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PROCESSO Nº 0000752-25.2013.8.26.0128

AÇÃO: INSTITUIÇÃO DE SERVIDÃO

REQUERENTE: USINA MOEMA ACÚCAR E ÁLCOOL LTDA.

REQUERIDO: JOSÉ DENTIO MARTINS E OUTROS

PERITO: ENG. AGR. HEMERSON FERNANDES CALGARO

CREA-SP 5060731280

Laudo Pericial, elaborado e encaminhado a Vara Única do Fórum de Cardoso (SP), atendendo a nomeação como perito.

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I N D I C E

1 IDENTIFICAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E ROTEIRO DE ACESSO AO IMÓVEL ... 03

2 PERÍCIA ... 04

3 EFEITOS DECORRENTES DA ÁREA DE SERVIDÃO. ... 06

4 IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA DE PASSAGEM DA SERVIDÃO ... 07

5 PESQUISAS DE PREÇOS DE TERRA ... 07

6 HOMOGEINIZAÇÃO... 07

7 CÁLCULO DA ALÍQUOTA DE SERVIDÃO... 12

8 CAMPO DE ARBÍTRIO ... 16

9 ESPECIFICAÇÃO DA AVALIAÇÃO ... 16

10 VALOR DA INDENIZAÇÃO ... 17

11 QUESITOS ELABORADOS PELOS REQUERIDOS ... 18

12 QUESITOS ELABORADOS PELOS REQUERENTES ... 18

13 CONCLUSÃO ... 19

14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 20

15 DESCRIÇÃO DOS IMÓVEIS AMOSTRAIS ... 21

16 GALERIA DE IMAGENS ... 23

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1 IDENTIFICAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E ROTEIRO DE ACESSO AO IMÓVEL

O imóvel objeto da presente perícia, a qual foi realizada em 29/08/2015 na companhia do sr. José Denetio Martins, requerido, possui matrícula nº 1.388 oriunda do Cartório de Registro de Imóvel de Cardoso-SP, com área de 48,40 hectares, pertencentes a José Denetio Martins e outros (Requeridos).

O imóvel é perpassado pela Linha de Transmissão, tendo a requerente autorização por meio da Resolução Autorizativa n.3.758 de 20/11/2012, para passagem da Linha de Transmissão Água Vermelha – Votuporanga – Moema, com 30 metros de largura e interligando a Subestação Guariroba à Subestação Moema. Localiza-se na zona rural de Cardoso, denominado Sítio São José, Bairro Aldeamento, estado de São Paulo. A título de informação, segundo informado pelo Requerido, sr. José Martins, o imóvel como um todo encontra-se em processo de inventário e ele ficará com a parte do imóvel localizada justamente onde perpassa a Linha de Transmissão da Usina Moema.

O imóvel está localizado às coordenadas geográficas WGS 84, UTM E 618.656,49 m E, 7.769.909,08 m S. O roteiro de acesso: partindo de Cardoso, segue pela estrada municipal em direção Boa Vista dos Andradas por aproximadamente 8,5 km em estrada não pavimentada, vira-se a esquerda onde percorre mais 1,0 km, chegando ao imóvel, objeto de litigio (Figura 01).

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2 PERÍCIA

No dia e hora aprazados (29/08/2015), nenhum representante das partes se fizeram presentes como oficiado, ou seja, às 9:00hs defronte ao Fórum da Comarca de Cardoso. Dirigi-me a residência do requerido, sr. José D. Martins, onde o mesmo não estava ciente da realização da perícia, entretanto, me acompanhou até o imóvel.

