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Efeito do caulino e da orientação das linhas de plantação no comportamento fisiológico da videira

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(1)

I

Efeito do caulino e da orientação das linhas de plantação no

comportamento fisiológico da videira

-Versão Definitiva-

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA AGRONÓMICA

Rafael Corrêa Pinheiro

Orientadores: Professor Doutor José Manuel Moutinho-Pereira

Professor Doutor Carlos Manuel Correia

(2)

II

Efeito do caulino e da orientação das linhas de plantação no

comportamento fisiológico da videira

-Versão Definitiva-

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA AGRONÓMICA

Rafael Corrêa Pinheiro

Orientadores: Professor Doutor José Manuel Moutinho-Pereira

Professor Doutor Carlos Manuel Correia

(3)

III

Efeito do caulino e da orientação das linhas de plantação no

comportamento fisiológico da videira

-Versão Definitiva-

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA AGRONÓMICA

Rafael Corrêa Pinheiro

Orientadores: Professor Doutor José Manuel Moutinho-Pereira

Professor Doutor Carlos Manuel Correia

Composição do Júri:

___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________

(4)

IV Os Orientadores:

_______________________________

José Manuel Moutinho-Pereira

Departamento de Biologia e Ambiente, UTAD

_______________________________

Carlos Manuel Correia

(5)

V

Esta dissertação de Mestrado foi realizada no âmbito do projeto PTDC/AGR-AAM/098326/2008 “Estratégias de curto prazo para mitigação das alterações climáticas na

viticultura mediterrânica (ClimVineSafe)”, financiado pela Fundação para a Ciência e a

Tecnologia (FCT), co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Operacional Fatores de Competitividade (POFC).

(6)

VI

"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a refletir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta."

(7)

VII

À minha namorada Cátia Brito Ao Engenheiro Carlos Ramos

(8)

VIII

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na pessoa do Magnífico Reitor, Sr. Professor Doutor António Augusto Fontaínhas Fernandes, por me ter proporcionado o ingresso neste curso de mestrado, assim como ao corpo docente que me acompanhou durante a frequência do primeiro ano;

Ao Professor Doutor Aureliano Natálio Coelho Malheiro pela sua disponibilidade e apoio na qualidade de Diretor do Mestrado em Engenharia do Agronómica;

Ao Professor Doutor José Manuel Moutinho-Pereira e ao Professor Doutor Carlos Manuel Correia por me terem aceite como orientando. Um agradecimento por todos os preciosos ensinamentos que me têm transmitido, pela disponibilidade, por todo o apoio, sugestões e palavras incentivo, interesse, dedicação, amizade e preocupação que sempre demostraram ao longo da realização desta dissertação;

Ao Doutor Hélder Fraga por todo o apoio e ajuda prestada na recolha de dados, assim como por toda a prontidão na disponibilização de material de suporte;

Ao Eng. Fernando Alves e Eng. Jorge Costa da ADVID, pela ajuda na recolha de dados e pela preocupação e disponibilidade que sempre demonstraram ao longo da realização desta dissertação, assim como pelos conhecimentos transmitidos;

Ao Eng. António Pinto da Quinta do Vallado, pela disponibilidade e por toda a ajuda prestada na realização experimental, assim como pela disponibilização de informação;

À Mestre Helena Ferreira por toda a disponibilidade, paciência e ajuda prestada na realização da parte experimental e por todo o incentivo e pelas palavras sempre sábias e animadoras;

À Doutora Lia-Tânia pela ajuda prestada na realização da parte experimental, assim como por todas as sugestões, conselhos e disponibilização de material ao longo da realização desta dissertação. Mas também as palavras de incentivo sempre presentes;

(9)

IX

À Teresa Velez por todo apoio e incentivo ao longo da realização desta dissertação assim como por toda a ajuda prestada na procura de suporte para a realização da mesma;

Uma palavra de agraciamento ao meu grande amigo Marco Gonçalves por toda a convivência e partilha de conhecimento ao longo destes 5 anos. Obrigado pela amizade e companheirismo demonstrado;

Um especial agradecimento ao Eng.º Carlos Ramos por todos os preciosos valores e ensinamentos que me tem vindo a transmitir, por nunca ter deixado de acreditar nas minhas capacidades e potencialidades, por me ter dado forças nos momentos mais difíceis para continuar e pelas palavras de incentivo sempre presentes. Obrigado por todos os "vê se acabas a tese para poderes começar a faturar como um verdadeiro Engenheiro". Obrigado por todas as oportunidades que me tem dado e por ter feito de mim a pessoa que sou. É um privilégio poder partilhar o dia-a-dia com um profissional como o Engº;

Uma palavra de agradecimento a António Brito e a Lurdes Brito por todo o apoio e incentivo;

À minha namorada Cátia, pois foi um dos meus pilares de sustentação para a conclusão desta dissertação. Obrigado pela compreensão, paciência, pelos valiosos conselhos, por todo o apoio e carinho demonstrado ao longo da realização deste trabalho. Obrigado por todos os bons momentos que me proporcionas-te, por me fazeres feliz, por estares presente nos momentos mais difíceis e me fazeres ver o lado bom da vida;

Finalmente à minha Família, especialmente aos meus Pais e irmãos, por todo o carinho e amor e por todos os sacrifícios feitos para poder obter a minha formação. Obrigado pelos valores e ensinamentos transmitidos e terem feito de mim a pessoa que sou.

(10)

X

AGRADECIMENTOS ... VIII

RESUMO ... XII

ABSTRACT ... XIII

ÍNDICE DE FIGURAS... XIV

ÍNDICE DE QUADROS ... XV

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ... XVIII

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO GERAL E OBJETIVOS ... 1

CAPÍTULO II- CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DEMARCADA DO DOURO ... 4

2.1-LOCALIZAÇÃO E CLIMA ... 5

CAPÍTULO III - AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA VITICULTURA ... 8

CAPÍTULO IV - MITIGAÇÃO DOS EFEITOS DELETÉRIOS DO CLIMA ESTIVAL ATRAVÉS DE PRÁTICAS CULTURAIS ... 15

4.1-INTRODUÇÃO ... 16

4.2-ESTRATÉGIAS DE LONGO PRAZO DE MITIGAÇÃO DO STRESSE ESTIVAL ... 18

4.2.1- ESCOLHA DE PORTA-ENXERTOS E CASTAS ... 18

4.2.2- SISTEMA DE CONDUÇÃO ... 19

4.3- ESTRATÉGIAS DE CURTO PRAZO DE MITIGAÇÃO DO STRESSE ESTIVAL ... 21

4.3.1-INTERVENÇÕES NO SOLO ... 21

4.3.2-GESTÃO DA REGA ... 23

4.3.3-PROTEÇÃO FITOSSANITÁRIA ... 23

4.3.4- INTERVENÇÕES EM VERDE ... 25

CAPITULO V - MATERIAL E MÉTODOS ... 28

5.1-CARACTERIZAÇÃO DO ENSAIO EXPERIMENTAL... 29

5.2-MÉTODOS ... 32

5.2.1- MEDIÇÃO DO POTENCIAL HÍDRICO FOLIAR ... 32

(11)

XI

5.2.4- MEDIÇÃO DA FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA A IN VIVO ... 34

5.2.5-DETERMINAÇÃO DOS PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS ... 35

5.2.6- DETERMINAÇÃO DO TEOR DE METABOLITOS FOLIARES ... 36

5.2.6.1-AÇÚCARES SOLÚVEIS E AMIDO ... 36

5.2.6.2-COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS ... 36

5.2.6.3- PROTEÍNAS SOLÚVEIS TOTAIS ... 36

5.2.7- PEROXIDAÇAO LIPÍDICA ... 37

5.2.8-PRODUÇÃO E VIGOR ... 37

5.2.9-ANÁLISE ESTATÍSTICA... 37

CAPÍTULO VI- RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 38

6.1 - POTENCIAL HÍDRICO FOLIAR ... 39

6.2 – TEMPERATURA DA FOLHA ... 41

6.3 - TROCAS GASOSAS DAS FOLHAS ... 43

6.4 - FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA A IN VIVO ... 50

6.5 - PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS ... 56

6.6 - METABOLITOS E TBARS ... 60

6.7- PRODUÇÃO, LENHA DE PODA E NÚMERO DE LANÇAMENTOS ... 63

BIBLIOGRAFIA ... 68

ANEXOS ... 80

(12)

