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Fundamentos da Engenharia de Produção

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Academic year: 2022

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Unidade 2

Livro Didático Digital Odivany Pimentel Sales

Fundamentos da Engenharia de

Produção

Fundamentos da Engenharia de Produção

Odivany Pimentel Sales

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Gerente Editorial

CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico

TIAGO DA ROCHA Autor

ODIVANY PIMENTEL SALES

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O AUTOR

Odivany Pimentel Sales

Olá, meu nome é Odivany Sales e estou aqui para te ajudar nesta etapa de sua aprendizagem voltada aos fundamentos da Engenharia de Produção. Falando neste assunto, posso dizer que o tema de Engenharia de Produção me acompanha há mais de 15 anos. Depois de me formar em engenharia e iniciar minha carreira em multinacionais do segmento de telecomunicações e serviços, acabei direcionando minha carreira para esta área.

Após muitos anos nos setores mencionados acima, comecei a atuar na indústria de alimentos e agronegócios, onde consegui ao mesmo tempo me aprofundar ainda mais nos assuntos voltados à indústria, gestão de projetos, processos e viabilização de novos investimentos, sendo que também me especializei em estratégia e gestão.

Minha história com a docência começou em 2007 dando aulas para cursos de especialização, sendo que posteriormente resolvi me aprofundar no mundo acadêmico com a conclusão de um mestrado em Engenharia de Produção em uma universidade referência na área (PUC- PR). Após esse período, iniciei e concluí meu doutorado na mesma área visando dar continuidade em minhas pesquisas nas áreas de projeto de produto, modelos de tomada de decisão, gestão de portfólio de projetos e métodos de seleção e priorização de projetos.

Estou muito feliz de fazer parte desta jornada contigo e tenho certeza que você irá curtir os assuntos que serão abordados neste texto.

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ICONOGRÁFICOS

Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO:

para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência;

DEFINIÇÃO:

houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA:

quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE:

as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você;

EXPLICANDO MELHOR:

algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA?

curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS:

textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento;

REFLITA:

se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre;

ACESSE:

se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO:

quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens;

ATIVIDADES:

quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada;

TESTANDO:

quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

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SUMÁRIO

Entendendo os Conceitos de Estratégia e Obtendo uma Visão Clara de seu Funcionamento e Opções de Estruturas

Organizacionais que uma Organização pode Ter ... 12

A Importância da Estratégia Dentro das Organizações ... 12

A Execução da Estratégia ... 15

As Organizações ... 17

Breve Histórico da Origem das Organizações em Nossa Área .. 19

O Funcionamento das Organizações ... 20

Tipos de Organização ...22

As Organizações e suas Estratégias...23

Definindo o Conceito de Gestão da Qualidade e Desenvolvendo uma Visão de sua Aplicação e Ferramentas ... 25

A Importância da Qualidade nas Organizações...25

A Relação entre Produtos e Serviços para a Qualidade...26

A Gestão da Qualidade ...29

Utilização de Sistemas de Gestão Normatizados ... 31

Ferramentas da Qualidade ...33

Entendendo o Significado de Ergonomia e de Segurança no Trabalho assim como ser Capaz de Descrever sua Aplicação Dentro do Ambiente da Engenharia de Produção ... 37

A Ergonomia – Conceitos e Importância ...37

Os Desafios da Ergonomia ... 39

Ergonomia – Trabalho e Produto ... 41

Segurança no Trabalho ...44

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Profissionais Dentro de Cada Atividade ...46

A Indústria de Carnes e o Papel do Engenheiro de Produção na Melhoria das Condições de Trabalho ... 46

Descrição da Indústria ...47

O Fornecimento de matéria-prima ... 48

A Entrada na Indústria ... 51

Conclusões ...53

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LIVRO DIDÁTICO DIGITAL

UNIDADE

02

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INTRODUÇÃO

A Engenharia de Produção responde hoje por uma grande responsabilidade dentro do processo de transformação pelos quais grandes organizações passam nos dias de hoje.

Essas transformações estão se manifestando sob diversos aspectos e cenários. Temos a transformação digital, permeando empresas de tecnologia onde processos digitais envolvendo transações via internet têm aumentado a produtividade dessas empresas, reduzindo custos e melhorando a percepção de bom atendimento que seus clientes esperam.

Temos a transformação por processos que formaliza estes processos ou até mesmo os redesenha totalmente visando cortar etapas, reduzir ações que não agregam valor e inclusive mudar a cultura de uma organização e torná-la centrada no atendimento às expectativas de seus clientes. Ou seja, temos diversas formas de transformar uma empresa.

Devido à abrangência de atuação que a Engenharia de Produção pode ter, fizemos uma opção didática de selecionar suas principais áreas de atuação e apresentá-las agora em um nível de detalhes muito maior do que você já viu na unidade anterior.

Falaremos de Estratégia e Organizações, Gestão da Qualidade e Ergonomia e Segurança do Trabalho.

Outra preocupação desta unidade será a de apresentar exemplos que possam contextualizar estas áreas dentro do que se espera que um engenheiro de produção faça para que o resultado esperado seja gerado.

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OBJETIVOS

Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos:

1. Entender os conceitos de Estratégia e obter uma visão clara do funcionamento e opções de estruturas organizacionais que uma organização pode ter.

2. Definir o conceito de gestão da qualidade e desenvolver uma visão de sua aplicação e ferramentas.

3. Entender o significado de ergonomia e de segurança do trabalho assim como descrever sua aplicação dentro do ambiente da Engenharia de Produção.

4. Analisar cases de situações envolvendo cada um dos temas acima e conseguir associar as responsabilidades de um engenheiro de produção.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?

Ao trabalho!

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Entendendo os Conceitos de Estratégia e Obtendo uma Visão Clara de seu

Funcionamento e Opções de Estruturas Organizacionais que uma Organização pode Ter

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona e qual o papel de uma estratégia bem definida dentro de uma organização. Outro tema a ser analisado agora é o relacionamento da organização de uma empresa com sua estratégia e principalmente entender a influência que estes assuntos podem exercer entre si.

Temos muita coisa a aprender pela frente. Vamos lá!.

A Importância da Estratégia Dentro das Organizações

DEFINIÇÃO:

Segundo Porter (2005), a estratégia tem relação direta com ações que podem ter uma natureza ofensiva ou defensiva utilizada dentro da indústria para que a mesma consiga manter uma posição sustentável. Estas ações costumam ser uma resposta a forças competitivas estabelecidas dentro do ambiente em que determinada organização está inserida.

Ao olhar esta definição com mais calma, muitas pessoas se concentram na afirmação que aborda a questão de buscar uma “resposta a forças competitivas” e acabam tendo uma visão sempre negativa da relação concorrência, sendo que talvez valha a pena você repensar isso.

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REFLITA:

Será que muito de nossa evolução dentro da própria indústria não é uma resposta a essas forças que se movimentam o tempo todo? O quanto a revolução na telefonia e na estética de aparelhos de comunicação foi gerada pelas maiores empresas do setor a partir do lançamento de um único produto como o IPhone® da Apple®? Sem dúvida para os clientes, fornecedores, pesquisadores, engenheiros e todas as pessoas dentro desse ciclo de produção, essa concorrência teve vários aspectos positivos.

Será que uma estratégia é algo pensado do dia para a noite? Nem sempre. Na verdade, quase nunca!

IMPORTANTE:

Uma estratégia bem elaborada é resultado de um esforço de equipe com métodos e muitas discussões, às vezes envolvendo inclusive testes de aceitação com acionistas, clientes e fornecedores.