O imóvel tem com atividade principal de exploração, a pecuária de corte e é composto, conforme distribuição e ocupação de terras em:

- Área de preservação permanente (APP)...1,50 hectare - Área de pasto + curral...34,34 hectares - Área com piçarra...12,56 hectares - Área total...48,40 hectares

Figura 01: Vista panorâmica da localização macro e roteiro de acesso até ao imóvel objeto de

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Com relação a área de pasto, há uma parte do mesmo, cerca de 12,56 ha, próxima a torre de transmissão de energia e ao curso d´água, que encontra-se com afloração de piçarra, presença de plantas daminhas, diversos arbustos, portanto, não é uma área agricultável, inclusive pelo impedimento do relevo e da piçarra. Desta forma, neste local, a condição do pasto não é satisfatória e a gramínea não se desenvolve como nas demais áreas da propriedade.

A distribuição das terras quanto à ocupação e respectiva classificação de capacidade de uso, citado por Cavedon e Shinzato (2011), ao Grupo A seguem: 34,34 hectares em pasto com classe de capacidade de uso III (ótima); 12,56 hectares em pasto com classe de capacidade de uso IV (desfavorável), e 1,50 hectare entre APP - Área de Preservação Permanente com classe de capacidade de uso VIII (boa). O solo apresenta curvas de nível e não há vegetação arbórea de reserva legal.

Como benfeitoria não reprodutiva, possui aproximadamente 2.400m de cerca na divisa de propriedade em bom estado de conservação. O imóvel é servido com energia elétrica e água por meio do curso d´água (Córrego Tomaizão); possui um curral de madeira numa área reservada para o manejo do gado, de 20 x 30m, orçado em dez mil reais.

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3 EFEITOS DECORRENTES DA ÁREA DE SERVIDÃO

A área da servidão não poderá ter cultivo de plantas com mais de 6 metros de altura, sendo restrição para instalação de atividades agroflorestais, além da atividade canavieira, esta, devido ao risco de incêndio.

A área de servidão ocupará uma área de 5,14% sobre a área total do imóvel, provocando uma redução permanente e definitiva do imóvel para atividades restritivas, já mencionadas.

Desvalorização da área de servidão no imóvel com a passagem da linha de transmissão tem caráter definitivo e perpétuo, em relação às atividades com restrições.

Figura 01: Vista do perímetro do imóvel (linha vermelha circunscrita), com identificação do curral,

poste de energia e o sentido em que a linha de transmissão de energia (tracejado em azul) perpassa pelo mesmo. Imagem obtida do Software Google Earth.

Curral e poste de energia Faixa de APP.

Pasto com baixo desenvolvimento de gramíneas.

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4 IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA DE PASSAGEM DA SERVIDÃO

De acordo com a documentação apresentada pela requerente, nos autos do presente processo, as áreas demarcadas em croqui com os demais detalhes indicados, foram localizadas e conferidas pelos dados georreferenciados. A passagem (área de servidão) ocupa 2,486977 hectares, totalmente em área que, atualmente, está ocupada por cultivo de gramíneas (pasto), perpassando ainda uma área de preservação permanente, na divisa da propriedade.

5 PESQUISAS DE PREÇOS DE TERRA

A pesquisa de preço de imóveis rurais na região do imóvel, objeto de litigio, foi realizada conforme preconiza a NBR 14653-3:2004 e coletando informações pertinentes a avaliação de seis imóveis efetivamente negociados e ou em oferta de venda no município de Cardoso e Valentim Gentil e Pedranópolis, tendo como fontes de informações para o levantamento, escritórios de contabilidade, corretores autônomos e ou proprietários, não sendo utilizados opiniões ou palpites sobre estimativas de valores de imóveis.

A descrição dos imóveis amostrados estão no item 15 deste Laudo Pericial. As informações levantadas não foram documentadas em fotografias e localização georreferenciada, por reservas impostas pelos informantes que, naturalmente, temem possível perda de venda com tais detalhamentos e especulações imobiliárias. A estes dados aplicou-se norma da ABNT NBR 14653-3:2004 – Avaliação de Bens, Parte 3 – Imóveis rurais. Foram homogeneizadas em relação ao imóvel paradigma para posteriores cálculos da média saneada, além de demais cálculos de análises estatísticas (Anexo, item 17 deste Laudo Pericial).