XII

Em Portugal a fileira vitivinícola tem uma elevada importância económica, social e cultural, sendo a Região Demarcada do Douro (RDD) uma das regiões vitícolas mais importantes do mundo. Esta região, para além de ser caracterizada pela severidade do período estival, é também particularmente vulnerável aos impactos das alterações climáticas. A grande variabilidade nos padrões de precipitação aliada à evapotranspiração e aos eventos climáticos extremos previstos podem conduzir a alterações na fenologia da videira e na produção e qualidade das colheitas. Assim sendo, é cada vez mais importante a adoção de práticas culturais que permitam ao viticultor adaptar as culturas aos stresses hídrico, térmico e luminoso e /ou mitigar os seus efeitos. Na RDD algumas técnicas culturais, como a rega, para além de se encontrarem impedidas ou restringidas legalmente não são técnica ou economicamente viáveis, sendo necessário encontrar outras medidas. No presente estudo pretendeu avaliar-se o efeito da aplicação de caulino como agente foto e termoprotetor das folhas e o tipo de orientação (N-S ou E-W) que mais favorece a atividade fisiológica e produtiva da videira, assim como, a ação combinada destas duas variáveis. Tendo em conta estas variáveis, realizaram-se estudos ao nível do potencial hídrico foliar, da temperatura foliar, das trocas gasosas foliares, da fluorescência da clorofila a, estudos bioquímicos, como a determinação da concentração de pigmentos fotossintéticos, metabolitos (compostos fenólicos totais, açúcares solúveis, amido e proteínas solúveis totais) e indicadores de stresse oxidativo (peroxidação lipídica) e ao nível da produção e vigor. A orientação N-S, no geral, parece ser mais vantajosa, contribuindo para um melhor estado hídrico e para menores danos oxidativos, mas também para maior vigor e produção. O caulino a 5% contribuiu para a redução da temperatura foliar das videiras, para um melhor desempenho fotossintético e para uma maior produção. Verificou-se também uma tendência para que a escolha da orientação N-S associada à aplicação de caulino permita uma maior redução da temperatura foliar. Concluiu-se com este estudo que a implementação destas práticas culturais, principalmente a aplicação de caulino, pode ajudar as videiras a competir com as condições adversas do período estival e derivadas das progressivas alterações climáticas esperadas.

Palavras-chave: Vitis vinifera; Região Demarcada do Douro, alterações climáticas, caulino,

(13)

XIII

In Portugal the wine industry has a high economic, social and cultural importance, being the Douro Demarcated Region (RDD) one of the most important wine regions of the world. Besides being characterized by the severity of the summer period, this region is also particularly vulnerable to climate change impacts. The great variability of precipitation patterns combined with evapotranspiration and extreme climatic events predicted, may lead to changes in the grapevine phenology and yield and quality of harvests. Therefore, it is becoming increasingly important to adopt cultural practices that allow the wine producer´s to adapt crops to drought, heat and light stresses and/or mitigate their effects. In RDD, apart from are legally prevented or restrained, some cultural practices, such as irrigation, are not technically or economically viable, being necessary to find other methods. In the present study sought to assess the effect of kaolin application as a leaf photo and thermoprotector agent and the orientation (N-S or E-W) that most favors the physiological and productive activity of the grapevine, as well as, the combined action of these two variables. Taking into account these variables, were investigated the leaf water potential, leaf temperature, leaf gas exchange, chlorophyll a fluorescence and were made biochemistry studies such as the evaluation of photosynthetic pigments, metabolites (total phenols, soluble sugars, starch and total soluble proteins), oxidative stress indicators (lipid peroxidation) and studies of production and vigor. The N-S orientation, in general, appeared to be more advantageous contributing to a better water status and lower oxidative damage but also to a greater vigor and production. The kaolin 5% contributed to a decrease in leaf temperature of grapevines, for a better photosynthetic performance and higher production. There was also a tendency for the N-S row associated with kaolin 5% application allows a decrease in leaf temperature of grapevines. With this study, it was concluded that the implementation of these cultural practices, specially kaolin 5% application, can help the grapevines to compete with the adverse conditions of the summer period and of the expected progressive climate change.

Keywords: Vitis vinifera; Douro Demarcated Region, climatic change, kaolin, row

(14)

XIV

Figura 1. A RDD e as suas 3 sub-regiões. ... 6 Figura 2. Regiões vitícolas globais e zonas das temperaturas (12-22ºC) da estação de

crescimento. (Fonte: Jones, 2012). ... 9

Figura 3. Mudança global na aptidão para a viticultura. As alterações mostradas dizem

respeito ao tempo atual e a 2050 (Fonte: Hannah et al., 2013). ... 11

Figura 4. a) Diferenças no numero de dias com temperaturas máximas diárias iguais ou

superiores a 40ºC (2041-2070 menos 1961-2000). b) Diferenças na precipitação total (em

mm) durante a estação de crescimento (2041-2070 menos 1961-2000) (Fonte: Fraga, 2014). ... 12

Figura 5. Influência do solo, clima e práticas culturais na qualidade do vinho através dos

seus efeitos no comportamento fisiológico da videira. (Fonte: Smart, 1991). ... 17

Figura 6. Receção da energia luminosa pelos bardos nas orientações N-S e E-W... 20 Figura 7. Parcelas da Quinta do Vallado usadas no presente estudo... 29 Figura 8. A: produto comercial utilizado; B: elaboração da calda a aplicar; C: aspeto dos

cachos pulverizados com caulino; D:aspeto das folhas com pulverizadas com caulino. ... 31

Figura 9. Dados climáticos 2011-2012 e normais climatológicas 1931-1960 – Baixo Corgo,

Régua (Dados fornecidos pela ADVID)... 32

Figura 10. Medição da temperatura foliar. A - medição da temperatura no bardo de controlo,

B - medição da temperatura no bardo tratado com caulino. ... 33

Figura 11. A) Medição da fluorescência da clorofila a in vivo nas folhas de controlo.

B) Medição da fluorescência da clorofila a in vivo nas folhas tratadas com caulino. ... 35

Figura 12. Avaliação dos pigmentos clorofilinos com recurso a um medidor portátil

SPAD-502. ... 36

(15)

XV

Quadro 1. Caracterização das 3 Sub-Regiões (Fonte: IVDP, 2013). ... 7 Quadro 2. Resumo das análises de solo relativas às parcelas em estudo. ... 30 Quadro 3. Potencial hídrico foliar (média ± erro padrão) de base (Ψb) e ao meio-dia-solar

(Ψmd)de videiras com ... 40

Quadro 4. Temperatura foliar (média ± erro padrão) na face lateral nascente e na face lateral

poente do bardoem folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%,

a 17 de julho, 31 de julho e 4 de setembro de 2012. ... 42

Quadro 5. Condutância estomática (gs), taxa fotossintética (A), eficiência intrínseca do uso

da água (A/gs), razão da concentração de CO2 intercelular/concentração de CO2 atmosférico

(Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes

orientações e aplicação de caulino 5%, no período da manhã de 17 de julho de 2012. ... 46

Quadro 6. Condutância estomática (gs), taxa fotossintética (A), eficiência intrínseca do uso

da água (A/gs), razão da concentração de CO2 intercelular/concentração de CO2 atmosférico

(Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes

orientações e aplicação de caulino 5%, no período da tarde de 17 de julho de 2012. ... 46

Quadro 7. Condutância estomática (gs), taxa fotossintética (A), eficiência intrínseca do uso

da água (A/gs), razão da concentração de CO2 intercelular/concentração de CO2 atmosférico

(Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes

orientações e aplicação de caulino 5%, no período da manhã de 31 de julho de 2012. ... 47

Quadro 8. Condutância estomática (gs), taxa fotossintética (A), eficiência intrínseca do uso

da água (A/gs), razão da concentração de CO2 intercelular/concentração de CO2 atmosférico

(Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes

orientações e aplicação de caulino 5%, no período da tarde de 31 de julho de 2012. ... 47

Quadro 9. Condutância estomática (gs), taxa fotossintética (A), eficiência intrínseca do uso

da água (A/gs), razão da concentração de CO2 intercelular/concentração de CO2 atmosférico

(Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes

orientações e aplicação de caulino 5%, no período da manhã de 21 de agosto de 2012. ... 48

Quadro 10. Condutância estomática (gs), taxa fotossintética (A), eficiência intrínseca do uso

da água (A/gs), razão da concentração de CO2 intercelular/concentração de CO2 atmosférico

(Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes

orientações e aplicação de caulino 5%, no período da tarde de 21 de agosto de 2012. ... 48

Quadro 11. Condutância estomática (gs), taxa fotossintética (A), eficiência intrínseca do uso

da água (A/gs), razão da concentração de CO2 intercelular/concentração de CO2 atmosférico

(Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com

diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da manhã de 4 de setembro de

(16)

XVI (Ci/Ca) e taxa de transpiração (E) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes

orientações e aplicação de caulino 5%, no período da tarde de 4 de setembro de 2012. ... 49

Quadro 13. Eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) e efetiva do PSII (ΦPSII),

eficiência fotoquímica do PSII à luz (F’v/F’m), taxa de transporte de eletrões (ETR),

coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da

manhã de 17 de julho de 2012. ... 52

Quadro 14. Eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) e efetiva do PSII (ΦPSII),

eficiência fotoquímica do PSII à luz (F’v/F’m), taxa de transporte de eletrões (ETR),

coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da tarde

de 17 de julho de 2012 ... 52

Quadro 15. Eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) e efetiva do PSII (ΦPSII),

eficiência fotoquímica do PSII à luz (F’v/F’m), taxa de transporte de eletrões (ETR),

coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da

manhã de 31 de julho de 2012. ... 53

Quadro 16. Eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) e efetiva do PSII (ΦPSII),

eficiência fotoquímica do PSII à luz (F’v/F’m), taxa de transporte de eletrões (ETR),

coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da tarde

de 31 julho de 2012. ... 53

Quadro 17. Eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) e efetiva do PSII (ΦPSII),

eficiência fotoquímica do PSII à luz (F’v/F’m), taxa de transporte de eletrões (ETR),

coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da

manhã de 21 de agosto de 2012. ... 54

Quadro 18. Eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) e efetiva do PSII (ΦPSII),

eficiência fotoquímica do PSII à luz (F’v/F’m), taxa de transporte de eletrões (ETR),

coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da

tarde de 21 de agosto de 2012. ... 54

Quadro 19. Eficiência fotoquímica máxima do PSII (Fv/Fm) e efetiva do PSII (ΦPSII),

eficiência fotoquímica do PSII à luz (F’v/F’m), taxa de transporte de eletrões (ETR),

coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da

(17)

XVII coeficiente de extinção fotoquímico (qP) e não fotoquímico (NPQ) (média ± erro padrão) em

folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no período da tarde

de 4 de setembro de 2012. ... 55

Quadro 21. Razão clorofila a/clorofila b (Cla/Clb), concentração de clorofilas totais (Cl(a+b))

e carotenóides (Car) e razão Cl(a+b)/Car (média ± erro padrão) em folhas de videiras com

diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no dia 31 de julho de 2012. ... 58

Quadro 22. Razão clorofila a/clorofila b (Cla/Clb), concentração de clorofilas totais (Cl(a+b))

e carotenóides (Car) e razão Cl(a+b)/Car (média ± erro padrão) em folhas de videiras com

diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no dia 4 de setembro de 2012. ... 58

Quadro 23. Valores de estimativa do teor em clorofilas (unidades de SPAD) (média ± erro

padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, nos dias

17 de julho, 31 de julho, 21 de agosto e 4 de setembro de 2012. ... 59

Quadro 24. Concentração de açúcares solúveis (AS), amido (Am), razão AS/Am, proteínas

solúveis totais (PST) e compostos fenólicos totais (CFT) (média ± erro padrão) em folhas de

videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no dia 31 de julho de 2012. ... 62

Quadro 25. Concentração de açúcares solúveis (AS), amido (Am), razão AS/Am, proteínas

solúveis totais (PST) e compostos fenólicos totais (CFT) (média ± erro padrão) em folhas de

videiras com diferentes orientações e aplicação de caulino 5%, no dia 4 de setembro de 2012. ... 62

Quadro 26. Concentração de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) totais

(média ± erro padrão) em folhas de videiras com diferentes orientações e aplicação de

caulino 5%, nos dia 31 de julho e 4 de setembro de 2012. ... 63

Quadro 27. Nº de cachos (C), peso/videira (PV), peso/cacho (PC), nº de lançamentos (L),

expressão vegetativa (EV), vigor (V) e índice de Ravaz (IR) em videiras com diferentes

(18)

XVIII A ... Taxa fotossintética líquida

A/gs ... Eficiência intrínseca do uso da água

Am ... Amido

AS ... Açúcares solúveis Car ... Carotenóides

CFT ... Compostos fenólicos totais

Ci - ... Concentração de CO2 intercelular

Ci/Ca ... Razão entre a concentração do CO2 intercelular e na atmosfera Cl(a+b) ... Clorofila total

Cl(a+b)/Car ... Razão entre a clorofila total e os carotenóides

Cla ... Clorofila a

Clb ... Clorofila b

E ... Taxa de transpiração

ETR ... Taxa de transporte de eletrões EV ... Expressão vegetativa

E -W ... Este-Oeste

F’v/F’m ... Eficiência fotoquímica do PSII à luz

Fm ... Fluorescência máxima

Fo ... Fluorescência basal

Fv ... Fluorescência variável

Fv/Fm ... Eficiência fotoquímica máxima do PSII

Fs ... Fluorescência no equilíbrio

gs ... Condutância estomática para o vapor da água

IR ... Índice de Ravaz

IRGA ... Analisador de gás por radiação infravermelha L ... Nº de lançamentos

NPQ ... Coeficiente de extinção não-fotoquímica PC ... Peso/cacho

PPFD ... Densidade de fluxo fotónico fotossinteticamente ativo PSII ... Fotossistema II

PST ... Proteínas solúveis totais PV ... Peso/videira

QA ... Aceitador primário de eletrões do PSII

qP ... Coeficiente de extinção fotoquímica RDD ... Região Demarcada do Douro

ROS ... Espécies reativas de oxigénio

SPAD ... Solo Planta Análise Desenvolvimento TBARS ... Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico TCA ... Ácido tricloroacético

ΦPSII ... Eficiência fotoquímica efetiva do PSII Ψb ... Potencial hídrico foliar de base

Ψf ... Potencial hídrico foliar

Ψmd ... Potencial hídrico ao meio-dia solar

PAR ... Radiação fotossinteticamente ativa WUE ... Eficiência do uso da água

(19)

1 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO GERAL E OBJETIVOS

(20)

2

A fileira vitivinícola em Portugal tem elevada importância económica, social e cultural. A Região Demarcada do Douro (RDD) é das regiões vitícolas mais importantes, ricas e conhecidas do mundo (Almeida, 2006), sendo caracterizada pela severidade do período estival. Embora outros fatores como o solo, as castas e as práticas agrícolas e enológicas tenham um papel crucial no processo de vinificação, o clima e o tempo representam os principais fatores determinantes para a viticultura (van Leeuwen et al., 2004). O clima encontra-se em mudança e as alterações climáticas são cada vez mais uma realidade. Segundo o IPCC (2007), as alterações climáticas vão repercutir-se não só na média como também na variabilidade de temperaturas, aumentando o risco de eventos climáticos extremos. A grande variabilidade na precipitação aliada à evapotranspiração, assim como alterações nos extremos climáticos podem conduzir a alterações na fenologia da videira, nas pragas e doenças, na produção e na qualidade das colheitas (Schultz, 2000; Sotés, 2001; Jones et al., 2005). Segundo Hannah et al. (2013) poderá ocorrer uma redistribuição das regiões vitícolas pelos continentes, sendo que em Portugal a área adequada para a produção vitivinícola atual sofrerá um declínio a rondar os 80%.

