• Nenhum resultado encontrado

Educ. Pesqui. vol.36 número especial

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Educ. Pesqui. vol.36 número especial"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

E d it o r ia l

E d it o r ia l

10 a n o s d e E d u c a ç ã o e P e s q u is a

Essa é uma edição especial de EDUCAÇÃO e PESQUISA que t em o propósit o de comemorar os dez anos de circulação do periódico na f orma como hoje se encont ra. Como out ros rit os de passagem, os aniversários são marcadores cult urais que, simbolicament e, cost umam est imular balanços e avaliações, bem como impulsionar o planejament o de novos pro-jet os. Não recusaremos essa t aref a.

Embora a revist a exist a desde dezembro de 1975 (com o t it ulo Revist a da Faculdade de Educa-ção), f oi nesses últ imos anos — mais precisament e a part ir de 1999, t endo a prof essora Belmira Amélia de Barros Oliveira Bueno como edit ora — que a publicação da Faculda-de Faculda-de Educação da UniversidaFaculda-de Faculda-de São Paulo — FEUSP — iniciou uma nova et apa, conseguindo, nos anos seguint es, consolidar- se como uma das principais publicações no cenário da produção cient íf ica educacional do país. Port ant o, é essa et apa que celebramos com est a edição. Esse percurso assim como as conquist as mais recent es só f oram possíveis graças ao empenho e à dedicação de t odos aqueles que se envolveram, ao longo dos anos, na f undação e no desenvolviment o dest a publicação: seus sucessi-vos edit ores, membros da comissão edit orial, diret ores dessa f aculdade e f uncionários da revist a.

Nesses 35 anos de sua exist ência, a EDUCAÇÃO e PESQUISA conviveu com t ransf ormações soci-ais, polít icas, cult urais e econômicas subst ant ivas que envolveram t oda a sociedade. Da mesma f orma, t eve que enf rent ar as mudanças ocorridas na realidade educacional bra-sileira, o que af et ou as universidades e o cenário das publicações cient if icas. Nesse aspect o, há o que ser celebrado, mas t ambém há muit o para se problemat izar. Nessa perspect iva, os cont eúdos publicados e as f ormas de f uncionament o da revist a ao lon-go desses anos ref let em t raços dessas t ransf ormações e t est emunham o rit mo e as proporções que adquiriram, assim como os desaf ios que lhe são colocados.

Do ponto de vista interno, nesse largo período, a revista atravessou sua infância e juventude e, depois de muito aprendizado, chegou à vida adulta, particularmente nesta ultima década. A pro-fessora Marília Pinto de Carvalho foi a segunda editora nessa nova fase, substituída ao final de seu mandato pela professora Lúcia Emilia Nuevo Bruno que, em 2009, passou a dividir essa atribuição com a professora Teresa Cristina Rego. Embora tenha passado por diferen-tes fases e orientações, a revista manteve seu compromisso original de ser um periódico sensível e aberto a toda investigação e reflexão de qualidade produzida no âmbito acadê-mico, sem restrições a tendências teórico- metodológicas. Manteve assim seu propósito de servir como um veículo privilegiado para a divulgação de artigos inéditos na área de edu-cação, em especial resultados de pesquisa de caráter teórico ou empírico, revisões da litera-tura de pesquisa educacional e reflexões críticas sobre experiências pedagógicas.

(2)

Apesar das dif iculdades inerent es a um t ipo de publicação dessa nat ureza e port e, na últ ima década, import ant es conquist as f oram ef et ivadas. Ao longo desse período, além de ganhar periodicidade quadrimest ral com pont ualidade nos lançament os, ser t ot almen-t e repaginada, alcançar maior independência f inanceira relaalmen-t ivamenalmen-t e à FEUSP (hoje boa part e dos cust os de publicação é f inanciada por órgãos públicos de apoio à pes-quisa cient íf ica), a revist a conquist ou t odos os requisit os básicos que a qualif icam como periódico cient íf ico de alt o nível: at ende às mais rigorosas normas de edição; t em dist ribuição int ernacional, vendas avulsas em livrarias, serviços de assinat uras e permut as ent re bibliot ecas; é edit ada simult aneament e em versão impressa e elet rôni-ca; é indexada (online) em import ant es port ais de busca e bases de dados do país e do ext erior (Qualis/ Capes, Scielo, Scopus, RedAlyc, Iresie, Psicodoc, Lat index, Sociological Abst ract s, ERA, Doaj, Aera Sig, Edubase e SiBi/ USP); recebe para publicação t rabalhos desenvolvidos em inst it uição de pesquisas de t odo o país e t ambém est rangeiras; é administ rada por uma comissão permanent e de edit ores; acompanhada por um conse-lho edit orial independent e, com qualif icação int ernacional; e cont a com a colaboração sist emát ica de um corpo numeroso e diversif icado de parecerist as ad hoc. Como ex-pressão do reconheciment o da comunidade cient if ica, recebeu sempre a pont uação máxima (A1) nas avaliações f eit as pela Qualis/ Capes, credibilizando- a como uma das melhores publicações da área da educação dent re os periódicos nacionais e est rangei-ros.