Se uma estratégia não costuma surgir da noite para o dia, então podemos pensar que existe um planejamento por trás disso tudo, não é verdade? Então vamos conversar um pouco mais sobre isso.

Uma ação de planejamento tem uma relação direta com o alcance de objetivos previamente definidos. Se pensarmos dessa forma, podemos imaginar que um trabalho voltado à definição da estratégia de uma organização deve buscar a formalização de objetivos estratégicos que serão alcançados com a definição de um planejamento estratégico.

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Existe sempre uma estratégia por trás de todas as organizações empresariais, até mesmo organizações menores.

Talvez a estratégia esteja na cabeça do dono e não em uma apresentação ppt, mas o fato é que esta estratégia existe.

Você se surpreenderia com a quantidade de grandes empresas que sobrevivem sem uma estratégia formalizada. Imagine uma organização de 5.000 funcionários onde ninguém foi informado a respeito da direção que essa empresa está tomando? Pois é, parece loucura, não é? Mas é verdade.

Entretanto, embora existam exemplos desse tipo, é importante você saber que a formalização de uma estratégia traz uma série de benefícios para uma organização. Tais como:

• Melhor fluxo de comunicação com as equipes;

• Definição clara das ações a serem tomadas nas camadas mais operacionais;

• Definição de metas que auxiliem a compreender se a empresa está na direção certa.

RESUMINDO:

Uma estratégia visa sempre responder à pergunta sobre qual direção a empresa deve tomar. Já uma boa estratégia apresenta como resposta a direção certa!

Um bom planejamento estratégico deveria ter como objetivo buscar a sustentabilidade de uma organização, sendo que sempre quando falamos de estratégia, falamos de um prazo longo para a aplicação de ações, uma abrangência voltada a ações com impacto em toda a organização e uma visão com foco no futuro.

Dentro da formulação de uma estratégia, existem alguns temas que devem ser trabalhados pelo fato de nossos objetivos estarem voltados

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para a engenharia de produção, mas não entrarei em detalhes, vou pelo menos citá-los:

• Missão, visão e valores;

• Análise de ambientes interno e externo;

• Cenários (conservador, otimista, realista, pessimista);

• Posicionamento estratégico da organização;

• Mapa estratégico.

Uma ideia bastante difundida atualmente é que uma boa estratégia busca posicionar uma organização em um local onde ela gostaria de estar. Simples, não é?

Simples de explicar e difícil de executar. Mas vamos entender um pouco melhor como se executa uma estratégia. Vamos em frente!

A Execução da Estratégia

INTRODUÇÃO:

É comum imaginarmos que a parte mais complicada de uma estratégia é a sua definição e a consolidação de um documento formalizando a existência de um planejamento..

Realmente essa é uma etapa muito difícil que demanda resiliência da equipe responsável por fazer isso acontecer.

Entretanto, em minha opinião, o maior desafio de uma organização é a execução dessa estratégia garantindo a coleta de resultados concretos e não se desviando no caminho que conduz a organização ao alcance de seus objetivos.

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VOCÊ SABIA?

Hoje as organizações estão em busca de uma vantagem competitiva sustentável frente a seus concorrentes. Essa vantagem pode agregar muitos benefícios à organização em questão, tais como:

• Maior competitividade;

• Maior lucratividade;

• Resultados acima da média do setor.

Agora imagine uma estratégia mal conduzida dentro da uma grande indústria. Vamos inicialmente pensar que as ideias e o planejamento até que foram bem feitos. Neste caso estou falando de um problema de execução daquilo que foi planejado.

Sabe por onde a implantação das ações de um plano estratégico começa a dar errado?

A partir de uma comunicação malfeita.

Lembre-se que uma estratégia costuma ser realizada por altos executivos ou até mesmo por uma consultoria externa trabalhando em conjunto com estes executivos. As camadas táticas costumam ser envolvidas pontualmente em algumas reuniões e a apresentação e as camadas operacionais são envolvidas mais raramente ainda.

REFLITA:

Agora, imagine você formular uma estratégia sem que as pessoas que realmente serão responsáveis pelas ações previstas não forem corretamente comunicadas sobre os motivos das ações e sobre aonde queremos chegar com elas? Caso isso ocorra, qualquer imprevisto no plano não poderá ser respondido com outra ação para chegar ao mesmo resultado, simplesmente porque ninguém sabe qual era o resultado esperado.

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Outro ponto importante dentro do contexto da execução da estratégia é a definição de metas claras e realistas incluindo indicadores de desempenho associados a estas metas.

Esses indicadores nos ajudarão a saber como estão os resultados das ações implementadas para que os objetivos estratégicos sejam alcançados.

O acompanhamento, a comunicação dos resultados parciais e o envolvimento de todos os colaboradores a partir de ações de comunicação buscam mitigar os riscos de falhas no momento de execução.

IMPORTANTE:

É muito importante manter o foco para que um processo garanta que os resultados esperados sejam alcançados.

Nesse cenário, só tentar não é o bastante!

As Organizações

IMPORTANTE:

Neste momento iniciaremos a abordagem de um assunto muito relevante para as empresas e especialmente importante para a Engenharia de Produção. Vamos falar das organizações.

Estarei particularmente interessado em explicar como as organizações funcionam, qual seu impacto no dia a dia e que tipo de relação a estrutura organizacional de uma empresa pode ter com sua estratégia.

Vamos em frente!

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DEFINIÇÃO:

Segundo Batalha et al. (2008), organizações são um grupo de pessoas que agem em conjunto para atingir um objetivo em comum.

Você deve ter notado que esta definição é bastante ampla. Como neste ebook estamos tratando dos fundamentos da Engenharia de Produção, vou manter a abordagem deste tema dentro da nossa área de conhecimento.

Inicialmente podemos imaginar que a forma como uma organização está estruturada tem muita relação com os resultados que ela pode alcançar. Outro assunto que eu imaginaria se tivesse ouvido este tema pela primeira vez é que a estrutura organizacional pode ser modificada conforme o tempo vai passando e a empresa vai enfrentando diferentes desafios em sua trajetória. Particularmente não consigo imaginar uma empresa que exista há várias décadas que manteve exatamente igual sua estrutura e forma de condução dos negócios.

Hoje, as mudanças estão ocorrendo tão rapidamente que dificilmente uma empresa passa alguns anos sem se reinventar. Ou o nosso cliente ou nossos concorrentes acabam nos pressionando para a mudança.

Ao falar em organização, recomendo que você não pense que esta é uma entidade sem interfaces com o mundo externo e lembre que ela não tem autonomia total na tomada de decisão, pois recebe influências de vários tipos e origens.

Organizações são formadas por pessoas e pessoas têm formas diferentes de raciocínio que guiam seu processo de tomada de decisão.

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Breve Histórico da Origem das Organizações em Nossa Área

É importante entendermos que, pouco mais de 200 anos atrás, a produção de produtos era realizada em lotes muito pequenos e feita por artesãos. O artesão tinha como característica a habilidade de realizar um processo do início ao fim. É fácil você imaginar que, como esse profissional era responsável por todas as etapas de um processo, dificilmente ele era especialista em todas estas etapas, gerando um processo um pouco mais lento de produção.

Já por outro lado, ao ter a mesma pessoa responsável por todo o processo, o nível de customização do produto poderia ser alto, atendendo melhor as necessidades do cliente.

Outro ponto que vale a pena ser mencionado é que a força de trabalho também tinha sua origem na utilização de animais, aumentando o esforço na geração de um resultado que já era demorado.

Com a revolução industrial, tivemos o início da utilização de força mecânica a partir da invenção da máquina a vapor. Este novo cenário agregou uma série de benefícios onde talvez o principal deles tenha sido o aumento da produtividade.

