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Influência da periodização do treinamento resistido na estratificação do risco de quedas, força muscular, capacidade funcional e medo de cair em mulheres idosas

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Academic year: 2017

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

Influência da periodização do treinamento resistido na

estratificação do risco de quedas, força muscular,

capacidade funcional e medo de cair em mulheres idosas

Brasília - DF

2015

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RENATO VALDUGA

INFLUÊNCIA DA PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO RESISTIDO NA ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO DE QUEDAS, FORÇA MUSCULAR, CAPACIDADE

FUNCIONAL E MEDO DE CAIR DE MULHERES IDOSAS

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação Stictu Sensuem Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor em Educação Física

Orientador: Prof. Dr. Gustavo de Azevedo Carvalho

Co-orientador: Prof. Dr. Jonato Prestes

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB V148i Valduga, Renato.

Influência da periodização do treinamento resistido na estratificação do risco de quedas, força muscular, capacidade funcional e medo de cair de mulheres idosas./ Renato Valduga. – 2015.

86 f.; il.: 30 cm

Tese (Doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2015. Orientação: Prof. Dr. Gustavo de Azevedo Carvalho. Coorientação: Prof. Dr. Jonato Prestes

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Tese de autoria de Renato Valduga, intitulada “Influência da periodização do treinamento resistido na estratificação do risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair de mulheres idosas”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Educação Física do Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em data de 17 de Julho de 2015, definida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

______________________________________________ Professor Dr. Gustavo de Azevedo Carvalho

Orientador

Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física – UCB

______________________________________________ Professor Dr. Jonato Prestes

Co-orientador

Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física – UCB

____________________________________________ Professora Dra. Erika Baptista Gomes

Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física – UCB

___________________________________________ Professora Dra. Geórgia Danila Fernandes D’Oliveira Gonçalves Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física – UCB

____________________________________________ Professor Dr. Jeeser Alves de Almeida

Professor Adjunto da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS

____________________________________________ Professor Dr. Wagner Rodrigues Martins

Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física – UnB

____________________________________________ Professora Dra. Karla Helena Coelho Vilaça

Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física – UCB

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, porque Dele emana toda a vida. Por me segurar nos braços quando eu já não conseguia andar. Por cuidar da minha vida como Pai, mesmo eu não merecendo, mesmo esquecendo muitos dias de honrar o nome de Jesus, de agradecer por tantos milagres e bênçãos. Obrigado Senhor, por ter colocado pessoas incríveis na minha vida, algumas eu vou conseguir citar logo a seguir, outras ficarão eternamente no meu coração. “Glórias e louvores a Ti sejam derramadas a todo momento, e ao Santíssimo e Digníssimo Sacramento”. Este é um testemunho da minha fé.

Obrigado à minha esposa Luana. Você é uma grande guerreira. É mãe, mulher e um ser humano magnífico. Você segurou minha mão e não deixou eu parar. Você acreditou nos meus sonhos, e lutou por eles até mais do que eu. Você e Deus me deram dois filhos maravilhosos, o maior presente e honra da minha vida, nada se compara a viver junto com vocês. Talvez nunca consiga descrever o amor e gratidão que tenho por ti meu bem. Eu com minha bagunça e confusão, me vi algumas vezes perto da loucura e do caos, e nesse momento você foi minha maior razão, meu único norte. Te amo.

Aos meus queridos filhos, João Miguel e Francisco. Vocês são o maior presente do Papai do Céu. Ele permitiu que nesta vida eu fosse o pai de vocês e espero cumprir esta missão com muito amor, todos os dias. Vocês são maravilhosos. Minha luta só tem sentido por vocês e pela mamãe. Vocês não sabem ler ainda, mas espero que um dia vejam estas páginas empoeiradas e leiam com carinho. Peço que perdoem minha ausência, não foi pouca. Mas lutei de coração, com todo amor que tenho. Vocês são demais; “ei vocês três” (só nós sabemos a alegria que representa isso).

Aos meus pais, Alberto e Maria Inês, por todo exemplo, amor e carinho. Obrigado pela dedicação. Por terem até mesmo renegado os sonhos de vocês pelo nosso. Por terem caminhado vários quilômetros no chão batido para estudar e serem exemplo. Que este doutorado, em alguma parcela, nem que seja mínima, honre vossos esforços. Agradeço também à minha irmã, Danielle, e sua família, Carlos e Lucas, pelo carinho e apoio. Obrigado a tantas pessoas da minha família, meus avós, meu padrinho (tio Mauro), tia Sônia, meus primos, sogros, meus tios e tantas pessoas queridas. Não poderia esquecer da nossa secretária, Ana Cleide, por cuidar dos meus meninos, minha esposa e de mim, você é muito especial. Muito obrigado.

Neste momento gostaria de lembrar de um amigo. Um profissional que é e foi exemplo para tantos como eu. Um ser humano brilhante, que me compreendeu e confiou na minha caminhada: meu orientador. Obrigado Gustavo, meu amigo, orientador, mentor e mestre. Desculpa pelas minhas falhas nesta jornada, sobretudo neste doutoramento. Espero que um dia estejamos do mesmo lado da mesa, assinando quem sabe a dedicatória de um livro. Agradeço também ao meu coorientador, Jonato, por todo atenção, compreensão, conselhos e ensinamentos. Obrigado mestres, por acreditarem em mim.

Agradeço a dois professores em especial, que ao longo da minha caminhada se tornaram meus grandes conselheiros. Puxaram minha orelha nos momentos certos. Me ensinaram sobre a ciência, sobre a Academia e sobre a vida. Vocês são pessoais especiais. Muito obrigado Professor Sérgio Mateus e Graziella Cipriano.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE TABELAS

Artigo 1

Tabela 1: Dados apresentados em média e desvio padrão referentes às características antropométricas, histórico de quedas, risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair de idosas caidoras e não caidoras (n=53).

Tabela 2: Análise da correlação (valores de r) entre as medidas relacionadas à estratificação do risco de quedas, idade, capacidade funcional, força muscular e medo de cair da amostra total (n=53).

Tabela 3: Análise da concordância entre as medidas relativas à estratificação do risco de quedas da amostra total (n=53)

Tabela 4: Análise da correlação entre as variáveis relativas à capacidade funcional e a força muscular da amostra total (n=53).

Tabela 5: Dados apresentados em média e desvio padrão referentes às características antropométricas, histórico de quedas, risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair das idosas conforme a faixa etária (n=53).

Artigo 2

Tabela 1: Modelos periodização adotados na pesquisa.

Tabela 2: Dados apresentados em média e desvio padrão referentes às características antropométricas e histórico de quedas das participantes.

Tabela 3. Valores apresentados pela média e DP para variáveis de risco de queda e medo de cair.

Tabela 4. Valores apresentados pela média e DP para variáveis da capacidade funcional.

Tabela 5. Valores apresentados pela média e DP para variáveis de força máxima.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DP: Desvio Padrão

EEB: Escala de equilíbrio de Berg

ECR: Ensaio Clínico Randomizado

FES-I: Escala Internacional de Autoeficácia de Quedas

Flex de Cub: Teste de Flexão de Cúbitos

GC: Grupo Controle

GL: Grupo de treinamento resistido periodizado pelo modelo linear

GO: Grupo de treinamento resistido periodizado pelo modelo ondulatório semanal

Leg Press: Leg Press 45º graus

RCT: Randomized Clinical Trial

RM: Repetição(ões) Máxima(s)

Rosca Direta: Rosca direta em pé

Snt e Alc: Teste de Sentar e Alcançar

Snt e Lev: Teste de Sentar e Levantar

Supino: Supino com barra livre

TAF: Teste de Alcance Funcional

TAL: Teste de Alcance Lateral

TUG: Teste Timed Up na Go

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RESUMO

Referência: VALDUGA, Renato. Influência da periodização do treinamento resistido na estratificação do risco de quedas, força muscular, capacidade funcional e medo de cair de mulheres idosas. 2015. 81 p. Tese de Doutorado (Programa de Pós-graduação Strictu Sensu em Educação Física) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2015.

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analisado o tamanho do efeito da amostra. O programa de intervenção não influenciou no medo cair das participantes.

