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EDITORIAL SEMEADORES DA INFÂMIA

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Academic year: 2021

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“À noite, veio o inimigo e semeou o joio na lavoura de trigo” (MT 13, 28) Há algum tempo, a imprensa noticiou com estardalhaço a existência de casos de pedofilia em uma tradicional escola infantil da capital paulista.

Proprietários idôneos, pedagogos de escol que tiveram, de uma hora para outra, seus nomes e o de sua renomada instituição, toda uma história e um notável trabalho educacional de décadas, jogados na lama. Após apuração policial e judicial, foram inocentados. As acusações eram improcedentes, falsas, caluniosas.. Mas, a esta altura, tinham perdido tudo: o conceito social e profissional, a reputação e honorabilidade da escola, todos, diretores e funcionários juntamente com familiares,execrados publicamente. E quem lhes irá devolver isto ?! Os caluniadores ?! A imprensa sensacionalista ?! A opinião pública manipulada emocional e doentiamente pela mídia e por uma impensada e desvairada avaliação (prejulgamento) ?! A justiça ?

Isto nos faz pensar na indústria criminosa e infamatória de boatos, intrigas, noticias que geralmente alimentam a enferma imaginação pública e chegam até à mídia, quando não às delegacias de policia e aos fóruns e tribunais. Uma informação maldosa ou “plantada”, um assunto malicioso, as venenosas fofocas e tititis, sabe-se saídos de onde e com que intenções, são propagados, levando de roldão, reputações alheias, conspurcando consciências, promovendo cizânias, enlameando lares e instituições, provocando até mesmo crimes.

Alguém imprudente, malévolo, manuseando simples – na verdade difamatórias e pérfidas – palavras, acende um rastilho de pólvora gerando incêndios de imprevisíveis conseqüências pessoais, sociais e morais.

Com isto, infâmias assacadas de bocas e mentes irresponsáveis acabam por ferir direitos constitucionais, universais e humanos, pois as pessoas, famílias e instituições caluniadas e vítimas de comentários infundados não podem, muitas vezes, se defender. São simplesmente linchadas pelo anonimato, pelas sombras trevosas, por cochichos e conchavos macabros, que lhes enxovalham a honra e os condenam ao opróbrio sem o mínimo direito de defesa.

E ainda que fatos levantados tenham, eventual ou remotamente, alguma fundamentação, ainda assim a caridade cristã, o espírito de humanidade nos sugerem admoestações reservadas e fraternas, a compreensão e a solidariedade. Enfim, o silêncio. Se houver algo ´passivel de condenação legal, há para tal tribunais próprios. Ou ainda a velha máxima: “ninguém tem nada a ver com isto”. Nós, pessoalmente, não somos e nem podemos ser juizes de ninguém. Sequer o Cristo o foi. “Quem me atribuiu a função de juiz entre vós ?!”

(Lc 12,14)

Não podemos nos esquecer que todos nós, indistintamente, temos telhados de vidro. Todos portamos rabos de palha e que podem pegar fogo a qualquer instante., como se dizia outrora. Todos temos nossas falhas, nossas imperfeições. Quem fomenta uma calúnia ou ajuda a espalhá-la deve lembrar- se que ele e familiares poderão também ser vitimas – e o serão fatalmente - de seus deploráveis atos. O feitiço, uma hora, virará contra o feiticeiro. Quem semeia ventos, colhe tempestades, nos diz também a sabedoria popular. Quem dá guarida a zunzuns e a difamações e as divulga, é também cúmplice de um crime acintoso, é um ladrão da dignidade alheia.

A incidência lamentável de calúnias e boatos acaba por aumentar os pecados individuais e coletivos. Formam-se miasmas verbais e mentais, pântanos malcheirosos em que proliferam os micróbios ignóbeis da miserabilidade humana. Muitos fofoqueiros agem por despeito, por inveja, por interesses pessoais, profissionais e de negócios. Incapazes e inaptos para se contraporem às qualidades superiores do oponente, simplesmente buscam atingi-lo através da calúnia e do anonimato. O desamor fala mais alto!

Pessoas cultas, até com missões sublimes de formar, de exemplificar, de construir e propagar o saber e de comandar, tornam-se também instrumentos lamentáveis de maledicências, disse-me-disse, que culminam em falsidades e injúrias. E depois farisaicamente exigem respeito profissional, social... O boateiro não escolhe categoria social, local por mais sagrado, para suas invectivas contra a dignidade do próximo. Esconde-se no anonimato criminoso, no burburinho pestilencial das “rodas”, dos “bate-papos”, dos “intervalos” ou ao pé-do-ouvido, em que a malícia, a infâmia correm soltas.

