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Braz. j. . vol.83 número2

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www.bjorl.org

Brazilian

Journal

of

OTORHINOLARYNGOLOGY

ARTIGO

ORIGINAL

Characteristics

of

419

patients

with

acquired

middle

ear

cholesteatoma

Letícia

Petersen

Schmidt

Rosito

a,b,∗

,

Maurício

Noschang

Lopes

da

Silva

a,b

,

Fábio

André

Selaimen

a

,

Yuri

Petermann

Jung

c

,

Marcos

Guilherme

Tibes

Pauletti

c

,

Larissa

Petermann

Jung

c

,

Luiza

Alexi

Freitas

c

e

Sady

Selaimen

da

Costa

d

aHospitaldeClínicasdePortoAlegre,PortoAlegre,RS,Brasil

bUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),PortoAlegre,RS,Brasil

cUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),FaculdadedeMedicina,PortoAlegre,RS,Brasil

dUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),FaculdadedeMedicina,DepartamentodeOftalmologiae

Otorrinolaringologia,PortoAlegre,RS,Brasil

Recebidoem12demaiode2015;aceitoem2defevereirode2016 DisponívelnaInternetem21defevereirode2017

KEYWORDS

Cholesteatoma; Middleear; Bilateral; Classification; Surgery

Abstract

Introduction:Cholesteatoma is a destructive lesion that can result in life-threatening complications. Typically,itpresents withhypoacusis andcontinuous otorrheaas symptoms. Becauseitisararedisease,therearefewstudiesinBrazildescribingthecharacteristicsof patientswiththedisease.

Objective:Thisstudy aimedtodeterminetheprevalenceofcholesteatomainpatientswith chronicotitismediaanddescribeclinical,audiologicalandsurgicalcharacteristicsofpatients with acquiredmiddleearcholesteatomatreated atareferralhospital inthepublic health system.

Methods:Cross-sectional andprospective cohortstudy,including1710patients withchronic otitismedia,treatedbetweenAugust2000andJune2015,withoutpriorsurgery.Detailed cli-nicalhistory,videotoscopy,andaudiometrywereperformed,inadditiontoreviewofmedical recordstosearchforsurgicaldata.Cholesteatomaswereclassifiedaccordingtotheirrouteof formation.

Results:Ofthepatientswithchronicotitismedia,419(24.5%)hadcholesteatoma;meanage of34.49years;53.5%femaleand63.8%adults.Bilateralcholesteatomawasobservedin17.1%. Anteriorepitympaniccholesteatomacorrespondedto1.9%;posteriorepitympanic,32.9%; pos-teriormesotympanic,33.7%;tworoutes,14.8%;andindeterminate,16.7%.Themeanair-bone

DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.02.013 夽

Comocitaresteartigo:RositoLP,daSilvaMN,SelaimenFA,JungYP,PaulettiMG,JungLP,etal.Characteristicsof419patientswith acquiredmiddleearcholesteatoma.BrazJOtorhinolaryngol.2017;83:126---31.

Autorparacorrespondência.

E-mail:leticiarosito@gmail.com(L.P.Rosito).

ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.

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gap was29.84dBanddidnotdifferbetween routesofformation.Therewere no correlati-onsbetweengapsizeandpatientageordurationofsymptoms.Ofthesurgicalcases,16.8% underwentclosedtympanomastoidectomyand75.2%opentympanomastoidectomy.

Conclusion: Theprevalenceofcholesteatomainpatientswithchronicotitismediawas24.5% anditwasmore commoninadultsthaninchildren.Posteriormesotympaniccholesteatoma was more frequent,with nodifference inmeanair-bonegap between thedifferent routes offormation.Inpatientsundergoingsurgery,opentympanomastoidectomywastheprocedure mostfrequentlychosen.

© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY license (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

PALAVRAS-CHAVE

Colesteatoma; Orelhamédia; Bilateral; Classificac¸ão; Cirurgia

Característicasde419pacientescomcolesteatomaadquiridodeorelhamédia

Resumo

Introduc¸ão: Colesteatomaéuma lesãodestrutivaquepodelevaracomplicac¸ões potencial-menteletais.Tipicamente,apresentahipoacusiaeotorreiacontínuacomosintomas.Porser uma doenc¸arara,existempoucosestudosnoBrasilquedescrevamascaracterísticasdestes pacientes.

