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A importância do espaço geográfico na construção e funcionamento de redes científicas na área de farmácia em Pernambuco fomentadas pela Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS)

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(1)

Universidade Federal de Pernambuco Centro de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Geografia

Grupo de Pesquisa em Inovação, Tecnologia e Território

A importância do espaço geográfico na construção e

funcionamento de redes científicas na área de farmácia

em Pernambuco fomentadas pela Política Nacional de

Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS).

Allison Bezerra Oliveira

Orientadora: Dra. Ana Cristina de Almeida Fernandes

Recife 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS – CFCH

DEPARTAMENTO DE CIENCIAS GEOGRAFICAS – DCG PROGRAMA DE POS-GRADUÇÃO EM GEOGRAFIA – PPGEO

A importância do espaço geográfico na construção e

funcionamento de redes científicas na área de farmácia

em Pernambuco fomentadas pela Política Nacional de

Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS).

Tese de doutorado apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Geografia junto ao programa de pós-graduação em geografia da Universidade Federal de Pernambuco.

Allison Bezerra Oliveira

Orientadora: Dra. Ana Cristina de Almeida Fernandes

Recife 2014

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Catalogação na fonte

Bibliotecário Tony Bernardino de Macedo, CRB-4 1567

O48i Oliveira, Allison Bezerra.

A importância do espaço geográfico na construção e funcionamento de redes científicas na área de farmácia em Pernambuco fomentadas pela Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) / Allison Bezerra Oliveira. – Recife: O autor, 2014.

346 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Cristina de Almeida Fernandes.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós-Graduação em Geografia, 2014.

Inclui referências e apêndices.

1. Geografia. 2. Espaço Geográfico. 3. Redes científicas. 4. PNCTIS. 5. Fármacia – Pernambuco I. Ana Cristina de Almeida Fernandes (Orientadora). II. Título.

910 CDD (23.ed.) UFPE (BCFCH2014-50)

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ALLISON BEZERRA OLIVEIRA

A importância do espaço geográfico na construção e funcionamento de

redes científicas na área de farmácia em Pernambuco fomentadas pela

Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS).

Tese defendida e APROVADA pela banca examinadora

Orientadora:____________________________________________________________ Profa. Dra. Ana Cristina de Almeida Fernandades - PPGEO/UFPE

2º Examinador: _________________________________________________________ Prof. Dr. Bertrand Roger Guillaume Cozic - PPGEO/UFPE

3º Examinador: _________________________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Nonato Macedo dos Santos - PPGCI/UFPE

4º Examinador: _________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Eugênio Pereira Carvalho - UFCG

4º Examinador: _________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Aurélio Dornelas da Silva - ITEP

Recife 2014

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Para minha mãe Gilza Bezerra, meu pai Felix Oliveira (sempre lembrado) Minha avó Dona Nita, meus irmãos (Mabson e Juliana) e minha Alice. Por tudo. Por serem tudo.

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“Demore o tempo que for para você ver o que você quer da vida, e depois que decidir, não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir” (Zaratrusta)

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MINHA GRATIDÃO

Agradecer é um ato de reconhecimento. Faço-o com a mesma satisfação com que realizei esta pesquisa. Certamente outras pessoas que contribuiram para a sua realização e para a manutenção de minha saúde emocional durante este período de doutorado não são mencionadas. Para elas, peço-lhes compreensão pelo lapso de uma memória tão congestionada. A todos tenham a certeza de meu mais profundo agradecimento.

A Deus, pela fé que teima em divergir da racionalidade científica, mas que sempre esteve presente nos momentos de prosperidade e de frustração.

A professora Ana Cristina de Almeida Fernandes a quem tive o privilégio de ter como orientadora e incentivadora desde o mestrado até aqui no doutorado. Que compreendeu e amparou minhas dificuldades, e mais que tudo, ofereceu um belo exemplo de dignidade, competência e respeito, que admiro bastante. Aprendi muito com a Senhora.

A minha mãe, minha avó e meus irmãos pelo amor incondicional e constante apoio. Amo vocês.

A minha Alice, pelo amor, carinho, respeito, incentivo e paciência. Amo você.

Ao professor Jan Bitoun, exemplo de pessoa e de geógrafo, sempre solícito e altruísta às necessidades dos estudantes. Não me esqueço de sas palavras ao dizer que “as crises intelectuais fazem parte da formação do pesquisador”.

Ao professor Breno Fontes, sociólogo, importante nome na pesquisa das redes sociais, por sempre destinar um tempo para conversarmos sobre meus questionamentos e pela disciplina de “redes, sociabilidade e poder local” que me foi extremamente útil na construção deste trabalho.

Ao professor Bertrand Cozic pelas contribuições cotidianas no GRITT, pelas palavras de incentivo e importantes considerações na qualificação e na defesa do doutorado. A forma com que você expõe suas considerações não só ajudam mas, incentivam o espírito do pesquisador.

(8)

Ao professor Raimundo Santos, do departamento de Ciências da Informação por prontamente me ajudar com meus dados, por suas valorosas palavras na banca de qualificação e na defesa de doutorado.

Ao amigo e membro da banca, sociólogo Marcos Dornelas, por ter me apresentado as redes sociais, ao Ucinet, por ter dedicado parte do seu tempo me ajudando com uma série de questões metodológicas. Obrigado meu caro, suas ajudas se estendem desde o mestrado, sem elas não poderia ter realizado este trabalho.

Ao amigo e membro da banca Luis Eugênio pelas conversas, pela amizade e pelas considerações sobre a tese, e pelo apontamento sobre as redes ainda no início desta pesquisa.

A professora Suely Galdino (In memoriam) por ser um exemplo de incentivo a pesquisa científica no Brasil. Foi uma grande oportunidade conhecê-la pessoalmente e tê-la como professora no PPGIT.

Ao professor e amigo Milton Farias de Belém - PA, que ouviu minhas reclamações e me incentivou, além de me ajudar com a revisão da literatura sobre redes.

A Universidade Federal de Pernambuco e o programa de Pós Graduação em Geografia da mesma instituição, onde fiz mestrado e doutorado, pela formação intelectual e profissional. Espero não me distânciar desta casa.

A Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco FACEPE, pela bolsa concedida de Doutorado sem a qual não poderia ter realizado esta pesquisa.

A Olga Lima que gentilmente se dispôs a me ajudar intermediando entrevistas com gestores do campo da saúde.

Aos professores da área de farmácia que destinaram uma parte do seu tempo tão prontamente para responderem aos meus questionários.

Ao Sr. Reinaldo Guimaráes pela gentileza em responder ao questionário sobre a construção da PNCTIS.

Ao amigo Vladimir Homobono Soares, torcedor fanático do Remo, filho de pais maravilhosos (Sr. Ariosvaldo e Dona Kátia), um irmão que escolhi, pela constante amizade, parceria, incentivo e partilha de bons momentos.

(9)

Ao amigo José Geraldo Pimentel Neto, torcedor do time com camisa de abadá, que tenho como irmão, que sempre esteve disposto a me ajudar sem pedir nada em troca, uma das pessoas mais parecidas comigo que já encontrei na vida, até nos pensamentos mais absurdos.

Ao amigo Lywistone Galdino, amigo de todas as horas, obrigado pela contribuição com os mapas, pelos bons momentos, pela amizade e pelas constantes ajudas. Pelas noites sem sucesso tentando zerar bomberman. Lhe considero muito cabra.

Ao amigo Paulo Baqueiro Brandão, torcedor fanático do Bahia, e uma das pessoas mais humanas e gentis que tive o prazer de conhecer. Obrigado pela ajuda e apoio emocional no meu concurso para professor. E vá tomar sua sopa bem longe de mim.

