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TERCEIRO CONTRATO SOCIAL. de Educação EQUIPO PARA LA TRANSFORMACIÓN EDUCATIVA Y SOCIAL SOSTENIBLE

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Índice

I. Resumo Executivo

Pág. 5

II. Manifesto do Congresso Mundial de Educação 2020

Pág. 17

III. Preâmbulo e argumentação

Pág. 20

IV. O Terceiro Contrato Social de Educação

Pág. 65

V. Ações necessárias para a transformação da Educação e a implementação do Terceiro Contrato Social de Educação

Pág. 74

VI. Acordos, declarações, convenções e documentos de referência

Pág. 78

VII. Membros do Kairós

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I. Resumo Executivo

Kairós e o Terceiro Contrato Social de Educação

KAIRÓS nasceu da necessidade de reunir e organizar uma equipe de líderes educacionais de diferentes países e con-tinentes representativos de diferentes sensibilidades e tradições culturais, que também inclui especialistas de di-ferentes disciplinas, profissionais das áreas acadêmica, em-presarial e institucional. cultura, meios de comunicação, en-tre outros, para promover uma transformação educacional e social sustentável.

A partir de uma série de trabalhos, reuniões e deliberações que culminaram no Congresso Mundial de Educação 2020, esta proposta de construção da Educação foi gerada e pac-tuada no Terceiro Contrato Social, como instrumento orien-tador que permitirá a organismos multilaterais, organismos internacionais, governos, instituições, universidades e orga-nizações, projetar e implementar sua própria Agenda para a Transformação Educacional, a partir de uma perspectiva global.

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Cada momento histórico foi definido por um contrato social, um amplo acordo que permitiu a convivência e o progres-so. Cada contrato social, por sua vez, contou com um amplo acordo social sobre educação.

O Primeiro Contrato Social de Educação baseou-se na aqui-sição de competências básicas para o funcionamento pes-soal e profissional. A promessa em que se fundamentou pode ser resumida nesta afirmação: “aprenda o básico para se dar bem na vida, desenvolva a disciplina e a obediência, aprenda um ofício e terá um trabalho decente para ganhar a vida ...”. Por volta da segunda metade do século XX e de forma assi-métrica entre países e regiões, com o desenvolvimento da economia industrial e a necessidade de mão-de-obra espe-cializada em negócios e administração, abriu-se a porta para um Segundo Contrato Social de Educação pelo qual o acesso das classes populares ao ensino técnico e superior foi faci-litado.

O Segundo Contrato assentou-se na aquisição de compe-tências técnicas e profissionais, fomentando o crescimento de universidades e centros de estudos técnicos e superiores em todo o mundo. A promessa na qual se sustentava era: “es-tude muito, esforce-se, tire boas notas, escolha uma carreira e você vai ter um bom emprego para o resto da vida ...”. As pessoas que vieram ao mundo no final do século 20 e início do 21 nasceram em uma realidade diferente, onde as circunstâncias tecnológicas, econômicas e trabalhistas se transformaram radicalmente mas não se renovou o contrato social, gerando grandes disfunções e uma anomalia históri-ca.

Milhões de famílias e estudantes em todo o mundo que acei-taram o Segundo Contrato vivem em profunda frustração

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diante de condições que não podem ser atendidas, como acesso a um emprego compatível com o nível de estudos ou um emprego vitalício.

Apesar de termos assistido a uma autêntica revolução na ciência, na tecnologia, na sociedade, na economia ou no mundo do trabalho, o Segundo Contrato não foi renovado e estamos empenhados em concretizar um Terceiro Contrato Social de Educação. Este é o desafio que KAIRÓS assume, para que se crie uma nova educação que responda às ne-cessidades sociais, econômicas e trabalhistas do século XXI, contando com a união de atores educacionais de todos os países e continentes.

Com o Terceiro Contrato Social de Educação, além de incor-porar o desenvolvimento das capacidades básicas do primei-ro e a aquisição das capacidades técnicas e pprimei-rofissionais do segundo, os valores e o desenvolvimento das capacidades do século XXI que se explicitam no Contrato são promovidos. O Terceiro Contrato Social de Educação é uma visão global do desenvolvimento corporificado em um documento vivo, inacabado e aberto que se adapta às realidades educacio-nais de um mundo que está inexoravelmente mudando de uma forma contínua. Isso permite a incorporação de novas visões, estratégias e ações à medida que surgem novas ne-cessidades nas diferentes esferas socioterritoriais, do global ao local.

Como KAIRÓS, promovemos um movimento global pela transformação da educação, trabalhando lado a lado com organizações e instituições internacionais, regionais, nacio-nais, provinciais e locais, sem entrar em competição, mas complementando e articulando os esforços das pessoas que as compõem, comprometidas, por meio da educação, com a

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construção de sociedades mais justas, equitativas, solidárias e sustentáveis, nas quais ninguém fica para trás.

O Terceiro Contrato Social de Educação

Contrato público e universal que é celebrado, por um lado, por Instituições e Organizações Internacionais, Governos e outras entidades representativas da educação, doravante “O SETOR INSTITUCIONAL” e, por outro lado, a sociedade ci-vil por meio de suas organizações representadas por alunos, professores, pais e mães, pessoal não docente, comunidades locais, meios de comunicação e movimentos sociais, dora-vante denominados “A SOCIEDADE”, que atuando em con-junto serão denominados “AS PARTES”:

Considerando:

1. Que a educação atual, nascida sob a influência do

Ilumi-nismo e da Revolução Industrial, deve ser reformulada em seus fundamentos.

2. Que os grandes acordos sociais de educação alcançados

em outros tempos (Primeiro e Segundo Contrato So-cial de Educação), se tornaram obsoletos e é necessário atualizá-los.

3. Que a transformação da educação é necessária através

da implementação do Terceiro Contrato Social de Edu-cação, que foi fundamental desde antes da pandemia COVID-19 e ainda mais por seus efeitos.

4. Que o foco da nova educação desenvolvida com base no

Terceiro Contrato deve ser centrado na promoção de valores como equidade, justiça, responsabilidade, em-patia, solidariedade, humanismo universal e combate ao

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racismo, homofobia, violência de gênero e de todos os tipos, e na defesa da liberdade de crenças, orientação sexual, credos políticos, inteligência emocional e capa-cidades para o desenvolvimento do pensamento crítico, comunicação, colaboração, conectividade e criatividade (5C), resiliência, inovação, ação transformadora, lide-rança, com base na aprendizagem ao longo da vida para o enfrentamento de uma nova realidade presidida pela incerteza.

5. Que a referida educação deve ser garantida de forma

igualitária para todas as pessoas e povos, independente-mente de seu gênero, diversidade étnico-racial, orien-tação sexual, religião ou qualquer outra singularidade física ou social que os identifique.

6. Que o objetivo final da educação é que cada pessoa e

povo desenvolvam as capacidades para realizar seu pro-jeto vital, desde o compromisso com a comunidade e os desafios do planeta e para a superação das desigualda-des e garantia da igualdade de oportunidadesigualda-des.

7. Que o objetivo último da educação é alcançar a

felicida-de e o bem viver do ser humano, aprenfelicida-dendo a pensar como espécie, desenvolvendo a inteligência coletiva e a capacidade colaborativa diante do egoísmo, e ajudando cada pessoa e povo a descobrir quem são, qual é o seu talento, quem podem se tornar e o que podem contri-buir para o mundo.

8. Uma educação que, em suma, tem que empoderar os

cidadãos para que desenvolvam seu projeto de vida e sejam parceiros na construção de uma sociedade mais justa, equitativa e aberta.