Objetivo: Opresenteestudotevecomoobjetivos determinaraprevalênciadecolesteatoma entreospacientescomotitemédiacrônica(OMC)edescreverascaracterísticasclínicas, audi-ológicasecirúrgicasdospacientescomcolesteatomaadquiridodeorelhamédiaatendidosem umhospitaldereferênciadosistemapúblicodesaúde.

Método: Estudotransversaledecoorteprospectivo,incluindo1.710pacientescomOMC, aten-didosentreagostode2000ejunho de2015,semtratamentocirúrgicoprévio. Foramfeitas anamnesedetalhada,videotoscopiaeaudiometria,alémderevisãodeprontuáriosparabusca dedadoscirúrgicos.Oscolesteatomasforamclassificadosconformesuaviadeformac¸ão.

Resultados: Dospacientescomotitemédiacrônica,419(24,5%)apresentavamcolesteatoma. Médiade34,49anos;53,5%dosexofemininoe63,8%adultos.Colesteatomafoiobservado bila-teralmenteem17,1%.Osepitimpânicosanteriorescorresponderama1,9%;osepitimpânicos posteriores a32,9%;osmesotimpânicosposteriores a33,7%;duasviasa14,8%e indetermi-nadosa16,7%. A médiatritonaldos gapsaeroósseos foide 29,84dB enão diferiuentreos grupossegundoasviasdeformac¸ão.Nãoforamobservadascorrelac¸õesentretamanhodogap

eidadedopacienteoudurac¸ãodossintomas.Dospacientesoperados,16,8%foramsubmetidos atimpanomastoidectomiafechadae75,2%atimpanomastoidectomiaaberta.

Conclusão:Aprevalênciadecolesteatomaempacientescomotitemédiacrônicafoide24,5% e foimaisfrequente em adultos doqueem crianc¸as.Osmesotimpânicos posteriores foram maisfrequentes,nãofoiobservadadiferenc¸anamédiadosgapsaeroósseosentrediferentes viasdeformac¸ão.Nospacientessubmetidosacirurgia,atimpanomastoidectomiaabertafoio procedimentoescolhido.

© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

Introduc

¸ão

Ocolesteatomaéconsideradoumalesãoepitelialbenigna, deexpansãogradualedestrutiva,queacometeafenda audi-tivaeestruturasadjacentes.1Oacúmuloepitelialeaerosão

óssea,característicasdadoenc¸a,tipicamenteresultamem otorreiacontínuaehipoacusia.Comaprogressãodo coles-teatoma,podehavertambémocomprometimentodaorelha interna2,3 edonervofacial, alémdecomplicac¸õesgraves,

comomeningiteeabscessocerebral.4

A suaincidência estimadana populac¸ão em geral é de 3,7-13,9/100.000.5,6 Essa incidência é menor em crianc¸as

(3/100.000)doque em adultos(9/100.000).7 Por ser uma

doenc¸apoucofrequente,estudosepidemiológicosaseu res-peito,especialmentenonossopaís,sãoescassos.Essafalta dedadosimpossibilita acomparac¸ãode estudosfeitos no Brasilcomosdemais,visto quenãosabemosserealmente setratadepopulac¸õessemelhantes.

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Método

Estudo de transversal e de coorte prospectivo, incluindo 1.710pacientesconsecutivoscomOMC,atendidosdeagosto de2000 a junho de2015, noAmbulatório deOtite Média CrônicadoHospitaldeClínicasdePortoAlegre.

Ocritériodeinclusãoparaoseguimentofoiodiagnóstico de OMC com colesteatoma após análise das videotosco-pias.Oscritérios deexclusão foram:história dequalquer cirurgia otológica prévia, com excec¸ão de timpanotomia paracolocac¸ãodetubodeventilac¸ãoeimpossibilidadede limpezaadequadadas orelhase/ou devideotoscopiapara documentac¸ãoapropriada.

