o médico responsável ciência da intenção suicida do paciente e nada fez

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para evitar (REsp. 494206/MG); paciente que dá entrada na emergência de hospital público, onde fica internada, não sendo realizados os exames determinados pelo médico, vindo a falecer no dia seguinte (Ap. Civ. 35985/2008, TJRJ); acidente com aluno nas dependências de escola pública – a pequena ví​ma veio a morrer afogada no horário escolar, em razão de queda em bueiro existente no pá​o da escola municipal (Ap. Civ. 3611/1999, TJRJ).

Em suma, a omissão específica, que faz emergir a responsabilidade obje​va da Administração Pública, pressupõe um dever específico do Estado, que o obrigue a agir para impedir o resultado danoso​.

Por outro lado, nos casos de omissão genérica, a responsabilidade será subjetiva. Vejamos a complementação da explicação brilhante de Sérgio Cavalieri:

Em contra par​da, a ​omissão genérica tem lugar nas hipóteses em que não se pode exigir do Estado uma atuação específica; quando a Administração tem apenas o dever legal de agir em

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razão, por exemplo, do seu poder de polícia (ou de fiscalização), e por sua omissão concorre para o resultado, caso em que deve prevalecer o princípio da ​responsabilidade

subjetiva​. São exemplos de omissão genérica: negligência

na segurança de balneário público – mergulho em lugar perigoso, consequente tetraplegia; o infortúnio ocorreu quando a ví​ma, aos 14 anos, após penetrar, por meio de pagamento de ingresso, em balneário público, mergulhou de cabeça em ribeirão de águas rasas, o que lhe causou lesão medular cervical irreversível (REsp.418713-SP); queda de ciclista em bueiro há muito tempo aberto em péssimo estado de conservação, o que evidencia a culpa anônima pela falta do serviço (Ap. Civ. 4846/2008, TJRJ); estupro come​do por presidiário, fugi​vo contumaz, não subme​do à regressão de regime prisional como manda a lei – faute du service public caracterizada; a omissão do Estado cons ​tuiu, na espécie, o fator determinante que propiciou ao infrator a oportunidade para pra​car o crime de estupro contra menor de 12 anos de idade, justamente no período em que deveria estar recolhido à prisão (REsp. 409203/RS); poste de ferro com um sinal de

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trânsito cai sobre idosa no calçadão de Ipanema – a base de metal que sustentava o sinal estava bastante enferrujada e acabou quebrando com o apoio da idosa (Globo, 12/07/2010).

Como se vê, na omissão genérica, que faz emergir a responsabilidade subje​tiva da Administração, a inação do Estado não se apresenta como causa direta e imediata da não ocorrência do dano, razão pela qual deve o lesado provar que a falta do serviço (culpa anônima) concorreu para o dano, que se houvesse uma conduta posi ​va pra​cada pelo Poder Público o dano poderia não ter ocorrido.

Na prova da DPDF - 2019, a CESPE considerou CORRETA: “É possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público, desde que seja inequívoco o requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou seja, desde que exista o nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro”.

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Agentes Públicos: ​qualquer que seja o agente público, causado o dano, surgirá o dever de indenizar para o Estado, seja o porteiro ou o Ministro. Vejamos a lição de Rafael Oliveira:

“o vocábulo “agentes”, que tem conteúdo abrangente e engloba ​toda e qualquer pessoa física no exercício da função pública​: agentes públicos de direito (agentes políticos;

servidores públicos estatutários, celetistas e temporários; e particulares em colaboração) e de fato (putativos e necessários)”.

Importante ressaltar que o dano deve ser causado na qualidade de agente público para que surja o dever de indenizar. Complementa Rafael “Dessa forma, os atos praticados por agentes em suas vidas privadas, oriundos de sentimentos pessoais, sem relação com a função pública, não acarretam responsabilidade do Estado, mas responsabilidade pessoal do agressor na forma do Código Civil”.

