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Origem dos Fármacos
Aspectos Históricos
Produtos Naturais
Descoberta de Novos Fármacos
Exemplos
OBJETIVOS
O RIGEM DOS
F ÁRMACOS
Uso de Substâncias Químicas Exógenas
Registro
Histórico Cura de doenças, venenos Poções mágicas, rituais
Formulações galênicas
O RIGEM DOS F ÁRMACOS
Galeno (129-199 aC), o fundador da Farmácia, divulgou o uso de extratos vegetais para a cura de diversos males, emprestando o nome às formulações farmacêuticas, denominadas fórmulas galênicas. Por volta do século XV, com a descoberta da imprensa, suas teorias foram divulgadas e surgiram os primeiros embriões das farmacopéias, os herbários, reunindo o conhecimento acumulado sobre o uso dos remédiosde origem vegetal.
O RIGEM DOS F ÁRMACOS
A Humanidade aprendeu a usar as plantas no preparo de chás para curar doenças ou como bebida sagrada, em rituais e festividades, identificando suas propriedades terapêuticas, alucinógenas ou afrodisíacas
O RIGEM DOS F ÁRMACOS
Vários alcalóides indólicos ocorrem em plantas empregadas pelos índios em suas comemorações
Indol é um composto orgânico heterocíclico. Tem estrutura bicíclica, constituída de um anel benzênico fundido a um anel pirrólico
O RIGEM DOS F ÁRMACOS
Muitos dos componentes químicos destas plantas foram identificados, posteriormente, como substâncias ativas no sistema nervoso central (SNC), como o harmano e a harmina.
Alcalóides alucinogênicos com o núcleo indólico estruturalmente relacionados à serotonina (5-hidroxitriptamina).
A atividade central se deve à semelhança existente entre as estruturas do harmano e harmina e a da serotonina, também denominada 5-hidroxitriptamina, um neurotransmissor que possui um núcleo central indólico
Papaver somniferum
Uma das plantas mais antigas empregadas pelo homem – 400 aC
Originou o ópio
Contém alcalóides e substâncias naturais de caráter básico, como a morfina
Contém dois grupos principais de alcalóides
Fenantrenos (morfina, codeina) e Isoquinolinas (papaverina) GALENO
-Dores de cabeça -Epilepsia -Asma -Cólicas -Febre
-Estados melancólicos
O ópio é um suco espesso extraído dos frutos imaturos de várias espécies de papoulas soníferas, utilizado como narcótico. Planta essa que cresce naturalmente na Ásia, sendo originária do Mediterrâneo e Oriente Médio.
O ópio tem um cheiro característico, que é desagradável, sabor amargo e cor castanha. É utilizado na medicina como analgésico.
Século XIX: Iniciaram os estudos químicos sobre o ópio
1804: Foi isolada a morfina, principal componente (10-16%)
1853: Esta substância, com estrutura química particular, tornou-se o mais poderoso e potente analgésico conhecido, com o uso das
seringas hipodérmicas, seu emprego foi disseminado.
1923: Elucidação Estrutural
1952: Síntese total (148 anos após seu isolamento)
A morfina provoca tolerância, fenômeno que se manifesta pela necessidade de utilizar doses progressivamente maiores para se obter os mesmos
resultados terapêuticos
A tolerância pode provocar dependência física, responsável pelas severas síndromes de abstinência
Heroína: analgésico
A heroína é derivada do ópio. Seu consumo pode causar dependência física, envelhecimento acelerado e danos cerebrais, favorecendo dependência química e psíquica, além de ser muito nociva ao corpo, o que faz dela a droga mais prejudicial que se conhece.
Depois do contato com a droga, a pessoa fica fora da realidade, apresentando estado de sonolência, as pupilas ficam contraídas, e logo após apresenta estado de depressão profunda. A heroína pode ser injetada, inalada ou fumada.