No momento da primeira avaliac¸ão, foi feita uma anamnesedetalhadaedirigida,bemcomoexame otorrino-laringológicocompleto.Apóslimpezacuidadosadasorelhas, foifeitavideotoscopiacomfibraóticadezerograue4mm (KarlStortz).Ambasasorelhasforamregistradas sequenci-almente,comosoftwareCyberlinkPowerdirector(versão7, 2008).Apósaanamneseeexamefísico,ospacientesforam submetidosaaudiometriatonal,comousodoaudiômetro

Interacoustic AD 27 com fones supraurais TDH-39,para a

determinac¸ãodoslimiaresdeviaaérea,via ósseae ogap

aeroósseo.Ogapfoicalculadoapartirdadiferenc¸aentrea viaaéreaeaviaóssea.Mascaramentocomruídodebanda largafoiusadoquandonecessário.Nascrianc¸aspequenas, foifeitaaudiometriacondicionadalúdicacomfones suprau-rais.Quandonecessário,aaudiometriaeraconcluídaapós duassessões,paraconfirmac¸ãodoslimiaresobtidos.Avia aérea,aviaósseaeogapforamdescritospormeiodamédia tritonal,calculadapelamédiadoslimiaresem500,1.000e 2.000Hz, que representam a área dereconhecimento de fala.

Asvideotoscopiasregistradasforamindependentemente revisadasduranteumareuniãoclínica.Paraaavaliac¸ãodas imagens, foramusados protocolos específicos de maneira sistemática,deacordocomasdefinic¸õesdescritasaseguir pelopesquisadorsênior.

Oscolesteatomasforamentão considerados,deacordo comclassificac¸ãomodificadadeJackler,8segundoasuavia

deformac¸ão,em:

1. Epitimpânico anterior:quandooriginadoanteriormente àcabec¸adomartelo.

2. Epitimpânico posterior: quando originado exclusiva-mentenaparsflaccida.

3. Mesotimpânico posterior: quando originado exclusiva-mentenoquadranteposterossuperiordaparstensa.

4. Epiemesotimpânicoposteriorouduasvias:quando pro-venientetantodaparsflaccidaquantodaparstensa. 5. Indeterminado: quando a via de formac¸ão do

coles-teatoma não pode ser determinada pela imagem de videotoscopia.

Foram considerados crianc¸as os pacientes abaixo de 18 anos, segundo os critérios da Organizac¸ão Mundial de Saúde.

Osprontuários, bem como asdescric¸õescirúrgicas dos pacientesquejáhaviamsidooperados,foramrevisados.

OGrupodePesquisaePós-Graduac¸ãodanossainstituic¸ão aprovou o projeto em seus aspectos éticos e científicos

(protocolon.◦14918).Todosospacientesincluídosnos

estu-dos assinaram previamenteum consentimentoinformado, autorizaram ouso deseusdadosdeforma anônimaneste estudocientífico.

Osdadosforamtabuladoseanalisadoscomoprograma SPSS Statistics Software(versão 20). Aanálise estatística foifeitacomostestesdeMann-Whitneyparaaverificac¸ão dediferenc¸aentreostemposdedurac¸ãodadoenc¸aecom otesteexatodeFisherparaadiferenc¸adeprevalênciade malformac¸õespalatinasentrecrianc¸ase adultos.Testede Anovafoiusadoparaacomparac¸ãodasmédiastritonaisdos

gapsentreasdiferentesviasde formac¸ãodos colesteato-mas.Ascorrelac¸õesforamfeitascomotestedeSpearman. Consideramosestatisticamente significativos osvaloresde

p<0,05.

Resultados

Dos1.710pacientescomOMCavaliadosnoestudo, observou--seapresenc¸adecolesteatomaem419(24,5%).Amédiade idade dospacientesfoide 34,49;desviopadrão(DP)19,8 e53,5%(sexofeminino).Pacientesdeetniabranca consti-tuíram86,5%dapopulac¸ãoestudadaenegros,5,9%.Adultos corresponderama63,8%.Ocolesteatomafoiidentificadona orelhadireitaem234pacientes(55,8%).

A prevalência de malformac¸ões de palato na nossa populac¸ão foi de 4,3%. Não foi observada diferenc¸a na prevalência de malformac¸ões palatinas quando compara-dos crianc¸as e adultos (3,4% vs. 4,9%, respectivamente;

p=0,59).