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Pelos considerandos anteriores, “AS PARTES” concordam em:

Primeiro:

Assumir como desafios e compromissos inabaláveis para a transformação educacional o seguinte:

1. Promover a transformação da educação para garantir

uma educação com inclusão e equidade, sem discrimi-nação, com interculturalidade, qualidade, relevância, gestão democrática, trabalho em redes reais, virtuais e multimodais, metodologias ativas, participativas e transdisciplinares, cooperação internacional mas com visão e ação locais; que combina o presencial e o digital, que promove o respeito e a unidade na diversidade para o bem comum, que promove a relação sinérgica entre as ciências e os saberes ancestrais, que promove valo-res como equidade, justiça, valo-responsabilidade, empatia, solidariedade, um humanismo universal e a luta contra o racismo, homofobia, violência de gênero e de todos os tipos, e defende a liberdade de crença, orientação se-xual, convicção política, entre outras.

2. Promover uma educação desenvolvida sob os

prin-cípios de um humanismo que visa o bem comum e a construção de um ideal de ser humano livre, autôno-mo, democrático e solidário, responsável, comprome-tido, criativo, inovador, transformador e líder, com base na atualização dos quatro pilares básicos da educação (aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conhecer e aprender a conviver).

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3. Promover a incorporação da educação emocional ao

currículo de todas as etapas educacionais e como parte dos objetivos fundamentais do processo educativo em todas as suas modalidades.

4. Mudar o foco de atenção que hoje é dado aos

conteú-dos e às melhores formas e estratégias de transmiti-los aos alunos, para focalizar mais a subjetividade de quem aprende e sua experiência única, pessoal e comunitária, superando a rigidez curricular, buscando flexibilidade (ou não linearidade), reconhecendo que cada pessoa aprende à sua maneira e deve ser acompanhada nessa tarefa.

5. Promover uma maior abertura dos sistemas educativos

para uma melhor integração da aprendizagem obtida na educação não formal (fora da sala de aula) com a obtida na educação formal das instituições de ensino.

6. Fazer com que o fracasso não seja sancionado e a

rea-lização do aprendizado seja estimulante e estimulada, considerando que aprender com o erro também é im-portante.

7. Renovar os espaços e as tecnologias da educação,

crian-do as novas salas de aula crian-do século XXI, como cenários físicos onde a economia circular e a transformação di-gital são elementos fundamentais, acolhendo espaços, entre outros, para inventar, fabricar, conhecer e com-partilhar.

8. Realizar capacitações para professores, funcionários e

autoridades dos sistemas educacionais, visando a pro-moção da inovação educacional.

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Segundo:

Por meio deste, “AS PARTES” se comprometem a iniciar uma agenda de transformação para:

1. Promover o desenvolvimento de políticas públicas,

estratégias, planos de ação, programas e projetos de transformação educacional na direção especificada nas considerações deste contrato.

2. Evitar os riscos da brecha social e digital (de acesso, uso

e educacional) e da fratura a que podem nos levar as desigualdades que se estão gerando.

3. Superar as desigualdades básicas e promover

oportuni-dades eqüitativas e novas oportunioportuni-dades e alternativas profissionais e de emprego para os alunos, com base na inovação, na ação transformadora e no respeito à diver-sidade cultural.

4. Responder às mudanças vertiginosas que estão

oco-rrendo na sociedade e na economia (automação, digita-lização, obsolescência, crise de carreiras, desemprego, etc.).

5. Envolver toda a sociedade na educação, como o maior

investimento que podemos fazer para o futuro coletivo.

6. Desenvolver eventos e atividades que promovam a

re-flexão e o debate para a transformação educacional.

7. Disseminar e articular experiências inovadoras, boas

práticas de inovação e os atores que as promovem, para fortalecer alianças e sinergias voltadas para a transfor-mação educacional, valorizando a pluralidade de mode-los, estratégias e propostas.

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Terceiro:

Por meio deste Contrato, “AS PARTES” assumem o compro-misso de implementar políticas, planos, programas, projetos e ações, dedicando orçamentos e recursos na seguinte linha:

1. Desenvolver um plano de ação que envolva um roteiro

com projetos mensuráveis e avaliáveis para promover a transformação educacional seguindo as diretrizes do Terceiro Contrato Social de Educação.

2. Realizar processos de cooperação com organizações

multilaterais, governos e instituições em todo o mundo para trabalhar juntos e desenvolver projetos de trans-formação educacional plural.

3. Proporcionar conhecimentos para a formulação e

im-plementação de políticas públicas de governos e insti-tuições a partir de novas agendas educacionais para sua implementação em planos, programas, projetos e ações diversos e plurais.

4. Participar de projetos colaborativos em torno da

mobi-lização de atores da educação a partir da concepção de eventos e atividades que promovam a transformação da educação.

5. Trabalhar em equipe com todas as pessoas e entidades

que se empenhem na transformação educacional na di-recção especificada nas considerações deste contrato, ajudando a dinamizar suas iniciativas, promovendo a criação de plataformas globais sem desconhecer as ca-racterísticas e exigências locais.

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6. Promover de imediato o desenvolvimento de projetos

piloto de transformação em centros de ensino primário, secundário e superior para que sirvam de guia e supor-te para sua expansão para as restansupor-tes instituições de ensino que compartilhem as mesmas características e expectativas.

7. Lançar um programa de capacitação universal para

to-dos os professores e alunos para o desempenho de suas novas funções. No caso dos professores, como gestores, facilitadores, motivadores e guias de aprendizagem.

8. Transformar a educação a partir da redefinição da sala

de aula e dos espaços de aprendizagem com novos pro-cessos, recursos e metodologias de aprendizagem e dis-ponibilização de novas tecnologias.

9. Criar uma rede global de laboratórios, reais e virtuais,

instalados em centros educacionais, onde estudantes de todo o mundo possam acessar as tecnologias da Quarta e Quinta Revolução Industrial, independentemente do país em que vivam, com o objetivo de que ninguém fique para trás

10. Redesenhar o currículo educacional para a adaptação

dos estudos e profissões às necessidades sociais, tecno-lógicas, econômicas e trabalhistas do século XXI, como mecanismo de fortalecimento da educação, sempre considerando as necessidades e expectativas locais e a diversidade cultural.

11. Lançar imediatamente novas modalidades de

aprendi-zagem e sua aplicação em programas educacionais con-tínuos (aprendizagem baseada em projetos, aprendiza-gem ativa, autêntica, baseada em pesquisa, resolução de

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problemas, desafios, colaborativa, flexível, invertida, ex-periencial-experiencial, em serviço, construcionismo, conectivismo, auto-aprendizagem organizada, espaços de criação ou construção (maker spaces), mecânica dos jogos no campo educacional-profissional (gamificação), tutoria, entre pares.

12. Promover o diálogo em todos os níveis e em todas as

direções como método fundamental para alcançar o consenso necessário para promover a transformação educacional: diálogo entre diversas e múltiplas variá-veis, tais como ciências e disciplinas, academia e outros saberes, com os segmentos de gestores, agentes sociais nacionais ou locais, educação comunitária e governa-mental, formal e não formal, e vários outros.

13. Implementar as ações contempladas na agenda

eeuca-cional do Terceiro Contrato Social de Educação, adap-tadas às condições e necessidades específicas de cada organização nos níveis local, regional, nacional e inter-nacional, em um universo educacional plural.

O Terceiro Contrato Social de Educação integra todas as pessoas, instituições e organizações em nível global, regio-nal, nacional e territorial comprometidas com a transfor-mação da educação para aumentar sua cobertura, inclusão, qualidade e relevância, como pilar fundamental para a cons-trução de uma sociedade nova e melhor para todos, na qual ninguém fica para trás.

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KAIRÓS foi e continuará a ser o promotor de um movimento e ações nos níveis macro, meso e micro no mundo para tor-nar realidade o Terceiro Contrato Social de Educação, mas não pertence a ninguém em particular, e sim à sociedade em sua totalidade, a esta e às futuras gerações que têm direito a uma vida melhor e mais digna.