Assim sendo, e uma vez que o clima e o tempo não podem ser diretamente controlados pelos produtores, apenas se pode prever e tomar medidas para adaptar as culturas e/ou mitigar os seus efeitos (Fraga et al., 2012). A adoção de práticas culturais por parte do viticultor pode desempenhar um papel crucial na mitigação tanto do stresse hídrico, como do luminoso e térmico, principalmente em regiões onde estes stresses são mais severos. Na RDD algumas técnicas culturais encontram-se impedidas ou mesmo restringidas legalmente, como por exemplo a rega que mesmo que fosse legal não estaria técnica e economicamente ao alcance dos viticultores durienses (Moutinho-Pereira, 2000). O uso de produtos fitossanitários, como o caulino, e a escolha de uma orientação das linhas de plantação mais adequada podem ser algumas práticas culturais que poderão ajudar os viticultores a minorar os efeitos deletérios da adversidade estival de regiões semi-áridas, como é o caso da RDD. As partículas de caulino formam uma película branca continua que contribui para a transmissão da radiação fotossinteticamente ativa, para diminuir a incidência da radiação ultravioleta e infravermelha e para reduzir a temperatura da canópia (Glenn e Puterka, 2005). A orientação das linhas de plantação apresenta um papel crucial, no que toca à receção da energia luminosa pela videira ao longo do dia e nas respetivas reações da planta, tanto em climas de fraca insolação onde a captação de energia luminosa deve ser maximizada, como em climas onde se verifiquem

(21)

3

temperaturas elevadas, que implicam uma paragem da atividade fotossintética a meio do dia ou levem ao próprio escaldão das folhas e dos cachos durante o período da tarde (Magalhães, 2008).

Assim, os objetivos deste estudo passam por avaliar o efeito da aplicação de caulino, como agente foto e termoprotetor das folhas, e o tipo de orientação que mais favorece a atividade fisiológica e produtiva da videira, assim como a ação combinada destas duas variáveis. Para tal recorreu-se a diversas metodologias de campo e laboratório, nomeadamente a medição do potencial hídrico foliar, a medição da temperatura foliar, a determinação das trocas gasosas foliares, a medição de parâmetros da fluorescência da clorofila a in vivo, determinação da concentração de pigmentos fotossintéticos (clorofila a, b e carotenóides) e de metabolitos (fenóis totais, açúcares solúveis, amido e proteínas), medição da peroxidação lipídica e de parâmetros de produção e vigor.

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4 CAPÍTULO II- CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO DEMARCADA DO DOURO

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Portugal é o 10º maior produtor de vinho do mundo (FAO, 2010), sendo produzidas uvas em mais de 30 regiões certificadas com denominação de origem (Jones, 2012). Destas, a região mais conhecida é a Região Demarcada do Douro (RDD), sendo das regiões vitícolas mais importantes, ricas e conhecidas do mundo (Almeida, 2006). Esta destaca-se pela sua cultura e pela paisagem construída ao longo de muitos séculos de história (Jones, 2012). Foi formalmente instituída em 1756 por Marques de Pombal e é atualmente referência obrigatória na história mundial do vinho (Magalhães, 2008). A RDD caracteriza-se por uma vitivinicultura de encosta, com elevados custos de instalação e de produção, pela grande necessidade de mão-de-obra e também pela forte penosidade do trabalho (Pereira, 2009). A RDD produz principalmente dois tipos de vinho, os vinhos do Porto (DOC Porto) e os vinhos de consumo (DOC Douro), e em menor escala vinhos espumantes e o Moscatel de Favaios (Magalhães, 2008). A região tem vindo a ganhar notoriedade pela qualidade do Vinho do Porto, no entanto a produção de vinho de mesa tem vindo a ser reconhecida qualitativamente (Jones, 2012). A produção da região encontra-se entre as 200 000 a 250 000 pipas (5,5 hl) (Magalhães, 2008). A RDD apresenta também um riquíssimo património de castas, encontrando-se em cultivo mais de 100 (Pereira, 2009).

2.1-LOCALIZAÇÃO E CLIMA

A RDD situa-se na bacia hidrográfica do Douro (Pereira, 2009), estendendo-se pelos distritos de Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda (Almeida, 2006). A área atual da região é de aproximadamente 250 000 ha, sendo 45 600 ha ocupados por vinhas (Quadro 1) (IVDP, 2013), dos quais 84% têm direito a benefício (Magalhães, 2008). Na RDD os invernos são tipicamente muito frios e secos e os verões extremamente quentes (Zamith, 2001). A distância ao mar e as características montanhosas em toda a sua extensão geram diferentes mosaicos climáticos locais, estes associados à altitude, exposição solar, inclinação, litologia e pedologia proporcionam às vinhas condições muito diferentes levando à produção de vinhos com as mais diversas características (Zamith, 2001; Almeida, 2006). A RDD encontra-se dividida em três sub-regiões: o Baixo-Corgo, Cima-Corgo e o Douro-Superior (Figura 1).

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O Baixo-Corgo, a mais Ocidental das 3 sub-regiões, está sob influência das correntes húmidas provenientes do Atlântico mesmo com a proteção das serras de Montemuro e do Marão (Magalhães, 2008). Esta sub-região está sujeita a maiores precipitações (980 mm) e é a mais fria das 3, sendo que a temperatura média anual ronda os 18ºC (Zamith, 2001). Das três sub-regiões é a que apresenta menor área total, sendo, no entanto, a que tem maior densidade de vinha, ou seja 32,2% (Quadro 1) (IVDP, 2013). Esta apresenta produções unitárias elevadas com grande potencial para a produção de vinhos DOC Douro por vezes de alta qualidade (Magalhães, 2008).

O Cima-Corgo, a parte central da região do Douro, encontra-se sob um clima com menor precipitação face à sub-região do Baixo-Corgo (710 mm), e com temperaturas estivais mais elevadas (19ºC), isto é, um clima progressivamente mais mediterrânico (Zamith, 2001; Magalhães, 2008). A área total desta sub-região é de aproximadamente 95 000 ha, sendo 20 915 ha ocupados por vinhas (Quadro 1) (IVDP, 2013). Esta sub-região é mesmo considerada o coração da RDD devido as ótimas condições para a produção de uvas da melhor qualidade (Moutinho-Pereira, 2000).

O Douro-Superior é a mais Oriental das sub-regiões, o seu clima é tipicamente mediterrânico com características semi-áridas, com menor precipitação (400 mm) e com temperaturas mais elevadas (21ºC) (Zamith, 2001; Magalhães, 2008). Com uma área aproximada de 110 000 ha, o Douro-superior é a sub-região com menor área vitícola, com apenas 10 197 ha de vinha (Quadro 1) (IVDP, 2013). Dada a sua orografia menos acidentada, esta sub-região é favorável à instalação de vinhas mecanizadas e devido ao elevado potencial qualitativo das uvas produzidas esta apresenta tendências de crescimento embora a maior severidade do clima possa constituir um fator limitativo (Brito, 1997).

Figura 1. A RDD e as suas 3 sub-regiões.

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Quadro 1. Caracterização das 3 Sub-Regiões (Fonte: IVDP, 2013).