A média de tempo do início dos sintomas até nossa avaliac¸ãofoide13,73anos(DP=14,43).Nascrianc¸as,essa médiafoide6,39anos,commedianade6anos,nosadultos de17,63 ede12 anos,respectivamente.Houve diferenc¸a estatisticamentesignificativaentreosgrupos(p<0,001).

Aprevalênciadasdiferentesviasdeformac¸ãodos coles-teatomasnanossapopulac¸ãoestádemonstradanafigura1. Nãohouvediferenc¸aentreotempodedurac¸ãodossintomas eaviadeformac¸ão(p=0,28).

Naavaliac¸ãodaorelhacontralateral,apenas150(36,1%) eramnormais;em71(17,1%)delas,foiidentificado coleste-atoma.Ospacientescomalterac¸õesnaorelhacontralateral apresentaramtempodedurac¸ãodossintomasmaiordoque aquelescomorelhacontralateralnormal(médiasde14,99e 11,69,respectivamente;p=0,007).Nãohouvediferenc¸ana

40%

35%

30%

25%

20%

15%

10%

5%

0%

Epitimpânico anterior

Epitimpânico posterior

Mesotimpânico posterior

Duas vias Indeterminado

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25%

20%

15%

10%

5%

0%

Queixas Hipoacusia+otorréia+otalgia

Otorréia+otalgia Otalgia Sem queixas

Hipoacusia+otorréia Otorréia

Hipoacusia

Figura2 Frequênciadasprincipaisqueixasdospacientescom colesteatomanomomentodaprimeiraavaliac¸ão.

50% 45%

40%

35%

30%

25% 20%

15%

10%

5%

0%

Gap até 20 dB Entre 20 e 40 dB Major que 40 dB

Figura3 Prevalênciadostamanhosdasdiferenc¸asaeroósseas namédiatritonal.

prevalênciadecolesteatomanaorelhacontralateralentre crianc¸as e adultos(p=0,20)e entrepacientescom e sem malformac¸ãodepalato(p=0,19).

Asprincipaisqueixasdospacientesnomomentoda pri-meira avaliac¸ão no nosso servic¸o estão demonstradas na

figura 2. Hipoacusia, associada ou não a otorreia, foi a queixaprincipalde84,4%dapopulac¸ãoestudadaefoi obser-vadaotorreiaem87%doscasos.Nãoobservamosdiferenc¸a quantoàqueixaprincipalquandocomparamosos colestea-tomasclassificadospelasuaviadeformac¸ão(p=0,27).

Dos pacientes avaliados, 92,41% fizeram audiometria. Quanto aoslimiaresde via ósseaede via aérea,a média tritonalfoi de17,08 (DP)16,16 dBe46,35 (DP)22,34 dB, respectivamente.Quantoaotamanhodosgaps,amédia tri-tonalfoide29,84(DP)13,61.Aprevalênciadostamanhos dos gaps aeroósseos na média tritonal está demonstrada na figura 3. Não foram observadas correlac¸ões entre o tamanho do gap e a idade do paciente no momento da avaliac¸ão(R=0,03;p=0,55)eotempodedurac¸ãodos sinto-mas(R=0,08;p=0,13).Nãoobservamosdiferenc¸aquantoà médiatritonaldosgapsentreasdiferentesviasdeformac¸ão doscolesteatomas(p=0,13),comodemonstradonafigura4.

40

35

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Epitimpânico anterior

Epitimpânico posterior

Mesotimpânico posterior

Duas vias Indeterminado

Figura4 Comparac¸ãodasmédiastritonaisdosgaps aeroós-seos(dB)entreasdiferentesviasdeformac¸ãodos colesteato-mas.

Dospacientes avaliados,205(48,9%) aindanãohaviam feito cirurgia no momento do estudo ou haviam per-didoacompanhamento.Dospacientesquefizeramcirurgia, 17(7,9%)foramsubmetidosatimpanoplastia,36(16,8%)a timpanomastoidectomiafechadae 161(75,2%) a timpano-mastoidectomiaaberta.Nãofoiobservadadiferenc¸aquanto àtécnicacirúrgicausadaentrecrianc¸aseadultos(p=0,86).