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ABSTRACT

The falls are harmful events to the health of the elderly people, that cause injuries, hospitalization and death in this population. In this context, it becomes imminent need for methods to identify the profile of the elderly falling as well the development of strategies that are effective for the prevention of falls in older people. For the latter, it highlights the intervention programs based on the development of resistance training, single or in combination with other interventions. From the foregoing, the main aim of this research was to analyze the effect of resistance training periodization of the stratification of the risk of falls, functional capacity, maximum muscle strength and fear of falling in older women. For this, a survey was conducted in two phases, which originated the realization of two original articles. Article 1 was an observational, analytical and cross-sectional study aimed to analyze the relationship of measures relating to the risk of falls, functional capacity, muscle strength and fear of falling in fallers e non-fallers older women. It was observed the relationship of measures relating to the risk of falls, functional capacity and muscle strength. However, there was no difference between the groups regarding the analyzed outcomes. Age was a factor of influence for the risk of falls, functional ability and strength, not for fear of falling. Article 2 was conducted a randomized clinical trial in order to analyzed the effect of periodization of strength training to reduce the risk of falls, functional capacity, muscle strength and fear of falling in older women. Therefore, it was the participants were allocated in resistance training groups, the linear periodization model or the daily wave model, or control group. The follow-up the participants were 16 weeks. In both intervention groups were observed reduction in risk of falls, improved functional capacity and muscle strength, which was not observed in the control group. The elderly responsive to resistance training showed higher performance in outcome measures compared to the group of nonresponders elderly, especially when analyzing the effect of the sample size. The intervention program did not influence the fear of falling in participants.

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SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO ... Erro! Indicador não definido. 2. OBJETIVOS ... Erro! Indicador não definido. 2.1 OBJETIVO GERAL ... Erro! Indicador não definido. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... Erro! Indicador não definido. 3. HIPÓTESE ... Erro! Indicador não definido. 4. JUSTIFICATIVA ... Erro! Indicador não definido. 5. ARTIGO 1 ... Erro! Indicador não definido. Publicado: R. bras. Ci e Mov 2016; 24 (1): 165-178. ... Erro! Indicador não definido. 5.1 TÍTULO ... Erro! Indicador não definido. 5.2 RESUMO ... Erro! Indicador não definido. 5.3 ABSTRACT ... Erro! Indicador não definido. 5.4 INTRODUÇÃO ... Erro! Indicador não definido. 5.4 MATERIAIS E MÉTODOS ... Erro! Indicador não definido. 5.6 RESULTADOS ... Erro! Indicador não definido. 5.7 DISCUSSÃO ... Erro! Indicador não definido. 5.8 CONCLUSÃO ... Erro! Indicador não definido. 5.9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... Erro! Indicador não definido. 6. ARTIGO 2 ... Erro! Indicador não definido. 6.1 TÍTULO ... Erro! Indicador não definido. 6.2 RESUMO ... Erro! Indicador não definido. 6.3 ABSTRACT ... Erro! Indicador não definido. 6.4 INTRODUÇÃO ... Erro! Indicador não definido. 6.5 MATERIAIS E MÉTODOS ... Erro! Indicador não definido. 6.6 RESULTADOS ... Erro! Indicador não definido. 6.7 DISCUSSÃO ... Erro! Indicador não definido. 6.8 CONCLUSÃO ... Erro! Indicador não definido. 6.9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... Erro! Indicador não definido. 7. CONCLUSÕES ... Erro! Indicador não definido. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... Erro! Indicador não definido. APÊNDICE A – HISTÓRICO DE QUEDA ... Erro! Indicador não definido. ANEXO A – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ... Erro! Indicador não definido.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO

O prolongamento da vida é uma aspiração do ser humano e de várias sociedades. No entanto, só pode-se considerar este um ganho real, quando acompanhado de qualidade de vida aos anos adicionais (VERAS, 2009). O envelhecimento é um processo complexo e amplo, ao qual concorrem variáveis biológicas, psicológicas e sociais; motivo pelo qual este é um processo considerado como multidimensional, por relacionar-se portanto com diversas dimensões da vida (FARINATTI, 2002; GUIMARÃES, 2006). Em termos biológicos, o envelhecimento inicia-se desde o nascimento e continua até que ocorra a morte (TEIXEIRA e GUARIENTO, 2010). Assim como bem afirmado por Levet-Grautrat (1987, p. 5) “não existe uma entrada na velhice e sim entradas diferentes e sucessivas”.

Em termos de teorias e mecanismos que explicam o envelhecimento biológico estes podem ser classificadas em evolutiva, molecular-celular, sistêmica. Estas nem sempre são excludentes, sendo em muitos momentos complementares (WEINERT e TIMIRAS, 2003). As teorias evolutivas – ex: acúmulo de mutações, pleiotropia antagonista, soma descartável – estão relacionadas à potencialidade do meio biológico (corpo humano) em adaptar-se sobretudo para a reprodução e que em uma fase adulta tardia estas mesmas adaptações passam a ser deletérias, havendo então a progressiva redução da capacidade de manutenção da homeostase e do organismo (WEINERT e TIMIRAS, 2003; TEIXEIRA e GUARIENTO, 2010).

As teorias moleculares e celulares (ex: erro catastrófico, mutações somáticas e reparos no DNA; senescência celular/encurtamento dos telômeros, radicais livres/DNA mitocondrial, glicosilação/ligações cruzadas, morte celular) abordam o envelhecimento biológico como um processo multifatorial ocorrido a partir da interação de mecanismos moleculares, celulares e sistêmicos (WEINERT e TIMIRAS, 2003). Como exemplo, um destes mecanismos seria a senescência celular induzida pelo encurtamento telomérico e caracterizado pela redução da capacidade de replicação de células normais. Os telômeros, são estruturas constituídas de sequencias repetidas de DNA, localizadas nas extremidades dos cromossomos e possuem a função de preservar a integridade do genoma e evitar a fusão com outros cromossomos durante processo de replicação do DNA (BLACKBURN, 2000). No entanto a cada divisão celular há um encurtamento do comprimento telomérico e consequente redução da capacidade de proteção que este confere aos cromossomos, ocasionado possíveis falhas à divisão celular e em maior escala à funcionalidade dos tecidos (SIDIROPOULOS, 2005).

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neuroendócrina-imunológica assemelham-se por estarem baseadas em desajustes dos sistemas neurológicos, endócrinos e imunológicos, bem como da interação destes sistemas, culminando na redução da capacidade do corpo humano em controlar funções básicas (ex: funções viscerais), manutenção da homeostase e resposta aos estressores ambientais (ex: agentes infecciosos) (WEINERT e TIMIRAS, 2003; TEIXEIRA e GUARIENTO, 2010). A teoria do ritmo/velocidade de vida postula que o consumo de energia representa uma limitação para o envelhecimento, uma vez que espécies reativas de oxigênio geradas a partir do metabolismo está relacionada com a senescência celular (SOHAL e WEINDRUCH, 1996). Teoria esta que tem sido contestada por alguns pesquisadores (AUSTAD, 2001).

Concomitantemente, o crescimento populacional de idosos é um fenômeno vivenciado pelo Brasil e pelo mundo; deve-se principalmente à redução na taxa de mortalidade, sobretudo nas faixas etárias mais avançadas, redução na taxa de nascimento e aumento na expectativa de vida, sendo esta última relacionada ao desenvolvimento da Saúde Pública, dos serviços e tecnologias em saúde e melhoria do padrão de vida (CAMARANO, 2008). Existem estimativas que em 2.020 a população brasileira será a sexta maior do mundo em número de idosos, com um quantitativo superior a 30 milhões de pessoas nesta faixa etária (CARVALHO e GARCIA, 2003). Com este crescimento tornam-se mais comuns as doenças crônicas que acometem esta população, sendo estas também chamadas de síndromes geriátricas (GARRIDO e MENEZES, 2002; CHAIMOWICZ, 2006).

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As quedas são portanto, um evento de extremo impacto na vida dos idosos. Em geral, cerca de 30% dos idosos caem anualmente, e destes, metade terão pelo menos mais um episódio de queda neste mesmo ano. No entanto, os fatores de risco para ocorrência de quedas é variado e depende, entre outros aspectos, da população estudada, gênero, idade, fatores genéticos, hábitos de vida e história pessoal (CESARI et al., 2002; O’LOUGHLIN et al., 1993;

SCHWARTZ et al., 1999).

