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XVIII Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 22 à 26 de Outubro de 2012

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XVIII Encontro de Iniciação à Pesquisa

Universidade de Fortaleza 22 à 26 de Outubro de 2012

ANÁLISE DA SITUAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL E SUAS POSSÍVEIS

REPERCUSSÕES

NA

SAÚDE

DA

COMUNIDADE

DO

DENDÊ.

Karla Loureto de Oliveira¹*(IC).Antônio Silva Lima Neto² (PQ).

1 Universidade de Fortaleza – Curso de Medicina – karla_loureto@hotmail.com*

² Universidade de Fortaleza – Curso de Medicina

Palavras-chave: Análise. Situação socioambiental. Repercussões. Saúde. Comunidade.

Resumo

Este artigo visa demonstrar os dados obtidos por alunos do 1º semestre do curso de Medicina da UNIFOR em uma comunidade de baixa renda da cidade de Fortaleza, no Ceará, a comunidade do Dendê. Essas informações foram coletadas através do preenchimento da Ficha A, que é um instrumento utilizado para, através da obtenção dos dados dos moradores, possibilitar a detecção de prioridades de intervenção na saúde. A partir da análise destas informações por meio do programa Epi Info, notou-se que a situação socioambiental das famílias residentes nessa comunidade, que é retratada por meio dos indicadores educacionais e daqueles que mostram o acesso inadequado ao saneamento básico, está bastante relacionada ao processo de adoecimento, principalmente em doenças como as parasitoses intestinais em crianças de 0 a 14 anos. Por isso, neste presente trabalho, será dado enfoque à relação entre esses indicadores socioambientais e suas influências no nível de saúde das famílias, ratificando a importância da implementação de políticas públicas de saúde nessa comunidade.

Introdução

O SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica) foi criado com o objetivo de se obter e analisar dados, para a identificação dos indicadores de saúde. Esses dados são obtidos pelo preenchimento de fichas, entre elas, a ficha A. Com isso, é possível detectar as prioridades de intervenção na saúde, já que serão identificadas a situação demográfica, socioeconômica, epidemiológica, ambiental e educacional das famílias entrevistadas. (FREITAS e PINTO, 2005).

A partir do preenchimento e da análise da ficha A, feitas pelos estudantes de Medicina do 1º semestre da UNIFOR, tornou-se possível a detecção dos principais fatores que influenciam na saúde da população de 0 a 14 anos e de 15 anos ou mais. Entre esse fatores, destacam-se os indicadores

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com crianças de 0 a 14 anos, vítimas de parasitoses intestinais tem aumentado. Isso pode estar relacionado às condições de moradia e saneamento básico da população exposta, ao seu nível educacional, aos hábitos alimentares, de higiene pessoal, de contato com o solo e à presença de reservatórios no local. (ZAIDEN, et al, 2008).

A Comunidade do Dendê, que se situa em Fortaleza – Ceará, possui uma infraestrutura precária. Isso pode ser percebido, por exemplo, devido à ausência de sistema de saneamento básico, como a falta de uma rede de esgoto. Essa comunidade é limitada ao norte pela região de mangue do rio Cocó (lat.3º46’0,58”, long.38º26’21,71”), ao sul pela área da Fazenda Colosso (lat.3º46’38,38”, long.38º28’31,5”), ao leste pela Cidade Ecológica (lat.3º 46’20,94”, long.38º 28’14,12”) e ao oeste pela Avenida Hill Moraes (lat.3º48’31”, long.38º28’38,98”). (MOURA, et al, 2010).

A população dessa comunidade tem sido auxiliada pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) através, principalmente, de atividades de extensão universitária, como o preenchimento das Fichas A, que permite um acompanhamento mais amplo da situação das famílias que lá residem. Diante disso, esse estudo foi feito com o objetivo principal de analisar a interferência da situação socioambiental desse local, que será avaliada a partir do nível educacional das famílias; do destino das fezes e da urina; e do tratamento de água no domicílio da Comunidade do Dendê, no processo de adoecimento, como, por exemplo, no aparecimento de parasitoses intestinais em crianças de 0 a 14 anos.