Discussão

Estudosdescritivosarespeitodascaracterísticasclínicasdos pacientescomcolesteatomanoBrasilsãoescassos.Estudo préviofeitoemnossopaís,apesardedescreverumagrande amostrade pacientes, baseia-se em dados e registros de prontuáriocoletadosretrospectivamente,oquepodelevar aváriosviesesnaaferic¸ãodos mesmos.6 Nonossoestudo,

todosos pacientes foram submetidos à mesma anamnese dirigida,comasorelhaslimpasepreparadasparauma ade-quadavideotoscopia.Todasasimagensforamcaptadascom altaqualidade, paraqueposteriormente fossemavaliadas pelomesmoinvestigadorsênior.Orecursodavideotoscopia, portanto,permiteumamelhordefinic¸ãodeimagem,melhor documentac¸ãoe,porfim,umaclassificac¸ãomaiscriteriosa erigorosadadoenc¸a.

Emnossapopulac¸ãodeestudo,houveumaprevalência maior de adultos, o que corrobora trabalhos anteriores, que demonstraram maior incidência de colesteatoma em adultos.7 Ahipoacusia e aotorreia foramasqueixas

prin-cipaisdamaioriadospacientese 87%delesapresentavam otorreia no momentoda avaliac¸ão. A queixade hipoacu-sia foiconfirmada pela audiometria,que demonstrou que a maioria dos pacientes apresentava perda auditiva con-dutivacom gapsaeroósseos maiores de20 dB na áreade reconhecimentodefala.

A prevalência de bilateralidade do colesteatoma em nossacasuísticafoide17,1%;similaraestudosprévios.9Não

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necessariamente, pelamanutenc¸ão dadisfunc¸ão inicial.10

Justifica-se, desse modo, termos encontrado uma alta prevalência de bilateralidade, mesmo em pacientes sem alterac¸õesdepalato,vistoqueasdisfunc¸õesdatuba audi-tiva, assim como as otites médias secretoras, costumam acometerambososladosnamaioriadospacientes.11,12

Colesteatomasmesotimpânicosposterioresforamosmais frequentesnanossapopulac¸ão,oquecontrariaamaioriados estudos,queapontamo colesteatoma aticalcomo o mais prevalente.8,13Alémdisso,observamostambéma

ocorrên-ciadecolesteatomasepitimpânicosanteriores,essesmuito raros, e de colesteatomas que se desenvolveram com o envolvimentoconcomitantedaparstensaedaparsflaccida, pornósdenominadacomoduasvias,equecorresponderama 15%doscasos.Emcercade15%dospacientesnãofoipossível determinarcomprecisãoaviadeformac¸ãodos colesteato-mas,foram,portanto,classificadoscomoindeterminados.

A grande média de tempo entre o aparecimento dos sintomaseaprimeiraavaliac¸ãodemonstraasdificuldades deacessodospacientescomcolesteatomaaoatendimento público no nosso país. Embora não tenhamos encontrado umacorrelac¸ãoentreotempodedurac¸ãodossintomaseo graudaperdaauditivacondutiva,observamosquepacientes comalterac¸õesnaorelhacontralateralapresentavam-se sin-tomáticospormaistempo.Osdadosrelativosaotempode doenc¸a,contudo,deacordocomoutrosautores,sãopouco confiáveis.14 Elesdependem dalembranc¸ado paciente e,

muitasvezes, de sintomasprévios de otalgia, otorreia ou hipoacusiaassociadosaohistóricodeotitemédiarecorrente ouotitesecretoracrônica,quepodemserfacilmente con-fundidoscomossintomasdocolesteatoma.Umestudode Abergetal.,15quecomparouasqueixasclínicasde

pacien-tescomOMCcolesteatomatosaenãocolesteatomatosapor meiodequestionárioentreosdoisgrupos, nãoencontrou diferenc¸a entre os sintomas. Isso pode explicar a grande variedadena médiadotempodesde oiníciodossintomas entrecrianc¸aseadultos,jáquemuitosadultosapontamo iníciodassuasqueixasnainfância.