2.2- SOLO

Os solos são na sua maioria provenientes da ação humana de modo a permitir a plantação da vinha em vertentes declivosas (Almeida, 2006), designando-se por antrossolos (Magalhães, 2008). São solos pouco profundos, pouco desenvolvidos e na sua maioria bastante pobres (Almeida, 2006). A nível geológico assentam na sua maioria em xistos, de textura franco-arenosa, franco-limosa ou limoso, normalmente com grande percentagem de limo e areia fina, com elevada pedregosidade tanto à superfície como no perfil, a qual limita as perdas de água por erosão, confere boa permeabilidade às raízes e à água e favorece um microclima mais quente ao nível das videiras (Magalhães, 2008; IVDP, 2013). O xisto apresenta propriedades particulares como por exemplo a clivagem vertical, a qual permite a penetração das raízes em profundidade, facilitando a absorção de água durante o período estival (Abade e Cardoso, 1999; Zamith, 2001). A percentagem de matéria orgânica, azoto e fósforo é geralmente baixa, sendo os teores de potássio elevados (Zamith, 2001; IVDP, 2013). A nível de reação do solo, com exceção do Douro Superior onde a reação do solo é neutra, nas restantes sub-regiões a reação do solo é normalmente ácida, exigindo correções calcárias durante a instalação e manutenção da vinha (Magalhães, 2008).

Sub-região Área Total (ha) % Área com vinha (ha) % da Área total

Baixo Corgo 45 000 18 14 501 32,2

Cima Corgo 95 000 38 20 915 22,0

Douro Superior 110 000 44 10 197 9,3

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8 CAPÍTULO III - AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NA VITICULTURA

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O solo, as castas e as práticas agrícolas e enológicas têm um papel crucial no processo de vinificação. Contudo, o clima e o tempo representam os principais fatores determinantes para a viticultura (van Leeuwen et al., 2004). O clima determina a adaptabilidade de uma cultura a uma determinada região, influencia/controla a produtividade e qualidade da cultura e fomenta a sustentabilidade económica da mesma (Jones, 2012).

Na viticultura, o clima afeta a fisiologia e a fenologia da videira (Jones e Davis, 2000; Santos et al., 2011) e é um fator decisivo no amadurecimento do fruto, induzindo melhores características para a produção de um determinado tipo de vinho (Jones, 2012). O zero vegetativo da videira é de aproximadamente 10ºC, temperatura mínima para o seu crescimento e desenvolvimento, sendo uma cultura exigente em calor (Amerine e Winkler, 1944; Winkler, 1974), e também em intensidade de radiação solar relativamente elevada (Magalhães, 2008).

De facto, a distribuição das vinhas pelo mundo é limitada a regiões onde a temperatura média da estação de crescimento (abril-outubro no hemisfério Norte e outubro-abril no hemisfério Sul) está entre 12 e 22ºC (Gladstones, 2004; Jones, 2007; Jones et al., 2012) (Figura 2), estando a maioria das regiões vitícolas de renome limitadas a faixas de latitude que lhes proporcionam condições climáticas específicas para a produção de vinhos de alta qualidade (Spellman, 1999; Jones, 2006).

Figura 2. Regiões vitícolas globais e zonas das temperaturas (12-22ºC) da estação de crescimento.

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Contudo, o clima e o tempo variam significativamente em pequenas escalas de tempo e não podem ser diretamente controlados pelos produtores, apenas se pode prever e tomar medidas para adaptar as culturas e/ou mitigar os seus efeitos (Fraga et al., 2012). Para a RDD verificou-se que o período de 1931 a 1960 apresentou um clima predominantemente mediterrânico com variação inter-anual moderadamente elevada tanto na temperatura como na precipitação. Verificou-se áreas mais húmidas e frias associadas a regiões a oeste e mais elevadas, e áreas mais quentes e secas em regiões mais a leste (Jones, 2012). Mais recentemente no período 1967-2010 tanto as temperaturas máximas como as mínimas anuais aumentaram, sendo que nas máximas se verificou um aumento de 0,03ºC por ano ou 1,2-1,3ºC durante o referido período (Jones, 2012).

O clima encontra-se em mudança e as alterações climáticas são cada vez mais uma realidade. Segundo o IPCC (2007), as alterações climáticas vão repercutir-se não só na média como também na variabilidade de temperaturas, aumentando o risco de eventos climáticos extremos. Prevê-se fenómenos de condições de temperaturas extremamente frias e fenómenos de temperaturas extremamente quentes, sendo que se verificarão menos extremos frios, mais extremos quentes e um prolongamento da época freeze-free (estação sem gelo) na maioria nas regiões de média e alta latitude. De acordo com estudos levados a cabo por Jones et al. (2005), com modelos de projeção até 2050, haverá um aumento contínuo do coeficiente de variação climática nas estações de crescimento em 20 das 27 regiões vitícolas de todo o mundo. E se para umas regiões esta média de temperaturas pode ser favorável, para outras a variabilidade climática pode comprometer a produção (Jones, 2012). Ainda segundo as projeções de Jones et al. (2005), a temperatura média nas estações de crescimento não será uniforme em 27 daquelas que são consideradas as melhores regiões produtoras de vinho do mundo, verificando-se o maior aquecimento na Península Ibérica, no Sul de França e nos EUA, nos estados de Washington e Califórnia, com um aquecimento superior a 2,5ºC. No geral, as mudanças projetadas são maiores para o Hemisfério Norte (1,3ºC) do que para o Hemisfério Sul (0,9ºC). Especificamente na RDD e segundo as projeções, para os períodos de 2020, 2050 e 2080, a temperatura pode variar 0,5-1,4ºC até 2020, 1,4-3,3ºC até 2050 e 2,1-5,1ºC até 2080 (Jones, 2012). Projeta-se também um aumento de temperatura tanto para as estações de dormência (novembro-março) como para as de crescimento (abril-outubro), sendo que as projeções indicam que as temperaturas nas estações de crescimento (0,6-6,6ºC) sejam superiores às de dormência (0,4-3,2ºC). Para além do aumento da temperatura e para a

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RDD, segundo as projeções até 2080 a precipitação irá sofrer uma redução de 10-42% na estação de crescimento. Sendo que a sub-região Douro superior irá passar de seco a muito seco, generalizando-se a redução moderada de precipitação de verão a toda a região (Jones, 2012).

Assim, e segundo Hannah et al. (2013) poderá ocorrer uma redistribuição das regiões vitícolas pelos continentes, essencialmente passando do Hemisfério Sul para o Hemisfério Norte (Figura 3). Segundo o mesmo autor, na Europa Mediterrânica, incluindo grande parte do território português, a área adequada para a produção vitivinícola atual irá sofrer um declínio a rondar os 80%, as regiões mediterrânicas vão sofrer uma desadequação para a viticultura e a Nova Zelândia, América do Norte ocidental, e Norte da Europa vão ganhar maior aptidão para a viticultura (Figura 3).

Figura 3. Mudança global na aptidão para a viticultura. As alterações mostradas dizem

respeito ao tempo atual e a 2050. Vermelho - áreas em que a aptidão atual diminui em meados do século em mais de 50 % dos modelos climáticos globais; Verde Claro e Verde Escuro - áreas em que a aptidão atual é mantida em mais de 50 % e 90 % dos modelos climáticos globais respetivamente; Azul Claro e Azul Escuro – áreas sem aptidão atualmente mas com aptidão para o futuro em mais de 50 % e 90 % dos modelos climáticos globais respetivamente. Inserções: detalhe das principais regiões vitícolas: A: Califórnia/Oeste da América do Norte; B: Chile; C: Cabo da África do Sul; D: Nova Zelândia; E: Austrália.(Fonte: Hannah et al., 2013).