São indicadores que poderiam envaidecer qualquer corpo edit orial, mas, na verdade, nos impõe grandes desaf ios pela f rent e. O primeiro est á relacionado ao expressivo número de art igos enviados espont aneament e a revist a e, consequent ement e, ao aument o do vo-lume de t rabalho que envolve t odo o processo de avaliação e publicação dos t ext os.

Para enf rent ar t al desaf io, t emos desenvolvido um conjunt o de ações com a int enção de minimizar at rasos no processo de avaliação dos art igos, bem como para coordenar de modo ade-quado t odo o f luxo de t rabalho. Nesse sent ido, f oram f eit as melhorias na inf raest rut ura de t rabalho, a comissão edit orial ganhou mais um membro e um amplo banco de parecerist as ad hoc f oi consolidado. Além disso, no início de 2009, f oram criadas as f unçôes de gerent e edit orial (hoje exercida por Wilson Gambet a) e coedit or, como já ref erido, para que mais pessoas pudessem dividir a responsabilidade pela coordenação edit orial do periódico bem como o t rabalho de acompanhament o das rot inas de prepa-ração da revist a. Para agilizar t odo o processo de submissão e avaliação dos art igos, opt ou- se recent ement e (desde f evereiro de 2010) pela adoção do sist ema elet rônico Submission da SciElo. Para isso, f oi desenvolvida, dent ro da SciElo, uma página para submissão de t ext os e um cadast ro abrangent e e det alhado de parecerist as ad hoc.

(3)

adot ar uma polít ica edit orial que equilibre a publicação de originais espont aneament e enviados por invest igadores, com a publicação de t ext os originários de demandas dirigidas (que não deixarão de ser rigorosament e avaliados). Planejadas e divulgadas com ant ecedência, as demandas dirigidas procurarão reunir art igos relevant es em t or-no de um t ema cent ral de f undo, escolhido pela comissão edit orial ent re aqueles que despert am maior int eresse e indagações na comunidade cient íf ica e ent re os educado-res em geral.

O present e número comemorat ivo organizado pelas duas edit oras ref let e em cert a medida est a post ura pró- at iva que a Comissão Edit orial da revist a EDUCAÇÃO e PESQUISA est á dispost a a assumir. Como primeira experiência, assumimos a responsabilidade de reali-zar est e número e t rabalhar com art igos encomendados e não propriament e com de-manda dirigida, como é a nossa propost a para os números que virão. No ent ant o, é import ant e salient ar que seguimos t odos os procediment os já est abelecidos em nosso cot idiano de t rabalho, ist o é, t odos os art igos aqui publicados f oram submet idos a parecerist as, apesar da excelência dos t ext os recebidos e da not oriedade dos aut ores. Não se t rat a de mera repet ição de rit uais burocrát icos, mas da convicção de que mesmo aut ores e t ext os considerados pela comissão edit orial de excepcional qualidade devem seguir para avaliação dos pares, pois há sempre algo a ser quest ionado, acrescent ado, eliminado ou det alhado. Além disso, nem sempre o consagrado na mídia acadêmica nacional e int ernacional est á imune a f ragilidades t eóricas, inconsist ências analít icas e explicações pouco esclarecedoras de suas ideias e objet ivos.

O t ext o que abre esse numero especial, elaborado pelas at uais diret ora e vice- deiret ora da Faculda-de Faculda-de Educação, prof essoras Sonia Teresinha Faculda-de sousa Penin e M aria Cecilia Cort ez Christ iano de Souza, apresent a um balanço dos 40 anos de aniversário da FEUSP, dos 35 anos da Revist a da Faculdade de Educação e dos 10 anos da revist a Educação e Pesquisa.