Vale ressaltar que esse é um tema polêmico, existindo decisões e doutrina no sentido de que o Estado pode ser responsabilizado mesmo pelos danos causados na vida privada do agente público, desde que utilizem os benefícios oriundos do seu

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cargo, como, por exemplo, uma arma de fogo. Trata-se de posição minoritária, mas que vale a pena conhecer.

(CESPE - 2018) Q: “Em razão do princípio da proteção da confiança, quando o dano for causado por funcionário público putativo, o Estado não responderá civilmente perante particulares de boa-fé”. R: Falso! Responderá!

Teoria da dupla garantia: ​surgiu de precedente do STF onde foi vedado o ajuizamento da ação diretamente em face do agente público. Para o Tribunal, o agente responde apenas regressivamente perante o Estado. Vejamos a explicação de Rafael Oliveira:

a) ​primeira garantia​: a vítima deve ser ressarcida pelos danos causados pelo Estado; e

b) ​segunda garantia​: os agentes públicos somente podem ser responsabilizados perante o próprio Estado, não sendo lícito admitir que a vítima de ​per saltum acione diretamente o agente.

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Vale dizer: o Estado indeniza a vítima; o agente público indeniza, regressivamente, o Estado.

Neste sentido, CESPE considerou incorreta: “A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou culposa.”

Vale ressaltar que o ente público também possui o prazo de cinco anos para propor a demanda regressiva em face do servidor causador do dano, sob pena de prescrição do seu direito. Vejamos como a Vunesp tratou do tema:

Suponha que João, servidor público, estava conduzindo durante o horário de expediente veículo oficial quando colidiu, culposamente, com o carro de Maria. Com o objetivo de receber indenização pelos prejuízos suportados, Maria ajuizou ação em face do Município, na qual lhe é reconhecido o direito ao recebimento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), correspondente à quantia gasta com o conserto do automóvel. Considerando que o ato praticado por João não está tipificado como crime ou improbidade administrativa, assinale a alternativa correta. A pretensão de ressarcimento do Município em face de João prescreve em ​5 (cinco) anos​.

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Responsabilidade do Estado por Atos legislativos: ​Via de regra, não existe, já que é uma atividade soberana do Estado. No entanto, algumas hipóteses já são aceitas, são elas: ​a) leis de efeitos concretos e danos desproporcionais​; ​b) leis

inconstitucionais​; ​e c) omissão legislativa.

A lei de efeitos concretos é uma lei em sentido formal e materialmente é um ato administrativo, individualizando uma só pessoa. Caso venha a causar danos, será devida a indenização. Vejamos a exemplificação trazida pelo Prof. Rafael Oliveira:

Assim como ocorre com os atos administrativos individuais, a lei de efeitos concretos pode acarretar prejuízos às pessoas determinadas, gerando, com isso, responsabilidade civil do Estado. Ex.: Município deve indenizar o proprietário de posto de gasolina localizado em via pública que tem o acesso de veículos proibido por determinada lei municipal.

Em relação às leis inconstitucionais, é preciso que exista dano ao particular e que a inconstitucionalidade seja declarada de maneira concentrada, conforme decidido pelo STJ no Resp 571.645/RS. No entanto, alguns autores entendem que seria

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possível também em sede de controle difuso, posição que ainda não tem resguardo na jurisprudência.

(CESPE TJ/AM 2019) ​Em caso de aplicação de lei de efeitos concretos que gere

danos ou prejuízos a pessoas determinadas, é possível a responsabilização civil do Estado. R: Correto! Vide comentários acima.

(CESPE - MPC/2019) ​Não há responsabilidade civil do Estado por danos

decorrentes de atos normativos, mesmo quando se tratar de leis de efeitos concretos. R: Falsa!