6 HOMOGENEIZAÇÃO

A homogeneização dos valores dos elementos amostrais foi realizada segundo o Método Comparativo Direto dos Dados, conforme prescrito na NBR 14.653-3. Com

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base nos seis elementos amostrais, classificação do solo e situação da propriedade, calculou-se os índices agronômicos (Nota Agronômica) de cada elemento e homogeneizou-se com o imóvel paradigma, objeto deste litígio (Tabela 1).

Tabela 1. Dados dos elementos amostrais com relação a Área total do imóvel (ha), Índice Agronômico e

Tipo de Informação.

Para obtenção dos índices agronômicos consultou-se a Tabela para obtenção do valor de terras rústicas segundo a classe de capacidade de uso e situação, de acordo com Kozma, (1985) para a região oeste do estado de São Paulo, citado e recomendado por Lima (2011).

A curva de solos que corresponde à região em estudo é a Escala de Mendes Sobrinho com a Escala de Situação de Kozma, de onde foi retirado os Índices Agronômicos.

O Índice Agronômico do imóvel paradigma é resultado da divisão do valor total da área equivalente (ha) pela área total do imóvel (48,40 ha), resultando em 0,5269 (Tabela 2). Observação (imóveis) Área (ha) Índice Agronômico Tipo de Informação 01 24,200 0,675 Oferta 02 33,275 0,675 Oferta 03 193,600 0,535 Venda 04 278,300 0,675 Oferta 05 45,375 0,675 Oferta 06 24,200 0,671 Venda

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Tabela 2. Valores atribuídos ao imóvel paradigma para cálculo do índice agronômico do imóvel

paradigma. Solo Imóvel paradigma Área (ha) A Índice Agronômico B

Área equivalente (ha) (A * B)

Classe VIII - boa APP

1,50 0,180 0,270

Classe VIII desfavorável Piçarra

12,56 0,440 5,5264

Classe III – ótima Pastagem

34,34 0,750 25,75

Total 48,4 0,6519 31,5464

Dando sequência, a avaliação exige que sejam utilizados dados de mercado semelhantes ao avaliado. Para tanto, atribui-se intervalo de 20% sobre o Índice Agronômico do imóvel paradigma, como segue:

Limite inferior dos semelhantes = 0,6519 x 0,8 (- 20%) = 0,5215 Limite superior dos semelhantes = 0,6519 x 1,2 (+ 20%) = 0,7822

Comparando estes limites com os da amostra dos dados, tem-se:

Observação Índice agronômico

01 0,675 02 0,675 03 0,535 04 0,675 05 0,675 06 0,671

Todos os dados observados estão dentro do intervalo e, portanto, são considerados semelhantes ao avaliado, por este critério serão todos utilizados, sem exclusão de nenhum nos próximos procedimentos.

A Tabela 3 apresenta a separação dos valores totais dos imóveis (observação) das benfeitorias, necessário para dar seguimento a homogeneização.

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Tabela 3. Valores totais (R$) dos imóveis amostrados, valores das benfeitorias (R$), valores sem as

benfeitorias (R$) e tipo de informação imobiliária.

Observação (imóveis) Valor total (R$) Valor das benfeitorias (R$)

Valor do imóvel sem as benfeitorias (R$) Tipo de informação 01 600.000,00 0,00 600.000,00 Oferta 02 756.250,00 0,00 756.250,00 Oferta 03 4.400.000,00 0,00 4.400.000,00 Venda 04 6.900.000,00 0,00 6.900.000,00 Oferta 05 937.500,00 0,00 937.500,00 Oferta 06 600.000,00 100.000,00 500.000,00 Venda

Com relação a Tabela 4, que trata do Quadro Resumo onde são apresentados os valores homogeneizados em reais por hectare (coluna Unitário), estes valores foram conseguidos multiplicando o resultado da divisão entre o valor da terra sem o custo das benfeitorias pela área do imóvel observado, pelo resultado da divisão entre os índices agronômicos do imóvel paradigma e o do observado.