Os fatores que estão relacionados com a ocorrência de quedas em idosos são múltiplos, nos quais, podem-se destacar desordens neuromotoras, musculoesqueléticas e o uso frequente de medicamentos. O nível de influência de cada um destes fatores não é bem esclarecido, mas sabe-se que a soma destes aumentam o risco da gravidade e de consequências trágicas de uma queda, estando esta também associada à possível necessidade de hospitalização, institucionalização, fraturas e morte nestes indivíduos (ESPINO et al., 2000; KANNUS et al., 1999) além de ser um fator causal de comorbidades, déficits funcionais, gastos particulares e públicos com o tratamento, estresse experimentado pelo idoso e cuidador (GARCIA; LEME; GARCEZ-LEME, 2006).

Os fatores extrínsecos também predispõem à ocorrência de quedas. Dentre estes pode-se destacar móveis inadequados no ambiente domiciliar, tapetes soltos, tomadas baixas, iluminação inadequada, pisos irregulares e escorregadios, altura inadequada das camas, ausência de barras de segurança nos banheiros, ausência de assento no chuveiro e ausência de corrimões nas escadas (GARCIA, GELSI, SABATÉ, 2007, AMERICAN GERIATRICS SOCIETY, 2001). Outro possível fator de risco extrínseco para ocorrência de quedas é a baixa renda, sobretudo para indivíduos com renda mensal igual ou inferior a um salário mínimo (ALMEIDA et al., 2012), uma vez que estes indivíduos estão expostos às condições adversas, por exemplo, moradias com ambientações inadequadas.

Um fator de risco adicional aos idosos é o possível acometimento psicológico relacionado à queda, sobretudo o medo e cair e a síndrome de ansiedade pós-queda. Estes podem reduzir a autoconfiança, bem como determinar a redução da funcionalidade em idosos institucionalizados ou residentes na comunidade, devendo este ser considerado um fator de risco independente (SALIBA et al., 2001; PASQUETI, APICELLA, MANGONE, 2014).

Para o rastreio e identificação do risco de quedas inúmeros testes diagnósticos foram descritos na literatura, sendo estes podendo ser divididos em dois grupos: testes de tarefa simples (ex: Timed Up and Go, Teste de Alcance Funcional, Teste de Alcance Lateral, Tempo

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GIORDANI, 2010). No entanto, deve-se seguir a orientação de usar estas escalas em associação, e não isoladamente, visto que as causas das quedas sejam multifatoriais e os testes/escalas desenvolvidos para este fim avaliam diferentes domínios da funcionalidade (SANTOS, BORGES, MENEZES, 2013)

Para a prevenção da ocorrência de quedas inúmeras estratégias têm sido desenvolvidas e investigadas em diversos contextos (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2007; BUSKMAN et al, 2008; CONROY et al., 2010; TRICCO et al., 2013). Dentre estas destacam-se os programas de prevenção de quedas badestacam-seados na prática de exercícios físicos (GILLESPIE et al., 2012). Os modelos de exercícios mais pesquisados têm sido aqueles compostos pelo treinamento do equilíbrio, fortalecimento muscular e a prática do Tai Chi (GILLESPIE et al., 2012, STUBBS, BREFKA, DENKINGER, 2015). No que concerne os programas que objetivam o ganho de força muscular como estratégia para prevenção de quedas, o treinamento resistido, feito isoladamente ou em combinação com outras intervenções, tem sido amplamente recomendado (GILLESPIE et al., 2012; CADORE et al. 2013; ISHIGAKI et al., 2014; STUBBS, BREFKA, DENKINGER, 2015).

Concomitantemente, a prática regular de exercício que vem sendo utilizada como uma modalidade terapêutica na prevenção de processos degenerativos associados ao envelhecimento (GREIWE et al., 2001; FATOUROS et al., 2005). Exercícios dinâmicos, que incluem o treinamento resistido, podem aumentar a força, massa muscular e massa óssea (BARRY, CARSON, 2004). Estes têm sido associados também ao aumento da mobilidade e da funcionalidade em geral em pessoas idosas (KARINKANTA et al., 2007).

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imposta como resistência em um conjunto de repetições ou séries durante um exercício (RHEA et al., 2003a).

Uma lacuna importante na literatura se refere aos efeitos dos diferentes modelos de periodização do treinamento resistido sobre variáveis relacionadas a saúde em pessoas idosas (BOTERO et al., 2013). A periodização pode ser entendida como o planejamento sistemático dos componentes relacionados à estrutura do treinamento resistido (intensidade, volume, frequência e repouso) com o intuito de aumentar a repercussão desta estratégia sobre a aptidão física e capacidade funcional dos indivíduos e minimizar os efeitos da sobrecarga excessiva do treinamento (overtraining) (HARRIES, LUBANS, CALLISTER, 2015). Este planejamento

tem como um dos seus pioneiros o doutor Leev Pavlovtchi Matveev que em meados dos anos 50 utilizou a variação dos volumes e intensidade do treinamento e dividiu-o em etapas: período de preparação, período de competição e período de transição (MATVEEV, 1981).

Desse modo, é possível que o uso da periodização como meio de sistematização do treinamento resistido auxilie na melhoria das capacidades funcionais. Dentre os modelos de periodização do treinamento resistido que podem ser utilizados, destaca-se a periodização linear, que consiste em aumento gradual da intensidade e diminuição do volume do exercício; essas mudanças ocorrem em ciclos de uma a quatro semanas, aproximadamente (RHEA et al., 2002). Outro modelo de periodização é o ondulatório ou não-linear, que consiste em aumento e diminuição na intensidade e no volume dentro da mesma semana ou em um período máximo de 7-10 dias. Desta forma, a variação dos componentes do treinamento é mais frequente, sendo efetuada em períodos mais curtos. Ao contrário das modificações realizadas dentro de um período de meses, pelo modelo ondulatório, essas alterações são aplicadas de forma semanal (periodização ondulatória semanal), ou mesmo a cada sessão de treinamento (periodização ondulatória diária) (RHEA et al., 2003b).

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Na comparação entre programas periodizados e não periodizados, foi demonstrada a superioridade do treinamento periodizado no aumento da força muscular (RHEA e ALDERMAN, 2004) e melhora nos componentes da composição corporal (KRARMER et al., 1997). Quando analisados diferentes modelos de periodização, estudos observaram o modelo de periodização ondulatória diária foi mais efetivo que o modelo de periodização linear para o ganho força, potência, resistência e hipertrofia muscular (RHEA et al., 2002; PRESTES et al., 2009; SIMÃO et al., 2012; SPINETI et al., 2013).No entanto, os achados destes estudos foram observados em populações de adultos saudáveis. As revisões sistemáticas e meta-análises recentes que analisaram a efetividade do treinamento resistido para prevenção de quedas em idosos descreveram em seus achados ensaios clínicos com periodização linear ou sem a descrição adequada do modelo de periodização utilizado (ISHIGAKI et al., 2012; STUBBS, BREFKA, DENKINGER, 2015).

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a influência da periodização do treinamento resistido na estratificação do risco e histórico de quedas, capacidade funcional, força muscular e medo de cair em mulheres idosas. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar a relação das medidas relativas ao risco de quedas, capacidade funcional, força muscular e medo de cair em mulheres idosas classificadas como caidoras e não caidoras (Artigo 1);

- Analisar a concordância de instrumentos utilizados para estratificação do risco de queda, bem como da relação da faixa etária com as medidas analisadas (Artigo 1);

- Analisar o efeito da periodização do treinamento resistido sobre a estratificação do risco de quedas, capacidade funcional e força muscular de idosas da comunidade (Artigo 2);

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3. HIPÓTESE

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4. JUSTIFICATIVA

A ocorrência de quedas e idosos tem sido considerada um dos mais sérios e caros problemas de saúde pública em termos de causa de morbidade, mortalidade e custos elevados para serviços de saúde e de apoio social (TODD e SKELTON, 2004; CAO et al., 2007). Em todo mundo, cerva de 420.000 idosos morrem todos os anos em decorrência de quedas, e mais 37,3 milhões requerem atenção médica especializada (RUBENSTEIN, POWERS, MACLEAN, 2001).