A calúnia é, segundo alguns psicólogos, uma satisfação simbólica, um recalque ou contrapeso ao ciúme, ao despeito, à nossa impotência e incompetência. Fere-se o próximo, uma instituição ou grupo ou mesmo toda a sociedade, expondo-os à abominação, nos inflamamos de emulações, porque o(s) invejamos.

Uma vantagem, contudo, há no boateiro pusilânime. Tal qual ocorre com os fanáticos religiosos e terroristas que, em sua degradação e detestável covardia, matam e explodem, o fofoqueiro nos força a ficarmos vigilantes, a permanecermos em alerta. O boateiro, um terrorista que usa a palavra como bomba, pode explodir nossa honra a qualquer instante e geralmente com a triste cumplicidade de parte da sociedade.

Vigilância, pois, ante tais marginais e vândalos! Víboras e hipócritas, na linguagem do Evangelho (Mt 15,7).

SEMEADORES DA INFÂMIA

AO PÉ DA FOGUEIRA

Fatos pitorescos, históricos, lendários, folclóricos etc...de São Tiago e região

Boletim Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região | Ano IV . N° XLV . Junho de 2011

Acesse o Boletim online no site www.portalsaotiago.com.br

EDITORIAL

Em finais da década de 1970, clinicaram em São Tiago dois médicos, Drs. José Maria Correia e Dr. Marcos, pai e filho respectivamente. Atendiam no Hospital S. Vicente de Paulo.

O pai, Dr. Correia, sessentão à época, figura polêmica, oriundo, segundo se dizia de vários casamentos e relacionamentos e com passagens e “rolos” por várias cidades do País. Aqui chegou acompanhado de uma jovem. Era muito exigente com relação a honorários, afirmando assim agir por ter que pagar pensões alimentícias a várias ex-esposas ou companheiras. Entrou, desta forma, em conflito com órgãos como Funrural, IPSEMG, Prefeitura, etc. pois insistia em cobrar consultas e exames à parte de pacientes acobertados por convênios. Dado a bebidas sofisticadas, carros vistosos e outras extravagâncias.

O filho, Dr. Marcos, era obstetra e vivendo à sombra do pai, se expunha

os traços da pobreza, do desmazelo e da...

feiúra! Um quadro humano que ali chamara a atenção de todos, em particular do médico.

Realizado o parto, aliás transcorrido plena e satisfatoriamente, mãe e filho em bom estado e devidamente acomodados na enfermaria especial, Dr. Marcos dirige-se às enfermeiras: - Gostaria muito de conhecer o pai desta criança... Um herói, diga-se de passagem...

Uma das dedicadas auxiliares ali redargue: - Mas, para quê, doutor

?! Sabemos já que é mãe solteira...

(2)

O que é o que é?

1

-Qual é o país que vive na granja e a capital no pomar?

2

- Como é que os antigos navegadores viajavam à noite?

3

- Como se chama um piolho na cabeça de um careca?

4

- Por que é que o português comprou um pijama para andar de moto?

Respostas: 1- Peru/Lima; 2- Com o barco a vela; 3- sem teto; 4- para poder entrar deitado nas curvas;

Provérbios e Adágios

O cão ladra, a caravana passa

Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas Escava o poço antes que tenha sede

Por maior que seja a montanha ela não pode tapar o sol

EXPEDIENTE QUEM SOMOS:

O boletim é uma iniciativa independente, necessitando de apoio de todos os São-Tiaguenses, amigos de São Tiago e pessoas comprometidas com o processo e desenvolvimento de nossa região. Contribua conosco, pois somos a soma de todos os esforços e estamos contando com o seu.

Redação: João Pinto de Oliveira e Elena Campos

Apoio: Ana Clara de Paula e Angela Carolina Ribeiro Costa E-mail: credivertentes@sicoobcredivertentes.com.br COMO FALAR CONOSCO:

BANCO DE DADOS CULTURAIS/INSTITUTO SÃO TIAGO APÓSTOLO

Rua São José, nº 461/A – Centro – São Tiago/MG CEP: 36.350-000 – telefone: (32) 3376-1107 Falar com Angela Carolina Ribeiro Costa

Apoio Cultural:

Realização:

Patrocínio:

NOTAS

1. “Quinzinho Cego” – A matéria sobre o sr. Joaquim Campos Filho, o Quinzinho Cego, publicada em nosso boletim, edição nº 32, Maio/2010, merece até os dias atuais, entusiásticos comentários por parte de nossos leitores.