Tabela 4. Quadro Resumo com valores homogeneizados (R$/ha), coluna Unitário. Sendo todos para o

mesmo tipo de solo e situação.

Observação Unitário (R$/ha) Área (ha) Índice agronômico Tipo de informação 01 23.944,90 24,20 0,675 Oferta 02 21.949,11 33,28 0,675 Oferta 03 27.715,46 193,60 0,535 Venda 04 23.944,48 278,30 0,675 Oferta 05 19.953,73 45,38 0,675 Oferta 06 20.075,40 24,20 0,671 Venda Média simples 22.930,44 - - -

6.1 Saneamento dos dados

Segue-se agora para o saneamento dos dados, onde são eliminados valores discrepantes, utilizando-se critério dos 30%, já consagrado no meio da engenharia de avaliações. Os limites são:

Limite inferior: R$22.930,44 x 0,7 (- 30%) = R$16.051,30 Limite superior: R$22.930,44 x 1,3 (+ 30%) =R$29.809,57

Constata-se que não há valor (imóvel) a ser excluído, estando todos os imóveis amostrados dentro do intervalo, resultando na média simples já saneada de R$22.930,44. Este valor corresponde à situação definida como paradigma, fixada no

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princípio da homogeneização como sendo do próprio imóvel a ser avaliado (Índice Agronômico = 0,6519). Este valor também é chamado de Unitário Básico.

Desta forma, deverá ser adotado, para efeito de avaliação da área, abrangida pela servidão, o valor de R$22.930,44 por hectare.

A validação do procedimento estatístico para homogeneização e saneamento dos elementos amostrais é comprovado pela análise dos resíduos matemáticos e plotagem da curva “preços observados x valores estimados” (Gráfico 1), como apresentados a seguir.

Na Tabela 5 pode-se verificar que todas as observações apresentam resíduos inferiores a 30%, demonstrando que os fatores de homogeneização utilizados, estão adequados ao propósito. Da mesma forma, ilustrando este fato, no Gráfico 1 observa-se que a linha de tendência (Linear) está ajustada e há reduzida variação (% Resíduos) entre os dados.

Tabela 5. Análise de resíduos matemáticos dos valores observados e valores estimados. Imóveis Preço observado

(R$) Valor estimado (R$) Resíduos (obs. – est.) % Resíduos (resíduo ÷ observado) Resíduos2 1 540.000,00 574.590,32 -34.590,32 -6,41% 1.196.490.477,33 2 680.625,00 790.061,69 -109.436,69 -16,08% 11.976.390.160,57 3 4.400.000,00 3.640.348,92 759.651,08 17,26% 577.069.769.438,85 4 6.210.000,00 6.607.788,72 -397.788,72 -6,41% 158.235.865.626,38 5 843.705,00 1.077.356,86 -233.606,86 -27,69% 54.572.163401,25 6 500.000,00 571.107,96 -71.107,96 -14,22% 5.056.341.672,01

Soma dos quadrados dos resíduos 808.107.020.776,39 Fonte dos dados: os valores observados foram calculados pela diferença entre o fator de elasticidade

da oferta e o valor total das benfeitorias dos imóveis amostrados. Este fator por sua vez é obtido pela multiplicação do valor da venda, pelo fator de oferta (venda) padrão (1,0).

Dados de apoio da Tabela 5.

Valor das benfeitorias (R$) Fator de elasticidade da oferta/venda Valor da oferta/venda (R$) Fator de oferta (padrão) 0,00 540.000,00 600.000,00 0,9 0,00 680.625,00 756.250,00 0,9 0,00 4.400.000,00 4.400.000,00 1,0 0,00 6.210.000,00 6.900.000,00 0.9 0,00 843.750,00 937.500,00 0,9 100.000,00 500.000,00 600.000,00 1,0

Gráfico 1. Dispersão dos dados amostrais (valores estimados e observados). (Planilhas de cálculos item

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Observa-se no Gráfico 1 que os valores, estimados e observados, dos imóveis amostrais se comportam de maneira semelhante, ou seja, estão próximos da reta (eixo mediano).