Aproximadamente um terço dos idosos caem todos os anos, podendo este percentual chegar a 50% em indivíduos acima de 80 anos (PERRACINI e RAMOS, 2002; TINETTI, SPEECHLEY, GINTER, 1988; TINNETTI, 2003; TODD, SKELTON, 2004; CAO et al., 2007). Destes, 20% necessitam de assistência médica em decorrência das possíveis lesões causadas pelas quedas (GILLESPIE, et al. 2012). Em média 2 a 5% tem fraturas consequentes deste evento (TINETTI, SPEECHLEY, GINTER, 1988; RUBENSTEIN, 2006). Os locais mais cometidos por esta lesão ósseas causadas pelas quedas são o punho, coluna vertebral, quadril, braço e pelve (TODD e SKELTON, 2004). Dos idosos que caem e tem fratura do quadril, em média metade não adquire novamente a capacidade desenvolver a marcha e 20% morrem nos primeiros seis meses após a ocorrência da fratura (FREEMAN et al., 2002). Em 2009 o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou 81 milhões de reais com o tratamento de fraturas em idosos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

As quedas representam 80% das internações de idosos por lesões causadas por causas externas. Estas são a quinta causa de morte nestes indivíduos (KANNUS et al.; 2005). Existe também a perspectiva do aumento dos índices de mortalidade por queda na população brasileira (DATASUS, 2010). As quedas têm sido também relacionadas à redução da mobilidade, restrição da participação e causadora de incapacidade em idosos (RUBENSTEIN, POWERS, MACLEAN, 2001; KANNUS et al. 2005; BUATOIS et al., 2010). Mesmo aqueles que caem e não sofrem lesões, sobretudo quando recidivas, é eminente o risco do desenvolvimento de medo, depressão ou outros problemas psicológicos (ex: síndrome de ansiedade pós-queda) (TINETTI, 1987; TINETTI, SPEECHLEY, GINTER, 1988; FEDER et al., 2000).

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Neste contexto, a realização desta tese justificou-se pelo intuito de analisar o efeito de dois modelos de treinamento resistido sobre a estratificação do risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair em mulheres idosas. Não foram encontrados na literatura estudos que realizaram esta análise.

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5. ARTIGO 1

Publicado: R. bras. Ci e Mov 2016; 24 (1): 165-178.

5.1 TÍTULO

Risco de quedas e sua relação com a funcionalidade e medo de cair em idosas.

Renato Valduga, Bruno Sousa Lopes, Darlan Lopes Farias, Dahan da Cunha Nascimento, Dênis César Leite Vieira, Luana Vieira Alves Valduga, Jonato Prestes, Gustavo de Azevedo Carvalho

5.2 RESUMO

A queda é considerada um evento de grande impacto para a pessoa idosa por ser este causador de incapacidade, hospitalizações e óbitos nessa população. Portanto, os estudos realizados para compreensão do perfil dos idosos que caem são de grande relevância. O objetivo principal desta pesquisa foi de analisar a relação das medidas relativas ao risco de quedas, capacidade funcional, força muscular e medo de cair em mulheres idosas caidoras e não caidoras. Os objetivos secundários foram os de analisar a concordância de instrumentos utilizados para estratificação do risco de queda, bem como da relação da faixa etária com as medidas analisadas. Para tanto foi realizado um estudo transversal com idosas residentes na comunidade. As voluntárias da pesquisa foram avaliadas quanto ao risco de quedas, capacidade funcional, força muscular máxima e medo de cair. A partir do histórico de quedas foram classificadas como caidoras e não caidoras. Os dados foram analisados a partir da análise de normalidade, comparação e correlação. Não foram observadas diferenças entre o grupo de caidoras e não caidoras quanto às variáveis analisadas (P > 0,05). No entanto foram observadas correlações

(fracas, moderadas e fortes) entre os testes que avaliam o risco de quedas, a capacidade funcional e a força muscular. Pode-se observar a concordância entre os testes utilizados para avaliação do risco de quedas. Não houve relação do medo de cair com as demais variáveis. A idade foi um fator importante relacionado com o risco de quedas, a capacidade muscular e com o medo de cair. Conclui-se portanto que apesar de não ter havido diferença entre os grupos de caidoras e não caidoras, pôde-se observar e relação das medidas relativas ao risco de quedas, capacidade funcional e força muscular. A idade é um fator de influência para o risco de quedas, capacidade funcional e força, e não para o medo de cair.

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5.3 ABSTRACT

The occurrence of fall is considered a high-impact event for the elderly because this cause of disability, hospitalizations and deaths in this population. Therefore, studies to understand the profile of the elderly who fall are of great relevance. The main aim of this research was to analyze the relationship of measures relating to the risk of falls, functional capacity, muscle strength and fear of falling in older women faller and non-fallers. Secondary objectives were to analyze the agreement of instruments used for risk stratification of fall, and the relationship of age with the measures assessed. It was conducted a cross-sectional study with community-dwelling elderly women. The volunteers in the study were assessed for risk of falls, functional capacity, maximum muscle strength and fear of falling. From the history of falls were classified as fallers and non-fallers. Data were analyzed from the normal analysis, comparison and correlation. No differences were observed between the groups (fallers X non-fallers) at the variables analyzed (P> 0.05). However, correlations were observed (weak, moderate and strong) between tests that assess the risk of falls, functional capacity and muscle strength. We observed an agreement between the tests used to assess the risk of falls. There was no relationship between fear of falling with the other variables. Age was an important factor associated with the risk of falls, functional capacity and muscle strength, but not with the fear of falling. Therefore, we concluded that although there was no difference between the faller and non-faller group, we could observe and respect of measures relating to the risk of falls, functional capacity and muscle strength. Age is a factor of influence on the risk of falls, functional capacity and strength, and not for the fear of falling.

Key words: Accidental falls; Muscle strength; Aging; Elderly; Risk groups.

5.4 INTRODUÇÃO

A transição demográfica marcada pelo aumento do envelhecimento populacional é um processo vivenciado pelo Brasil e por diversos países no mundo. Este fenômeno deve-se sobretudo à redução na taxa de mortalidade, redução na taxa de nascimento e aumento na expectativa de vida1. Concomitantemente, é eminente a necessidade da atenção dos gestores e profissionais de saúde aos eventos de risco que acometem a populações de idosos2.

(29)

primeiro e quarto lugares nas taxas de morbidade e mortalidade nesta população, respectivamente4.

Sabe-se que em média de 24 a 30% dos idosos tem ao menos um episódio de queda cada ano5,6. Destes, 6 a 10% necessitam de hospitalização em decorrência de lesões graves (ex: fraturas)6. Estas estão relacionadas a fatores intrínsecos como o uso de fármacos psicoativos, número de medicações (polifamárcia), sexo feminino, histórico prévio de quedas, fraqueza muscular, deficiência do equilíbrio, limitação da marcha, déficit cognitivo e depressão7. As quedas também podem ser ocasionadas por fatores extrínsecos como a presença de móveis instáveis, escadas sem corrimão, tapetes soltos, iluminação inadequada, pisos escorregadios, camas, sofás, cadeiras e vasos sanitários com altura inadequada, uso de calçados mal adaptados e fios elétricos soltos no domicílio8,9.

Embora os fatores de risco, bem como as estratégias de prevenção, para ocorrência de quedas sejam conhecidos, os métodos de avaliação e a sua relação com o histórico de quedas ainda geram divergência na literatura10. Em recente pesquisa Santos, Borges e Menezes (2013)11 observaram correlação moderada entre três diferentes métodos que avaliaram o risco de quedas em indivíduos idosos (r de 0,32 a 0,35). Em estudo semelhante de Karuka, Silva e Navega (2011)12 também observaram correlação moderada (r de 0,41 a 0,60) entre quatro métodos utilizados clinicamente com o mesmo intuito. No entanto, em ambos os estudos também houveram correlações que não foram significativas.

Outra lacuna na literatura é a compreensão da relação entre a capacidade funcional e o desempenho muscular com ocorrência de quedas em idosos. O estudo de Gomes et al. (2009)13

não apresentou diferença nos idosos em relação à força muscular nos membros inferiores e ao desempenho em testes de capacidade funcional segundo o histórico de ocorrência de quedas no grupo analisado13. Pimentel e Scheicher (2013)14 também não encontraram diferenças na força de preensão palmar, capacidade funcional e medo de cair entre o grupo de idosas caidoras e não-caidoras. Estes achados diferem de pesquisas como o de Cattagni et al. (2014)15 e Marques

et al. (2013)16 que evidenciaram melhor desempenho na força muscular de idosos não caidores

e comparação aos caidores. Estudos dessa natureza são relevantes uma vez que identificam o perfil dos idosos mais vulneráveis a cair, o que pode contribuir para detecção precoce dos fatores de risco, bem como prevenção da ocorrência desse evento17.