Qu an t o à t em át i ca, o p t am o s p o r u m t em a b ast an t e am p l o , q u al sej a, Ed u cação n a cont emporaneidade: desaf ios, dif iculdades e perspect ivas t eóricas, o que nos permit iu compor um quadro amplo, embora não exaust ivo das quest ões hoje em debat e.

Procuramos organizar uma colet ânea de art igos produzidos por especialist as de diversas áreas, com o objet ivo de of erecer ao leit or um balanço de algumas produções acadêmicas que auxilie o examine de dif erent es aspect os da educação no mundo cont emporâneo. Pre-t endeu- se, assim, reunir Pre-t rabalhos com recorPre-t es basPre-t anPre-t e diversos enPre-t re si, produzidos por pesquisadores de dif erent es nacionalidades, perspect ivas t eórico- met odológicas e int eresses de pesquisa.

Esses art igos f oram agrupados em t rês grandes campos de est udo, cujas cont ribuições ao lado da f ilosof ia, da hist ória, da ant ropologia e da economia nos parecem f undament ais para a compreensão e a problemat ização da realidade educacional no mundo at ual. Ref erimo-nos à ciência polít ica, à sociologia e à psicologia, aqui cont empladas por meio de art igos de aut ores com t rabalhos de reconhecido valor no Brasil e no ext erior e sobre os quais t ecemos alguns coment ários a seguir. .

(4)

pouco divulgada no Brasil. O primeiro deles é de autoria de Karin Amos, professora e pesquisadora da Universidade de Tübingen e membro destacado da Associação Mundial de Educação Comparada. Seu artigo, Governança e governament alidade: relação e relevância de dois conceitos científico- sociais proeminentes na educação comparada, enfoca dois conceitos que podem ser utilizados como ferramentas de análise para estudar as transfor-mações em curso na esfera da educação, especialmente na relação entre os Estados Nacio-nais e “ seus” sist emas educacioNacio-nais. Trat a- se dos conceit os de governança e de governament abilidade. O primeiro, “ governança” , segundo a aut ora, est á mais relaciona-do a aspect os t écnicos: ou seja, a inst rument os, procediment os e at ores, além de suas const elações e f ormas de cooperação. Direciona a pesquisa para quest ões como: quem of erece serviços educacionais, qual é a relação ent re ensino público e privado, ent re out ras, e most ra- se ext remament e út il na invest igação da relação ent re os diversos níveis de análise (nacional, int ernacional et c.), most rando- se part icularment e import ant e para a compreensão t eórica adequada do papel das organizações int ernacionais na f ormula-ção de polít icas educacionais. “ Governament abilidade” , por sua vez, apesar de compar-t ilhar muicompar-t as caraccompar-t eríscompar-t icas com governança, é um conceicompar-t o f oucaulcompar-t iano relacompar-t ivo à gera-ção de subjet ividades dist int as por meio de t écnicas e modos de regulagera-ção e condut a em sentido lato. Assim, governabilidade inclui investigações do nexo tipicamente foucaultiano conheciment o/ poder. A aut ora considera ambas as perspect ivas em conjunt o para discu-t ir suas implicações para a educação comparada na socie- dade condiscu-t emporânea.

O art igo de M arcelo Parreira do Amaral, pesquisador vinculado à Universidade de Tübingen, int it ulado Polít ica pública educacional e sua dimensão int ernacional: abordagens t eó-ricas, discut e as polít icas públicas de educação, argument ando que as at ividades dos agent es int ernacionais nesse campo não podem ser compreendidas exclusivament e a part ir da perspect iva nacional. Tendo em vist a melhor conceit uar t eoricament e a di-mensão int ernacional das polít icas educacionais, o aut or apresent a t rês abordagens t eóricas: a do neoinst it ucionalismo/ isomorf ia, a f ormulação cent rada no conceit o de ext ernalização e a t eoria do regime int ernacional, most rando suas cont ribuições e seus limit es. Ao f inal do art igo, o aut or desenvolve sua análise da polít ica int ernacional da educação a part ir da t eoria do regime.

(5)

democrát ico, o “expert ocrát ico” e a ét ica prof issional. A ref erência do aut or é a sit uação alemã.