Fomos assim informados que o sr. Quinzinho, exímio artesão, confeccionava também piorras, bilboquês, gaiolas e outros utensílios e brinquedos, utilizando-se de qualquer material disponível (madeira, taquara, cipó, bambuaçu, etc.).

Foi-nos narrado, igualmente, que, certa feita, residindo na Fazenda das Gamelas, então de propriedade de sua irmã Conceição, casada com o sr. João Rodrigues, e achando-se o imóvel em reformas, Quinzinho subira inexplicavelmente até o telhado, sendo localizado, após intensas buscas e para desassossego dos familiares, dormindo sobre um precário engradamento, praticamente no ar...

2. Pe. Tiago de Almeida – Fomos informados que a antiga revista O Cruzeiro, de circulação nacional, publicou, em uma de suas edições, matéria intitulada “Alfabetização em 11 horas”, sobre o método FDB criado por Pe. Tiago para a alfabetização de adultos. Fica aqui registrada a menção, para pesquisadores e interessados na notável obra de Pe. Tiago (ver matéria em nosso boletim, edição nº 38,

Novembro/2010),que queiram ou tenham condições de localizar exemplares da revista, talvez com colecionadores, arquivos ou bibliotecas.

3. Município de São Tiago contemplado com excelente classificação em gestão pública – Nosso município alcançou expressiva classificação dentre o conjunto de municípios brasileiros analisados quanto aos índices de responsabilidade fiscal, social e de gestão – edição 2009. Os estudos foram realizados pela Confederação Nacional de Municípios, tendo São Tiago alcançado a 16ª classificação no ranking nacional no quesito “eficiência na gestão” e a 3ª no âmbito de nosso Estado (abaixo apenas dos municípios de Toledo e Lagoa Dourada).

O estudo mostra que os municípios brasileiros mais em destaque e boa performance são os gaúchos, o que denota o empenho quanto à crescente conscientização de nossos administradores e extensivamente da comunidade no tocante à responsabilidade fiscal, social e de gestão. A avaliação avalia que o grande desafio para os nossos municípios é melhorar a receita/arrecadação própria, ampliar a capacidade de investimentos em especial na área de infraestrutura, ao lado de firme atuação na área social. Em suma: Gestão eficiente.

Nossos cumprimentos ao sr. Denílson, nosso laborioso prefeito, a toda a sua equipe e à comunidade em geral.

(3)

Menino órfão guerreiro, que na vida foi estudar Para medicar.

Estudou para seus remédios fabricar.

Com seu pai farmacêutico, aprendeu, a arte de remediar.

Todos o procuravam, para indicar.

Atendia na cidade, ou na roça.

Com carinho, experiência, curava o pobre, o rico, os velhos,

as crianças, os mais necessitados, Fazia partos...

Curou muitas doenças crônicas da época:

A tuberculose, o tétano, a tifo e outras como:

O sarampo, a coqueluche, a varicela, a catapora, a caxumba.

Os ofendidos por cobras e escorpiões.

Os capitães, os coronéis e os menestréis.

Sua cura era feita pela leitura do seu livro de cabeceira:

O Chernoviz de 1900. Ainda intacto, até hoje;

virou relíquia na Biblioteca pública municipal.

Fazia remédios, fabricava pomadas, xaropes e emplastos.

Aplicava injeções.

Comprava ouro – sua balança de pesar remédios e gramas de ouro,

seu aparelho de injeção intacto pelo tempo – permanece até hoje.

Danificado pela falta de uso.

Ele era o nosso médico.

Curar... curar... curar... Aliviar.

Era o seu lema.

Atendia com ou sem dinheiro.

Sabedoria de um médico na simplicidade de um homem.

Além de farmacêutico,

Foi o 1º vice prefeito em 18/04/1949 a 18/04/1953;

O primeiro provedor do nosso hospital;

Presidente da Conferência São Vicente de Paula.

A 09 de maio de 1960. Há 50 anos, a cidade ficou surpreendida

com a morte repentina do nosso “Sô Henrique.”