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A zonagem vitícola é uma ferramenta que permite avaliar a adaptabilidade de uma determinada casta às condições climáticas locais, mas as alterações climáticas poderão ter impactos importantes sobre essa zonagem (Fraga et al., 2012). Os índices bioclimáticos podem ser utilizados para avaliar a adequação climática de uma região para o crescimento e produção de vinho (Malheiro et al., 2010) e para avaliar alguns parâmetros qualitativos do vinho como o equilíbrio entre a acidez e o teor alcoólico (Huglin 1978; Magalhães, 2008). Fraga et al. (2013) levaram a cabo um estudo no qual apresentaram projeções de alguns índices bioclimáticos para a Europa. Segundo os mesmos autores, no Sul da Europa espera-se que o aumento da temperatura associado a seca severa durante a estação de crescimento provoque impactos negativos no desenvolvimento da vinha e na qualidade do vinho. O aquecimento esperado e a manutenção das estações de crescimento húmidas na Europa Central, vão levar a necessidade de escolha de novas castas e um aumento do controlo de pragas/doenças. Também estes autores referem que, se se considerarem apenas os fatores climáticos deverão surgir novas regiões vitícolas no Norte da Europa e a elevadas altitudes. Mais especificamente para Portugal, Fraga et al. (2012) verificaram que, algumas regiões do Vale do Douro e do Alentejo terão um aumento significativo do número de dias com temperaturas máximas diárias iguais ou superiores a 40ºC (figura 4a)). É também esperada uma redução da precipitação, principalmente no Norte e junto à costa (figura 4b)). Ainda segundo os mesmos autores, no futuro, áreas que agora apresentam condições ótimas para o crescimento da vinha ficarão menos apropriadas, como por exemplo o Alentejo.

Figura 4. a) Diferenças no número de dias com temperaturas máximas diárias iguais ou superiores a 40ºC

(2041-2070 menos 1961-2000). b) Diferenças na precipitação total (em mm) durante a estação de crescimento (2041-2070 menos 1961-2000) (Fonte: Fraga, 2014).

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A viticultura é um bom indicador dos impactos indiretos provocados pelas alterações na agricultura, já que a vinha é uma cultura muito sensível ao clima e se encontra concentrada em regiões de clima mediterrânico, que são hotspots globais de biodiversidade (Hannah et al., 2013). Segundo Jones et al. (2005), os impactos das alterações climáticas surtirão resultados diferentes na produção e na qualidade dos vinhos produzidos, dependendo das características da sub-região onde se encontram, da sua localização e da capacidade das castas, porta-enxertos e práticas culturais se adaptarem a tais mudanças. A grande variabilidade na precipitação aliada à evapotranspiração, assim como alterações nos extremos climáticos podem conduzir a alterações na fenologia da videira, pragas e doenças e na produção e na qualidade das colheitas (Schultz, 2000; Sotés, 2001; Jones et al., 2005).

Uma exposição prolongada a temperaturas elevadas pode conduzir a impactos negativos nos processos fisiológicos (Osorio et al., 1995; Greer e Weston, 2010) e, consequentemente, a um menor rendimento e qualidade (Mullins et al.,1992; Greer e Weston, 2010; Greer e Weedon, 2013). O stresse térmico engloba frequentemente outros stresses, como o stresse hídrico (Bita e Gerats, 2013), efetivamente a escassez de água durante fases fenológicas criticas pode influenciar a produtividade e a qualidade das colheitas (Myburgh, 2003). A videira é também uma cultura tolerante a temperaturas relativamente baixas (Magalhães, 2008). No entanto, a ocorrência de fenómenos de geada durante a primavera causam frequentemente danos, ou mesmo a morte, dos tecidos vegetais podendo resultar em perdas de produção (Friend et al., 2011), assim como o excesso de humidade durante o mesmo período pode incrementar a incidência de doenças, como o míldio (Carbonneau, 2003). Por outro lado, a partir do aumento da concentração de CO2 podem advir benefícios diretos para a fisiologia da videira e para a produção (Moutinho-Pereira et al., 2009).

As alterações climáticas ao provocarem mudanças na viticultura levam também a impactos nos ecossistemas mediterrânicos e podem ameaçar os habitats nativos nas possíveis áreas de expansão (Turner et al., 2010). As plantações de novas vinhas em novos locais implicam a remoção da flora nativa, mobilizações profundas, desinfeções e fertilização do solo (Coulouna et al., 2006; Coll et al., 2011), o que pode levar a implicações nesses habitats naturais importantes para os serviços dos seus ecossistemas (Hannah et al., 2013).

Segundo Hannah et al. (2013), os solos portugueses não estão condenados à inutilização. No entanto, a produção das uvas não poderá ser cultivada com as práticas e

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variedades utilizadas atualmente. De acordo com Anderson et al. (2008), o desenvolvimento de novos mecanismos de adaptação na vinha, na adega, e no consumidor levará o seu tempo e requer um investimento em novos estudos de investigação e desenvolvimento. Mas já existem algumas estratégias de conservação que podem ser utilizadas que envolvem a viticultura, a vinificação, a gestão da água e o planeamento de utilização do solo, de maneira a reduzir os impactos nas áreas em declínio bem como nas áreas de expansão (Hannah et al., 2013).

Algumas destas medidas de mitigação, a curto e longo prazo, serão abordadas no Capítulo IV.

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CAPÍTULO IV - MITIGAÇÃO DOS EFEITOS DELETÉRIOS DO CLIMA ESTIVAL ATRAVÉS DE PRÁTICAS CULTURAIS

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16 4.1-INTRODUÇÃO

Como referido no capítulo III, devido às alterações climáticas a Europa vai sofrer mudanças na sua zonagem vitícola (Hannah et al., 2013), sendo previsível que algumas regiões vitícolas se venham a tornar inadequadas para a produção de vinhos de renome (Hall e Jones, 2009), impondo-se assim novos desafios de adaptação em toda a fileira vitivinícola. Uma vez que o sector vitícola representa para a economia Portuguesa o montante de 2% das receitas de exportação totais nacionais (IVV, 2011), a pesquisa e adoção de medidas não cabem apenas aos interessados (viticultores), mas sim a todos os diferentes sectores socioeconómicos que, de certa forma, são direta ou indiretamente influenciados pelas atividades vitícolas e vinificação (Fraga et al., 2013).

O potencial vitícola a nível qualitativo e quantitativo de uma dada região resulta da interação entre o potencial genético das castas, porta-enxertos, das condições edafo-climáticas e das técnicas culturais efetuadas. No entanto, a natureza impõe-nos limitações como a orografia do terreno, limitando os viticultores na possibilidade de manipulação do encepamento, ou mesmo das características do solo e clima. Contudo, os viticultores podem escolher quais as técnicas culturais que melhor se ajustam às condições edafo-climáticas do meio onde se encontram inseridos, tanto na instalação como na fase de plena produção, de maneira a garantir a tipicidade e qualidade dos vinhos, tentando ao mesmo tempo limitar os custos de produção (Reynier, 1986).

A adoção de práticas culturais por parte do viticultor pode desempenhar um papel crucial na mitigação tanto do stresse hídrico, como do luminoso e térmico, principalmente em regiões onde estes stresses são mais severos. Analisando o esquema proposto por Smart (1991), apresentado na figura 5, verifica-se de que maneira é que a produção vitícola pode ser afetada pela interação dos fatores técnicos e naturais, direta ou indiretamente. As práticas culturais têm um papel crucial na arquitetura da parede vegetal e nas disponibilidades hídricas e minerais, práticas estas que induzem variações microclimáticas importantes para a fisiologia da planta, repercutindo-se na gestão hídrica, indução floral, produção de fotoassimilados, na densidade radicular e na maturação dos cachos (Moutinho-Pereira, 2000). É de todo importante para o agricultor atender à vertente ecofisiológica, isto é, à relação entre a planta e o meio ambiente (solo e condições atmosféricas a nível do microclima) (Magalhães, 2008) onde a planta se irá desenvolver e frutificar. São muitos os aspetos a que o viticultor pode

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atender de maneira a influenciar este compromisso, quer seja a nível do armazenamento hídrico do solo, quer seja ao nível das próprias plantas, isto é, no seu enquadramento no meio e na relação entre o desenvolvimento vegetativo, a produtividade e a qualidade dos frutos (Moutinho-Pereira, 2000). Porém, na RDD algumas técnicas agronómicas obedecem a determinados critérios legais, como por exemplo a escolha de castas, o sistema de condução, a sistematização do terreno e a densidade de plantação, ou são mesmo restringidas como é o caso da rega (Macedo, 2010), tendo os agricultores de ter isso em atenção aquando da escolha das mesmas.