Ao amigo Felipe de Castro, pelos valorosos e memoráveis momentos em Recife, da formação mandala ao kovacic. És um aristocrata nato meu caro.

Ao amigo de longa data José Alenca(dinho), pessoa humana, solícita e exímio dançarino de forró.

Ao amigo objetivo e direto Willian Magalhães Alcântara. Saudades de nossas conversas sobre cinema meu caro.

A amiga Natália Raposo, minha conterrânea, pela ajuda com a revisão ortográfica, e mais importante: pelas conversas, pelo compartilhamento de aflições, pela torcida e pela empatia.

A amiga Priscila Félix, pela ajuda com o sumário da tese, e o principal: pelas conversas sempre bem humoradas, pela torcida e o compartilhamento das angústias do doutorado e da vida.

Para Octavie Paris pela enorme simpatia e empatia. Pelas conversas e desabafos, pela amizade, pelos constantes incentivos.

A Kleython Monteiro, maior comunista que conheço, pelas anedotas na internet, os papos sempre engraçados, as partidas de MMA e as idas ao cinema.

A Daniel Lira que me fez contrabandear semestralmente guaraná Jesus do Maranhão durante seis anos para ele, pessoa solítica e amiga, altruísta em torcer para a vitória dos demais.

(10)

A Luciana Cruz, pela companhia nas idas ao cinema, pelos papos engraçados.

Keilha Silveira, pelo jantar de despedida, pelo carinho e consideração. Será beatificada por tolerar Geraldo, mulher!

Jonas Souza, obrigado pela ajuda com os gráficos camarada.

Aos amigos de muitos anos maranhenses, que sempre se constituíram verdadeira família e sempre se felicitaram com minhas conquistas.

As minhas tutoras no curso do IFPE (Larissa Trigueiros, Juliana Andrade, Rosileide Fontenele, Janaína Assis, Admares Marques) por um ambiente de trabalho sempre profícuo e harmonioso.

A cidade do Recife, a quem tenho como minha segunda casa, e uma fonte de repouso e inspiração.

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LISTA DE SIGLAS

ANPPS - Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde ANS - Agência Nacional de Saúde

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária ARS - Análise de Redes Sociais

ATS - Atenção de Tecnologias em Saúde

BNDS - Banco Nacional de Desenvolvimento Social C&T&I - Ciência, Tecnologia e Inovação

C&T&I&S - Ciência, Tecnologia, Inovação em Saúde

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CISAM - Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros

CNCTIS - Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNS - Conferências Nacionais de Saúde

CPqAM - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães DECIT - Departamento de Ciência e Tecnologia

FACEPE - Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos estratégicos

FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FUNASA - Fundação Nacional de Saúde

FUNDAJ - Fundação Joaquim Nabuco

HEMOBRAS – Empresa Brasileira de Hemoderivados HEMOPE - Hemocentro de Pernambuco

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ICTI - Institutos de Ciência, Tecnologia e Inovação

IMIP - Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira

INAHTA - International Network of Agencies for Health Technology Assessment INCT_IF - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para a Inovação Farmacêutica INCTI - Programa Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial ISI - Institute for Scientific Information

ITEP - Instituto de Tecnologia de Pernambuco

LAFEPE - Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco LIKA - Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami

MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ME - Ministério da Educação

MS - Ministério da Saúde

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PACTI - Plano Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação PDP - Política de Desenvolvimento Produtivo

PITCE - Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior PNB - Política Nacional de Biotecnologia

PNCTI - Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

PNCTIS – Política Nacional de Ciência, Tecnologia, Inovação em Saúde PNPMF - Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos PPSUS - Programa Pesquisa para o Sistema Único de Saúde

PROÁFRICA - Apoio Financeiro para Atividades de Cooperação Internacional para a Formação de Redes de Pesquisa com o Continente Africano

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PROSUL - Fomento a cooperação internacional bilateral em rede para a América Latina PUC-RS - Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul

RBPC - Rede Brasileira de Pesquisa sobre o Câncer

REBRATS - Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde

REDEGENOPORT - Rede de apoio a projetos de pesquisa em Genômica e Proteômica REDEMA - Rede de Pesquisa sobre a Malária

RMR - Região Metropolitana de Recife

RNPCHE - Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Hospitais de Ensino RNTC - Rede Nacional de Terapia Celular

RPMMDDCIPN - Rede de Pesquisa em Métodos Moleculares para Diagnóstico de Doenças Cardiovasculares, Infecciosas, Parasitárias e Neurodegenerativas

SciELO - ScientificElectronic Library Online

SCTIE - Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde

SIAFI - Ministério da Saúde, Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal

SIBRATEC - Sistema Brasileiro de Tecnologia SIMEPE - Sindicato de Médicos de Pernambuco

SNCTI - Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação SUS - Sistema Único de Saúde

TIC - Tecnologia da Informação, Processamento e Comunicação UERJ - Universidade do Rio de Janeiro

UFAL - Universiade Federal de Alagoas UFC - Universidade Federal do Ceará UFOP - Universidade de Ouro Preto UFPB - Universidade Federal da Paraíba UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

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UFPI - Universidade Federal do Piauí

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina UFSCar - Universidade de São Carlos

UNB - Universidade de Brasília

UNICAMP - Universidade de Campinas

UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo UPE - Universidade de Pernambuco

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LISTA DE FIGURAS

Figura nº 1: Um emissor para vários receptores passivos ... 89

Figura nº 2: Emissor / Receptor: ponto a ponto ... 89

Figura nº 3: Vários emissores e receptores ativos na mesma rede ... 90

Figura nº 4: Informação, conhecimento e inovação ... 124

Figura nº 5: Cadeia de valor na área da saúde ... 168

Figura nº 6: Principais acontecimentos na criação da PNCTIS ... 173

Figura nº 7: Atores envolvidos na PNCTIS ... 177

Figura nº 8: Principal marco institucional do fomento à pesquisa em rede na PNCTIS... 189

Figura nº 9: Ator e relação ... 216

Figura nº 10: Centralidade ... 217

Figura nº 11: Grau de Centralidade ... 218

Figura nº 12: Densidade forte e densidade fraca ... 218

Figura nº 13: Ator-Ponte ... 219

Figura nº 14: Ator isolado ... 219

Figura nº 15: Relações unidirecionais e bidirecionais ... 220

Figura nº 16: Subgrupo ou clique ... 220

Figura nº 17: Subgrupo ou clique ... 221

Figura nº18: Redes centralizadas, descentralizadas e distribuídas ... 221

Figura nº 19: Exemplo de uma rede científica entre Duncan Wattz e Albert-László Barabási 224 Figura nº 20: Exemplo de mapeamento de rede científica com base em artigos publicados .. 229

Figura nº 21: Rede de relações que resultaram em patentes 2000-2010 ... 239

Figura nº 22: Rede científica de farmácia em 2000 ... 242

Figura nº 23: Concentração de pesquisadores na Universidade Federal de Pernambuco 2000 ... 247

Figura nº 24: Atores centrais na rede de farmácia em 2000 ... 248

Figura nº 25: Densidade da rede de farmácia em 2000 ... 249

(16)

Figura nº 27: Atores centrais na rede de farmácia em 2010 ... 253

Figura nº 28: Densidade da rede de farmácia em 2010 ... 255

Figura nº 29: Concentração de pesquisadores na Universidade Federal de Pernambuco 2010 ... 260

Figura no 30: Cadeia local de pesquisa em farmácia em rede em Pernambuco. ... 289

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico nº 1: Multi autores por artigo de 1998 a 2011 ... 128

Gráfico nº 2: Artigos publicados na área de farmácia em Pernambuco 2000 – 2010 ... 233