Heroína: analgésico Morfina: analgésico
Diacetilmorfina Semi-sintético 1874
Cerca de 2 vezes mais potente
De 1898 a 1910 a heroína foi comercializada como uma forma não-dependente de morfina e como supressor de tosse. Contudo, descobriu-se depois que a heroína é metabolizada rapidamente em morfina, caracterizando-se como uma forma de ação
rápida do princípio ativo morfina (pró-fármaco), causando desconforto a Bayer No cérebro, a heroína é rapidamente metabolizada as formas 6-acetilmorfina e
morfina pela remoção dos grupos acetila. A morfina não ultrapassa a barreira hemotaencefálica rapidamente como a heroína, explicando a sua rápida ação.
Heroína: analgésico
A codeína (alcalóide) é usada como analgésico e antitússico
Extraído do ópio, ou produto semi-sintético a partir da morfina
É encontrada no ópio em concentrações de 0,5 a 2,5%
Codeína (Metilmorfina, isolada em 1830): analgésico
A origem dos analgésicos 4-fenilpiperidíncos a partir da estrutura da morfina: o anel piperidínico, em azul, substituído em C-4 por uma unidade fenila (verde) e
uma cadeia com função éster.
SULFONAMIDAS
Quimioterapia
Nos primórdios do século XX, o cientista alemão Paul Ehrlich (1854-1915) demonstrou que vários compostos possuíam atividade antibacteriana e antiparasitária
QUIMIOTERAPIA
1904, dedicou-se a uma nova área, a qual denominou quimioterapia, referindo-se ao uso de substâncias químicas capazes de apresentar toxidez seletiva contra o agente causador de doenças em humanos
Este conceito ficou conhecido popularmente na época como bala mágica (do inglês, magic bullet ), metáfora em que bala referia-se a substância química bioativa capaz de destruir seletivamente o agente-alvo, preservando a integridade das células do hospedeiro humano
SALVARSAN (Arsefanamina, 1910)
Tratamento da Sífilis
Em 1935, após anos de estudos exaustivos com uma série de diazocompostos, Gerard Domagk, da companhia Bayer, descobriu a sulfamidocrisoidina, comercialmente denominada prontosil (composto que deu origem à classe de agentes antibacterianos denominada sulfonamidas), um agente eficaz contra infecções estreptocócicas in vivo (em camundongos)
O Prontosil, contudo, NÃO possuia atividade antibacteriana in vitro
Sulfonamidas
Dos vários compostos testados, foi demonstrado que corantes diazo possuíam
importante atividade antibacteriana
Diazo se refere a um tipo de composto orgânico que tem dois nitrogênios (azo) ligados. A fórmula geral é R
2C=N
2.A estrutura eletrônica dos diazocompostos apresenta uma carga positiva no átomo central de nitrogênio e uma carga negativa distribuída entre o nitrogênio terminal e o átomo de carbono
Diazocompostos
Estudos demonstraram que a atividade in vivo era resultado da liberação do metabólito bioativo para -aminobenzeno sulfonamida (sulfanilamida), gerado a partir da redução do prontosil
A sulfanilamida, um antimetabólito do ácido p -aminobenzóico (PABA, metabólito essencial na biossíntese do ácido fólico), é um inibidor competitivo da enzima bacteriana dihidpteroato sintetase
O prontosil foi identificado como um dos primeiros exemplos de pró- farmaco, substância que requer biotransformação para apresentar o efeito farmacológico desejado
Sulfonamidas
N N
N
N OH
H2N OH
H
ATP N
N N
N O
H2N
OH P O
O
O- P O
O- O-
H
H2N N N S
O
O NH2 NH2
Prontosil
H2N S
O O
NH2
H2N NH2 NH2
Sulfanilamina
H2N
O OH PABA
N N
N
N N
H2N OH
O OH
H H Diidrofolato redutase
N N
N
N N
H2N
OH S NH2
O
O
H H
Glutamato
N N
N
N N
H2N OH
O N
COOH
COOH H
H
H
Acido diidrofolico Metabólito essencial Inibidor
competitivo
Mecanismo de ação da sulfanilamida
Sulfanilamida Diidropteroato Sintase
O enorme interesse originado a apartir desta descoberta, levou a síntese e avaliação biológica de inúmeros análogos da sulfanilamida, resultando na geração de dados que foram empregados num dos primeiros estudos conhecidos de relações entre a estrutura e atividade (do inglês, structure- activity relationships , SAR)
Sulfonamidas
Tratamento Clínico: Infecções Urinárias
Sulfametoxazol
Trimetoprima
Dihidropteroato Difosfato + PABA
Dihidropteroato
sintase Sulfonamidas
Ácido Diidropteróico
Diidrofolato
redutase Trimetoprima
Ácido Diidrofólico
Ácido Tetraidrofólico
Salvarsan
Até 2005, acreditava-se que a estrutura do Salvarsan continha uma ligação dupla As=As (A). Contudo, estudos de espectrometria de massas mostraram que a estrutura era na verdade uma mistura de um trímero cíclico (B) e um pentâmero cíclico (C).