(30)

a concordância de instrumentos utilizados para estratificação do risco de queda, bem como da relação da faixa etária com as medidas analisadas.

5.4 MATERIAIS E MÉTODOS

Delineamento

Foi realizado um estudo transversal com amostra por conveniência. Para tanto, foram convidadas a participar do estudo idosas inscritas no programa Centro de Convivência do Idoso da Universidade Católica de Brasília (UCB), que atende 369 idosos nas diversas atividades sociais, físicas e escolares, tais como coral, artesanato, aprendizado de língua estrangeira e outras.

Para selecionar a amostra, a Secretaria do CCI foi consultada a respeito dos locais onde o grupo de idosas desejado realizavam suas atividades. Ao localizar as participantes, os pesquisadores explicaram os objetivos, a metodologia do estudo, riscos e benefícios, e realizaram um convite para participação das mesmas.

As voluntárias da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido anteriormente ao início da coleta. Todos os testes aplicados foram realizados no Laboratório de Estudos de Força (LABEF) - UCB, nos períodos matutino e vespertino. O trabalho foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCB (Nº 235/2010), sob o parecer 170.748, número de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 09216312.7.0000.0029.

Casuística

Foram adotados como critérios de inclusão: mulheres com idade entre 60 e 80 anos, sedentárias, conforme critérios do American College of Sports Medicine (2009)18, residentes na

comunidade. Já os critérios de exclusão foram: lesão e/ou disfunção do aparelho locomotor que influenciasse na execução dos testes (ex: osteoartrite severa, doença de Parkinson), histórico de fratura do último ano anterior a coleta, doença pulmonar crônica, diagnóstico de diabetes mellitus, doença cardiovascular não controlada (ex: insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão arterial sistêmica), fumantes, uso abusivo recente de álcool ou drogas (nos últimos 2 anos), uso reposição hormonal ou de medicações que influenciassem ou contraindicasse a execução dos testes (ex: betabloqueadores, psicotrópicos)19.

(31)

Exame do Estado Mental (MEEM), para excluir idosos que pudessem não compreender os testes propostos. A pontuação menor que 13 para analfabetos, 18 para escolaridade baixa/média, e 26 para alta escolaridade foram destinadas como notas de corte20.

Procedimentos

Histórico de quedas

Para todas as idosas foi questionado sobre os episódios de quedas nos últimos 12 meses. Para aquelas que relataram quedas neste período, foram arguidos se tais episódios ocorreram dentro ou fora do ambiente domiciliar. A título de caracterização, as idosas que relataram um ou mais episódios de quedas nos últimos 12 meses foram classificadas como caidoras, já as que não relataram episódios de quedas no período mencionado foram classificadas como não-caidoras16. A ocorrência da queda foi definida como o evento caracterizado pela transferência súbita e involuntária da pessoa da posição ortostática para o chão ou nível inferior não resultante de causa grave intrínseca (ex: acidente vascular encefálico, síncope)6.

Estratificação do risco de quedas

Para a estratificação do risco de quedas a participantes foram avaliadas por meio de quatro instrumentos: Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), Teste de Alcance Funcional (TAF), Teste de Alcance Lateral (TAL) e Timed Up ang Go. Estas medidas foram selecionadas por se

tratarem de métodos acessíveis ao ambiente clínico e amplamente utilizadas na literatura científica como meio de rastreio do risco de quedas21.

A Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) é um teste baseado na realização e análise de 14 tarefas que remetem às situações do cotidiano e que exijam equilíbrio para executá-las. Cada tarefa é pontuada de 0 a 4 e ao final pode atingir um escore máximo 56 pontos22. Conforme os pontos de corte descritos por Shumway-Cook e Woolacott (2003)23, as participantes que atingiram entre 56 e 54 pontos foram estratificadas com baixo risco de quedas, entre 53 e 46 foi determinado o moderado risco e menor ou igual a 45 o alto risco.

(32)

representaram o médio risco e aquelas menores que 16,3 foram caracterizadas com o alto risco de quedas25.

O teste de alcance lateral (TAL), como proposto por Brauer (1999)26, segue modelo semelhante ao TAF, porém, as participantes foram orientadas à abduzir o ombro a 90º e posteriormente realizar um movimento de inclinação lateral toracolombar para direita, sendo medido então o alcance neste sentido. Para estratificação do risco de quedas com estas medidas, foram utilizados os pontos de corte sugeridos por Newton (2003)25: alcance maior que 18 centímetros representou o baixo risco, entre 18 e 13,4 centímetros, o risco moderado e, abaixo de 13,4 centímetros, o risco elevado.

O teste Timed Up and Go (TUG)é caracterizado pela mensuração do tempo no qual o

indivíduo leva para realizar manobras funcionais como levantar-se, caminhar, dar a volta em um obstáculo e sentar-se novamente27. O obstáculo deve estar disposto três metros distantes da cadeira e o idoso avaliado deve ser orientado à levantar-se da cadeira, percorrer uma distância de três metros, dar a volta no obstáculo, voltar para cadeira e sentar-se28. As idosas que realizaram esta tarefa com tempo até 10 segundos foram classificadas com baixo risco de quedas, 11 a 20 segundos risco moderado e acima de 20 segundos risco elevado, conforme proposto por Podsiadlo e Richardson (1991)29.

Após a familiarização das participantes, o TAF, TAL e TUG foram realizados três vezes, sendo adotado a média das tentativas.

Avaliação da Capacidade Funcional

A capacidade funcional – definida como aptidão de um indivíduo para executar uma tarefa ou uma ação30 das idosas foi avaliada por meio do Teste de Caminhada de 6 minutos

(TC6’), teste de Sentar e Levantar, teste de Flexão de Cúbitos e teste de Sentar e Alcançar. O teste de caminha de 6 minutos foi realizado conforme preconizado pela American Thoracic

Society (2001)31. O teste de Sentar e Levantar foi realizado solicitando-se que as participantes

(33)

e adotada a média entre estas. Os testes para estratificação do risco de quedas e para capacidade funcional foram realizados em dias diferentes.

Avaliação da força máxima.

Após duas semanas de adaptação aos exercícios de força e avaliações clínicas foram realizados os testes de carga máxima (1RM). Os testes de 1RM foram realizados no mesmo dia com no mínimo 10 minutos de intervalo entre os exercícios testados na seguinte ordem: Supino com barra livre (Supino), Leg Press 450 (Leg) e Rosca Direta em pé (Cybex International,

Medway, MA) (Bíceps). Em seguida do aquecimento geral (10 minutos de esteira em intensidade leve), as voluntárias foram submetidas a oito repetições com 50% de 1RM estimada (de acordo com a capacidade de cada participante verificada no período de adaptação de duas semanas), após um minuto de intervalo, foram realizadas três repetições com 70% de 1RM estimada. Depois de três minutos as tentativas subsequentes foram realizadas para uma repetição com cargas progressivamente mais pesadas até que a 1RM seja determinada em três tentativas, utilizando 3-5 minutos de descanso entre as tentativas. As padronizações das angulações e movimentos dos exercícios foram conduzidas de acordo com as descrições de Brown e Weir (2001)34.

Autoeficácia e medo de cair

Para avaliação da autoeficácia utilizou-se o instrumento Falls Efficacy Scale

Internetional (FES-I), sendo este adaptado culturalmente para a população brasileira, e

caracterizado por ser um questionário com 16 itens que simulam atividades cotidianas da população idosa, no qual a avaliada deve relatar sua preocupação em cair, com cada resposta podendo receber de 1 a 4 pontos, assim como proposto por Camargos, Dias e Freire (2010)35, cuja finalidade é avaliar o medo de cair. Quando a soma da pontuação foi menor que 23, a idosa foi classificada por baixo medo cair (sendo este relacionado com a ocorrência de quedas esporádicas), soma entre 23 e 31 caracterizou o medo moderado (também relacionado às quedas esporádicas), e a aquelas maiores que 31, o medo elevado, sendo este último associado com quedas recorrentes35.