Gráfico nº 3: Evolução do número de pesquisadores entre 2000-2010 ... 235

Gráfico nº 4: Número total de pesquisadores entre 2000-2010 ... 236

Gráfico nº 5: Espacialidade dos pesquisadores atuando em rede 2000-2010 ... 237

Gráfico no 6: Respostas sobre a realização de pesquisa científica em rede com pesquisadores desconhecidos. ... 278

Gráfico no 7: Respostas sobre a importância de se conhecer o pesquisador ao se estabelecer uma rede científica na área de farmácia em Pernambuco. ... 279

Gráfico no 8: Respostas sobre a importância de se ter experiência de trabalhos passados como requisito para a construção de uma pesquisa em rede com outros pesquisadores. ... 281

Gráfico no 9: Respostas sobre a importância da relação orientador x orientando na construção de redes científicas na área de farmácia em Pernambuco. ... 282

Gráfico no 10: Respostas sobre a importância de contatos face a face na pesquisa em rede na área de farmácia em Pernambuco. ... 284

Gráfico no 11: Respostas sobre a comunicação eletrônica como substituto eficaz na comunicação pessoal. ... 286

Gráfico no 12: Respostas sobre a importância da proximidade geográfica na pesquisa científica em rede. ... 287

Gráfico no 13: Respostas sobre a importância da proximidade física na pesquisa científica em rede. ... 288

LISTA DE QUADROS Quatro nº 1: Exemplo de matriz de relações sociais em rede ... 223

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Quadro nº 2: Grupos de pesquisa na área de farmácia com base no censo CNPq 2010... 227

Quadro nº 3: Evolução da quantidade de grupos de pesquisa e pesquisadores da área de farmácia no Nordeste ... 234

Quadro nº 4: número de patentes depositadas no INPI por pesquisadores da área de farmácia em Pernambuco entre os anos de 2000 e 2010 ... 238

Quadro nº 5: Registro de patentes e atores envolvidos 2000-2010 ... 238

Quadro nº 6: Interdisciplinaridade de atores trabalhando em rede em 2000 ... 244

Quadro nº 7: Instituições que cooperaram em rede em 2000 ... 246

Quadro nº 8: Instituições que cooperaram em rede em 2010 ... 258

Quadro nº 9: Interdisciplinaridade de atores trabalhando em rede em 2000 ... 261

LISTA DE TABELAS Tabela nº 1: Dispêndios do governo federal em ciência e tecnologia (C&T) por órgão, 2000-2010 (em milhões). ... 178

Tabela nº 2: Sub-Agendas de Pesquisa na Saúde... 180

Tabela nº 3: Vacinas prioritárias ... 181

Tabela nº 4: Número de projetos PACTI 2007-2010 ... 195

Tabela nº 5: Dispêndios do Ministério da Educação em Ciência & Tecnologia (C&T), 2000-2010. ... 198

Tabela nº 6: Número de projetos de redes de cooperação internacional fomentados pelo CNPq 2000-2010 ... 200

Tabela nº 7: Número de editais destinados à construção de redes de cooperação internacional CAPES 2000 a 2010. ... 201

Tabela nº 8: Projetos aprovados e valores gastos na modalidade PROSUL e PROÁFRICA no período de 2000 a 2010. ... 202

Tabela nº 9: Projetos aprovados e valor gasto no período 2000 a 2010 pelo CNPq na modalidade de redes científicas diversas. ... 204

Tabela nº 10: Relação entre editais lançados para a construção de redes em relação aos editais diversos pelo CNPq 2006-2010 ... 205

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Tabela no 12: Principais estados em termos de massa crítica no Brasil na área de farmácia em 2010 ... 270 Tabela no 13: projetos aprovados para a pesquisa em rede no Brasil entre 2005 e 2010 ... 271 Tabela no 14: Respostas sobre a importância da pesquisa em rede para o desenvolvimento científico da área de farmácia em Pernambuco. ... 277

LISTA DE MAPAS

Mapa no 1: Fluxos das conexões científicas de Pernambuco na área de farmácia em 2000. ... 245 Mapa No 2: Fluxos das conexões científicas de Pernambuco na área de farmácia em 2010. .. 257 Mapa no 3: Editais aprovados para a Pesquisa em Rede no Brasil 2005-2010... 272 Mapa no 4: Evolução da aprovação de editais para a pesquisa em rede no Brasil 2005-2010 . 274

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OIVEIRA, A. B. A importância do espaço geográfico na construção e funcionamento de

redes científicas na área de farmácia em Pernambuco fomentadas pela Política Nacional de Ciência, Tecnologia, Inovação em Saúde (PNCTIS). Tese (Doutorado em

Geografia), Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2014.

RESUMO

A criação da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Saúde em 2004 proporcionou um novo marco no estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico da saúde no Brasil. Pela primeira vez uma política pública brasileira desta natureza insere em suas diretrizes o estímulo para a criação de redes de pesquisa científica entre pesquisadores localizados no Brasil e fora dele como método para a obtenção de melhores resultados no campo da saúde. Para tal a política admite que o trabalho cooperativo em rede amplifica os resultados a medida em que pesquisadores com conhecimentos complementares trabalham de forma cooperativa, além da compreensão de que os atuais desdobramentos das redes só são permitidos graças aos avanços tecnológicos nas comunicações e transportes. Assim, nossa investigação parte do pressuposto que as relações envoltas na pesquisa em rede possuem forte enraizamento local, exigindo proximidade geográfica entre os membros que cooperam, além de contatos presenciais em determinados momentos da pesquisa. Consideramos também, que o espaço geográfico deve ser compreendido enquanto temporalidades, enquanto contextos históricos e que a relações que envolvem a construção e o funcionamento de redes de pesquisa científica são bem mais complexos que se possa julgar. Desta forma, selecionamos a área de farmácia como recorte para a pesquisa e o período compreendido entre 2000 e 2010, antes e depois da atuação política. Realizamos uma pesquisa baseada no mapeamento das relações em rede entre pesquisadores da área mencionada antes e depois da atuação da PNCTIS, além da análise das redes sociais. Procuramos verificar os desníveis entre projetos aprovados para a pesquisa em Rede no estado de Pernambuco e no restante do país, verificamos os principais impactos da política na produção de conhecimento e aumento de pesquisadores trabalhando em rede, além de verificarmos a importância da proximidade geográfica e dos contatos face a face na pesquisa em rede na área de farmácia. Os resultados sugerem não só pouca compreensão por parte da política sobre o espaço geográfico, como ratificaram a importância espacial do fenômeno.

(20)

OLIVEIRA, A. B. The importance of geographical space in the construction and

operation of scientific networks in the field of pharmacy in Pernambuco promoted by the National Policy on Science, Technology, Health Innovation (PNCTIS). Thesis (Ph.D.

in Geography), Federal University of Pernambuco. Recife, 2014.

ABSTRACT

The establishment of the National Policy on Science, Technology and Innovation for Health in 2004 provided a new milestone in fostering scientific and technological development of health in Brazil. For the first time a Brazilian public policy of this kind inserts in their guidelines the stimulus for the creation of networks of scientific research among researchers located in Brazil and abroad as a method for obtaining better results in the field of health. For such the policy acknowledges that the cooperative networking amplifies the results the extent to which researchers with complementary expertise work collaboratively, besides the comprehension that the current developments of networks are only allowed thanks to technological advances in communications and transport. Thus, our research assumes that relations shrouded in network research have strong local roots, requiring geographic proximity between members which cooperate, in addition to presential contacts at certain times of the research. We also believe that the geographical space must be understood as time frames, as historical contexts and the relations involving the construction and operation of networks of scientific research are far more complex that one can judge. So, we selected the area of pharmacy as cutout for the research and the period between 2000 and 2010, before and after the policy action. We performed a mapping-based research of networking relations among researchers in the area mentioned, before and after the performance of PNCTIS, and analysis of Social Media. We seek to observe the gaps between approved projects for networked researches in the state of Pernambuco and in the rest of the country, observed the main impacts of the policy in knowledge production and increase of researchers working in network, and verified the importance of geographical proximity and face to face contacts in network research in the field of pharmacy. The results suggested not only little understanding by the policy on the geographic space, but also ratified its importance spatial phenomenon.