7 CÁLCULO DA ALÍQUOTA DE SERVIDÃO

Com base na literatura citada, entre outras, o artigo de Meneghatti (2008) e adotando critérios técnicos impostos pela linha de transmissão, apresenta-se a metodologia de determinação da alíquota (coeficiente) de servidão; como segue:

A servidão administrativa ou pública é ônus real de uso, imposto à propriedade particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade, mediante a indenização dos prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário. É importante considerar que, nas servidões administrativas, embora a presença de riscos, incômodos e restrições ao uso seja uma constante, as terras servientes continuam sob o domínio de seus proprietários, mas a sua implantação altera o planejamento da propriedade.

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A servidão é de caráter perpétuo, portanto, as restrições continuarão ocorrendo por toda a existência do imóvel, incômodo constante, fato este que deve ser considerado no valor da indenização.

A alíquota (coeficiente) de servidão deve exprimir a perda real do valor da fração de um imóvel, devido às depreciações impostas a esta fração de terra e variar de propriedade para propriedade na forma com que atuam os fatores depreciativos específicos.

Diante destas circunstâncias, fica evidente que o valor da indenização a ser paga aos expropriados não pode ser o valor total da faixa utilizada.

Para o estabelecimento da alíquota (coeficiente) de servidão, conforme Abunahman (2000) deve-se levar em conta os fatores abaixo relacionados:

7.1 Riscos

Possibilidade de rompimento dos cabos elétricos por motivos vários, como fadiga do material, defeito de fabricação e ventos; defeitos no isolamento e/ou aterramento próximo às estruturas das torres; maior facilidade de atração de raios. Estes riscos são proporcionais ao tipo de linha de transmissão a ser instituída. Conforme metodologia empregada pelas principais empresas ligadas ao setor, o índice máximo para esta alíquota é 0,10.

7.2 Incômodos

O efeito do campo magnético (indução) exercido por uma rede, causando pelo efeito corona, interferência nos aparelhos elétricos como rádio e televisão, ruído acústico; passagem pela faixa do pessoal de manutenção para fiscalização e reparos, alheio ao proprietário do imóvel serviente; problemas psicológicos criados aos produtores que são reticentes em residir próximo às linhas de transmissão; atração dos cabelos; faiscação da pele. Estes incômodos são proporcionais ao tipo de linha de transmissão a ser instituída. Conforme metodologia empregada pelas principais empresas ligadas ao setor, o índice máximo para esta alíquota é de 0,05 (indução, fiscalização e reparos).

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7.3 Restrições

Impedimento de qualquer tipo de construção na faixa, já que a implantação da mesma torna-a non aedificandi, obrigando a demolição das edificações existentes, quando houver; proibição de culturas de maior porte; proibição de queimadas; depreciação sofrida pela propriedade mediante a instalação da servidão e a posição da rede em referência a propriedade (seccionamento do imóvel). Estas restrições ocorrem independentes do tipo de linha de transmissão a ser instituída. Segue:

7.4 Proibição às Construções

Quanto à proibição de construção, não há o que negar, pois as normas são enfáticas em proibir qualquer construção na área servida. Uma vez que a propriedade é a relação de direito entre a pessoa e o bem tangível ou intangível, certo e determinado, podendo dela gozar ou dispor, submetendo-a de maneira absoluta, exclusiva e direta a sua vontade e poder, entendemos que a proibição de construção é uma restrição que fere este princípio. Portanto, deve ser considerada no estabelecimento da alíquota (coeficiente) de servidão independente de julgar hoje, não haver interesse no estabelecimento de construção, pois em função disto a propriedade sofre desvalorização.