O filme (1940, Warner Bros) é uma biografia do cientista alemão Paul
Ehrlich e conta a história da “Bala Mágica”.
Serendipidade tem origem na palavra inglesa “Serendipity”, criada pelo escritor britânico Horace Walpole, em 1754 (Os príncipes de Serendip)
“O acaso só favorece a mente preparada” — Louis Pasteur (1822-1895)
O FATOR ACASO
Muitas descobertas e invenções acontecem por acidente: sem querer, o pesquisador encontra a solução que não estava nem procurando.
Isso tem um nome peculiar - serendipidade
Agosto, 1990
Serendipidade foi usada designar o dom de achar coisas valiosas ou agradáveis não procuradas. Numa carta, Walpole comentou um conto de fadas persa, "Os
três príncipes de Serendip", no qual eles "estavam sempre realizando alguma descoberta, por acidente ou sagacidade, de coisas das quais não estavam em
busca". Daí, cunhou “serendipity” para expressar essas felizes descobertas
Origem na lenda oriental
- Penicilina G – 1943 - Penicilina V
-Anel-lactâmico (farmacóforo) -Prêmio Nobel de Fisiologia e
Medicina (Fleming, Florey, Chain)
Sir Alexander Fleming
Placas de cultura com cepas de estafilococos contaminados com um fungo
Inibição do crescimento das cepas
Identificação e cultivo do fungo
Penicillium notatum- Penicilina
Penicilina V
Penicilina G
Produtos Naturais
25% dos fármacos em uso são derivados de produtos naturaisInteresse permanece elevado
Doenças com alternativas terapêuticas insuficientes
Diversidade química
Diversidade biológica
Biodiversidade inexplorada
QUÍMICA MEDICINAL
Diversas Atividades Biológicas
Modelos Experimentais
Alvos Biológicos
Estruturas Químicas
Complexidade Estrutural
Isolamento e Purificação
Elucidação Estrutural
Produto Natural
Composto químico (único) que ocorre naturalmente. É usado tipicamente para se referir a um composto orgânico de distribuição limitada na natureza
Fonte: Foye’s Principles of Medicinal Chemistry
◊ Conhecimento
◊ Informação
Identificação de novas substâncias bioativas
NCEs
Desenvolvimento da indústria farmacêutica
Produtos Naturais Planejamento
de Fármacos
Fármacos
ESTRATÉGIAS
PRODUTOS NATURAIS
Otimização SAR
Compostos Protótipos Identificação
de Ligantes
Estrutura
QUÍMICA MEDICINAL
Compostos Líderes
Cocaína
Coca eroxylum Procaína
Sintético Benzocaína
Sintético Morfina
Papaver somniferum
Codeína
Papaver somniferum
Heroína
Papaver somniferum
Naloxona
Sintético Naltrexona
Sintético
Nalorfina
Sintético
Epibatidina
Epipedobates Nicotina
Solanaceae Tebaniclina
Sintético
Quinina
Cinchona Primaquina
Sintético
Cloroquina
Sintético
Artemisinina
Artemisia annua Artemeter
Semi-sintético
Paclitaxel
Artemisia annua
Compactina
Penicillium brevicompactin Lovastatina
Aspergillus terreus Sinvastatina
Semi-sintético Atovastatina
Sintético