(21)

OIVEIRA, A. B. L’importance de l’espace géographique dans la construction et le

fonctionnement des réseaux scientifiques dans le secteur pharmaceutique dans l’Etat du Pernambouc, créés par la Politique Nationale de la Science, de la Technologie et de l’Innovation en Santé (PNCTIS). Thèse (Doctorat de géographie), Université Federale

du Pernambouc. Recife, 2014.

Résumé

La mise en place de la Politique Nationale de la Science, de la Technologie et de l’Innovation en Santé en 2004 constitue une nouvelle étape dans l’incitation au développement scientifique et technologique de la santé au Brésil. Pour la première fois, une politique publique brésilienne de cette nature intègre dans ses lignes directrices l’incitation à la création de réseaux de recherche scientifique entre chercheurs localisés au Brésil et à l’étranger comme méthode pour obtenir de meilleurs résultats dans le secteur de la santé. Pour ce faire, la politique admet que le travail coopératif en réseau amplifie les résultats à mesure que les chercheurs ayant des connaissances complémentaires travaillent de manière coopérative, au delà de prendre en compte le fait que les actuels dédoublements des réseaux sont permis par les avancées technologiques dans la communication et les transports. Ainsi, notre travail de recherche part du présupposé que les relations en jeu dans la recherche en réseaux possèdent un fort enracinement local et exigent une proximité géographique entre les membres qui coopèrent, au delà des contacts présentiels à des moments précis de la recherche. Nous considérons également que l’espace géographique doit être pris en compte selon différentes temporalités et contextes historiques et que les relations qui encadrent la construction et le fonctionnement des réseaux de recherche scientifique sont bien plus complexes que l’on ne pourrait croire. Ainsi, nous avons choisi le secteur pharmaceutique comme cadre de travail de recherche sur la période comprise entre 2000 et 2010, avant et après l’action politique de la PNCTIS. Notre recherche se base sur la cartographie des relations en réseaux entre chercheurs de l’aire mentionnée avant et après la mise en place de la PNCTIS au delà de l’analyse des réseaux sociaux. Nous avons cherché à souligner les écarts entre projets approuvés pour la recherche en réseau dans l’Etat du Pernambouc et dans le reste du pays, en vérifiant les principaux impacts de la politique sur la production de connaissance et sur l’augmentation du nombre de chercheurs travaillant en réseau, venant s’ajouter à l’importance de la proximité géographique et des contacts en face à face pour la recherche en réseau dans le secteur de la pharmacie. Les résultats soulignent non seulement une faible compréhension par la politique de l’espace géographique alors qu’elle ratifie, dans le même temps, l’importance spatiale du phénomène.

Mot-clés: Espace géographique, réseaux scientifiques, PNCTIS, Pharmacie,

(22)

SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS ... 11 LISTA DE FIGURAS ... 15 LISTA DE GRÁFICOS ... 16 LISTA DE QUADROS ... 16 LISTA DE TABELAS ... 17 LISTA DE MAPAS ... 18 RESUMO ... 19 ABSTRACT ... 20 INTRODUÇÃO ... 25 1ª CONEXÃO : SOBRE ESPAÇO GEOGRÁFICO, TÉCNICA, CIÊNCIA & INFORMAÇÃO ... 37 1º NÓ - O ESPAÇO DAS PRÁTICAS E TRANSFORMAÇÕES: O ESPAÇO GEOGRÁFICO ... 37 Do meio natural à Técnica ... 39 O conceito de espaço na ciência geográfica ... 46 O meio Técnico-Científico-Informacional ... 60 2º NÓ - UM ESPAÇO DIGITAL E DE FLUXOS: O CIBERESPAÇO ... 69 Da emergência das Tecnologias de Processamento, Informação e Comunicação ... 71 A construção de um espaço digital e de fluxos ... 74 As atuais perspectivas de comunicação e conexão mediante o ciberespaço ... 82 2ª CONEXÃO: SOBRE REDES, E A PESQUISA CIENTÍFICA EM REDE ... 95 1º NÓ - O ESPAÇO MÓVEL E INTEGRADO: AS REDES ... 95 A evolução da construção do conceito de rede ... 97 O estudo das redes na ciência geográfica ... 101 As redes sociais ... 107 2º NÓ - ESPAÇOS DE COOPERAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: AS REDES

CIENTÍFICAS ... 119 Informação, conhecimento e inovação em rede ... 120

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A emergência da cooperação internacional em rede ... 126 A pesquisa científica em rede e suas contribuições na obtenção de resultados e benefícios ... 131 3º NÓ - AS MULTIPLICIDADES GEOGRÁFICAS DO “ESTAR AQUI” ... 140 As multiplicidades geográficas em face dos fluxos tecnológicos ... 141 A importância do “estar aqui” e de comunicar-se face a face na pesquisa científica em rede ... 149 3ª CONEXÃO: A POLÍTICA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE (PNCTIS) E O FOMENTO À PESQUISA EM REDE ... 163 1º NÓ - A POLÍTICA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE ... 163

A pesquisa em Saúde no Brasil e sua importância no âmbito de um Sistema Único de Saúde. ... 165 A PNCTIS: atores, criação e diretrizes. ... 170 2º NÓ - A INDUÇÃO À PESQUISA EM REDE COMO UMA DAS ESTRATÉGIAS PARA ALCANCE DOS OBJETIVOS DA PNCTIS ... 186

O imperativo da pesquisa em rede na PNCTIS. ... 187 O fomento à pesquisa em rede. ... 197 4ª CONEXÃO: AS REDES CIENTÍFICAS NA ÁREA DE FARMÁCIA EM PERNAMBUCO EM FACE DA PNCTIS, E A IMPORTÂNCIA DO ESPAÇO NA CONSTRUÇÃO E FUNCIONAMENTO DESTAS .... 211 1º NÓ - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS PARA A COLETA E TRATAMENTO DE DADOS 211

Referencial Teórico-Metodológico para a Base Analítica sobre a Análise de Redes Sociais (ARS) ... 212 Procedimentos metodológicos utilizados para a coleta e tratamento de dados. ... 223 2º NÓ - AS REDES CIENTÍFICAS NA ÁREA DE FARMÁCIA EM PERNAMBUCO EM FACE DO FOMENTO DA PNCTIS. ... 232

O impacto da PNCTIS no aumento de pesquisadores trabalhando em rede e na produção de conhecimento científico. ... 232 O mapeamento das redes científicas na área de farmácia em Pernambuco nos anos de 2000 e 2010: Análise da evolução das relações entre os pesquisadores antes e depois da PNCTIS. ... 240 3º NÓ - O ESPAÇO GEOGRÁFICO NA CONSTRUÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS REDES

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O espaço geográfico enquanto temporalidades científicas e técnicas: os desníveis entre projetos aprovados para a pesquisa em rede na área de farmácia em Pernambuco e no Brasil. ... 264 Espaço e tecnologias comunicacionais: Quão importante é “estar aqui” na pesquisa científica em rede na área de farmácia. ... 275 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 294 REFERÊNCIAS ... 305 ANEXOS... 322

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INTRODUÇÃO

O acesso à informação e a produção de conhecimento são elementos-chave para o desenvolvimento econômico e social de regiões e grupos sociais. A capacidade de obter informações, além dos contornos restritos da própria comunidade, é parte do capital relacional dos indivíduos e grupos, o que sugere que as transformações na sociedade dependem das redes existentes entre os indivíduos de um determinado grupo e atores localizados em diferentes espaços geográficos, ou seja, da dimensão da capacidade de cooperação de certa comunidade.