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II. Manifesto do Congresso Mundial

de Educação 2020

1. O modelo educacional atual está esgotado e nós do

KAIRÓS reconhecemos que está se iniciando um novo tempo na educação. Uma educação transformadora para enfrentar os desafios sociais globais e locais do mundo.

2. Contribuímos para a agenda de mudanças através da

proposta do Terceiro Contrato Social da Educação, re-afirmando a Educação como um direito humano e um bem público social.

3. A partir do novo contrato, fortalecemos e atualizamos

os quatro pilares fundamentais da educação: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver, promovendo o cultivo do pensamento autô-nomo e crítico.

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4. Fortalecemos o papel da educação como meio de

pre-servar e transmitir a cultura dos povos do mundo e das minorias a partir da valorização da interculturalidade e dos saberes ancestrais.

5. Cultivamos as principais competências para as

pes-soas do século XXI a partir da aprendizagem ao longo da vida, a ética e o uso da tecnologia, como base para o desenvolvimento universal da criatividade, inovação, empreendedorismo e liderança, focado nos valores do humanismo.

6. Estamos ativamente comprometidos com a descoberta

e o cultivo do talento de cada pessoa para o desenvolvi-mento de seu projeto de vida e compromisso social.

7. Reivindicamos o trabalho docente como promotor de

valores, construtor de esperanças e mediador pedagó-gico da aprendizagem em uma realidade educacional plural.

8. Promovemos uma educação para construir um mundo

mais justo, inclusivo, diverso, democrático e solidário, onde ninguém seja deixado para trás, e tomamos como nossos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

9. Adotamos, a partir da solidariedade, da ética e do

diálo-go de saberes, os avanços científicos e tecnológicos da Quarta Revolução Industrial, como Inteligência Artificial e Automação, bem como a Ciência, Tecnologia e Conhe-cimento, como eixos do desenvolvimento humano e do bem comum.

10. Afirmamos que o acesso à Internet e, portanto, à

co-municação, ao conhecimento e à informação, deve ser considerado um direito humano.

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11. Convidamos a participar deste esforço as/os estudantes

do mundo, docentes, famílias, não docentes e demais profissionais da comunidade educacional, bem como todas as entidades comprometidas com a inovação edu-cacional e as pessoas que trabalham para o desenvolvi-mento sustentável.

12. Promovemos a integração e a cooperação solidária em

nível regional e internacional, bem como as causas dos povos indígenas e setores historicamente marginaliza-dos.

13. Propomos que mais recursos públicos e privados sejam

destinados à Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação nos níveis global, regional e nacional, para aumentar sua cobertura, qualidade e relevância.

14. Unimo-nos aos esforços das pessoas, agências e

insti-tuições em todo o mundo que trabalham pela educação, convidando-as a fortalecer parcerias para tornar reali-dade sua transformação.

15. Passamos à ação promovendo a definição de políticas

públicas e o desenvolvimento, nos níveis local, nacio-nal, regional e global, de atividades estratégicas, planos, programas e projetos com agências multilaterais, go-vernos, instituições, entidades, escolas e empresas em todo o mundo.

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III. Preâmbulo e argumentação

3.1. Preâmbulo.

KAIRÓS nasceu da necessidade de reunir e organizar uma equipe de líderes educacionais de diferentes países e con-tinentes que representam várias sensibilidades e tradições culturais, que inclue também especialistas de diferentes dis-ciplinas, profissionais do mundo acadêmico, empresarial, institucional, cultural e meios de comunicação, entre outros, para promover uma transformação educacional e social sus-tentável.

A partir de uma série de trabalhos, reuniões e deliberações que culminaram no Congresso Mundial de Educação 2020, esta proposta de construção da Educação foi gerada e pac-tuada no Terceiro Contrato Social, como instrumento orien-tador que permitirá a organismos multilaterais, organismos internacionais, governos, instituições, universidades e orga-nizações, projetar e implementar sua própria Agenda para a Transformação Educacional, a partir de uma perspectiva global.

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O Terceiro Contrato Social de Educação é uma visão global do desenvolvimento corporificado em um documento vivo, inacabado e aberto que se adapta às realidades educacionais de um mundo que está inexoravelmente mudando de forma contínua. Isso permite a incorporação de novas visões, es-tratégias e ações à medida que surgem novas necessidades nas diferentes esferas socioterritoriais, do global ao local. Como KAIRÓS, promovemos um movimento global pela transformação da educação, trabalhando lado a lado com organizações e instituições internacionais, regionais, nacio-nais, provinciais e locais, sem entrar em competição, mas complementando e articulando os esforços das pesssoas que as compõem, comprometidas com a educação, visando a construção de uma sociedade mais justa, equitativa, soli-dária e sustentável, na qual ninguém fique para trás.

3.2. Contexto geral.

Atualmente existem grandes contradições no mundo: por um lado, encontramos riquezas exorbitantes, altamente concentradas e com grande desigualdade global, em coexis-tência com avanços inimagináveis, vertiginosos e exponen-ciais em ciência e tecnologia (biotecnologia, nanotecnologia, infotecnologia, cognotecnologia , robótica, ciências espa-ciais e neurociências, entre outras).

Por outro lado, milhões de pessoas no mundo, incluindo o chamado mundo desenvolvido, sofrem pelo desemprego ou subemprego, fome, pobreza, pobreza extrema, desnutrição ou má nutrição, migração, racismo, sexismo, homofobia, xe-nofobia, trabalho infantil, injustiça, violência em suas diver-sas expressões, níveis, tipos e consequências, falta de

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ser-viços públicos domiciliares e falta ou limitação de conexão à internet.

Os povos indígenas e tribais foram marginalizados e discri-minados, o que afetou gravemente as condições e a própria vida e existência desses povos.

A concentração da população nas grandes cidades e o aban-dono rural, com todas as consequências que isto tem, é ou-tro dos fenómenos atuais.

A brecha social, a brecha digital e as desigualdades (terri-toriais, entre as pessoas, de gênero, sociais, econômicas e geracionais) são extraordinárias. As lacunas entre regiões, países e dentro dos países são muito grandes, prevalecen-do muitas e diversas formas de exclusão. Tais circunstâncias são agravadas pela eclosão de desastres naturais ou fenôme-nos como a atual pandemia.

As condições de pobreza, desemprego, violência e inse-gurança têm causado a migração de milhões de pessoas, principalmente da América Latina e Caribe, África e parte da Ásia. Muitas delas morrem no caminho ou sofrem todo tipo de limitações e humilhações. Além disso, ao chegar aos países de destino ou de transição, aqueles que chegam, seja como imigrantes ou refugiados, também sofrem discrimi-nação, xenofobia e maus-tratos. Há também imigrantes bem treinados que se mudam para outros países ou regiões em busca de trabalho ou melhores condições de vida: é a cha-mada fuga de cérebros.

A isso se somam as mudanças climáticas, que afetam toda a humanidade, a perda progressiva e alarmante da biodi-versidade e a perturbação do equilíbrio dos ecossistemas naturais, causando, entre outros, muitos desastres, como pandemias descontroladas, inundações e secas. Guerras

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sangrentas, terrorismo, tráfico de drogas, crime organizado e corrupção, são males que corroem o mundo, bem como a proliferação de armas nucleares e de todos os tipos que ameaçam milhões de pessoas e todo o planeta.

Ao mesmo tempo, a internet, big data, inteligência artifi-cial, redes sociais e os meios de comunicação são uma fonte quase ilimitada de conhecimento e informação que é muito útil para todas as áreas da vida: intercâmbio familiar e social, teletrabalho, telessaúde, educação a distância, governo ele-trônico, comércio eletrônico e serviços; mas também podem ser uma fonte perigosa de antivalores, aos quais estão ex-postas pessoas de todas as idades, principalmente crianças e jovens. Eles também são usados “com muita eficiência” para a guerra, para promover o ódio e a violência, para o terroris-mo, o tráfico de drogas, o crime organizado e para todos os tipos de ciberestafas e cibercrimes.