Em relação à omissão, o tema é um pouco mais complicado, pois o Poder Legislativo não tem nenhum prazo para exercer sua competência legiferante. Dispõe Rafael Oliveira:

Nos demais casos, a inexistência de prazo para o exercício do dever de legislar por parte do Poder Legislativo impõe a necessidade de configuração da mora legislativa por decisão proferida em sede de mandado de injunção ou ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Com a decisão judicial que

(34)

reconhece a omissão legislativa, o Estado é formalmente constituído em mora, abrindo-se caminho para respectiva responsabilidade.

Na prova de delegado de MG, a banca considerou que há responsabilidade por ato legislativo nas seguintes hipóteses: a) aos casos de omissão no dever de legislar e regulamentar; b) leis declaradas inconstitucionais e c) aceita nos casos de atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função normativa, mesmo em caso de vícios de inconstitucionalidade ou de ilegalidade.

Responsabilidade por atos jurisdicionais: ​Via de regra não existe, pois é função soberana do Estado, além de existir a possibilidade de a parte interpor recursos contra a decisão que o “prejudica”. No entanto, em algumas hipóteses é possível que ocorra. Vejamos: a) erro judiciário; b) prisão além do tempo fixado na sentença; e c) demora na prestação jurisdicional.

A) Erro judiciário​: ocorre quando o erro for inescusável e substancial. Parte da Doutrina entende que é necessário prévia ação rescisória para que possa admitir a responsabilização do Estado, assim como a responsabilização pode se dar em sede de ação de natureza civil ou penal.

(35)

Vale lembrar que os tribunais não consideram como indenizáveis o tempo que o cidadão passou preso a título de prisão provisória, por não ser considerado como erro judiciário. Neste sentido: RE 429.518 AgR/SC.

B) ​Prisão além do tempo fixado na sentença: ​Essa responsabilidade estatal deriva diretamente do texto constitucional. Vejamos: Art. 5º, LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, ​assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença​;

C) Demora na prestação jurisdicional: ​Nesse caso, a responsabilidade será por omissão, em virtude da ausência do serviço prestado. Tem como fundamento o Art. 5º, LXXVIII, da CRFB, o princípio da duração razoável do processo.

Responsabilidade dos Notários e Registradores: ​Os tribunais entendiam que era

na modalidade objetiva, no entanto, houve alteração legislativa que estabelece expressamente ser ​subjetiva​, devendo ser o entendimento para as provas. Vejamos os artigos da lei 8.935/94:

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Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros,

por culpa ou dolo​, pessoalmente, pelos substitutos que

designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. ​(Redação dada pela lei nº 13.286, de

2016).

Parágrafo único. Prescreve em ​três anos​ a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial. ​(Redação dada pela Lei nº 13.286, de

2016).

Art. 23. A responsabilidade civil independe da criminal.

Art. 24. A responsabilidade criminal será individualizada, aplicando-se, no que couber, ​a legislação relativa aos crimes

(37)

Parágrafo único. A individualização prevista no caput ​não

exime os notários e os oficiais de registro de sua responsabilidade civil.

Sobre o tema, importante ressaltar o julgamento do STF sobre o tema, que assentou o seguinte:

O Estado possui responsabilidade civil ​direta e primária pelos danos que tabeliães e oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros. STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932).

Para saber mais, recomendamos a leitura do julgamento comentado pelo Professor

Márcio André Lopes no seguinte Link:

https://www.dizerodireito.com.br/2019/03/o-estado-responde-objetivamente-pelos.ht ml

(Cartórios - SC) Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente,

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pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial. ​R: Correto!

Responsabilidade civil do Estado por atos de multidão: ​Via de regra não existe

a responsabilidade do estado, já que é fato de terceiro. No entanto, caso o Estado seja avisado, tenha possibilidade de agir para evitar o dano e mesmo assim permanecer inerte, é possível que seja responsabilizado. Vejamos a lição de Rafael Oliveira:

Excepcionalmente, o Estado será responsável quando comprovadas a ciência prévia da manifestação coletiva (previsibilidade) e a possibilidade de evitar a ocorrência de danos (evitabilidade). Assim, por exemplo, se o Estado é notificado sobre encontro violento de torcidas organizadas de times rivais e não adota as providências necessárias para evitar o confronto, restarão caracterizadas a sua omissão específica e, por consequência, a sua responsabilidade.