Isto implica que investimentos para a ampliação das redes de trabalhos cooperativos pressupõem retornos ou benefícios, servindo de base para o desenvolvimento social, e tornando-se recorrente objeto de pesquisa nas ciências sociais e humanas em anos recentes.

Tal entendimento tem inspirado o desenvolvimento de enfoques institucionalistas na sociologia, economia e ciência política, geografia, consequentemente ampliando o interesse por metodologias de análise de redes sociais, além de proporcionar contribuições significativas para a compreensão do papel das redes sociais para o desenvolvimento em suas variadas escalas.

Trata-se, assim, de fenômeno estreitamente relacionado ao desenvolvimento de nações e regiões. Neste fenômeno se incluem também as redes científicas. Se informação, conhecimento, ciência e tecnologia são elementos fundamentais para o desenvolvimento regional, além de serem construções sociais, pois não resultam da ação isolada dos indivíduos, mas do trabalho coletivo, a construção de redes científicas construídas em uma dada região deve ser considerada importante aspecto da análise de desenvolvimento científico e social. Sobretudo, pelo fato de que estas podem se tornar um veículo eficaz na produção de retornos e benefícios mútuos para todos os envolvidos.

Visto desta forma, o estudo das redes científicas supera o entendimento comum, segundo o qual uma rede científica é simplesmente o mapa geográfico das conexões possíveis entre os usuários de um sistema, e a busca de compreensão de novos desafios científicos frente a uma nova forma de usar e se relacionar com o

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espaço. Elas, as redes científicas, expressam temporalidades geográficas, contextos históricos distintos e diferenciações espaciais existentes no país e no mundo, que possibilitam ou dificultam a superação de limites e dificuldades ao seu desenvolvimento, se valendo de importantes instrumentos de avanço científico e social.

Assim, acredita-se que o trabalho cooperativo em rede amplifica os resultados na medida em que agentes com conhecimentos complementares se integram na busca de um objetivo comum. E este pode ser potencializado em empreendimentos estruturados no formato das redes sociais. Em algumas áreas essa é uma lógica tradicionalmente fundamental no desenvolvimento científico, tecnológico e inovativo.

Nesta linha de raciocínio, a possibilidade do agrupamento de pesquisadores em redes torna dinâmica eficaz no que compete a resultados mais expressivos dos que os produzidos por um único indivíduo trabalhando de modo isolado. A comunicação, a troca de informações e o trabalho se tornam efetivamente mais frutíferos quando realizados em rede.

Estas perspectivas são potencializadas e dinamizadas com os atuais avanços tecnológicos, na medida em que, conseguirmos evoluir na produção técnica e criação de um espaço geográfico cada vez mais artificializado, híbrido. Avançamos no deslocamento dos corpos de forma cada vez mais veloz com o avanço tecnológico dos meios de transportes, e a comunicação simultânea e em tempo real com pessoas dispostas em diversas partes do globo com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação. Em outras palavras, temos atualmente uma série de mecanismos para nos comunicarmos, conectarmos, movermos, enviarmos arquivos e informações.

A dinâmica das redes, ancoradas no avanço tecnológico, tem se constituído forte elemento na busca da solução dos diversos problemas, e o enfrentamento de adversidades comuns. A noção da necessidade e dos retornos ocasionados pela prática da pesquisa desta forma tem promovido em diversas partes do mundo ações políticas e sociais para o estímulo a esta dinâmica.

Muito embora a pesquisa científica em rede seja uma prática tão comum e quase tão antiga quanto à institucionalização do método cientifico ou da ciência

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propriamente dita, os contornos tecnológicos atuais tem estimulados a criação de redes científicas de proporções globais.

Se valendo deste contexto, só recentemente, mais precisamente em 2004, fora criada a primeira Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) que tem por objetivo “contribuir para que o desenvolvimento nacional se faça de modo sustentável, e com apoio na produção de conhecimentos técnicos e científicos ajustados às necessidades econômicas, sociais, culturais e políticas do País” (BRASIL, 2004, P. 84).

A proposta assim, de acordo com a Política, é a de estimular o desenvolvimento de competências nacionais, com base nas necessidades do país. Formar mão de obra qualificada e estabelecer o dinamismo Científico, Tecnológico e Inovativo na área de saúde, fixar os pesquisadores brasileiros no país, integrar os laboratórios e instituições de pesquisa, fortalecer a interação entre os setores privados e as Universidades e Institutos de Pesquisa, promover a produção de conhecimentos em consonância com as necessidades nacionais, abordando critérios bem determinados.

Segundo o Ministério da Saúde, a PNCTIS define a Pesquisa em Saúde como o conjunto de conhecimentos, tecnologias e inovações produzidos que resultam em melhoria da saúde da população. Assim, a pesquisa em saúde deve superar a perspectiva disciplinar e caminhar para uma perspectiva setorial, que incluirá a totalidade das atividades de pesquisa clínica, biomédica e de saúde pública, vinculadas à grande área das ciências da saúde, assim como as realizadas nas áreas das ciências humanas, sociais aplicadas, exatas e da terra, agrárias e engenharias e das ciências biológicas que mantenham esta vinculação.

Essa forma de abordagem, segundo o Ministério da Saúde, procura modificar a forma tradicional de conceituação da Pesquisa em saúde que limitava apenas àquelas ditas “tradicionais” negligenciando os conhecimentos complementares necessários produzidos por outras áreas. A produção de conhecimento a partir de agora não é tido exclusivamente por aquele produzido pela grande área da saúde e procura conectar as diversas áreas do conhecimento.

Para tal, dentre várias diretrizes e formas de atuação a PNCTIS procura desenvolver o estímulo ao desenvolvimento da área de saúde por meio da indução e

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fomento a construção de redes científicas. Isto é, incentivar que pesquisadores brasileiros estabeleçam redes de pesquisa entre si em suas mais diversas escalas, local, regional, nacional e global.

Lógica instaurada é a de que, a possibilidade de conexões entre pesquisadores brasileiros e pesquisadores estrangeiros pode ser alguma das ferramentas possíveis na resolução de problemas nacionais e mundiais. Além da troca de experiências, capacitação científica, formação profissional, e transferência de tecnologias entre centros mais desenvolvidos e menos desenvolvidos.

Assim, por meio de editais de fomento, criaram-se mecanismos para a construção de redes têm em vista resultados a curto, médio e longo prazo, a construção de redes científicas na América Latina, África, Europa, a construção destas internamente entre os estados e entre as regiões do Brasil, além de redes para problemas comuns do país, problemas regionais ou mesmo projetos de redes científicas por meio de processo de encomenda. Mesmo com estes e outros mecanismos, verifica-se que ainda existe pouca compreensão das dinâmicas envoltas na construção de redes científicas entre os pesquisadores, uma vez qua a maior parte do fomento é calcado em uma mesma estrutura horizontal de indução.

Esta perspectiva vai à contra mão a compreensão da existência de diversos espaços geográficos dentro do espaço geográfico brasileiro, estes por sua vez possuem diferentes contextos históricos, temporalidades distintas e uma diversidade de particularidades que podem potencializar ou dificultar a criação e o funcionamento das redes científicas, proporcionando resultados bem diferentes daqueles esperados pelos formuladores da PNCTIS.