Da mesma forma, a promoção do consumismo desenfreado e irracional afeta a qualidade de vida e o meio ambiente. Por outro lado, a tendência homogeneizante é contrária à diversidade necessária e à natureza e essência multiétnica e multicultural da humanidade, ao desenvolvimento do pen-samento crítico e à valorização da singularidade de cada in-divíduo.

E enquanto tudo isso já acontecia, a pandemia do SarsCov 2, em muito pouco tempo, mudou o mundo, causando gran-des e graves efeitos diretos na vida, na saúde e na economia, além de efeitos indiretos que poderiam ser piores e prevale-cerã. após a pandemia.

A nova pandemia COVID 19 reafirmou que, como seres hu-manos e como sociedade, somos altamente vulneráveis.

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Apesar de estarmos no século 21, com grandes avanços cien-tíficos, tecnológicos e econômicos, percebemos que a CO-VID-19 está afetando direta ou indiretamente o mundo in-teiro. Todas as pessoas são suscetíveis de serem infectadas, independentemente da cor da pele, etnia, credo, ideologia, posição econômica e social, status, poder econômico, po-lítico, religioso, militar ou de qualquer natureza, embora os efeitos sejam altamente variáveis.

Por outro lado, a pandemia permitiu compreender melhor o valor e a importância das tecnologias de informação e dos meios de comunicação em todas as áreas da vida e, no caso da educação, ficou evidenciada a falta de formação docente, bem como o escasso conhecimento que muitas famílias têm para acompanhar seus filhos e filhas.

A pandemia também favoreceu o desenvolvimento da cria-tividade, inovação e empreendedorismo nos níveis pessoal, familiar, comunitário e institucional. As emissões de gases poluentes para o meio ambiente foram claramente reduzi-das, ainda que temporariamente, devido à queda drástica da atividade econômica e social, entre outros fatores. Mas a pandemia destacou a enorme divisão digital nos países e en-tre os países, que é um reflexo da lacuna econômica e social que existe e que agora se tornou mais aguda.

O desenvolvimento científico e tecnológico permitiu que, em poucos dias, o genoma do novo coronavírus fosse se-quenciado, e que em tempo recorde, em comparação com outros momentos, várias vacinas já estivessem disponíveis. O desafio agora deve ser que a vacina chegue a toda a popu-lação mundial no menor tempo possível, sem discriminação de qualquer espécie; entretanto, embora a vacina já esteja sendo aplicada em alguns países, vê-se que para outros

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paí-ses e setores ela poderia chegar somente dentro de alguns meses ou anos, o que significa que haverá mais mortes, mais consequências e mais danos econômicos e sociais, o que continuaria a aumentar a enorme lacuna que já existe.

A Revolução Tecnológica e a Quarta Revolução Industrial são uma realidade presente e trazem benefícios e riscos. Se não as promovermos para o bem, com ação afirmativa, para construir uma sociedade nova e melhor para todos, há aque-les que já as estão usando, e o farão com mais eficiência a cada dia, para fazer prevalecer e ampliar um modelo de in-justiça, desigualdade e exclusão.

3.3. A necessidade de refundar a Educação diante

do desafio histórico.

A mudança na civilização global que temos experimentado nas últimas décadas apenas se acelerou e precipitou com a crise do coronavírus.

A convergência tecnológica Nano, Bio, Info e Cogno (NBIC), a mudança do paradigma científico, as Tecnologias Capaci-tadoras Essenciais (KET), o potencial de transformação da economia e da vida humana, a incerteza que faz com que todas as nossas certezas sejam questionadas, obrigam-nos a repensar completamente nosso modelo educacional para adaptá-lo a essas novas realidades, enfrentando os desafios do século XXI.

A educação de hoje, nascida para responder às necessida-des económicas, sociais, tecnológicas e culturais dos sécu-los XIX e XX, responde a um conjunto de abordagens que já não são válidas. Mesmo as normas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ou os

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relatórios do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), bem como outros testes padronizados, devem atuali-zar a finalidade de seus resultados e revisar os escopos que eles analisam.

Hoje, mais do que nunca, a educação é uma ferramenta para o progresso, a aproximação entre as culturas, a paz mundial e a justiça social.

Não há dúvida de que vivemos uma nova era.

Precisamos construir uma nova sociedade e é hora de inven-tar nosso futuro a partir de uma nova educação que forme um ser humano livre e responsável, conforme lucidamente estabelece o artigo 1º da Constituição da UNESCO É neces-sário desenvolver um humanismo reforçado onde as mulhe-res ocupem um papel fundamental, que assuma a igualdade entre todas as pessoas, independentemente do seu sexo, identidade étnica / racial, orientação sexual, religião ou qualquer outro atributo físico ou social que as identifique. Reconhecemos que estamos preparando os jovens para um mundo que já não existe e que, no mundo do presente e do futuro que começamos a habitar, as capacidades genéricas são elementos centrais, priorizando sempre o fator humano sobre o técnico.

A tecnologia desempenha um papel importante na nova educação, tornando-se necessária a garantia do acesso à internet como um direito humano universal. Se a internet é um dos principais espaços em que se desenvolve o novo modelo de educação, é fundamental garantir seu acesso a todas as pessoas do mundo. Não sendo assim, o fosso digital (triplo fosso: acesso, uso e educacional) se torna mais uma dimensão da exclusão.

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A nova formação deve complementar as humanidades e as ciências com a tecnologia, a partir de uma visão holística da realidade que nunca deveria ter sido abandonada.

A educação técnica e superior deve chegar a todos os luga-res, estendendo-se aos espaços de trabalho, oferecendo às pessoas as ferramentas necessárias ao seu desenvolvimento, e trazendo soluções concretas para problemas reais das co-munidades.

Entre as questões fundamentais do ensino superior, uma das mais marcantes é a defesa intransigente da autonomia uni-versitária e do papel desse nível educacional para o mundo. Acima de tudo, é preciso adotar uma visão integradora do sistema educacional, considerando o papel da educação su-perior (em suas diversas modalidades e em todo o espectro da diversidade sistêmica e institucional nas esferas pública e privada), atendendo às demandas do diversos segmentos de Instituições de Ensino Superior (IES) e valorizando a com-plementaridade entre eles, para que promovam, de forma ainda mais eficiente e eficaz, meios que contribuam para o desenvolvimento da educação em nível local, nacional e in-ternacional.

Da mesma forma, o ensino superior deve ser entendido como um sistema que deve ser integrado (em todos os níveis e modalidades de ensino), complementar (no que diz res-peito aos diferentes itinerários formativos possíveis) e com articulação, intercomunicação e retroalimentação entre os seus diferentes subsistemas e âmbitos de atividade, abran-gendo os setores público e privado assim como universida-des, escolas e outras instituições educacionais.

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Universidades, centros de ensino superior e centros de en-sino técnico, médio e básico devem buscar a solução dos problemas sociais, estendendo sua ação e os resultados de suas pesquisas à comunidade. A diversidade exige o fortale-cimento da extensão universitária e a consideração de uma multiplicidade de modelos educacionais, pedagógicos e ins-titucionais, como os representados no ensino superior por universidades populares e de povos indígenas, entre outros. Garantir uma educação de qualidade com inclusão e equi-dade é dever dos Estados, em aliança com iniciativas econô-micas e sociais sem fins lucrativos, e com instituições locais, regionais e internacionais.