Seu nome e seu trabalho Ficaram guardados na história de todos os

sãotiaguenses,

a memória dos filhos, José e Messias, Antonia, dos netos,

sobrinhos, primos, a lembrança, a recordação, a saudade...

De Izabel a empregada fiel.

Dentre tantas lembranças.

O seu nome permanece gravado numa rua e na Escola Estadual Henrique Pereira Santiago, que

este ano comemora 25 anos de vitória.

Bodas de Prata, data imortal – 10 de abril de 1985 Data de inauguração

Que ficará para sempre gravada na nossa história o nome da nossa Escola.

Daisy – 14/04/2010

Aqui estou feito caxeiro Desse hotel bastante imundo

Antes ser fogueteiro Que viver assim no mundo

Meu patrão é o Zé Maria É mais burro que uma porta

Tudo aqui é porcaria E a freguesia não se importa Temos carne seca com quiabo

Dobradinha com feijão Belo caldinho de nabre Entrecosto de leitão Temos nervo a milanesa

Macarrão italiana E no fim por sobremesa Queijo podre com banana

A mulher do Zé Peçanha Deu aqui um grande estrilo Na fritada ao invés de banha

Botou sebo de grilo Foi queixar-se a polícia

E falou a vizinhança Que até dentro da lingüiça

“Sô Henrique” de pé em sua farmácia – década de 50 – e sentado: Sr. João Reis

Denúncia

“Sô Henrique”,

Henrique Pereira Santiago, Nasceu em 06 de junho de 1897

Na década de 30, precisamente em 36, quando eu estava com 8 anos de idade, recebi, como tarefa escolar a obrigação de decorar essa poesia para recitá- la num teatrinho da escola que funcionava na Fazenda Saudade de Zélia e que tinha como alunos os meus amados irmãos e como professora a tão querida e saudosa Dona Glorinha, minha segunda mãe.

Me lembro ainda do bom desempenho que tivemos no cumprimento de nossas tarefas e que, em consequência disso, recebemos calorosos aplausos por parte da numerosa platéia que se fazia presente. Estou dizendo isso por que a saudosa lembrança da minha infância que sempre me ocorre, me dá a certeza de que é relembrando o passado que nos sentimos de novo impulsionados a viver.

(4)

FESTAS DE SÃO TIAGO, NOSSO PADROEIRO

Terra e população sob a égide espiritual e o chapéu milagroso de São Tiago Maior, ( culto e devoção já de três séculos, aqui introduzidos segundo a tradição por mineradores espanhóis no ano de 1708), nosso Município promove anualmente, no mês de Julho, as solenes festividades e efemérides em honra ao seu glorioso patrono.

A Igreja local desenvolve, desta forma, com a maciça participação e afeição popular, extensas e expressivas solenidades litúrgicas, cerimônias marcantes, a que se acrescem eventos culturais, sociais, folclóricos e que têm seu ponto culminante dia 25 de Julho, dia do Padroeiro, apóstolo e evangelizador da Espanha. (1)

São Tiago Maior (Tiago, forma portuguesa de Jacó) é assim chamado

conforme Mc 15,40; um dos principais apóstolos de Jesus, era um dos filhos de Zebedeu e Salomé (Mt 27,56; Mc 15,40) e irmão de João Evangelista, outro célebre apóstolo também convocado ao apostolado de Jesus (Mt 4,21). Os dois irmãos apóstolos juntamente com Simão Pedro eram os discípulos mais privilegiados e mais íntimos de Jesus (Mt 17,1; 26,37;

Mc 5,37; 13,3) Dado o seu temperamento impetuoso, o Mestre deu-lhe e ao irmão João o apelido de Boanerges. Foi o primeiro apóstolo imolado, (sendo) decapitado no ano de 44 d.C por ordens de Herodes Agripa (At 12,2)

Foi consagrado como missionário e evangelizador da Espanha, tema eivado de lendas e tradições. Dezenas de cidades e paróquias em todo o mundo, em especial naquelas de influência hispânica, acham-

se tributadas ao Apóstolo mártir. Dentre elas Santiago (Chile), Santiago de Cuba, Santiago del Estero, etc. São Tiago é também o nome de uma das ilhas do Arquipélago de Cabo Verde (África).

Inúmeras comunidades e geotopônimos em todo o Brasil, ao lado da nossa, são igualmente dedicadas a São Tiago, dentre elas: Santiago (RS e BA)), Santiago do Sul (SC), Santiago de Xerez (MS); Mazagão Velho (AP) – ver matéria especial neste nº do boletim).