Trat a- se, port ant o, de art igos que abordam quest ões relacionadas com a organização dos sist mas educacionais com a racionalidade que a orient a, recolocando a relação ent re sist e-mas de educação e Est ados Nacionais, ent re out ras, evidenciando que a educação há muit o deixou de ser t rat ada como uma quest ão nacional e passou a ser pensada em um nível que poderíamos denominar de t ransnacional. Esse processo t em implicações de grande alcance que, no moment o, apenas começamos a vislumbrar e problemat izar.

O segundo campo de est udo aqui explorado é o da Sociologia da Educação, com a apresent ação de t rês art igos, cujas cont ribuições passamos a expôr. O primeiro de Daniel Thin, pro-f essor da Universidade Lumière de Lyon 2, int it ula- se Famílias populares e inst it uições escolares: ent re aut onomia e het eronomia. O aut or analisa alguns problemas t eóricos relat ivos ao est udo das relações ent re f amílias populares e escola, abordando as rela-ções dessas popularela-ções com as inst it uirela-ções e com a realidade social dominant e. Explo-ra as possibilidades de se supeExplo-rar a dicot omia est abelecida ent re uma perspect iva est ri-t amenri-t e legiri-t imisri-t a que ri-t ende a reduzir as classes populares e suas prári-t icas a uma relação que as aliena numa relação het erônoma e a perspect iva relat ivist a t ão present e hoje nas ciências sociais, que as considera dent ro de uma alt eridade radical (aut ono-mia), ocult ando as relações sociais de dominação nas quais est ão inseridas. O aut or insist e na ambivalência das lógicas e prát icas das f amílias populares e essa t alvez seja a maior cont ribuição dest e art igo.

O t ext o seguint e é de aut oria de Danillo Mart ucelli, prof essor da Universidade de Lille 3, e de Kat hya Araújo, da Universidad Academia de Humanismo Crist iano, e t em como t ít ulo La individuación y el t rabajo de los individuos. O pont o de part ida dos aut ores é o reconhe-ciment o da import ância crescent e do indivíduo para a compreensão das sociedades no moment o at ual. Ao mesmo t empo, discut em cert os impasses decorrent es do f at o de se privilegiar, como est rat égia para t al, a socialização ou a subjet ivação. Os aut ores f ormu-lam uma série de crít icas a essas duas vias e apresent am out ras posibilidades em que é possível, a part ir da individuação, dar cont a, por um lado, na escala individual, dos t raços principais de uma dada sociedade e, ao mesmo t empo, analisar concret ament e as manei-ras como nesse marco, os individuos são capazes de se const ruir como sujeit os.

(6)

int ensa expansão dos sist emas de ensino nas últ imas décadas no Brasil; as novas conf i-gurações do mundo do t rabalho; e as f ormas de apropriação do espaço urbano.

O t erceiro campo de est udo aqui cont emplado, Psicologia e Educação, é abert o pelo t ext o de aut oria das prof essores M art a Khol de Oliveira e Teresa Crist ina Rego, ambas da Uni-versidade de São Paulo, e int it ula- se Cont ribuições da perspect iva hist órico- cult ural de Luria para a pesquisa cont emporânea. Trat a- se de um ensaio no qual as aut oras explo-ram “ a f ecundidade dos post ulados de Alexander Romanovich Luria para a pesquisa cont emporânea. Especif icament e, buscam explicit ar o vigor das premissas, das ideias e dos procediment os invest igat ivos adot ados pelo aut or em seus est udos sobre os pro-cessos ment ais em sua relação com a cult ura ao longo de quase seis décadas de at ivi-dade. As cont ribuições da abordagem luriana são ilust radas por meio da apresent ação de algumas de suas pesquisas realizadas ao longo do século passado”. Segundo as aut oras, essa abordagem de invest igação do desenvolviment o humano permit e “ com-preender os f enômenos em sua complexidade, da mesma f orma que evidencia a neces-sidade de criação de inst rument os e procediment os de pesquisa capazes de assegurar essa compreensão, assim como o papel at ivo do pesquisador na f ormulação de pergun-t as e na condução das pesquisas empíricas. A apresenpergun-t ação e análise de pergun-t raços repre-sent at ivos dos diversos t emas explorados pelo aut or revelam um pesquisador obst inado em compreender o complexo processo de const it uição humana por meio da f ecunda combinação de invest igações sobre o enraizament o biológico do f uncionament o psi-cológico e sobre a const it uição hist órica do psiquismo humano”.