Diante deste contexto apresentado nesta introdução surgem os principais questionamentos da pesquisa e motivadores para a sua realização, este debate por si só já justificaria esta pesquisa uma vez que ainda existe grande lacuna na análise do papel do espaço geográfico, sobre múltiplos olhares e escalas em face da formação de redes sociais contemporâneas.

Em face do escopo da PNCTIS de abranger toda a área de saúde, e em todo o país, tomamos enquanto recorte a área de farmácia. A escolha da área se faz pertinente pelo fato de que a farmácia, tanto enquanto área do conhecimento, ou atividade protuvida, é fortemente baseada em ciência e depende fundamentalmente

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de pesquisa científica cooperativa para o seu desenvolvimento. Ademas, parte significativa do tratamento médico necessita da utilização de medicamentos, o que é imsurável se analisarmos o papel do Sistema Único de Saúde brasileiro no fornecimento de atendimento médico de qualidade.

Além do que, existe ainda grande gargalo na produção de medicamentos no país para atender a demanda do SUS além de uma grande dependência das grandes corporações farmacêuticas. É importante frisar que parte significativa do tratamento médico é feito por meio da utilização de medicamentos. A compreensão destas questões levou à mudanças políticas no país que mais que ratificam a escolha da área, tais como: a criação da ANVISA e lei de genéricos em 1999, da Política Nacional de Medicamentos em 2001, da criação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em 2003, da Política industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior em 2004, da Empresa Brasileira de Hemoderivados em 2004, do Profarma também em 2004, em todas elas a área de farmácia e medicamentos estavam como enfoque principal.

Como recorte temporal, optamos por selecionar a periodização compreendida entre 2000 a 2010, período anterior e posterior a criação da política em questão. Assim podemos vislumbrar as relações de redes e demais particularidades antes e posteriormente a atuação política. E escolhemos Pernambuco como recorte espacial.

Portanto, o trabalho parte da seguinte pergunta principal: “Qual a importância do espaço geográfico na construção e funcionamento de redes científicas na área de farmácia em Pernambuco fomentadas pela PNCTIS?” Para este questionamento, elaborou-se o seguinte objetivo principal da pesquisa: “Analisar a importância do espaço geográfico na construção e funcionamento de redes científicas tomando como objeto empírico a área de farmácia em Pernambuco fomentada pela PNCTIS”.

Para espaço geográfico, consideramos o conceito proporcionado por Santos (1996) de que este seria “um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá” e como redes científicas, as descrevemos como agrupamentos de pesquisadores e suas afiliações e

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grupos, em uma continuidade de pesquisa em rede, onde se tem por finalidade a construção de laços de cooperação, confiança, reciprocidade e compartilhamento de experiências, promovendo, assim, o progresso da ciência por meio da produção de bens, serviços, conhecimentos e inovações.

Para tal, estabeleceu-se a seguinte hipótese de trabalho: Que, especificamente para a área de farmácia em Pernambuco, as relações envoltas em todo o contexto da pesquisa em rede, ainda possuam forte enraizamento espacial local, exigindo proximidade geográfica entre os membros que cooperam, além de contatos presencias em determinados momentos da pesquisa, mesmo com os desdobramentos dos fluxos comunicacionais via ciberespaço.

Consideramos também, que o espaço geográfico deve ser compreendido enquanto temporalidades, enquanto resultados históricos, e que as relações que envolvem a construção e o funcionamento de redes de pesquisa científica são bem mais complexas que se possa julgar, elas ultrapassam a mera questão do fomento e mecanismos tecnológicos de mediação eletrônica. Em outras palavras, as relações são resultados dos espaços geográficos distintos, o que remetem configurações e impactos diferentes sobre a atuação política. O espaço geográfico assim é resultado e impulsionador das dinâmicas que ocorrem em rede.

Mais do que uma hipótese geral de trabalho, esta noção implica em uma consideração clara e norteadora de que é imprescindível a compreensão das diferenciações espaciais existentes no país e fora dele. Elas representam uma série de particularidades que implicam na condução da pesquisa em rede, mesmo com o fomento a sua construção e o advento tecnológico. A pouca sensibilidade às Idiossincrasia dos processos espaciais, pode resultar contornos diferentes daqueles esperados por políticas de indução à esta dinâmica.

Enquanto objetivos específicos foram traçados os seguintes: “Compreender os argumentos dos formuladores da PNCTIS para o fomento à pesquisa em rede na saúde” onde buscamos ter uma compreensão mais clara dos argumentos formuladores da política e da inserção do debate em rede em suas diretrizes e sobretudo a forma de atuação.

O segundo objetivo específico é o de: “Mapear as redes científicas dos pesquisadores pernambucanos na área de farmácia antes e depois da PNCTIS, que

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permitam verificar mudanças na estrutura da rede, nos laços, na espacialidade, na densidade e centralidade” como o próprio objetivo, mapear as relações em redes na pesquisa científica na área de farmácia com recorte especificado na busca de apreendermos particularidades (espacialidade de atores, atores centrais, estrutura da rede, fluxos, densidade) da dinâmica espacial estabelecida por elas antes e depois da atuação da política em questão.

Consequentemente ao objetivo específico anterior, propôs-se “Verificar se a PNCTIS tem estimulado o aumento na formação de redes científicas, no número de pesquisadores trabalhando” analisando o aumento no número de projetos aprovados, de pesquisadores trabalhando em rede e em produção de conhecimento diante do estímulo dado pela política.

Em seguida, procurou-se “Verificar os possíveis desníveis entre projetos aprovados para a pesquisa em rede na área de farmácia em Pernambuco em relação a outros estados no país” para tal, ao considerarmos a importância do espaço geográfico, é importante conceituarmos ele enquanto temporalidades científicas e técnicas resultados de contextos históricos particulares, assim, existiriam contornos e resultados diferentes entre Pernambuco e outros estados no país em relação a competências e a aprovação de projetos para a área nesta modalidade.

Posteriormente, buscou-se “Investigar quão relevante é a proximidade geográfica para aqueles que cooperam em rede, tomando como base a área de farmácia e os pesquisadores pernambucanos em rede, e na produção de conhecimento na área de farmácia em Pernambuco”, a proximidade geográfica aqui, um dos componentes do espaço geográfico, é considerada tanto aquela construída cotidianamente que resulta da proximidade física, quanto aquela proximidade geográfica da acessibilidade da praticidade em se encontrar o outro.

E por fim, “Pesquisar se mesmo com o advento das tecnologias informacionais e comunicacionais, o contato face a face ainda é relevante em algum momento da construção ou funcionamento da pesquisa científica em rede na área de farmácia em Pernambuco” em outras palavras, diante dos atuais contornos potencializados pela mediação eletrônica, e o fomento da PNCTIS, o contato face a face é relevante? Ou todo o processo de construção e funcionamento de uma pesquisa em rede pode ser realizado sem que os membros se encontrem pessoalmente?

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Albert-László Barabási em seu livro Linked (2009), afirma que tudo estaria conectado, e apresenta exemplos de como as redes influenciariam nossas vidas e como estas dizem muito sobre nós. Em sua obra, ele apresenta suas argumentações sobre as redes por meio de uma de suas principais características: as conexões.

Seguindo uma proposta semelhante, e por considerarmos que esta pesquisa tem por obrigação de uma harmoniosa conexão entre todos os temas aqui abordados, seguimos uma estruturação parecida. Desta forma, organizamos este trabalho em conexões, que expressam de forma mais ampla os desdobramentos que serão abordados nos “nós”. Assim como nas redes, os nossos “nós” apresentam amarras conceituais mais detalhadas daquilo que se apresentam nas conexões. Espera-se que esta estrutura não cauEspera-se estranheza.