Lembre-se que essa produtividade ocorreu com a especialização do trabalho e a padronização do processo de produção. Como consequência imediata, temos a redução e, em alguns casos, a eliminação da customização dos produtos.

“O cliente pode ter um automóvel Ford de qualquer cor, desde que seja preto.”

A padronização do trabalho fez com que as organizações se transformassem rapidamente e ocorresse um crescimento exponencial no número de trabalhadores dentro das indústrias.

Nesse momento teve início um grande desafio até aquele momento desconhecido nos negócios: Como coordenar centenas ou às vezes

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milhares de pessoas para maximizar o alcance de resultados em uma organização?

O Funcionamento das Organizações

As organizações trabalham por metas e possuem uma sequência de atividades que deve ser realizada a partir da existência de processos (formais ou informais).

As organizações podem ser caracterizadas de inúmeras formas, entretanto, para fins didáticos, vou me concentrar em três tipos:

• Grandes empresas;

• Departamentos ou setores;

• Pequenas empresas.

Olhando esses três tipos, podemos dizer que todos podem ter metas associadas a seus resultados. Um departamento pode ter uma meta que com certeza contribuirá para que as metas da empresa como um todo sejam alcançadas.

REFLITA:

A própria existência das organizações remete ao conceito de uma busca de sinergias entre áreas, processos, pessoas e recursos. A busca de sinergias é um grande objetivo de uma organização.

Ao pensar em organizações, devemos pensar que elas são na verdade grandes sistemas com duas características interessantes:

• Exercem influência e são influenciadas pelo ambiente externo;

• Possuem capacidade de relacionamento com o ambiente externo (clientes, fornecedores, comunidade, governo etc.).

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Um exemplo desse relacionamento é o de uma organização capaz de alterar o ambiente externo com o lançamento de um produto.

Pense no que ocorreu nos anos 1970 com o lançamento do computador pessoal e quais mudanças aconteceram na sociedade com a popularização desse produto nos anos 1980 e 90. A vida das pessoas literalmente mudou!

VOCÊ SABIA?

Não existe uma fórmula mágica para o funcionamento de uma organização. Cada uma delas deve encontrar seu caminho. Muitas vezes essa definição está relacionada aos seus objetivos, características de seus colaboradores ou o perfil de sua gestão.

Minstzberg (2017) buscou racionalizar o funcionamento de uma estrutura organizacional e vou citar para vocês alguns pontos aos quais que ele dedicou especial atenção:

1. Gestores executivos – são os responsáveis pelas decisões estratégicas que são tomadas frente aos diferentes cenários apresentados. Seu poder de transformação no dia a dia da organização é grande e suas decisões podem gerar impacto positivo ou negativo;

2. Camada intermediária – são as pessoas responsáveis por traduzir as decisões estratégicas para o dia a dia da operação. Conforme o nível de especialização da operação, poderemos ter mais ou menos níveis hierárquicos nas camadas intermediárias;

3. Nível operacional – essas pessoas são as responsáveis pela realização das atividades de produção dos produtos. Elas executam processos padronizados e otimizados buscando qualidade e produtividade;

4. Estrutura de apoio – essa estrutura está ligada à realização de atividades importantes, porém fora da estrutura de produção do produto (jurídico, financeiro, recursos humanos etc.).

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Tipos de Organização

Existem vários tipos de organização que podem ser descritos e cada um deles pode traduzir decisões estratégicas de atuação que foram tomadas no passado pelos seus executivos.

Organização Funcional – estas organizações são as mais tradicionais. Neste caso existem áreas e departamentos que atendem uniformemente toda a organização e não existe um tratamento individualizado por produto ou cliente. Existe baixa customização no atendimento, porém sinergia total nas áreas de apoio.

Organização Matricial – segundo o PMBOK 6ª edição (2018), a organização matricial é um modelo híbrido entre a estrutura funcional e projetada. Existe nesse caso forte influência das áreas que respondem pela sinergia dentro da empresa, entretanto muitos temas podem ser conduzidos com alguma customização ou autonomia (grandes projetos, clientes ou produtos específicos).

Organização por projetos – neste caso a prioridade da estrutura é o apoio total aos projetos que estão em andamento. Imagine uma grande empreiteira que está construindo uma hidrelétrica. Nesse momento deve ter ficado claro que a complexidade desse projeto demanda uma visão específica focada ao projeto. É como se existisse uma pequena empresa dentro de uma empresa maior. Existem áreas financeiras, de recursos humanos, jurídica, entre outras exclusivas.

Organização por clientes – este é um caso comum em organizações que produzem produtos que são consumidos por poucos clientes. Imagine uma empresa que fabrica produtos que são adquiridos apenas pelas grandes operadoras de telecomunicações. Ou seja, estamos falando no máximo de 4 ou 5 possibilidades de venda desse produto.

Imagine o quanto seria grave perder um destes clientes somente porque negligenciou um pedido simples feito por um diretor dessa empresa?

Neste caso temos uma estrutura exclusiva para a gestão de cada cliente.

Organização por produtos – esta é uma situação que pode existir em grandes organizações que têm diferentes segmentos de atuação,

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onde seus produtos são tão diferentes que possuem modelos de venda, fabricação e relacionamento com clientes totalmente diferentes entre si. Esse é um caso onde temos boas justificativas para ter estruturas de gestão distintas por portfólio de produtos.

As Organizações e suas Estratégias

Organizações têm como prioridade a formulação de três itens para que sejam consideradas robustas o suficiente para funcionarem bem:

1. Tenham suas estruturas claramente configuradas;

2. Processos maduros, definidos e formalizados;

3. Políticas claras de gestão de pessoas.

É importante observar que as organizações empresariais buscam acima de tudo viabilizar o alcance de seus objetivos estratégicos.

Lembre-se sempre que organizações são formadas por pessoas, assim como as estratégias também são definidas por pessoas, agora imagine que as pessoas que formulam as estratégias são as mesmas que compõem a estrutura organizacional. Temos nesse momento uma alta probabilidade de essas pessoas influenciarem as estratégias e, em casos mais extremos, as estratégias definidas na verdade somente priorizaram a manutenção da estrutura atual. Dessa forma a empresa não teve a capacidade de se reinventar e existe a possibilidade de essa nova estratégia não colocar a organização em uma situação sustentável frente a seus concorrentes.

O contrário também é verdadeiro. Pense que uma nova estratégia foi formulada, e nesta formulação as pessoas que compõem a estrutura atual de gestão não foram envolvidas. Nesse caso, possivelmente, na busca pela inovação, essa estratégia pode provocar uma alteração na

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própria estrutura organizacional, gerando incertezas, mas ao mesmo tempo transformações que poderão colocar a empresa em uma situação de vantagem competitiva sustentável frente aos seus concorrentes.

Com o fim deste capítulo, espero que você tenha percebido a influência entre si dos temas relacionados à estratégia e à estrutura organizacional, cabendo muitas vezes ao engenheiro de produção perceber pontos de influência para que ele mesmo possa adequar seus processos ao novo cenário.

Espero que você tenha gostado destes conceitos.

Agora pense em uma organização que você conhece ou trabalhe e tente pensar em como a estratégia dessa organização influencia sua estrutura.

Bons estudos!

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Definindo o Conceito de Gestão da Qualidade e Desenvolvendo uma Visão de sua Aplicação e Ferramentas

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você estará habilitado a ter uma visão do que é qualidade e quais são os impactos que ela pode causar em uma organização caso seja mal gerenciada. Outro ponto importante será entender quais seriam as principais ferramentas que você pode utilizar dentro do universo de ferramentas disponíveis para que sua empresa possa melhorar ou ser transformada por uma gestão de qualidade eficiente..