Figura 5. Influência do solo, clima e práticas culturais na qualidade do vinho através dos seus

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18 4.2-ESTRATÉGIAS DE LONGO PRAZO DE MITIGAÇÃO DO STRESSE ESTIVAL 4.2.1- ESCOLHA DE PORTA-ENXERTOS E CASTAS

De acordo com Magalhães (2008) existem três fatores a ter em consideração no momento da escolha do porta-enxerto a utilizar, sendo eles as características edáficas do local, influência do porta-enxerto na casta (vigor, produtividade, grau de precocidade e de maturação) e, por último, a casta que queremos utilizar (grau de precocidade e de maturação).

Segundo Moutinho-Pereira (2000), os viticultores dispõem de uma grande panóplia de porta-enxertos oriundos das espécies Vitis riparia, Vitis berlandieri e Vitis rupestris com características e aptidões culturais diferentes, contudo resistentes à filoxera. Na RDD, devido às suas características edafo-climáticas, principalmente à insuficiente disponibilidade hídrica no período estival, a escolha do “cavalo” a utilizar deve potenciar uma melhor absorção hídrica pelo sistema radicular (Carbonneau, 1985; Pouget, 1987). Em solos secos com água fortemente retida devem ser utilizados híbridos de Berlandieri-Rupestris, devido às características xerofíticas de exploração de horizontes mais profundos e resistentes a situações de aridez (Magalhães, 2008). Após a invasão filoxérica na RDD, o porta-enxerto mais utilizado foi o Rupestris du Lot (Vitis rupestris), também conhecido por Montícola, devido à sua rusticidade e capacidade de adaptação a meios edáficos pobres e pedregosos (Moutinho-Pereira, 2000). Posteriormente, foram introduzidos porta-enxertos híbridos tais como

Berlandieri x Riparia (420-A, SO4) para solos mais fundos e frescos e os Berlandieri x Rupestris (99R, 110R, 1103P) e Mourvèdre x Rupestris x Riparia (196-17Cl.) para encostas

quentes, secas e fragosas (IVDP, 2013).

As castas recomendadas ou autorizadas para a elaboração de vinhos DOC Porto e DOC Douro são regulamentadas pela Portaria nº 413/2001, de 18 de abril, ao abrigo do disposto no nº2 do artigo 8º do Decreto-lei nº 173/2009, de 3 de agosto.

Porém, apesar das castas estarem autorizadas oficialmente na RDD deve ter-se em atenção o meio no qual se vão plantar, pois a sua adaptação é normalmente bastante distinta (IVDP, 2012). De acordo com Magalhães (2008), as castas de ciclo mais longo e mais vigorosas devem situar-se em zonas com fraca disponibilidade hídrica do solo e de melhor exposição. Nas vinhas de encosta o viticultor deve atender a dois aspetos: às características de maior ou menor precocidade de cada casta, devendo estas ser instaladas segundo a altitude e exposição mais adequadas à maturação; e por outro lado, à maior ou menor sensibilidade ao

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escaldão, tanto nas folhas como nos cachos, devendo então ser evitadas exposições SW ou W para as castas mais sensíveis.

4.2.2- SISTEMA DE CONDUÇÃO

O sistema de condução é caracterizado pela densidade e disposição da plantação, orientação das linhas e forma de condução, sendo determinante para uma maior ou menor capacidade de receção e utilização da radiação solar incidente e para as relações hídricas da vinha (Magalhães, 2008). Dado neste estudo abordarmos especificamente a orientação das linhas de plantação, de seguida apenas se abordará este efeito na fisiologia das videiras.

A escolha da orientação das linhas deve ter em conta, entre outros fatores, a topografia do terreno e a insolação (Reynier, 2004). No que toca à receção da energia luminosa pela videira ao longo do dia, a orientação dos bardos apresenta um papel crucial, tanto em climas de fraca insolação onde a captação de energia luminosa deve ser maximizada, como em climas onde se verifiquem temperaturas elevadas, que implicam uma paragem da atividade fotossintética a meio do dia ou levem ao próprio escaldão das folhas e dos cachos durante o período da tarde (Magalhães, 2008). Contudo, o seu efeito na interceção de luz é complicado, dependendo da altura da cobertura, da latitude e da época do ano (Wertheim, 2005).

De acordo com Magalhães (2008), na orientação E-W a interceção de luz pelo coberto de forma direta é no início do dia muito reduzida, aumentando progressivamente até se atingir o máximo a meio do dia, decrescendo esta posteriormente até um valor mínimo ao final do dia. Nesta orientação embora a receção de energia luminosa pelas laterais dos bardos seja muito reduzida nos extremos do dia, a receção é elevada durante os restantes períodos do dia, sendo muito reduzidas as perdas para o solo. Na orientação N-S à medida que o sol descreve o seu movimento aparente registam-se dois máximos de interceção de energia luminosa pelas faces laterais dos bardos. A receção da energia luminosa inicia-se logo ao nascer do Sol, pela face E dos bardos, crescendo até um máximo a meio da manhã, decrescendo posteriormente até um valor mínimo a meio do dia, período no qual apenas a folhagem do topo do bardo e o solo são iluminados recebendo as faces laterais apenas energia luminosa de forma difusa (figura 6).

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A escolha de uma orientação deve ter em conta as condições climáticas do local. Em regiões com é o caso da RDD, quente e seca sujeita a stresse hídrico, luminoso e térmico elevado durante o período estival, devem ter-se em consideração dois aspetos: promover a maximização da captação de energia luminosa durante toda a manhã e final da tarde, períodos nos quais a videira se encontra mais funcional a nível fotossintético; e evitar exposições diretas das faces laterais do bardo durante o meio-dia solar, período no qual a atividade da videira é praticamente nula, e no qual as elevadas temperaturas e radiação podem provocar efeitos deletérios nas folhas e cachos (Magalhães, 2008).

Segundo Pujol (1972), em zonas secas e extremamente quentes as horas de sol mais perigosas são ao meio-dia e as primeiras da tarde, pelo que uma orientação ideal regularia, dentro do possível, estes períodos de intensidade solar. Como referido anteriormente, é a orientação N-S que menos expõe os bardos nestes períodos, tornando-se assim mais favorável para a RDD. Moutinho-Pereira (2000) vem também reforçar esta ideia, já que na orientação N-S, uma vez que ao meio-dia apenas o topo do bardo recebe luz de forma direta, há uma melhor eficiência do uso da água que na orientação E-W. Uma vez que esta orientação permite uma boa receção de luz às primeiras horas da manhã (face E) e ao fim da tarde (face W), Moutinho-Pereira (2000) refere também que se vai repercutir numa maior produtividade fotossintética, especialmente no período da manhã uma vez que o stresse hídrico e térmico são menos acentuados em relação ao meio-dia. De acordo com Champagnol (1984), é a orientação N-S dos bardos que proporciona a quantidade máxima de energia luminosa recebida e autores como Carbonneau et al. (1981), Champagnol (1982) e Intrieri et al. (1998) sugerem também que para regiões quentes e secas a orientação N-S apresenta vantagens relativamente as orientação E-W.