Análise estatística

(34)

amostras independentes (dados paramétricos) e o teste de Mann-Whitney (dados não paramétricos). Para análise comparativa das variáveis categóricas foi utilizado o teste exato de Fisher para as variáveis binominais e o teste Qui Quadrado para as variáveis trinominais.

Para a análise das correlações entre as medidas relativas ao risco de quedas, a capacidade funcional, a força muscular e o medo de cair, bem como para análise da concordância entre os testes de estratificação do risco de quedas, foram utilizados: teste de Correlação de Pearson (dados paramétricos) e teste de Correlação de Spearman (dados não paramétricos). Para

determinar a força da correlação foi considerado: r < 0,4 correlação fraca, 0,4 ≤ r < 0,7 correlação moderada e 0,7 ≤ r ≤ 1,0 correlação forte. O nível de significância foi adotado quando o P≤ 0,05. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do software GraphPad Prism

(versão 6).

5.6 RESULTADOS

Das idosas convidadas para participar da pesquisa, 67 se voluntariam a participar do estudo, no entanto, apenas 53 idosas completaram todos os testes. Destas, 27 foram classificadas como caidoras e 26 como não-caidoras. As caidoras tiveram em média 1,63 ± 1,08 episódios de quedas nos últimos 12 meses. A maioria dos episódios de queda ocorreram em casa (54,3%). Os grupos não diferiam quanta à idade, peso, estatura e Índice de Massa Corporal (IMC). Não houve diferença também entre as variáveis relacionadas ao risco de quedas, capacidade funcional, força muscular e medo de cair. Também não houve diferença entre as variáveis categóricas relacionadas à estratificação do risco de quedas. Apenas no TAF houveram idosas participantes estratificadas com alto risco de quedas. Nos demais testes (EEB, TAF e TUG) houveram idosas estratificadas apenas com o baixo ou moderado risco (Tabela 1).

Quando realizado a análise de correlação entre o número de quedas do grupo de caidoras

com as variáveis: idade, EEB, TAF, TAL, TUG, TC6’, Teste de Sentar e Levantar, Teste de

Flexão de Cúbitos, Teste de Sentar e Alcançar e força muscular máxima nos exercícios de Leg

Press,Supino e Rosca direta, foi observado apenas uma fraca correlação entre a força máxima

no Supino e o número de quedas (n = 26, r = 0,37, P = 0,05). As demais correlações foram não

significativas (P > 0,05). As atividades que trouxeram maior preocupação em relação ao risco

(35)

Tabela 1: Dados apresentados em média e desvio padrão referentes às características antropométricas, histórico de quedas, risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair de idosas caidoras e não caidoras (n=53).

DOMÍNIOS VARIÁVEIS CAIDORAS (N=27)

NÃO-CAIDORAS (N=26) P Características Antropométricas

Idade, anos 68,74 ± 6,05 65,92 ± 4,68 0,11

Estatura, m 1,52 ± 0,05 1,53 ± 0,06 0,32

Peso, Kg 61,25 ± 11,21 66,15 ± 11,06 0,11

IMC, Kg/m² 26,67 ± 5,11 28,07 ± 4,11 0,27

Risco de Quedas

EEB, escore Baixo risco, n Moderado risco, n

54,04 ± 1,95 17 10

54,15 ± 1,91 16 10

0,72 0,99 TAF, cm

Baixo risco, n Moderado risco, n

29,84 ± 4,93 25

2

31,91 ± 6,74 23

3

0,20 0,66 TAL, cm

Baixo risco, n Moderado risco, n Alto risco, n

20,31 ± 6,18 18

5 4

20,40 ± 4,60 18 7 1 0,95 0,34 TUG, s Baixo risco, n Moderado risco, n

6,79 ± 0,99 26

1

6,57 ± 0,97 26 0 0,38 0,99 Capacidade Funcional

TC6’, m 510,45 ± 72,37 535,78 ± 59,87 0,17

Snt e Levantar, rep 20,81 ± 4,82 19,27 ± 4,15 0,14

Flex Cub, rep 22,67 ± 4,67 22,38 ± 4,92 0,83

Snt e Alcançar, cm 24,60 ± 8,39 21,36 ± 6,60 0,12

Força Muscular Máxima

Leg Press, Kg 103,67 ± 49,98 101,85 ± 35,69 0,91

Supino, Kg 24,58 ± 5,73 23,75 ± 4,79 0,57

Rosca Direta, Kg 16,20 ± 3,35 16,32 ± 2,07 0,86

Medo de Cair

FES-I, escore Baixo medo, n Medo moderado, n Medo elevado, n

24,41 ± 7,34 14

9 4

22,88 ± 5,21 16

8 2

0,64 0,65

Legenda: IMC: Índice de massa corporal; EEB: Escala de Equilíbrio de Berg; TAF: Teste de Alcance Funcional; TAL: Teste de Alcance Lateral; TUG: Timed Up and Go; TC6’: Teste de Caminha de 6 minutos:; Snt e Levantar: Teste de Sentar e Levantar; Flex Cub: Teste de Flexão de Cúbitos; Snt e Alcançar: Teste de Sentar e Alcançar;; FES-I: Escala Internacional de Eficácia de Quedas; cm: centímetros; Kg: quilogramas; Kg/m2: quilogramas por metro ao quadrado; s:segundos; rep: repetições; n: número de indivíduos.

Após realizada a análise de correlação entre as medidas de risco de quedas com a idade, capacidade funcional e força muscular máxima, foi observado que houve: correlação moderada

e negativa entre: idade e TC6’, idade e EEB, idade e Rosca Direta, TUG e TC6’, TUG e Teste de Flexão de Cúbitos, TUG e Leg Press. As demais correlações foram fracas (r < 0,4) ou não

(36)

Tabela 2: Análise da correlação (valores de r) entre as medidas relacionadas à estratificação do risco de quedas, idade, capacidade funcional, força muscular e medo de cair da amostra total (n=53).

Medidas Idade TC6’ Snt e Lev Flex de Cub Snt e Alc Leg Press

Supino Rosca Direta

FES-I

Idade 1,0 -0,42* 0,17 -0,27* 0,11 -0,26* -0,28* -0,52* -0,13 EEB -0,52* 0,26* 0,16 0,01 0,08 -0,12 0,05 0,13 -0,07 TAF -0,35* 0,37* -0,01 0,11 0,10 0,06 -0,04 0,17 0,01 TAL -0,31* 0,08 0,15 -0,01 0,19 -0,03 -0,04 0,02 -0,03 TUG 0,29* -0,55* -0,36* -0,41* -0,02 -0,42* -0,01 -0,21 -0,05

Legenda: EEB: Escala de Equilíbrio de Berg; TAF: Teste de Alcance Funcional; TAL: Teste de Alcance Lateral; TUG: Timed Up and Go; TC6’: Teste de Caminha de 6 minutos:; Snt e Lev: Teste de Sentar e Levantar; Flex Cub: Teste de Flexão de Cúbitos; Snt e Alc: Teste de Sentar e Alcançar;; FES-I: Escala Internacional de Eficácia de Quedas; *P≤ 0,05.

A análise de concordância entre os instrumentos de estratificação dos riscos de quedas apresentou correlação moderada entre EEB e TAL, TAF e TAL, bem como correlação fraca entre EEB e TAF, TAF e TUG. Não houve correlação entre EEB e TUG e entre TAL e TUG (Tabela 3).

Tabela 3: Análise da concordância entre as medidas relativas à estratificação do risco de quedas da amostra total (n=53).

Medidas r P

EEB e TAF 0,37* 0,006

EEB e TAL 0,43* 0,001

EEB e TUG -0,16 0,22

TAF e TAL O,42* 0,001

TAF e TUG -0,35* 0,008

TAL e TUG -0,04 0,97

Legenda: EEB: Escala de Equilíbrio de Berg; TAF: Teste de Alcance Funcional; TAL: Teste de Alcance Lateral; TUG: Timed Up and Go; *p

≤ 0,05.

