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O conceito de consumidor equiparado interpretado

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conceito de consumidor equiParado interPretado como Forma de Proteção amPla e gradual

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chwartz Mestre em Direito Econômico e Desenvolvimento pela Universidade Candido Mendes. Especialista em Responsabilidade Civil e Direito do Consumidor. Professor de Direito do Consumidor da Fundação Escola Superior da Defensoria Pública do Rio de Janeiro – FESUDPERJ. Professor do Programa de Pós-Graduação da AVM Faculdades Integradas. Professor de Direito Difusos no curso CEI – Circulo de Estudos pela Internet. Ex-coordenador do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Ex-coordenador-Adjunto da Comissão Nacional de Defensores Públicos de Defesa do Consumidor. Defensor Público no Estado do Rio de Janeiro. fabioschwartz@ig.com.br

Recebido em: 09.05.2016 Pareceres: 14.09.2016 e 17.09.2016

áreado direito: Consumidor

resumo: O presente trabalho tem por objetivo

explicitar as principais controvérsias acerca do conceito de consumidor equiparado. Busca-se demonstrar que o legislador estabeleceu um sistema de proteção gradativa, que alcança des-de aquele que pratica o núcleo des-de uma relação formal de consumo, passando por quem apenas interveio através de algum ato de consumo di-verso do núcleo, até alcançar àqueles que este-jam meramente expostos às práticas de consu-mo, sujeitos a danos meramente potenciais. O ponto nodal é afastar a interpretação restritiva de parte da doutrina, no sentido de que as fi-guras do consumidor equiparado interveniente (art. 2.º, parágrafo único) e do equiparado ví-tima (art. 29), apenas concedem instrumentos jurídico-processuais à universalidade ou grupo de consumidores, determináveis ou não, visando à tutela coletiva desses grupos.

abstract: This paper intended to describe

the main controversies about the concept of equivalent consumer. It is quite evident that is there a system of gradual protection, which reaches from one who practices the core of a formal consumer relationship by signing a contract, going through only one who intervened through some act of diverse consumer core, reaching those who are merely exposed the practices of consumption, subject only to potential damage. The nodal point is to remove the restrictive interpretation of the doctrine, in the sense that the figures equated consumer intervener (article 2, paragraph one) and treated victims (art. 29), only grant legal and procedural instruments or the universality consumer group, determinable or otherwise, aimed at collective protection of these groups

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Palavras-chave: Consumidor equiparado – Co-letividade de pessoas determinadas ou não – Consumidor interveniente (art. 2º parágrafo úni-co) – Consumidor vítima (art. 17) – Bystanders

– Consumidor exposto (art. 29).

keywords: Equated consumer (art. 2.º) – People collectively, albeit undetermined – Consumer intervener – Victim of the consume relation (art. 17) – exposed consumer (art. 29).

Sumário: 1. Introdução. 2. Consumidor Equiparado-Interveniente: Art. 2.º, parágrafo único

do CDC. 3. Consumidor vítima: Art. 17 do CDC. 4. Consumidor Equiparado--Exposto: Art. 29 do CDC. 5. Conclusão. 6. Referências bibliográficas.

1. I

ntrodução

É senso comum que o caput do art. 2.º do CDC delimita o conceito de consumidor padrão (standard ou stricto sensu). Neste momento, o legislador preocupou-se em delimitar um paradigma individual e concreto daquele que está no centro da relação jurídica. Porém, em outras três passagens (art. 2.º, parágrafo único; art. 17; e art. 29) o estatuto consumerista tratou da figura do consumidor por equiparação, partindo para uma definição abstrata, de molde a alcançar um consumidor potencial e presumido.

Observando-se as disposições que tratam do chamado consumidor equipa-rado, percebe-se, claramente, que o legislador operou uma gradação protetiva, com a intenção de obter o maior alcance possível.

Assim, no primeiro momento (art. 2.º, caput) delimitou a proteção daquele que efetivamente integra a relação jurídica de consumo, ou seja, aquele que de fato entabulou o contrato, seja de compra e venda, seja de prestação de serviço, e que participa de forma direta, natural e originária do negócio jurídico, inte-grando seu núcleo (comprar/adquirir).

Num segundo momento (parágrafo único do art. 2.º), o legislador logrou alcançar, também, aquele que, embora não tenha integrado a relação jurídica formal, dela tenha participado como interveniente, realizando algum ato típico de consumo, porém fora do núcleo do negócio jurídico originário.

No art. 17, por seu turno, o legislador contempla aqueles que tenham sido

vítimas de um acidente de consumo oriundo de uma relação jurídica formal.

Nesta seara, os equiparados, além de não terem integrado o contrato de con-sumo, também não fizeram qualquer intervenção, ou seja, sequer realizaram ato de consumo (são meros espectadores). Aqui, basta que tenham sofrido danos e que haja nexo de causalidade entre estes danos e a relação de consumo originária.

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conceitos de consumidor equiparado estatuídos pelo Código. Assim temos o consumidor equiparado-interveniente (art. 2.º, parágrafo único), o equipara-do-vítima (art. 17) e o equiparado-exposto (art. 29).

O sistema de proteção erigido pelo legislador foi muito inteligente, já que estabeleceu uma proteção gradativa, que vai desde aqueles sujeitos que em-bora não tenham integrado a relação jurídica formal, dela tenham participado como intervenientes, realizando algum ato típico de consumo fora do núcleo do negócio jurídico originário; passando por aqueles que tenham sido vítimas de um acidente oriundo de uma relação jurídica formal, da qual não fizeram parte; chegando até o consumidor submetido a um dano potencial (não neces-sariamente um dano real), oriundo de uma indevida situação de exposição às práticas comerciais previstas no capítulo V e seguintes do CDC.

Esta visão protetiva progressiva e gradual afigura-se a melhor forma de in-terpretação dos dispositivos em comento, posto que, do contrário, ou seja, relegando-se as disposições do art. 2.º, parágrafo único e as do art. 29 a meras garantias processuais para a tutela coletiva do consumidor, estar-se-á operan-do exegese restritiva, que dificulta a defesa operan-do consumioperan-dor individualmente considerado, conforme denotam os exemplos de situações concretas alhures colacionadas neste ensaio.

Além dos aspectos acima destacados, o estudo dos conceitos do chamado consumidor equiparado enseja um rosário de controvérsias que não cabem neste estudo de recorte breve e limitado.

Entretanto, resta indene de dúvidas que a maior preocupação do exegeta deve ser evitar retrocessos com interpretações restritivas que possam enfraque-cer a tutela do consumidor.

A tutela coletiva do consumidor deve ser recebida como instrumento para otimizar a proteção deste e não tolher. Não se pode admitir que alguém seja re-conhecido como sujeito de diretos pelo CDC e ao mesmo tempo fique de mãos atadas, contando com a proatividade dos legitimados do art. 82. A prevalecer esta interpretação, decerto a doutrina estará contribuindo para recrudescer a vulnerabilidade do consumidor, o que se afigura impróprio.

6. r

eFerênCIas bIblIográFICas

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P

esquisas do

e

ditorial

Veja também Doutrina

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(DTR\2008\825); e

• O consumidor equiparado e o Processo Civil, de Adriano Perácio de Paula – RDC 34/111-

Referências

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