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21 4.3- ESTRATÉGIAS DE CURTO PRAZO DE MITIGAÇÃO DO STRESSE ESTIVAL

4.3.1-INTERVENÇÕES NO SOLO

Segundo Reynier (1986), a escassez hídrica no período estival pode constituir um fator limitativo, repercutindo-se na planta e podendo mesmo levar a situações de bloqueio da atividade fotossintética e da migração de fotoassimilados para os cachos. Devido às condições edafo-climáticas que se fazem sentir na RDD, e devido às maiores necessidades hídricas da vinha coincidirem com um período anual no qual não existe praticamente precipitações, as condições do meio edáfico, como a textura e profundidade efetiva, desempenham um papel importante para um bom desenvolvimento radicular da planta (Leme e Félix, 1990). Posto isto, é de todo importante, principalmente para o Douro, a criação de um volume de terra que satisfaça o desenvolvimento radicular, e ao mesmo tempo, assegure tanto as necessidades hídricas como minerais com o intuito de favorecer o vigor e consequentemente a perenidade da planta (Macedo, 2010). Devido à introdução de porta-enxertos prontos os cuidados com o meio edáfico tornaram-se mais importantes uma vez que estes são mais sensíveis à seca (Macedo, 2010). Segundo Moutinho-Pereira (2000), nas regiões de clima mediterrânico, as videiras são menos afetadas pelo stresse hídrico quando os enraizamentos são mais profundos, teoria reforçada por Santos (1996) que indica que quanto mais seca for a região maior deverá ser a profundidade do solo a explorar pelas raízes.

Existe uma vasta panóplia de sistemas alternativos de granjeio do solo das vinhas como por exemplo a mobilização, revestimentos vegetais, coberturas do solo com materiais orgânicos e inertes, entre outros (Jordão, 2007; Magalhães, 2008; Pastor, 2008; IVDP, 2012).

As mobilizações do solo durante muito tempo constituíram o único recurso de manutenção do solo, visando controlar as infestantes, evitar competições com a cultura pela água e nutrientes (Pastor, 2008; Vanwallegham et al., 2010) e promover a infiltração da água (Pastor, 2008). Contudo, são vários os problemas associados a esta prática cultural: grandes perdas de água por evaporação, especialmente se feita na primavera (Pastor, 2008); destruição da estrutura do solo nas camadas superficiais, diminuído o arejamento (Magalhães, 2008) e aumentando o risco de erosão, principalmente em solos declivosos (Santos, 1996; Jordão, 2007; IVDP, 2013); compactação do solo em profundidade (Pastor, 2008), diminuindo a capacidade de penetração das raízes (Benites et al., 2005); criação de condições para a germinação de sementes de infestantes com o reviramento da leiva (Ribeiro et al., 2004) e

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ainda dificulta a circulação de máquinas (Magalhães, 2008) que é de extrema importância devido à orografia e sistematização do terreno na RDD.

Uma alternativa ao sistema de mobilização é o enrelvamento, técnica que consiste em manter o solo revestido com vegetação espontânea (flora natural ou residente) e/ou semeada (Jordão, 2007), de forma permanente ou temporária (IVDP, 2012). São várias as vantagens associadas a esta prática, tanto a nível ambiental como para o solo e para a cultura: a erosão do solo é reduzida (Jordão, 2007; Magalhães, 2008); aumenta a infiltração da água das chuvas (Benites et al., 2005; Pinheiro, 2005); diminui a evapotranspiração (Pinheiro, 2005; IVDP, 2012); melhora a estrutura do solo e a sua fertilidade (Pinheiro, 2005; Jordão, 2007; Magalhães, 2008); promove o desenvolvimento da fauna e da flora microbiana (Magalhães, 2008); aumenta a biodiversidade no agroecossistema (Benites et al., 2005); facilita a circulação de pessoas e máquinas agrícolas, facilitando algumas operações culturais (Boré e Geoffrion, 1999; Cosimo et al., 2003); controla o desenvolvimento de infestantes (Cosimo et

al., 2003); permite controlar o vigor da videira (Aguiar et al., 2001); e permite a fixação de

azoto atmosférico caso se recorra a leguminosas (Cosimo et al., 2003). Em situações de climas quentes e secos, como é o caso da RDD, o enrelvamento, natural ou semeado, deve ser circunscrito ao período de inverno e incorporado no início da primavera (Magalhães, 2008), uma vez que, em período de maior carência hídrica, pode competir com as videiras repercutindo-se numa diminuição do vigor, antecipando a paragem de crescimento e diminuindo a produção (Moulis, 1992; Tandonnet et al., 1996; Sauvage et al., 1998). Poderá também deixar-se secar a matéria vegetal, deixando esta então de competir com a videira e funcionando como mulching que faz diminuir a evapotranspiração (Magalhães, 2008; IVDP, 2012).

O mulching não é mais do que a cobertura do solo com materiais inertes ou orgânicos. O cascalho miúdo de xisto é um exemplo de um material inerte que permite a manutenção da humidade, a drenagem interna, reflete grande parte da luz que incide no solo e retém o calor impedindo que o mesmo aqueça em demasia (Almeida, 1960). Contudo, o revestimento do solo com materiais inertes é dispendioso e exige trabalhos de manutenção devido à destruição provocada pela passagem de máquinas e pelo arrastamento dos mesmos pelas águas das chuvas (Magalhães, 2008). Os materiais orgânicos que podem ser utilizados como mulching são lenhas de poda trituradas, palhas, bagaços, serrim, casca de pinho, aparas de madeiras e compostagens de detritos orgânicos (Magalhães, 2008; IVDP, 2012).

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23 4.3.2-GESTÃO DA REGA

A videira apresenta uma grande capacidade de adaptação a carências hídricas, quer seja anatómica ou morfologicamente, por meio da dimensão dos vasos xilémicos e da profundidade de enraizamento, e fisiologicamente pela regulação estomática (Koundouras et

al., 1999). Porém, a disponibilidade hídrica para a planta está intimamente relacionada com a

sua atividade fotossintética e consequentemente com a produção de matéria seca que irá influenciar o número e o tamanho dos cachos e a produção global da videira (Magalhães, 2008). Assim, esta constitui um fator limitativo do cultivo vitivinícola em situações de clima mediterrânico, onde se verifica um período estival acentuadamente quente e seco (Koundouras et al., 1999).

Em Portugal, devido a limitações de ordem legal e à tradição de cultivo da vinha em condições de sequeiro, o recurso à rega apenas se tem verificado muito recentemente no Alentejo e principalmente nas novas plantações (Magalhães, 2008). No futuro, haverá uma necessidade de implantação de dotação hídrica na vinha devido às previsões das alterações climáticas, onde se prevê uma redução significativa da precipitação e um incremento da evapotranspiração (Schultz, 2000). A dotação hídrica das videiras deverá apenas compensar as perdas de água do solo e pela transpiração, devendo evitar-se dotações abundantes que comprometam a qualidade dos mostos e o estado sanitário das videira (Pinho, 1993). Contudo, na RDD a rega não é permitida e mesmo sendo legal não estaria técnica e economicamente ao alcance dos viticultores durienses (Moutinho-Pereira, 2000).

São muitos os métodos de rega da vinha, como a rega por sulcos ou alagamento, aspersão, rega parcial das raízes (PRD) e gota-a-gota, sendo este último o que apresenta mais vantagens (Magalhães, 2008). Segundo Pinho (1993), a rega gota-a-gota é um excelente sistema para regiões com fortes e prolongadas estiagens, como a Região do Douro, sendo um sistema seguro, bastante económico em água e que quase não necessita de mão-de-obra.

4.3.3-PROTEÇÃO FITOSSANITÁRIA

Em regiões muito quentes e secas os produtos fitossanitários, imediata ou posteriormente através dos seus resíduos secos, poderão influenciar o microclima das folhas e mesmo interferir nos mecanismos estomáticos e cuticulares responsáveis pela regulação das trocas gasosas. Desta forma, podem alterar a capacidade fotossintética e/ou a economia

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Figura 1. A RDD e as suas 3 sub-regiões.
Figura  2.  Regiões  vitícolas  globais  e  zonas  das  temperaturas  (12-22ºC)  da  estação  de  crescimento
Figura  3.  Mudança  global  na  aptidão  para  a  viticultura.  As  alterações  mostradas  dizem  respeito ao tempo atual e a 2050
Figura  4.  a)  Diferenças  no  número  de  dias  com  temperaturas  máximas  diárias  iguais  ou  superiores  a  40ºC  (2041-2070 menos 1961-2000)
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Referências

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