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Vejamos alternativa INCORRETA da CESPE sobre o tema: “Em regra, os atos de multidão ensejam a responsabilidade objetiva do Estado, em razão do dever de vigilância permanente da administração pública”.

Por outro lado, a CESPE considerou CORRETA a exceção, onde há responsabilidade, como dito, é preciso que seja previsível e evitável. Vejamos a alternativa: “Como, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do Estado é objetiva, é possível a caracterização de responsabilização estatal por atos de omissão, como a não prestação da assistência requerida para conter a multidão”.

Responsabilidade do Estado por obras públicas: ​é preciso diferenciar o simples fato da obra e danos oriundos da má execução da obra. Vejamos: no caso de o dano surgir pelo simples fato da obra, o Estado responde ​diretamente ​e de maneira objetiva​, inexistindo responsabilidade da empreiteira.

No entanto, caso seja em decorrência de má-execução da obra, será subjetiva e primária da empreiteira, tendo o estado responsabilidade subsidiária.

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Responsabilidade do Estado por “balas perdidas”: ​a questão da violência

urbana fez com que surgisse esse tipo de questionamento. Vejamos o que diz Sérgio Cavalieri:

A resposta é indiscu ​velmente ​posi​tiva ​porque o dano (morte ou ferimento de um transeunte) teve por causa a a ​vidade administra​va. Em que pese o entendimento em contrário, ​é

desnecessário saber se a bala par ​u da arma do policial ou do bandido​; relevante é o fato de ter o dano decorrido da ação desastrosa do Poder Público.

Assim, quando começar um tiroteio em virtude de ação policial e algum morador for atingido, haverá responsabilidade civil por parte do Estado, de maneira ​objetiva​, em virtude da atividade de risco que executa. Continua o festejado autor: “Só não haverá esse dever de indenizar nos casos de bala perdida mesmo, isso é, aquela que não se sabe de onde veio, de onde par ​u, que não guarda nenhuma relação com a a​vidade policial”. O STJ já tem entendimentos sobre o tema:

(41)

Ação Policial. Perseguição em Via Pública. Ví​ma A​ngida por Projétil de Arma de Fogo. Bala perdida. Indenização por Danos Morais e Materiais. Configuração (....)

O ponto central de controvérsia nos autos se concentra na existência ou não de responsabilidade civil do Estado quando agentes públicos (policiais militares), empreendendo perseguição a bandidos, com estes trocam ​ros em via pública de alto tráfego de veículos e pedestres, resultando, desse ​roteio, lesões de natureza grave em terceiro, ví​ma inocente (...)

A responsabilidade civil do Estado, pelos danos causados a terceiros, decorrentes da atuação dos agentes públicos, nessa qualidade, é ​objeti​va​” (REsp 1056605–RJ, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma do STJ).

Responsabilidade civil do Estado por congelamento de tarifas: ​O tema foi

tratado na PGM-SLZ e PGE-SE, conhecido como “caso VARIG”, peço vênia para transcrever os ensinamentos do Prof. Márcio André (Dizer o Direito):

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“Plano Cruzado”

Na década de 80, o Brasil lutava constantemente para combater a inflação, principal problema da economia nacional na época.

Em virtude disso, houve vários planos econômicos que impuseram algumas medidas muito duras tanto para as empresas como para os consumidores.

Um dos mais famosos programas econômicos do período foi o chamado “Plano Cruzado”, lançado pelo então Presidente José Sarney, que recebeu esse nome porque determinou a troca da moeda nacional, que deixou de ser o “Cruzeiro” e foi substituída pelo “Cruzado”.

Congelamento de preços de bens e serviços

A medida de maior destaque e repercussão do “Plano Cruzado” foi determinar o congelamento do preço dos bens e serviços.