Asmalformac¸õesdepalatosãoumfatorderisco conhe-cidoparao desenvolvimentodocolesteatoma. Dominguez et al.16 estimaram que o risco de colesteatoma em uma

crianc¸a com fenda palatina é de 2,6%-9,2%. Spilsbrury et al.,17 ao estudar crianc¸as que foram submetidas à

colocac¸ão de tubo de ventilac¸ão pelo menos uma vez, observaram que 6,9% das pacientes com fenda palatina desenvolveramcolesteatoma,emcomparac¸ãocom1,5%das sem fenda. Harris et al.18 observaram uma incidência de

colesteatoma entre os 5-18 anos em 2,2% dos pacientes submetidosa palatoplastia, essataxa foi 200vezes maior do que a observada na populac¸ão em geral. Um estudo préviodonossogrupodemonstrouumaprevalênciade coles-teatoma de 6,4% em pacientes com fissura labiopalatina oupalatina isolada.19 nopresente estudo, observamos

umafrequência de 3,8% de pacientes com malformac¸ões depalato, nãohouve diferenc¸a entre crianc¸as e adultos, enquantoKemppainenetal.,5queestudaram500pacientes

comcolesteatoma,encontraramumaprevalênciade8%. Em nossa casuística, 51,1% dos pacientes foram sub-metidos a cirurgia no período de estudo. Como o nosso servic¸o é referência no tratamento da OMC, devido à volumosa demanda de pacientes e poucos horários cirúr-gicos,há umagrande demora desde a primeira avaliac¸ão

até a cirurgia. O longotempo de espera para o procedi-mento e a maiorprogressão da doenc¸a decorrente dessa demora, associados à falta de adesão e à dificuldade de seguimentodealgunspacientes,fazemcomquea timpano-mastoidectomiaabertasejaatécnicacirúrgicadeeleic¸ão. Atualmente,em nossarotina,indicamosa timpanomastoi-dectomiaabertanasseguintessituac¸ões:doenc¸alocalmente avanc¸ada,comcomprometimentodosquadrantes posteros-superioresdaorelhamédiaqueimpec¸aalimpezaadequada dorecessodonervofacialeseiotimpânico;mastoide escle-róticaouebúrnea;orelhaúnica;e/ouorelhacontralateral com colesteatoma avanc¸ado ou com cavidade prévia. As nossas indicac¸ões de técnica cirúrgicaforam semelhantes entrecrianc¸aseadultos.Nossosresultadossãocontráriosà tendênciainternacional,atualmentemaisfavorávela cirur-giasconservadoras,comtécnicadetimpanomastoidectomia fechadaoucomreconstruc¸ãodocanal.20---22

Estudosepidemiológicoscomoeste,feitocomumasérie grande de pacientes, nos fornecem dados a respeito da populac¸ão do país, especialmente daquela que depende dosistemapúblicodesaúde.Dessaforma,conhecendoas característicasclínicaseaspeculiaridadesdosnossos paci-entescomcolesteatoma,podemosavaliarseresultadosde estudosinternacionaispodemserreproduzidoseaplicados emnossapopulac¸ão.

Conclusão

Aprevalênciadecolesteatomaem pacientescomOMCfoi de24,5%,maisfrequenteemadultosdoqueemcrianc¸as.A doenc¸abilateralfoiobservadaem17,1%dospacientescom colesteatoma.Hipoacusia,associadaounãoaotorreia,foia queixaprincipaleamaioriadospacientesapresentava otor-reia nomomento daprimeira avaliac¸ão. Observamosuma maiorprevalênciadecolesteatomasmesotimpânicos poste-riores na nossapopulac¸ão.A frequênciademalformac¸ões palatinas foi de 3,8%; similar entre crianc¸as e adultos. Quantoaotamanhodosgaps,amédiatritonalfoide29,84dB e nãoobservamos diferenc¸as quandocomparadas as dife-rentesviasdeformac¸ãodoscolesteatomas.Namaioriados pacientessubmetidosacirurgia,atimpanomastoidectomia abertafoioprocedimentodeescolha.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Figura 1 Prevalência dos colesteatomas segundo a via de formac ¸ão.
Figura 2 Frequência das principais queixas dos pacientes com colesteatoma no momento da primeira avaliac ¸ão.

Referências

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