A primeira conexão deste trabalho chama-se “Sobre espaço geográfico, técnica, ciência e Informação” e está dividida em dois nós, o primeiro deles de nome “o espaço das práticas e transformações: o espaço geográfico” busca proporcionar debate conceitual acerca do espaço geográfico, sobretudo considerando este enquanto reflexo das sociedades, e sua transformação e hibridação em face do avanço técnico. Em ligação com o anterior, o segundo nó “um espaço digital e de fluxos: o ciberespaço” busca destacar o avanço técnico, evidenciando a emergência das Tecnologias de Informação e Comunicação, vislumbrando o debate sobre a construção do conceito de ciberespaço e as novas perspectivas proporcionadas por ele.

A segunda conexão fala “sobre redes, e a pesquisa científica em rede” e está dividida em três nós, o primeiro deles “o espaço móvel e integrado: as redes” busca fazer uma análise da evolução da construção do conceito de rede, aborda sua utilização dentro da ciência geográfica - em especial as redes de infraestrutura - e posteriormente, trata das redes sociais, termo originário primeiramente na antropologia social.

No nó seguinte “espaços de cooperação e produção de conhecimento: as redes científicas” buscamos tratar de um tipo específica de rede social, aquela construída para a pesquisa científica e abordar os resultados e benefícios de se pesquisar nesta estrutura. E por fim, abordamos “o espaço geográfico, fluxos tecnológicos e a pesquisa científica em rede” ao debatermos sobre a importância do

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espaço geográfico em meio aos fluxos tecnológicos, da importância da materialidade a virtualidade, da importância dos contatos face a face, do “estar aqui”.

A terceira conexão intitulada de “A política nacional de ciência, tecnologia e inovação em saúde (PNCTIS) e o fomento à pesquisa em rede” tem por objetivo promover uma análise das principais questões ou acontecimentos que envolveram a construção da política e suas diretrizes e para tal, fora dividida em dois nós. O primeiro deles, de nome “A política nacional de ciência, tecnologia e inovação em saúde” visa contemplar o debate sobre a importância da pesquisa em saúde no Brasil, sobretudo amparado na Constituição Federal de 1988 que garante o acesso universal e gratuito desta a todos. E em seguida, aborda a construção da PNCTIS tomando como foco os atores envolvidos, a sua criação e suas diretrizes.

O segundo nó desta conexão, “A indução à pesquisa em rede como uma das estratégias para alcance dos objetivos da PNCTIS” tem por enfoque apresentar os principais acontecimentos que levaram a política utilizar-se deste mecanismo para o estímulo ao desenvolvimento da área de saúde, além de apresentar as forma de fomento utilizado para a indução além de apresentar dados sobre investimentos financeiros, além de bolsas e editais.

A quarta e última conexão, de nome “As redes científicas na área de farmácia em Pernambuco em face da PNCTIS, e a importância do espaço na construção e funcionamento destas” assim como a anterior, vista trazer resultados mais empíricos da pesquisa, e análise destes diante da literatura construída. Seu primeiro nó está focado em proporcionar uma revisão literária sobre a questão da Análise de Redes Sociais e dos procedimentos metodológicos da pesquisa.

O segundo nó “As redes científicas na área de farmácia em Pernambuco em face do fomento da PNCTIS” visa mapear as relações em rede na área de farmácia em Pernambuco e a evolução desta após a política, mapear o direcionamento dos fluxos das relações, verificar o aumento na produção dos pesquisadores atuando em rede e na produção de conhecimento oriundo dessa modalidade.

O terceiro e último nó, “Espaço geográfico na construção e funcionamento das redes científicas na área de farmácia e Pernambuco” analise o espaço geográfico enquanto resultado de temporalidades científicas e técnicas, mostrando os desníveis entre projetos aprovados em Pernambuco e o restante do país. Aborda também, com

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base nas entrevistas com os pesquisadores da área de farmácia, a importância da proximidade geográfica para aqueles que cooperam em rede, a importância dos contatos face a face, em outras palavras a importância espacial do “estar aqui” .

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1ª CONEXÃO

SOBRE ESPAÇO GEOGRÁFICO,

TÉCNICA, CIÊNCIA & INFORMAÇÃO.

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1º Nó

O espaço das práticas e

transformações: o espaço geográfico.

“Espaço. Finito ou infinito, relativo ou absoluto, receptáculo ou, simplesmente um “invólucro” dos objetos, o uso de tal categoria é, sem dúvida, e em nossos dias, praticamente obrigatório em qualquer tipo de debate acadêmico” (Douglas Santos, 2002, pp.15-16).

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1ª CONEXÃO - SOBRE ESPAÇO GEOGRÁFICO, TÉCNICA, CIÊNCIA & INFORMAÇÃO

1º NÓ - O ESPAÇO DAS PRÁTICAS E TRANSFORMAÇÕES: O ESPAÇO GEOGRÁFICO

INTRODUÇÃO

A compreensão da dimensão da vida do ser humano e da sua própria essência enquanto agente de um mundo, de uma realidade leva-nos a lembrar que a técnica como capacidade humana de modificar/criar, deliberadamente, materiais, objetos e eventos - chegando a produzir elementos novos, não existentes na natureza - define o ser humano como “homo faber”, descrito por Arendt (1958).

O fazer, ou melhor, o saber fazer difere de outras capacidades humanas como a de contemplar a realidade (literal ou mentalmente), agir (no sentido de adotar decisões), experimentar sentimentos (influenciado ou não por valores culturais, simbólicos, educacionais) e expressar-se (sobretudo manifestar a própria identidade, as próprias ideias, anseios e valores) mediante uma linguagem articulada, particularmente a enunciativa (ARENDT, 1958).

Esse caráter da técnica deve ser levado em consideração ao se procurar entender a tecnologia como um fator que interfere no modo de vida dos seres humanos, sobretudo na medida em que esse fator afeta outros e, principalmente, como a técnica, a tecnologia, as ações e os objetos, condicionados e condicionantes, interferem na construção de realidades sociais sobre a natureza, na construção do espaço geográfico, e nos proporciona dimensões tempo-espaciais que contribuem para sermos quem somos e vivermos onde/como vivemos.

Isso porque, sobretudo o homem vive - e sempre viveu - uma constante relação de mutação, de estranheza, de busca e de transformação com a natureza, dada pela técnica, pelas ações, pelo agir, pelo fazer, pela produção e pelo trabalho. Desse sistema de interações e intercâmbio ele extraiu as condições para sua sobrevivência, mudando a natureza à medida que mudava a si mesmo. Desta relação do homem com o restante da natureza que resulta em novas transformações é que se materializa o espaço geográfico (SANTOS, 1978; MOREIRA, 2010).

O espaço geográfico surge nesse contexto como a essência da unicidade. Ele é o plano em que se dão as ações humanas - homens x homens, homens x

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natureza, homens x objetos - onde as existências dissociadas se juntam e vice versa. O espaço geográfico é o campo de coabitação onde a multiplicidade de fenômenos possui um sentido comum e concreto em uma forma de organização e conteúdo.

O espaço geográfico é uma totalidade híbrida, diversa, marcada por multiplicidade. Ele é afetivamente vivido e socialmente construído por um conjunto cada vez mais indissociável de objetos materiais e ações imateriais que constroem, impõem resistência, separam, unificam e produzem o seu funcionamento. O espaço geográfico é assim, o próprio reflexo das sociedades (SANTOS, 1994, 1996; MASSEY, 2008.