Os preços das passagens aéreas também foram congelados, ou seja, as companhias não podiam, salvo autorização do Governo, reajustar o valor das tarifas.

(43)

O Plano Cruzado foi sendo substituído por outros planos econômicos (Bresser, Verão etc), mas o congelamento das tarifas do setor aéreo durou até janeiro de 1992.

Ação de indenização

A Varig, maior companhia aérea do período, foi a mais impactada com a medida. Diante disso, em 1993, ela ajuizou uma ação, na Justiça Federal em Brasília, contra a União, pedindo o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de serviço de transporte aéreo, com o ressarcimento dos prejuízos suportados em razão do congelamento.

A empresa argumentou que era concessionária de serviço público e que o congelamento das tarifas violou seu direito ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, considerando que ela ficou operando com prejuízos.

Principal argumento de defesa da União

A AGU defendeu, como principal tese, que a União ao instituir os planos econômicos e determinar o congelamento de preços estava atuando de forma legítima, buscando melhorar a economia do país e regular o serviço público em prol de toda a coletividade.

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Vale ressaltar que, segundo a CF/88, cabe à União, por meio de lei, dispor sobre a política tarifária adotada pelas concessionárias ou permissionárias de serviços públicos (art. 175, parágrafo único, III). Logo, a conduta perpetrada foi LÍCITA.

Parecer do MPF

O Ministério Público federal opinou de forma contrária ao pleito da Varig.

Dentre outras razões invocadas, o Parquet afirmou que toda a coletividade sofreu prejuízos e teve que arcar com os ônus decorrentes do congelamento de preços determinado pelo plano econômico, de modo que não havia sentido apenas a Varig ser indenizada.

O que decidiu o STF? A Varig tem direito de ser indenizada?

SIM. Plenário. RE 571969/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/3/2014.

Vejamos abaixo os principais argumentos:

(45)

Para a Min. Carmen Lúcia, relatora do recurso, realmente toda a sociedade brasileira se viu submetida às determinações do plano econômico. No entanto, a situação da Varig era peculiar porque se tratava de uma concessionária de serviço público. Assim, essa empresa não tinha liberdade para atuar segundo a sua própria conveniência, já que estava vinculada aos termos do contrato de concessão que foram pré-determinadas pela União, que também foi a autora das medidas econômicas de congelamento.

Violação ao equilíbrio econômico-financeiro

Deve-se esclarecer que, para o STF, as medidas impostas pelo plano econômico foram lícitas. Desse modo, a conduta da União, no caso, foi LÍCITA. Apesar isso, houve um prejuízo financeiro à Varig e isso deve ser reparado.

Segundo a Relatora, como concessionária de serviço público, a Varig foi obrigada a cumprir o tabelamento de preços, o que lhe causou graves prejuízos já que houve a quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

De que forma houve a quebra desse equilíbrio? Ora, os serviços de transporte aéreo deveriam continuar sendo prestados já que essa era a obrigação contratual da Varig, mas, em compensação, ela tinha que suportar um ônus novo, antes não

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previsto no contrato, qual seja, a impossibilidade de que as tarifas fossem reajustadas. Os custos do serviço iam sendo aumentados (combustível, salários, manutenção das aeronaves etc), mas isso não podia ser repassado para o preço das passagens. A empresa passou a trabalhar de forma deficitária.

Responsabilidade civil por atos lícitos

Os atos que compuseram o “Plano Cruzado”, apesar de não serem ilegais e de estarem justificados pelo interesse públicos, provocaram diretamente danos à Varig. Vale ressaltar que é possível a responsabilidade civil do Estado não apenas por atos ilícitos, mas também por condutas LÍCITAS. Esse é um exemplo.

A responsabilidade do Estado pela prática de atos lícitos ocorre quando deles decorram prejuízos específicos, expressos e demonstrados.

Conclusão

Desse modo, o STF, reconheceu que a União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por prejuízos suportados pela companhia aérea em decorrência do congelamento das tarifas de aviação determinada pelos planos econômicos.