A Importância da Qualidade nas Organizações

IMPORTANTE:

A gestão da qualidade aborda um conceito central dentro das organizações que tem relação direta com o atendimento das expectativas de seus clientes, ou seja, tem total relação com a competitividade das organizações.

Diferentemente de algumas décadas atrás, hoje a qualidade se encontra no primeiro degrau da escala de prioridades de um cliente no momento de aquisição de um produto. Um produto sem qualidade sequer entra nas alternativas de aquisição da maioria dos clientes, independentemente de preço baixo ou vantagens adicionais que um vendedor possa oferecer para os clientes.

Alguns conceitos tratados em qualidade se tornaram muito comuns com o passar dos anos. Temas como a gestão estratégica da qualidade,

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qualidade total e normas da qualidade fazem parte do vocabulário do engenheiro de produção.

Outro assunto importante a ser mencionado é a relação entre qualidade e atendimento de normas e procedimentos governamentais ou de instituições de renome na área de qualidade. Posteriormente abordaremos um pouco mais esse assunto, mas neste ponto credita-se à organização sua habilidade de definir e seguir normas e procedimentos visando o alcance de melhores práticas conduzidas pelo mercado assim como o atendimento às condições mínimas solicitadas por setores ou até mesmo governos.

Como você já deve ter notado, a qualidade tem uma função ampla nos negócios e atua como base de uma organização.

Mas como podemos defini-la?

DEFINIÇÃO:

Segundo Carpinetti (2012), a qualidade está associada a características de um produto, como durabilidade e desempenho. Ela também poderá estar associada ao nível de satisfação dos clientes quando comparado à sua expectativa de utilização e, finalmente, também pode ser associada ao desempenho esperado para determinado preço pago pelo produto.

A Relação entre Produtos e Serviços para a Qualidade

Um assunto a ser abordado neste momento é a respeito da relação entre um produto e um serviço associado a este produto.

Lembra que a qualidade pode estar associada simplesmente ao alcance das expectativas do cliente? Será que ao entender as necessidades deste mesmo cliente, na verdade não estamos falando em fornecer um pacote que, além do produto em si, item que originou

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o contato com o cliente, também não seria possível agregar valor com a oferta de serviços? Certamente que sim!

Existem muitos motivos para se agregar serviços a um pacote de venda. Mas, primeiramente, vou tentar te mostrar uma situação real.

Exemplo: Imagine que estamos em uma indústria de fabricação de peças automotivas. Essa indústria fornece produtos para duas grandes indústrias montadoras de veículos conforme a demanda gerada por seus clientes. Para produzir seus produtos ela tem um parque de equipamentos de alta tecnologia.

Note que a maior fonte de preocupação dessa organização é produzir elementos totalmente aderentes às especificações de seus clientes e dentro dos prazos acordados.

Você deve imaginar que qualquer falha em seu processo pode trazer grandes prejuízos para essa organização.

Como forma de reduzir seus riscos, essa empresa, ao adquirir as máquinas de alta tecnologia que viabilizam sua operação, também comprou um pacote de serviços desse mesmo fornecedor com os seguintes itens:

• Treinamento técnico tanto de seus operadores quanto de sua equipe de manutenção local;

• Assistência técnica remota via telefone, ferramentas de videoconferência visando consultas e orientações sobre a utilização dos equipamentos e a resolução de pequenos problemas;

• Suporte local com garantia de resolução de um problema grave em até 24 horas;

• Substituição do equipamento durante manutenção em período superior a 24 horas.

Você acha que, ao comprar os itens acima, uma indústria reduziu seus riscos de não atender seus clientes?

Com certeza!

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É por aí que vem crescendo a demanda pela aquisição de serviços dentro de um processo de compras.

Ao adquirir um pacote de produtos mais serviços, podemos ter um ciclo de relacionamento com o cliente mais longo do que apenas vendendo um produto. Teremos mais oportunidades de contato com os clientes e consequentemente mais oportunidades de negócios.

Com a venda de vários itens, sendo que alguns deles apenas a empresa que originou a venda pode entregar, é possível obter uma margem de lucro mais alta do que na venda somente de um produto, visto que este sofre mais com a concorrência. Copiar um produto costuma ser mais simples do que copiar todo um processo eficiente de atendimento.

Em situações de crise econômica ou problemas específicos de rentabilidade em um setor inteiro, as empresas postergam aquisições, mas investem em serviços de manutenção para prolongar a vida útil de seus equipamentos.

Conforme citado no exemplo acima, a aquisição de bens de alta tecnologia naturalmente demanda por serviços de maior complexidade, relacionados principalmente a treinamento e assistência técnica.

E, por último, um ponto muito importante é que, ao vender um pacote de produtos mais serviços para o cliente, o fornecedor constrói uma relação mais duradoura onde existe dificuldade de troca desse fornecedor sem que uma estratégia de substituição seja elaborada. Essa estratégia costuma levar tempo para ser produzida.

Se no passado o que era realmente vendido era o produto, e os serviços incluídos eram apenas itens geradores de custo, com o passar do tempo, os serviços passaram a ser itens que visavam à percepção de diferenciação a seus clientes, já nos dias atuais, o que é percebido como valor para o cliente é o pacote completo onde tanto o produto quanto o serviço estão incluídos.

A atuação de um fornecedor prestando suporte ou até mesmo executando todas as ações necessárias para que seu equipamento opere

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em perfeitas condições, permite ao cliente focar todas as suas atenções em seu próprio produto, maximizando suas chances de sucesso.

A Gestão da Qualidade

IMPORTANTE:

Os conceitos de qualidade podem ir muito além de uma simples definição. Além de gerar muitas discussões a esse respeito, é importante que você entenda que qualquer discussão a respeito de qualidade parte de uma premissa de que qualidade tem relação com o atendimento de expectativas geradas por outra parte, normalmente o cliente, mas podemos inclusive estar falando de associações, governo, instituições não governamentais e a comunidade em geral.

Supondo que seu cliente tenha conhecimento técnico daquilo que ele precisa, qualidade para ele pode ter relação com o atendimento às especificações que foram encaminhadas a um fornecedor.

Outra característica tem relação com o fato de o cliente não conhecer tecnicamente o produto, mas saber muito bem a utilização que ele pretende fazer do produto. Neste caso a qualidade está ligada à perfeita adequação ao uso.

Independentemente de o produto ter um alto nível de customização ou ser um produto vendido em uma gôndola em um supermercado, cabe ao cliente entender se aquele produto atende ou não às suas necessidades.

Uma visão equivocada que você pode estar tendo neste momento é que seguir padrões de qualidade pode ter um preço alto para a indústria, não é mesmo?

Pelo contrário! Qualidade, quando bem gerenciada, deixa o produto mais barato!

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A seguir, alguns itens que provocam a redução do custo dos produtos ao se optar por ações e planos voltados à qualidade dentro da indústria:

• Evita desperdício;

• Diminui ou elimina o retrabalho;

• Otimiza o trabalho e aumenta a produtividade das pessoas.

A prevenção de erros dentro do nosso processo de gestão da qualidade tem toda a relação com redução de custos.

Ao ressaltar que qualidade é atender às expectativas, podemos afirmar que existe uma associação com entregar tudo o que foi combinado.

DEFINIÇÃO:

A gestão da qualidade busca conduzir uma organização com o objetivo de estabelecer processos e uma cultura voltada à melhoria contínua e, é claro, dos seus resultados.

Para isso, a gestão da qualidade dedica especial atenção às pessoas e aos processos que podem gerar qualquer tipo de impacto para a qualidade.

Nos dias atuais, nenhuma organização pode ser competitiva sem que a qualidade seja um de seus pilares.