Registramos igualmente algumas igrejas, capelas e paróquias em todo o Brasil dedicadas a São Tiago Maior. Inhaúma e Lins de Vasconcelos (RJ), Santo Ângelo, Erechim, Passo Fundo, Nova Araçá e Capoerê (RS); Santos (SP); Curitiba e Londrina (PR) Salvador (BA); Porto Velho (RR) e Belo Horizonte, bairro Inconfidência (MG).

MAZAGÃO: Um dos mais importantes festejos que envolvem São Tiago Maior, em solo brasileiro, é comemorado com brilhantismo e fé em Mazagão Velho, cidade localizada no Estado do Amapá e que, a cada ano, se torna mais conhecido e prestigiado. Tamanha a sua dimensão religiosa, histórica, cultural, hagiológica, folclórica, mística e mítica é que optamos por abordá-la neste número de nosso modesto boletim. Agradecemos a distinta colaboração do casal José

Eduardo Gaudêncio (Zé do Lilito), sua esposa Dª Maria Célia Rezende Gaudêncio e ainda do sr. Edmar Ângelo da Mata, este nosso conterrâneo residente em Macapá, onde é atuante funcionário da FUNAI, que nos repassaram o presente material – festividades de São Tiago do presente ano (2011). (2)

As comemorações em honra a São Tiago Maior são realizadas em Mazagão Velho, hoje distrito do município de Mazagão Novo e situa-se às margens do

Rio Mutuaçá e sendo, na verdade, uma cidade transplantada do Marrocos em 1770 para o Amapá, dentro da política colonial e expansionista portuguesa (na administração do Marquês de Pombal) (3)com objetivos de ocupação da fronteira norte do Brasil (Ver matérias em boxes à parte: “Da África para o Brasil”, extraído da revista Época, edição de 19/04/2004 e

“Documentário vai mostrar a história de Mazagão”, http://mazagão.com.sapo.pt/

mazagao.htm) (1) Segundo a lenda, São Tiago

Maior enquanto pregava o Evangelho em Saragoça, na então Espanha romana, presenciou uma aparição de Maria, mãe de Jesus, esta vivia ainda na Terra Santa.

Maria teria aparecido a Tiago e seus companheiros, posicionada e aureolada sobre um pilar, pedindo-lhe que ali fosse edificada uma igreja, onde hoje ´é a Basílica de Nossa Senhora do Pilar em Saragoça.

Registre-se que Nossa Senhora do Pilar é padroeira da cidade de São João Del-Rei.

(2) Eventos como este promovidos pela Comunidade de Mazagão Velho, de feição religiosa, mística, histórica, lendária necessitam ser reproduzidos e até aprimorados por nossa Comunidade, que tem, de igual forma, como patrono a São Tiago Maior. Sabe-se pela oralidade que no passado, tínhamos e mantínhamos na região, grupos de cavalhadas (encenações das batalhas medievais entre cristãos e mouros), ainda hoje comuns em municípios próximos como Bonfim., onde são já famosíssimas as cavalhadas ou o carnaval a cavalo. Outra cidade onde são célebres e concorridas as

cavalhadas é Nova Viçosa, na Bahia. Questão apenas de reativar, reincorporar, revitalizar tais manifestações entre nós, quais as ocorrentes em Mazagão e tantas outras comunidades espalhadas pelo País. Uma sugestão: por que não aproveitarmos os nossos grupos de cavaleiros, inclusive as dezenas de crianças e jovens que participam festivamente de nossas cavalgadas, e recriarmos um ou mais grupos de cavalhadas ?! O FOCEST, com apoio da coletividade, poderia coordenar um projeto desta envergadura e que teria decerto o apoio de nossos concidadãos, em especial os aficcionados por cavalos e cavalgadas. Por outro lado, o relato reprisado do rapto das crianças cristãs – que é revivido e encenado em Mazagão - nos é de há muito conhecido, porquanto contado, até há algum tempo, por contadores de histórias e rapsodos locais, por sacerdotes, mestras e nossas avós,.

Por que estará desaparecendo entre nós?

Não seria também o momento das escolas e instituições sociais serem convocadas e se compromissarem efetivamente com o resgate de nossa memória e de nosso folclore?!