(47)

Fundamentos constitucionais:

· ​Necessidade de garantir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão (princípio constitucional da estabilidade econômico-financeira): art. 37, XXI;

· ​Responsabilidade civil do Estado também pode ser por atos lícitos que causem prejuízos: art. 37, § 6º.

Como votaram os Ministros:

A favor da indenização Contrários à indenização Impedidos ou ausentes

Min. Carmen Lúcia

Min. Luís Roberto Barroso Min. Rosa Weber

Min. Ricardo Lewandowski Min. Celso de Mello

Min. Joaquim Barbosa Min. Gilmar Mendes

Min. Teori Zavascki Min. Luiz Fux Min. Dias Toffoli Min. Marco Aurélio

Votos divergentes

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O Min. Joaquim Barbosa afirmou que as medidas determinadas nos planos econômicos foram feitas com base em atos legislativos de caráter genérico e impessoal, que afetaram indistintamente todas as empresas e pessoas. Assim, não seria possível indenizar apenas uma empresa ou pessoa por supostos danos por eles causados.

De igual sorte, sustentou que não seria devido aplicar ao caso a teoria da imprevisão uma vez que a assinatura do contrato de concessão entre a União e a Varig ocorreu em época de combate à inflação, sendo, portanto, tais medidas previsíveis e normais para o período.

Valor da indenização

O valor da indenização ainda será calculado pela Justiça Federal de Brasília, em 1ª instância, em liquidação da sentença. No entanto, em cálculos iniciais realizados pela AGU, o montante devido seria de 3 bilhões de reais. Por outro lado, os ex-funcionários da Varig argumentam que a dívida chega a 6 bilhões de reais.

Deve-se esclarecer que a Varig já foi à falência e o dinheiro dessa condenação será revertido em favor dos ex-funcionários que até hoje lutam por seus direitos trabalhistas e previdenciários.

(49)

Importante​! Via de regra, as ações em face do Poder Público buscando

indenizações são ​prescritíveis​, salvo a decorrente de tortura ocorrida no período militar. Vejamos:

INFORMATIVO 523 do STJ​- É imprescritível ​A PRETENSÃO DE RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL decorrente de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção.

Neste sentido, a QUADRIX considerou CORRETA: “As ações de reparação de danos oriundas de violações a direitos fundamentais ocorridas durante o período do regime militar no Brasil são imprescritíveis”.

Danos morais em Recurso Especial: Via de regra, em caso de RESP não cabe verificar o valor atribuído à título de danos morais, salvo quando a condenação for irrisória ou excessiva. Vejamos:

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite, ​em

caráter excepcional, que o montante arbitrado a título de

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exorbitante, em clara afronta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. (STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL AgRg no AREsp 308623 RJ 2013/0062656-3)

Danos morais em virtude da superlotação em presídios: O Estado pode ser condenado em caso de descumprimento das condições mínimas no encarceramento, com base na responsabilidade civil prevista na Constituição. Importante ressaltarmos que pode existir condenação até mesmo à título de danos morais. Vejamos:

Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.

(51)

STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017.

Vejamos explicação do Professor Márcio André para aprofundar um pouco mais no tema:

Estado é responsável guarda e segurança dos presos

O Estado é responsável pela guarda e segurança das pessoas submetidas a encarceramento, enquanto ali

permanecerem detidas. Assim, é dever do Poder Público mantê-las em condições carcerárias com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em lei, bem como, se for o caso, ressarcir os danos que daí decorrerem.

A jurisprudência do STF entende que o Estado possui responsabilidade objetiva pela integridade física e psíquica daqueles que estão sob sua custódia.

“A negligência estatal no cumprimento do dever de guarda e vigilância dos detentos configura ato omissivo a dar ensejo à responsabilidade objetiva do Estado, uma vez que, na condição de garante, tem o dever de zelar pela integridade física dos custodiados” (trecho do voto do Min. Gilmar Mendes no ARE 662563 AgR, julgado em 20/03/2012).