Um dos pilares desse modelo de gestão é a atenção total às necessidades dos clientes. Para que essa atenção seja uma prioridade organizacional, cabe às lideranças o comprometimento com a existência de um ambiente de produção voltado às melhores práticas de qualidade.

Toda a organização deve estar comprometida com a eficiência do processo e também com a qualidade do produto final.

Para o alcance das melhorias esperadas, a gestão da qualidade, além do foco natural em pessoas, se preocupa com a formalização de processos muito bem planejados. Para isso segue o modelo de que todo processo deve ser planejado sob a perspectiva de que existem

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entradas, matéria-prima, recursos, controles e ferramentas de trabalho e, finalmente, algumas saídas que visam garantir a entrega esperada.

Para que a qualidade seja sustentável dentro das organizações, a melhoria contínua deve ser estimulada, assim como uma visão macro dos processos e da organização como um todo.

Outro ponto importante é entender que todo o processo de tomada de decisão deve ser feito com base em números e indicadores, lembrando que em uma cadeia produtiva não existe qualidade isolada.

Todas as empresas envolvidas na cadeia devem celebrar um pacto de parceria para a entrega de um produto conforme acordado com todas as partes interessadas no resultado final.

Utilização de Sistemas de Gestão Normatizados

Com a globalização do processo produtivo e entendendo que um produto fabricado no Brasil pode ser consumido em Hong Kong, chegou- se a um entendimento de que não seria produtivo que cada empresa possuísse seus próprios padrões de qualidade.

Dessa forma ocorreu a necessidade da criação de normas internacionais de qualidade.

A ISO (International Organization for Standardization), fundada em 1947, foi uma iniciativa que buscou uma padronização global. A ISO 9001, só para se ter uma ideia, já foi adotada em mais de 160 países.

Falando um pouco mais dessa norma, a NBR ISO 9001 traz os requisitos da gestão da qualidade, entretanto é importante observar a existência de outras normas complementares a ela.

O modelo ISO 9001 adota como prerrogativas principais os seguintes pontos:

• Análise e envolvimento da gestão sobre o andamento dos trabalhos;

• Os procedimentos seguidos para a produção devem ser continuamente avaliados;

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• Devem ocorrer ações que buscam evitar a ocorrência de problemas.

Ou seja, foco na prevenção;

• Existência de treinamentos visando a qualificação dos trabalhadores.

IMPORTANTE:

Muitos benefícios podem ser alcançados a partir da utilização de normas ISO:

• Melhor entendimento da qualidade dentro da empresa;

• Melhoria contínua de processos e trabalhadores;

• Redução de custos de produção;

• Identificação e prevenção de problemas.

Existem outras normas da família ISO que auxiliam a ISO 9001. A NBR ISO 9004 possui diretrizes para a melhoria do desempenho dos sistemas de qualidade e a NBR ISO 19011 possui diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e ambiental.

REFLITA:

A busca pela padronização do entendimento das ações que devem ser tomadas em termos de qualidade é um ponto fundamental na busca pela eficiência e eficácia dentro das organizações.

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Ferramentas da Qualidade

Para que as melhores práticas voltadas à melhoria contínua e à garantia da qualidade dos produtos sejam tomadas, existe uma série de ferramentas que podem ajudar muito na entrega destes objetivos.

Dentre essas ferramentas, podemos citar:

• Fluxograma de processo;

• Diagrama de Paretto;

• Diagrama de causa e efeito;

• Histograma;

• Gráfico de controle;

• Diagrama de correlação.

O fluxograma de processo serve para descrever os processos atuais, onde podemos inclusive descrever as dificuldades existentes e, depois de algum debate, criar um fluxograma, dessa vez com o processo ideal, onde os problemas foram sanados.

O fluxograma é uma ferramenta muito comum no dia a dia das organizações.

Já o Diagrama de Paretto tem uma função bem diferente. Essa ferramenta busca separar fatores relevantes de fatores secundários. Essa separação visa priorizar os fatores relevantes que devem preceder os itens secundários do processo.

Esse diagrama prevê que poucos itens mais relevantes constituem a maior parte dos problemas. A ferramenta também auxilia na priorização dos problemas, sendo que ela considera que por volta de 80% dos defeitos tem sua origem em apenas 20% das causas. Dessa forma o importante é priorizar as causas corretas.

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Figura 4: Diagrama de Paretto

Falando agora do diagrama de causa e efeito (conhecido também como espinha de peixe ou Ishikawa), esse diagrama busca associar um efeito negativo identificado a uma série de causas que podem ser associadas diretamente a esse efeito indesejado.

Figura 5: Diagrama de causa e efeito Mão de obra Matéria-prima

Método

Meio ambiente Medição

Máquinas

EFEITO

Comumente, nesse diagrama são associadas causas possíveis para que o efeito negativo seja gerado. Ao todo se costuma trabalhar

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com seis causas: matéria-prima, máquina, mão de obra, método, meio ambiente e medida. A cada uma destas causas são associados itens para detalhamento delas.

Aplicamos essa ferramenta sempre que um processo não gera o efeito desejado.

Outra ferramenta muito utilizada é o histograma.

Esse item é um gráfico de barras que mostra a frequência com que um dado aparece em um grupo. Essa ferramenta facilita a análise de possíveis distorções em uma linha do tempo.

Já a geração de gráficos de controle, sendo mais uma ferramenta da qualidade, tem como objetivo evidenciar a variação de determinado processo, apontando sua possível falha.

Por último, irei citar para vocês o diagrama de correlação. Esse gráfico busca apresentar uma possível relação entre duas variáveis, dessa forma pode localizar uma relação entre causa e ocorrência.

Exemplo: Pense em um gráfico que apresenta a quantidade de acidentes de trabalho e a compara com três tipos de informação: dia da semana, nível de treinamento do colaborador e idade dos acidentados.

Será que existe alguma relação?

Eventualmente a localização de alguma correlação pode direcionar um processo de investigação mais profundo na busca de uma causa raiz desse efeito indesejado.

NOTA:

A existência de uma correlação não quer dizer que necessariamente existe uma relação de causa e efeito.

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Conclusão: Ao fechar este capítulo, espero ter deixado claro para vocês as várias alternativas para se trabalhar com qualidade dentro de um ambiente de trabalho e a complexidade deste assunto.

Hoje existem departamentos em grandes organizações voltados exclusivamente para a gestão da qualidade.

Lembre-se: Não existe vantagem competitiva sustentável sem que previamente se tenha como base um sistema de gestão da qualidade eficiente.

Bons estudos!

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Entendendo o Significado de Ergonomia e de Segurança no Trabalho assim como ser Capaz de Descrever sua Aplicação Dentro do Ambiente da Engenharia de Produção

INTRODUÇÃO:

Nosso foco neste capítulo é desenvolver o entendimento dos aspectos problemáticos que podem ocorrer na relação do trabalho humano com aspectos produtivos voltados à organização e também ao ambiente tecnológico. Outro ponto importante é abordar o valor que a atenção aos aspectos ergonômicos pode agregar tanto nas condições de saúde do trabalhador quanto nas condições de segurança. .

A Ergonomia – Conceitos e Importância

DEFINIÇÃO:

Com o início da revolução industrial, as grandes indústrias da época tinham a produtividade como sua maior prioridade. Dessa forma os processos de produção eram desenvolvidos pensando na execução de atividades repetitivas e que demandavam baixo nível de especialização para sua execução.

Nesse contexto, muitos aspectos humanos foram negligenciados.

Após um processo de entendimento das consequências para os trabalhadores dessa negligência, teve início um trabalho de estudo das ações necessárias para minimizar os efeitos nocivos que o ambiente de trabalho e os equipamentos de produção podem vir a gerar para os seres humanos.