O objetivo principal desta matéria é,

por conseguinte, relatar o que se passa em outras coletividades que tem o mesmo patronato (São Tiago Maior), resgatando-se e estimulando-se iniciativas e manifestações culturais similares entre nós.

Reprisamos aqui e o iremos fazê-lo sempre. Nenhuma coletividade se sustenta, evolui sem estar embasada em suas raízes, em suas tradições, em sua memória,em seus valores sociais, históricos e espirituais. A vida não são só negocinhos, negociatas, línguas soltas, meros interesses individuais, copo na mão, sandices como alguns pensam e agem!

(3) A vila de Mazagão Velho foi fundada em 1770 pelo Tenente Coronel Inácio de Alencar Moraes Sarmento em cumprimento às ordens da Coroa Portuguesa (reinado de D.José I, sendo Ministro o Marques de Pombal) de abrigar 163 familias de colonos portugueses cristãos oriundos do Castelo de Mazagran (hoje a cidade de El Djadida), no Marrocos, norte da África, que ali se desentendiam e se digladiavam com os mouros. Os marroquinos chegaram a Mazagão em 1771, fixando-se na vila que foi assim batizada em homenagem à terra africana.

(5)

Mazagão também era o nome do domínio português, localizado no Norte da África, de 1514 até 1769. Este mesmo povo foi deslocado, segundo os relatos históricos, por volta de 1770, para a Amazônia, no norte do Brasil.

Ali, a política de ocupação colonial, do senhor Marquês de Pombal, estava sendo implementada.

Por suas heranças culturais e históricas, Mazagão Velho, distrito do município de Mazagão, nos meses de julho, se transforma em um grande palco, para hospedar uma encenação que retrata as batalhas entre cristãos e mouros, que disputavam na África a hegemonia da fé no continente africano, sob domínio português. Este é um dos momentos mais importantes da tradicional Festa de São Tiago. As ruas da pequena localidade do interior amapaense ficam cheias de gente de todos os cantos, brasileiros de outros estados, amapaenses, estrangeiros etc. Todos vão assistir aos espetáculos que tem como atores os moradores de Mazagão Velho, a maioria deles sem técnicas teatrais.

A tradição nos remete a 1777, seis anos após a chegada das 163 famílias deslocados para a localidade. A manifestação tem caráter religioso e folclórico e explora a lenda de São Tiago, que seria um soldado misterioso que apareceu nas batalhas no continente africano, lutando ao lado dos cristãos e de grande importância para sua vitória. Além do santo, a manifestação evoca outras figuras como, entre eles, Atalaia, Jorge, Bobo Velho e o

celebrações de missas, novenas e procissões etc.

Dentro deste contexto histórico e em função da carência de documentos, o Projeto Mazagão se propõe a preencher uma lacuna sobre a temática no campo audiovisual através da realização de um filme documental. O projeto tem o de um conjunto de instituições portuguesas e brasileiras, entre elas o Cineclube Amazonas Douro, o Governo do Estado do Amapá, a Associação de Universidade Amazônica, a Universidade Federal do Pará, a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, a Associação de iniciativas culturais e artísticas e o Projeto Cinema Pobre.

O objetivo é resgatar Mazagão para a História da humanidade, destacar seu significado estratégico para a consolidação da política de expansão pombaina, compreender melhor a miscigenação cultural e religiosa originada entre o povo português e o povo muçulmano, mas também entre portugueses, índios e africanos.

Documentário vai mostrar a história de Mazagão

(6)

Conheça a Festa de São Tiago

A Festa de São Tiago em Mazagão Velho inicia sempre na segunda quinzena de julho. O movimento maior se verifica nos dias 24 e 25, onde a programação refere-se a teatralização da lenda, montada pelos próprios membros da comunidade.

No dia 24, a partir das 15 horas, os emissários dos Mouros entregam presentes envenenados às autoridades cristãs. Há uma ladainha às 20 horas e uma hora mais tarde

em ordem, encenam a tomada do estandarte, a descoberta e morte do Atalaia, a venda das crianças cristãos, a batalha entre as forças inimigas e o (“Vomonê”). Às 20 horas, ocorre o Recírio e, às 21 horas, outra missa seguida pela ladainha de São Tiago.

Nos dias 26 e 27, as crianças representam o mesmo espetáculo, montadas em cavalinhos de miriti (palmeira da região).