O art igo que se segue, apresent ado durant e a Second Int ernat ional Int erdisciplinary Conf erence on Perspect ives and Limit s of Dialogism in M ikhail Bakht in, Est ocolmo, Suécia, de 3 a 5 de junho de 2009, int it ula- se Text o e dialogismo no est udo da memória colet iva e é de aut oria de James Wert sch, prof essor e pesquisador da Washingt on Universit y de St Louis. Segundo o aut or, “ as ideias bakht inianas sobre t ext o e dialogismo of erecem f errament as import ant es para t razer ordem ao caót ico e f ragment ado campo dos est u-dos da memória colet iva”. Embora, como admit e Wert sch, “ a def inição de memória colet iva nest e moment o ainda est eja por ser resolvida, é possível obt er alguma com-preensão do espect ro de opções, sit uando- se as discussões em t ermos do cont rast e ent re versões f ort es e dist ribuídas da memória colet iva. Tendo por base a noção de mediação semiót ica e as af irmações a ela relacionadas sobre uma versão dist ribuída da memória colet iva, o aut or invoca a noção bakht iniana de t ext o dialogicament e organi-zado. O f at o de que o “ sist ema da linguagem” concebido por Bakht in inclui as orien-t ações dialógicas do diálogo coleorien-t ivo, generalizado assim como os elemenorien-t os gramaorien-t i-cais padrão, signif ica que ele int roduz um element o essencial de dinamismo na memó-ria colet iva”. A grande cont ribuição dessa abordagem é evidenciar a dimensão polít ica da memória colet iva conf erida por esse dinamismo, evidenciado por Bakht in.

(7)

ui-ção acima ref erida. O t ext o apresent a “ os result ados preliminares da adapt aui-ção de um sist ema educacional chamado Quint a Dimensão, no qual a int eração social é um meio para a generalização da inf ormação e base para o desenvolviment o de habilidades. Foi criado originalment e por M ichael Cole no Laborat ório de Cognição Humana Compara-da Compara-da UniversiCompara-dade Compara-da Calif órnia em San Diego e, pela primeira vez, é aplicado em um con t ext o de reabi l i t ação com cri an ças com l esão cerebral n a Rede SARAH de Neurorreabilit ação de Brasília. Alunos de graduação em psicologia e pedagogia part i-cipam do programa e int eragem de maneira lúdica e educat iva com crianças com para-lisia cerebral. Ambos são envolvidos em at ividades de aprendizagem colaborat iva. Na int eração com a criança, os alunos são encorajados a colocar em prát ica conceit os t eóricos f ormais sobre desenvolviment o inf ant il e, t ambém, vivências individuais”. Nes-se art igo, são descrit as as adapt ações f eit as no programa original, para ajust á- lo ao cont ext o de reabilit ação, e modif icações nos art ef at os mediadoras da at ividade, neces-sárias para a int eração e expressão da criança com paralisia cerebral. Também são discut idos e apresent ados os ef eit os da at ividade sobre o desenvolviment o da criança — as part ir do relat o dos pais — e a aprendizagem do aluno de graduação. O programa abre caminhos alt ernat ivos para a ref lexão e educação da criança com lesão cerebral, baseado em desenvolviment o da pot encialidade, cont ext o e int eresses individuais.

Est e número apresent a ainda ao leit or uma ent revist a e uma t radução de t ext o inédit o no Brasil. A ent revist a f oi realizada pelas edit oras da EDUCAÇÃO e PESQUISA com Bernard Charlot . Na ocasião, o prof essor e pesquisador f rancês analisa sua experiência prof issional na Tunísia, na França e no Brasil, onde vive at ualment e. Com perspicácia e doses de humor, t raz ref lexões import ant es sobre as condições da invest igação cient íf ica hoje, bem como novos desaf ios colocados aos educadores e est udiosos da educação.