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DEFINIÇÃO:

Segundo a ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia), a ergonomia é uma disciplina relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas com o objetivo de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema.

Pensando que o ambiente natural sofre constantes modificações para que necessidades sejam supridas gerando um novo ambiente modificado conhecido como ambiente tecnológico, a ergonomia atua justamente na interface humana com este ambiente modificado.

Para atuar nessa interface, é importante entender que a ergonomia manipula conhecimentos multidisciplinares das mais diversas áreas para que ações sejam estabelecidas. Áreas como medicina, engenharias, arquitetura, fisioterapia, psicologia, entre outras agregam conhecimento para que ações voltadas à prevenção sejam conduzidas.

IMPORTANTE:

A ergonomia atua essencialmente com a prevenção de problemas que possam ocorrer com os seres humanos.

ACESSE:

O filme Tempos Modernos, de 1936, apresentará a você o que pode ocorrer caso todos os aspectos ergonômicos sejam negligenciados. Disponível em: https://bit.ly/3kge6ud

Na maior parte das vezes, a ergonomia se preocupa com elementos que estão sob controle direto da organização. Um exemplo é o cuidado com o planejamento da altura da linha de montagem manual de peças evitando que o trabalhador tenha problemas de postura.

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Conforme abordado anteriormente, ao atuar com prevenção, o engenheiro de produção deverá considerar todos os aspectos ergonômicos durante seu planejamento inicial do projeto. Questões ergonômicas devem então ser consideradas por toda a equipe do projeto.

Outro aspecto interessante da ergonomia é o cuidado com uma situação que tem se proliferado muito no cenário de trabalho que é a utilização de home office integralmente ou durante parte do período de trabalho. Embora esse ambiente não esteja dentro da indústria, ele também pode causar danos à saúde do trabalhador e, dessa forma, deverá ser igualmente analisado para que ações sejam tomadas para evitar lesões e acidentes.

Um desafio da ergonomia está na popularização da indústria 4.0.

Seu alto nível de automação, utilização constante de alta tecnologia na interface com o ser humano e busca por alta produtividade pode inserir mais fatores de risco que devem ser priorizados visando não trazer problemas adicionais ao público que atua dentro deste ambiente.

Os Desafios da Ergonomia

Qual seria o principal desafio da ergonomia dentro de um contexto voltado à produção de bens ou à prestação de serviços?

Se eu fosse responder tecnicamente a essa pergunta, eu diria que a ergonomia tem como desafio melhorar as condições de trabalho dos colaboradores.

Mas se pensarmos de maneira um pouco mais informal, eu diria que a ergonomia deveria ajudar as pessoas a se sentirem bem dentro de seu ambiente de trabalho.

Você acha que alguém que se sente bem em seu trabalho pode ser mais produtivo? É claro que sim!

Exemplo: Vamos imaginar que estamos dentro de uma borracharia.

Talvez você tenha estado recentemente em uma delas pedindo para um borracheiro consertar seu pneu.

Já prestou atenção como é o processo de trabalho?

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Primeiro o profissional retira seu pneu e, possivelmente neste momento, ele fez algum esforço. Logo em seguida, ele foi tentar localizar o furo, sendo que deve ter colocado seu pneu em um recipiente com água “parcialmente” limpa sem que sua mão estivesse protegida.

Continue pensando em como ele consertou o pneu e, logo em seguida, no processo de troca do pneu do seu carro onde mais esforço físico foi feito.

REFLITA:

Aquele local pareceu seguro? Você acha que as condições de trabalho inspiram motivação para aquele profissional?

Existe hoje uma série de fatores que devem ser foco de um engenheiro de produção para que as condições de trabalho do colaborador sejam adequadas.

Ao instalar equipamentos, é necessário, mesmo antes de fazer o processo de aquisição, se certificar se esses produtos condizem com as normas e os aspectos voltados à segurança do trabalho.

Já em relação aos aspectos voltados à comunicação entre trabalhadores, precisamos manter atenção aos níveis de ruído e também à forma com que as informações devem ser fornecidas para que o receptor da informação consiga entendê-la adequadamente.

Um ponto que não pode ser esquecido são os aspectos de interface humana – máquinas que podem gerar acidentes ou operação indevida gerando retrabalho e estresse. Sim, danos psicológicos também devem ser tratados pela ergonomia.

Atividades que requerem deslocamento com pesos hoje devem inclusive estar concernentes às regras para que a empresa não seja punida. A acessibilidade para os mais diversos públicos deve ser pensada.

Você já deve imaginar que, com o passar dos anos, cada vez teremos mais profissionais idosos em nosso ambiente de trabalho, o que só tem a agregar positivamente ao nosso dia a dia, não é verdade?

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O layout de uma unidade industrial deve ser cuidadosamente pensado e a iluminação adequada pode aumentar os índices de produtividade.

Ambientes naturais também devem ter a atenção do engenheiro de produção. Excesso de sol, chuva ou vento pode colocar o trabalhador em condições inseguras ou causar problemas em sua saúde.

A seguir, alguns pontos de atenção que a ergonomia deve acrescentar durante a etapa do projeto:

• Cuidado com as operações manuais;

• Atenção aos espaços onde temos a movimentação de pessoas;

• Cuidado com o fluxo de robôs na indústria, pois já ocorreram casos de acidentes com morte provocados por erros de segurança e isolamento de ambientes;

• Sempre é necessária a proteção de máquinas e a inserção de sinalização adequada;

• O layout da indústria deve ter uma atenção especial nesta etapa.

Ergonomia – Trabalho e Produto

Dentro do dia a dia do trabalho existe uma série de ações que podem contribuir negativamente para a saúde dessa pessoa.

Mas primeiro deixa eu te fazer uma pergunta: Você, dentro do seu ambiente de trabalho, executa exatamente o que está previsto para fazer dentro de um procedimento?

Arrisco-me a dizer que talvez você tenha dito não.

REFLITA:

Mas, se a ergonomia é baseada na prevenção, e para prevenir acidentes e problemas devemos desenvolver procedimentos que devem ser seguidos, como então podemos resolver esse problema?

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A primeira coisa que você precisa entender é que uma coisa é o trabalho planejado e outra é o trabalho real. Esses dois itens costumam se diferenciar devido a características pessoais de cada trabalhador e também à própria estrutura organizacional que pode facilitar ou dificultar que o trabalho planejado seja executado.

A padronização costuma ser reproduzida a partir de um treinamento eficaz, mas o comportamento de cada pessoa costuma gerar atividades adicionais ou diferentes do que havia sido planejado.

Monitorar o dia a dia do trabalhador em uma situação real pode auxiliar na elaboração de planos que permitam produzir situações adequadas a um ambiente real de trabalho e não apenas a um ambiente imaginário.

Um tema interessante é o fato de ultimamente muitas organizações se preocuparem com o estabelecimento de indicadores de monitoramento.

Estes indicadores podem nos ajudar a entender a complexidade do problema ergonômico dentro da indústria.

Ao entender o problema, o profissional responsável pela adequação das condições de trabalho deve fazer um plano que busque a eliminação de situações de risco e em seguida acompanhar sua implantação.

VOCÊ SABIA?

Existem várias normas que auxiliam na elaboração desse tipo de plano, sendo que a NR 17 é uma delas. Esta norma tem uma abordagem ampla e detalhada dos aspectos ergonômicos no ambiente de trabalho.

Outro tema crítico para a ergonomia é sua influência dentro do projeto de um produto. Neste caso podemos chamar essa área de conhecimento de ergonomia do produto.