Não aplicação do princípio da reserva do possível

(52)

Segundo este princípio, os recursos públicos são limitados e as necessidades ilimitadas, de forma que não há condições financeiras de o Estado atender a todas as demandas sociais.

Ocorre que só faz sentido considerar este princípio em ações judiciais nas quais está sendo pedida a implementação de direitos fundamentais a prestações, especialmente direitos de natureza social (ex: saúde, educação etc.). Em tais casos, discute-se se é possível conceder o direito pleiteado mesmo que não haja, em tese, capacidade financeira do Estado.

Aqui, contudo, a situação é diferente. Neste caso, a matéria jurídica se situa no âmbito da responsabilidade civil do Estado de responder pelos danos causados por ação ou omissão de seus agentes, nos termos previstos no art. 37, § 6º, da CF/88. Trata-se de dispositivo autoaplicável (de eficácia plena), que não depende de lei ou de qualquer outra providência administrativa. Ocorrendo o dano e estabelecido o seu nexo causal com a atuação da Administração ou dos seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado.

A criação de subterfúgios teóricos, tais como a separação dos Poderes, a reserva do possível e a natureza coletiva dos danos sofridos, para afastar a responsabilidade estatal pelas calamitosas condições da carceragem afronta não apenas o sentido do art. 37, § 6º, da CF, como também gera o esvaziamento dos dispositivos constitucionais, convencionais e legais que impõem ao Estado o dever do Estado de garantir a integridade física e psíquica dos detentos.

(53)

Como é o pagamento desta indenização? Pode ser de outra forma que não seja dinheiro?

NÃO. Durante os debates do julgamento, o Min. Roberto Barroso propôs que a indenização não fosse em dinheiro, mas sim por meio de remição da pena. Dessa forma, em vez de receber uma reparação pecuniária, os presos que sofrem danos morais por cumprirem pena em presídios com condições degradantes teriam direito ao "abatimento" de dias da pena.

Para ver o comentário completo, acesse:

https://www.dizerodireito.com.br/2017/03/estado-tem-o-dever-de-indenizar-pessoa .html

Atenção! É bastante comum verificarmos no dia a dia uma série de ações sobre a

responsabilidade civil do Estado propostas no Juizado Especial da Fazenda Pública,

isso ocorre em razão de não haver custas e honorários.

Eis algumas teses e temas que você poderá encontrar:

(54)

2) Erros médicos - Saber que se trata de obrigação de meio e não de resultado, bem como não é possível utilizar o CDC em demandas contra o SUS;

3) Ações que demandem perícia não exclui de imediato a possibilidade de utilizar o

juizado especial da fazenda pública, apenas seu houver grande complexidade.

4) Valor da Causa - Até 60 salários mínimos, sob pena de nulidade absoluta.

Atenção! Hipótese de responsabilidade integral - PGE/MA:

Existe uma hipótese em que a União Federal tem responsabilidade decorrente diretamente da Lei. Vejamos:

Art. 1o Fica a União autorizada, na forma e critérios

estabelecidos pelo Poder Executivo, a assumir despesas de responsabilidades civis perante terceiros na hipótese da ocorrência de danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas

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brasileiras de transporte aéreo público, ​excluídas as

empresas de táxi aéreo.

Vejam como a FCC considerou a alternativa CORRETA sobre o tema: “aplica-se a teoria do risco integral, devendo a União indenizar os passageiros que tenham sofrido danos corporais, doenças, morte ou invalidez sofridos em decorrência do atentado”.

Atenção! Responsabilidade Civil do Estado por danos causados pelos fogos de artifício - Tema 366:

Vejamos a tese de Repercussão Geral aprovada pelo STF sobre o tema:

“Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do

Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de

artifício, é necessário que exista violação de um dever jurídico

específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a

licença para funcionamento sem as cautelas legais, ou quando

for de conhecimento do Poder Público eventuais

(56)

Bons Estudos!

Referências

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