Todos eles devem realizar ações próprias e concertadas para transformar a educação, integrando políticas econômicas, trabalhistas, industriais e educacionais, e incorporando o desenvolvimento de capacidades genéricas ou transversais, solidariedade, sustentabilidade ambiental e social, equidade, inclusão, respeito e valorização da diversidade, tecnologias da Quarta Revolução Industrial, digitalização, ação transfor-madora e a economia verde e circular. Tudo isso levando em consideração e tentando superar as desigualdades sociais específicas de cada território e todas as formas de exclusão, local e global. Caso contrário, as lacunas existentes aumen-tarão e se aprofundarão.

Nesse sentido, é imprescindível refletir sobre dois elemen-tos de extrema importância para a educação:

a. A construção de métodos, técnicas e práticas de

pla-nejamento educacional que considerem o cenário atual e as demandas futuras (especialmente em um mundo pós-pandêmico).

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b. A construção de indicadores de avaliação educacional

que possam dar conta não só da diversidade dos siste-mas educacionais, siste-mas também das diferentes deman-das e deman-das populações que atendem.

Essa reestruturação exige uma mudança de mentalidade em que os valores destinados a materializar a visão educacional ampla, inclusiva e socialmente referenciada possam ser vis-tos pelos governos nacionais e agentes econômicos e finan-ceiros internacionais como um investimento de longo prazo, o que não é desejável na perspectiva da avaliação educacio-nal baseada em critérios puramente econométricos.

Para iniciar a transformação educacional é necessário com-preender a educação com uma visão sistêmica, em que todos os seus componentes se interrelacionem e, se um for altera-do, modifica o papel dos demais (currículo, organização de alunos e professores, tempos, espaços, lideranças, equipes de gestão).

É necessário também estabelecer um compromisso nos ní-veis macro, meso e micro, nas esferas internacional, nacio-nal, territorial, comunitária e institucionacio-nal, para promover o conhecimento, a educação, a ciência, a tecnologia, a arte, a cultura, a educação física, o esporte e os vários saberes, com o objetivo de construir uma sociedade melhor para todos. A definição e implementação da nova agenda educacional é essencial para dar a cada ser humano uma oportunidade maior e melhor de se tornar o protagonista de sua vida e de seu destino, com valores e capacidades para ser um pro-motor de uma mudança social em direção a um ser humano mais global, ao desenvolvimento de suas comunidades e paí-ses, com equidade e sustentabilidade.

(30)

Ou seja, de modo a superar desafios estruturais históricos e ao mesmo tempo avançar com os desafios mais sofisticados! É necessário refundar a educação, dando continuidade e com base em acordos, convenções e tratados, que são uma importante referência para a construção de uma sociedade melhor, embora, até agora, tenham sido ignorados em mui-tos casos e seu impacto tenha sido limitado.

Sua implementação efetiva requer governança multilateral democrática e a rápida implementação da Agenda 2030 (Ob-jetivos de Desenvolvimento Sustentável).

Um novo conceito de segurança é essencial para a Nova Era, em que a defesa dos territórios se junta à dos habitantes, com as condições necessárias a uma vida digna: alimentação, água potável, serviços de saúde de qualidade, cuidado com o meio-ambiente e educação.

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3.4. Situação da Educação que torna urgente sua

transformação.

Embora haja uma enorme variabilidade em cada eixo, apenas por razões práticas podemos agrupar os problemas da edu-cação nos seguintes:

A. FINANCIAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO. 1. Educação.

Deve ser entendida como bem público e social, direito humano e universal, dever dos Estados e responsabili-dade de todos os atores envolvidos.

Diante de uma tendência de mercantilização que pode se acelerar com a pandemia, a primeira coisa a fazer é reafirmar o que está claramente estabelecido nas de-clarações das Conferências Mundiais de Educação Su-perior (CMES Paris 1998, 2009) e das Conferências Re-gionais de Educação . Superior da América Latina e do Caribe (CRES de Havana 1996, de Cartagena de Indias 2008 e de Córdoba, Argentina 2018), ou seja, que edu-cação é um bem público e social, um direito humano e universal, um dever dos Estados e responsabilidade de todos os atores envolvidos.

Decorre daí que é necessário ortalecer a educação para a emancipação, a ciência com consciência e inovação para a plena realização e para a transformação econô-mica, social e ambiental.

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2. Recursos destinados à Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Em todo o mundo, é necessário alocar mais recursos do setor público e do setor privado (principalmente das grandes empresas transnacionais), para que a educação prevaleça como fator fundamental para o desenvolvimento humano integral, com inclusão, justiça e equidade.

Em muitos países, há um efeito triplo negativo em ter-mos de recursos alocados para educação, ciência, tec-nologia, inovação, arte, cultura e esportes (esporte não comercial, mas para fins de educação física):

• Baixos percentuais de gastos públicos destinados a esses setores.

• Orçamentos e produto interno bruto (PIB) pequenos em vários países. Em outras palavras, uma baixa por-centagem de valores pequenos, em claro contraste com países com maior porcentagem de orçamentos e PIB muito maior.

• Baixo investimento em diversos países e regiões do mundo pelo setor privado nacional (que também é comparativamente pequeno), regional e internacional em educação, ciência, tecnologia, inovação, arte, cul-tura e educação física e esportes.

3. Financiamento de organizações financeiras internacio-nais limitada e sem foco na transformação educacional.

As organizações financeiras não evoluíram, ou pelo me-nos não totalmente ou suficientemente, em seus

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es-quemas de financiamento, e os recursos limitados que fornecem por meio de cooperação ou empréstimos são quase sempre para fazer mais do mesmo e não para promover ou favorecer processos de transformação e desenvolvimento de educação, ciência, tecnologia, ino-vação, arte, cultura, educação física e esporte, que per-mitam aumentar sua abrangência, qualidade e relevân-cia.

4. Cooperação solidária e financiamento.

Portanto, é necessário aumentar a cooperação solidária e expandir e modernizar os esquemas de financiamento dos organismos financeiros internacionais, bem como aumentar o investimento nacional de cada um dos paí-ses em educação, ciência, tecnologia, inovação, arte, cultura, educação física e esportes.

5. Necessidade de “Políticas de Discriminação Positiva” para garantir inclusão, equidade e justiça social.

Definir e implementar políticas de “discriminação posi-tiva” ou ação afirmativa ou positiva, em relação a regiões, países e setores com maiores níveis de atraso em ter-mos de cobertura, qualidade e relevância da educação, ciência, tecnologia, inovação, arte, cultura, educação fí-sica e esportes. Do contrário, o máximo que se poderia conseguir é manter as enormes brechas, e isso não é sustentável nem em termos econômicos, sociais nem políticos, mas a tendência atual é ampliar essas brechas, ainda mais com o efeito da pandemia COVID-19.

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6. Transparência, eficácia e eficiência.

Garantir uma utilização totalmente transparente e com a maior eficiência e eficácia possível de todos os recur-sos internacionais e nacionais que se destinam à cação, ciência, tecnologia e inovação, arte, cultura, edu-cação física e esporte.

7. Recursos para melhorar as condições de vida, trabalho e estudo e implementar políticas de estímulo.

Além do legítimo e necessário aumento de recursos fi-nanceiros internacionais e nacionais para melhorar as condições de trabalho, vida e estudo dos membros da comunidade educacional, é necessário destinar recur-sos para estimular instituições e pessoas que se des-taquem em processos de transformação que visam au-mentar a cobertura, qualidade e relevância da educação, ciência, tecnologia, inovação, arte, cultura, educação fí-sica e esporte e a implementação do Terceiro Contrato Social de Educação.

Serão utilizados critérios, indicadores, metodologias e mecanismos acordados entre as autoridades institucio-nais e sindicais (sindicatos e entidades de estudantes) e aplicados com transparência, sensibilidade e responsa-bilidade social.