Também houveram correlações fracas (TC6’ e Rosca direta, Teste de Sentar e Levantar e Rosca Direta, Teste de Flexão Cúbitos e Supino), moderadas (TC6’ e Leg Press, Teste Sentar

e Levantar e Leg Press, Teste de Flexão de Cúbitos e Rosca direta) e fortes (Teste de Flexão de

Cúbitos e Leg Press) entre as variáveis relativas à capacidade funcional e a força muscular

máxima (Tabela 4).

Tabela 4: Análise da correlação entre as variáveis relativas à capacidade funcional e a força muscular da amostra total (n=53).

Medidas Leg Press Supino Rosca Direta

r P r P r P

TC6’ 0,40* 0,03 0,10 0,46 0,33* 0,01

Sentar e Levantar 0,51* p < 0,0001 0,15 0,26 0,26* 0,05 Flexão de Cúbitos 0,70* p < 0,0001 0,27* 0,04 0,45* 0,0007 Sentar e Alcançar 0,10 0,46 0,15 0,25 -0,009 0,52

(37)

Optou-se também pela análise das variáveis analisadas dividindo a amostra em grupos conforme a faixa etária: um de 60 a 69 anos e outro de 70 a 80 anos. Após a análise de normalidade dos dados com o teste de Shapiro-Wilk foi observado que as variáveis idade,

número de episódios de queda nos últimos 12 meses, EEB, TUG, TC6’ e Leg não apresentaram

curva normal. Houveram portanto 35 idosas no grupo de 60 a 69 anos e 18 idosas no grupo de 70 a 80 anos. As análises comparativas das variáveis contínuas foram realizadas por meio do teste t para amostras independentes (dados paramétricos) e do teste de Mann-Whitney (dados

não paramétricos). Para análise comparativa das variáveis categóricas foi utilizado o teste exato de Fisher para as variáveis binominais e o teste Qui Quadrado para as variáveis trinominais. A partir desta análise, pode-se observar que as idosas da faixa etária de 60 a 69 anos apresentaram melhor desempenho nas medidas de EEB, TUG, TC6’, Leg Press e Rosca direta quando

comparadas às idosas da faixa etária de 70 a 80 anos (P≤ 0,05) (Tabela 5). Não houve diferença

observada a partir da comparação das variáveis categóricas (P > 0,05).

Tabela 5: Dados apresentados em média e desvio padrão referentes às características antropométricas, histórico de quedas, risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair das idosas conforme a faixa etária (n=53).

DOMÍNIOS VARIÁVEIS 60 a 69 anos (N=35) 70 a 80 anos (N=18) P

Histórico de Quedas Nº de quedas nos últimos

12 meses, episódios 0,80 ± 1,81 0,88 ± 1,02 0,45

Risco de Quedas

EEB, escore Baixo risco, n Moderado risco, n

54,77 ± 1,39 25 10

52,78 ± 2,13 8 10

0,0004* 0,07 TAF, cm

Baixo risco, n Moderado risco, n

31,85 ± 5,63 32

2

28,93 ± 6,16 16

2

0,08 0,60 TAL, cm

Baixo risco, n Moderado risco, n Alto risco, n

21,26 ± 5,58 26

5 4

18,61 ± 4,73 10 7 1 0,09 0,056 TUG, s Baixo risco, n Moderado risco, n

6,48 ± 0,80 35

0

7,06 ± 1,17 17 1 0,05* 0,33 Capacidade Funcional

TC6’, m 537,2 ± 67,78 495,00 ± 57,82 0,01*

Snt e Levantar, rep 20,86 ± 4,57 18,05 ± 3,56 0,06

Flex Cub, rep 23,23 ± 4,94 21,17 ± 4,12 0,13

Snt e Alcançar, cm 22,85 ± 7,80 23,33 ± 7,60 0,82

Força Muscular

Leg Press, Kg 111,60 ± 44,92 85,67 ± 34,51 0,05*

Supino, Kg 25,06 ± 4,69 22,46 ± 5,96 0,08

Rosca Direta, Kg 17,05 ± 2,63 14,72 ± 2,39 0,02*

Medo de Cair

FES-I, escore Baixo medo, n Medo moderado, n Medo elevado, n

24,43 ± 6,53 19 12 4

22,17 ± 5,93 11

5 2

0,15 0,81

(38)

5.7 DISCUSSÃO

Estudos com o intuito de analisar as características de funcionalidade de idosas caidoras e não-caidoras são relevantes por permitirem identificar o perfil desta população, bem como produzem informações que contribuem para que os profissionais de saúde elaborem estratégias de prevenção para a ocorrência de quedas17. Partindo desta premissa, este estudo teve o objetivo principal de analisar a relação das medidas relativas ao risco de quedas, capacidade funcional, força muscular e medo de cair em mulheres idosas caidoras e não caidoras.

Pimentel e Scheicher realizaram (2013)14 um estudo com o objetivo de comparar a capacidade funcional, força muscular e medo de cair de idosas caidoras e não caidoras. Para avaliação da capacidade funcional os autores utilizaram o teste TUG, a força muscular foi avaliada por meio da força da preensão palmar e o medo de cair utilizando-se o instrumento FES-I. Não foram observadas diferenças entre o grupo de caidoras e não caidoras após a análise comparativa. Os autores observaram também correlação entre a idade e o TUG, idade e força de preensão manual, idade e FES-I, força de preensão manual e FES-I, no entanto, apenas para o grupo de idosas não-caidoras. Em parte estes achados corroboram com nossos resultados, uma vez que também não observamos diferença entre a comparação da capacidade funcional, força muscular e medo de cair entre grupos analisados. Na presente pesquisa também foi observado correlação moderada entre a idade e a força muscular máxima (rosca direta), idade

e a capacidade funcional (TC6’), bem como idade e EEB, que avalia o risco de quedas. No entanto, não foi observado correlação entre a idade e o medo de cair, nem entre força muscular e o medo de cair como naquele estudo.

O medo de cair relatado pelas idosas é um fator influenciado por muitos aspectos, sejam eles físicos, psicológicos ou ambientais36. É possível que seja relatado o medo de cair, mesmo as idosas que não vivenciaram este evento37 bem como vivenciá-lo não será necessariamente desencadeador de medo38. Os mecanismos pelo qual tornam o medo de queda como um fator de risco para sua ocorrência ainda não são bem esclarecidos. Acredita-se que a ansiedade relacionada ao medo de cair esteja associada à redução da aquisição de informações sensitivas e orientação especial durante a realização de tarefas complexas, reduzindo portanto a capacidade do ajuste postural necessário para a realização destas atividades39. No estudo de Perracini et al. (2012)40 não foi encontrada diferença do medo de cair em idosas menos ativas

(39)

comparação de um grupo de idosas caidoras e não caidoras, por ser esta uma característica multifatorial.

A força muscular máxima no exercício de Supino, que exige sobretudo a atividade dos músculos flexores horizontais do braço e extensores do antebraço, mostrou-se correlacionada com o número de quedas no número de caidoras. Outros estudos também observaram relação do número de quedas com a força muscular. Cattagni et al. (2014)15 observaram maior força

muscular dos músculos flexores plantares do grupo de idosos caidores quando comparado com não caidores. Marques et al. (2013)16 também observaram maior pico de torque dos extensores

do joelho no grupo de idosas não caidoras. Gomes et al. (2009)13 observaram maior força de

preensão manual para o grupo de idosos com apenas uma queda quando comparado ao grupo com quedas recorrentes (mais que duas quedas). Não foram encontrados estudos que analisaram a relação da força muscular máxima nos exercícios de Leg Press, Supino e Rosca Direta com a

ocorrência de quedas em idosos.

A fraqueza muscular, sobretudo dos membros inferiores, tem sido considerada um dos principais fatores intrínsecos relacionados a com ocorrência de quedas em idosos41. A força muscular é essencial para a habilidade do indivíduo em executar ajustes do aparelho locomotor em uma situação de desequilibro. Dentre estes, pode-se destacar a estratégia do tornozelo comumente utilizada pelos idosos para a manutenção do equilíbrio, sendo esta dependente da atividade e competência dos músculos da perna (dorsiflexores e flexores plantares) para que ajustes naquele complexo articular sejam realizados e a queda seja evitada42. Podemos observar também no nosso estudo que houve correlação entre testes que estratificam o risco de quedas e a força muscular máxima (TUG e Leg Press).