Esse tema tem muita relação com a engenharia do produto e, consequentemente, com o desenvolvimento de novos produtos.

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A seguir, alguns aspectos importantes em um novo produto:

• Estéticos – o visual do produto está dentro das expectativas ou até mesmo é capaz de superar as expectativas do consumidor?

• Ergonômicos – as condições de uso do produto podem causar lesões ou até mesmo acidentes?

• Técnicos – o produto concerne às especificações técnicas previstas?

Para que as ações ergonômicas sejam eficientes dentro do processo de desenvolvimento de novos produtos é necessário primeiramente entender as necessidades ergonômicas de quem irá utilizar esse produto, sendo que testar as interfaces com o consumidor é importante para verificar se a situação planejada condiz com a situação real. E, finalmente, após o lançamento de um novo produto, cabe ao projetista entender as possibilidades de melhoria de um produto pensando no lançamento de uma nova versão ou alguma necessidade de correção em um processo de pós-venda.

Um tema importante é a garantia da usabilidade de um produto.

Neste caso, duas perguntas devem ser respondidas: O produto é fácil de utilizar? Sua utilização é segura?

Várias ferramentas são utilizadas para garantir a usabilidade de um produto, entre elas a observação de como um consumidor utiliza um produto, entrevistas e até mesmo um grupo de foco (focus group) onde as expectativas e necessidades do consumidor são exploradas mais a fundo.

O fato é que, hoje, aspectos ergonômicos são fundamentais para que o lançamento de um produto seja bem-sucedido, e desconsiderar a ergonomia no dia a dia da indústria pode gerar lesões, faltas no trabalho, acidentes, ações trabalhistas e baixa produtividade.

Entendeu o conceito?

Vamos em frente!

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Segurança no Trabalho

INTRODUÇÃO:

Por muito tempo, as ações voltadas à segurança no trabalho eram praticamente ignoradas no Brasil. Graças a esta postura, infelizmente alcançamos índices alarmantes de acidentes de trabalho em todos os setores. Devido ao próprio ambiente industrial envolvendo máquinas, linhas de produção e situações de risco, esses índices eram também críticos no setor industrial..

DEFINIÇÃO:

Segundo Batalha et al. (2008), segurança do trabalho é o campo do conhecimento que lida com as doenças e acidentes do trabalho no intuito de prevenir suas ocorrências.

Dentro do tema voltado aos riscos de acidentes, o engenheiro responsável pela gestão deste assunto tem grande foco de atenção na análise dos riscos envolvidos. Assim, visando prevenir a ocorrência de acidentes, cabe à gestão a identificação e a análise periódica dos riscos, a definição de estratégias e planos de ações para eliminar estes riscos e a utilização de técnicas de controle que visam entender a probabilidade e o impacto da ocorrência de determinado risco.

O trabalho executado na área de segurança envolve principalmente dois pontos:

• Prevenção de acidentes;

• Mitigação de acidentes.

Depois de muita discussão a respeito de segurança dentro do ambiente de trabalho, hoje está claro que a eficiência na produção e a segurança no trabalho estão correlacionadas.

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Ao se preocupar com a segurança do trabalhador e não apenas com o cumprimento de leis, a produtividade e a motivação dentro do ambiente de trabalho melhoram.

Programas de prevenção a riscos e ações voltadas à ergonomia são dois exemplos de ações positivas que contribuem para a segurança dentro da indústria.

Assim como os riscos, o desempenho da segurança dentro da indústria pode ser medido tanto quantitativamente quanto de forma subjetiva a partir de observações e pesquisas qualitativas.

A atenção aos detalhes no envolvimento de equipes multidisciplinares e planejamento exaustivo pode evitar acidentes com grande impacto onde até mortes podem ocorrer.

REFLITA:

Imagine uma situação onde ocorre um acidente grave dentro de uma linha de produção com um colaborador.

Quais os impactos deste acidente, além do impacto óbvio para o próprio colaborador e também para sua família?

Imediatamente ocorrerá queda na motivação da equipe, afinal de contas, além de ver um colega de trabalho se acidentando, todos percebem que trabalham em um ambiente inseguro. Será que seus clientes se sentem seguros em adquirir produtos de uma empresa que não prioriza a segurança de seus trabalhadores? E a sociedade? Existem riscos de a imagem da empresa ficar arranhada dentro de seu raio de atuação?

Você já deve ter percebido que o volume de riscos envolvidos com a falta de atenção às atividades voltadas à segurança do trabalhador é muito alto para ser considerado, dessa forma faz muito mais sentido que a organização dedique tempo e dinheiro para este assunto.

Bons estudos!

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Analisando Cases de Situações Envolvendo Temas Voltados à Engenharia de Produção e Associar as Responsabilidades de Profissionais Dentro de Cada Atividade

INTRODUÇÃO:

Neste capítulo nosso foco será em aprofundar o que já estudamos em situações práticas, onde os conceitos são utilizados no dia a dia e com isso serão feitas associações entre prática e teoria. Os exemplos citados são reais, com pequenas adaptações, para se alcançar objetivos didáticos..

A Indústria de Carnes e o Papel do

Engenheiro de Produção na Melhoria das Condições de Trabalho

DEFINIÇÃO:

A Engenharia de Produção está presente nos mais diversos tipos de indústrias promovendo otimizações, aumento de produtividade, alteração nas estratégias de produção, renovação da tecnologia e novos produtos e processos.

Achar que após iniciada uma linha de produção não ocorrerão alterações durante um longo período é um erro.

Novos processos podem ser desenvolvidos, os concorrentes adotam estratégias agressivas que precisam ter uma resposta e o desenvolvimento tecnológico pode apresentar, a qualquer momento, novas opções que possibilitem uma melhoria na relação custo/benefício da produção, gerando uma lucratividade ainda maior do que a prevista inicialmente.

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Tudo isso aponta a necessidade de profissionais comprometidos e preparados para transformar um processo e liderar equipes em direção a caminhos alternativos de trabalho.

Pensando em novas oportunidades de melhorias em uma indústria já existente, abordaremos um caso dentro de uma indústria de carnes suínas responsável pela comercialização de cortes in natura, carne industrializada e subprodutos como farinha e óleo derivados do seu processo produtivo.

Descrição da Indústria

Essa indústria tem por volta de 3.000 funcionários e é especializada na industrialização de carne suína, sendo que diariamente abate 6.000 suínos de 126 kg cada um.

Podemos afirmar que ela tem um bom nível de maturidade, porém com muitas oportunidades de crescimento.

A área de PCP (Planejamento e Controle da Produção) é provida de sistemas especialistas que fornecem informações em tempo real a respeito da produção. Existem interfaces com as áreas comerciais (mercado interno e exportação) e as áreas operacionais (abate, desossa, cortes especiais, produtos industrializados) possuem processos monitorados por um Escritório de Processos interno. Novos projetos são desenvolvidos por uma área de projetos e existe uma equipe de P&D atualizada com as novidades do mercado.

Além dos itens citados, essa organização possui um controle eficiente de sua cadeia logística com frota própria e terceirizada e também controla sua armazenagem para produtos resfriados e congelados com sistemas de controle.

Sua área de manutenção é atuante e executa manutenções corretivas, preventivas e preditivas com empresa terceira que atua sob contrato em equipamentos específicos.

Sua área de RH investe em atualizações contínuas e desenvolvimento de carreiras.

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Hoje essa indústria pode se considerar no caminho da indústria 4.0, no caso de focar ainda mais seus investimentos em automação e controle.

O Fornecimento de matéria-prima

Antes de abordar o que acontece dentro dessa indústria, é importante observar que existe um volume relevante de fornecedores envolvidos no processo que permite a entrega de 6.000 suínos/dia para serem abatidos durante 6 dias por semana.