Metodologia

Este trabalho foi elaborado a partir de dados obtidos através de questionários realizados com 251 famílias da Comunidade do Dendê, em Fortaleza, no estado do Ceará. Estes questionários são de estudo quantitativos, envolvendo o preenchimento da Ficha A, e eles foram aplicados pelos estudantes do 1º semestre do curso de Medicina da UNIFOR durante quatro semanas entre os meses de fevereiro e março sob a supervisão dos professores Antônio Lima, Augediva Pordeus e Danilo Pinheiro. A realização desses questionários foi feita através de visitas domiciliares. Nessas visitas, foi frisado aos participantes o sigilo dos dados coletados e o objetivo das perguntas, respeitando aqueles que se recusassem a respondê-las, já que elas não eram de cunho obrigatório. A análise desses dados obtidos foi realizada através do programa Epi Info versão 3.5.3 de Janeiro de 2011, juntamente com dados secundários e os gráficos foram feitos no Microsoft Office Excel 2010.

Resultados e Discussão

Gráfico 1 – Distribuição de amostra segundo variável analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais.

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Segundo esse gráfico, 78 famílias da Comunidade do Dendê têm, pelo menos, um membro, com 15 anos ou mais, analfabeto. A partir da análise deste dado, então, nota-se que 36,4% dessas famílias têm pelo menos uma pessoa analfabeta em casa.

Esse índice ainda não está adequado, o que ratifica a necessidade de um maior investimento em educação, pois, a partir dela, haverá uma maior capacidade da população de interpretar corretamente informações sobre prevenção e promoção de saúde e do tratamento de doenças. Além de poder possibilitar uma melhor orientação do conceito de saúde e do acesso aos seus serviços por parte dessas famílias.

Essa necessidade não se limita a essa comunidade carente, já que, no Brasil, no censo de 2010, registrou-se que 9,63% da população, nessa faixa etária de pessoas com 15 anos ou mais, é analfabeta e o Nordeste, local onde se situa a Comunidade do Dendê, continua sendo a região com maior número de analfabetos. (IBGE, 2010).

Além disso, essa relevante taxa de analfabetismo também pode intensificar a carência dessa população em relação à educação higiênica e sanitária, sendo, assim, uma das hipóteses que podem aumentar o aparecimento de doenças como as parasitoses intestinais em crianças, já que estas devem ser orientadas pelas gerações mais velhas e, se isso não ocorrer de forma adequada, elas estarão mais suscetíveis a ter maus hábitos alimentares e higiênicos, estando, consequentemente, mais vulneráveis às doenças parasitárias.

Gráfico 2 – Distribuição da amostra segundo o destino das fezes e da urina.

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Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 53% da população brasileira ainda não possui acesso à rede de esgoto. Além disso, somente 20% dos esgotos gerados no Brasil são tratados e só um em três brasileiros apresenta coleta e tratamento de esgoto ao mesmo tempo.

Logo, percebe-se que o saneamento no Brasil é um problema de saúde pública que merece destaque, pois possui importância para a saúde tanto do homem quanto do meio ambiente, sendo ele um dos determinantes para o processo de adoecimento.

Gráfico 3 – Distribuição da amostra segundo o tratamento de água no domicílio.

Fonte: Loureto. Dados não publicados. Dendê, 2012.

A preservação da qualidade da água para a manutenção da saúde é essencial. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das doenças são transmitidas pela água. Entre elas, destacam-se a leptospirose, a hepatite, a diarreia, a cólera e as doenças parasitárias em geral.

Na comunidade do Dendê, a maior parte da água consumida nos domicílios, 64,7%, é sem tratamento. Esse fato é bastante agravante, podendo gerar um alarde na situação epidemiológica das doenças diarreicas, principalmente. Apesar disso, também há um destaque para a água filtrada, que representa 31,3% desse consumo, porém esse índice ainda precisa aumentar e isso pode ser feito a partir da realização de medidas de educação em saúde, visando diminuir o aparecimento de doenças transmitidas, direta ou indiretamente, através da água.

Gráfico 4 – Distribuição de amostra segundo variável parasitose intestinal por faixa etária.