A t radução apresent ada ao leit or é de um art igo de Raewyn Connell, da Universidade de Sydney, int it ulado Bons prof essores em um t erreno perigoso: rumo a uma nova visão da quali-dade e do prof issionalismo dos prof essores. (Esse t ext o f oi t raduzido por Carlos Malf errari do original em inglês f ornecido pela aut ora, a ser publicado em Crit ical St udies in Educat ion, Sidney, Aust rália)

Trat a- se de uma ref lexão acerca do que t em caract erizado o “ bom prof essor” hist oricament e, assinalando o carát er cont roverso e abert o dessa quest ão. A aut ora, t endo como ref e-rência a Aust rália, analisa os modelos exist ent es nesse país desde o período colonial at é o moment o em que as list as de compet ências dos docent es passam a predominar. Discut e o modo pelo qual as aut oridades responsáveis pelo regist ro e credenciament o de prof essores, em governos neoliberais, def inem o “ bom prof essor”. Finalment e, a aut ora apresent a propost as para uma nova compreensão do conceit o que def ine o prof issional adequado para o exercício da docência, baseando- as no ent endiment o do processo de t rabalho e da dinâmica ocupacional do ensino na est rut ura int elect ual dos est udos sobre Educação a na própria lógica da educação como um t odo. Nest e mo-ment o em que a f ormação de prof essores no Brasil ganha not ável visibilidade no âm-bit o dos debat es educacionais e das polít icas públicas, esse t ext o nos parece ext rema-ment e oport uno.

(8)

signif icat iva diversidade de t emas, abordagens e enf oques relacionados ao campo da educação. Os aut ores aqui reunidos são expressivos represent ant es das novas t endênci-as e perspect ivendênci-as de est udo da educação na at ualidade. Junt os examinam, sob dif eren-t es olhares, eren-t emáeren-t icas candeneren-t es dos eren-t empos aeren-t uais, eseren-t imulando a f ormação de uma visão pluralist a e sensível aos desaf ios da cont emporaneidade. EDUCAÇÃO e PESQUISA busca consolidar, mais uma vez, seu propósit o de servir como inst rument o para a dis-seminação de ideias e pesquisas na área educacional.

A publicação dest e número não seria possível sem a dedicação e o envolviment o de muit as pessoas que colaboraram de dif erent es maneiras para a sua concret ização. Alguns co-legas nos ajudaram na indicação e no cont at o com os prof essores est rangeiros que f iguram nest e volume, dent re elas, as prof essoras Ana Luiza Bust ament e Smolka, M art a Kohl de Oliveira, M arilia Pont es Sposit o, M arilia Pint o de Carvalho, M aria da Graça J. Set t on, assim como M arcelo Parreira do Amaral que, da Alemanha, nos colocou em cont at o com prof essores e pesquisadores do campo educacional e gent ilment e t radu-ziu para o inglês os art igos de Karin Amos e de Franz- Olaf Rat ke. Out ros, os parecerist as ad hoc, cont ribuíram avaliando de modo rigoroso e exigent e a qualidade de cada um dos art igos dest e volume. A eles, nossos agradeciment os. Da mesma f orma, incluímos aqui os t radut ores, os revisores, os membros da comissão edit orial, prof essoras Denise Trent o Rebello de Souza e Mart ha Marandino e os prof essores Valdir Heit or Barzot t o e Pedro Robert o Jacobi, est e at é recent ement e membro da comissão edit orial, que durant e t odo o ano de preparação dest e número nos apoiaram subst ant ivament e. Nossos agrade-ciment os se est endem igualment e aos f uncionários da revist a Rosangela Borges de Oli-veira, secret ária, e Wilson Robert o Gambet a, gerent e edit orial. Por f im, agradecemos de modo especial a Prof a. Sonia Teresinha de Sousa Penin que, durant e seu mandat o como diret ora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, não poupou esf orços para garant ir t odo o apoio inst it ucional necessário para enf rent armos os novos desaf ios que nos t êm sido colocados nos últ imos anos.

Lúcia Emilia Nuevo Bruno

Teresa Crist ina Rego

Referências

Documentos relacionados

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

E ele funciona como um elo entre o time e os torcedores, com calçada da fama, uma série de brincadeiras para crianças e até área para pegar autógrafos dos jogadores.. O local

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Além do teste de força isométrica que foi realiza- do a cada duas semanas, foram realizados testes de salto vertical (squat jump e countermovement jump), verificação da

Este estudo apresenta como tema central a análise sobre os processos de inclusão social de jovens e adultos com deficiência, alunos da APAE , assim, percorrendo

A análise de variância para acúmulo de micronutrientes apresentada na tabela 1 ilustra o efeito significativo (P<0,01) verificado para Mn e Zn nas folhas e

São por demais conhecidas as dificuldades de se incorporar a Amazônia à dinâmica de desenvolvimento nacional, ora por culpa do modelo estabelecido, ora pela falta de tecnologia ou