Entenda primeiramente que os produtores responsáveis por engordar os suínos até o peso de 126 kg neste caso não criam esses animais desde seu nascimento; eles compram leitões de 23 kg e atuam na engorda dos animais.

Visando garantir a qualidade da carne que será entregue posteriormente, a indústria, a partir de contratos com dezenas de produtores, estabelece regras rígidas de controle da produção gerada por cada um deles.

Primeiramente, logo no recebimento dos leitões, todos eles são pesados e recebem um código de identificação. Existe um sistema que transmite os dados de origem dos animais e peso de cada um. Além disso, são definidos lotes de controle para que se inicie um processo de rastreamento desde a matéria-prima até o supermercado que vende o produto acabado.

Esse sistema foi especificado pela equipe de engenheiros responsáveis pelo controle de qualidade da matéria-prima e um projeto específico foi conduzido para adquirir esse sistema. A especificação foi realizada com o envolvimento de muitas áreas dentro da indústria e um benchmark internacional foi realizado para garantir que os objetivos esperados pudessem ser alcançados. A área dentro da Engenharia de Produção que comanda esse tipo de desafio é a Engenharia de Produto.

Antes desse controle, a equipe de produção da indústria percebia que não existia uma padronização adequada dos suínos que chegavam, sendo que ocorria variação nos pesos e nos percentuais de gordura, gerando um produto fora das especificações dos clientes.

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Hoje já é possível, com base em um planejamento comercial, apontar quais produtores produzirão suínos com determinadas características para atender um cliente específico na Ásia.

Tenho quase certeza que você não sabia que isso era possível, não é?

Mas o sistema tem mais funções.

Lembre-se que estamos falando de animais vivos, e estes animais precisam ser protegidos com vacinas e, caso adquiram alguma enfermidade, eles precisam ser medicados.

Você já deve imaginar que não é qualquer vacina ou qualquer remédio que pode ser utilizado.

Nesse momento, com base na produção de leitões, nas quantidades de animais em cada propriedade e no histórico de doenças e necessidades de proteção incluindo condições do ambiente, se desenvolveu uma cadeia de fornecimento de medicamentos proveniente diretamente dos fornecedores.

Um processo rígido de desenvolvimento de fornecedores, definição de tempos máximos para fornecimento de medicamentos e preços competitivos devido ao alto volume de pedidos foi criado pela equipe de compras em conjunto com a assistência técnica dos produtores.

Novamente, essa foi mais uma ação em busca da garantia da qualidade e da padronização.

A ração fornecida aos leitões até o momento de transportá-los para o abate é da mesma forma controlada e ocorre um treinamento de todos os funcionários de cada unidade produtora.

Com a padronização da produção e o treinamento exaustivo das equipes, alcançou-se um nível de produtividade referência no segmento e com a produtividade veio uma redução nos custos de produção devido ao volume produzido.

Custos menores e produtividade em alta com garantia de compra de 100% da matéria-prima produzida em contratos de longo prazo permitem à indústria também a redução de seus custos com a aquisição de suínos.

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Todo esse controle e padronização já garantem uma vantagem competitiva na porta de entrada do abate de animais.

Mas vamos voltar um pouco mais na nossa cadeia produtiva.

Lembra que comentei que o produtor comprava um leitão de 23 kg para engordá-lo e entregar na indústria para abate?

De onde será que vem esse leitão?

Por incrível que pareça, para alguém que não tem um conhecimento prévio da indústria de carnes suínas, o leitão vem de uma unidade produtora de leitões! Isso mesmo.

É um negócio com alta padronização, processos maduros e uma unidade inteira construída com intenso planejamento protagonizado pela Engenharia de Produção!

Esses leitões nascem a partir de um processo de inseminação com sêmen adquirido de um mesmo fornecedor em um rígido controle de qualidade.

Com o nascimento dos leitões, novamente ocorre um controle da ração e dos medicamentos utilizados. Tudo via sistemas de informação com transmissão on-line para uma central de controle.

O crescimento dos leitões é monitorado e qualquer desvio no processo sofre uma investigação imediata.

Cada lote de leitões já tem seu destino planejado para cada produtor.

Novamente a rastreabilidade da matéria-prima é uma prioridade, afinal, estamos tratando de alimentos de consumo humano.

Com o fim desse ciclo de produção de suínos aptos para o abate, temos uma etapa de transporte desses suínos para a indústria.

Toda a logística é controlada pela indústria.

Os caminhões são pesados e vistoriados e só podem deixar a indústria em direção a propriedades rurais previamente definidas após um processo de inspeção com um preenchimento de um check list. Todos os

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caminhões foram adequados para o transporte de animais e, ao carregar o lote e fazer o caminho de volta, ele é novamente pesado.

Lembra das normas regulamentadoras que comentamos em nosso ebook?

Temos que seguir muitas em todo esse processo.

A adequação às normas envolve investimento financeiro, mas também gera garantias relacionadas ao bem-estar animal, segurança do trabalhador, controle de medicamentos, entre outros temas. Esse é um investimento necessário e importante que deve ser planejado e implantado pelo engenheiro de produção.

Nesse momento temos um lote de suínos vivos na porta de entrada de nossa indústria esperando pelo abate.

Ou seja, agora vamos começar nossa jornada dentro da indústria.

Vamos juntos!

A Entrada na Indústria

Neste capítulo abordaremos as etapas iniciais do processo produtivo, chamadas de abate e desossa. Nosso foco agora é apresentar e podermos garantir que um processo eficiente de rastreabilidade e produtividade na produção de matéria-prima não sofra perdas com a troca de ambiente produtivo.

Posteriormente, neste ebook, seguiremos adiante dentro da indústria cobrindo todo o seu funcionamento até o momento em que os produtos deixam a unidade e se encaminham para os distribuidores.

Com o caminhão carregado com suínos entrando na unidade, inicia o processo de controle com o objetivo de não perder a rastreabilidade dos animais.

O caminhão é novamente pesado em uma balança automatizada para comparar pesos da saída do caminhão vazio e retorno do caminhão lotado. Em seguida, temos o início do processo de descarga dos animais, separação dos lotes e início do abate.

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A primeira coisa que você deve saber nesse momento é que, em indústrias exportadoras de alimentos, os critérios de controle são ainda mais detalhados do que empresas que atendem apenas o mercado interno.

Cabe ao engenheiro de produção entender as características exigidas pelo governo, assim como as exigências dos países que irão receber os produtos acabados.

Tudo isso deve ser planejado antes do início das atividades de produção.

Lembra que conversamos sobre o respeito às regras de bem-estar animal no início deste estudo?

Logo no abate você perceberá que existe um equipamento específico para executar um abate sem dor. A simples parada desse equipamento pode interromper todo o ciclo de produção.

Ao ser abatido, o animal é colocado em ganchos que identificam o lote e a propriedade que originou o suíno.

Lembre-se: Não podemos perder esse controle!

Ainda dentro do abate, o animal continua na linha e alguns processos de limpeza garantem que o suíno esteja preparado para iniciar o processo de desossa e produção de cortes especiais.

Ao entrar no ambiente de desossa, percebemos uma mudança radical no cenário.

Começamos a identificar dezenas de pessoas com facas afiadas cortando os animais e separando partes específicas para que alguns cortes especiais possam ser embalados e despachados para outras áreas dentro da indústria.

Você deve imaginar que existe um grande risco de acidente de trabalho nesse momento.

Muitas pessoas juntas, um processo repetitivo, uma linha de produção em movimento podem causar dor de cabeça para o responsável pela segurança do trabalhador. Lembre-se que nesse momento muitas

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