Para a utilização deste critério, deve-se considerar as restrições impostas pelo ambiente (banhado, rios, lagos, açudes, declividade acentuada, etc.) e as restrições legais (mato nativo sem licença de corte, área de preservação permanente, área de reserva ambiental, etc.). O valor a ser utilizado será em função do percentual da área servida passível de construção, limitado ao fator de 0,30 pelo coeficiente de aproveitamento.

7.5 Limitação de Culturas

A limitação de culturas que em sua fase adulta atinja mais de 3,00 m de altura ou que para o seu manejo utiliza queimada, também está nas normas. Atualmente, há um grande incentivo por parte dos governos federais, estaduais e municipais, organizações de proteção ambiental e federação das indústrias para o fomento da silvicultura e cultivo da cana-de-açúcar como forma a aumentar os rendimentos do agricultor. Na

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área servida esta substituição da agricultura pela silvicultura não é possível, portanto este fator deve ser considerado no estabelecimento da alíquota de servidão, com valor de 0,10.

7.6 Desvalorização do Remanescente

Devemos considerar o parâmetro desvalorização do remanescente, ou seja, o índice de desvalorização que o restante da área sofre (desconsiderando a área composta pela servidão) em função do estabelecimento da linha de transmissão de energia elétrica sobre a propriedade, pois em caso de venda, há sempre forte argumentação do comprador com relação a esse ônus que pesa sobre o imóvel. Através de pesquisa de mercado, pode-se verificar facilmente que propriedades com servidões têm seu valor reduzido em relação a outras que não possuem este ônus, daí a necessidade de considerar este critério no estabelecimento da alíquota de servidão para a devida indenização.

Para cálculo da alíquota deste critério (desvalorização do remanescente), utiliza-se a inter-relação entre a área de utiliza-servidão e a área total do imóvel, utiliza-segundo Arantes (2008). Assim, a Desvalorização do remanescente = área da servidão ÷ área total da propriedade.

7.7 Seccionamento do Imóvel

Mesmo sendo uma servidão aérea, sua passagem pelo imóvel causa o seu seccionamento, pois na área da servidão serão proibidas construções, açudes, plantio de culturas de porte alto e aglomeração de pessoas, ocasionando uma descontinuidade na propriedade. Portanto, o modo como ela passa pela propriedade influi numa maior ou menor valorização do imóvel e deve ser computada. Conforme metodologia empregada pelas principais empresas ligadas ao setor, o índice máximo para este fator é de 0,15.

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7.8 Alíquota de Servidão apurada

Para a servidão, objeto dos autos, devem ser aplicadas as seguintes alíquotas de servidão (coeficientes) resultando no valor final de 0,350:

Critérios Valor Fator de risco 0,05 Incômodos 0,02 Restrições: Proibição às construções 0,15 Limitação de culturas 0,05

Desvalorização do remanescente (2,486977ha; servidão) ÷ 48,40ha) 0,05 Seccionamento do imóvel (corpo menor contém por volta de

20% do imóvel) = 0,15 * 20%

0,03

Alíquota de servidão 0,350

8 CAMPO DE ARBÍTRIO

O campo de arbítrio foi calculado multiplicando os fatores: área de servidão pela média saneada. O produto desta operação foi multiplicado pela alíquota de servidão e posteriormente, multiplicando por 0,9 e 1,1, limites inferiores e superiores, respectivamente, resultando em R$17.963,66 e R$21.955,58, gerando um campo de arbítrio, onde o valor final de indenização deverá estar entre estes dois valores.

9 ESPECIFICAÇÃO DA AVALIAÇÃO

9.1 Grau de Fundamentação

Conforme Tabela 2 da NBR em questão, quanto à pontuação para fins de classificação do referido grau, obteve-se nota 62. Portanto, auferiu Grau II de Fundamentação (Tabela 1 da NBR).

9.2 Grau de Precisão

Conforme Tabela 3 da NBR em questão, quanto à especificação deste grau, obteve-se que a amplitude do intervalo de confiança de 80% em torno do valor central da estimativa foi de 2,64%, ≤30%, portanto, a presente avaliação auferiu Grau III de Precisão.