B. ACESSO E COBERTURA.

Milhões de meninas, meninos, jovens e adultos foram e continuam sendo excluídos dos sistemas educacionais do mundo, razão pela qual ,em 2020, havia quase 800 milhões de jovens e adultos (773 milhões segundo a UNESCO) que

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careciam de competências básicas de alfabetização, o que significa analfabetismo funcional. A isso deve-se acrescen-tar que atualmente, além da alfabetização básica universal, a alfabetização informacional, a alfabetização midiática e a alfabetização tecnológica são necessárias.

A exclusão e a discriminação têm sido ainda maiores em po-vos e comunidades indígenas, afrodescendentes, imigrantes, pessoas com deficiência e outros setores sociais historica-mente vulneráveis. Isso deve ser revertido com políticas, es-tratégias, planos, programas e recursos, por meio de estra-tégias e ações afirmativas.

C. PERMANÊNCIA E EVASÃO.

A evasão escolar também é um problema grave, acentuado pela pandemia, que vai desde evasão de estudantes dias após seu ingresso no sistema educacional até aqueles que abandonam a universidade. Tudo isso é imputável a razões econômicas, sociais e acadêmicas.

D. QUALIDADE E RELEVÂNCIA.

Aqueles que, enquanto estão no sistema educacional, rece-bem uma educação de qualidade e relevância limitadas tam-bém sofrem discriminação. Esta categoria tem uma enorme variabilidade entre regiões, entre países e dentro dos países. A essa variabilidade, a exclusão digital foi adicionada durante a pandemia, como um novo elemento de estratificação.

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Qualidade e relevância estão, por sua vez, ligadas a muitos fatores diferentes:

1. As condições económicas e sociais dos alunos, docentes

e não docentes.

2. As condições materiais e técnicas dos centros

educa-cionais.

3. A estrutura do currículo, incluindo, entre outros,

con-teúdos, formas de avaliação, tempos, normas e políticas que o regem.

4. Aspectos pedagógicos e didáticos utilizados.

5. A educação e a formação de pessoal docente e não

do-cente.

6. Empregabilidade.

7. Gestão democrática, participativa e gestão coletiva.

1. AS CONDIÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DOS ALUNOS E DO CORPO DOCENTE.

a. Estudantes que vivem em condições de pobreza ou

ex-trema pobreza e que, em muitos casos, precisam tra-balhar desde cedo para gerar renda essencial para a subsistência familiar.

Isso gera não apenas uma situação de limitações mate-riais essenciais que afetam seu desempenho e desenvol-vimento normal, mas, além dos efeitos físicos, tem efei-tos sobre a estabilidade emocional, o que, naturalmente, afeta seu desempenho acadêmico.

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Para alguns alunos que recebem merenda escolar, este é o único alimento do dia, pois suas famílias passam fome e / ou desnutrição.

Eles não recebem cuidados médicos adequados ou acompanhamento, entre muitas outras coisas.

No caso de alunos de internato, ou que recebem bolsa de estudos, mesmo com as limitações e deficiências que possam ter os albergues ou os locais de hospedagem, eles tendem a ter melhores condições do que as que têm em suas próprias casas, pois residem em condições de pobreza ou pobreza extrema.

b. Estudantes cujo centro educacional se encontra muito

distante do local de residência, sem possuir meios de transporte adequados. Isso acontece principalmente em áreas rurais e / ou empobrecidas, mas também em áreas urbanas, quando os alunos precisam percorrer longas distâncias para chegar ao centro de estudos.

c. Professores e não professores que, por sua vez, vivem

na pobreza, recebem baixos salários e condições limita-das, e que muitas vezes também têm que percorrer lon-gas distâncias para chegar ao seu centro educacional. Além disso, em muitos casos, eles devem ter mais de um emprego para sobreviver. Os baixos salários e, em al-guns casos (especialmente no de professores contrata-dos em tempo parcial), a remuneração centrada apenas nas horas de aula impedem a realização de um trabalho mais profissional.

(38)

2. AS CONDIÇÕES MATERIAIS E TÉCNICAS DOS CENTROS EDUCACIONAIS.

a. Centros educacionais em péssimas condições físicas e

tecnológicas.

Ainda existem muitas escolas no mundo onde não há água potável, eletricidade e até serviços de saneamento. Existem muitos centros educativos com salas de aula degradadas, sem bibliotecas ou com bibliotecas muito elementares, sem laboratórios de qualquer tipo, sem li-gação à Internet ou equipamentos informáticos ou so-mente em quantidade e qualidade muito limitadas.

b. Com um número muito pequeno de professores.

c. Com salas multisseriadas, o que não é um problema em

si, mas sem as condições necessárias e professores de-vidamente capacitados para a tarefa.

d. Com um número muito grande de alunos por turma,

in-dependente da modalidade, o que dificulta ou impossi-bilita o atendimento personalizado aos alunos e aumen-ta o volume e a complexidade do trabalho docente.

e. Ainda existem muitos locais onde há alunos potenciais,

mas não existem centros educacionais. Isso se contra-põe a lugares, principalmente em países com maior nível de desenvolvimento, com destaque para as áreas rurais, onde o principal problema é que não há alunos suficien-tes devido à migração do campo para a cidade, devido ao abandono rural e ao envelhecimento da população.

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Em relação à exclusão digital, há características diferentes:

a. Em centros educacionais:

• Centros educacionais sem acesso à Internet.

• Centros educacionais com acesso limitado à Internet em termos de cobertura e largura de banda.

• Centros educacionais com equipamentos de informá-tica limitados em número e capacidade.

• Uso limitado e / ou deficiente das TIC para fins acadê-micos, administrativos e de gestão.

• Formação limitada de docentes e alunos na utilização das TIC para fins acadêmicos.

b. Em relação ao pessoal docente e não docente:

• Sem acesso ou com acesso físico limitado à Internet no local de residência.

• Sem capacidade econômica, ou com capacidade econômica limitada, para pagar pelos serviços de co-nexão de banda larga de forma estável.

• Com número e / ou capacidade limitada de equipa-mentos de informática no local de residência.

• Sem condições adequadas de trabalho no local de re-sidência.

• Com formação limitada no uso das TIC para fins aca-dêmicos.

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c. Em relação aos alunos:

• Sem acesso, ou com acesso físico limitado à Internet no local de residência.

• Sem capacidade econômica, ou com capacidade econômica limitada, para pagar pelos serviços de co-nexão de banda larga de forma estável.

• Com número e / ou capacidade limitada de equipa-mentos de informática no local de residência.

• Sem condições adequadas de estudo no local de resi-dência.

• Com formação limitada no uso das TIC para fins aca-dêmicos.

Nesse contexto, em decorrência da pandemia, ocorreu uma nova estratificação de alunos:

a. A primeira estratificação corresponde àqueles com

acesso a computadores e internet, professores e uma família capacitada para apoiá-los.

b. A segunda estratificação corresponde àqueles que,

mesmo possuindo internet e computadores, não pos-suem linha de apoio, nem família, nem professores, para desenvolver os processos de aprendizagem.

c. Uma terceira estratificação é a daqueles que não têm

acesso à internet ou equipamentos de informática e a eles foram oferecidos apenas televisão e / ou rádio edu-cacionais.

d. Uma quarta estratificação corresponde àqueles aos

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rá-dio educativo, foram oferecidos textos impressos, mas que na maioria dos casos não chegaram até eles.

3. A ESTRUTURA DO CURRÍCULO, INCLUINDO, ENTRE OU-TROS ASPECTOS, CONTEÚDOS, FORMAS DE AVALIAÇÃO, TEMPOS, NORMAS E POLÍTICAS QUE O REGEM.