A festa retrata as batalhas travadas entre mouros e cristãos

começa o “Baile de Máscaras”, efetuado pelos Mouros em regozijo à vitória que pensavam ter alcançado por causa dos presentes envenenados que enviaram aos chefes cristãos.

O dia 25 inicia com uma alvorada festiva às 04 horas da madrugada.

Às 6:30 horas o Arauto sai pelas ruas da Vila convocando as figuras para o Círio. Às 08 horas ocorre o Círio de São Tiago eàs 09 horas inicia uma missa solene. Ao meio- dia, o Bobo Velho sai às ruas para espionar os cristãos e é apedrejado por eles. Às 14 horas, acontece a saída do Arauto anunciando o início da representação da batalha entre Mouros e Cristãos. Depois,

A História da Festa

O atual Mazagão Velho, situado a 36 km da sede do município (Mazagão Novo), às margens do rio Mutuacá, foi fundada em 1770 com

o objetivo de abrigar 163 famílias de colonos portugueses vindos da costa africana em decorrência dos conflitos políticos-religiosos entre portugueses e muçulmanos que ainda por lá perduravam. Essas famílias e seus escravos chegaram no local por volta de 1771.

A partir de 1777, em reverência a São Tiago, reviveram as batalhas que cristãos e muçulmanos travaram no Continente Negro.

O evento fundamenta-se na lenda que conta o aparecimento de São Tiago como o anônimo soldado que lutou heroicamente contra os mouros.

A lenda enfoca vários personagens e passagens interessantes: Desde a conquista das terras africanas, os lusitanos, fervorosos católicos, tentaram obrigar os muçulmanos a se tornarem cristãos e aceitarem a fé em Cristo e o batismo de sua religião. Esse fato provocou a reação dos seguidores

de Maomé que declararam guerra aos cristãos, estes liderados na época pelos capitães Atalaia, Jorge e Tiago.

Durante dias ocorreram batalhas acirradas com grande vantagem para os lusitanos que se aquartelaram heroicamente, resistindo aos constantes ataques dos mouros. Estes, chefiados pelo Rei Caldeira, vendo que não venceriam seus antagonistas, imaginaram e armaram uma cilada.

Esta cilada consistia em pedir o fim da guerra e entregar aos capitães cristãos maravilhosos presentes em forma de iguarias. Os cristãos receberam os presentes com grande surpresa e imediatamente desconfiaram que pudessem estar envenenados. Assim jogaram uma parte da comida na granja dos mouros, onde ficavam os animais, e guardaram a outra objetivando preparar uma contra-ofensiva. Sem nada saber da desconfiança dos cristãos os mouros precipitadamente confiaram na vitória da cilada que armaram e, à noite, deram um baile de máscaras, estendendo o convite aos cristãos que quisessem passar para o seu lado, sem que pudessem ser reconhecidos pelos seus superiores.

Os cristãos compareceram mascarados à festa levando a parte da comida que haviam recebido como presente dos mouros e a distribuíram aos seus inimigos que dançavam, bebiam e comiam.

Quando amanheceu o dia, algumas

autoridades mouras que costumeiramente visitavam a granja depararam com os animais mortos e chegaram a ver os restos da comida oferecida por eles aos cristãos.

(7)

Imediatamente correram para despertar os soldados, ainda ressacados da festa, e constataram um espetáculo pavoroso: muitos soldados jaziam mortos por haverem comido o presente dos cristãos e entre eles estava o Rei Caldeira, seu Chefe supremo.

O filho do Rei Caldeira, denominado Menino Caldeirinha, assumiu o trono. Na manhã do outro dia os cristãos aproveitaram o desespero e a desorganização de seus inimigos para atacá-los.

Porém, antes do ataque eles se confessaram e prepararam- se espiritualmente fazendo um juramento. Daí, movidos pela fé, iniciaram uma luta sem precedentes, só amenizada por volta do meio-dia, quando os mouros, aproveitando o descanso dos cristãos, mandaram um vigia - o Bobo Velho - para tentar persuadir seus conterrâneos que haviam se convertido ao Cristianismo a retornarem para seu lado. Além disso, o Bobo Velho poderia espionar o estado em que se encontrava a força dos seus inimigos. Os cristãos perceberam que o Bobo Velho era mais uma trama dos mouros, mas mesmo assim deixaram-no se aproximar do acampamento. Quando ele chegou perto, apedrejaram-no jogando qualquer objeto que encontravam a seu alcance, que desesperado corria assustado.