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A amplitude do intervalo de confiança foi obtida pela divisão entre o intervalo de confiança e a média saneada, multiplicando o resultado por 2 (limites inferior e superior), ou seja, 303,06 ÷ 22.930,44 × 2= 0,0132 (1,32%).

Média saneada (R$) 22.930,44

Desvio padrão 2.603,12

Intervalo de confiança 303,06

Para cálculo da amplitude 0,01321641 Amplitude do intervalo de confiança (%) 2,64% Coeficiente de variação (%) 12,78

10 O VALOR DA INDENIZAÇÃO

A área a ser indenizada em função da servidão administrativa das terras requeridas é 2,486977 hectares, sendo o valor do hectare obtido em pesquisa de preços de terras efetivamente negociados e ou em oferta de venda na região, homogeneizados, saneados e analisados estatisticamente à luz da respectiva NBR.

Considerando que a área da propriedade ocupada pela servidão é 2,486977 ha, a valoração da mesma se dá multiplicando esta área pelo valor Unitário básico por hectare (R$22.930,44/ha), vezes a alíquota de servidão (0,350), ou seja, 2,486977 ha x R$22.930,44/ha x 0,350 = R$19.959,62.

Portanto, o valor da indenização, obtido por meio da aplicação da NBR específica da ABNT (14.653-3), referente a área de servidão, é de R$19.959,62.

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11 QUESITOS ELABORADOS PELOS REQUERIDOS

1) Qual o valor de um (01) alqueire (2,42 hectares) em nosso Município, baseando-se nos preços de venda e as ofertas na circunvizinhança do imóvel objeto da servidão administrativa?

Resposta do Perito: o cálculo do valor da terra foi conseguido por intermédio da

aplicação da NBR-14.653/2004 da ABNT, específica de imóveis rurais, portanto, o valor do hectare obtido, considerando outros imóveis circunvizinhos e semelhantes ao avaliando, é de R$22.930,44/ha.

2) Levando-se em consideração tal valor, pergunta-se: qual a indenização a ser paga pela autora tendo em vista a servidão administrativa no imóvel dos requeridos?

Resposta do Perito: o valor da indenização é de R$19.959,62, conforme descrito no

item 10 deste Laudo.

12 QUESITOS ELABORADOS PELOS REQUERENTES

1) A faixa serviente indicada no laudo avaliatório que instrui a inicial corresponde, de fato, à extensão da linha de transmissão implantada no imóvel da parte damandada?

Resposta do Perito: sim.

2) São coerentes o processo e os métodos de avaliação empregados pelo profissional signatário da peça técnica sobre a qual se apoia a petição inicial?

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13 CONCLUSÃO

A avaliação da área do imóvel ocupado pela servidão de passagem (2,486977 ha), considerando indenização pela servidão à luz da NBR 14.653-3 da ABNT, resulta em R$19.959,62 (dezenove mil novecentos e cinquenta e nove reais e sessenta e dois centavos).

Atenciosamente,

Lins, 8 de setembro de 2015.

Eng. Agr. Hemerson Fernandes Calgaro Perito

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14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABUNAHMAN, S. A. Curso Básico de Engenharia Legal e de Avaliações. Ed. PINI, 2000.

ARANTES, C. A. Depreciação de área remanescente por apossamento administrativo. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE LARES, 8, 2008, São Paulo. Anais...São Paulo: Latin American Real Estate Society. 2008.

CAVEDON, A. D.; SHINZATO, E. Capacidade de uso das terras. 2011. Disponível em: ftp://ftp.cprm.gov.br/pub/pdf/ps/solos/solos_capacidade.pdf. Acesso em: 20 setembro de 2011.

KOZMA, M. C. F. S. Engenharia de Avaliações (Avaliações de Propriedades Rurais). São Paulo: Pini – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, 1984.