Alguns dos problemas centrais do currículo são:

a. Estruturas curriculares carregadas de conteúdo, muitas

delas: a) obsoletas, b) que se tornarão obsoletas muito antes de o aluno terminar seus estudos formais, c) a maioria delas disponíveis em textos, vídeos, tutoriais de áudio, na internet.

b. Conteúdos curriculares homogeneizados,

frequente-mente orientados a fazer prevalecer as relações he-gemônicas e o consumismo irracional, não a aspiração lógica e necessária para a solução de problemas reais e / ou para o desenvolvimento pessoal, familiar, comuni-tário e social. Estão focados na ambição irracional, que além de negativa para a comunidade e para a sociedade como um todo, gera mais frustrações do que bem-estar ou felicidade.

c. Valorização do externo e subvalorização ou

desconhe-cimento do endógeno. Em outros contextos perdem a perspectiva das culturas, potencialidades, conhecimen-tos e experiências existentes no mundo, e que podem ser de grande valor e importância para o desenvolvi-mento local numa perspectiva global.

d. Falta de tempo, ou tempo muito limitado para o

des-envolvimento de valores e capacidades essenciais para uma atuação bem-sucedida como indivíduos,

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comuni-dades, como profissionais e como sociedade em geral: aprender a ser, aprender a pensar criticamente, apren-der a valorizar e respeitar os outros. aprenapren-der a fazer, aprender a criar, aprender a inovar, aprender a apren-der, aprender a se comunicar pessoalmente e digital-mente, aprender a trabalhar em equipes reais e virtuais.

e. Flexibilidade zero ou mínima para entrar e sair dos

sis-temas educacionais. Regulamentos e procedimentos não permitem a avaliação de conhecimentos e habili-dades individuais para entrar em determinado nível, e exigem que sejam seguidos os rígidos e inflexíveis per-cursos curriculares pré-estabelecidos.

f. Nenhuma ou mínima flexibilidade para avançar de

acor-do com as habilidades e conhecimentos.

g. Nenhuma ou mínima flexibilidade para facilitar a

mobi-lidade interna ou externa, presencial e / ou virtual.

h. Sistemas de avaliação centrados na memorização

acríti-ca e não no desenvolvimento de acríti-capacidades. Avaliação para medir, não para aprender, melhorar, corrigir, refle-tir e se auto-regular com autonomia real.

i. Sistemas de avaliação de pessoal nulos ou limitados e,

portanto, com sistemas de incentivos de pessoal nulos ou limitados, quando deviam ser baseados em critérios objetivos acadêmicos, profissionais, trabalhistas e hu-manos.

j. Forte carga teórica e fraco treinamento prático. É

neces-sário compreender a prática muito além das habilida-des manuais, mas como a capacidade de usar os recur-sos disponíveis e aplicar o conhecimento, os saberes, a

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ciência e a tecnologia disponíveis de forma real e virtual para enfrentar de forma dinâmica e criativa situações específicas que levam em conta o que é global, mas para a solução de problemas concretos e desenvolvimento local. Isso, além das habilidades manuais necessárias exigidas de acordo com seu perfil de formação.

k. Ausência de um equilíbrio adequado entre ensino,

pes-quisa e extensão.

l. Arte, cultura, esporte e atividades recreativas

conside-radas, em muitos casos, como atividades extracurricu-lares e não como parte integrante do processo de for-mação.

4. OS ASPECTOS PEDAGÓGICOS E DIDÁTICOS UTILIZADOS NÃO FACILITAM A APRENDIZAGEM.

a. De uma forma geral, continuamos a ter uma educação

centrada no ensino vertical, em ciclos rígidos, de cima para baixo, na memorização, e não na gestão da apren-dizagem horizontal, multidirecional e ao longo da vida.

b. Temos uma educação com atenção coletiva não

perso-nalizada, mas promotora do individualismo.

c. Não valorizamos o ambiente educacional, econômico,

social e cultural, através de uma interação dinâmica, sistemática e multidirecional, para uma aprendizagem com qualidade, relevância e impacto.

d. Frequentemente, fazemos uso marginal ou

subutiliza-do subutiliza-dos meios à nossa disposição para facilitar a apren-dizagem e a interação sinérgica com o meio-ambiente: laboratórios, áreas ou centros experimentais,

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bibliote-cas reais e virtuais, instalações diversas, tecnologias de informação e comunicação e meios informáticos, etc. É necessário um currículo flexível, mais atualizado e com menos conteúdo; é necessário também que espaços como bibliotecas ou laboratórios dêem lugar a espaços flexíveis, oficinas, laboratórios e centros de desenvolvi-mento científico, social ou artístico desde a mais ten-ra idade, mas também espaços mais relacionados com a ação transformadora, startups, prototipagem, design thinking e pensamento criativo.

e. Não existe uma pedagogia válida para todas as

con-dições. A pluralidade pedagógica deve existir e ser va-lorizada.

f. Devemos promover metodologias ativas com as quais

levamos o aluno a focar na aprendizagem e a adquirir conhecimentos e habilidades de forma coerente e rele-vante.

5. A FORMAÇÃO DO CORPO DOCENTE.

Os professores em todos os níveis educacionais devem ser recapacitados para:

a. Passar do ensino à gestão da aprendizagem.

b. Passar da atenção coletiva, promotora do

individualis-mo, para a atenção personalizada, promotora da comu-nidade e da solidariedade.

c. Mudar a ênfase do conhecer para o ser, pensar, saber e

fazer.

d. Promover a aprendizagem socioemocional como fator

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e. Passar da avaliação como medição, à avaliação formativa

para melhorar, analisar, refletir, modificar e aprender, para se autorregular e autogerir.

f. Passar de uma educação focada no conteúdo para uma

com um equilíbrio mais adequado entre conteúdo, va-lores e o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas.

g. Passar de uma formação eminentemente teórica para

uma de forte componente prático, que ajude a resolver problemas reais.

h. Passar de uma educação rígida e inflexível para uma

educação interativa, dinâmica, cooperativa, responsável e solidária.

i. Passar de uma educação focada em respostas para uma

focada em perguntas.

j. Mudar de uma abordagem disciplinar para uma

aborda-gem holística, transdisciplinar, intersetorial, intergera-cional.

k. Passar de uma educação unimodal para uma

multimo-dal.

l. Promover as tecnologias de informação e comunicação

(TIC), para transformá-las em tecnologias de aprendiza-gem e conhecimento (TAC).

m. Combinar e valorizar ciência e conhecimento.

n. Garantir a aprendizagem e a aplicação dos princípios da

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o. Gerar situações que promovam a transformação de

pro-fessores e professoras, criando comunidades de prática docente.

6. EMPREGABILIDADE.

Em todo o mundo, embora com grandes variações, o desem-prego ou subemdesem-prego é um problema que atinge milhões de pessoas de todas as idades e em diferentes níveis de escola-ridade. As causas são muitas, entre as quais podemos citar:

a. Problema estrutural das economias com níveis

limita-dos de desenvolvimento e crescimento mais lento do que o aumento da demanda de emprego; o setor público foi reduzido em muitos países, como resultado da con-tração econômica e processos de privatização, e o setor privado tem limitada dinâmica de crescimento.

b. A substituição de produtos manufaturados por

produ-tos industriais e a promoção do consumismo desses produtos.

c. Ao contrário do que acontecia no passado, os empregos

criados são temporários, o que afeta não só o trabal-ho e a estabilidade social, mas também os sistemas de pensões.

d. A mecanização, a automação, a robotização e a

combi-nação da robótica com a inteligência artificial estão cada vez mais deslocando empregos que eram ocupados por seres humanos e agora são ocupados por máquinas e serviços automatizados.

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e. As ocupações vêm e vão. É considerado que uma alta

porcentagem das profissões do futuro ainda não foram descobertas e muitas das de hoje irão desaparecer ou sofrer mudanças significativas.

f. A educação atual, em geral, não permite que os alunos

desenvolvam as habilidades exigidas no século XXI. Isso gera o risco, que já é uma tendência, de passar de uma sociedade de grandes massas de trabalhadores explora-dos durante as primeiras revoluções industriais a uma grande massa de seres humanos empobrecidos e irrele-vantes, produto da IV e V Revolução Industrial e de uma educação não transformadora.

7. GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA COM PLANE-JAMENTO COLETIVO.

A única forma de ter sucesso na gestão, planejamento e des-envolvimento de processos de transformação que tenham verdadeira legitimidade e continuidade, além das pessoas que ocupam cargos institucionais e / ou sindicais, é garan-tindo uma gestão democrática e participativa com envolvi-mento ativo dos diferentes atores e setores.

Esta não é a forma mais ágil e simples, mas é verdadeiramen-te legítima e necessária para acabar com ditaduras e popu-lismos.

Deve-se considerar que administrações autocráticas oco-rrem em todo o mundo, em todos os níveis e em todas as áreas da vida institucional, econômica, social e política.

(48)

3.5. O modelo educacional está esgotado.

Reconhecendo os esforços e experiências de sucesso de pessoas e instituições no mundo que desenvolveram ou es-tão desenvolvendo processos de inovação e transformação educacional, e que se tornam exemplos e inspiração, em ge-ral o modelo educacional se esgotou e requer uma profunda transformação para passar:

1. De uma educação centrada na instrução a outra

centra-da nas pessoas e em sua aprendizagem.

2. De uma educação em que os alunos sejam

coletivamen-te “formados” para a individualidade e, muitas vezes, para o egoísmo, a uma que valorize a solidariedade e a ação coletiva.

3. De uma educação que, em geral, não leva em

conside-ração as características, capacidades, potencialidades, limitações e dificuldades individuais de cada aluno, nem as características, tradições, diversidade cultural, visões e cosmovisões de sua comunidade, povo, etnia, para uma educação que leve em consideração seus valores, valorize a diversidade e as características individuais de cada aluno, promovendo um desenvolvimento solidário, para a família, a comunidade e a sociedade.

4. De uma educação centrada no eu, para uma educação

centrada no nós.

5. De uma educação centrada nos meios para uma

centra-da em princípios e valores.

6. De uma educação baseada no ensino vertical, em ciclos

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global para um mundo tridimensional, onde a educação e a aprendizagem estão presentes em diferentes atores, tempos, espaços e ao longo da vida.

7. De uma educação rotineira e monótona a uma educação

motivadora, dinâmica e interativa.

8. De uma educação que considere a arte, a cultura, o

es-porte e as atividades recreativas como atividades ex-tracurriculares a uma que as considere como parte do processo integral de formação.

9. De uma educação focada no quê e quanto, a uma focada

em como, por que, para que e para quem.

10. De uma educação voltada para o saber, a uma educação

voltada para o ser, pensar, fazer, criar, inovar, transfor-mar; ou seja, focada em valores e desenvolvimento de capacidades.

11. De uma educação voltada para aprender por meio da

memorização acrítica de conteúdos, para uma focada em descobrir, valorizar e desenvolver o ser, o pensa-mento crítico, o aprender a aprender, aprender a agir para transformar, aprender a conviver e aprender a tra-balhar em computadores reais e virtuais.

12. De uma educação focada em respostas a outra focada

em perguntas.

13. De uma educação voltada para a verdade absoluta, para

a certeza, que não existe mais e existirá menos quan-do os que estudam hoje concluírem a educação formal, para uma voltada a verdades relativas, à busca perma-nente da verdade e à compreensão da incerteza.

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14. De uma educação voltada para a teoria, a uma voltada

para a prática, mas entendendo a prática em termos holísticos, e não apenas como sinônimo de habilidades manuais.

15. De uma educação voltada para a aprovação de

discipli-nas e obtenção de diplomas e títulos para a busca de emprego, a uma voltada para valores e habilidades para o desempenho de trabalhos para o desenvolvimento pessoal, familiar, comunitário e social.

16. De uma educação carregada de conteúdos

curricula-res homogeneizantes, muitas vezes orientada a fazer prevalecer relações hegemônicas e o consumismo e ambição irracionais, que além de serem negativos para a comunidade e para a sociedade como um todo, ge-ram mais frustrações do que bem-estar ou felicidade, a uma educação que promova e pratique, como essência do desenvolvimento humano e da convivência pacífica, a diversidade cultural, o diálogo, o respeito absoluto e total pelas pessoas, independentemente da cor da pele, de seu sexo ou preferência sexual, de sua origem étni-ca ou geográfiétni-ca, sua forma de pensar ou crença e sua condição econômica ou social. Em outras palavras, uma educação que rejeita todas as formas de racismo, xeno-fobia e discriminação por qualquer motivo.

17. De uma educação rígida, inflexível ou com

flexibilida-de mínima em termos curriculares e normativos, a uma educação flexível, mas ao mesmo tempo rigorosa.

18. De uma educação voltada para ignorar ou até mesmo

menosprezar e minar ambiente local (econômico, social, ambiental e humano), para uma voltada para o

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desen-volvimento endógeno em interação com o exógeno e com o global, como base para o desenvolvimento global. Não há desenvolvimento global verdadeiro e legítimo sem desenvolvimento local e cultural.

19. 1De uma educação baseada na promoção arrogante do

lucro, do poder, do consumismo, da ascensão social e do bem-estar material, às custas de tudo ( das pessoas, das comunidades e dos povos, do meio-ambiente, da própria sustentabilidade humana e planetária), a uma educação baseada no respeito entre as pessoas, co-munidades, povos, culturas e a mãe terra. Sempre em diálogo e buscando o consenso para o bem coletivo e comum.

20. De uma educação que promove a globalização do

con-sumo, do conhecimento, da ciência e da tecnologia para o privilégio, benefício e bem-estar das elites, globali-zando também a pobreza, a marginalização, a discrimi-nação, a violência e a intolerância, para uma que pro-mova o conhecimento, a ciência e a tecnologia como um meio, e não um fim, para o desenvolvimento humano com justiça, equidade e sustentabilidade, valorizando a diversidade cultural e não deixando ninguém fica para trás.

21. De uma educação voltada para o geral e global, com

atenção marginal e até desprezo pelo local, a uma edu-cação que leva em conta o global, mas centra-se no lo-cal, para descobri-lo, valorizá-lo e desenvolvê-lo. Tudo isso reconhecendo a diversidade econômica, social, am-biental, cultural, etc.

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22. De uma educação que vai desde uma avaliação punitiva,

como medida quantitativa de classificação e promoção, a uma que a utiliza como meio qualitativo de aprendiza-gem, melhoria contínua, desenvolvimento pessoal, cole-tivo, institucional e social.

23. De uma educação que centra os seus esforços na

qua-lidade, independentemente da relevância social, para uma que trabalhe sempre de forma ativa, dinâmica, co-laborativa, solidária e comprometida com a qualidade, mas tornando-a indissociavelmente ligada à relevância social, ambiental e humana, com visão, interação, coo-peração e relacionamento global, mas de, com e para o local.

24. De uma educação em que o sistema educacional

pos-sui instituições educacionais na comunidade, mas mui-tas vezes ignorando ou mesmo menosprezando suas próprias capacidades, potencialidades e também as di-ficuldades e limitações da comunidade, para uma cação em que a comunidade possui instituições edu-cacionais, independentemente de suas modalidades, como pilares para o desenvolvimento, bem-estar e bem viver das pessoas, famílias e da própria comunidade, valorizando suas capacidades, potencialidades e recon-hecendo e trabalhando para superar suas limitações e dificuldades.

25. De uma educação que se limita a promover o uso e

adap-tação do conhecimento, ciência e tecnologia, para uma que promova o desenvolvimento, uso e disseminação dos mesmos para responder às realidades específicas econômicas, sociais, ambientais e culturais.

Referências

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