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As parasitoses intestinais, que são doenças causadas pela presença de parasitos no trato intestinal humano, são responsáveis por sintomas como diarreia, desnutrição, anemia, alterações psicossociais e, em casos graves, podem levar o indivíduo a óbito. (NEVES, 2006).

Essas mudanças psicossomáticas e sociais podem interferir, de forma direta, na qualidade de vida dos seus portadores, principalmente em crianças de classes sociais mais desfavorecidas, pois, nesta faixa etária, há uma imaturidade relacionada à dependência de cuidados, o que as torna mais suscetíveis a agravos. Nota-se também que essas parasitoses intestinais na infância são agravantes da subnutrição, podendo comprometer o desenvolvimento físico e intelectual dessas crianças. (MACEDO, 2005).

Na comunidade do Dendê, notou-se que 11% das crianças de 0 a 14 anos apresenta essa enfermidade. Apesar desse dado ser relativamente baixo e impreciso, o que pode ser atribuído à pequena amostra e à falta de conhecimento dos membros da família sobre essa doença, não sabendo informar precisamente o seu aparecimento, sabe-se que o surgimento de doenças parasitárias e infecciosas pode estar relacionado ao fato de que o nível de escolaridade ainda está inadequado, o que influencia no aumento de casos desses tipos de doenças.

Além disso, os índices alarmantes de saneamento também influem bastante, podendo ser ratificada, novamente, a importância dos indicadores que analisam o destino das fezes e da urina e do tratamento da água nos domicílios.

Conclusão

Neste trabalho, analisou-se a situação educacional; de moradia e saneamento; e epidemiológica das famílias da comunidade do Dendê, dando enfoque à relação entre a situação socioambiental e as suas possíveis interferências no nível de saúde das famílias desse local, como no aparecimento de parasitoses intestinais em crianças de 0 a 14 anos.

A partir dessa análise, pôde-se concluir que o índice de analfabetismo entre os indivíduos da faixa etária de 15 anos ou mais ainda não é o ideal, sendo necessária a realização de políticas de educação em saúde e de maiores investimentos nas escolas públicas.

Em relação à situação de moradia e saneamento, percebeu-se que a questão do saneamento básico nessa região ainda é alarmante, já que parte significativa das fezes e da urina é jogada a céu aberto e a maior parte da água utilizada no domicílio não é tratada.

Por fim, fez-se uma análise da situação epidemiológica, percebendo que as parasitoses intestinais, nos indivíduos de 0 a 14 anos, apesar de não terem mostrado índices elevados, têm como principais fatores de risco as condições precárias de saneamento da região e a taxa de analfabetismo relevante nas gerações mais velhas, os quais já foram citados anteriormente.

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ZAIDEN, MARILÚCIA; SANTOS, BRANCA; CANO, MARIA; JÚNIOR, IUCIF. Epidemiologia das parasitoses intestinais em crianças de creches de Rio Verde – GO. Revista da Faculdade de Medicina

de Ribeirão Preto e do Hospital das Clínicas da FMRP, Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (2): 182-7,

abr./jun.

FREITAS, FERNANDA; PINTO, IONE. Percepção da equipe de saúde da família sobre a utilização do

sistema de informação da atenção básica-SIAB. Revista Latino-Americana de

Enfermagem, v.13 n.4 Ribeirão Preto jul./ago. 2005.

MOURA K.S., BESSA O.A.A.C. e colaboradores. Projeto coorte Dendê: diagnóstico demográfico e condições de moradia de uma comunidade de baixa renda em Fortaleza, Ceará. Revista brasileira em

promoção da saúde, vol. 23, pp.18-24, 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. CENSO 2010 [on line]. Acesso em 30/03/12. Disponível no site: http://www.censo2010.ibge.gov.br.

Agradecimentos

À Universidade de Fortaleza por fornecer aos seus alunos a possibilidade de iniciação à pesquisa, fomentando essa prática através dos Encontros Científicos e ao professor Antônio Silva Lima Neto pelo apoio e pela orientação durante a realização desse trabalho.

Referências

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