No fim da tarde, antes de iniciar a batalha, os cristãos mandaram o Atalaia espionar os mouros. O Atalaia arrebatou a bandeira do acampamento mouro, mas foi descoberto pelos inimigos que o feriram. Mesmo ferido de morte o Atalaia conseguiu chegar próximo de seu acampamento e lá atirou a bandeira a seus companheiros dando gritos de alerta. Em represália, os mouros decapitaram-no, espetaram sua cabeça em uma vara e colocaram- na junto ao muro do acampamento cristão para que estes ficassem com medo. Ainda com planos para vencer os cristãos, o rei Caldeirinha mandou que seus soldados fizessem uma passeata ao redor do acampamento a fim de raptar as crianças cristãs,

que curiosas, foram facilmente apanhadas.

Depois do êxito do plano elas foram vendidas e o dinheiro arrecadado serviu para comprar armas e munição.

Quando os cristãos souberam do roubo de suas crianças iniciaram uma violenta batalha carregada de grande heroísmo e fé. O rei Caldeirinha ainda propôs a troca do corpo do Atalaia (que haviam levado para seu acampamento) pela bandeira moura em poder dos cristãos. Estes aceitaram a troca mas na hora receberam o corpo e não entregaram a bandeira. A batalha recomeçou com essa atitude e, ao

entardecer, os cristãos pediram a Deus que prolongasse o dia a fim de que pudessem vencer tão desesperada luta.

Assim, parecia que o dia estava se prolongando e os cristãos foram vencendo as batalhas que se sucediam até que o jovem rei Caldeirinha foi aprisionado, enquanto seus soldados fugiam. Mortos muitos infiéis mouros, os cristãos rejubilaram-se pela vitória agradecendo a Deus e, em passeata, levaram o rei mouro vencido.

À noite, depois de tudo, organizaram um baile chamado “Vomonê”, que vem simbolizar a vitória alcançada por eles.

Texto de Edgar Rodrigues

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IDADE DO OURO E DE OURO

... Deixou-nos Ovídio: “Aetas aurea seta est prima quae celebat fidem que rectum sua sponte... - A idade do ouro instituída primeiro, a qual cultivava a lealdade e a justiça por sua vontade... O pinheiro ainda não tinha descido até as líquidas ondas cortados dos seus montes, para que visitasse o mundo estranho...

A terra dava tudo por si, a primavera era eterna e os meigos zéfiros acariciavam com o sopro tépido das flores nascidas sem sementes...”.

Conversava hoje com meu amigo Silva, quando ele afirmou que antigamente se jogássemos a esmo as sementes de alguma fruta pelo chão, logo teríamos belas mudas brotando ao léu, enquanto hoje... Bem, hoje nem com adubo e reza fervorosa costumam germinar.

Do papo como o amigo, lembrei-me do texto do Ovídio, tomei a transornejana e cheguei à velha janela sem pintura, de tábuas cinzentas, onde eu comia doce de leite que minha mãe acabara de cortar no seu tabuleiro de madeira, lá na cozinha que o sol da tarde lambia com má vontade.

Cotovelos no peitoril da janela, calça curta, esfregava os pés descalços ora um, ora outro, na barriga da perna oposta, assistindo o vazio da rua quebrar-se de raro em raro por uma galinha, um

cachorro ou cavalo. Às vezes apareciam moleques correndo atrás.

Súbito um ranger entra pelos ouvidos atentos e espicho o pescoço para ver lá na esquina do Tonico Ferreira um carro de bois, puxado por três ou quatro juntas. Saio correndo, pois aquilo é uma verdadeira festa.

Um tio e outro carreiro, com longas varas de ferrão, vinham muito alegres ao lado da boiada que arrastava o pesado carro e atraía muitos meninos como eu.

A certa altura senti-me apanhado por baixo dos braços e meu corpo subiu rápido para cima daquela carga de milho e abóboras.

Sou grato ao tio Antero pela deferência, pelo carinho e pelo orgulho que senti vendo os outros garotos, carro e rua abaixo num alarido infantil sem TV, sem novelas das sete ou das nove, sem o noticiário da aldeia global e com muito cheiro da natureza, de palha de milho e de terra, da TERRA DA GENTE!

Efraim Antonio de Marcos reproduzido do livro “Viagens”, Passos/MG, Ed. Offset São Paulo, s/d. Pág. 91/92

Referências

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