LIMA, M. R. C. Avaliação de propriedades rurais – A Engenharia de avaliações

aplicada às fazendas. 3 ed. São Paulo: Leud, 2011.

MENEGHATTI, E. Determinação do Coeficiente de servidão. 2008. Disponível em: http://www.cread igital.com.br/rs/menegattiavaliacoes. Acesso em: 20 outubro de 2011.

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15 DESCRIÇÃO DOS IMÓVEIS AMOSTRAIS

14.1 24,20 hectares ou 10 alqueires paulistas, localizados no Bairro Rio Marinheiro,

distantes 8 km de Cardoso, integralmente em pastagens sem benfeitorias; classe de capacidade de uso III. Informante Sr. Lindomar Eurípedes Faria do Escritório Delta, Cardoso, SP – tel 17 3453-1428. Oferta de venda por R$600.000,00 (R$24.792,29 por hectare);

14.2 33,2750 hectares ou 13,75 alqueires paulistas, localizados no Bairro Rio

Marinheiro, distantes 22 Km de Cardoso, junto ao Distrito de São João do Marinheiro, sendo totalmente em pastagens e algumas benfeitorias sem valor significativo; classe de capacidade de uso III. Informante, Sr. Carlos Parpinelli – suplente de diretoria do Sindicato Rural de Cardoso, tel 17 997059862. Oferta de venda por R$756.250,00 (R$22.727,30 por hectare);

14.3 193,60 hectares ou 80 alqueires paulistas, localizados a 1 km do trevo para

Votuporanga, distantes 4 km de Cardoso, tendo 60,50 hectares entre APP (Área de preservação permanente) e reserva Legal classe de capacidade de uso VIII, 72,60 hectares de Cana e 60,50 hectares de pastagens, estes com classe de capacidade de uso III, sem benfeitorias de valores significativos, vendedor Sr. André Joaquim, Informante Sr. Lindomar Eurípedes Faria do Escritório Delta, Cardoso, SP – tel 17 3453-1428. Venda efetivada por R$4.400.000,00 (R$22.727,30 por hectare);

14.4 278,30 hectares ou 115 alqueires paulistas, localizados no bairro Cachoeira dos

Tomazes, distantes 14 km de Cardoso, sendo totalmente em pastagens não tendo reserva legal ou APP (Área de preservação permanente), classe de capacidade de uso III, sem benfeitorias de valores significativos, Informante Sr. Aparecido Novelli, tel. 17 99107-0825. Oferta de venda por R$6.900.000,00 (R$24.793,39 por hectare);

14.5 45,3750 hectares ou 18,75 alqueires, localizados junto ao Córrego Marinheiro,

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distantes 8 Km de Parisi, 12 Km de Votuporanga e 15 Km de Valentim Gentil, totalmente em pastagens classe de capacidade de uso III, tendo como benfeitorias uma casa sede e um curral em boas condições avaliados em R$80.000,00. Informante Sr. José Ornelas, tel. 17 3839-1128 de Parisi. Oferta de venda por R$937.500,00 (R$20.661,16 por hectare);

14.6 24,20 hectares ou 10 alqueires paulistas, localizados no Distrito de Santa Izabel do

Marinheiro, município de Pedranópolis, distantes 15 km da sede do município, imóvel totalmente em pastagens, solo com classe de capacidade de uso III, tendo com benfeitorias não reprodutivas casa e curral avaliados em R$100.000,00. Informante, Sr. Sebastião Farias, Tel. 17 3838-4001 de Pedranópolis, SP. Venda efetivada pelo valor de R$600.000,00 (R$24.793,39 por hectare);

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16 GALERIA DE IMAGENS

Foto 01: Vista de parte da área considerada como de servidão e a torre (seta vermelha) da linha de transmissão.

Foto 02: Vista parcial do imóvel objeto de litígio, abrangendo curral de madeira (seta vermelha), fornecimento de energia elétrica (poste) e ao fundo o torre da linha de transmissão de energia (seta branca).

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17 ANEXOS

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Referências

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