No entanto, a avaliação da força muscular dos membros superiores, principalmente da força de preensão manual, tem sido utilizada como preditor de saúde e em múltiplos contextos na população de idosos43. É factível portanto, que a força máxima no supino também seja utilizada como preditor em desfechos clínicos em saúde, no entanto, para este objetivo, esta medida deve ser adequadamente investigada.

A capacidade funcional também está relacionada com a ocorrência de quedas em pessoas idosas. Buatois et al. (2010)7 observaram melhor desempenho no tempo necessário para

sentar e levantar cinco vezes (Five Times Sit to Stand Test) do grupo de idosos com uma queda

(40)

de Sentar e Levantar, Teste de Flexão de Cúbitos e Teste de Sentar e Alcançar) não apresentaram diferenças entre os grupos de caidoras e não caidoras, fato que diverge dos achados dos estudos citados anteriormente. Uma das possíveis causas desta divergência é a faixa etária que naqueles estudos (superior a 70 anos) é consideravelmente superior ao nosso (65 e 68 anos, em média). No entanto foram observadas correlações moderadas entre o TUG e

TC6’ e o TUG e Teste de Flexão de Cúbitos, sendo o TUG importante medida considerada para avaliação do risco de quedas. Também foram observadas correlações moderadas e forte entre os testes de capacidade funcional e a força muscular máxima, salientando portanto, a importância desta análise em pessoas idosas.

Como objetivos secundários esta pesquisa propôs-se a analisar a concordância dos instrumentos utilizados para a avaliação do risco de quedas na idosas participantes. Neste sentido, foi observado correlação moderada entre (EEB e TAL, TAF e TAL) e baixa (EEB e TAF, TAF e TUG). Não houve correlação entre TAL e TUG, bem como entre EEB e TUG. Em um estudo com 30 idosos, Karuka, Silva e Navega (2011)12 observaram correlações moderaras entre TAF e EEB (r = 0,48), e não observaram correlação entre TAF e TUG, nem entre EEB e TUG, fato que corrobora parcialmente com nossos achados. Santos, Borges e Menezes (2013)11 analisaram a correlação entre diferentes medidas que avaliam o risco de quedas (TUG, estabilometria e o questionário para risco de quedas QuickScreen Clinical Falls Risk

Assessment) e também observaram correlações moderadas (estabilometria e QuickScreen, TUG

e QuickScreen) e não significativas (TUG e estabilometria). Semelhantemente a este último

estudo, na presente pesquisa o TUG também foi capaz de realizar discriminação das participantes de acordo com o risco de quedas. Este fato pode estar relacionado à faixa etária de ambos os estudos, que apresentam a maioria da idosas com idade inferior a 70 anos, bem como ter sido critério de exclusão dos estudos a existência de acometimento significativo do sistema musculoesquelético. Estudos que utilizaram o TUG em uma população de idosos com faixa etária maior que 70 anos e incluíram participantes com maior número de comorbidades observaram diferenças entre idosos caidores e não caidores em relação ao TUG44,45.

A idade é considerada o maior fator de risco para ocorrência de quedas acidentais nos indivíduos46. Foi portanto também objetivo secundário da presente pesquisa analisar a relação da faixa etária com as medidas relacionadas ao risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair nas voluntárias participantes. Pode-se observar que esta característica apresentou

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conforme a faixa etária (60 a 69 e 70 a 80), observou-se que houve diferença significativa EEB,

TUG, TC6’, Leg Press e Rosca Direta entre os grupos.

Almeida et al. (2012)48 também observaram um desempenho superior no TUG em idosos entre 60 e 69 anos quando comparados como os idosos acima de 70 anos, o que corrobora nossos achados. Neste mesmo estudo, os autores observaram que também houve diferença no TAF, fato também observado na presente pesquisa, no entanto observamos apenas uma tendência há diferença (P = 0,08). Santos, Borges e Menezes (2013) também observaram

tempos de execução do TUG menores no grupo faixa etária entre 60 e 71 anos, quando comparados ao desempenho do grupo de 72 a 89 anos.

O envelhecimento é um processo que culmina em alterações progressivas que levam à redução da funcionalidade e da capacidade de adaptação aos estressores do meio ambiente. Esta característica torna a população de idosos mais predisposta à ocorrência de doenças crônicas e incapacidade. Como resultado deste processo, a eficiência do controle postural também estará reduzida, tornando portanto estes indivíduos à ocorrência de quedas46.

Outro achado relevante é a tendência observada a partir da análise das variáveis categóricas de maior prevalência de idosos classificados com risco moderado de quedas no grupo de maior faixa etária quando comparado à prevalência do grupo de menor faixa etária a partir do EEB e do TAL. No entanto, não houve diferença significativa em relação ao número de quedas no último ano quando comparados os grupos. Isto descorda dos achados da literatura que observaram esta diferença7,46,47. Este último pode ter sido influenciado pelo reduzido número de quedas que foi observado em ambos os grupos (menor que 1 no último ano). Existe no entanto, estudos que também não observaram esta diferença13,14.

A compreensão portanto do perfil das pessoas idosas suscetíveis a ocorrência de quedas deve ser realizada baseada em uma avaliação multifatorial, uma vez que os fatores relacionados com a ocorrência de quedas estão relacionados com diferentes características da funcionalidade, da saúde e da interação com meio ambiente nestes indivíduos. Estudos que avaliam o perfil dos idosos com risco de quedas, bem como da concordância dos instrumentos que avaliam este risco são cada vez mais necessários para a seleção dos métodos de avaliação do risco de quedas e da funcionalidade das pessoas idosas11.

(42)

5.8 CONCLUSÃO

A partir das análises realizadas pode-se observar que não houve diferença entre as medidas relacionadas ao risco de quedas, capacidade funcional, força muscular máxima e medo de cair entre o grupo de idosas caidoras e não caidoras. No entanto, foram observadas correlações importantes entre as medidas relacionadas ao risco de queda com a capacidade funcional e a força muscular máxima. Não houve relação do medo de cair com nenhuma das variáveis analisadas, uma vez que esta é uma característica individual, influenciada pelas experiências de vida da pessoa.

Também foi observado concordância entre os testes relacionados à estratificação do risco de quedas. Contudo, estes às informações advindas da realização dos mesmos são complementares, não devendo, portanto, serem realizados separadamente. A idade foi um fator importante relacionado à estratificação do risco de quedas, capacidade funcional e força muscular máxima, mas não ao medo de cair, nem ao número de episódios de quedas.

5.9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.

2. Borges APA, Coimbra AMC (Org.). Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Rio de Janeiro: EAD/ENSP; 2008. 340p.

3. Buksman S, Vilela ALS, Pereira SRM, Lino VS, Santos VH. Quedas em idosos: Prevenção. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Associação Médica Brasileira. Conselho Federal de Medicina. Projeto Diretrizes. São Paulo. 2002.

4. Gawryszewski VP, Rodrigues EMS. The burden of injury in Brazil. São Paulo Med J 2006; 124(4): 208-13.

5. Guilbert P, Gautier A. Baromètre Santé 2005: Premiers Résultats. Paris, France:

Institut National de Prévention et d’Éducation Pour la Santé; 2006.

6. Tinetti ME, Speechley M, Ginter SF. Risk factors for falls among elderly persons living in the community. New England J. Med 1988; 319(26):1.701-07.

7. Buatois S et al. A simple clinical scale to stratify risk of recurrent falls in community-dwelling adults aged 65 years and older. Phys Ther 2010; 90(4): 550-60.

8. Garcia RR, Gelsi AT, Sabaté ACC. A percepção dos fatores de risco para quedas em um grupo de idosas. Revista Brasileira de Ciências da Saúde 2007; 3(11): 41-51.

Imagem

Tabela 1: Dados apresentados em média e desvio padrão referentes às características antropométricas, histórico  de quedas, risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair de idosas caidoras e não caidoras (n=53)
Tabela 3: Análise da concordância entre as medidas relativas à estratificação do risco de quedas da amostra total  (n=53)
Tabela 5: Dados apresentados em média e desvio padrão referentes às características antropométricas, histórico  de quedas, risco de quedas, capacidade funcional e medo de cair das idosas conforme a faixa etária (n=53)
Tabela 1: Modelos periodização adotados na pesquisa.
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