Neste contexto, este primeiro nó objetiva discutir justamente isso, a construção do conceito de espaço geográfico e suas diversas concepções de acordo com a visão de diferentes autores, principalmente na ciência geográfica. Principalmente pelo fato de que, a categoria espaço é aqui considerada como principal componente para análise dos fenômenos que serão estudados.

Para tal, este nó fora dividido em três tópicos, que interligados, têm por objetivo proporcionar uma concepção mais clara do arcabouço teórico que envolve o conceito de espaço. Estes por sua vez estão estruturados da seguinte forma: o primeiro “do meio natural à técnica” pretende destacar o papel das técnicas como forma de expressão do homem como ente no mundo, e na produção dos vários espaços geográficos na transformação da natureza.

O segundo tópico “O conceito de espaço na ciência geográfica” pretende fazer uma leitura de como o conceito foi debatido ao longo dos anos até se tornar o conceito chave da geografia. O terceiro tópico “o meio técnico-científico-informacional” conceito criado por Milton Santos (1996) pretende debater a gradativa inserção de ciência, técnica e informação nos espaços geográficos de forma que concebemos espaços geográficos cada vez mais artificializados frutos das ações modificadoras humanas.

O aporte teórico aqui utilizado segue os debates, não exclusivamente, mas principalmente, propostos por Arendt (1958); Ortega Y Gasset (1963); Lefébvre (1976, 1984); Tuan (1979, 1983); Santos (1978, 1979, 1985, 1994, 1996, 2002); Corrêa (1982, 1995); Foucault (1986); Simondon (1989); George (1989); Harvey (1969, 1989); Moraes

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(1990); Raffestin (1993); Soja (1993); Moreira, (2009, 2010, 2012); Barros (2003); Massey (2008).

Do meio natural à Técnica

A presença do homem sobre a terra sempre proporcionou à natureza um caráter de (re)descoberta constante. O meio natural e a criação de uma natureza social promovida pelos homens criaram uma ordem racional das coisas, dos objetos, das ações e do mundo. Diante da proporcionalidade cada vez maior de lugar ao artefato técnico pela natureza, a racionalidade criada e imposta se confunde com o natural e cria uma natureza instrumentalizada, domesticada e, por diversas vezes, surreal (ORTEGA Y GASSET, 1963; SIMONDON 1989; GEORGE, 1989).

No início do desenvolvimento da civilização humana, a natureza era selvagem e sofria pouca ou nenhuma intervenção do homem. Entretanto, no decorrer dos anos e da evolução das sociedades, os elementos naturais foram sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, recentemente, cibernéticos, fazendo com que a natureza tenda a funcionar como uma máquina artificial (GEORGE, 1989).

Assim, o homem impõe sua mudança à natureza por meio da técnica, criando uma nova natureza, posta sobre a anterior, uma “sobrenatureza” com modificações. A operação técnica é o lugar da combinação de elementos técnicos inventados e elementos naturais. A respeito disso, Simondon (1989, p. 256) diz que não há de um lado o natural e de outro o artificial, logo, “o artificial é o natural suscitado”.

Na Grécia Antiga, a ideia de “sobrenatureza” ou “nova natureza” oriunda das relações do homem com a natureza mediada pela técnica rogava nos discursos filosóficos de Platão, por exemplo. Porém foi o romano Cícero, no século I A.C. em De natura Doerum quem melhor definiu a segunda natureza:

À nossa disposição estão montanhas e planícies. Nossos rios e lagos. Colhemos o milho e plantamos árvores. Fertilizamos o solo pela irrigação. Represamos os rios para orientá-los a nosso bel prazer.

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Pode-se dizer que com nossas mãos tentamos criar uma segunda natureza no mundo natural (SMITH, 1984, p. 16).

Para Godoy (2004) passagens como esta, mostram, resumidamente, que os problemas teóricos que cercam o debate sobre o espaço geográfico remontam a própria institucionalização da geografia como saber científico. Mesmo que de forma não tão explícita.

Ou seja, as transformações e produções humanas sempre foram motivos de reflexão. Afinal, a natureza é um dado permanente, que se modifica a medida que avançamos no seu conhecimento. “A transformação da natureza em meios de produção de vida é feita pelos homens numa relação de cooperação e com apoio na técnica” (MOREIRA, 2010, p. 103).

Assim, a natureza “tecnicizada” acaba por ser abstrata, já que as técnicas insistem em imitá-la e culminam por consegui-lo (SIMONDON, 1989; SANTOS 1996). Ou, como aponta Moreira (2010, p. 103) “a transformação da natureza em meios de produção de vida é feita pelos homens numa relação de cooperação e com apoio na técnica”.

Essa nova natureza e realidade são resultados da busca constante de satisfação das necessidades e de melhoria em relação às adversidades impostas pela natureza. Assim, a técnica tem, no contexto da evolução humana, uma relação de utopia ou de panaceia na esperança de emancipação e de superação de todos os problemas e entraves das mais diversas ordens.

A história do homem sobre a Terra é a história de uma rotura progressiva entre o homem e o entorno. Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o homem se descobre como indivíduo e inicia a mecanização do Planeta, armando-se de novos instrumentos para tentar dominá-lo. A natureza artificializada marca uma grande mudança na história humana da natureza. Hoje, com a tecnociência, alcançamos o estágio supremo dessa evolução (SANTOS, 2008, p. 5).

A técnica é então criada por ações sociais personificadas por meio de atos humanos que modificam e/ou reformam a circunstância ou a natureza, conseguindo que nela passe a haver o que anteriormente não havia, incluindo o surgimento de elementos antes da necessidade da existência deles. Todos estes atos são técnicos, são

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específicos do homem, já que os animais têm que se ajustar ao que encontram na natureza. Eles seriam assim, de acordo com Ortega Y Gasset (1963) “atécnicos”.

Estes atos técnicos são, em resumo, aqueles em que dedicamos o esforço, primeiramente para inventar, inovar, modificar, produzir, criar e, depois, para executar um plano de atividade que nos permita, segundo (ORTEGA Y GASSET, 1963 p. 30):

1) Assegurar a satisfação das necessidades evidentemente elementares; 2) Conseguir satisfação com o mínimo de esforço;

3) Criar-nos novas possibilidades complementares, produzindo objetos que não existem na natureza do homem.

Ainda segundo Ortega y Gasset (1963, p. 14), “O conjunto destes atos é a técnica, que podemos, desde logo, definir como a reforma que o homem impõe à natureza em vista da satisfação de suas necessidades”. Para Santos (2006, p. 16), “As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço”.

Já para Simondon (1989), a técnica é uma designação de um conjunto de elementos dos gestos ligados à fabricação e à utilização de sistemas, melhorando e ampliando as performances dos corpos nas suas relações com o meio ambiente. Essas considerações reafirmam que a principal forma de relação entre o homem e a natureza, entre o homem e o meio é dada pela técnica.

Mumford (1998), por sua vez, entende por técnica o controle ou a transformação da natureza pelo homem, o qual faz uso de conhecimentos pré-científicos. É importante destacar que técnica é diferente de tecnologia, uma vez que esta seria um avanço daquela.

Sendo assim: a) não existe homem sem técnica – esta está diretamente ligada ao contexto social humano, independentemente do contexto histórico ou geográfico, sendo considerada como um dentre os vários aspectos da existência humana; b) Essa técnica varia em grau máximo ou mínimo, de acordo com o contexto histórico, o nível de conhecimento e/ou de necessidade; c) Nem toda técnica é absoluta - na evolução humana e da própria técnica, em dados momentos, algo extremamente útil e necessário será negligenciado pela humanidade (ORTEGA Y GASSET, 1963; SIMONDON, 1989; SANTOS 1996).

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